josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU josé da silva carvalho - DSpace CEU

dspace.ceu.es
from dspace.ceu.es More from this publisher
15.04.2013 Views

sobre a vela emquanto passa a tempestado, e por isso acceito o seu generoso favor, e porque conheço a honra e desinteresse com que é feito, assim como a sua boa vontade, e nao sei ainda até que tempo por oá estarei e o que terei que fazer: assim, depois de dar a v. s. a meus sinceros agradecimentos, escreverei d'aqui aos srs. Robertson e Burn para que deixem ficar em sua mao as quantias que v. s. a menciona, até que en disponha d'ellas. A sua carta chegou a Londres depois da minha sahida, e aqui me veiu ter. As suas expressoes ficam eternamente gravadas no meu coraç&o. Estive em Londres, onde pelo nosso ministro foi instado para ver lord Palmerston, porque este o desejava, mas de proposito evitei a visita, assim como de outros caracteres políticos. Fiz o que pnde com Rothschild e Goldsmid—que me obsequiar am muito—para se pagarem os dividendos, admittidas que fossem pelo governo as ideas que d'aqui suggeriu o Paiva e o barSo da Torre, em combinaçao corona go j e em tudo me comportei como bom portuguez, olhando só para as cousas e nao para os homens. Nao lhes fiz mal, podendo fazer-lh'o e muito grande; fiz todo o bem que pude. Tenho tençao de sahir d'aqui, porque a térra é cara e necessito de ir a Bruxellas e París. Talvez que no fim d'este mez vá para esta ultima cidade, e nos seus arrabaldes fixe a minha habitaçao. De tudo avisarei. Os negocios de Portugal, actualmente, téem a Europa contra si, qne os nao olha bem, antes muito mal, e creio qne espera pelos trabalhos das cortes até comporem todas as cousas em harmonía com o systema europeu, porque de outro modo se nao aquietarlo os gabinetes. Em todo o caso, estou certo qne se nao consentirá alguma tentativa de D. Miguel; elle pretenden safar-se de Roma, mas foi impedido na jornada e para lá voltou outra vez, e creio qne o trazem bem vigiado. D'aqui a poucas semanas, poderei dizer-lhe alguma cousa mais, na certeza de que o que escrevo nao passará de nos. Visitas aos que se lembrarem de mim. Adeus. De v. 8. a , etc.= J. da 8. C. 1 i Em julho de 1889, como Silva Carvalho tivesse votado contra os interesses de P.. t num negocio do Contrato do Tabaco, este pediu-lhe a restituiçao das 1:000 libras qne puzera á sua disposicáo em 1887, allegando que apenas lh'as tinha offerecido a titulo de emprestimo. Suva Carvalho restituiu-lhe o donativo, dirigindo-lhe por essa occasiao a seguinte carta:

Ill. mo DOC. CDXL Carla de F. P. Pereira de Yasconcellos a Silva Carvalho Offerecendo ao estadista exilado a somma de 50 libras Leiria, 13 de abril 1837. e ex. m0 sr. e meu prezadissimo amigo.—Já que as vicissi- tudes do tempo e a condiçao dos homens téem obrigado a v. ex. a a deixar mais outra vez a Patria, com tanto pezar dos seus amigos e prejuizos dos negocios do Estado, lembrado de que os seus re­ cursos pecuniarios serao talvez minguados, o que os seus amigos nEo devem olhar com indifferença, em cujo numero por sympathia e gratidao quero ser contado sempre, vou por isso pedir-lhe licença para lhe fazer em tal caso remessa de um par de libras, e pode v. ex. a já sacar d'ahi por 50 libras, querendo, ou com a sua res- posta eu arranjarei lettra em Lisboa para ahi lhe serem pagas. v. ex. a Eu já estive a ponto de lhe fazer esta remessa, esperando que desculpasse; porém tomo a deliberaeEo de escrever primeiro sobre este negocio, assim como para saber como v. ex. a ex. ma passa e sua Familia, a quem envió os meus respeitosos cumprimentos. Em pouco tempo espero ver a v. ex. a regressado ao seu paiz. Sempre o mesmo, sou, de v. ex. a , cordeal amigo e muito devedor.= Frederico Pinto Pereira de Vasconcettos. «Ill. mo sr.—Accuso a rcccpçao da sua carta de 31 de julho. Julgue-rae v. s.* como quizer, porque estou convencido que da minha parte o nao offendi. Pelo que toca á votacáo do negocio do Tabaco, rogo a v. s.» leia com attencáo a carta que se acha no Diario do governo de 19 de julho, e lá verá o justificado motivo de interesse publico que me obrigou a votar, como votei. Tenha v. s.* saude e fortunas, como lhe deseja quem é, de v. s. a , muito attento venerador. = J. da S. C.» Mais tarde um honrado filho de F... veiu a casa de Silva Carvalho restituirlhe o dinheiro, que seu pae tinha offerecido ao infeliz exilado, e protestou-lhe que lh'o entregava como em pagamento de uma divida sagrada. Na carta de 19 de julho léem-se estas nobres palavras: «E sabido que ha quasi vinte annos me vejo envolvido nos negocios politicos, occupando a maior parte d'este tempo altos logares do Estado. O meu programma em 24 de agosto de 1820, e o meu constante proposito, tem sido contribuir quanto possivel para o bem da nossa Patria. Desejei restaurar o Crédito Publico, e promover todas as industrias, facilitando-lhes o caminho do progresso.» •Sei que alguem se tem lembrado de arvorar-me em contratador do tabaco, e depois da minha votaçao quererá dar voga a esta impostura. Declaro que tal assercáo é torpemente falsa; é mais um invento da calumnia para me denegrir.»

