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lhe que tinha perdido totalmente seu peso, para mim, ele, flutuava<br />
realmente. Diante da imensidão era uma pena solta. Adejava como folhas secas<br />
com asas de borboleta. O vento frio gelava seu peito, a brisa molhava seu rosto, o<br />
tempo parecia interminável na grandeza do verde, o tempo havia se tornado um<br />
vulto dentro do espaço.<br />
Era seu corpo pressionando para baixo, em uma queda sem fim, e o vento<br />
empurrando seu frágil e agora indefeso corpo, para cima. Seu peso - que para ele<br />
havia desaparecido -, o levava para o chão, mas, o vento o queria para o céu, com<br />
isso seu tempo de queda se prolongava. Seu corpo pareceu-lhe ter sido<br />
transformado em alma. O vento chegou a levá-lo planando como um verdadeiro<br />
pássaro. Lembrou-se de quando criancinha, que queria ser ave de rapina ou uma<br />
gaivota, passava horas a ver o gavião parado no ar a espreitar alguma presa.<br />
Depois abria seus braços e brincava de estar voando, contornando as moitas de<br />
matos. O vento que subia das montanhas, vindo do mar, levava-o como se ele<br />
estivesse dormindo sobre a relva, tornando sua queda aparentemente<br />
infindável... Estava tão perto das nuvens... – Mas onde estaria Deus... Estaria<br />
com ele? –, perpassava-lhe na cabeça.<br />
Inesperadamente, eis que surge um pássaro gigante. Como se do<br />
horizonte, onde o sol busca seu sono, viesse invisível, como mágica do infinito, e<br />
entre nuvens e neves e tempestades, aragens e chuviscos, que a todo tempo o<br />
escondesse para agora soltá-lo, misteriosamente, e para transportá-lo dali e<br />
salvar aquela vida jovem e insegura, daquele menino desventurado, surgia como<br />
quase do nada, o belo gigante.<br />
Um pavão gigante... Seria um milagre? Pavões não voam! – balbuciou o<br />
garoto entre o “sonho” e a aventura. - Ora um pássaro gigante! – exclamava em<br />
brados, o bravo aviador – Se a vida é assim, um milagre, por que não poderia<br />
surgir do nada um pássaro gigante... Estou morto? – perguntou-se em breve<br />
reconciliação dos sentidos. Será aqui o outro lado da vida? – devaneou em<br />
seguida, sem resposta, o jovem. Assim seguia nestas misturas de sentidos e<br />
sentimentos.<br />
Sendo para desvendar o simples das coisas extraordinárias que o amor<br />
existe, e é do nada que tudo advém, o amor é mesmo inexplicável, até mesmo<br />
quando se manifesta e materializa-se do nada. Seria a morte um dos projetos do