Descarregar anexo - Universidade dos Açores
Descarregar anexo - Universidade dos Açores
Descarregar anexo - Universidade dos Açores
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO<br />
JANEIRO ‘11 / EDIÇÃO 5<br />
Descurar a importância da Enfermagem nos<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde é negar uma evidência enorme<br />
e cometer um erro crasso”, garante<br />
MARIA AUGUSTA DE SOUSA, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS ENFERMEIROS<br />
ARCTEL - CPLP<br />
POR FILIPE BATISTA<br />
REABILITAÇÃO URBANA<br />
IMPERATIVO NO NOSSO PAÍS<br />
1 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
2 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
SSUMÁRIO<br />
JANEIRO 2011<br />
EDIÇÃO Nº 5<br />
4<br />
Saúde Oral<br />
Direcção Geral de Saúde<br />
em destaque<br />
9<br />
Entrevista a<br />
JOÃO GOULÃO, IDT<br />
Instituto da Droga e da<br />
Toxicodependência, I.P.<br />
16<br />
ORDEM DOS<br />
ENFERMEIROS<br />
Enfermeiros que Futuro?<br />
23<br />
Resort Monte Santo<br />
A melhor e única<br />
escolha para o Dia <strong>dos</strong><br />
Namora<strong>dos</strong><br />
24<br />
Residências Montepio<br />
Qualidade no âmbito do<br />
sector da Terceira Idade<br />
28<br />
ARQUILED<br />
A Marca da<br />
Iluminação LED<br />
30<br />
UNIVERSIDADE DOS<br />
AÇORES<br />
Avelino de Freitas de<br />
Meneses, Reitor,<br />
lembra a importância da<br />
ligação <strong>Universidade</strong>/Empresas<br />
33<br />
Internacionalização<br />
Casos de sucesso de<br />
entidades nacionais<br />
37<br />
TÚLIO ARAÚJO,<br />
Sócio da Túlio M Araújo,<br />
Filipa Comibra & Associa<strong>dos</strong><br />
CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />
38<br />
ARCTEL- CPLP<br />
Uma plataforma para a<br />
Globalização<br />
40<br />
Teresa Amador,<br />
Coordenadora do Legis-PALOP<br />
Base de Da<strong>dos</strong> Jurídica<br />
Legis-PALOP já disponível<br />
42<br />
OPINIÃO<br />
António Flores de<br />
Andrade, Presidente do<br />
Conselho Directivo do<br />
InCI<br />
RESPONSABILIDADE<br />
URBANA<br />
em destaque<br />
49<br />
43ª Edição da Nauticampo<br />
NOVO CONCEITO A<br />
MESMA QUALIDADE<br />
FICHA TÉCNICA<br />
Propriedade, Edição, Administração e Autor - Horizonte<br />
de Palavras - Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro<br />
870, 6º B | 4400-281 Vila Nova Gaia | Telefone/ Fax<br />
+351 220 993 250 / Outros contactos: +351 220 926<br />
877/78/79/80<br />
E-mail: geral@pontosdevista.com.pt |www.pontosdevista.com.pt<br />
| www.horizonte-de-palavras.pt<br />
Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA<br />
|Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal - Distri-<br />
buição Nacional gratuita com o Jornal Público<br />
Os artigos nesta publicação são da responsabilidade<br />
<strong>dos</strong> seus autores e não expressam necessariamente a<br />
opinião do editor. Reserva<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os direitos, proibida<br />
a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia<br />
ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização<br />
do editor. A paginação é efectuada de acordo com<br />
os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto<br />
nos anúncios com a localização obrigatória paga. O<br />
editor não se responsabiliza pelas inserções com<br />
erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos<br />
anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteú<strong>dos</strong>,<br />
não são da responsabilidade do editor.<br />
3 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
SAÚDE ORAL<br />
Revista Pontos de Vista - A<br />
introdução da iniciativa<br />
«Cheque-dentista» deu-<br />
-se em 2008, com cerca de<br />
um milhão de «Cheques-dentista» já<br />
emiti<strong>dos</strong>. Neste sentido e dois anos<br />
passa<strong>dos</strong>, qual o balanço que se<br />
pode realizar desta iniciativa?<br />
Catarina Sena – O balanço é extremamente<br />
positivo, principalmente<br />
ao nível de cobertura e de abrangência,<br />
que consideramos bastante<br />
satisfatórias, excepto na cobertura<br />
do grupo <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os beneficiários<br />
do complemento solidário. Ainda<br />
não estamos a conseguir fazer chegar<br />
a mensagem a este grupo par-<br />
4 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
Direcção Geral da Saúde em destaque<br />
“A SAÚDE ORAL NÃO PASSA<br />
SÓ PELO CHEQUE-DENTISTA”<br />
A Revista Pontos de Vista conversou com a equipa da DGS – Direcção Geral de Saúde, onde foram reveladas as principais mais-valias do Programa<br />
Nacional de Promoção da Saúde Oral e das diversas iniciativas, mais concretamente do «Cheque Dentista». Rui Calado, Coordenador<br />
do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral, Catarina Sena, Subdirectora-Geral da Saúde, Margarida Jordão e Ana Margarida do Céu,<br />
respectivamente, Técnica Superior e Médica Dentista, ambas responsáveis pelo Sistema de Informação de Saúde Oral e Cristina Cádima, Mário<br />
Rui Araújo, ambos Higienistas Orais e Luciana Rio Branco, Médica Dentista, responsáveis pelos projectos de Saúde Oral de Prevenção Primária<br />
revelaram a importância que este dinamismo tem tido na melhoria da Saúde Oral <strong>dos</strong> portugueses.<br />
ticularmente vulnerável. Estamos<br />
a tentar delinear novas estratégias<br />
para tornar o cheque mais acessível<br />
a estas pessoas. Realidade inversa<br />
verificamos nas grávidas e nas<br />
crianças, em que a cobertura, relativamente<br />
a crianças com 7, 10 e 13<br />
anos, é praticamente universal.<br />
RPV – Acredita que o sucesso do<br />
«Cheque-dentista» passa pelo aproveitamento<br />
que foi realizado ao nível<br />
da rede existente, ao invés de se ter<br />
apostado na criação de raiz de uma<br />
rede? A aposta numa parceria entre<br />
o sector privado e o sector público foi<br />
fundamental?<br />
CS – A lógica desta iniciativa teve<br />
por base a adesão do médico dentista/médico<br />
estomatologista e<br />
não a adesão da clínica prestadora<br />
de cuida<strong>dos</strong>. Os médicos aderentes,<br />
como sabemos, prestam normalmente<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde oral<br />
em diversos locais. Desta forma<br />
potenciamos a nossa capacidade<br />
– a nossa rede de aderentes conta<br />
actualmente com 3668 profissionais<br />
de medicina dentária e 5778<br />
locais dispersos por todo o país, o<br />
que significa uma cobertura de to<strong>dos</strong><br />
os concelhos, com consequente<br />
liberdade de escolha por parte <strong>dos</strong><br />
utentes. O utente pode optar pelo<br />
EQUIPA DA DGS<br />
local onde pretende ser tratado e<br />
pelo profissional prestador de cuida<strong>dos</strong><br />
entre os existentes na lista<br />
de médicos aderentes que pode ser<br />
consultada no site www.saudeoral.<br />
min-saude.pt.<br />
RPV - No passado, a Saúde Oral foi<br />
quase considerada como o «parente<br />
pobre» da Saúde Pública em Portugal,<br />
inúmeras vezes contemplada<br />
de uma forma diminuída no Serviço<br />
Nacional de Saúde, uma vez que existem<br />
muitos hospitais onde não existe<br />
qualquer serviço de Estomatologia e,<br />
em outros, ele existe, mas não é suficiente<br />
para as necessidades, assim
como acontecia nos centros de saúde.<br />
Esta intervenção mais directa,<br />
<strong>dos</strong> «Cheques-dentista» vem permitir<br />
aos portugueses, nomeadamente<br />
aos mais desfavoreci<strong>dos</strong>, efectuar as<br />
intervenções mais urgentes?<br />
Rui Calado – Gostava de reforçar<br />
que existe aqui uma vertente mais<br />
orientada para a promoção e prevenção,<br />
que é bastante antiga na<br />
DGS e que tem vindo a ser trabalhada<br />
sistemática e regularmente.<br />
Nos últimos anos assistimos a um<br />
certo abrandamento, pois direccionamos<br />
a nossa atenção para outras<br />
áreas, também elas fundamentais.<br />
No entanto, neste momento, existe<br />
na DGS uma equipa suficientemente<br />
alargada e competente para novamente<br />
realizarmos um processo<br />
de desenvolvimento acentuado<br />
nestas matérias, pois entendemos<br />
que muitos <strong>dos</strong> problemas de saúde<br />
oral podem ser evita<strong>dos</strong> – por isso<br />
esta aposta seguindo uma lógica de<br />
intervir para que esses problemas<br />
não aconteçam, oferecendo às pessoas<br />
mecanismos que permitam a<br />
prevenção, como suplementos de<br />
flúor, formas de escovagem correcta,<br />
higiene oral, entre outros. O<br />
nosso objectivo é que as pessoas<br />
tenham bocas saudáveis e para que<br />
isso seja uma realidade é necessário<br />
