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Leia o Texto.

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18<br />

com todo o dinheiro da venda, então seu Minoro me perguntou como havia<br />

me saído e, eu lhe contei todos os detalhes com muito entusiasmo, seu Minoro me<br />

olhou de novo com aqueles seus olhinhos miúdos e disse-me que eu não lhe<br />

precisava pagar nada, que pagasse a partir da outra vez em que eu fosse buscar<br />

frutas para vender. Perguntou-me se eu queria levar naquele momento mais<br />

laranjas. Respondi que não, mas que depois eu lhe procurava e fui embora com a<br />

minha grana, todo feliz.<br />

Não há ninguém que não possa aguentar os revezes da vida, se for<br />

preparado para isso. Qualquer homem pode ser forte ou pode ser frágil. Todos<br />

os meninos deveriam ser preparados para a vida, para toda a diversidade que<br />

deverá encontrar. Devíamos construir uma nação forte, com seres humanos<br />

fortes. Seu Minoro tinha me dado uma lição apropriada embora eu não soubesse<br />

que aquilo fosse, naquele miomento, uma lição. Aprendi que comida nesta vida<br />

era tudo: comida é cabelo, são dentes, são ossos, é inteligência, é cérebro, é tudo<br />

mesmo, e quando um dia eu tiver que ensinar meu filho, eu lhe direi que comida<br />

é tudo para esta vida na terra.<br />

Quando deixei seu Minoro, por um tempo fiquei com aquela imagem dele<br />

em minha cabeça, e aquela sua bondade gratuita comigo, entendi que tudo é uma<br />

questão de gratidão, podemos achar ruins coisas boas, assim como podemos<br />

achar coisas boas ruins. A lição de seu Minoro havia me valido muito. Senti, sem<br />

ter uma percepção concreta, de que dentro da severidade está o amor, e que o<br />

amor tem suas formas de se transparecer.<br />

O personagem da história, cujo livro estava em minhas mãos, tinha o<br />

nome que eu sempre quis ter: José André, pois detestava meu nome.<br />

– Onde já se viu alguém se chamar assim: Henrique José! Por que não<br />

me chamaram de José André, eu queria tanto ter me chamado José André.<br />

Naquela história sem nome, José André amanhecia naqueles dias em que<br />

ultimamente se via triste. Mal saia de um desânimo entrava em outro, ele via, em<br />

sua cabeça, a miragem de uma catástrofe. Era tão infeliz quanto poderia ser<br />

alguém sem gratidão nenhuma pela vida - por vezes me frustrei pelo fato de seu<br />

nome ser o meu nome preferido. Certamente que ele poderia ser muito mais<br />

feliz, a vida é uma dádiva divina! Poderia se ater em pensar assim, em querer<br />

viver, e vencer, e fazer nascer em si qualquer força oculta, poderia aliar-se com<br />

sua força natural a algum poder místico que milagres fazem acontecer,

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