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Versão para visualização - Teatro de Brinquedo

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Palavra da<br />

En<strong>de</strong>sa Brasil<br />

A En<strong>de</strong>sa Brasil é uma empresa comprometida com a educação<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e a cultura <strong>de</strong> crianças e adolescentes brasileiros.<br />

Esse compromisso vem sendo expresso por meio <strong>de</strong> várias ações<br />

da companhia. Uma <strong>de</strong>las é o Programa En<strong>de</strong>sa Brasil <strong>de</strong><br />

Educação e Cultura cujo objetivo é o <strong>de</strong> contribuir na qualificação<br />

do processo <strong>de</strong> alfabetização e letramento <strong>de</strong> crianças em escolas<br />

públicas <strong>de</strong> todo o país.<br />

Em 2011, como parte do programa, mais <strong>de</strong> 3 mil escolas<br />

partici<strong>para</strong>m dos “Contadores <strong>de</strong> Histórias Encantadas”. Agora,<br />

chega às suas mãos o “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> <strong>Brinquedo</strong>”, uma ação educativa<br />

elaborada especialmente <strong>para</strong> professores e estudantes do Ensino<br />

Fundamental.<br />

Por meio das ativida<strong>de</strong>s propostas, professores e estudantes são<br />

convidados a ingressar no mundo encantador das narrativas,<br />

criando seus próprios heróis, brincando com palavras, alimentando<br />

idéias <strong>para</strong> fazer nascerem novas histórias.<br />

Mais uma vez, a En<strong>de</strong>sa Brasil reafirma sua convicção <strong>de</strong> que o<br />

investimento na educação é uma das formas <strong>de</strong> escrever o futuro<br />

em que acreditamos.<br />

Equipe da área <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> En<strong>de</strong>sa Brasil


Bem-vindos<br />

Caro professor e professora,<br />

Bem-vindos ao “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> <strong>Brinquedo</strong>”.<br />

Os materiais que você tem em mãos têm o propósito <strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> o ensino <strong>de</strong><br />

conteúdos ligados ao processo <strong>de</strong> alfabetização e letramento <strong>de</strong> seus alunos e alunas.<br />

O caminho proposto aqui é que você e seus alunos olhem juntos <strong>para</strong> os elementos que<br />

constituem as narrativas, percebam cada um <strong>de</strong>les nas histórias que todos conhecemos e<br />

nas histórias <strong>de</strong>senvolvidas especialmente <strong>para</strong> vocês neste projeto.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um convite <strong>para</strong> um encontro com personagens, cenários e modos <strong>de</strong> se<br />

contar uma história. Acreditamos que <strong>de</strong>sse encontro possa nascer e crescer o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />

ler e criar histórias e que, juntos, você e seus alunos experimentem relembrar, colher e<br />

construir narrativas.<br />

Criar uma história e encontrar um modo <strong>de</strong> contá-la constitui parte importante do<br />

processo <strong>de</strong> alfabetização e letramento. As propostas que você verá aqui são como<br />

pedrinhas, colocadas uma após a outra, com a intenção <strong>de</strong> auxiliar as crianças na<br />

compreensão dos componentes necessários à construção <strong>de</strong> uma história.<br />

Nosso <strong>de</strong>sejo é que seus alunos e alunas percorram, conduzidos por você, esse mundo<br />

mágico e irremediavelmente humano das histórias encantadas.<br />

Boa travessia!<br />

2 3


4<br />

pra você se localizar<br />

Núcleo 1<br />

Núcleo 2<br />

Núcleo 3<br />

Índice<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, quem é o herói? 08<br />

1. Um herói e muitos caminhos 10<br />

2. Criar personagens juntos: um herói novinho em folha 14<br />

Travessias 20<br />

3.Floresta, mar ou <strong>de</strong>serto? O lugar e a narrativa 22<br />

Os elementos da narrativa: tempo, espaço e 26<br />

personagem<br />

4. Um passo <strong>de</strong> cada vez: enten<strong>de</strong>ndo o percurso da 28<br />

narrativa<br />

5. Quem vive e quem conta: personagem e narrador 32<br />

Núcleo 4<br />

Núcleo 5<br />

Personagens e Travessias 36<br />

6. A missão do herói – a faísca que move a história 38<br />

7. Todo vilão precisa <strong>de</strong> cafuné 42<br />

8. Perigos e antídotos: um exercício criativo 46<br />

Brincar <strong>para</strong> ler o mundo 50<br />

9. Tem gosto <strong>de</strong> quê? 52<br />

10. Os coletores <strong>de</strong> histórias 58<br />

11. Ronc! Trum! Escabilulu!: os objetos mágicos 64<br />

5


Núcleo 1<br />

Para você<br />

se localizar<br />

as ativida<strong>de</strong>s e suas i<strong>de</strong>ias-chave<br />

Um herói e muitos caminhos<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> protagonista / exercício <strong>para</strong> a<br />

criação <strong>de</strong> um protagonista.<br />

Criar personagens juntos:<br />

um herói novinho em folha<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> protagonista / a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que<br />

o herói tem uma missão e faz algumas<br />

escolhas que <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m os rumos da<br />

história.<br />

Caro professor e professora,<br />

este quadro contém o título <strong>de</strong><br />

cada ativida<strong>de</strong> e as respectivas<br />

i<strong>de</strong>ias-chave que foram<br />

trabalhadas com ênfase ao<br />

longo <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>las.<br />

Como você po<strong>de</strong> observar, nós<br />

“quebramos” os elementos da<br />

narrativa em pedacinhos <strong>para</strong><br />

que eles fossem trabalhados<br />

um a um nessa proposta <strong>de</strong><br />

trajetória.<br />

Núcleo 2<br />

Floresta, mar ou <strong>de</strong>serto?<br />

O lugar e a narrativa<br />

Os coletores <strong>de</strong> histórias<br />

Criação <strong>de</strong> cenários-espaço da narrativa.<br />

6 7<br />

Escuta <strong>de</strong> histórias / uma narrativa como<br />

forma <strong>de</strong> conhecer quem nos conta.<br />

Um passo <strong>de</strong> cada vez: enten<strong>de</strong>ndo<br />

o percurso da narativa<br />

Trabalha a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> protagonista / trata do conceito<br />

<strong>de</strong> enredo / <strong>de</strong>fine o enredo como a sequência<br />

temporal – cronológica – <strong>de</strong> eventos da narrativa.<br />

Quem vive e quem conta:<br />

personagem e narrador<br />

O narrador e suas escolhas / a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> versão / uma<br />

história contada <strong>de</strong> pontos <strong>de</strong> vistas diferentes.<br />

A missão do herói:<br />

a faísca que move<br />

a história<br />

Explora o conceito <strong>de</strong><br />

conflito na narrativa.<br />

Núcleo 3<br />

Núcleo 4<br />

Todo vilão precisa<br />

<strong>de</strong> cafuné<br />

A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> antagonista /<br />

propõe a criação <strong>de</strong> vilões<br />

medrosos.<br />

Perigos e antídotos: um exercício criativo<br />

Propõe que as crianças criem perigos e antídotos / a i<strong>de</strong>ia<br />

<strong>de</strong> lugar-espaço no qual a narrativa se <strong>de</strong>senrola.<br />

Núcleo 5<br />

Tem gosto <strong>de</strong> quê?<br />

Propõe um exercício <strong>para</strong><br />

aprimorar a leitura-interpretação<br />

das histórias.<br />

Ronc! Trum! Escabilulu!<br />

Os objetos mágicos<br />

Explica o conceito <strong>de</strong> objeto<br />

mágico e propõe a criação <strong>de</strong><br />

objetos mágicos.


8<br />

Núcleo 1<br />

Afinal <strong>de</strong> contas, quem é o herói?<br />

Ativida<strong>de</strong>s relacionadas: Um herói e muitos caminhos, Criar personagens juntos: um herói novinho em folha.<br />

O herói é um dos personagens que vive a história, o principal, o<br />

protagonista. À medida que vive a história, o herói se transforma.<br />

O herói busca alguma coisa, ou po<strong>de</strong> acontecer <strong>de</strong>le estar<br />

distraído e <strong>de</strong> repente encontrar algo que nem busca. O herói<br />

po<strong>de</strong> ser forte ou fraco, ter dons <strong>de</strong> inteligência e beleza, ou ainda<br />

ser atrapalhado e querido. Se for o segundo caso, chamamos este<br />

personagem <strong>de</strong> anti-herói. Mas um vive <strong>de</strong>ntro do outro, pois todo<br />

mundo que se transforma, tem hora que vacila. E é nessa hora<br />

que o herói se parece mais com a gente.<br />

O herói nos faz ouvir a história e emprestar nosso coração <strong>para</strong><br />

ele, nos faz torcer por ele e lembrar as vezes em que também<br />

lutamos, ou <strong>de</strong> quando crescemos e temos que <strong>de</strong>scobrir coisas<br />

novas.<br />

Ouvir uma história é ser o herói junto, emprestar seu pensamento<br />

e memória <strong>para</strong> aquele que vive a aventura narrada. É ele quem<br />

nos faz pensar: “se eu fosse ele, também faria assim!” ou “se eu<br />

fosse ele, também me apaixonaria por essa princesa linda.”<br />

O herói nos convida: venha ser herói comigo! E nós aceitamos<br />

esse convite <strong>para</strong> viver cada palavra, cada surpresa, cada batalha.<br />

O mais bonito é que, ao ouvir e contar as histórias <strong>de</strong> heróis, cada<br />

criança encontra suas próprias histórias, os sabores <strong>de</strong> seus dias,<br />

os caminhos vividos. Na história da criança, ela é o herói. Ao<br />

encontrar a história contada, a criança se transforma também.<br />

O herói é quem a gente queria ser na história, mal percebendo que,<br />

se o herói atravessa a narrativa e a gente está junto, aquele herói<br />

sempre será um pouco <strong>de</strong> nós, pois emprestamos a ele nosso coração.<br />

9


ativida<strong>de</strong> 1<br />

Um herói e muitos caminhos<br />

Escolha duas histórias <strong>para</strong> contar à classe. Sugerimos “O Príncipe e o Lobo”, que está<br />

entre as histórias <strong>de</strong>ste material e “Chapeuzinho Vermelho”, que é uma história que todos<br />

conhecem.<br />

Depois <strong>de</strong> contá-las, pergunte às crianças se elas perceberam o momento no qual o herói<br />

(ou heroína) precisou escolher como levaria adiante sua missão.<br />

Aponte você esse momento em uma das histórias e pergunte às crianças se elas<br />

conseguem i<strong>de</strong>ntificar esse momento na outra história que você contou.<br />

Depois <strong>de</strong> elas terem apontado o momento no qual o herói (ou heroína) teve que fazer<br />

suas escolhas, pergunte <strong>de</strong> que outro modo ele ou ela po<strong>de</strong>ria ter agido.<br />

Apresente às crianças algumas alternativas, como por exemplo:<br />

E se o príncipe tivesse dito que estava muito doente naquele dia <strong>para</strong> ir até o Lobo?<br />

E se o príncipe tivesse pedido <strong>para</strong> seu pai ir junto e enfrentar o Lobo?<br />

E se ele tivesse dito: não vou, não vou, não vou!<br />

E se Chapeuzinho tivesse se recusado a levar os doces <strong>para</strong> a vovozinha?<br />

E se Chapeuzinho tivesse ido pelo outro caminho, como propôs sua mãe? O que po<strong>de</strong>ria<br />

ter acontecido?<br />

Acolha as possibilida<strong>de</strong>s trazidas pelas crianças e escolha entre as alternativas uma <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>senvolver. Então, vá reinventando a história junto com elas.<br />

Vá fazendo um registro na lousa <strong>para</strong> que todos se lembrem por on<strong>de</strong> a história está<br />

caminhando. Não importa se a história transformada ficar mais curta. Caso a mudança<br />

na história vá por caminhos difíceis <strong>de</strong> inventar proponha a entrada <strong>de</strong> seres fantásticos<br />