anteciparmos os procedimentos<br />
de intervenção e de prevenção para<br />
obter melhores resulta<strong>dos</strong>. Por isso<br />
não comungo dessa ideia de que a<br />
Saúde Oral é o “parente pobre” da<br />
Saúde em Portugal. Estou nesta<br />
área desde 1986 e os projectos foram<br />
acontecendo mediante a nossa<br />
capacidade de os executar e não em<br />
função das ineficiência e lacunas do<br />
sistema, ou seja, se tivermos boas<br />
iniciativas e projectos que sejam<br />
uma mais-valia, haverá quem os<br />
aprecie e apoie.<br />
RPV – Mas o facto deste projecto ter<br />
começado a dar os primeiros passos<br />
ao nível de cuida<strong>dos</strong> de saúde primários<br />
em 2000 não representa uma<br />
ineficiência do sistema? Não estamos<br />
atrasa<strong>dos</strong>?<br />
RC - É necessário abordarmos estas<br />
temáticas de uma forma mais<br />
profunda. Em 1995, existia um<br />
número reduzido de profissionais<br />
de medicina dentária em Portugal.<br />
Foi necessário formá-los. Para<br />
que um projecto tenha sucesso, é<br />
necessário possuir recursos humanos<br />
qualifica<strong>dos</strong> e capacita<strong>dos</strong>.<br />
Isso só foi uma realidade a partir<br />
de 2000. Hoje são mais de seis mil<br />
médicos dentistas no país. Houve<br />
um esforço enorme no domínio da<br />
formação para termos actualmente<br />
profissionais de medicina dentária<br />
disponíveis – porque sem eles não<br />
há políticas de saúde que tenham<br />
êxito. Hoje podemos afirmar que<br />
temos profissionais de saúde em<br />
número suficiente para realizar um<br />
projecto que não abranja apenas a<br />
prevenção.<br />
Em dois anos emitimos, nos Centros<br />
de Saúde, mais de um milhão<br />
de «Cheques-dentista», o que significa<br />
que convidamos, selectiva e<br />
objectivamente, cerca de 700 mil<br />
portugueses a «visitar» o dentista<br />
gratuitamente, integra<strong>dos</strong> no Serviço<br />
Nacional de Saúde. Realizamos<br />
dois milhões e meio de tratamentos.<br />
Conseguimos colocar à disposição<br />
da população portuguesa quase<br />
3700 profissionais de medicina<br />
dentária sem despender de qualquer<br />
recurso financeiro em infraestruturas,<br />
apostando na maximização<br />
e rentabilidade das estruturas<br />
existentes e que o país possuía, sendo<br />
uma prova cabal que demonstra<br />
que o sector público e privado não<br />
estão de costas voltadas.<br />
Não poderíamos apostar em criar<br />
uma rede de raiz quando temos<br />
consultórios equipa<strong>dos</strong> com tecnologia<br />
de vanguarda e que estavam<br />
subaproveita<strong>dos</strong>. Convidamos os<br />
médicos dentistas a rentabilizar os<br />
seus espaços e os seus materiais.<br />
Não foi necessário adquirir uma<br />
única cadeira para realizar cerca de<br />
dois milhões e meio de tratamentos<br />
aos utentes do SNS. Este é o grande<br />
segredo de toda esta estratégia.<br />
É uma estratégia acessível para o<br />
país em termos económicos e que<br />
rentabiliza os recursos existentes,<br />
sendo perfeitamente sustentável<br />
pelo SNS e tendo a mais-valia de<br />
oferecer uma resposta imediata às<br />
necessidades das pessoas. Se optássemos<br />
por uma estrutura pesada e<br />
demasiado burocrática, com instalação<br />
de consultórios de medicina<br />
dentária nos Centros de Saúde, não<br />
teríamos tanto sucesso e seríamos<br />
acusa<strong>dos</strong> de desperdício de recursos.<br />
RVP – A importância desta iniciativa<br />
é sem dúvida de louvar e os resulta<strong>dos</strong><br />
alcança<strong>dos</strong> são inquestionáveis.<br />
No entanto, ainda subsiste a ideia de<br />
que existem muitos consultórios que<br />
não reúnem as condições necessárias<br />
para «servir» com qualidade os<br />
utentes? Que comentário lhe merece<br />
esta dúvida?<br />
RC – É importante lembrar que não<br />
fazemos isto de ânimo leve, nem seguindo<br />
lógicas facilitadoras. Quando<br />
admitimos os médicos aderentes<br />
para o grupo de pessoas que connosco<br />
colabora, estes profissionais<br />
têm de assumir um compromisso<br />
em que se responsabilizam por possuir<br />
um consultório com determinadas<br />
condições de qualidade, executar<br />
práticas adequadas e a nunca<br />
estigmatizar os nossos utentes, que<br />
são trata<strong>dos</strong> em situação de equidade<br />
como outros utentes.<br />
Luciana Rio Branco – Demos início<br />
recentemente a um processo que<br />
se prende com a construção de um<br />
suporte documental e instrumental<br />
para a prática das acções de vigilância<br />
higino-sanitária. Esse processo<br />
está sendo desenvolvido com base<br />
em legislação publicada há pouco<br />
tempo. As condições de licenciamento<br />
das clínicas e consultórios<br />
dentários foram modificadas, o que<br />
significa obrigatoriamente uma<br />
mudança na forma de efectuar a<br />
vigilância hígio-sanitária. Existem<br />
parâmetros que foram delinea<strong>dos</strong>,<br />
agora com força legal – de obrigatoriedade<br />
– que devem ser cumpri<strong>dos</strong><br />
por esse tipo de Unidades Privadas<br />
de Saúde. Isso não significa que até<br />
agora não tenha havido cumprimento<br />
dessas normas, mas antes<br />
que elas não se encontravam tão<br />
definidas.<br />
RPV – Segundo alguns da<strong>dos</strong>, no<br />
início de 2010 ainda existiam cerca<br />
de 400 mil portugueses sem médico<br />
de família. De que forma é que estes<br />
valores podem fazer perigar o acesso<br />
ao «Cheque-dentista»?<br />
RC – Nenhum utente do SNS ficará<br />
sem acesso ao Cheque-dentista<br />
pelo facto de não ter médico de família.<br />
Dou o exemplo das grávidas.<br />
Se alguma grávida não tiver médico<br />
de família pode chegar a um qualquer<br />
Centro de Saúde e relatar essa<br />
mesma informação, sendo passado<br />
um cheque ao nível <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde oral. Além disso, os Centros<br />
de Saúde têm a obrigação de<br />
encontrar uma alternativa para que<br />
seja realizada a vigilância a esse<br />
público-alvo.<br />
LER NA ÍNTEGRA EM<br />
WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT<br />
5 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
SAÚDE ORAL<br />
Clínica de Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos<br />
DISTINÇÃO COMO MARCA DO SUCESSO<br />
Onde o utente é visto como um amigo, é desta forma que ficamos a conhecer a Clínica de Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos que ao longo da<br />
sua existência tem percorrido um trajecto de seriedade, transparência, rigor e profissionalismo para que os seus utentes saibam que podem<br />
confiar a sua saúde oral nestes profissionais e saibam cada vez mais cuidar de si.<br />
Reputado profissional desta<br />
área, Fernando Almeida<br />
iniciou a sua actividade<br />
profissional em 1981, tendo<br />
a Clínica de Medicina Dentária<br />
<strong>dos</strong> Carvalhos sido edificada em<br />
1989, mais concretamente há 21<br />
anos, tendo surgido fruto da visão<br />
de um homem e profissional de<br />
medicina dentária que olha a saúde<br />
oral <strong>dos</strong> seus utentes atendendo<br />
às suas necessidades e urgências<br />
tratando-os de uma forma personalizada,<br />
atenta e coerente, para que<br />
estes se sintam bem quando visitam<br />
alguém da sua confiança, o seu<br />
médico dentista.<br />
Profissional reconhecido e de enorme<br />
prestígio, Fernando Almeida<br />
assume-se hoje, mais do que um<br />
médico dentista, como um gestor,<br />
apostando na qualidade <strong>dos</strong> seus<br />
serviços médicos e na fidelização<br />
<strong>dos</strong> utentes que, por esta ou aquela<br />
razão, preferem entregar as suas<br />
necessidades orais a profissionais<br />
de qualidade ímpar. Neste sentido,<br />
a Clínica de Medicina Dentária<br />
<strong>dos</strong> Carvalhos é hoje um espaço<br />
conhecido por to<strong>dos</strong>, a nível local<br />
e nacional, pois antes de qualquer<br />
característica, a grande mais-valia<br />
passa por uma actuação extremamente<br />
profissional, pois além de<br />
possuir equipamentos de vanguar-<br />
6 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
da, apresenta profissionais de enorme<br />
gabarito e reconhecimento na<br />
praça pública, facto que permite ao<br />
cidadão comum ter uma enorme<br />
confiança nos mesmos.<br />
Em entrevista à Revista Pontos de<br />
Vista, Fernando Almeida, mentor,<br />
proprietário e profissional de medicina<br />
dentária revelou as principais<br />
mais-valias do seu espaço, as<br />
dificuldades existentes nesta vertente<br />
da saúde em Portugal, sem<br />
esquecer que em 2011 irão surgir<br />
