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esperança do mundo parecia-lhe, acabada. A sua conclusão o levaria,
finalmente, ao máximo da fatalidade.
Eu estava estarrecido naquela viagem. Imaginava-o vivo como a mim
mesmo, e me punha a sentir o que lhe passava naquela mente perturbada. O que
faria eu se fosse ele.
Agora ele começava uma investigação minuciosa de como faria para
morrer “dignamente”, como se tornaria um mártir, assim como aqueles seus
ídolos do horror. Indagava aos colegas coisas a respeito, e até se sabiam como
fazer para que morresse, acabou por virar chacota. Violência está em toda a
parte, em todos os tempos, haveria de ter concluído, depois de vasculhar um
pouco a história do mundo. Achou mais que justificável sua atitude – o mundo é
um caos... Um caos. Gritava dentro dele esta fantasia tétrica. Parecia-lhe que
ninguém o entendia.
Tornou-se, para os garotos de sua convivência, um fanfarrão, motivo
de pilhéria. De tanto falar sobre isso, já nem mais tinha crédito. Ninguém
acreditava que podia cometer tal absurdo. E isso, certamente, alimentava a sua
pretensa vontade, brincava com chamas, embora sem coragem aparente para
cometer a bobagem – como diziam seus amigos mais chegados, quando se
discutiam. Mas algo lhe aquecia a alma involuntariamente. Às vezes não sabemos
que o medo é uma ótima covardia. – Tenho que mostrar para esses idiotas, para
esses bestas – dizia para si mesmo como afirmativa para vencer sua falta de
decisão. Ele pensava que deveria pôr um fim em tudo. Essa coisa toda era
incomum demais para os meus pensamentos, mas, para os seus, me parecia um
sentimento vivo. Aquilo martelando em sua cabeça, me deixava aflito, aquele
sentimento que lhe era incutido por algo ou alguém além da alma. Teria,
certamente, que ter uma indução extra-humana - talvez alguém chamasse a isso
de demônio. O que lhe impulsionava à morte e não à vida – o sentido natural de
todas as coisas vivas, estava sendo desqualificado aquilo era-lhe tão invito que,
em detrimento de seus relampejos de sobriedade, de querer frutificar na vida,
pensava como se fosse