<strong>para</strong> ajudar. Use como referência histórias que as crianças conheçam. Por exemplo: e se<br />

aparecesse uma fada madrinha como em Cin<strong>de</strong>rela? E se aparecesse um dragão amigo?<br />

A missãO E O mOmENTO dA<br />

hisTóRiA Em QUE O hERói<br />

EsCOlhE Um CAmiNhO<br />

Na história do Príncipe e o Lobo, a missão foi<br />

dada pelo pai do príncipe. Para se tornar o<br />

novo rei, o príncipe <strong>de</strong>veria provar sua<br />

coragem, assim como tinham feito<br />

todos os outros príncipes antes <strong>de</strong>le.<br />

Para levar adiante sua missão, o príncipe escolheu um caminho:<br />

fugir e viajar em busca da sua coragem e só voltar quando se sentisse forte.<br />

Na história <strong>de</strong> Chapeuzinho Vermelho, a missão foi dada pela mãe da menina<br />

ao pedir que ela levasse a cesta <strong>de</strong> doces <strong>para</strong> a vovó doente. O momento da<br />

escolha da heroína, nesse caso, foi <strong>de</strong>cidir contrariar as orientações <strong>de</strong> sua<br />

mãe e tomar outro caminho, o da floresta.<br />

10 11


ativida<strong>de</strong> 1<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças registrarem no ca<strong>de</strong>rno a nova história.<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças trazerem, <strong>de</strong> lição <strong>de</strong> casa, mais uma missão e um<br />

caminho que o herói escolheu <strong>de</strong> uma história que já conheçam.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Peça <strong>para</strong> um grupo <strong>de</strong> crianças encenar a história “O Príncipe e o Lobo” com<br />

o caminho narrativo original (o que está escrito no material).<br />

Peça <strong>para</strong> outro grupo encenar o novo caminho narrativo. Caso haja outros<br />

personagens no novo caminho narrativo, as crianças po<strong>de</strong>m inventar novos<br />

jeitos <strong>de</strong> representá-los, usando objetos da sala <strong>de</strong> aula como giz, papel, lápis,<br />

fazendo <strong>de</strong> conta que eles são os novos personagens ou objetos.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Conte duas histórias <strong>para</strong> as crianças (nossa sugestão é<br />

“Chapeuzinho Vermelho” e “O Príncipe e o Lobo”).<br />

2Localize o momento em que o herói (ou heroína) precisou<br />

escolher como levaria adiante sua missão numa das histórias<br />

que você contou.<br />

3Peça <strong>para</strong> as crianças localizarem o mesmo momento na outra<br />

história que você contou.<br />

4<br />

Provoque as crianças com perguntas <strong>para</strong> que elas pensem em<br />

novas alternativas <strong>para</strong> a escolha do herói (ou heroína) e quais<br />

po<strong>de</strong>riam ser seus <strong>de</strong>sdobramentos.<br />

5Peça às crianças que criem novos caminhos <strong>para</strong> as histórias<br />

com essas novas alternativas.<br />

6<br />

Peça às crianças que encenem a narrativa original.<br />

7<br />

Peça às crianças que encenem a narrativa alternativa.<br />

12 13


ativida<strong>de</strong> 2<br />

Criar personagens juntos<br />

um herói novinho em folha<br />

Comece contando às crianças uma história. Nossa<br />

sugestão é que você conte a história “Rei Cabeça <strong>de</strong><br />

Galinha” ou “As velhas tecelãs”.<br />

Depois da leitura, pergunte às crianças quem é o herói<br />

da história e fale um pouco sobre um dos recursos<br />

mais comuns neste tipo <strong>de</strong> narrativa, um tipo especial<br />

<strong>de</strong> personagem, o herói, ou protagonista.<br />

Há um texto que trata especialmente <strong>de</strong>ste tema no ínicio do núcleo 1.<br />

Você po<strong>de</strong> recorrer a ele, se quiser.<br />

Pergunte, então, quais são as<br />

características <strong>de</strong> João, o herói da<br />

história “Rei Cabeça <strong>de</strong> Galinha”.<br />

Você po<strong>de</strong> fazer uma lista na lousa<br />

com as características que as<br />

crianças apontarem no personagem.<br />

Depois, peça às crianças que se lembrem <strong>de</strong> outros<br />

heróis <strong>de</strong> histórias que elas conheçam. Quais são seus<br />

heróis favoritos? Você po<strong>de</strong> ajudá-las, listando alguns<br />

também como, por exemplo, o jovem Viking do filme<br />

“Como treinar seu dragão”, ou Aladim, da Lâmpada<br />

Maravilhosa, a princesa Aurora, <strong>de</strong> “A Bela<br />

Adormecida” ou qualquer outro que você preferir. Ao<br />

lado <strong>de</strong> cada herói (ou heroína), você <strong>de</strong>ve listar as<br />

características apontadas pelas crianças.<br />

Você po<strong>de</strong> incentivar as crianças a falarem mais e mais sobre cada<br />

um <strong>de</strong>les fazendo algumas perguntas, como por exemplo:<br />

- Quais eram os seus dons ou po<strong>de</strong>res?<br />

- O que ele era capaz <strong>de</strong> fazer?<br />

- O que ele não era capaz <strong>de</strong> fazer?<br />

- Ele já nasceu assim ou recebeu esses dons <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter nascido?<br />

14 15


ativida<strong>de</strong> 2<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças se dividirem em duplas e as convi<strong>de</strong> <strong>para</strong> criarem um herói novinho<br />

em folha. Coloque na lousa as coisas que elas não po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r, como por<br />

exemplo:<br />

Qual será o nome <strong>de</strong>le/<strong>de</strong>la?<br />

Ele vai ser homem, mulher, criança, bicho?<br />

Ele vai ter uma família?<br />

Ele será filho/a <strong>de</strong> quem?<br />

On<strong>de</strong> e em que época ele/ela vai ter nascido?<br />

Ele vai morar numa casa, num castelo, num barco, num<br />

avião, numa caverna?<br />

Ele vai ter amigos? Quem serão eles?<br />

Como vai ser o lugar em que ele vive?<br />

Quais serão seus dons?<br />

Ele vai ter medo <strong>de</strong> alguma coisa?<br />

Como será o seu corpo? será gran<strong>de</strong>? Pequeno? Colorido?<br />

Bonito? Feio?<br />

E se fossemos heróis? Quem gostaríamos <strong>de</strong> ser? Que<br />

po<strong>de</strong>res mágicos teríamos? Qual seria nossa missão?<br />

Sugira às crianças que pensem sobre dons inusitados <strong>para</strong> esses heróis como, por<br />

exemplo, dom <strong>de</strong> contar piada, dom <strong>de</strong> ser tagarela, dom <strong>de</strong> fazer barulhos estranhos, dom<br />

<strong>de</strong> pular como um sapo, dom <strong>de</strong> se transformar em pulga e outros engraçados.<br />

Que o herói seja um pouquinho <strong>de</strong> cada criança do grupo. Que cada olhar enriqueça as<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ssas personagens.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Peça <strong>para</strong> as duplas irem à frente da sala apresentarem seu herói. Ao longo da<br />

apresentação, você po<strong>de</strong> pedir que elas digam quais foram as características (ou <strong>de</strong>sejos)<br />

emprestados por elas <strong>para</strong> cada um <strong>de</strong>les, ou seja, o que tem <strong>de</strong>las em cada um dos<br />

heróis criados. Não se esqueça <strong>de</strong> dizer a elas que guar<strong>de</strong>m muito bem seu herói porque nas<br />

próximas aulas cada herói terá uma travessia, uma missão que será criada especialmente<br />

<strong>para</strong> ele.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Conte a história <strong>para</strong> as crianças (nossa sugestão é “Rei<br />

Cabeça <strong>de</strong> Galinha” e “As Velhas Tecelãs”).<br />

2Pergunte às crianças quem é o herói <strong>de</strong> cada uma <strong>de</strong>ssas<br />

histórias.<br />

3Peça <strong>para</strong> as crianças dizerem quais são as características<br />

<strong>de</strong>sses heróis e vá anotando na lousa.<br />

4Peça <strong>para</strong> as crianças se lembrarem <strong>de</strong> seus heróis favoritos e<br />

suas respectivas características e continue anotando.<br />

5<br />

Solicite que as crianças se dividam em duplas e criem<br />

heróis novinhos em folha.<br />

6Aju<strong>de</strong>-as nessa criação anotando as perguntas na<br />

lousa <strong>para</strong> que elas não se esqueçam <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r.<br />

7Peça às duplas que apresentem seus heróis <strong>para</strong> toda a sala.<br />

16 17


ativida<strong>de</strong> 2<br />

Três Desejos<br />

Os heróis são José e Maria. Começam a história sem nenhum recurso. Sua<br />

travessia começa com sua generosida<strong>de</strong> ao dividirem o alimento que tinham<br />

com a senhora. Depois recebem como dádiva a realização <strong>de</strong> três <strong>de</strong>sejos. Por<br />

fim, os heróis (anti-heróis, neste caso) colocam tudo a per<strong>de</strong>r. Mas é certo que<br />

pensaram sobre seus <strong>de</strong>sejos e escolhas, quando tentaram controlar aquilo que<br />

<strong>de</strong>sejariam, e nos fizeram ir com eles, torcer por eles, <strong>de</strong>sejar junto!<br />

O Rei Cabeça <strong>de</strong> Galinha<br />

João é o anti-herói mais simpático e bonachão! Nada dá certo <strong>para</strong> ele <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

o princípio, mas há em sua travessia o amor incondicional <strong>de</strong> sua mãe que<br />

não se cansa <strong>de</strong> explicar ao filho como funciona o mundo. Mas a travessia <strong>de</strong><br />

João é cheia <strong>de</strong> surpresas. Há em seu caminho uma princesa que precisa<br />

exatamente do que João tem <strong>de</strong> sobra: um coração <strong>de</strong> ouro, boa vonta<strong>de</strong> e<br />

um jeito adorável e atrapalhado <strong>de</strong> ser. Nós, assim como ela, nos encantamos<br />

com João e sua travessia, tão torta e bonita.<br />

A Casa do Papagaio e do Lobo<br />

Essa narrativa tem algo <strong>de</strong> muito <strong>de</strong> curioso! Duas travessias enlaçadas. Ao<br />

escolher quem será o herói, estamos <strong>de</strong>ixando <strong>de</strong> fora aquele que será o vilão.<br />

Mas tanto o papagaio, quanto o lobo estão em busca da mesma coisa e agem<br />

<strong>de</strong> modo tão parecido que po<strong>de</strong>mos mudar <strong>de</strong> idéia a qualquer momento da<br />

história. Uma coisa que não po<strong>de</strong>mos negar é que essa história transformou<br />

os dois e nos mostrou o esforço necessário <strong>para</strong> conviver bem, assim como o<br />

pior dos dois: a coragem pequenina <strong>de</strong> enfrentar o outro e o medo gigantesco<br />

que os fez jogar tudo pelos ares e dar no pé.<br />

O Príncipe e o Lobo<br />

É a história <strong>de</strong> um menino que está em busca da sua coragem e precisa, <strong>para</strong><br />

encontrá-la, resolver os <strong>de</strong>safios <strong>de</strong> crescer e transformar-se em rei. Foi preciso<br />

primeiro fugir <strong>para</strong> bem longe <strong>para</strong> <strong>de</strong>pois retornar crescido pela travessia.<br />