novos desafios, como a abertura de<br />
um novo espaço de medicina oral,<br />
alocado ao espaço actual, ou ainda<br />
a expansão da clínica localizada em<br />
Lisboa. Projectos ambiciosos e ousa<strong>dos</strong>,<br />
que fazem jus, sem sombra<br />
de dúvida, à velha máxima, «Investir<br />
é em momentos de crise» e que<br />
demonstram que a Clínica de Medicina<br />
Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos é hoje<br />
uma marca de enorme reconhecimento.<br />
Aposta na distinção<br />
A distinção no tratamento <strong>dos</strong> utentes<br />
da Clínica de Medicina Dentária<br />
<strong>dos</strong> Carvalhos é de facto uma<br />
realidade intrínseca e visível, onde<br />
cada utente é visto como “um ser<br />
humano”, afirma o nosso entrevistado,<br />
lembrando ainda que nenhum<br />
profissional de saúde que se preze<br />
pode perder a noção do que representa<br />
a medicina, ou seja, devem ser<br />
arreda<strong>dos</strong> desideratos economicistas<br />
para que “não se perca a dimensão<br />
humana da verdadeira essência<br />
da medicina”, assegura o nosso interlocutor.<br />
Pensando nesta vertente humana e<br />
pela necessidade em incrementar<br />
a capacidade de resposta, o nosso<br />
entrevistado decidiu que este era<br />
o momento adequado para realizar<br />
uma aposta que, sendo ambiciosa,<br />
é extremamente necessária, ou<br />
seja, aumentar o espaço da actual<br />
clínica. Neste sentido, foi adquirido<br />
um espaço contíguo ao actual, que<br />
além da importância orgânica que<br />
terá no futuro, apresenta ainda características<br />
históricas, pois é um<br />
edifício que apresenta uma fachada<br />
datada do século XIX, recuperado<br />
agora e uma nova em betão branco<br />
para manter o realce do edifico<br />
antigo. “Estava fora de questão<br />
desperdiçar este espólio histórico<br />
e iremos conservar a mesma e irá<br />
ser integrada na união com a clinica<br />
actual”, explica satisfeito o nosso<br />
interlocutor.<br />
Neste sentido, a nova clínica terá<br />
cerca de 1500 metros quadra<strong>dos</strong> de<br />
área destina<strong>dos</strong> à prática da clínica<br />
dentária, estando apetrechada com<br />
15 gabinetes, laboratório, auditório,<br />
entre outros espaços de relevo.<br />
Mas quais as razões que levaram<br />
a esta aposta num novo espaço?<br />
Segundo Fernando Almeida, esta<br />
necessidade surgiu da exiguidade<br />
do actual edifício face às exigências<br />
e necessidades, pois a Clínica de<br />
Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos<br />
tem conhecido um incremento bastante<br />
acentuado de utentes, facto<br />
demonstrado e sustentado por um<br />
crescimento de cerca de 30 por cento<br />
ao ano.<br />
O antigo edifício, com três pisos,<br />
também será alvo de uma reformulação,<br />
facto que, aquando da união<br />
com o novo espaço, proporcionará<br />
na totalidade cerca de 2200 metros<br />
quadra<strong>dos</strong> dedica<strong>dos</strong> exclusivamente<br />
à prática da medicina dentária.<br />
“Este projecto de reformulação<br />
do edifício actual surge por necessidade<br />
óbvias, ou seja, temos por<br />
exemplo umas escadas que, segundo<br />
os normativos legais actuais, não<br />
são os mais adequa<strong>dos</strong> ao nível da<br />
acessibilidade. Esta aposta vem no<br />
sentido de melhorar as condições<br />
para receber os nossos utentes e<br />
para que os nossos profissionais<br />
tenham ainda melhores condições<br />
de trabalho”, afirma o nosso interlocutor,<br />
lembrando que a lotação<br />
deste espaço está completa. “Temos
“Esta aposta vem no sentido de melhorar as condições<br />
para receber os nossos utentes e para que os<br />
nossos profissionais tenham ainda melhores condições<br />
de trabalho”<br />
conhecido um desenvolvimento<br />
bastante elevado e actualmente<br />
possuímos dez equipamentos em<br />
pleno funcionamento, de segunda<br />
a domingo, feria<strong>dos</strong> inclusive, das 9<br />
às 22 horas”.<br />
Investir em momentos<br />
de crise<br />
Num momento de crise e recessão<br />
económica, o mais natural é apostar<br />
na contenção <strong>dos</strong> custos e <strong>dos</strong><br />
investimentos, realidade sobre a<br />
qual Fernando Almeida não acredita.<br />
“Creio que os melhores momentos<br />
para se investir devem ser estes.<br />
Até porque, estamos a dar um sinal<br />
claro à sociedade de que estamos<br />
com uma boa «saúde» financeira<br />
e que propiciamos serviços de<br />
saúde oral de qualidade”, assevera,<br />
lembrando que as existe um número<br />
elevado de clinicas congéneres<br />
que, nos últimos tempos, cerraram<br />
portas porque não apostaram na<br />
modernização e na inovação. “Isso<br />
está a acontecer com bastante frequência<br />
no nosso país. Nós pretendemos<br />
inverter esse cenário e por<br />
isso apostamos no efeito de atracção<br />
positiva, valores controla<strong>dos</strong> e<br />
qualidade máxima de um corpo de<br />
profissionais de excelência que é o<br />
que possuímos nas duas clínicas,<br />
no Porto e em Lisboa, que em 2011<br />
também ser alvo de uma reformulação<br />
e expansão”.<br />
Profissional reconhecido e de créditos<br />
firma<strong>dos</strong>, Fernando Almeida<br />
apoia e congratula-se pelo facto do<br />
actual Executivo governativo estar<br />
a apoiar afincadamente a vertente<br />
da saúde oral, através da inclusão<br />
do Programa Nacional de Promoção<br />
da Saúde Oral ou através da medida<br />
do «Cheque Dentista», iniciativa à<br />
qual a Clínica de Medicina Dentária<br />
<strong>dos</strong> Carvalhos também aderiu. “Naturalmente<br />
que são medidas importantes<br />
e relevantes no apoio aos<br />
mais carencia<strong>dos</strong> e necessita<strong>dos</strong>,<br />
embora não compreenda algumas<br />
críticas realizadas por alguns profissionais<br />
de medicina dentária que<br />
criticam esta medida. Não podemos<br />
ter a veleidade de achar que só vivemos<br />
com a classe média/média alta.<br />
To<strong>dos</strong> fazemos parte da sociedade e<br />
àqueles que não poder ter cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde oral devemos proporcionar<br />
medidas que os auxiliem a tal<br />
acto”, assume o nosso interlocutor,<br />
lembrando que na Clínica de Medicina<br />
Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos, os<br />
utentes provi<strong>dos</strong> do «Cheque Dentista»<br />
são poucos, não tendo um<br />
impacto significativo no volume de<br />
facturação da clínica, que é actualmente<br />
cerca de 2,5 milhões anuais.<br />
A terminar, o nosso entrevistado<br />
lembrou que o projecto da nova<br />
clinica e a reformulação do espaço<br />
actual, bem como do espaço localizado<br />
em Lisboa são as principais<br />
prioridades para 2011, lembrando<br />
que o principal factor que tem levado<br />
ao sucesso da Clínica de Medicina<br />
Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos “são os<br />
nossos profissionais, a quem lhes<br />
é incutido, desde a sua entrada, um<br />
espírito assente na dedicação e em<br />
dar o máximo pelos utentes, realidade<br />
que se reflecte numa mairo<br />
agregação e atracção por parte <strong>dos</strong><br />
novos utentes, pois sabem que aqui,<br />
são trata<strong>dos</strong> por profissionais de<br />
qualidade e com condições de excelência”,<br />
conclui o nosso entrevistado.<br />
Fernando Almeida<br />
7 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
SAÚDE ORAL<br />
Ordem <strong>dos</strong> Médicos Dentistas – Programa Nacional de Promoção<br />
da Saúde Oral<br />
PROGRAMA É UM<br />
SUCESSO, MAS<br />
PODEMOS FAZER MAIS<br />
A distribuição de cheques-dentista a grupos de maior risco de desenvolverem<br />
problemas de saúde oral permitiu o acesso a tratamentos<br />
dentários a quase 737 mil portugueses e um total de 2,5 milhões de<br />
tratamentos dentários. Os da<strong>dos</strong> referem-se ao balanço <strong>dos</strong> últimos<br />
três anos do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral apresentado<br />
esta mês pela Ministra da Saúde, Ana Jorge. A Pontos de Vista<br />
entrevistou Paulo Melo, Secretário-Geral da Ordem <strong>dos</strong> Médicos<br />
Dentistas, que faz um balanço positivo do programa e lança as bases<br />
a trabalhar no futuro.<br />
As doenças orais, como a<br />
cárie dentária e as doenças<br />
periodontais, são um<br />
sério problema de saúde<br />
pública, uma vez que afectam grande<br />
parte da população, influenciam<br />
os seus níveis de saúde, de bem-<br />
-estar, de qualidade de vida e são<br />
vulneráveis a estratégias de intervenção<br />
conhecidas e comprovadamente<br />
eficientes.<br />
