josé da silva carvalho - DSpace CEU

Dia 18. — Fallei desengañadamente com Rodrigo da Fonseca
Magalháes, e com Fontes Pereira de Mello: disse-lhes a má reputacáo
em que estava o ministerio por nao ter definido a sua posiçao — que
o partido cartista o desamparava, e faria coro com aquelles que o
accusavam de frouxo e connivente com a Patulea; que nao poderiam
resistir á sediçao militar que estava imminente; e neste caso, para se
segurarem e obrarem como deviam, seria necessario tomar sem demora
estas tres medidas: 1. a
, metter D. Carlos na guarda municipal, o que
seria de grande contentamento para esta cidade, e os seguraría dos
militares; 2. a
, demittir já o governador civil, e restituir os adminis­
tradores; 3. a
, desfazer a lei eleitoral.
Setembro. — Dia lo. — Eleiçfies. Eça. Escrevi que nao toraava
parte activa ñas eleiçoes, nem nos trabalhos do centro cartista, mas
que o nao hostilisava; que a minha politica era o que sempre foi:
Rainha e Carta como o Imperador a deu, e sustentar as reformas que
fez o mesmo Imperador. Nao fico privado de promover a eleicáo de
alguns deputados dos meus principios.
Outubro. — Dia 16.—Conselho d'Estado para a nomeacáo do
Ferráo para par do reino. Disse que grandes serviços sao titulo para
o pariato, e a necessidade d'essa nomeacáo. Esta existia, segundo o que
disse o ministro do reino.
Dia 23. — Disse-me José Bernardo da Silva Cabral que antes da
entrada do Rodrigo no ministerio tivera com elle e com outros mais
de quinze reunioes, e que elle faltara a tudo o que tinha promettido.
Este Rodrigo commigo guardou segredo!!! Já em outra occasiáo tinha
dito á Rainha que eu estava chocho e nao prestava para nada!! Hor-
resco dicam!
Dia 26.—Meu genro J. A.Vianna disse-me que tivera na secre­
taria do reino, onde fóra chamado por R. da Fonseca Magalháes, urna
scena mui desagradavel, queixando-se aquelle de que eu dissera que
trabalharia quanto pudesse para vencer as eleiçoes no sentido da
commissao cartista, o que o ministerio nao durava tres mezes. Meu
genro negou isto, e fez bem, porque nunca eu disse tal. O marquez
de Fronteira escreveu-me em 16 de setembro, convidando-me para
membro do centro cartista; nao respondi logo a essa carta, esperando
que o ministro que se dizia amigo me dissesse alguma cousa; vim no
dia 21 a Caxias a casa do Porto Corvo onde encontrei o coronel Pal-
meirim que me perguntou se tinha tencáo de me unir ao centro,
respondi que por ora nao me decidía, sem ver o programma do governo;
ao que me respondeu que o duque de Saldanha e os ministros que-
riam fazer um núcleo e alguma cousa para se fazer urna conciliacáo e
boa eleicáo; respondi que me avisasse do que se passasse para eu me