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Leia o Texto.

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14<br />

Em meus primeiros anos de vida, principalmente depois que meu<br />

pai falecera, apesar da pouca idade, eu vivia solto, era livre como um passarinho<br />

e, por isso, perambulava pelas ruas da pequena cidade em que eu morava. Para<br />

manter-me em algumas “rédeas curtas”, logo de madrugadinha, minha mãe<br />

obrigava-me a levantar e me arrumar para ir para o trabalho na roça de<br />

algodão. Era um labor duro, pesado, sofrido. Isso é claro, quando eu não<br />

conseguia fugir no momento em que o caminhão de pau-de-arara começava a se<br />

arrastar pelas ruas de paralelepípedos, rumando para a zona rural. Neste<br />

momento, eu saltava, correndo como um cão com medo, com o velho caminhão<br />

já em movimento, e mesmo antes de a mãe me notar, já lá longe, ia eu fugindo.<br />

Aos avisos dos outros bóias-frias, ela se levantava, ficando de pé, segurando na<br />

grade da carroceria do caminhão, me gritava aos berros prometendo-me uma<br />

boa surra quando voltasse do trabalho. Eu resmungava alguma coisa e saía<br />

dando pinotes como se fosse um cabrito.<br />

– Você vai ver seu capeta, eu te pego – vociferava minha mãe, com fogo<br />

nos olhos, por entender que eu tinha obrigação de obedecer a ela. Para ela, eu já<br />

era bem grandinho, afinal de contas, estar na roça de algodão ajudando um<br />

pouco que fosse seria melhor que perambular pelas ruas - sabe-se lá fazendo o<br />

quê. - Concluía sempre assim, suas justificativas. Depois que fugia do caminhão,<br />

eu sabia que de nada adiantava voltar para casa, lá certamente, nada arranjaria<br />

para comer. Caminhava para casa de umas pessoas pobres que conhecia e às<br />

vezes dava sorte, recebendo algum<br />

alimento, na maioria das vezes, entretanto, não encontrava ninguém em casa,<br />

pois estes também, iam para a roça. Dizia meu pai, que quando não se tem o que<br />

fazer: procura-se. E eu procurava; meio que a esmo, é verdade.<br />

A cidade, não era grande, uma rua comprida e alguns arrabaldes<br />

iniciados naquela rua central e que poucas quadras depois já se findavam. Então<br />

procurava algum desocupado como eu e íamos aos furtos de frutas nos sítios<br />

circunvizinhos da cidade ou, às vezes caminhava sozinho pelos cerrados e<br />

campos à procura de Gabirobas, Pequi, Mamica-de-cadela e Marolos, – esta<br />

última uma espécie de fruta do conde gigante – que nasciam naturalmente nos<br />

campos arenosos das redondezas. Foi assim que a vida me trouxe até aqui.

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