Para combater esta problemática<br />
e, sobretudo, permitir o acesso a<br />
tratamento <strong>dos</strong> mais necessita<strong>dos</strong>,<br />
surgiu o Programa Nacional de Promoção<br />
da Saúde Oral, que está incluído<br />
no Plano Nacional de Saúde<br />
2004-2010. Dentro deste programa<br />
surgiu em 2008 a iniciativa “Cheques-Dentista”,<br />
que disponibilizou<br />
a milhares de mulheres grávidas e<br />
i<strong>dos</strong>os com menores rendimentos<br />
três cheques no valor de 120 euros,<br />
para os primeiros, e 80 euros por<br />
ano, para os segun<strong>dos</strong>.<br />
O quadro conceptual do programa<br />
corresponde a uma estratégia<br />
global de intervenção assente na<br />
promoção da saúde e na prevenção<br />
primária e secundária da cárie dentária.<br />
Este processo tem permitido<br />
prestar cuida<strong>dos</strong> médico-dentários<br />
a grupos de crianças escolarizadas<br />
integradas em programa de saúde<br />
oral e que desenvolveram cárie<br />
dentária; a mulheres grávidas em<br />
vigilância pré-natal no Serviço Nacional<br />
de Saúde (SNS) e a pessoas<br />
8 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
i<strong>dos</strong>as beneficiários do complemento<br />
solidário que sejam utentes<br />
do Serviço Nacional de Saúde.<br />
“Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> até agora<br />
pelo programa são excelentes, quer<br />
no envolvimento conseguido pelo<br />
número de pessoas que participaram,<br />
já ultrapassa tudo o que no<br />
passado foi efectuado pelo Serviço<br />
Nacional de Saúde junto da população”,<br />
afirmou Paulo Melo, secretário-geral<br />
da Ordem <strong>dos</strong> Médicos<br />
Dentistas, que no entanto lamenta<br />
que o programa não esteja a ter<br />
tanto sucesso junto <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os: “O<br />
programa tem vários grupos alvo,<br />
tendo começado com as mulheres<br />
grávidas e i<strong>dos</strong>os que beneficiam<br />
do complemento solidário. É precisamente<br />
neste segundo grupo<br />
que nos debatemos com a problemática<br />
da aderência, porque ainda<br />
há alguma dificuldade em chegar<br />
junto destas pessoas, que são uma<br />
população que apresenta bastante<br />
carência a nível de tratamentos de<br />
saúde oral e reabilitação”.<br />
No sentido de combater esta problemática,<br />
Paulo Melo adianta que<br />
a Ordem “está a desenvolver um<br />
conjunto de estratégias, juntamente<br />
com a Direcção Geral de Saúde para<br />
que a informação chegue a este<br />
grupo da população de uma forma<br />
mais efectiva e eficaz”. Paulo Melo<br />
salientou ainda que as dificuldades<br />
em chegar aos seniores “está relacionado<br />
muitas vezes com a falta<br />
de autonomia destas pessoas, que<br />
necessitam sempre de apoio para<br />
chegar aos consultórios. Neste sentido<br />
queremos chegar aos médicos<br />
de família, para que sejam estes a<br />
passar a mensagem directamente,<br />
quer aos i<strong>dos</strong>os, quer às próprias<br />
famílias que assumem também um<br />
papel preponderante no combate a<br />
esta problemática”.<br />
Por outro lado, no segmento das<br />
mulheres grávidas seguidas no Serviço<br />
Nacional de Saúde a taxa de cobertura<br />
ascendeu já a 43 por cento<br />
do total previsto, sendo que mais<br />
de 92 mil mulheres usufruíram da<br />
possibilidade de fazerem tratamentos<br />
nos estomatologistas e médicos<br />
dentistas que assinaram protocolo<br />
com o Ministério da Saúde. “Neste<br />
grupo a adesão tem sido bastante<br />
boa, o que nos deixa satisfeitos com<br />
o trabalho desenvolvido embora,<br />
também aqui é possível fazer mais”,<br />
considera Paulo Melo.<br />
No grupo das crianças e jovens (com<br />
7, 10 e 13 anos e que frequentam<br />
escolas públicas e instituições de<br />
solidariedade social), a adesão foi<br />
significativa, com mais de 627 mil<br />
<strong>dos</strong> 900 mil beneficiários previstos<br />
a receberem os cheques. O segredo<br />
deste sucesso está relacionado com<br />
o facto de os vales serem neste caso<br />
distribuí<strong>dos</strong> directamente nas escolas<br />
e não nos centros de saúde. A<br />
partir deste ano lectivo passaram a<br />
ser disponibilizadas também bolsas<br />
Paulo Melo, Secretário-Geral<br />
da Ordem <strong>dos</strong> Médicos Dentistas<br />
de saúde oral nas escolas, contendo<br />
escovas e pastas de dentes, em mais<br />
uma medida no sentido de aumentar<br />
ainda mais a taxa de sucesso do<br />
programa junto das crianças.<br />
“Este é um grupo que estrategicamente,<br />
deve, pode e tem que ser<br />
trabalhado, porque as crianças representam<br />
o futuro e se forem bem<br />
educadas do ponto de vista da saúde<br />
oral e acompanhadas nas suas<br />
necessidades de tratamento mais<br />
facilmente podem, no futuro, dar<br />
seguimento ao trabalho desenvolvido<br />
nas primeiras idades”. Paulo<br />
Melo defende esta premissa por<br />
considerar que “se a criança e adolescente<br />
perceber que tem maior<br />
qualidade de vida se mantiver cuidada<br />
a sua saúde oral, vai no futuro<br />
transmitir esta ideia à sua família,<br />
contribuindo para um futuro melhor<br />
neste âmbito”.<br />
Mais recentemente foram também<br />
abrangidas pessoas portadoras do<br />
VIH, mas o Ministério da Saúde já<br />
avisou que não está previsto o alargamento<br />
do programa para outros<br />
grupos. “Esta fase começou recentemente<br />
e tem já vários pacientes<br />
atendi<strong>dos</strong>, a principal dificuldade<br />
apresentada é gerir a confidencialidade,<br />
mas a Direcção Geral de Saúde<br />
está a ter um extremo cuidado<br />
nesta gestão e este aspecto irá ficar<br />
sempre salvaguardado”.<br />
LER NA ÍNTEGRA EM<br />
WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT
DEPENDÊNCIAS<br />
Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.<br />
“SERIA MUITO PERIGOSO<br />
DESINVESTIR NESTA ÁREA”<br />
João Goulão<br />
O consumo de drogas e outras<br />
substâncias não é, ainda, um<br />
problema completamente resolvido<br />
em Portugal, embora seja<br />
legítimo afirmar que nos últimos<br />
anos foram da<strong>dos</strong> passos firmes<br />
e sustenta<strong>dos</strong>, através de políticas<br />
contínuas e direccionadas. O<br />
IDT assume-se como o «bastião»<br />
nesta «luta», promovendo iniciativas<br />
e medidas essenciais. A Revista<br />
Pontos de Vista conversou<br />
com João Goulão, Presidente do<br />
Conselho Directivo do IDT - Instituto<br />
da Droga e da Toxicodependência,<br />
I.P. que nos deu a conhecer<br />
o panorama do consumo<br />
de drogas em Portugal.<br />
É<br />
legítimo afirmar que a toxicodependência<br />
tem perdido<br />
lugar na agenda política e<br />
mediática? Que justificação<br />
encontra para este facto, sabendo<br />
que a saúde um é direito básico e as<br />
consequências desta problemática<br />
serem tão transversais aos diferentes<br />
sectores da sociedade?<br />
Não sendo, obviamente, um problema<br />
resolvido, são inegáveis os<br />
progressos alcança<strong>dos</strong>; existe actualmente<br />
um consenso bastante<br />
alargado sobre as políticas prosseguidas,<br />
reforçado pelo seu enorme<br />
reconhecimento internacional. Normalmente,<br />
em Portugal, só o que<br />
corre mal é puxado para o topo da<br />
agenda mediática…<br />
Contudo, diria que há consciência,<br />
nomeadamente por parte do Governo,<br />
de que a conjuntura social e<br />
económica actual é predisponente a<br />
um recrudescimento do fenómeno,<br />
e que seria muito perigoso desinvestir<br />
de forma significativa nesta<br />
área.<br />
As principais orientações para o<br />
Plano de Acção contra as Drogas e<br />
a Toxicodependência - Horizonte<br />
2008 foram estabelecidas pelo Plano<br />
Nacional contra a Droga e a Toxicodependência<br />
2005-2012, em consonância<br />
com a Estratégia da União<br />
Europeia de Luta Contra a Droga<br />
e respectivo Plano de Acção para<br />
2005-2008. Quais são os principais<br />
desideratos deste modelo e de que<br />
forma têm sido os mesmos concretiza<strong>dos</strong>?<br />
O Plano Nacional deu a sequência<br />
lógica à Estratégia de 1999, com<br />
as inflexões necessárias ao acompanhamento<br />
da evolução do fenómeno;<br />
o consumo de drogas deixou<br />
de ser apanágio das camadas mais<br />
desorganizadas e marginalizadas<br />
da sociedade; passou a haver uma<br />
preponderância <strong>dos</strong> consumos associa<strong>dos</strong><br />
a contextos de diversão,<br />
e um aumento do policonsumo. Estabeleceu<br />
novos princípios, como o<br />
da Territorialidade, a Centralidade<br />