Torcemos e apren<strong>de</strong>mos junto com ele em cada parte da história. E recebemos<br />

em troca, ao final, uma gran<strong>de</strong> surpresa!<br />

História dos Tempos <strong>de</strong> Calor e Frio<br />

Aqui o herói é uma menina, que atravessa seus domínios e conhece um reino<br />

novo. Lá, vive e conhece tanta coisa que, ao voltar, está transformada <strong>de</strong><br />

modo irreversível. Não po<strong>de</strong> mais ser quem era e viver como vivia. A menina<br />

se transformou e tudo ao redor segue esta nova or<strong>de</strong>m. O tempo, o planeta,<br />

as sauda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> sua mãe.<br />

O Nascimento da Noite<br />

Nessa história o herói po<strong>de</strong> ser a noite que atravessava o caminho <strong>de</strong>ntro do<br />

coco e, <strong>de</strong> repente, viu-se libertada, tomou os céus e apren<strong>de</strong>u a ir e vir com<br />

o canto dos pássaros. Aqui o herói po<strong>de</strong> ser o menino que abriu o coco e seu<br />

amigo po<strong>de</strong> ser um herói também. Começam meninos, terminam a travessia<br />

transformados em pássaros. Ou, ainda, a serpente filha, que inicia a história<br />

pedindo a noite a seu pai e termina resolvendo o <strong>de</strong>stino dos meninos e do<br />

equilíbrio entre o dia e a noite.<br />

As Três Velhas Tecelãs<br />

Aqui temos outra heroína menina. Ana, que enfrenta <strong>de</strong>safios, recebe ajuda<br />

mágica e termina a história casando-se com o príncipe. Depois <strong>de</strong> tantos<br />

apuros, não importa qual dom <strong>de</strong> Ana é real. O que queremos é que a menina<br />

seja feliz com seu amor sendo exatamente quem ela é!<br />

18 19


20<br />

Núcleo 2<br />

Travessias<br />

Ativida<strong>de</strong>s relacionadas: Floresta, mar<br />

ou <strong>de</strong>serto? O lugar e a narrativa.<br />

Travessia é um caminho. Um percurso. Um<br />

pedaço <strong>de</strong> tempo em que nos<br />

transformamos. Em palavras simples, toda<br />

história po<strong>de</strong> ser olhada como uma<br />

travessia. Gran<strong>de</strong> ou pequena. Como<br />

atravessamos o dia? Como atravessamos o<br />

ano? Como atravessamos a aventura que<br />

vamos contar? Na história, como o herói<br />

passou por sua travessia?<br />

A palavra travessia está ligada a outra: a<br />

palavra atravessar. Passar por alguma<br />

coisa. Sair <strong>de</strong> um lugar e ir <strong>para</strong> outro.<br />

Mudar <strong>de</strong> lugar.<br />

Uma travessia po<strong>de</strong> ser uma viagem, uma<br />

aventura ou simplesmente um dia vivido.<br />

Basta olhar e perceber que quem faz a<br />

travessia termina diferente, transformado.<br />

O herói que começou a história <strong>de</strong> um jeito<br />

termina <strong>de</strong> outro jeito muito diferente,<br />

transformado por tudo que viveu.<br />

As histórias são<br />

travessias colocadas em<br />

palavras. Quem conta e quem ouve<br />

também está fazendo uma travessia.<br />

As histórias nos fazem lembrar o que já<br />

vivemos e perceber como estamos. Às vezes,<br />

até conseguimos perceber como gostaríamos <strong>de</strong><br />

estar, o que gostaríamos <strong>de</strong> viver.<br />

Viver nos transforma, ouvir histórias também.<br />

Quando uma história chega ao fim, estamos<br />

diferentes, transformados. Algo nos moveu, nos<br />

emocionou, nos fez atravessar e chegar diferentes a um<br />

outro lugar.<br />

21


ativida<strong>de</strong> 3<br />

Floresta, mar<br />

ou <strong>de</strong>serto?<br />

O lugar e a narrativa<br />

Você po<strong>de</strong> começar essa ativida<strong>de</strong> pedindo às<br />

crianças que se lembrem <strong>de</strong> algumas histórias<br />

já conhecidas por elas, como Branca <strong>de</strong><br />

Neve, Peter Pan ou qualquer outra. Então,<br />

pergunte a elas por que Branca <strong>de</strong><br />

Neve teve que abandonar seu reino?<br />

Depois da resposta (sua madrasta<br />

mandou matá-la por inveja <strong>de</strong><br />

sua beleza) pergunte às crianças<br />

por on<strong>de</strong> foi que começou a<br />

jornada, a travessia <strong>de</strong> Branca<br />

<strong>de</strong> Neve.<br />

Registre na lousa (pela floresta).<br />

Leia novamente a história “O Príncipe e o Lobo” <strong>para</strong><br />

as crianças e peça <strong>para</strong> elas indicarem em qual espaço<br />

ou cenário se dá a jornada do príncipe. Registre na<br />

lousa (a cida<strong>de</strong> mágica, o <strong>de</strong>serto, a outra cida<strong>de</strong> em<br />

festa).<br />

Então, apresente às crianças três possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cenários <strong>para</strong> travessias lembrando a elas que a<br />

jornada do herói começa como quando começamos<br />

uma viagem.<br />

22<br />

Atravessar o mar<br />

Atravessar o <strong>de</strong>serto<br />

Atravessar a floresta escura<br />

Que lugares o herói encontrará?<br />

Diga que pensem sobre que perigos po<strong>de</strong> haver em<br />

cada um <strong>de</strong>sses lugares.<br />

Quais as possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> essas travessias? Barcos,<br />

vôos, pontes...<br />

Diga que, se for necessário, elas também po<strong>de</strong>m<br />

recorrer aos objetos mágicos criados ou inventar<br />

outros <strong>para</strong> ajudar na travessia.<br />

Caso você ainda não tenha feito a ativida<strong>de</strong> que propõe a criação <strong>de</strong> objetos<br />

mágicos (ativida<strong>de</strong> 11), explique às crianças o que são objetos mágicos.<br />

23


ativida<strong>de</strong> 3<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças, em duplas, construírem pequenos trechos <strong>de</strong> histórias<br />

sobre como atravessar esses lugares. Peça que leiam <strong>para</strong> a sala.<br />

Registre na lousa as possibilida<strong>de</strong>s que surgirem e crie instruções <strong>para</strong><br />

atravessar caminhos.<br />

Exemplos: <strong>para</strong> atravessar o mar faça assim, <strong>para</strong> atravessar a<br />

floresta escura sem se per<strong>de</strong>r faça uso do objeto x, <strong>para</strong><br />

atravessar um abismo, voe com um pássaro etc.<br />

Peça <strong>para</strong> todos registrarem<br />

as instruções nos ca<strong>de</strong>rnos.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Peça <strong>para</strong> as duplas criarem um pedaço <strong>de</strong> uma história. Esse<br />

pedaço <strong>de</strong>ve ter:<br />

¬o herói;<br />

¬o motivo que levou o herói a abandonar sua casa, seu reino, seu<br />

país, seu planeta;<br />

¬o cenário escolhido <strong>para</strong> a jornada/travessia do herói;<br />

¬que perigos havia nesse espaço/cenário/lugar on<strong>de</strong> o herói<br />

começou sua jornada;<br />

1Relembre com as crianças uma história conhecida<br />

(como Branca <strong>de</strong> Neve, por exemplo).<br />

2Pergunte às crianças por que Branca <strong>de</strong> Neve teve<br />

que abandonar seu reino. Registre na lousa a<br />

resposta das crianças.<br />

3Pergunte às crianças por on<strong>de</strong> foi que a jornada/<br />

travessia <strong>de</strong> Branca <strong>de</strong> Neve começou. Registre na<br />

lousa a resposta.<br />

4Leia a história “O Príncipe e o Lobo” e peça <strong>para</strong> as<br />

crianças dizerem por quais lugares o príncipe passou<br />

em sua jornada/travessia. Registre na lousa.<br />

5Apresente às crianças três possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

cenários/espaços e não se esqueça <strong>de</strong> dizer a elas<br />

que a jornada do herói começa como quando<br />

começamos uma viagem.<br />

6Peça <strong>para</strong> que elas pensem sobre quais perigos<br />

po<strong>de</strong>ria haver em cada um <strong>de</strong>ss lugares e sobre<br />

possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> realizar essa travessia (dê exemplos).<br />

7Peça a elas que, em duplas, elaborem pequenos<br />

trechos <strong>de</strong> histórias sobre como atravessar esses<br />

lugares.<br />

24 25<br />

¬com que ajuda ele contou <strong>para</strong> essa travessia.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos


26<br />

Núcleo 3<br />

Os elementos da narrativa:<br />

tempo, espaço e personagem<br />

Ativida<strong>de</strong>s relacionadas: Quem vive e quem conta: personagem e narrador,<br />

Um passo <strong>de</strong> cada vez: enten<strong>de</strong>ndo o percurso da narrativa.<br />

Toda narrativa é composta <strong>de</strong> certos elementos, sempre presentes, mesmo que <strong>de</strong> formas<br />

muito variadas. É a combinação mais ou menos criativa <strong>de</strong>sses elementos que faz a<br />

montagem da história em si, ou o que chamamos <strong>de</strong> enredo. Esses elementos são<br />

necessários à narrativa e isso significa que, se o texto for uma narrativa, eles <strong>de</strong>vem estar<br />

lá, sempre. Em outros tipos <strong>de</strong> texto eles po<strong>de</strong>m ou não existir, não são obrigatórios.<br />

Ensinar a seus alunos e alunas que elementos são esses significa ensinar-lhes também a<br />

pre<strong>para</strong>r o texto antes mesmo <strong>de</strong> escrevê-lo, como um projeto ou pré-texto. Falar sobre as<br />

formas como estes elementos po<strong>de</strong>m ser articulados <strong>para</strong> montar a história é falar<br />

também sobre a estrutura da narrativa, ou seja, seu eixo lógico, aquilo que permite que<br />

todos compreendam a história que se conta.<br />

Tempo cronológico- “Começo, meio e fim”<br />

Nas escolas, as pessoas costumam chamar esta estrutura <strong>de</strong> “começo, meio e fim”.<br />

Realmente, a estrutura da narrativa costuma ser do tipo cronológica, ou seja, o tempo –<br />

um dos elementos da narrativa – é o critério lógico usado <strong>para</strong> organizar as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> que<br />

se quer falar; assim, seria mais apropriado dizer que pensamos no que aconteceu<br />

primeiro, <strong>de</strong>pois e ainda <strong>de</strong>pois!<br />

Os elementos da narrativa são poucos e geralmente conhecidos <strong>de</strong> todos, mesmo que não<br />

necessariamente seus alunos e alunas refiram-se a eles por seus nomes próprios, o que é<br />

bem simples <strong>de</strong> resolver.<br />

Toda narrativa tem personagens, ou, pelo menos, um personagem. Personagens, é claro,<br />

são aquelas entida<strong>de</strong>s que levam a história <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si. São seus atos que <strong>de</strong>terminam<br />

os rumos da história. Um personagem po<strong>de</strong> ser qualquer coisa, <strong>de</strong> agulha <strong>de</strong> costura a<br />

fantasma, mas, como a palavra diz, ele sempre assume ares <strong>de</strong> pessoa, ou seja, ares mais<br />

ou menos humanizados. Isso acontece porque toda história é feita por seres humanos,<br />

<strong>para</strong> falar sobre problemas e questões humanas, <strong>para</strong> outros seres humanos.<br />

Para que isso seja possível, os personagens têm que permitir alguma i<strong>de</strong>ntificação, que os<br />

humaniza. Às vezes, é claro, os personagens são mesmo seres humanos, o que torna tudo<br />

isso mais evi<strong>de</strong>nte.<br />

Cada personagem da história realiza atos que, como dissemos, vão se organizando<br />

cronologicamente – um <strong>de</strong>pois do outro – e assim, <strong>de</strong>terminando a história em si. Esta<br />

organização se <strong>de</strong>sdobra justamente sobre outro dos elementos da narrativa: o tempo.<br />

Nas narrativas, em geral, o tempo tem esta organização diacrônica – uma coisa <strong>de</strong>pois da<br />

outra, que nos dá a sensação <strong>de</strong> causa e efeito todo o tempo – a princesa beija o sapo e<br />

por isso ele se transforma em príncipe, por exemplo – um ato suce<strong>de</strong> o outro e, ao mesmo<br />

tempo, essa sucessão supera o anterior: em nosso exemplo, todos sabemos que a princesa<br />

beijará o sapo uma única vez e isto <strong>de</strong>terminará um caminho <strong>para</strong> a história que<br />

<strong>de</strong>termina que este ato não se repetirá ou, se por acaso for repetido, estará em outro<br />

contexto, como acontece nas histórias <strong>de</strong> acumulação, por exemplo.<br />