sobre a vela emquanto passa a tempestado, e por isso acceito o seu<br />

generoso favor, e porque conheço a honra e desinteresse com que é<br />

feito, assim como a sua boa vontade, e nao sei ain<strong>da</strong> até que tempo<br />

por oá estarei e o que terei que fazer: assim, depois de <strong>da</strong>r a v. s. a<br />

meus sinceros agradecimentos, escreverei d'aqui aos srs. Robertson<br />

e Burn para que deixem ficar em sua mao as quantias que v. s. a<br />

menciona, até que en disponha d'ellas.<br />

A sua carta chegou a Londres depois <strong>da</strong> minha sahi<strong>da</strong>, e aqui me<br />

veiu ter. As suas expressoes ficam eternamente grava<strong>da</strong>s no meu<br />

coraç&o.<br />

Estive em Londres, onde pelo nosso ministro foi instado para ver<br />

lord Palmerston, porque este o desejava, mas de proposito evitei a<br />

visita, assim como de outros caracteres políticos. Fiz o que pnde<br />

com Rothschild e Goldsmid—que me obsequiar am muito—para se<br />

pagarem os dividendos, admitti<strong>da</strong>s que fossem pelo governo as ideas<br />

que d'aqui suggeriu o Paiva e o barSo <strong>da</strong> Torre, em combinaçao<br />

corona go j e em tudo me comportei como bom portuguez, olhando só<br />

para as cousas e nao para os homens. Nao lhes fiz mal, podendo<br />

fazer-lh'o e muito grande; fiz todo o bem que pude.<br />

Tenho tençao de sahir d'aqui, porque a térra é cara e necessito<br />

de ir a Bruxellas e París. Talvez que no fim d'este mez vá para<br />

esta ultima ci<strong>da</strong>de, e nos seus arrabaldes fixe a minha habitaçao. De<br />

tudo avisarei.<br />

Os negocios de Portugal, actualmente, téem a Europa contra si,<br />

qne os nao olha bem, antes muito mal, e creio qne espera pelos trabalhos<br />

<strong>da</strong>s cortes até comporem to<strong>da</strong>s as cousas em harmonía com<br />

o systema europeu, porque de outro modo se nao aquietarlo os gabinetes.<br />

Em todo o caso, estou certo qne se nao consentirá alguma tentativa<br />

de D. Miguel; elle pretenden safar-se de Roma, mas foi impedido<br />

na jorna<strong>da</strong> e para lá voltou outra vez, e creio qne o trazem bem<br />

vigiado.<br />

D'aqui a poucas semanas, poderei dizer-lhe alguma cousa mais, na<br />

certeza de que o que escrevo nao passará de nos.<br />

Visitas aos que se lembrarem de mim. Adeus. De v. 8. a<br />

, etc.=<br />

J. <strong>da</strong> 8. C. 1<br />

i Em julho de 1889, como Silva Carvalho tivesse votado contra os interesses<br />

de P.. t num negocio do Contrato do Tabaco, este pediu-lhe a restituiçao <strong>da</strong>s<br />

1:000 libras qne puzera á sua disposicáo em 1887, allegando que apenas lh'as<br />

tinha offerecido a titulo de emprestimo. Suva Carvalho restituiu-lhe o donativo,<br />

dirigindo-lhe por essa occasiao a seguinte carta:

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!