no Cidadão, a Integração das Respostas<br />
e a Melhoria da Qualidade,<br />
passando pela Certificação. Os Planos<br />
de Acção que o operacionalizam<br />
(Horizonte 2008 e 2009-2012)<br />
assentam num equilíbrio entre a<br />
Redução da Oferta e a Redução da<br />
Procura e estabelecem objectivos,<br />
responsabilizando as entidades<br />
executoras. De uma forma geral,<br />
têm excelentes níveis de execução.<br />
Actualmente quais são os números<br />
associa<strong>dos</strong> ao consumo de substâncias<br />
viciantes em Portugal? Qual a<br />
situação do nosso país, comparativamente<br />
a outros congéneres europeus?<br />
Portugal sempre esteve abaixo da<br />
média europeia, no que diz respeito<br />
à prevalência de consumos em<br />
geral; a nossa situação tornou-se<br />
dramática quando esses consumos<br />
eram, na sua maioria, passíveis de<br />
ser considera<strong>dos</strong> problemáticos<br />
(por via injectável ou preenchendo<br />
critérios diagnósticos de dependência),<br />
o que já não acontece actualmente.<br />
Pelas percentagens de diferentes<br />
relatórios existentes, os jovens parecem<br />
insensíveis às mensagens e<br />
consequências das novas e diferentes<br />
drogas - das estimulantes às psicadélicas...<br />
Uma geração perdida ou ainda<br />
passível de recuperação?<br />
Pelo contrário, os jovens estão cada<br />
vez mais informa<strong>dos</strong> e usam menos<br />
substâncias ilícitas; o grande desafio,<br />
actualmente e entre os mais<br />
jovens, tem a ver com o uso nocivo<br />
do álcool.<br />
O consumo de drogas é hoje um flagelo<br />
relevante na sociedade portuguesa,<br />
contudo, começam a existir<br />
da<strong>dos</strong> concretos que perpetuam o<br />
consumo desregrado de álcool, principalmente<br />
nas faixas etárias mais<br />
jovens, como o próximo tormento<br />
em Portugal. Que medidas devem ser<br />
colocadas em prática para combater<br />
este problema?<br />
O tema do álcool foi recentemente<br />
incluído no mandato do IDT; já foi<br />
aprovado um Plano Nacional para<br />
os Problemas Liga<strong>dos</strong> ao Álcool que<br />
está em execução, contando com<br />
contributos de varia<strong>dos</strong> parceiros,<br />
incluindo os liga<strong>dos</strong> à produção e<br />
distribuição de bebidas contendo<br />
álcool. Contamos que seja possível<br />
estancar a tendência de subida destes<br />
problemas, sendo fundamental<br />
alterar a enorme complacência<br />
existente na nossa sociedade (nomeadamente<br />
entre Pais e educadores)<br />
face aos abusos cometi<strong>dos</strong><br />
pelos jovens. Entre estes, é necessário<br />
trabalhar para mudar a “moda”;<br />
complementarmente, poderá ser<br />
necessário produzir legislação que<br />
dê um sinal claro de desaprovação<br />
social desses consumos.<br />
Quais as principais prioridades e desafios<br />
do IDT para o futuro?<br />
Aperfeiçoar e aumentar cada vez<br />
mais a eficiência e eficácia das respostas<br />
nas diversas áreas de intervenção;<br />
diria que as questões do<br />
abuso do álcool, no contexto cultural<br />
português, são actualmente o<br />
nosso grande desafio.<br />
LER NA ÍNTEGRA EM<br />
WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT<br />
9 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
DEPENDÊNCIAS<br />
A Casa Monte da Lua – Sober House<br />
PARA QUEM PROCURA<br />
UM NOVO MODO DE<br />
VIDA<br />
Projecto único e pioneiro em Portugal, A Casa Monte da Lua surgiu há cerca de três anos, tendo aportado um modelo vanguardista e inovador,<br />
denominado por Sober House, através de uma proposta terapêutica na área da prevenção, tratamento e reinserção social destinado a pacientes<br />
com problemas díspares, sendo actualmente um modelo de actuação bastante reconhecido a nível internacional, mas que em Portugal<br />
ainda evidencia algum cepticismo, mentalidade que pode mudar depois de conhecermos as mais-valias deste espaço.<br />
A<br />
filosofia da Casa Monte da<br />
Lua acredita no sugestionando<br />
e direccionando do<br />
cliente para que o próprio possa então<br />
percorrer o seu caminho, com<br />
liberdade de decisão e responsabilidade<br />
pelas suas acções, para que o<br />
paciente se sinta em casa no Monte<br />
da Lua e que goste da sua passagem<br />
pelo respectivo programa de<br />
tratamento. Aqui nada é deixado ao<br />
acaso, mesmo a localização da Casa<br />
Monte da Lua, que situada em São<br />
Pedro de Sintra, em Sintra, beneficia<br />
de uma envolvente geográfica,<br />
paisagística, histórica e cultural de<br />
uma vila pertencente ao património<br />
mundial, quase que adaptado ao<br />
ambiente que se pretende na Casa<br />
Monte da Lua.<br />
Além das diferenças sentidas<br />
aquando do primeiro impacto, pois<br />
existe o cuidado para tornar o espaço<br />
da Casa Monte da Lua, como<br />
algo bastante aproximado a uma<br />
habitação comum a cada um de<br />
nós, é importante referir o projecto<br />
Sober House, que promove uma<br />
proposta terapêutica na área da<br />
prevenção, tratamento e reinserção<br />
social para pacientes com problemas<br />
de Dependência Química e/<br />
ou Alcoolismo, e na generalidade<br />
das perturbações da Personalidade<br />
Aditiva como o Jogo Patológico, as<br />
Desordens de Comportamento Alimentar,<br />
as Compras Compulsivas,<br />
entre outros.<br />
O projecto Sober House tem como<br />
objectivo principal o de proporcionar<br />
um espaço devidamente estruturado<br />
e supervisionado, com a<br />
devida segurança e suporte necessários<br />
a to<strong>dos</strong> os clientes que verdadeiramente<br />
procuram um novo<br />
modo de vida e um compromisso<br />
de manutenção da recuperação a<br />
longo prazo.<br />
10 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
Com capacidade máxima de residentes<br />
internos de dez camas, a<br />
Casa Monte da Lua tem como particularidade<br />
e filosofia não trabalhar<br />
com mais do que cinco pacientes de<br />
cada vez. “Colocamos forte enfâse<br />
no aconselhamento individual proporcionando<br />
uma atenção e cuida<strong>dos</strong><br />
especiais que por vezes não são<br />
possíveis de providenciar com grupos<br />
mais numerosos. Acreditamos<br />
que o tratamento eficaz é aquele<br />
que vai ao encontro das necessidades<br />
de cada indivíduo, como tal<br />
não temos um programa, pois este<br />
é feito individualmente para cada<br />
um <strong>dos</strong> nossos clientes”, explica, em<br />
entrevista à Revista Pontos de Vista,<br />
José Pedro Vieira, Director Executivo<br />
da Casa Monte da Lua.<br />
Modelo assente num<br />
regime aberto<br />
Com uma vasta experiência e currículo,<br />
o nosso entrevistado tem<br />
conhecimento das vicissitudes deste<br />
trabalho, sempre envolvido com<br />
sentimentos e questões pessoais e<br />
sociais que levam o paciente, inúmeras<br />
vezes a não reconhecer o problema.<br />
Uma das principais características<br />
do consumo de substâncias<br />
deste género passa pela possibilidade<br />
de recaídas, principalmente<br />
nos primeiros 12 a 18 meses depois<br />
de realizado o tratamento. Assim, se<br />
em Portugal existe um número assinalável<br />
de entidades preparadas<br />
para responder a estes pacientes<br />
numa fase de tratamento primário,<br />
ou seja, o modelo básico existente a<br />
nível nacional, pós desintoxicação,<br />
existia também uma enorme lacuna<br />
no apoio ao trabalho designado<br />
secundário, promovendo assim a<br />
reinserção na vida social. A solução<br />
é dada pela Casa Monte da Lua, que<br />
potencia um modelo próximo com<br />
a vida real, promovendo uma rede<br />
de suporte com o paciente individualmente,<br />
“diminuindo o nível de<br />
dificuldades que eventualmente o<br />
paciente recuperado possa ter no<br />
seu contacto com a comunidade”,<br />
explica, lembrando as diferenças<br />
óbvias relativamente a outros espaços<br />
de tratamento e recuperação.<br />
“Este modelo adoptado assume-se<br />
como um regime aberto, onde a<br />
pessoa tem um constante contacto<br />
com o exterior, dando-lhe um sentimento<br />
de segurança e confiança no<br />
mesmo”.<br />
“O IDT foi bastante receptivo”<br />
Tudo o que é novo ou diferente invoca<br />
sempre nas pessoas um certo<br />
cepticismo e descrença, algo que,<br />
segundo José Pedro Vieira, a Casa do<br />
Monte da Lua não foi alheia, principalmente<br />
quando assistimos a um<br />
modelo de tratamento e recuperação<br />
que tem na liberdade de cada<br />
um a sua essência. “Isso acontece<br />
frequentemente, principalmente<br />
por parte das famílias e de outros<br />
profissionais. Acreditamos piamen-<br />
José Pedro Vieira<br />
te neste modelo. Se as pessoas realmente<br />
