josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU josé da silva carvalho - DSpace CEU

dspace.ceu.es
from dspace.ceu.es More from this publisher
15.04.2013 Views

Ill. m0 a v. ex. a DOC. CCLXXVI Carla de A. Días de Oliveira 1 a Agostinlio José Freiré Porto, 7 de agosto de 1833. e ex. m0 InformaçSes militares e politioas sr.—Na minha carta de 1 do corrente, dei conta do que occorreu aqui, depois da sua partida; e agora tenlio a dizer que o conteudo tanto na dita carta, como na copia da relaçao dada para o Candido, e suas notas, se tem cada vez confirmado e desenvolvido mais. Os saldanhistas continuam os seus trabalhos com toda a força, procurara fazer de Saldanha o homem do dia e desa­ creditar os mais por todos os meios possiveis. Accusam o governo de lhe ter preferido no commando da expediç&o e governo civil os duques de Palmella e Terceira, querendo assim fazer passar o minis­ terio por aristrocata. Inculcam a carga e sabida do Saldanha, no dia 25, como resultado da intriga contra elle, que efFectivamente disse que, se expuzera naquelle dia d'aquella forma a sua pessoa, foi para se lhe nao tornar a chamar fraco, como se disse que elle o fóra em 1828. E accrescentam por fim que o governo fizera ir o Castro para Lisboa e dissolvera de facto a commissao do thesouro, sem deixar dinheiro, para que Saldanha se visse embaraçado por este motivo, e sobre elle recahisse a falta do pagamento á tropa, tendo-o forçado, para se salvar, a recorrer aos seus amigos; emquanto por outra parte se espalha que ahí havia mais de dois mil contos no thesouro. No meio de tudo isto, mette-se outra vez á cara o Guerreiro; diz-se que vae para Lisboa, o que é verdade, e quer-se que elle seja ministro do reino, em vez do Candido, contra o qual se téem levantado todos com tanta força, que o Preventiva, que nada previne, e que 1 Vide a nota de Silva Carvalho, na carta de Dias de Oliveira de 26 de setembro de 1835, inserta na secçao de documentos que intitulamos Silva Carvalho. A sua acçao e o seu plano. Ahi nos diz que Dias de Oliveira era espiáo do governo. Este homem foi feito presidente do congresso constituinte de 1837 e formou o ministerio de juuho d'este anno, onde assumiu a presidencia, com as pastas do reino e da justiça: tudo devido á revolucáo de setembro de 1836, que occasionou o desterro de Silva Carvalho e o assassinato de Agostinho José Freiré!! A demissao de Dias de Oliveira, em agosto, «foi acollada com alegría» (diz Sousa Monteiro), porque «o seu systema de perscguiçoes foi tal que contra si levantou um clamor unisono».

mesmo quasi nada vé, se tem visto tao afflicto com o que lhe tem chegado, que, na sua boa fé, me disse e pediu muito que escrevesse, dizendo tudo com muita força e franqueza, porque elle faria outro tanto; e efectivamente na sua correspondencia, que teve a bondade de me mostrar, lá vae aturdir o pobre Mumía, ainda mais do que no paquete passado, em que lhe remetteu a nota cuja copia enviei a v. ex. a . Eu, porém, nao cedi aos seus rogos nem o farei sem ter de v. ex. a recado, como partioipei na min ha antecedente. A proposito do Candido, nao posso findar este artigo sem informar a v. ex. 3 que elle tem a sua correspondencia com o Renduffe, a quem escreveu urna longa carta, e que este, juntamente éom Magalhaes, Norton, Meirelles Guerra, Antao e outros, que se podem dizer refugiados de todos os partidos, formam aqui urna coterie, que tem por fim sustental-o e ver se eleva o Magalhaes, atacando o resto do ministerio e fazendo a guerra com toda a força ao Felgueiras, de quem efectivamente se diz muito mal, no que muito se distingue o Norton, que eu pilhei em flagrante e que diz que nada deve ao sr. Carvalho, porque o despachou procurador regio, quando Magalhaes o havía despachado juiz para a Relaçao. Estes senhores, depois da sabida do Imperador, nao voltaram mais ao Carvalhido nem foram vistos no batalhao, onde estío com parte de doentes, emquanto passeiam com o coronel Serpa e o general Gama Lobo, nesta cidade, todos os dias, com escándalo geral; é da sua coterie que tem sabido a idea, repetida por alguns inglezes, de que o sr. Carvalho precisa ser conservado em quanto houver necessidade de furtar; mas que, em se acabando esta necessidade, termina a sua commissao no ministerio, d'onde deve logo sahir. Eu fiz correr, a respeito do Renduffe, que elle consumía melhor o tempo com o Candido, do que no serviço do batalhao, porque era meio de ser par e conselheiro d'estado, a que um aspirava e o outro o quería elevar; e tenho observado que esta tirada foi mortal para o Candido e para o Renduffe, ao qual chamam, por chalaça, par quando vae a cavallo, e que só assim!... Rp- Quanto ao Guerreiro, que os saldanhistas mettem á cara, dizendo que elle boje acceita a pasta do reino, que alias inculoam ter aqui rejeitado, apesar de instado pelo ministerio, com quem nao se dava, eu tenho feito correr que é homem pouco seguro, termo medio entre Palmella e Saldanha, ainda que mais do primeiro, e que está prompto a servir com todo o mundo, oom tanto que seja ministro; pois que, bem longe de rejeitar aqui a pasta da justiça a desejava, e se nao foi ministro é que houve quem nao quiz servir com elle. E, para ir contaminando a influencia do Saldanha, contentar os seus amigos e metter

