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existência. Pensei ainda, na veracidade daquela história e se ali não estaria à<br />
verdade do autor... Seu “amor desvendava o simples”. Havia em tudo, um<br />
profundo realismo, mas para mim, este profundo devia ser desvendado pelo<br />
simples.<br />
A ordem natural da vida é a ordem natural do crescer e multiplicar e<br />
talvez por isso, houvesse recebido aquela concessão especial, aquela missão tão<br />
importante, que de tão importante, lhe fora permitido voar... Ou quem sabe,<br />
seria para mostrar a<br />
grandeza da generosidade, a grandeza que está contida nas palavras que tanto<br />
deixamos de sentir. Calharam-me de repente tantas dúvidas. Talvez, se soubesse<br />
desta história, seu Minoro certamente me diria: “O senhoro poderá voar, se<br />
souber conservar a verdade!” Refletindo e voando sobre o dorso do vento, a<br />
mercê de uma sorte Divina, sim, porque talvez Deus houvesse retido os ponteiros<br />
do tempo, contendo o tempo e o ar numa densa camada protetora em espécie de<br />
nuvem, para que o suportasse e para que ele flutuasse, mesmo contra a lei da<br />
física, da força de atração, da gravidade. Será que os anjos, que não tem idades<br />
cronológicas, não o quisessem vivo, como um jovem anjo na terra... Percebia que<br />
naquela imensa inocuidade havia algo consistente, havia uma matéria<br />
impalpável, intocável, mas que agora podia sentir. Mergulhava com aquelas<br />
suas penas coloridas voando com leveza e elegância singular, como se fosse<br />
mágico voar! Quem sabe não seria ou fora a primeira e única vez que voara em<br />
toda sua vida de pavão! – Será que os deuses dos pavões não estariam atendendo<br />
a um pedido daquele coração em dúvida? Ou daquela “pós-atitude pensada”. De<br />
seu arrependimento? Quem saberia?... Rapidamente o pavão fez uma curva<br />
acentuada e quase que milagrosamente se colocou abaixo do corpo do menino.<br />
Sim, era mesmo um menino, não apenas porque não tinha coisas, como sapatos e<br />
tal, mas, por que a vida ainda não tivera tempo de transformá-lo. Viver é<br />
renascer a cada dia, haveria de ter pensado, compreendido: A vida é certamente,<br />
um fogo que nos forja.<br />
Um segundo de bons pensamentos pode valer, invariavelmente, uma vida,<br />
a felicidade, o amor que desvenda e faz florescer as rosas. Mas, porque achava<br />
que sua esperança tinha ido embora, o deixado, é que ali estava ele. Tinha em si<br />
um anjo seu que estava a lhe salvar e assim ele acabava por concluir, finalmente,<br />
esta verdade inconteste: “O amor desvenda o simples”. Quem sabe, de ora em