pretenderem recuperar não<br />
necessitam de estar trancadas 24<br />
horas. Sentimos que os modelos actuais<br />
estão ultrapassa<strong>dos</strong>”, advoga,<br />
asseverando no entanto que pela<br />
liberdade e autonomia existente na<br />
Casa Monte da Lua, “se acharmos<br />
que o paciente não tem a mínima<br />
motivação e o equilíbrio necessário<br />
para se recuperar, não arriscamos<br />
e é enviado para um regime mais<br />
fechado”, afirma, lembrando que a<br />
Casa Monte da Lua possui parcerias<br />
com clinicas e centros de tratamento,<br />
através de programas de 28 dias<br />
para a desintoxicação e estabilização<br />
da pessoa. “No final desse período<br />
transita para as nossas instalações”.<br />
De salientar ainda que, apesar da<br />
suspeição relativamente ao método<br />
e sucesso deste modelo, a Casa<br />
Monte da Lua teve no IDT – Instituto<br />
da Droga e da Toxicodependência,<br />
IP um importante parceiro.<br />
“Foram bastante receptivos e abraçaram<br />
imediatamente este modelo,<br />
facilitando o processo, pois os mesmos<br />
identificaram as mais-valias
deste processo e na necessidade de<br />
continuar a trabalhar a prevenção”.<br />
Taxas de recuperação de 90<br />
por cento<br />
Com uma equipa de profissionais<br />
credencia<strong>dos</strong> na vertente do alcoolismo<br />
e dependência química, to<strong>dos</strong><br />
os pacientes passam por uma<br />
minuciosa avaliação antes da sua<br />
admissão na Casa Monte da Lua,<br />
sendo que as palavras-chaves para<br />
esse ingresso passa pela motivação<br />
e vontade de mudança, entre<br />
outros aspectos. “Após as devidas<br />
avaliações, o plano de tratamento<br />
é concebido prevendo um mínimo<br />
de 12 semanas, e pode ir até as 24<br />
semanas, consoante o perfil do paciente<br />
e das suas necessidades, bem<br />
como a evolução em tratamento.<br />
Numa fase posterior, o paciente poderá<br />
frequentar os grupos terapêuticos,<br />
sessões de acompanhamento<br />
individual para manutenção da sua<br />
recuperação e prevenção da recaída<br />
ou curtas estadias de internamento<br />
com programas especificamente<br />
pré-defini<strong>dos</strong>”, afirma José Pedro<br />
Vieira.<br />
Manter as pessoas ocupadas é também<br />
uma forma de tratamento e<br />
auxílio, sendo que na Casa Monte<br />
da Lua esta é uma das principais características<br />
de quem escolhe este<br />
espaço para se reabilitar. Assim, do<br />
processo terapêutico fazem parte<br />
diversas actividades como sessões<br />
de Yoga, Medicina e Massagem<br />
Ayurvédica, “diferentes actividades<br />
terapêuticas lúdicas para além das<br />
administradas por uma equipa devidamente<br />
certificada e qualificada,<br />
nomeadamente Palestras, Psicoterapia<br />
Individual e de Grupo, Sessões<br />
de Arte Terapia e Músico Terapia”<br />
Com taxas de recuperação a rondar<br />
os 90 por cento, contrastando com<br />
o trabalho <strong>dos</strong> centros de recuperação,<br />
que não deixando de ser<br />
meritório, aporta taxas de retoma<br />
na ordem <strong>dos</strong> 40 por cento, segundo<br />
o nosso interlocutor, as famílias<br />
são pilares fundamentais para que<br />
o utente consiga alcançar os seus<br />
objectivos, embora estas, em alguns<br />
casos, também necessitem de orientação.<br />
“Actualmente temos cada vez<br />
mais famílias disfuncionais, e por<br />
vezes estas representam até um<br />
facto de desequilíbrio nos próprios<br />
pacientes, embora saibamos que<br />
pretendem o melhor para o seu familiar.<br />
Assim, prestamos um apoio<br />
de aconselhamento e orientação às<br />
mesmas, porque sem as famílias,<br />
o nosso trabalho é drasticamente<br />
mais difícil”.<br />
A terminar, o nosso entrevistado<br />
revelou que as principais prioridades<br />
de futuro passam pro continuar<br />
a divulgar a Casa Monte da Lua e o<br />
conceito Sober House, bem como<br />
continuar a desenvolver um programa<br />
ao nível ambulatório para<br />
outros públicos e incrementar a<br />
ligação com as empresas, no sentido<br />
de auxiliar os funcionários que<br />
infelizmente enveredaram por este<br />
caminho. “Desejamos continuar a<br />
evoluir, com novos méto<strong>dos</strong>, novos<br />
modelos e para isso temos de estar<br />
atentos às mudanças sociais que vão<br />
ocorrendo para podermos dar uma<br />
resposta capaz a quem nos procura.<br />
Desejo que no futuro deixemos de<br />
ser os únicos a apostar no modelo<br />
Sober House e novos players surjam<br />
com capacidade para efectuar<br />
um trabalho meritório e de enorme<br />
relevância para a sociedade portugues0a”,<br />
conclui José Pedro Vieira,<br />
Director Executivo da Casa Monte<br />
da Lua.<br />
11 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
DEPENDÊNCIAS<br />
R12 – Centro de Recuperação de Doenças de Adicção, Lda<br />
ONDE RECUPERAR É POSSÍVEL<br />
A expressão mais comum passa pela interrogativa exclamativa: «Agarrado?!Eu?!», que serve apenas como primeiro impacto da realidade<br />
sentida, mas dificilmente reconhecida por quem não se permite vislumbrar o problema e o efeito maléfico que aporta à sua vida e à daqueles<br />
que o rodeiam o uso de substâncias químicas.<br />
É<br />
assim a «cegadora», seja<br />
qual for a dependência,<br />
nunca o admitimos, e portanto<br />
é vital que os que<br />
mais nos rodeiam nos auxiliem<br />
nesse momento de dar o passo,<br />
aquele passo que nos permitira viver<br />
a vida de uma forma positiva e<br />
desprovida de qualquer elemento<br />
viciante e profundamente danoso<br />
e nocivo para o nosso corpo, para a<br />
nossa sanidade.<br />
Felizmente que actualmente a<br />
oferta no sentido de promover a<br />
reabilitação e a recuperação é hoje<br />
superior, existindo portanto um<br />
conjunto de players especializa<strong>dos</strong><br />
nesta dinâmica, actuando de uma<br />
forma concreta e direccionada, em<br />
prol de to<strong>dos</strong> aqueles que, por esta<br />
ou aquela razão, escolherem um caminho<br />
infeliz para continuar com o<br />
resto das suas vidas.<br />
Conversamos com Luís Sottomayor,<br />
Administrador do R12 – Centro de<br />
Recuperação de Doenças de Adicção,<br />
Lda, que edificado em 1996,<br />
tem vindo a perpetuar um trabalho<br />
cujo desiderato passa pelo tratamento<br />
de indivíduos com doenças<br />
de adicção, nomeadamente alcoolismo,<br />
toxicodependência e farmacodependência.<br />
Localizado nos arredores de Ovar,<br />
na Reserva Natural de S. Jacinto,<br />
entre a ria, os extensos pinhais e<br />
o mar, uma zona que se distingue<br />
pelo ambiente calmo, pela plena<br />
harmonia com a natureza, o nosso<br />
entrevistado deu-nos a conhecer o<br />
actual panorama da vertente das<br />
dependências, a forma como podemos<br />
reduzir este nefasto problema,<br />
sem esquecer que o papel das famí-<br />
12 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
lias na reabilitação do individuo.<br />
Satisfeito com o trababalho realizado<br />
ao longo destes 14 anos, uma das<br />
principais mais-valias do R12 passa<br />
pela abordagem multidisciplinar<br />
realizada através da qualidade e<br />
profissionalismo <strong>dos</strong> técnicos do<br />
R12, que “são, sem qualquer dúvida,<br />
a nossa grande mais-valias”, explica<br />
o nosso interlocutor.<br />
Com capacidade para receber 22<br />
pacientes, para possibilitar um tratamento<br />
efectivamente personalizado,<br />
o R12 – Centro de Recuperação<br />
de Doenças de Adicção, Lda<br />
é reconhecido pela metodologia<br />
imposta, denominada por Modelo<br />
Minessota, que se tem notabilizado<br />
pelos excelentes resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>,<br />
tendo sido implementado, pela<br />
primeira vez, no serviço de Psiquiatria<br />
do Hospital Estatal de Wilmar,<br />
no estado do Minnesota, nos E.U.A.,<br />
pelo Dr. Dan Anderson, no final <strong>dos</strong><br />
anos 40 e que permite, entre outros<br />
factores positivos, apostar numa<br />
grande flexibilidade e numa abordagem<br />
multidisciplinar, permitindo<br />
a combinação entre diversas técnicas<br />
de intervenção, mais concretamente<br />
a Terapia Cognitiva-Comportamental.<br />
Segundo o nosso interlocutor, é importante<br />
“olharmos para esta problemática<br />
como uma doença primária,<br />
ou seja, o R12 evoluiu para<br />
uma abordagem global que trata<br />
todo o género de doenças, em que<br />
dividimos em dois módulos distintos:<br />
a dependência de substâncias,<br />
heroína, álcool, cocaína, cannabis,<br />
entre outros, e uma dependência<br />
de comportamentos, propícios ao<br />
nível do jogo, sexo, depressões, en-<br />
