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15.04.2013 Views

do-lhe que viesse, que era necessario, porque elle se queixava de que os seus amigos lhe nao escrevessem em táo solemne occasiáo; assim o fiz, e escrevi no dia seguinte a carta cuja copia ó assim: Lisboa, 9 de julho de 1846.—Ill. mo e ex. mo sr.—Ainda que nao tenha procurado noticias directas de v. ex. a , nem por isso tenho deixado de saber de v. ex. a , tomando parte em tudo o que lhe diz respeito, desojando sempre que v. ex. a amigo velho de v. ex. a nisterio da guerra, esperava eu a v. ex. a gose o que merece, como Agora, depois que o vi nomeado para o mi­ para lhe dar um aportado abraco e felicitar-me e ao meu paiz por ver á frente do exercito o único homem que ñas circumstancias actuaes é capaz de o organisar e augmentar, infundindo-lhe aquelles bríos que parece lhe téem que­ rido fazer perder. Infelizmente v. ex. a teria motivos para nao vir tomar parte nos negocios públicos, e isso tem sido, a meu ver, grave prejuizo para o Throno e para a Carta com quem elle está ligado, e por quem se fizeram tantos sacrificios e tantas gentilezas, ñas quaes v. ex. a V. ex. a foi um dos que teve a maior parte. saberá o que vae por nossa térra: eu nao deixo de conhecer a nossa situacáo, nem mesmo receio dos desvarios da gente liberal, porque emfim todos querem a liberdade, ainda que o modo que empreguem para a conseguir nao seja o melhor, mas vejo a dynastia ameaçada e com ella as instituiçoes, porque a faccáo mi- guelista, a quem se deu demasiada parte nos negocios, levanta a cabeça em varios pontos do paiz, proclamando o Principe proscripto e reclamando para si os fructos da revolucáo, contando com a força das massas, que téem tomado grande ousadia, porque demasiado téem sido consideradas, atrevendo-se a proclamar a aniquilacáo do exer­ cito, único elemento de ordem que temos, pequeño sim, mas subor­ dinado ; e d'isto mesmo se lhe tem feito um grave crime!!! Nestas circumstancias, ouso levantar o meu brado por v. ex. a , pedindo-lhe que nos venha acudir com seu poderoso auxilio. Os seus numerosos amigos, entre os quaes eu me contó como o mais devoto e sincero e antigo, esperam que v. ex. a nao faltará em táo solemne occasiáo a continuar mais um relevante serviço á Rainha e ao reino. Muito mais poderia eu dizer, mas nao é necessario para quem, como v. ex. a , tem um coracáo portuguez. Queira v. ex. a recommendar-me á ex. ma sr. a Marqueza e disponha de mim, que sou bem deveras, de v. ex. a , amigo, creado e collega obrigadissimo = J. da S. C. Margiochi tambem escreveu e mais alguns amigos. Dia 15.—Disseram-me que elle nao vinha e que estava dominado pelos de Setembro!

Dia 16.— Rodrigo recebeu um convite de Palmella para irmos ao paco mais cedo e elle dizer á Rainha que se tivesse firme com o visconde de Sá para elle entrar só no ministerio sem os seus. Eu reprovei a entrada d'elle, porque receava as consequencias; assim mesmo Rodrigo fallou, e pareceu-lhe que Suas Magestades se lhes nSo dava que entrassem mais alguns de Setembro, por exemplo—Julio e Fernandos Coelho. Veiu B. de Sá e parece que fallou a SS. MM. em por fora Dietz, e em demittir no exercito os officiaes cartistas!! Eu nSo me enganei: Lord Howard entregou á Rainha urna carta da Rai­ nha de Inglaterra. Dia 18. — Soube que se tinha feito urna espera a R. da F. Maga- lhaes entre Villa Nova e Carregado, para o matar, quando elle viesse de Coimbra; e elle escapou por ter vindo embarcar no Carregado. Dia 19. — Reconstrucçao ministerial: visconde de Sá para a guerra; Palmella, reino; Julio, fazenda; Mousinho, marinha; Lavradio, estrangeiros. Parece que convencionaram nao fazer obra senao pela decisao do Conselho. Dia 21. — Fui ao paco. Soube que dois dias antes tinha havido ralhos entre o duque e Suas Magestades; que aquelle se mostrara escandalisado porque elles se persuadiam que elle concorrera para a revoluçao e queria ser regente. Soube que o ministro inglez em Madrid intrigava para a sahida d'aqui de González Bravo. Dia 23.—Fui ao paco ás duas horas da noite por occasiao do nascimento do infante. Veiu neste dia ter commigo o visconde de Labo­ rim e disse-me que, tendo fallado ao duque de Palmella em ceder a presidencia do Tribunal para que ella me fosse entregue, elle lhe dissera que por ora nada fizesse e que se deixasse estar!! Disse-me que tinha escripto ao Aguiar, mesmo no tempo do Soure, para elle saber se este o demittiria e me restituiría; ao que o Aguiar lhe res- pondeu que nao fallava ao ministro em negocios de qualidade alguma. Mostrou-me a correspondencia. Disse que depois fallara ao conde de Lavradio no mesmo sentido, e que este lhe dissera que eu, tendo tido minhas differenças com o ministerio Cabral, afinal o apoiara, e que por isso se fosse elle conservando!! Disse mais que um amigo, que vae a casa d'elle diariamente, lhe dissera que o Aguiar desejava que elle pedisse a sua demissao, para se nao expor a que lh'a dessem; mas que elle lhe dissera, para o ir communicar a Aguiar, que tal nao faria e que esperava que elle o demittisse. Afinal mostrou-me um papel que levava para apresentar a el-rei, dizendo que constando- lhe que se tratava da sua demissao, elle desejaria que o ministro no decreto expuzesse os motivos, para que o paiz o soubesse; e pergun-

