15.04.2013 Views

Leia o Texto.

Leia o Texto.

Leia o Texto.

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

11<br />

Eram palavras duras ali contidas, algumas muito difíceis de serem<br />

entendidas por mim, outras fáceis de serem lidas, e outras ainda impossíveis para<br />

minha compreensão, naquele momento, eu não podia ainda saber. Não tinha<br />

muitas experiências com elas - não naquela época -, nem dicionário à mão para<br />

traduzi-las e entender claramente seus sentidos; tudo era desafiante. Mas persisti<br />

bravamente e a história foi-me conduzindo, primeiro às curiosidades, depois às<br />

viagens...<br />

O personagem descrito no livro era muito pobre, vivia flébil em todos os<br />

sentidos, sendo assim, as semelhanças iam se somando: Em seu ar cansado, a<br />

angústia intrínseca que lhe corroia - ele não via em seu espelho por lhe ser<br />

ininteligível, mas isso lhe transgredia as faces. Tinha uma dor avassaladora que<br />

lhe remexia como alguma coisa viva e que lhe queimava as entranhas. Este algo<br />

incompreensível haveria, ainda, de lhe dar a determinante coragem da morte.<br />

Aquela capa negra, aquela foice curva, repentinamente, tudo me saltou à<br />

memória. Ao ouvi-lo dizer,<br />

naquelas linhas, para si mesmo, que já estava cansado de tanto sofrer, me<br />

entristeceu muito. A similaridade que havia entre nós trancou-me o fôlego, como<br />

se a forte mão da desgraça dele - que agora o queria tanto -, quisesse me sufocar<br />

até a morte. Eu sentia - pela leitura -, aquilo esmagando minha garganta com sua<br />

mão de aço do mascara de ferro, entranhado em sua armadura, sem que eu<br />

pudesse ver a cor de seus olhos, e eu como ele, prisioneiro dele, nada me restava<br />

então se não a morte. Dei um leve grito e finalmente respirei, e proclamei: isso<br />

não irá acontecer, eu não sou louco ou um bandido!<br />

Olhei para os lados, a busca de algum observado, e como tive prazer de<br />

me sentir sozinho ao tronco da árvore, sentado naquela calçada. Enxuguei minha<br />

lágrima solitária que caiu bobamente de meu olho esquerdo e depois de estar<br />

refeito, voltei-me à leitura:<br />

O seu estado de espírito exagerado o levava a ter sentimentos contrários<br />

aos que devia sentir – era o que eu pensava e questionava. Deveria ser um<br />

menino feliz - crianças devem ser felizes para atenuar as cargas de infortúnios<br />

dos adultos. Imaginei ou lembrei-me de ter ouvido, certa feita, alguém dizer<br />

isso... Não sei se houvera dito seu Araldo para meu pai, ou se outra pesoa.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!