Há também um tempo sincrônico nas narrativas, mais evi<strong>de</strong>nte nas narrativas mais<br />

elaboradas, como os romances, e raramente percebido pelas crianças (enquanto Branca<br />

<strong>de</strong> Neve dormia em seu caixão <strong>de</strong> cristal, o príncipe vagava pela floresta encantada e os<br />

anões trabalhavam tristemente em sua mina). O tempo sincrônico, como vemos, trata <strong>de</strong><br />

coisas que acontecem ao mesmo tempo e que são relacionadas entre si (a tristeza dos<br />

anões é causada pela ausência da princesa, que o príncipe eventualmente encontrará,<br />

apenas porque vaga pela floresta).<br />

Aliás, a i<strong>de</strong>ia da floresta nos leva ao terceiro elemento da narrativa, não menos<br />

importante: o espaço ou cenário. Toda história se passa em algum lugar e este lugar é<br />

importante <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senrolar da história e a <strong>de</strong>terminação dos atos <strong>de</strong> cada personagem.<br />

Às vezes, nos contos infantis clássicos, alguns personagens são nomeados em função do<br />

cenário e <strong>de</strong> suas possibilida<strong>de</strong>s, como é o caso do Caçador na história <strong>de</strong> “Chapeuzinho<br />

Vermelho” ou do Lenhador, pai <strong>de</strong> João e Maria.<br />

27


ativida<strong>de</strong> 4<br />

28<br />

Um passo<br />

<strong>de</strong> cada vez<br />

enten<strong>de</strong>ndo o percurso da narrativa<br />

Toda narrativa tem um protagonista e, às<br />

vezes, um antagonista. Eles também po<strong>de</strong>m<br />

ser chamados <strong>de</strong> herói e vilão,<br />

respectivamente.<br />

O protagonista, também chamado <strong>de</strong><br />

personagem principal, é quem <strong>de</strong>termina os<br />

rumos da história. São suas ações que<br />

<strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m como a história se <strong>de</strong>senvolve, que<br />

caminhos ela percorrerá.<br />

Nesta ativida<strong>de</strong>, você e seus alunos po<strong>de</strong>m<br />

explorar essa proprieda<strong>de</strong> dos protagonistas<br />

e, com isso, apren<strong>de</strong>r uma das formas<br />

possíveis <strong>para</strong> se mapear o enredo <strong>de</strong> uma<br />

narrativa.<br />

29


ativida<strong>de</strong> 4<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Para começar, vocês <strong>de</strong>verão construir uma tabela, que tenha as seguintes colunas:<br />

QUEM e O QUE FEZ, e muitas linhas.<br />

Com a tabela organizada, comece a ler <strong>para</strong> seus alunos e alunas a história “O Rei<br />

Cabeça <strong>de</strong> Galinha”, orientando-os a marcar na tabela, assim que possível, QUEM<br />

aparece na história e o que cada uma <strong>de</strong>stas personagens faz. A cada vez que uma<br />

personagem realiza uma nova ação, é preciso marcar novamente na tabela.<br />

Ao terminarem a história, vocês terão um quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento do enredo, ou um<br />

resumo da história. Revise este quadro com seus alunos e alunas e certifique-se <strong>de</strong> que<br />

cada um <strong>de</strong>les tenha todas e as mesmas informações registradas em seus ca<strong>de</strong>rnos.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Aqui existem duas possibilida<strong>de</strong>s (provavelmente mais, até!) <strong>de</strong> explorar a idéia <strong>de</strong><br />

protagonista e o quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> enredo que vocês construíram juntos.<br />

A primeira é a <strong>de</strong> inverter a or<strong>de</strong>m dos eventos, aleatoriamente e, com isso, criar uma<br />

história maluca, que <strong>de</strong>verá ser representada com os bonecos num teatro <strong>de</strong> fantoches.<br />

Peça às crianças que observem que tem um boneco em particular que aparece em todas<br />

as cenas e sem o qual a história nem seria possível. Diga-lhes, então, que este é o<br />

protagonista da história ou, se vocês preferirem, o herói.<br />

A outra possibilida<strong>de</strong> é propor às crianças que escolham um dos eventos <strong>para</strong> alterar,<br />

propondo uma nova ação <strong>para</strong> o protagonista. Ele po<strong>de</strong>, por exemplo, consi<strong>de</strong>rar que<br />

a orientação da mãe não é tão boa assim <strong>para</strong> a nova situação e fazer algo mais<br />

apropriado. O que isso causaria à sequência <strong>de</strong> eventos da história original? Todos<br />

os eventos posteriores à alteração seriam igualmente alterados? O final da história<br />

permaneceria o mesmo?<br />

Estas novas histórias também <strong>de</strong>vem ser transformadas em pequenas cenas ou roteiros<br />

que as crianças interpretam no teatro <strong>de</strong> fantoches e, <strong>de</strong>pois, elas po<strong>de</strong>m escolher que<br />

versão acharam mais interessante <strong>para</strong> apresentar <strong>para</strong> outras salas da escola ou no<br />

horário do intervalo.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Diga às crianças que toda história tem um<br />

protagonista, que também po<strong>de</strong> ser chamado <strong>de</strong><br />

herói, e um antagonista, que também po<strong>de</strong> ser chamado<br />

<strong>de</strong> vilão e explique a diferença básica entre eles.<br />

2Peça às crianças que construam uma tabela com<br />

muitas linhas que tenha as seguintes colunas:<br />

QUEM e O QUE FEZ.<br />

3Leia a história “O Rei Cabeça <strong>de</strong> Galinha”. Oriente<br />

as crianças a marcar na tabela, conforme sua<br />

leitura, QUEM aparece na história e O QUE FAZ cada<br />

uma <strong>de</strong>stas personagens que forem aparecendo na<br />

história.<br />

4Lembre as crianças que, a cada vez que uma<br />

personagem realiza uma nova ação, é preciso<br />

marcar novamente na tabela.<br />

5Revise o quadro e certifique-se <strong>de</strong> que todos<br />

tenham as mesmas informações.<br />

6Proponha que a or<strong>de</strong>m dos eventos seja invertida<br />

aleatoriamente <strong>para</strong> que se crie uma história<br />

maluca que seja representada com os bonecos.<br />

7Peça <strong>para</strong> as crianças observarem que há um<br />

boneco em particular que aparece em todas<br />

as cenas e sem o qual a história nem seria possível.<br />

Diga-lhes que esse é o protagonista, ou herói da<br />

história.<br />

30 31


ativida<strong>de</strong> 5<br />

32<br />

Quem vive e quem conta<br />

personagem e narrador<br />

Muitas histórias po<strong>de</strong>riam ser usadas <strong>para</strong><br />

<strong>de</strong>monstrar a existência, relação e<br />

funcionamento <strong>de</strong>stes três elementos<br />

básicos da narrativa, mas nós vamos<br />

começar com a história do Papagaio e do<br />

Lobo, porque aqui queremos que seus<br />

alunos e alunas percebam bem<br />

claramente a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong><br />

personagens.<br />

Diga a seus alunos que eles<br />

serão jornalistas e irão<br />

escrever uma notícia<br />

sobre uma misteriosa<br />

casa abandonada. A<br />

casa, curiosamente, é<br />

muito boa, bem<br />

construída, com uma vista<br />

sensacional, num dos<br />

melhores lugares que há.<br />

Para que eles escrevam a notícia,<br />

você vai lhes contar primeiro uma<br />

história. Lembre a seus alunos que uma<br />

reportagem <strong>de</strong>ve conter, necessariamente,<br />

as seguintes informações ou respon<strong>de</strong>r às<br />

seguintes perguntas: Quem? Quando?<br />

On<strong>de</strong>? Como? Por quê? Peça a eles que<br />

copiem essas perguntas em seus ca<strong>de</strong>rnos<br />

e <strong>de</strong>ixem espaço entre elas <strong>para</strong> colocarem<br />

as respostas.<br />

Tudo pronto, ca<strong>de</strong>rnos pre<strong>para</strong>dos, lápis<br />

nas mãos, é hora <strong>de</strong> começar a história.<br />

Quem? Quando? On<strong>de</strong>?<br />

Como? Por quê?<br />

Observe – e mostre a seus alunos e alunas caso eles não percebam – que o primeiro<br />

parágrafo da história apresenta, numa tacada só, o tempo (quando=época em que a<br />

história se passa), o cenário (on<strong>de</strong>=floresta), um dos personagens (quem=papagaio) e o<br />

conflito ou problema que moverá este personagem ao longo da primeira parte da história<br />

(por que=conseguir a casa dos sonhos <strong>para</strong> morar). É interessante notar também que<br />

nesta história o tempo tem ainda uma outra característica ou instância, que é a da<br />

duração da história – neste caso, pouco mais <strong>de</strong> um ano.<br />

É justamente a resolução <strong>de</strong>ste primeiro problema que traz à história o segundo<br />

personagem e o segundo problema – o lobo, que também quer uma casa e a confusão<br />

que se instala quando os dois escolhem o mesmo lugar e <strong>de</strong>dicam-se à construção da<br />

mesma casa.<br />

A resolução do segundo problema (o acordo <strong>de</strong> convivência e os truques que cada um usa<br />

<strong>para</strong> forçar o outro a abandonar a casa), por sua vez, traz o problema final e o <strong>de</strong>sfecho<br />

da história, que leva nossos personagens <strong>de</strong> volta ao problema inicial.<br />

33


ativida<strong>de</strong> 5<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

O trabalho <strong>de</strong> seus alunos é transformar esta narrativa no texto jornalístico que mais se<br />

aproxima <strong>de</strong>ste tipo textual, a notícia. Para ajudá-los, você po<strong>de</strong> pedir <strong>de</strong> lição <strong>de</strong> casa,<br />

antes <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>, que as crianças tragam <strong>para</strong> a sala notícias <strong>de</strong> jornal e analisá-las<br />

com elas, respon<strong>de</strong>ndo às perguntas fundamentais: Quem? Quando? On<strong>de</strong>? Como? Por quê?<br />

Na hora <strong>de</strong> escrever os textos, seus alunos po<strong>de</strong>m redigir uma notícia sobre a história<br />

inteira, mas também po<strong>de</strong>m ser agrupados e cada grupo po<strong>de</strong> escrever uma notícia,<br />

referindo-se a momentos da história. Neste caso, é interessante que você forneça <strong>para</strong> as<br />

crianças as manchetes das notícias, algo como “Casa abandonada na floresta intriga<br />

comunida<strong>de</strong>”, ou “Crescimento imobiliário na floresta”, ou ainda “Disputa por casa na<br />

floresta finalmente é resolvida”.<br />

Os textos das crianças po<strong>de</strong>m ser enriquecidos por outra modalida<strong>de</strong> do texto jornalístico,<br />

a entrevista, com alguns grupos criando textos que mostrem como Lobo e Papagaio<br />

pensam e agem ao respon<strong>de</strong>r às perguntas <strong>de</strong> um repórter. Este é o momento i<strong>de</strong>al <strong>para</strong><br />

explorar a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> personagens, elencando suas características, imaginando respostas<br />

prováveis <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les <strong>para</strong> as perguntas da entrevista e discutindo respostas<br />

improváveis.<br />

Finalmente, jornais são mídias ilustradas e as crianças po<strong>de</strong>m criar <strong>de</strong>senhos que façam<br />

as vezes das fotos jornalísticas, <strong>para</strong> ilustrar suas entrevistas e notícias.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Com todo esse material, as crianças acharão muito simples e interessante montar um<br />

telejornal, com notícias sobre a casa da floresta, reportagens externas, mostrando cenas<br />

diretamente da floresta e entrevistas com os personagens. Este telejornal po<strong>de</strong> ser feito<br />

com as crianças como atores ou com o teatro <strong>de</strong> fantoches, ou até das duas maneiras.<br />