do-lhe que viesse, que era necessario, porque elle se queixava de que<br />

os seus amigos lhe nao escrevessem em táo solemne occasiáo; assim<br />

o fiz, e escrevi no dia seguinte a carta cuja copia ó assim:<br />

Lisboa, 9 de julho de 1846.—Ill. mo<br />

e ex. mo<br />

sr.—Ain<strong>da</strong> que<br />

nao tenha procurado noticias directas de v. ex. a<br />

, nem por isso tenho<br />

deixado de saber de v. ex. a<br />

, tomando parte em tudo o que lhe diz<br />

respeito, desojando sempre que v. ex. a<br />

amigo velho de v. ex. a<br />

nisterio <strong>da</strong> guerra, esperava eu a v. ex. a<br />

gose o que merece, como<br />

Agora, depois que o vi nomeado para o mi­<br />

para lhe <strong>da</strong>r um aportado<br />

abraco e felicitar-me e ao meu paiz por ver á frente do exercito o<br />

único homem que ñas circumstancias actuaes é capaz de o organisar<br />

e augmentar, infundindo-lhe aquelles bríos que parece lhe téem que­<br />

rido fazer perder. Infelizmente v. ex. a<br />

teria motivos para nao vir<br />

tomar parte nos negocios públicos, e isso tem sido, a meu ver, grave<br />

prejuizo para o Throno e para a Carta com quem elle está ligado, e<br />

por quem se fizeram tantos sacrificios e tantas gentilezas, ñas quaes<br />

v. ex. a<br />

V. ex. a<br />

foi um dos que teve a maior parte.<br />

saberá o que vae por nossa térra: eu nao deixo de<br />

conhecer a nossa situacáo, nem mesmo receio dos desvarios <strong>da</strong> gente<br />

liberal, porque emfim todos querem a liber<strong>da</strong>de, ain<strong>da</strong> que o modo<br />

que empreguem para a conseguir nao seja o melhor, mas vejo a<br />

dynastia ameaça<strong>da</strong> e com ella as instituiçoes, porque a faccáo mi-<br />

guelista, a quem se deu demasia<strong>da</strong> parte nos negocios, levanta a<br />

cabeça em varios pontos do paiz, proclamando o Principe proscripto<br />

e reclamando para si os fructos <strong>da</strong> revolucáo, contando com a força<br />

<strong>da</strong>s massas, que téem tomado grande ousadia, porque demasiado téem<br />

sido considera<strong>da</strong>s, atrevendo-se a proclamar a aniquilacáo do exer­<br />

cito, único elemento de ordem que temos, pequeño sim, mas subor­<br />

dinado ; e d'isto mesmo se lhe tem feito um grave crime!!!<br />

Nestas circumstancias, ouso levantar o meu brado por v. ex. a<br />

,<br />

pedindo-lhe que nos venha acudir com seu poderoso auxilio. Os seus<br />

numerosos amigos, entre os quaes eu me contó como o mais devoto<br />

e sincero e antigo, esperam que v. ex. a<br />

nao faltará em táo solemne<br />

occasiáo a continuar mais um relevante serviço á Rainha e ao reino.<br />

Muito mais poderia eu dizer, mas nao é necessario para quem, como<br />

v. ex. a<br />

, tem um coracáo portuguez.<br />

Queira v. ex. a<br />

recommen<strong>da</strong>r-me á ex. ma<br />

sr. a<br />

Marqueza e disponha<br />

de mim, que sou bem deveras, de v. ex. a<br />

, amigo, creado e collega<br />

obrigadissimo = J. <strong>da</strong> S. C.<br />

Margiochi tambem escreveu e mais alguns amigos.<br />

Dia 15.—Disseram-me que elle nao vinha e que estava dominado<br />

pelos de Setembro!

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