josé da silva carvalho - DSpace CEU

perfectamente conforme ás suas instrucçoes, que lhe recommendavam que tratasse
de congraçar os partidos, «ao que na verdade se oppunham algumas das medidas
da actual admiuistraçao».
Naquelle ofticio, n.° 35, dizia o ministro dos negocios estrangeiros que S. M.
nao ficara satisfeito com «as instancias feitas com lord Palmerston para a vinda das
tropas inglezas; é certo, porém, que, tendo sido a obtensáo d'aquelle auxilio na
conformidade dos tratados um dos pontos principaes das instrucçoes dadas a v. s.',
nao lhe foi até agora ordenado positivamente que cessasse com as suas diligencias.
Porém, já terá visto, pelo despacho n.° 33, que as tropas inglezas já nao sao
precisas, mas até a sua vinda faria suspeitar de tençoes diversas da parte dos
inglezes e oppostas aos interesses do Estado, pois já o publico principia a discorrer
d'este modo».
Com a impaciencia e a energía do governo portuguez, contrastava o carácter
timorato de Martínez de la Rosa, que continuava esperando noticias de Londres
e entretendo tempo com a elaboracáo de planos militares para a perseguicáo de
D. Carlos, tao sómente, e nao para fazer a guerra a D. Miguel. Negara-se a
assignar qualquer convençao e a reconhecer D. Maria, emquanto D. Miguel
permanecesse em Portugal. Finalmente, no dia 12 de abril, Sarmentó participa
de Madrid que o governo hespanhol se decidiu a mandar D. Evaristo Pérez de
Castro para Lisboa, na qualidade de ministro plenipotenciario; a 16, annuncia a
promulgaçao do Estatuto Real; tres dias depois, pede os plenos-poderes para
assignar a convencáo que fóra solicitar e que D. E. Pérez de Castro lhe deu a
entender que se faria. As boas noticias succediam-se agora com pequeños intervallos.
A 23 a convençao é negocio decidido, e neste mesmo dia se publica ofticialmentc
o reconhecimento da raiuha de Portugal. No dia seguinte, Burgos, o ministro
mais conservador do gabinete hespanhol, pede a sua demissao. De 23 datam as
communicaçoes do general Rodil com o duque da Terceira, que sahira para o
norte no primeiro de abril. A 30, em Madrid, o ministro da guerra espera anciosamente
noticias da entrevista de Terceira com Rodil e diz que as operaçoes
continuariam sem interrupcáo.
É que, desde o dia 12 de abril, deviam ter partido de Londres as mais
animadoras noticias. Neste dia pela manhá, lord Palmerston communicou ao
marquez de Miraflores que o gabinete inglez aunuira á intervençao em Portugal,
segundo os artigos de um tratado de tríplice alliança, a assentar entre a Inglaterra,
Hespanha e Portugal, e a svbmetter á annuencia da Franca. «Déjá méme
avant que le public en eüt ofticiellement connaissance (diz o historiador Hubbard '),
le ministére avait jugé k propos de commencer l'éxécution du traite. Rodil, resté
longtemps l'arme au bras, reçut done l'ordre d'entrer en campagne, des que les
plénipotentiaires furent convenus des bases du traite et avant méme qu'ils eussent
reçu leurs pleins-pouvoirs.»
O que se tinha passado em Londres?
O marquez de Miraflores chegara aquella capital no dia 5 de abril. No dia
9 teve a sua primeira conferencia com lord Palmerston, em que este lhe ponderou
as difticuldade8 enormes da intervcnçao ingleza em Portugal, nascidas de obstaculos
na maior parte parlamentares e que tornavam quasi impossivel ao gabinete
inglez intervir na questáo portugueza. Procurou Miraflores persuadil-o de que,
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Histoire contemporaine de VEspagne.