Todo o trabalho também po<strong>de</strong> ser filmado, mesmo que em pequenos filmes feitos com<br />

máquinas digitais ou celulares.<br />

Po<strong>de</strong>-se criar uma ambientação, recortando uma tela <strong>de</strong> TV em uma caixa <strong>de</strong> papelão<br />

gran<strong>de</strong> e cenários <strong>para</strong> as reportagens externas, caracterizando a floresta e a casa da<br />

história. Caso as crianças sejam os atores, também po<strong>de</strong>m fazer a<strong>de</strong>reços e acessórios<br />

que caracterizem os personagens.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Diga a seus alunos que eles serão jornalistas e irão<br />

escrever uma notícia sobre uma misteriosa casa<br />

abandonada. Lembre a eles que toda notícia <strong>de</strong>ve<br />

respon<strong>de</strong>r as seguintes perguntas: Quem? Quando?<br />

On<strong>de</strong>? Como? Por quê?<br />

2Diga-lhes que essa notícia tem como base uma<br />

história que eles ouvirão.<br />

3Leia “A Casa do Papagaio e do Lobo”.<br />

4Alerte-os sobre o início da história, que contém as<br />

primeiras respostas <strong>para</strong> as perguntas-chave (quem,<br />

quando, on<strong>de</strong>, por quê).<br />

5Diga-lhes que, em duplas, eles terão que transformar<br />

essa narrativa numa notícia jornalística.<br />

6Se você preferir, forneça manchetes <strong>para</strong> os<br />

grupos.<br />

7Apresentem as notícias <strong>para</strong> a classe em formato<br />

<strong>de</strong> telejornal.<br />

Observação: Para ajudá-los, você po<strong>de</strong> pedir <strong>de</strong><br />

lição <strong>de</strong> casa, antes <strong>de</strong>sta ativida<strong>de</strong>, que as<br />

crianças tragam notícias <strong>de</strong> jornal e analisá-las<br />

34 com elas, respon<strong>de</strong>ndo às perguntas fundamentais.<br />

35


36<br />

Núcleo 4<br />

Personagens e Travessias<br />

Ativida<strong>de</strong>s relacionadas: A missão do herói: a faísca que move a história,<br />

Todo vilão precisa <strong>de</strong> cafuné, Perigos e antídotos: um exercício criativo.<br />

As histórias são caminhos, travessias. Carregam <strong>de</strong>spedidas, <strong>de</strong>safios, percalços e, muitas<br />

vezes, retornos, reencontros. As histórias são vividas por personagens.<br />

Personagens que, ao atravessarem a história, <strong>de</strong>scobrem coisas sobre o mundo em<br />

que vivem e como o percebem. São aqueles que as crianças po<strong>de</strong>m brincar <strong>de</strong><br />

ser. E, ao mesmo tempo em que fazem <strong>de</strong> conta que são eles, encontram<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> suas próprias histórias aquilo que as move.<br />

Os personagens têm po<strong>de</strong>res mágicos. As crianças têm <strong>de</strong>safios importantes e tantas<br />

vezes estão prestes a <strong>de</strong>scobrir suas habilida<strong>de</strong>s, acolher seus medos e encontrar coragem<br />

<strong>para</strong> crescer e ampliar suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ver, experimentar, dar sentido ao mundo.<br />

Nas histórias existem muitas travessias conhecidas. Atravessar uma floresta, um labirinto,<br />

fazer a travessia <strong>de</strong> um rio, <strong>de</strong> um oceano. Cada um <strong>de</strong>sses lugares guarda em si um tesouro.<br />

Crescer é se readaptar ao mundo constantemente. Assim como os heróis, as crianças<br />

<strong>de</strong>scobrem coisas novas sobre si próprias e assim também o professor, quando encontra a<br />

criança.<br />

De on<strong>de</strong> parti? Pra on<strong>de</strong> vou?<br />

Como vou transpor esse <strong>de</strong>safio? Qual <strong>de</strong>safio tenho diante <strong>de</strong> mim? Quais<br />

são os perigos que consigo supor? Quais permanecem sem nome? Depois da<br />

travessia florescem novas perguntas. O que ficou lá do outro lado? O que<br />

conquistei? O que <strong>de</strong>scobri que conseguia fazer?<br />

37


ativida<strong>de</strong> 6<br />

A missão do herói<br />

a faísca que move a história<br />

Leia <strong>para</strong> as crianças os três trechos a seguir que, como você verá, estão interrompidos<br />

no momento imediatamente anterior à apresentação do conflito. Os três trechos referemse<br />

à “Bela Adormecida”, “Chapeuzinho Vermelho” e “Branca <strong>de</strong> Neve”.<br />

Há muito tempo, viviam num castelo um rei e uma rainha. Por mais<br />

que <strong>de</strong>sejassem, o casal não conseguia ter filhos.<br />

O tempo foi passando e um dia, <strong>para</strong> a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> todos, a rainha<br />

ficou grávida. Nove meses se passaram e ela <strong>de</strong>u à luz uma linda<br />

princesinha. Como tinha os cabelos claros como o sol, ela foi<br />

chamada <strong>de</strong> Aurora.<br />

Quando a criança nasceu, o rei e a rainha estavam tão felizes que<br />

resolveram dar uma gran<strong>de</strong> festa no palácio real <strong>para</strong> celebrar o<br />

nascimento tão esperado. Todos os súditos do reino foram<br />

convidados. Entre eles, as fadas.<br />

Conta-se que há muito tempo vivia perto <strong>de</strong> uma floresta uma menina<br />

<strong>de</strong> cabelos muito cacheados. Como ela gostava <strong>de</strong> sair sempre vestida<br />

com uma capinha, que fora presente <strong>de</strong> sua mãe, todos a chamavam<br />

<strong>de</strong> Chapeuzinho Vermelho.<br />

A menina, que morava com sua mãe, gostava <strong>de</strong> passar seus dias<br />

brincando com os animaizinhos que <strong>de</strong> vez em quando visitavam a<br />

al<strong>de</strong>ia. Sua mãe carinhosa, cuidava com todo o zelo <strong>de</strong> sua única filha.<br />

Era uma vez, num reino muito<br />

distante, uma linda princesinha.<br />

Seu nome era Branca <strong>de</strong> Neve. Sua<br />

mãe, que havia morrido prematuramente,<br />

<strong>de</strong>ra esse nome à menina porque sua pele era tão<br />

alva que a fazia lembrar a neve que cai no inverno e<br />

cobre tudo <strong>de</strong> branco.<br />

Depois da morte <strong>de</strong> sua mãe, o pai se casara novamente com<br />

uma rainha muito bonita, mas que apesar <strong>de</strong> toda a sua beleza<br />

sentia muita inveja da menina.<br />

Um dia, seu pai também faleceu <strong>de</strong>ixando a filha aos cuidados<br />

da rainha invejosa.<br />

A madrasta obrigava Branca <strong>de</strong> Neve a fazer todo o trabalho<br />

do castelo e a fazia usar apenas andrajos. Mesmo assim, a cada<br />

dia que passava Branca <strong>de</strong> Neve ficava ainda mais bonita.<br />

A rainha tinha um espelho mágico e, <strong>para</strong> satisfazer sua<br />

vaida<strong>de</strong>, todos os dias perguntava a ele: Espelho, espelho meu,<br />

há no mundo alguém mais bela do que eu?<br />

E o espelho sempre respondia: Não, minha rainha. Tu és a mais<br />

bela.<br />

Depois <strong>de</strong> contar esses trechos, pergunte às crianças se elas<br />

acreditam que as histórias terminam ali, que tudo o que se<br />

ouviu até então é a história toda. Diante da negativa das<br />

crianças, o professor <strong>de</strong>ve perguntar a elas o que falta, como<br />

estas histórias continuam e, então, introduzir o conceito <strong>de</strong><br />

conflito e a metáfora da faísca, apresentando-o como um<br />

problema que faz a história andar e mover os personagens <strong>de</strong><br />

um lugar a outro, ou seja, ingressa o herói em sua travessia.<br />

Se tudo continuasse bem, a história não existiria. Diga a<br />

elas que toda história tem uma faísca. Essa faísca,<br />

que acen<strong>de</strong> a história, que move a história, é<br />

chamada <strong>de</strong> conflito.<br />

38 39


ativida<strong>de</strong> 6<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

As crianças, divididas em pequenos grupos, já criaram seus heróis<br />

ou protagonistas. É preciso agora encontrar uma missão <strong>para</strong> o<br />

herói. Por exemplo: algo acontece em seu reino ou em seu país e o<br />

faz partir. Um problema, como a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> salvar seu pai ou<br />

<strong>de</strong> salvar seu povo, ou a busca por um amor, por um antídoto?<br />

Diga às crianças que elas <strong>de</strong>vem pensar na história como uma<br />

fogueira. Qual será a faísca que acen<strong>de</strong> a história? O que precisa<br />

ser solucionado? Ofereça uma lista <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s partindo dos<br />

contos clássicos: Branca <strong>de</strong> Neve, Cin<strong>de</strong>rela, Bela Adormecida, Ali<br />

Babá, Aladim etc.<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Cada dupla <strong>de</strong>ve, inicialmente, reapresentar seu herói e explicar<br />

qual o conflito que o atinge, qual é a faísca que acen<strong>de</strong> a história<br />

daquele herói em particular.<br />

Depois disso, o professor <strong>de</strong>ve solicitar às crianças que enumerem<br />

os personagens necessários à encenação da história que<br />

escreveram e fazer uma tabela com esta informação.<br />

Cada dupla <strong>de</strong>ve, então, montar seu elenco particular, <strong>para</strong><br />

encenar a história escrita com os fantoches do “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Brinquedo</strong>”. Para isso, <strong>de</strong>ve convidar seus colegas a participarem<br />

da encenação, preenchendo a tabela com esta relação entre nome<br />

do amigo e personagem que ele interpretará. Alguns ensaios<br />

breves <strong>de</strong>vem ser suficientes <strong>para</strong> que as histórias possam ser<br />

apresentadas <strong>para</strong> o grupo ou <strong>para</strong> outros grupos da escola. Você<br />

também po<strong>de</strong> propor às crianças que, se necessário, criem outros<br />

fantoches.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1<br />

Leia <strong>para</strong> as crianças os três trechos escritos.<br />

2<br />

Pergunte se elas acreditam que as histórias<br />

terminam ali.<br />

3<br />

Diante da negativa, introduza a i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> “conflito”,<br />

como sendo a faísca que move a história.<br />

4<br />

Peça <strong>para</strong> se dividirem em duplas e encontrarem<br />

uma missão <strong>para</strong> o herói que elas criaram na outra<br />

ativida<strong>de</strong> (Um herói novinho em folha).<br />

5<br />

Diga a elas que <strong>de</strong>vem criar a faísca que vai mover<br />

a história.<br />

6<br />

Cada dupla <strong>de</strong>verá apresentar <strong>para</strong> a sala seu<br />

herói e o conflito que o atinge.<br />

7<br />

Solicite às crianças que enumerem todos os<br />

personagens da história criada por elas e seus<br />

respectivos intérpretes, <strong>para</strong> que elas possam fazer<br />

ensaios e apresentarem suas histórias completas <strong>para</strong><br />

toda a sala.<br />

40 41


ativida<strong>de</strong> 7<br />

Todo vilão precisa <strong>de</strong> cafuné<br />

Nesta ativida<strong>de</strong>, propomos um exercício <strong>para</strong> tratar dos vilões ou os chamados<br />

“antagonistas”. Eles são chamados assim porque agem em sentido oposto, contrário ao<br />

do protagonista, ou herói da história.<br />

Você po<strong>de</strong> iniciar uma conversa perguntando às crianças quais são os vilões mais<br />

amedrontadores que elas conhecem. Lembre <strong>de</strong> alguns, como a bruxa da Branca <strong>de</strong><br />

Neve, o gigante Sauron, do Senhor dos Anéis, Vol<strong>de</strong>mort, <strong>de</strong> Harry Potter, os<br />

crocodilos que guardam castelos e outros tantos que as crianças se lembrarem. Deixe<br />

as crianças falarem sobre eles, sobre seus medos.<br />

Proponha, então, a questão:<br />

E se os vilões tivessem alguns medos<br />

que os tornassem inofensivos?<br />

42 43


ativida<strong>de</strong> 7<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças se reunirem em duplas <strong>para</strong> inventarem vilões medrosos.<br />

