josé da silva carvalho - DSpace CEU
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contra quem ministerio e irracionaes fazem a mais cruenta guerra. Ellas téem-me dado algum cuidado, por sahirem de gente qne se ostenta amiga d'elle. A primeira consiste em se dizer que existem cartas d'elle para aqui (afifirmando-se até que se téem visto), ñas quaes elle se compromette a nao entrar mais em administracáo alguma; e d'aqui conclue-se entáo, como o Diario do governo, que nao pode haver mais quem nos governe senáo a actual administracáo. A segunda Consiste em se espalhar que elle quer organisar um ministerio com Castro e Felgueiras; e estes dois nomes, quaesquer que sejam os méritos dos individuos, soam o peor possivel. O novo drama ministerial fez a maior impressáo e muito cus ta a decifrar; a solucáo mais geral d'este problema é que foi este um estratagema da aristocracia para insultar a opposicáo liberal, qne ella nao quer, e para sustentar OS seus athletas. Muito desejo que esteja já livre do incommodo do seu braco, e qne disponha da sincera vontade de quem é, de v. ex.*, amiga intima e obrigadissima.=Bemardu Clara. DOC. CCCLXXVI Carla de A. Días de Oliveira a A. J. Freiré Porto, M de novembro de 1835. Informaçoes políticas Ill. ma e ex.* sr.*—Muito sentimento me tem dado o nao ter receñido nestes últimos correios carta de v. ex.*, nao só porque me lembra que continuará a estar doente do seu braco, senáo tambem porque muito folgava saber por sua via das ultimas occorrencias d'essa, que me persuado serem o acabamento da liberdade legal entre nos. A passada administracáo cahiu a contentamente de todos, e a idea do odio que ella tinha attrahido sobrepuja por ora a todas as outras. Isto deve acabar em poucos dias; mas verificar-se-ha isto antes das eleiçoes? A irracionalidade no poder, neste momento táo crítico, nao poderá tirar agora um partido immenso da sua posicáo, e abafar tudo? E o que eu recelo, e aqui mesmo, apezar da força com que contó ñas próximas eleiçoes. Nao se descuide, portanto, v. ex.* de p6r á minha disposicáo todos os seus meios, porque hoje mais que nunca é necessario que todos se convençam de que nao ha senáo gregos e tróvanos, e de que quem quer liberdade legal deve vir para aqui.
Eu vejo bem que a nova adininistraccáo nao pode durar. Como afastar de si o peccado original da sua elevacáo? Onde estao nella os nomes que possam inspirar alguma confiança? Qual será o meio de sustentar urna colleccáo de nullidades em todo o sentido? Mas qual será a transicáo? Eis o que na verdade me aterra. Se ella puder conservar-se até á próxima reuniao das cortes, se nestas apparecerem homens como conveem, a nacáo poderá ainda salvar-se; mas se ella cahir antes ainda, ou se, aproveitando o momento de odio contra os seus antecessores, puder dirigir as eleiçoes no seu sentido, como terminará tudo isto? Eis aqui sobre o que muito desejava eu a opiniáo de v. ex. a , que nao só tem vista muito mais fina, mas que está perto das cousas e conhecedora d'ellas e das pessoas, para julgar com acertó. Aqui combater-se-ha sempre no mesmo sentido e sem desmaiar: é a nossa obrigacáo. Com isso pode v. ex. a afoitamente contar, assim como com a sincera devocáo da sua amiga intima e obrigadissima. = Bernarda Clara. Ill. raa DOC. CCCLXXVII Carla de A. Dias de Oliveira a A. J. Freiré Porto, 4 de dezembro de 1835. e ex. ma Informaooes políticas sr. a —Nao tenho recebido carta de v. ex. a , o que muito me impacienta, por me lembrar que cortamente nao gosa de saude, como eu desejava. Já saberá do resultado da eleicáo d'aqui, onde o partido do Porto venceu apenas dois deputados! Alguma van tagem mais se podia ter tirado; fiz para isso todos os esforços, mas inútilmente. Á vista, melhor explicarei. Bem tinha eu previsto as dif- ficuldades o que a irracionalidade no poder nos era aqui fatal; des- graçadamente, nem todos quizeram ter juizo e eis o motivo d'esta má eleicáo. Cada vez desespero mais do triste estado das nossas cousas, porque tambem cada vez acho mais falta de juizo. Ando táo transtornada que a custo escrevo hoje esta, concluindo por lhe pedir o obsequio de mandar entregar a memoria junta, a Manuel Duarte Lei táo, com a possivel brevidade. De v. ex. a , amiga intima e obrigadissima. =Bernarda Clara.
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contra quem ministerio e irracionaes fazem a mais cruenta guerra.<br />
Ellas téem-me <strong>da</strong>do algum cui<strong>da</strong>do, por sahirem de gente qne se<br />
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elle se compromette a nao entrar mais em administracáo alguma;<br />
e d'aqui conclue-se entáo, como o Diario do governo, que nao pode<br />
haver mais quem nos governe senáo a actual administracáo. A segun<strong>da</strong><br />
Consiste em se espalhar que elle quer organisar um ministerio com<br />
Castro e Felgueiras; e estes dois nomes, quaesquer que sejam os<br />
méritos dos individuos, soam o peor possivel. O novo drama ministerial<br />
fez a maior impressáo e muito cus ta a decifrar; a solucáo mais<br />
geral d'este problema é que foi este um estratagema <strong>da</strong> aristocracia<br />
para insultar a opposicáo liberal, qne ella nao quer, e para sustentar<br />
OS seus athletas.<br />
Muito desejo que esteja já livre do incommodo do seu braco, e<br />
qne disponha <strong>da</strong> sincera vontade de quem é, de v. ex.*, amiga intima<br />
e obrigadissima.=Bemardu Clara.<br />
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Carla de A. Días de Oliveira a A. J. Freiré<br />
Porto, M de novembro de 1835.<br />
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e ex.* sr.*—Muito sentimento me tem <strong>da</strong>do o nao ter receñido<br />
nestes últimos correios carta de v. ex.*, nao só porque me lembra<br />
que continuará a estar doente do seu braco, senáo tambem porque<br />
muito folgava saber por sua via <strong>da</strong>s ultimas occorrencias d'essa, que<br />
me persuado serem o acabamento <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de legal entre nos. A<br />
passa<strong>da</strong> administracáo cahiu a contentamente de todos, e a idea do<br />
odio que ella tinha attrahido sobrepuja por ora a to<strong>da</strong>s as outras. Isto<br />
deve acabar em poucos dias; mas verificar-se-ha isto antes <strong>da</strong>s eleiçoes?<br />
A irracionali<strong>da</strong>de no poder, neste momento táo crítico, nao poderá<br />
tirar agora um partido immenso <strong>da</strong> sua posicáo, e abafar tudo? E o<br />
que eu recelo, e aqui mesmo, apezar <strong>da</strong> força com que contó ñas<br />
próximas eleiçoes.<br />
Nao se descuide, portanto, v. ex.* de p6r á minha disposicáo<br />
todos os seus meios, porque hoje mais que nunca é necessario que<br />
todos se convençam de que nao ha senáo gregos e tróvanos, e de que<br />
quem quer liber<strong>da</strong>de legal deve vir para aqui.