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Olhos de alfinete e línguas de trapos: algumas histórias de crianças ...

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diferença, com os modos <strong>de</strong> olhar das <strong>crianças</strong> sobre o<br />

mundo e a escola. Esta pergunta tinha uma intenção<br />

tentar produzir uma subversão, um olhar <strong>de</strong> outro tipo<br />

sobre a experiência infantil, um olhar que não fosse<br />

direcionado a perseguir ausências, faltas, mas que<br />

ousasse ver a criança em sua possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

transformação, como criadora <strong>de</strong> cultura, tomando as<br />

lógicas infantis como analisadores <strong>de</strong> nossa socieda<strong>de</strong>.<br />

Buscar justamente no que lhe falta, a a<strong>de</strong>quação aos<br />

modos <strong>de</strong> vida do adulto, a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> inaugurar<br />

outros mundos possíveis, <strong>de</strong> (re) escrever a nossa<br />

história.<br />

Concordando com Kramer (2000), pensamos que<br />

“apren<strong>de</strong>r com as <strong>crianças</strong> po<strong>de</strong> ajudar a compreen<strong>de</strong>r o<br />

valor da imaginação, da arte, da dimensão lúdica, da<br />

poesia. Enten<strong>de</strong>r que as <strong>crianças</strong> têm um olhar crítico que<br />

vira pelo avesso a or<strong>de</strong>m das coisas, que subverte o<br />

sentido <strong>de</strong> uma história, que muda a direção <strong>de</strong> certas<br />

situações, exige que possamos conhecer nossas<br />

<strong>crianças</strong>, o que fazem, <strong>de</strong> que brincam, como inventam,<br />

<strong>de</strong> que falam. E que possam falar mais.” (pg.51)<br />

Os fragmentos <strong>de</strong> <strong>histórias</strong> que serão contadas<br />

nesta comunicação preten<strong>de</strong>m fazer o reverso da<br />

generalização da infância, tão constante nas pesquisas e<br />

teorias sobre <strong>crianças</strong>. Eles não trazem explicações sobre<br />

o comportamento infantil, não revelam um único modo <strong>de</strong><br />

dizer como apren<strong>de</strong>m, não insinuam a existência <strong>de</strong><br />

ausências e faltas. Estes pedaços <strong>de</strong> <strong>histórias</strong> parecem<br />

sussurrar: - Reconheçam a infância como uma passagem,<br />

como um movimento singular não busque generalizações.<br />

Não tomem como referência <strong>de</strong> análise mo<strong>de</strong>los e<br />

padrões, procurem evitar a tentação <strong>de</strong> não<br />

compreen<strong>de</strong>ndo os feitos infantis, inventar categorias<br />

patológicas ou técnicas <strong>de</strong> encaixe a um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong><br />

infância normalizada.<br />

A dissertação que inspirou esta comunicação revela<br />

uma pesquisa da infância que se inventa todo dia, procura<br />

fazer uma análise do modo como a criança evolui, cria e<br />

recria sua passagem pelo mundo como criança, com os<br />

elementos que possui entre eles a intervenção dos<br />

adultos, o <strong>de</strong>scolamento <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los dominantes <strong>de</strong> viver<br />

(que ainda não possuem como referência), o modo como

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