Pergunte às crianças quais medos elas têm e brinquem <strong>de</strong> emprestar esses<br />

medos aos vilões. Pergunte a elas se já pensaram numa bruxa da Branca <strong>de</strong><br />

Neve com medo <strong>de</strong> que achem ela feia e não queiram ser sua amiga? Já<br />

imaginaram um vilão com medo <strong>de</strong> escuro, medo <strong>de</strong> barata? Já pensaram<br />

num vilão com sauda<strong>de</strong>s da mãe? Ou um crocodilo, que não apren<strong>de</strong>u a<br />

dividir, per<strong>de</strong>r a paciência com os outros crocodilos e acabar vacilando e<br />

<strong>de</strong>ixando o caminho livre <strong>para</strong> o príncipe salvar a princesa?<br />

Organize uma coleção <strong>de</strong> vilões construídos pela classe. Seus nomes, seus<br />

po<strong>de</strong>res e seus medos.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

Para fazer na frente da sala<br />

1Comece perguntando às crianças <strong>de</strong> quais vilões<br />

elas têm medo.<br />

2Relembre com as crianças os vilões <strong>de</strong> histórias que<br />

elas já conhecem e as <strong>de</strong>ixe soltas <strong>para</strong> falar sobre<br />

eles.<br />

3Explique às crianças que eles são chamados <strong>de</strong><br />

vilões ou antagonistas porque, quase sempre, agem<br />

em sentido contrário ao protagonista, ou herói.<br />

4Peça <strong>para</strong> as crianças se reunirem em duplas <strong>para</strong><br />

inventarem vilões medrosos e registrarem tudo em<br />

seus ca<strong>de</strong>rnos.<br />

5Sugira que elas emprestem seus medos aos vilões e<br />

imaginem medos engraçados <strong>para</strong> eles.<br />

6Organize uma coleção <strong>de</strong> vilões construídos pela<br />

classe. Seus nomes, seus po<strong>de</strong>res e seus medos.<br />

7Peça <strong>para</strong> as crianças apresentarem seus vilões<br />

medrosos <strong>para</strong> toda a sala.<br />

Peça <strong>para</strong> as duplas apresentarem seus vilões medrosos <strong>para</strong> todos. Se preferirem, elas<br />

po<strong>de</strong>m escolher um dos fantoches <strong>para</strong> representar o vilão (ou vilã).<br />

44 45


ativida<strong>de</strong> 8<br />

Perigos e antídotos<br />

um exercício criativo<br />

Para po<strong>de</strong>rmos criar uma história, um <strong>de</strong>senho, um<br />

poema, um cartaz, um roteiro ou qualquer outra<br />

coisa, nós precisamos estar alimentados. Esse<br />

“alimento” é composto por muitas coisas e po<strong>de</strong> ser<br />

“ingerido” <strong>de</strong> várias formas. Algumas <strong>de</strong>las,<br />

certamente, são – no caso <strong>de</strong> criar histórias – ouvir<br />

e ler muitas histórias prestando atenção em cada<br />

palavra, imaginando os lugares em que se passam,<br />

instigando a imaginação <strong>para</strong> construir cada cena<br />

<strong>de</strong>scrita, pensando sobre as perguntas que são<br />

lançadas e, é claro, fazendo muito exercício com o<br />

objetivo <strong>de</strong> criá-las.<br />

Quanto mais alimento <strong>de</strong>sse tipo nós tivermos, mais<br />

chance <strong>de</strong> criarmos histórias divertidas, vivas,<br />

brilhantes. Isso vale <strong>para</strong> qualquer pessoa, a<br />

qualquer tempo. Todo escritor, ainda que já<br />

consagrado, nunca <strong>para</strong> <strong>de</strong> se alimentar <strong>de</strong><br />

histórias e <strong>de</strong> transformar esse alimento em novas<br />

histórias.<br />

A escola é um ótimo lugar <strong>para</strong> se conseguir esse<br />

alimento, assim como em nossa casa, com nossa<br />

família, nos livros que lemos, nos filmes que<br />

assistimos.<br />

Esta ativida<strong>de</strong> propõe um exercício criativo. Esse<br />

exercício será o <strong>de</strong> inventar perigos e seus<br />

antídotos. Fazendo esses exercícios, seus alunos e<br />

alunas terão mais recursos <strong>para</strong> a criação <strong>de</strong><br />

histórias.<br />

Você po<strong>de</strong> começar perguntando a eles: o que po<strong>de</strong><br />

ser o <strong>de</strong>safio mais difícil <strong>para</strong> um herói? Apresente às<br />

crianças uma lista <strong>de</strong> eventos dramáticos da natureza<br />

como tempesta<strong>de</strong>s, um mar agitado, uma seca que<br />

matou toda a plantação, um tufão, uma tempesta<strong>de</strong><br />

eletromagnética no espaço, uma nevasca que cobriu<br />

<strong>de</strong> gelo a terra inteira, entre outros que as crianças se<br />

lembrem. Faça uma lista com esses perigos.<br />

Convi<strong>de</strong>, então, as crianças a atribuírem características<br />

humanas aos perigos e a proporem alguns antídotos<br />

<strong>para</strong> acalmar esses perigos. Por exemplo:<br />

Como fazer <strong>para</strong> <strong>para</strong>r uma tempesta<strong>de</strong>? Que tal<br />

perguntar ao céu por que ele chora e prometer ajudálo<br />

no que o <strong>de</strong>ixa triste? O que <strong>de</strong>ixaria o céu triste?<br />

Por que o mar estava agitado? Porque ele estava com<br />

sauda<strong>de</strong>s da chuva. Como acalmá-lo? Cantando pra<br />

ele uma música que fala da chuva!<br />

46 47


ativida<strong>de</strong> 8<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças registrarem em seus<br />

ca<strong>de</strong>rnos os eventos da natureza e seus<br />

antídotos. Diga a elas que esse acervo<br />

po<strong>de</strong>rá ser muito útil quando forem criar<br />

suas próprias histórias, inclusive <strong>para</strong> o<br />

concurso cultural do “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong> <strong>Brinquedo</strong>”.<br />

1Diga às crianças que vocês farão um<br />

exercício criativo.<br />

2Pergunte a elas quais são os maiores<br />

<strong>de</strong>safios que um herói po<strong>de</strong> enfrentar.<br />

3Dê alguns exemplos, como “uma<br />

tempesta<strong>de</strong> em alto mar”, “uma seca<br />

que matou toda a plantação”, “um tufão<br />

que <strong>de</strong>struiu todo o reino” etc.<br />

4Peça, então, <strong>para</strong> as crianças<br />

atribuírem características humanas aos<br />

perigos e proporem alguns antídotos <strong>para</strong><br />

acalmar esses perigos.<br />

5Dê alguns exemplos.<br />

6Peça <strong>para</strong> as crianças registrarem no<br />

ca<strong>de</strong>rno os eventos da natureza e seus<br />

antídotos.<br />

7 Diga a elas que esse acervo po<strong>de</strong>rá ser<br />

muito útil quando forem criar suas<br />

próprias histórias.<br />

48 49


50<br />

Núcleo 5<br />

Brincar <strong>para</strong> ler o mundo<br />

Ativida<strong>de</strong> relacionadas: Tem gosto do quê?, 1Os coletores <strong>de</strong> histórias,<br />

Ronc! Trum! Escabilulu!: os objetos mágicos.<br />

É uma brinca<strong>de</strong>ira gostosa essa <strong>de</strong> ensinar<br />

a linguagem. Ensinar gestos e sons que<br />

i<strong>de</strong>ntificamos e atribuímos significado.<br />

A palavra brinca<strong>de</strong>ira vem <strong>de</strong> brinco, anel,<br />

elo, vínculo. Brincando estamos<br />

estabelecendo vínculos <strong>para</strong> enten<strong>de</strong>r o<br />

mundo, <strong>de</strong>senvolvendo linguagem e<br />

sobretudo <strong>de</strong>scobrindo novos sentidos e<br />

modos <strong>de</strong> viver, crescer e nos comunicar.<br />

A brinca<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> observar e imitar o que vemos é algo<br />

simples e intuitivo que guarda em si a semente da<br />

linguagem do teatro.<br />

A criação <strong>de</strong> histórias contadas, vividas, brincadas<br />

com o corpo todo contém as importantes perguntas:<br />

Como seria se fosse assim? Quem seria eu se fosse<br />

você? Que opções faria, que <strong>de</strong>sejos, que medos teria?<br />

Dentro <strong>de</strong>ssas perguntas transborda a experiência<br />

humana da empatia. Colocar-se no lugar da outra<br />

pessoa. Viver em grupo, perceber, conhecer e<br />

expressar suas necessida<strong>de</strong>s suas i<strong>de</strong>ias ouvir e<br />

enten<strong>de</strong>r outros modos <strong>de</strong> olhar <strong>para</strong> o mundo. O que<br />

eu sentiria se fosse ele? A<br />

capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se colocar no lugar<br />

<strong>de</strong> outra pessoa e assim<br />

experimentar a sensação <strong>de</strong><br />

pertencimento. Estamos juntos. Isso<br />

que escolhemos <strong>para</strong> dizer é nosso.<br />

51


ativida<strong>de</strong> 9<br />

Tem gosto<br />

<strong>de</strong> quê?<br />

Um músico* disse certa vez que o que faz<br />

uma música ser bem tocada é a<br />

capacida<strong>de</strong> que alguns músicos têm <strong>de</strong><br />

saborear cada uma das notas que eles<br />

lançam no ar quando<br />

tocam seus instrumentos.<br />

Para ele, cada nota<br />

emitida <strong>de</strong>ve ser<br />

tratada<br />

cuidadosamente<br />

<strong>para</strong> que a música<br />

– que é um monte<br />

<strong>de</strong> notas juntas -<br />

possa transmitir<br />

aos seus ouvintes<br />

aquilo que se <strong>de</strong>seja.<br />

Essa capacida<strong>de</strong> (ainda bem)<br />

é algo que se apren<strong>de</strong>.<br />

Essa mesma i<strong>de</strong>ia serve <strong>para</strong> falarmos<br />

sobre as palavras. Toda história que lemos<br />

ou ouvimos é feita <strong>de</strong>las. No “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Brinquedo</strong>”, uma das coisas que<br />

consi<strong>de</strong>ramos importante é que seus<br />

* Esse músico é Nailor Proveta, um dos maiores instrumentistas<br />

brasileiros e <strong>de</strong> quem eu tenho a honra <strong>de</strong> ser amiga.<br />

alunos e alunas percebam que a leitura <strong>de</strong><br />

histórias requer alguns cuidados. Um <strong>de</strong>les<br />

é que, assim como as notas <strong>para</strong><br />

esse músico, cada uma das<br />

palavras que emitimos ao lermos<br />

uma história <strong>para</strong> alguém <strong>de</strong>ve ser<br />

cuidadosamente tratada <strong>para</strong> que<br />

possa expressar melhor as emoções<br />

que sempre estão contidas nelas.<br />

Essas emoções se revelam com toda a<br />

sua intensida<strong>de</strong> quando temperamos cada<br />

uma das palavras com entonações<br />

diferentes que po<strong>de</strong>m indicar surpresa,<br />

dúvida, <strong>de</strong>scontentamento, alegria, raiva,<br />

medo... Essas emoções se revelam também<br />

quando as palavras vêm acompanhadas<br />

<strong>de</strong> olhares e gestos, quando as dizemos em<br />

voz baixa ou alta, <strong>de</strong> um jeito áspero ou<br />

doce, quando saem <strong>de</strong> nossa boca rápida<br />

ou lentamente, quando as sussurramos...<br />

Nesta ativida<strong>de</strong>, nossa proposta é que você<br />

e seus alunos trabalhem na interpretação<br />

das falas dos personagens e narradores das<br />

histórias a partir <strong>de</strong> um jogo.<br />

52 53


ativida<strong>de</strong> 9<br />

O Jogo <strong>de</strong><br />

Temperar Palavras<br />

Em roda, ou como você preferir, proponha<br />

às crianças o Jogo <strong>de</strong> Temperar Palavras.<br />

As regras são as seguintes:<br />

1. A classe <strong>de</strong>ve ser dividida em times<br />

(dois, três ou quantos você quiser).<br />

2. O professor cria uma sentença. Serve<br />

qualquer uma como, por exemplo, “Eu fui<br />

até o banheiro e vi a Julinha”; “Você é tão<br />

inteligente quanto o Pedro”; “Eu sonhei<br />

com você na noite passada”.<br />

3. Cada time <strong>de</strong>ve temperar essa sentença<br />

com um dos temperos propostos na lousa<br />

e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> temperada, um <strong>de</strong> seus<br />

