josé da silva carvalho - DSpace CEU

que adquiría no soberano congresso, e no partido constitucional; a
confiança que soube inspirar a el-rei D. Jbao VI, e o valímento que
teve junto d'este monarcha; e finalmente a influencia d'estes aconte*
chnentos na sorte do paiz, constituem os pontos príncipaes d'este
capitulo.
Na terceira epocha—1823 a 1826—descrever-se-ha a reaccao absolutista,
a queda do systema representativo, e o 1
procedimlfíto do ministro
da justiça durante essa crise, e depois na térra do exilio. Nesse
procedimento ha digno de se por em relevo a elevaçao e firmeza de
carácter do ministro, que nao poude impedir o desmoronamento do
edificio constitucional; a resignaçSo e sobranceria com que passou de
urna posiçSo elevada para a obscuridade e angustias do exilio; e a
honrosissima pobreza que levou para o estrangeiro, depois de ter
presidido pelo espaço de dois annos e meio, e em tempos de revoluçoes
e de reformas, a um ministerio tito importante como era entao o dos
negocios ecclesiastioos e da justiça.
Na quarta epocha—1826 a 1828—traçar-se-ha o segundo periodo
da líberdade novamente plantada no solo portuguez pelo generoso
impulso do magnánimo reí D. Pedro IV. As opposiçoes e conspiraçoes
levantadas dentro e fora do paiz contra a carta constitucional, a
fraqueza e perplexidade do governo no meio da aggressao de seus
inimigos, e o ciume que inspiravam ao poder os libertadores de 1820,
fazem sobresahir neste periodo a abnegacáo com que o illustre exilado,
regressando á patria, se conserva afastado da corte e estranho a todos
os acontecimentos, a fim de nao prejudicar, pelos effeitos d'aquelle
mesquinho ciume, essa líberdade que amava com tao desinteressado
affecto. Essa nullídade a que se votou, e em que perseverou mesmo
depois de ver o descontentamente do partido liberal, onde contava
tantos amigos, e onde o seu nome gosava por'justo titulo de muita
consideradlo e preponderancia, deverá ser apreciada, ainda pelos
escríptores mais imparciaes, como um dos mais honrosos documentos
que um homem d'estado pode dar da elevaçao do seu carácter, da
pureza de suas intençoes, da respeitábUidade de seus principios e
emfim do seu amor de patria.
Na quinta epocha—1828 a 1832—consumma-se a usurpaçao do
throno da Senhora D. Maria II, e tem logar o segundo exilio do sr.
Silva Carvalho. E este um dos quadros mais honrosos da sua vida, e
onde mais sobresahem as qualidades nobres da sua alma.
Esperava todo o mundo, julgando pela epocha antecedente, que o
illustre proscripto, salvo como por milagre das garras do usurpador
e de seus satellites, que chegaram a por a preço a sua cabeça, buscasse
um retiro completamente afastado dos negocios públicos, dos