mesmo quasi na<strong>da</strong> vé, se tem visto tao afflicto com o que lhe tem<br />

chegado, que, na sua boa fé, me disse e pediu muito que escrevesse,<br />

dizendo tudo com muita força e franqueza, porque elle faria outro<br />

tanto; e efectivamente na sua correspondencia, que teve a bon<strong>da</strong>de<br />

de me mostrar, lá vae aturdir o pobre Mumía, ain<strong>da</strong> mais do que no<br />

paquete passado, em que lhe remetteu a nota cuja copia enviei a<br />

v. ex. a<br />

. Eu, porém, nao cedi aos seus rogos nem o farei sem ter de<br />

v. ex. a<br />

recado, como partioipei na min ha antecedente.<br />

A proposito do Candido, nao posso fin<strong>da</strong>r este artigo sem informar<br />

a v. ex. 3<br />

que elle tem a sua correspondencia com o Renduffe, a quem<br />

escreveu urna longa carta, e que este, juntamente éom Magalhaes,<br />

Norton, Meirelles Guerra, Antao e outros, que se podem dizer refugiados<br />

de todos os partidos, formam aqui urna coterie, que tem por<br />

fim sustental-o e ver se eleva o Magalhaes, atacando o resto do<br />

ministerio e fazendo a guerra com to<strong>da</strong> a força ao Felgueiras, de<br />

quem efectivamente se diz muito mal, no que muito se distingue o<br />

Norton, que eu pilhei em flagrante e que diz que na<strong>da</strong> deve ao sr. Carvalho,<br />

porque o despachou procurador regio, quando Magalhaes o<br />

havía despachado juiz para a Relaçao.<br />

Estes senhores, depois <strong>da</strong> sabi<strong>da</strong> do Imperador, nao voltaram mais<br />

ao Carvalhido nem foram vistos no batalhao, onde estío com parte<br />

de doentes, emquanto passeiam com o coronel Serpa e o general<br />

Gama Lobo, nesta ci<strong>da</strong>de, todos os dias, com escán<strong>da</strong>lo geral; é <strong>da</strong><br />

sua coterie que tem sabido a idea, repeti<strong>da</strong> por alguns inglezes,<br />

de que o sr. Carvalho precisa ser conservado em quanto houver necessi<strong>da</strong>de<br />

de furtar; mas que, em se acabando esta necessi<strong>da</strong>de, termina<br />

a sua commissao no ministerio, d'onde deve logo sahir.<br />

Eu fiz correr, a respeito do Renduffe, que elle consumía melhor<br />

o tempo com o Candido, do que no serviço do batalhao, porque era<br />

meio de ser par e conselheiro d'estado, a que um aspirava e o<br />

outro o quería elevar; e tenho observado que esta tira<strong>da</strong> foi mortal<br />

para o Candido e para o Renduffe, ao qual chamam, por chalaça,<br />

par quando vae a cavallo, e que só assim!... Rp-<br />

Quanto ao Guerreiro, que os sal<strong>da</strong>nhistas mettem á cara, dizendo<br />

que elle boje acceita a pasta do reino, que alias inculoam ter aqui<br />

rejeitado, apesar de instado pelo ministerio, com quem nao se <strong>da</strong>va,<br />

eu tenho feito correr que é homem pouco seguro, termo medio entre<br />

Palmella e Sal<strong>da</strong>nha, ain<strong>da</strong> que mais do primeiro, e que está prompto<br />

a servir com todo o mundo, oom tanto que seja ministro; pois que, bem<br />

longe de rejeitar aqui a pasta <strong>da</strong> justiça a desejava, e se nao foi<br />

ministro é que houve quem nao quiz servir com elle. E, para ir contaminando<br />

a influencia do Sal<strong>da</strong>nha, contentar os seus amigos e metter

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!