integrantes <strong>de</strong>ve repeti-la em voz alta <strong>para</strong><br />

a sala.<br />

4. O time adversário <strong>de</strong>ve adivinhar qual<br />

foi o tempero usado naquela sentença.<br />

Caso o time adversário adivinhe, ganha 1<br />

ponto e o time que temperou ganha 2.<br />

Caso ninguém reconheça o tempero, todos<br />

os times per<strong>de</strong>m 1 ponto.<br />

5. Não vale ficar temperando sempre com<br />

o mesmo tempero. Os times <strong>de</strong>vem usar<br />

temperos variados.<br />

O professor, que cuidará do placar,<br />

também colocará alguns “temperos” na<br />

lousa <strong>para</strong> que as crianças recorram a eles.<br />

Se você preferir, comece com uma lista<br />

menor <strong>para</strong> que fique mais fácil.<br />

TEMPEROS<br />

Alegria Medo Surpresa<br />

Dúvida Confidência Pavor Raiva<br />

Desprezo Amor Desapontamento<br />

Ironia Sauda<strong>de</strong> Segredo Travessura<br />

Malda<strong>de</strong> Malícia Rancor Esperança<br />

Irritação Carinho<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> seus alunos e alunas que tragam <strong>de</strong> casa uma lista <strong>de</strong><br />

temperos que eles perceberam nas palavras ditas por suas mães,<br />

pais, avós, tios ou amigos. Peça que eles registrem a frase, o<br />

tempero e quem disse. Veja a tabela abaixo como exemplo:<br />

Frase Tempero Quem disse<br />

Você quer comer alguma coisa? Carinho Avó<br />

Você já fez a lição <strong>de</strong> casa? Surpresa Mãe<br />

Eu vou sair e já volto. Amor Irmã<br />

Você mexeu nas minhas coisas. Desapontamento Amigo<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Peça às crianças que se organizem em grupos<br />

e escolham uma das 7 histórias enviadas<br />

neste material. Cada grupo terá que<br />

representar uma <strong>de</strong>las (eles po<strong>de</strong>m utilizar os<br />

fantoches ou não) <strong>para</strong> a sala. Lembre a eles<br />

durante a leitura sobre o cuidado no tempero<br />

<strong>de</strong> cada palavra ou frase.<br />

Você também po<strong>de</strong> escolher alguns trechos<br />

(selecionados na página seguinte) nos quais<br />

esses temperos são fundamentais e pedir <strong>para</strong><br />

os grupos se alternarem em sua<br />

interpretação.<br />

A proposta é que os grupos façam<br />

“apresentações comentadas”, ou seja, que<br />

cada apresentação seja analisada pela classe.<br />

A platéia <strong>de</strong> crianças <strong>de</strong>verá se manifestar<br />

aprovando, <strong>de</strong>saprovando e argumentando<br />

sobre a qualida<strong>de</strong> das interpretações, ou seja,<br />

seus temperos.<br />

Às vezes, quando<br />

começamos a cozinhar,<br />

colocamos muito sal ou<br />

pimenta na comida.<br />

Alerte seus alunos<br />

quando eles fizerem o<br />

mesmo com o tempero<br />

das palavras. Ou seja,<br />

não é colocando<br />

tempero <strong>de</strong>mais que a<br />

comida fica boa, não é<br />

mesmo?<br />

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ativida<strong>de</strong> 9<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Proponha às crianças o “Jogo<br />

<strong>de</strong> Temperar Palavras”.<br />

2Ensine as regras.<br />

3Coloque uma lista <strong>de</strong> temperos na<br />

lousa <strong>para</strong> as crianças.<br />

4<br />

Depois <strong>de</strong> terminar o jogo, mostre a<br />

elas a tabela e peça que elas tragam<br />

como lição <strong>de</strong> casa a tabela preenchida<br />

com as frases e temperos saboreados em<br />

casa.<br />

5Peça <strong>para</strong> as crianças se organizarem<br />

em grupos <strong>para</strong> escolherem uma das<br />

histórias <strong>de</strong>sse material <strong>para</strong> apresentá-la<br />

à classe.<br />

6Se você preferir, po<strong>de</strong> fornecer trechos<br />

das histórias e pedir que cada grupo<br />

se alterne na apresentação do mesmo<br />

trecho.<br />

7Oriente a platéia <strong>de</strong> crianças <strong>para</strong><br />

analisar e argumentar sobre a qualida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> cada apresentação.<br />

Trecho <strong>de</strong> “Três Velhas Tecelãs”<br />

Ana: Rei, nem sei o que dizer!<br />

Rei: Não diga nada. Você não tem escolha. Ou<br />

melhor, seu <strong>de</strong>stino tem três fios, três caminhos. No<br />

primeiro, você supera os <strong>de</strong>safios e casa-se com meu<br />

filho. No segundo, você não aceita ser <strong>de</strong>safiada e<br />

morre por me <strong>de</strong>sobe<strong>de</strong>cer e, no terceiro caminho,<br />

você não consegue cumprir a tarefa, fracassa e morre<br />

do mesmo jeito.<br />

Ana: <strong>de</strong>safio aceito.<br />

Ana fala <strong>para</strong> a platéia: Ai eu mato meu pai! Quem<br />

mandou ser tão exagerado, tão <strong>de</strong>sajeitado com as<br />

palavras?<br />

Trecho <strong>de</strong> “Três Desejos”<br />

Narrador: José, Maria e a senhora jantaram juntos.<br />

Depois do jantar José foi <strong>para</strong> o quarto e Maria foi<br />

até a mesa, recolheu a louça, quando escutou um<br />

barulho estranho. A louça caiu toda no chão! Que<br />

susto Maria teve! A senhora começou a dançar e<br />

rodopiar e pular pela cozinha. Maria até pensou que<br />

estava ficando maluca!<br />

senhora: Ronc Trum Escabilulu Ronc Trum<br />

Escabilelê. Eu tava tão sozinha e encontrei<br />

vocês! Nessa casa tem amor ronc trum<br />

escabilelê, mas não tem o que comer Ronc<br />

Trum Escabilelê. De velhinha viro princesa<br />

que é pra abençoar vocês e pela janta<br />

agra<strong>de</strong>cer! Trago aqui três <strong>de</strong>sejos vocês<br />

po<strong>de</strong>m escolher. Mas pensem bem o que<br />

pedir, pois tudo po<strong>de</strong> acontecer. Ronc Trum<br />

Escabilulu Ronc Trum Escabilelê.<br />

56 57


ativida<strong>de</strong> 10<br />

Os coletores <strong>de</strong> histórias<br />

As narrativas são tão importantes que muita gente acredita que esta é uma das melhores<br />

formas <strong>de</strong> organizar a vida: transformá-la numa história, que se possa contar aos outros.<br />

Nós fazemos isso o tempo todo: quando alguém nos pergunta como foi o dia, quando<br />

contamos algo que nos aconteceu e quando tentamos explicar porque as coisas são <strong>de</strong>sse<br />

jeito e não <strong>de</strong> um outro qualquer.<br />

As histórias <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós são enriquecidas com as outras histórias que ouvimos<br />

pela vida: histórias dos outros ou histórias tradicionais, como os contos clássicos e as que<br />

conhecemos na literatura.<br />

Comece esta ativida<strong>de</strong> contando uma história da sua vida <strong>para</strong> seus alunos e alunas, mas<br />

não uma história qualquer: conte a história <strong>de</strong> um episódio que tenha mudado sua vida;<br />

po<strong>de</strong> ser qualquer coisa, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que tenha esta marca <strong>de</strong> mostrar que sua vida era uma<br />

antes <strong>de</strong>ste acontecimento e, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le, mudou <strong>para</strong> sempre.<br />

Po<strong>de</strong> ser a história <strong>de</strong> uma escolha profissional, a história do nascimento dos filhos, a <strong>de</strong><br />

um gran<strong>de</strong> amor, a <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sastre terrível ou <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>cepção.<br />

Explique a seus alunos e alunas<br />

que todos os adultos têm<br />

histórias assim <strong>para</strong> contar e<br />

que isso acontece quando a<br />

gente já está a algum tempo<br />

no mundo e vai acumulando<br />

histórias, que sempre começam<br />

nas <strong>de</strong>cisões que a gente toma,<br />

nas escolhas que a gente faz<br />

numa situação ou outra.<br />

Crianças, por sua vez,<br />

raramente têm histórias <strong>de</strong>sse<br />

tipo sobre si mesmas, porque<br />

poucas vezes tomam suas<br />

próprias <strong>de</strong>cisões, porque<br />

alguém ainda cuida <strong>de</strong>las.<br />

Assegure-lhes que, no futuro,<br />

todos eles terão histórias <strong>de</strong>ste<br />

tipo <strong>para</strong> contar.<br />

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ativida<strong>de</strong> 10<br />

60<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Explique a seus alunos e alunas que eles serão, nesta ativida<strong>de</strong>, coletores <strong>de</strong><br />

histórias, como muitos outros que vieram antes <strong>de</strong>les. O trabalho <strong>de</strong> cada um<br />

<strong>de</strong>les será entrevistar os adultos conhecidos, da família ou próximos e<br />

<strong>de</strong>scobrir as histórias <strong>de</strong> momentos importantes da vida <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong>les,<br />

aquelas histórias dos acontecimentos que mudaram a vida dos entrevistados.<br />

Converse com as crianças <strong>para</strong> formularem, juntos, a melhor forma <strong>de</strong> fazer o<br />

pedido ao adulto, que pergunta se <strong>de</strong>ve fazer <strong>para</strong> que ele conte esta história.<br />

Quando tiverem a pergunta pronta, cada aluno <strong>de</strong>ve copiá-la em seu ca<strong>de</strong>rno<br />

e, como lição <strong>de</strong> casa, pedir aos adultos que a respondam. As respostas<br />

po<strong>de</strong>m ser anotadas nos ca<strong>de</strong>rnos das crianças, gravadas como <strong>de</strong>poimentos<br />

<strong>de</strong> voz ou ainda recontadas.<br />

Explique a seus alunos que o importante é que eles prestem muita atenção à<br />

história enquanto ela está sendo contada, que não percam um <strong>de</strong>talhe, que<br />

entendam a importância daquela história <strong>para</strong> aquela pessoa. Depois <strong>de</strong><br />

ouvirem, po<strong>de</strong>m registrar a história da forma como acharem melhor.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Comece a ativida<strong>de</strong> contando uma história que<br />

marcou profundamente sua vida.<br />

2Explique às crianças que todos os adultos têm<br />

histórias assim <strong>para</strong> contar porque quanto mais se<br />

vive, mais histórias acumulamos.<br />

3Explique a eles que coletarão histórias que marcaram<br />

a vida das pessoas. Essa coleta será feita a partir <strong>de</strong><br />

entrevistas que eles realizarão com adultos conhecidos.<br />

4Decida com as crianças a melhor forma <strong>de</strong> fazer<br />

esse pedido ao adulto, ou seja, discutam sobre qual<br />

pergunta se <strong>de</strong>ve fazer <strong>para</strong> que ele conte a história.<br />

Peça <strong>para</strong> todos copiarem a pergunta no ca<strong>de</strong>rno.<br />

5Lembre às crianças que eles <strong>de</strong>vem prestar muita<br />

atenção à história que esse adulto contar. Diga que<br />

elas não po<strong>de</strong>m per<strong>de</strong>r nenhum <strong>de</strong>talhe. Diga que,<br />

<strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ouvirem, po<strong>de</strong>m registrar a história da forma<br />

como acharem melhor.<br />

6Organize com as crianças um sarau <strong>de</strong> contação <strong>de</strong><br />

histórias.<br />

7Proponha que as histórias sejam ilustradas e que<br />

esses <strong>de</strong>senhos sejam expostos.<br />

61


ativida<strong>de</strong> 10<br />

Para fazer na frente da sala<br />

Com tantas histórias interessantes em mãos, vocês po<strong>de</strong>m organizar um pequeno sarau<br />

<strong>de</strong> contação <strong>de</strong> histórias. Explique às crianças que contar uma história é algo que envolve<br />

quem conta, mas também envolve quem escuta e que, por isso, alguns aspectos são muito<br />

importantes. O tom <strong>de</strong> voz com que se conta <strong>de</strong>ve ser audível, é claro, mas, mais do que<br />

isso, <strong>de</strong>ve ser parte do conteúdo da história, com variações que mostrem características<br />

<strong>de</strong> personagens, sinalizem os momentos <strong>de</strong> tensão ou clímax da história, que criem<br />

mistério ou suspense, que mostrem a reconciliação <strong>de</strong> que os finais <strong>de</strong> história são capazes.<br />

O contato visual entre o contador e os ouvintes também é importante: o olhar que se<br />

interrompe e fixa em momentos <strong>de</strong> clímax, ou o olhar que circula pela audiência,<br />

enquanto a voz silencia <strong>para</strong> criar um momento <strong>de</strong> suspense.<br />

As crianças po<strong>de</strong>rão usar artefatos e a<strong>de</strong>reços, se quiserem, <strong>para</strong> contar estas histórias,<br />

pois <strong>de</strong>vem coletar histórias <strong>de</strong> todos os tipos: engraçadas, trágicas, verda<strong>de</strong>iras etc.<br />

É importante, entretanto, que todos lembrem que estas são histórias reais e não contos <strong>de</strong><br />

fadas. Isso <strong>de</strong>termina que nada na história po<strong>de</strong> ser mudado, porque o que aconteceu,<br />

aconteceu da maneira como foi contado e não há qualquer possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudar isso.<br />

Esta é, aliás, a marca das histórias <strong>de</strong> vida: todas elas pertencem necessariamente ao<br />

passado e, por isso, são intocáveis.<br />

Quando ouvimos uma história retirada da literatura, como os contos clássicos, é comum<br />

que pensemos, proponhamos ou até alteremos a história <strong>de</strong> forma que as <strong>de</strong>cisões do<br />

protagonista pareçam mais sábias, ou mais engraçadas, ou tenham o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> abreviar o<br />

sofrimento e levá-lo mais rapidamente ao <strong>de</strong>sfecho re<strong>de</strong>ntor da história.<br />

Cada criança <strong>de</strong>ve, portanto, escolher uma das histórias que coletou <strong>para</strong> contar a seus<br />

colegas.<br />

Os colegas, por sua vez, <strong>de</strong>vem, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong><br />

ouvir a história, propor uma ilustração <strong>para</strong><br />

ela. Aquele que coletou, trouxe e contou a<br />

história <strong>de</strong>ve escolher entre todas as<br />

ilustrações aquela que, em sua opinião,<br />

melhor retrata a história contada. Uma vez<br />

que todas as crianças tenham contado suas<br />

histórias e escolhido as ilustrações que lhes<br />

cabem, vocês po<strong>de</strong>m organizar uma<br />

exposição <strong>de</strong>stes <strong>de</strong>senhos, na pare<strong>de</strong> da<br />

própria sala <strong>de</strong> aula ou em algum lugar<br />

mais público, como os corredores da escola.<br />

Seria muito bonito se vocês pu<strong>de</strong>ssem,<br />

então, convidar os adultos que forneceram<br />

as histórias originais <strong>para</strong> vir à exposição.<br />

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ativida<strong>de</strong> 11<br />

Ronc! Trum! Escabilulu!<br />

os objetos mágicos<br />

Muitas histórias têm, em seu enredo, um objeto<br />

mágico, às vezes um personagem mágico, como as<br />

fadas madrinhas ou animais mágicos que ajudam o<br />

personagem protagonista a <strong>de</strong>senrolar o enredo ou,<br />

em outras palavras, a fazer sua travessia.<br />

Estes objetos ou personagens são ligados ao conflito<br />

da narrativa, ou seja, ao problema que <strong>de</strong>ve ser<br />

resolvido pelos personagens <strong>para</strong> que a narrativa<br />

encontre seu clímax e seja, então, finalizada. Há<br />

alguns objetos clássicos, como as varinhas e potes<br />

mágicos e é com esse tipo <strong>de</strong> objeto que essa ativida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>ve começar.<br />

Traga <strong>para</strong> a sala <strong>de</strong> aula alguns objetos e explique<br />

que você, ao longo <strong>de</strong> sua vida como professor ou<br />

professora, foi recolhendo estes objetos das histórias<br />

que contou a seus alunos e alunas. Explique que cada<br />

um <strong>de</strong>les é um objeto mágico, que tem um po<strong>de</strong>r<br />

muito específico. Certifique-se <strong>de</strong> que, entre os objetos<br />

que você trouxe, alguns sejam mais tradicionais e<br />

comuns nas histórias conhecidas pelas crianças e<br />

outros sejam inusitados e surpreen<strong>de</strong>ntes.<br />

Em uma roda, convi<strong>de</strong> as crianças a explorar cada<br />

objeto, <strong>de</strong>scobrir quais são suas características, seu<br />

uso convencional e qual <strong>de</strong>ve ser seu po<strong>de</strong>r mágico.<br />

Faça com as crianças uma lista com o nome dos<br />

objetos, o uso convencional que costumamos dar a<br />

cada um <strong>de</strong>les e os po<strong>de</strong>res mágicos que as crianças<br />

lhe atribuíram. O importante aqui é acolher as<br />

sugestões das crianças.<br />

Por exemplo, se você traz um pequeno travesseiro ou almofada, a<br />

lógica po<strong>de</strong> lhe atribuir o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> adormecer por cem anos quem<br />

quer que repouse a cabeça sobre ele.<br />

Se você achar necessário, relembre nessa conversa os objetos<br />

mágicos das histórias conhecidas pelas crianças, como, por<br />

exemplo, o tapete mágico <strong>de</strong> Aladim, a capa da invisibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Harry Potter, o cogumelo <strong>de</strong> Alice que a fazia crescer e diminuir<br />

no País das Maravilhas, o espelho que podia respon<strong>de</strong>r às<br />

perguntas da madrasta <strong>de</strong> Branca <strong>de</strong> Neve e outros tantos.<br />

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ativida<strong>de</strong> 11<br />

Para fazer no ca<strong>de</strong>rno<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças criarem, então, seus próprios objetos mágicos e registrarem<br />

essa pequena lista no ca<strong>de</strong>rno, ilustrando cada um dos objetos, bem como seu<br />

po<strong>de</strong>r mágico. Peça a elas que não se esqueçam <strong>de</strong> <strong>de</strong>cidir como cada objeto se<br />

manifesta. Por exemplo: ele precisa ser invocado com palavras mágicas, como a<br />

porta da caverna dos ladrões, na história <strong>de</strong> Ali-Babá? Precisa ser manuseado,<br />

como a lâmpada mágica <strong>de</strong> Aladim?<br />

Fazendo <strong>de</strong>ssa maneira, as crianças montarão um pré-texto <strong>para</strong> cada objeto que<br />

po<strong>de</strong>rá ser muito útil na construção <strong>de</strong> suas histórias e, é claro, também <strong>para</strong> a<br />

história que concorrerá ao prêmio do concurso cultural proposto pelo “<strong>Teatro</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>Brinquedo</strong>”.<br />

Para fazer na<br />

frente da sala<br />

Peça <strong>para</strong> as crianças apresentarem <strong>para</strong> a sala os<br />

objetos criados, seus po<strong>de</strong>res e maneiras <strong>de</strong> invocação.<br />

Em seguida, peça às crianças que imaginem e<br />

interpretem situações em que os objetos mágicos que<br />

criaram seriam especialmente úteis. Cada situação<br />

imaginada po<strong>de</strong> ser interpretada com os bonecos do<br />

teatro <strong>de</strong> brinquedos ou sem eles, caso as crianças<br />

preferirem. O <strong>de</strong>safio final po<strong>de</strong> ser a criação <strong>de</strong> uma<br />

história coletiva em que todos os objetos criados pelas<br />

crianças tenham uma participação. Essa história<br />

coletiva po<strong>de</strong> ser construída numa roda, em que uma<br />

criança começa e, à medida que achem que faça<br />

sentido, cada criança apresenta sua contribuição.<br />

Ativida<strong>de</strong> em 7 passos<br />

1Traga <strong>para</strong> a classe alguns “objetos mágicos” e<br />

apresente-os às crianças.<br />

2Diga às crianças que você recolheu esses objetos<br />

das histórias que você contou a todos os seus<br />

alunos e alunas até então.<br />

3Em roda, espalhe esses objetos e convi<strong>de</strong> as<br />

crianças <strong>para</strong> explorar cada um <strong>de</strong>les dizendo quais<br />

são os seus usos convencionais e os po<strong>de</strong>res mágicos<br />

que elas acreditam que os objetos tenham. Não se<br />

esqueça <strong>de</strong> solicitar as relações lógicas necessárias.<br />

4Peça <strong>para</strong> as crianças se dividirem em duplas e<br />

criarem seus próprios objetos mágicos.<br />

5Além do <strong>de</strong>senho, peça que elas não se esqueçam<br />

<strong>de</strong> escrever como é que os objetos se manifestam.<br />

6Peça <strong>para</strong> as duplas apresentarem seus objetos,<br />

seus po<strong>de</strong>res e suas maneiras <strong>de</strong> invocação <strong>para</strong><br />

todos, na frente da sala.<br />

7Para finalizar a ativida<strong>de</strong>, você po<strong>de</strong> solicitar a<br />

criação <strong>de</strong> uma história coletiva, numa roda.<br />

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Créditos<br />

Lei <strong>de</strong> Incentivo à Cultura – PRONAC 095562<br />

Patrocínio<br />

En<strong>de</strong>sa Brasil: Ampla, Coelce, En<strong>de</strong>sa Cachoeira,<br />

En<strong>de</strong>sa Cien e En<strong>de</strong>sa Fortaleza<br />

Coor<strong>de</strong>nação: área <strong>de</strong> Sustentabilida<strong>de</strong> En<strong>de</strong>sa Brasil<br />

Equipe La Fabbrica<br />

I<strong>de</strong>alização e coor<strong>de</strong>nação geral: La Fabbrica Comunicação e Marketing<br />

Diretora <strong>de</strong> projetos: Fabiana Marchezi<br />

Diretor administrativo: Mauro Mantica<br />

Relacionamento institucional: Elaine Marin<br />

Coor<strong>de</strong>nação geral: Rita Ker<strong>de</strong>r<br />

Assistente <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação: Sabrina Lopes<br />

Central <strong>de</strong> relacionamento: Laura Bing, Ana Luisa Torres<br />

Materiais Didáticos<br />

Criação e redação <strong>de</strong> conteúdos: Fabiana Marchezi,<br />

Lilian Ana P. Faversani e Kiara Terra<br />

Texto das histórias: Kiara Terra<br />

Ilustrações: Fúlvia Marchezi<br />

Projeto gráfico: Bárbara Sco<strong>de</strong>lario<br />

Fantoches: Papo <strong>de</strong> Pano (NM 300/2002 - Segurança <strong>de</strong> <strong>Brinquedo</strong>s - Inmetro)<br />

e Cinco Marias (NM 300/2002 - Segurança <strong>de</strong> <strong>Brinquedo</strong>s - Inmetro)<br />

Nosso agra<strong>de</strong>cimento à Fábrica I<strong>de</strong>ias <strong>para</strong> Crianças.<br />

Número ISBN – 978-85-64439-03-0


i<strong>de</strong>alização: la Fabbrica Comunicação e marketing

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