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josé da silva carvalho - DSpace CEU

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cultivar sómente os terrenos mais ferteis, em grave prejuizo seu, e mui positivamente<br />

em prejuizo geral <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />

•£ pois claro que com a creacáo dos bancos de agricultura ninguem duvi<strong>da</strong>rá<br />

de applicar até ao ultimo real para se fazer proprietario, mais ou menos<br />

grande, segundo as suas forças, pela segurança que se lhe offerece de encontrar<br />

os meios necessarios para a cultura do seu novo estabelecimento, com um peso<br />

proporcionado ao producto que do mesmo lhe deve resultar, isto é, com a certeza<br />

de tirar um lucro correspondente ao seu emprego e industria.<br />

«Mas ain<strong>da</strong> aqui nao está tudo. Esta vantagem, posto que mui grande, ain<strong>da</strong><br />

nao removeu urna difficul<strong>da</strong>de, que é chronica em o noaao Portugal. De na<strong>da</strong><br />

servirá o augmento dos fructos, em quanto as nossas communicaçoes internas nao<br />

permittirem o seu transporte para os logares do consumo.<br />

•Para isto carecem-se grandes obras. Obras, que nem podem ser acaba<strong>da</strong>s<br />

por particulares individualmente, nem ain<strong>da</strong> pelo governo, por isso que para as<br />

executar lhe seria necessario lançar máo de meios que seriam sempre reputados<br />

violentos, emquanto o povo nao apalpa o resultado d'essas obras.<br />

«E pois necessario que o governo admitta propostas de particulares, ou<br />

companhias, que queiram empregar seus capitaes na execuçao d'estas grandes<br />

empresas. Em paizes bem constituidos e bem acreditados, por longos annos de<br />

urna boa administracáo, nao é necessario outro incentivo a estes emprehendedores,<br />

além <strong>da</strong> segurança e do respeito consagrado á proprie<strong>da</strong>de particular. Em<br />

um paiz porém como o nosso, que tem sido despe<strong>da</strong>çado por guerras civis, que<br />

trazein a sua origem, se cavarmos mais fundo, nos erros e ñas prevaricaçoes<br />

desenfrea<strong>da</strong>s do governo; em um paiz aonde, como disse um nosso digno escriptor<br />

constitucional, por occasiáo de <strong>da</strong>r á luz trabalhos sobre finanças, o crime de<br />

conspirador parece ter degenerado em regular profissáo, para se obterem, sem<br />

merccimento ou serviços, grandes riquezas, títulos e condecoraçoes; aonde os<br />

individuos, segundo o mesmo escriptor, em quem a regia munificencia tem accumulado<br />

tudo o que pode satisfazer a humana ambicio téem sido os permanentes<br />

campeoes de to<strong>da</strong>s as rebellioes intenta<strong>da</strong>s com pretextos os mais contradictorios,<br />

abusando <strong>da</strong> creduli<strong>da</strong>de e ignorancia dos povos, e <strong>da</strong> influencia de seus cargos;<br />

em um paiz, digo, que tem passado por estas vicissitudes, nao bastam as provas<br />

de dois annos de um inalteravel respeito pela fé dos contratos—nao bastam<br />

algumas ideas mais lisongeiras, que se possam ter ueste curto periodo adquirido,<br />

de que em Portugal se tem adcantado alguma cousa na sciencia do governo; —<br />

é necessario <strong>da</strong>r outras garantías, sao indispensaveis outros incentivos para que<br />

se estabeleça a concorrencia, sem o que é sempre impossivel obter condiçoes<br />

razoaveis; e, portante, o governo nao sómente deve ser auctorisado, como já o está,<br />

a <strong>da</strong>r to<strong>da</strong> a protecçSo e to<strong>da</strong> a sorte de garantías legaes á proprie<strong>da</strong>de particular<br />

que se inverter nestas empresas, como de mais a mais deve ser auctorisado<br />

a interessar-se por um valor correspondente a des por cento de to<strong>da</strong>s aquellas<br />

que para os fins expressados se organisarem, limitando-se únicamente á approvacáo<br />

do plano, e renunciando a te<strong>da</strong> a intervencáo qualquer na sua administracáo,<br />

que deverá correr livrcmente por aquelles directores que a maioria dos accionistas<br />

escolher.<br />

«Ninguem duvi<strong>da</strong>rá que ao mesmo passo que com este plano se promove o gosto<br />

<strong>da</strong> especulacáo, de que tanto carece o nosso paiz, se chamam maiores capitaes ao<br />

emprego dos bens nacionaes, e eis-ahi a ren<strong>da</strong> publica medrando a par <strong>da</strong>s fortunas<br />

dos particulares. Poderá acontecer em algum caso que o governo, que actualmente<br />

está pagando cinco por cento de juros, retire apenas dois de alguma

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