15.04.2013 Views

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

josé da silva carvalho - DSpace CEU

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

DOC. CCC<br />

Representado de Silva Carvalho a S. M. Imperial<br />

Sobre a amnistia a conceder ao partido de D. Miguel, a qual «cumpre<br />

que seja um acto de clemencia e de generosi<strong>da</strong>de pura, um per<strong>da</strong>o<br />

<strong>da</strong>do aos venoidos, um balsamo para curar as feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> guerra civil,<br />

applicado no momento em que a esses venoidos nao reste duvi<strong>da</strong> de<br />

que a conoessao é effeito de sentimentos paternaes».<br />

Lisboa, 82 de marco do 1884.<br />

Senhor.—Sabendo, pelo meu honrado collega o ministro <strong>da</strong> guerra,<br />

que no conselho d'estado de hoje se tratará <strong>da</strong> publicaçSo de um<br />

decreto de amnistia aos rebeldes, e considerando eu esta materia de<br />

grandissima importancia, obriga-me a consciencia, e o zelo que tenho<br />

pela gloria de V. M. I., a escrever a minha opiniSo sobre o assumpto;<br />

e tenho a honra de offerecel-a d'este modo mui respetosamente a<br />

V. M. I., vista a impossibili<strong>da</strong>de em que me acho de o fazer pessoal-<br />

mente.<br />

Parece-me que a conten<strong>da</strong> entre a legitimi<strong>da</strong>de e a usurpaç&o<br />

deve acabar com urna amnistia, mas esta amnistia cumpre que seja<br />

um acto de clemencia e de generosi<strong>da</strong>de pura, despi<strong>da</strong> de to<strong>da</strong> a<br />

suspeita de inducçSo para chamar ás bandeiras <strong>da</strong> Rainha os portu-<br />

guezes que formam o partido do Senhor D. Miguel,—um per<strong>da</strong>o<br />

<strong>da</strong>do aos vencidos, um balsamo para curar as feri<strong>da</strong>s <strong>da</strong> guerra civil,<br />

applicado no momento em que a esses vencidos nao reste duvi<strong>da</strong> de<br />

que a concessSo é effeito de sentimentos paternaes, de compaixao<br />

pelos criminosos que ella vae rehabilitar para voltarem ao seio <strong>da</strong><br />

familia portugueza.<br />

Este acto de generosi<strong>da</strong>de é o ultimo sello queV. M. I. tem de<br />

por á obra <strong>da</strong> restauraç&o <strong>da</strong> Patria e <strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de nacional, — obra<br />

to<strong>da</strong> deV. M., e que, acabando assim, acabará com um monumento<br />

eterno á gloria de V. M., cuja reputaçao de clemencia fará esquecer<br />

a de Henrique IV.<br />

Mas a amnistia, <strong>da</strong><strong>da</strong> antes d'esse momento, parece-me que nao<br />

produzirá o effeito desejado, ou quasi nenhum effeito, e tolherá a<br />

V. M. o uso d'este generoso recurso na occasiáo em que os seus<br />

grandes resultados seriam infalliveis.<br />

Escusado é repetir agora que os perdoes offerecidos porV. M. I.<br />

e em seu Augusto Nome teem recebido absoluto desprezo <strong>da</strong> parte<br />

•d'aquelles a quem se <strong>da</strong>vam; e isto nao porque elles suppuzessem

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!