josé da silva carvalho - DSpace CEU

por contrato, tudo o mais fica dependente da approvacáo definitiva das cortes.
Em 8 de abril de 1835. = Agostinho José Freiré.»
O ministro da fazenda pediu a urgencia para os seus projectos sobre o novo
lançamento da decima e a adopcáo do systema decimal, e conseguiu que fossem
transformados em leis.
Poucos dias depois, a 20 de abril, encerraram-se as cortes.
Julgaes talvez que vae agora o governo poder entregar-se seguramente, e
com o seu costumado zelo, á execucáo do vasto plano que o voto de confiança das
cortes auctorisara ? Nao. O ministerio vae cahir perante um capricho da camareira-mór
da Rainha! 1
Os grandiosos planos do governo sobre a administracáo
publica e a educaçao nacional vae desmoronal-os a mao de urna senhora! Quanto
mal inconscientemente feito ! Que diffcrença d'aquelles tempos em que o grande
dictador, para esmagar a intriga palaciana, affrontou o escándalo de expulsar do
paço D. Leonor da Cámara!
Referindo-se ás crises ministeriaes de abril, maio e julho de 1835, diz-nos
Sousa Monteiro 2
:
«As cortes encerraram-se no dia 20 de abril, assistindo a esse acto S. M. a
Rainha; e logo poucos dias depois o duque de Palmella, e Barreto Ferraz sahiram
do ministerio, sendo a presidencia do conselho, com a pasta da marinha, confiada
ao conde de Linhares, par do reino, e a pasta da justiça a M. Duarte Leitáo.
«O que nao tinha podido conseguir a opposicáo parlamentar, conseguiu-o
urna intriga palaciana: desavenças entre o ministro do reino Agostinho José
Freiré e a camareira-mór marqueza (hoje duqueza) de Ficalho fizeram acabar a
duracáo d'este gabinete, quando ainda nao contava um mez de existencia.
«No dia 27 de maio appareceu nomeado um novo ministerio, cujo presidente
era o marquez de Saldanha com a pasta da guerra; os demais membros eram o
duque de Palmella com a pasta dos negocios estrangeiros; marquez de Loulé com
a da marinha; Joáo de Sousa Pinto de Magalháes com a do reino; Manuel Antonio
de Carvalho com a da justiça, e Francisco Antonio de Campos com a da fazenda,
A opposicáo cantou victoria, ao ver gente sua na administracáo do paiz.
«Este ministerio foi de mui curta duracáo, pois acabou o prestigio com que
tinha subido ao poder o homem, que se podia dizer a alma d'este gabinete,
Francisco Antonio de Campos. Em meados de julho houve urna modificacáo no
ministerio, de que fizeram parte Silva Carvalho com a pasta da fazenda •, Rodrigo
da Fonseca Magalháes com a do reino; e por decreto de 25 de julho Jervis
d'Athouguia com a da marinha; Pinto de Magalháes foi transferido para a secretaria
da justiça, ficando Saldanha e Palmella com as pastas que oceupavam.
«A resistencia que oppoz por muito tempo Rodrigo da Fonseca Magalháes a
subir ao ministerio deu esperanças de que Agostinho José Freiré fosse nomeado
para a pasta que aquelle recusava acceitar; mas nao succedeu assim, e pensa-se
geralmente que a repugnancia da Rainha fóra um obstáculo invencivel.»
Os papéis de Silva Carvalho, do conde da Carreira e de Mendizabal confirmam
e desenvolvem as asserçoes de Sousa Monteiro:
Estou prompto para tudo, o que quero é que me nao desprezem: mandara o
duque de Palmella dizer ao conde de Saldanha, em 1833, quando lhe propoz a
1
2
Correspondencia de Mendizabal, carta de 12 de dezembro de 1835.
Historia de Portugal, tomo v, pag. 128.