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Leia o Texto.

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17<br />

- É só o senhoro abrir o casca e pegar gomos. Aceitei ressabiado,<br />

temendo que depois ele me matasse. Enquanto abria a laranja ao meio e retirava<br />

devagar os gomos que me ordenou, já ia imaginando aquela espada entrando em<br />

minha cabeça, e me partindo ao meio, como se fosse uma melancia. Pensei em<br />

sair correndo, mas ao mesmo tempo, quase que nitidamente, a faca entraria em<br />

minhas costas, como naqueles filmes, onde o mocinho atirava a sua faca e o<br />

bandido caía com a lâmina enterrada nas costas do fugitivo. O pomar era<br />

imenso, havia várias frutas cítricas e outras.<br />

- Está boa, né? Fara para mim: o senhoro rouba por que, por que num<br />

trabaia? A pergunta feita de súbito me fez tremer. Eu o olhei atentamente por<br />

um instante, e desviei meu olhar para o chão de seu pequeno olho semicerrado,<br />

como se fosse meio fechado de propósito. Fiquei muito envergonhado e sem saber<br />

o que lhe dizer, lembrei de minha mãe dizendo que eu tinha que estar com ela na<br />

roça, quis resmungar-lhe algo como resposta, mas, ao não entender, ficou brabo.<br />

- Fara, fara, o senhoro num entrô aqui? Tornei a fitá-lo tentando medir<br />

sua ira, e também lhe dar uma resposta convincente, para me livrar de sua<br />

enorme espada, ainda em pulso na mão direita.<br />

- Eu queria ir ao futebol – lhe respondi – vai ter jogo no domingo e eu<br />

queria vender umas laranjas para os torcedores e assim ganhar algum dinheiro<br />

para comprar comida. (Na verdade eu queria mesmo era ir ao cinema, na seção<br />

da tarde, no Domingo, chamada de matinê).<br />

- Ah!...Comprar comida? – me respondeu com jeito espantado, surpreso<br />

pela humildade da resposta. Fez aquele seu som de hum..., característico dele, e<br />

propôs que eu colhesse as laranjas, quantas eu pudesse carregar. Ao ouvi-lo<br />

pensei o que teria dado no velho japonês.<br />

- Ande, suba no árvore, apanhe os frutas, que está esperando? Mediante<br />

seu comando saí dali e subi de volta na laranjeira, enchi um saco e fiquei calado<br />

em sua frente, esperando seu novo mandado.<br />

- Agora o senhoro vende os frutas e paga os frutas, e quando quiser<br />

vender mais, vem e compra mais, né? Assim não vai precisa roubar os fruta dos<br />

quintal. Fiquei alegre a ponto de achar que de repente seu Minoro se tornara<br />

meu amigo. Quis demonstrar minha força e, gemendo, coloquei o saco cheio de<br />

laranja nas costas e sai torto com aquele peso todo. Dois dias depois lá estava eu

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