tre outros”, explica Luís Sottomayor,<br />
lembrando que simultaneamente e<br />
porque actualmente é muito recorrente<br />
existirem pacientes que, além<br />
de possuírem o problema da dependência,<br />
“sofrem também de patologias<br />
do foro psiquiátrico como<br />
esquizofrenia, bipolaridade, entre<br />
outros”.<br />
Ao contrário do expectável e comum,<br />
segundo o nosso entrevistado,<br />
o primeiro passo para ser iniciado<br />
o tratamento não tem de partir<br />
do reconhecimento por parte do<br />
paciente da sua doença e dependência.<br />
“Discordo dessa dinâmica e da<br />
nossa experiência, cerca de 90 por<br />
cento das pessoas que recebemos,<br />
fazem-no força<strong>dos</strong> pela família,<br />
pela profissão, por questões sociais,<br />
entre outros. São condicionalismos<br />
exteriores que pressionam a pessoa<br />
a tratar-se. Um das principais características<br />
desta doença é levar as<br />
pessoas a acreditar que conseguem<br />
controlar o vício e a dependência.<br />
Nada mais errado, pois as pessoas<br />
dependentes criaram hábitos de<br />
consumo e não conseguem sair desse<br />
círculo vicioso sem ajuda”, assegura<br />
convicto, esclarecendo que o<br />
papel das famílias é “fundamental,<br />
bem como da própria sociedade em<br />
reconhecer e detectar estes indivíduos<br />
e encaminha-los para centros<br />
de tratamento adequa<strong>dos</strong>”.<br />
Taxas de sucesso positivas<br />
Existem dois vocábulos que caracterizam<br />
a forma como os residentes<br />
são trata<strong>dos</strong> no R12: dignidade e<br />
respeito, assente numa filosofia de<br />
tratamento desenvolvido no sentido<br />
de utilizar tudo o que se conhece<br />
para auxiliar dependentes<br />
químicos, nomeadamente, através<br />
da combinação de técnicas profissionais<br />
especializadas com as<br />
experiencias recolhidas junto <strong>dos</strong><br />
grupos de auto-apoio. “No processo<br />
de admissão do doente é recolhida<br />
toda a informação sobre o seu passado<br />
clínico, onde se incluem a vertente<br />
psicológica, legal e de uso de<br />
substâncias químicas. O processo<br />
de desintoxicação começa no primeiro<br />
dia, que varia dependendo<br />
<strong>dos</strong> tipos de químicos consumi<strong>dos</strong>,<br />
onde é elaborado o programa de<br />
medicação, entre outras técnicas. A<br />
nossa forma de estar não passa pela<br />
confrontação directa com os nossos<br />
pacientes, mas pela compreensão<br />
“salvar pessoas que vivem vidas desestruturadas<br />
e ajudá-las a encontrar uma forma de<br />
viver que lhes permita ser felizes’’
e por sensibilizar essas pessoas a<br />
perceberem o seu problema, levando-as<br />
a olhar para o seu interior e<br />
para o seu problema. É desta forma<br />
que temos alcançado taxas de sucesso<br />
ao nível de recuperação de<br />
cerca de 67 por cento, nos últimos<br />
dois anos, o que nos deixa extremamente<br />
satisfeitos”.<br />
Plano Terapêutico completo<br />
Munido de um plano terapêutico<br />
individualizado e determinado à<br />
medida que a equipa do R12 monitoriza<br />
em pormenor os progressos<br />
de cada residente, o tratamento primária<br />
tem a duração de 12 e 14 semanas,<br />
sendo que a após essa fase<br />
de transição, “que nem to<strong>dos</strong> aderem,<br />
ou porque não o pretendem ou<br />
porque não querem”, existe ainda<br />
uma fase que vai até 12 meses, “em<br />
que os pacientes são «obriga<strong>dos</strong>» a<br />
visitarem-nos, nos primeiros três<br />
meses, todas as semanas, nos três<br />
meses seguintes, com um hiato de<br />
duas semanas, e nos três meses finais,<br />
uma vez por mês. É um plano<br />
de cuida<strong>dos</strong> continua<strong>dos</strong>, com o objectivo<br />
de ajudar o ex-residente no<br />
regresso a casa e na integração na<br />
comunidade”.<br />
Assegurando que no futuro o R12<br />
continuará a promover a sua função,<br />
ou seja, aquilo que é a razão<br />
da sua existência, “salvar pessoas<br />
que vivem vidas desestruturadas e<br />
ajudá-las a encontrar uma forma de<br />
viver que lhes permita ser felizes.<br />
Além disso, pretendemos continuar<br />
a investir no desenvolvimento de<br />
abordagens que sirvam os interesses<br />
<strong>dos</strong> nossos pacientes, buscando<br />
soluções que permitam metodologias<br />
eficazes, tendo sempre como<br />
orientação o respeito pelos direitos<br />
humanos de cada pessoa que nos<br />
procura”, conclui o nosso interlocutor.<br />
Luís Sottomayor<br />
13 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
DEPENDÊNCIAS<br />
Associação Minha Casa - Espaço único<br />
“CAMINHAR SUAVEMENTE<br />
PELA VIDA”<br />
A Associação Minha Casa – Comunidade Terapêutica é um projecto abraçado por muitos desde a sua génese em 1996, que nunca mais parou<br />
de conquistar os seus objectivos e metas o que tem mantido de pé a sua missão e sobretudo, o têm tornado realidade, tendo como objectivo<br />
principal, ir às raízes de muitos conceitos e valores que facilitem uma mudança completa e acentuada do indivíduo como ser humano, motivando<br />
homens e mulheres a “caminhar suavemente pela vida, gerando uma revolução silenciosa à medida que o fazem”. A Revista Pontos de<br />
Vista conversou com Sandra Tello, Directora da Associação Minha Casa, que nos deu a conhecer este espaço de ímpar importância.<br />
Em que moldes é que se baseia<br />
o Programa Terapêutico da<br />
Associação Minha Casa e<br />
de que forma tem aportado<br />
uma taxa de sucesso e recuperação<br />
eficaz? Que géneros de instrumentos<br />
terapêuticos são utiliza<strong>dos</strong> no auxílio<br />
<strong>dos</strong> pacientes?<br />
Na Comunidade Terapêutica da<br />
Associação Minha Casa, prestar<br />
ajuda significa permitir aos utentes<br />
sentirem-se mas tranquilos consigo<br />
próprios, modificar os seus<br />
comportamentos na linha de uma<br />
melhor adaptação. Onde a reabilitação<br />
significa tratar o indivíduo na<br />
sua totalidade; orgânica, psíquica e<br />
socialmente. As curas de desintoxicação<br />
continuaram a ser inúteis se<br />
não forem acompanhadas da necessidade<br />
de compreender profundamente<br />
a problemática. Um <strong>dos</strong><br />
primeiros aspectos do tratamento<br />
consiste na exploração que o utente<br />
faz em torno <strong>dos</strong> diferentes aspectos<br />
do seu problema, deslocar a sua<br />
atenção para torno de si próprio:<br />
A pessoa centra-se na necessidade<br />
de sentir que o seu crescimento<br />
pessoal está sobre o seu controlo,<br />
sentir-se unificado e esclarecido interiormente,<br />
assim com esclarecer<br />
os seus objectivos e afins. Progressivamente<br />
consegue o equilibro à<br />
medida que o processo continua.<br />
Este tipo de abordagem garante<br />
uma percentagem elevada de sucesso.<br />
Os instrumentos Terapêuticos<br />
14 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
passam por reuniões que têm objectivos<br />
diferentes, dependendo do<br />
ciclo de actividades e das necessidades<br />
imediatas do grupo: reuniões<br />
de organização e avaliação; grupos<br />
de evolução; de responsabilidades;<br />
grupos de encontro; grupos Psicoterapêuticos.<br />
Actividade de grupo - a variedade<br />
das actividades dependerá em<br />
grande parte das motivações e<br />
especialidades <strong>dos</strong> elementos podendo<br />
ser; ateliês de carpintaria,<br />
serralharia, artesanato, expressão<br />
artística, jardinagem.<br />
Formação profissional - pretendemos<br />
implementar um conjunto de<br />
acções de intervenção educativa,<br />
tendo em vista prevenir o fenómeno<br />
de marginalização e de exclusão<br />
social.<br />
Actividades desportivas - são actividades<br />
que convidam os utentes a<br />
apreciar a prática desportiva como<br />
uma competição saudável e aprazível;<br />
Natação, futebol, pesca, ténis,<br />
etc.<br />
Actividades de lazer - o funcionamento<br />
da comunidade terapêutica<br />
nem sempre é pautado pelo ritmo<br />
de actividades estruturadas e obrigatórias,<br />
existem outras de carácter<br />
mais lúdico e recreativo. Que vai<br />
desde os tempos livres, a dinâmicas<br />
de animação.<br />
Terminado o processo de tratamento<br />
e consequente recuperação do pa-<br />
ciente, qual o acompanhamento que<br />
a Associação Minha Casa perpetua<br />
na vertente da integração do individuo<br />
na sociedade?<br />
Pretende-se desenvolver um projecto<br />
de reinserção dinâmico e flexível<br />
adequado às necessidades diagnosticadas<br />
em que as várias acções<br />
propostas se devem articular entre<br />
si, a filosofia deste projecto reside<br />
na convicção da eficácia <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />
do programa terapêutico. A<br />
reinserção comporta, indubitavelmente,<br />
repensar todo o processo<br />
de recuperação, mas pensá-lo como<br />
um todo e não só como uma suposta<br />
etapa final estanque. No fundo, a<br />
pessoa tem de saber utilizar a sua<br />
carga afectiva, moral, física e social<br />
para se afirmar como elemento válido<br />
no interior da sociedade, organizando-se<br />
e encetando projectos<br />
viáveis.<br />
Qual a importância da família na recuperação<br />
do paciente? O reconhecimento<br />
do problema por parte do<br />
paciente é o primeiro passo para a<br />
recuperação total?<br />
Tendo consciência das dificuldades<br />
e adversidades que a toxicodependência<br />
e to<strong>dos</strong> os problemas que<br />
lhe estão associa<strong>dos</strong> causam, cabe-<br />
-nos, a to<strong>dos</strong>, promover um esforço<br />
contínuo na procura das melhores<br />
soluções, com o envolvimento permanente<br />
de to<strong>dos</strong> os intervenientes.<br />
É fundamental a aproximação e<br />
Equipa da Associação Minha Casa<br />
a intervenção da família ao longo do<br />
processo terapêutico, pois a experiência<br />
partilhada permite o fortalecimento<br />
e consolidação do próprio<br />
processo. A intervenção da família<br />
condiciona o sucesso do tratamento<br />
é a própria motivação do toxicodependente<br />
para resolver o seu problema.<br />
Assim, são organizadas periodicamente<br />
as “ portas abertas”,<br />
dia de reunião com a equipa técnica<br />
e as famílias, num espaço de partilha<br />
e onde se apontam formas e<br />
estratégias para melhorar as redes<br />
de comunicação, dotar a família de<br />
competências que favoreçam o processo<br />
de reabilitação/ reinserção<br />
da pessoa, motivar a família para<br />
que se envolva e responsabilize no<br />
processo de reabilitação. Da mesma<br />
forma que constituem ocasiões fundamentais<br />
para avançar uma relação<br />
de confiança entre o terapeuta,<br />
a família e o toxicodependente.<br />
Quais as principais prioridades da<br />
Associação Minha Casa para o futuro?<br />
As prioridades da Associação centrar-se-ão<br />
nas necessidades de intensificar,<br />
ampliar e diversificar as<br />
acções orientadas para prevenção,<br />
promoção da saúde, formação profissional<br />
e reinserção social.<br />
LER NA ÍNTEGRA EM<br />
WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT
DEPENDÊNCIAS<br />
Clínica Senhor da Serra em destaque<br />
UM FIM, UM RECOMEÇO…<br />
Para quem tem um problema com drogas e/ou álcool, apresentamos de seguida<br />
a Clínica Senhor da Serra, uma unidade privada de saúde de referência<br />
no país, quer pela eficiência e eficácia da utilização <strong>dos</strong> recursos, quer pela<br />
qualidade técnica e humana <strong>dos</strong> seus profissionais. A Revista Pontos de Vista<br />
conversou com Carlos Alcântara, Administrador da Clínica Senhor da Serra<br />
(CSS) e com Domingos Neto, Coordenador do Programa Desabituação/Reabilitação<br />
de Dependência de Álcool e Drogas da CSS, que nos apresentaram as<br />
mais-valias deste espaço bem como <strong>dos</strong> tratamentos e procedimentos efectua<strong>dos</strong><br />
no tratamento de reabilitação de comportamentos aditivos.<br />
Quando foi edificada a Clínica Senhor<br />
da Serra e de que forma proporciona<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde diferencia<strong>dos</strong><br />
e apropria<strong>dos</strong> ao utente?<br />
Carlos Alcântara (CA) - Desde a sua<br />
fundação em 1962, a CSS congregou<br />
sócios e colaboradores, prestigia<strong>dos</strong><br />
psiquiatras, enfermeiros e<br />
profissionais de saúde de reconhecida<br />
competência no meio. A estrita<br />
observância da satisfação <strong>dos</strong><br />
padrões de qualidade previamente<br />
defini<strong>dos</strong> faz com que a CSS possua<br />
uma estrutura multidisciplinar<br />
(Médicos, equipa de Enfermagem,<br />
Serviços Farmacêuticos e Serviços<br />
de Psicologia Clínica), composta<br />
por profissionais com elevada competência,<br />
vocaciona<strong>dos</strong> e orienta<strong>dos</strong><br />
para prestar cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />
diferencia<strong>dos</strong>, com eficiência e qualidade,<br />
de forma a servir melhor o<br />
utente através de um acompanhamento<br />
personalizado desde o seu<br />
primeiro contacto no tratamento ao<br />
acompanhamento em ambulatório<br />
e pós alta.<br />
Que tipo de tratamentos existem na<br />
área das dependências na CSS?<br />
CA - A CSS possui um programa de<br />
desintoxicação de dependência de<br />
álcool e drogas com a duração de 5<br />
a 7 dias em regime de internamento.<br />
Este programa permite efectuar<br />
uma desintoxicação física indolor<br />
baseada no método tradicional por<br />
via medicamentosa. Após a conclusão<br />
deste processo. O utente, está<br />
fisicamente liberto da substância<br />
consumida, e preparado para iniciar<br />
a recuperação/reabilitação a<br />
nível bio-psico-social. Após esta<br />
fase, o utente, com base num parecer<br />
médico, poderá ser encaminhado<br />
para um tratamento de média<br />
ou longa duração noutra instituição<br />
(comunidade terapêutica) ou<br />
seguido em regime de ambulatório<br />
pelos técnicos da Clínica em horário<br />
pós-laboral. A crescente vontade<br />
manifestada pelos utentes, em<br />
continuar o tratamento na Clínica<br />
Senhor da Serra, pelo conforto das<br />
instalações, pelo profissionalismo<br />
<strong>dos</strong> técnicos e pela falta de tempo<br />
para programas de longa duração,<br />
levou a CSS, conjuntamente com<br />
Domingos Neto, a desenvolver um<br />
programa de internamento psicoterapêutico<br />
de álcool e drogas que<br />
fosse ao encontro das necessidades<br />
manifestadas. Assim, foi desenvolvido<br />
o Programa de Desabituação/<br />
Reabilitação de Dependência de Álcool<br />
e Drogas que permite conciliar,<br />
no mesmo tratamento, a desintoxicação<br />
física e a reabilitação Psico-<br />
-social, através de uma intervenção<br />
intensiva num período aproximado<br />
entre 21 a 28 dias.<br />
Como se realiza o tratamento de toxicodependência<br />
e ou alcoolismo na<br />
CSS?<br />
Domingos Neto - O modelo terapêutico<br />
do tratamento é uma adaptação<br />
do Modelo Minnesota que<br />
inclui psicoterapia emocional. Este<br />
pretende criar um novo projecto de<br />
vida, feliz e saudável, com abstinência<br />
total de dependências e recurso<br />
a movimentos de auto-ajuda. O tratamento<br />
funciona de acordo com<br />
três áreas de intervenção:<br />
Área médica, em que os profissionais<br />
médicos se ocupam do tratamento<br />
medicamentoso e da desintoxicação<br />
física do álcool e drogas.<br />
Netse caso, os médicos estão em<br />
presença por um período adequado<br />
durante cinco ou seis dias por<br />
semana, ficando em regime de contacto<br />
nos intervalos; Área de enfermagem,<br />
com uma equipa de serviço<br />
24 horas por dia; Área Psicossocial<br />
que se ocupa das actividades terapêuticas<br />
do internamento nomea-<br />
damente na realização e orientação<br />
<strong>dos</strong> grupos terapêuticos, psicoterapia<br />
emocional de grupo, palestras<br />
educativas, leituras e trabalhos terapêuticos,<br />
conferências e sessões<br />
de informação com famílias e sessões<br />
de relaxamento. O programa<br />
prevê também o acompanhamento<br />
e transporte às reuniões de alcoólicos<br />
e narcóticos anónimos. Após<br />
o período de internamento o percurso<br />
terapêutico tem continuidade<br />
através do Programa de Prevenção<br />
de Recaídas, com uma duração mínima<br />
de seis meses, podendo ir até<br />
dois anos. Esta fase do tratamento<br />
pretende dar continuidade e consistência<br />
ao trabalho de recuperação<br />
iniciado no internamento em<br />
ambiente de dia a dia, através de<br />
um acompanhamento em consultas<br />
regulares, grupos pós alta, grupos<br />
de auto-ajuda e toma medicamentosa<br />
com supervisão.<br />
15 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
ENFERMEIROS – QUE FUTURO<br />
Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros,<br />
afirma<br />
“ACREDITO NO VALOR DOS<br />
ENFERMEIROS”<br />
É incontornável. Quando abordamos a temática do estado do sector <strong>dos</strong> enfermeiros temos necessariamente que fazer um ligeiro périplo<br />
sobre o estado da saúde em Portugal, até porque esta deve ser não apenas uma reflexão política, mas também uma meditação de to<strong>dos</strong> para<br />
to<strong>dos</strong>, para que as actuais e as futuras gerações possam ter direito a um sistema de saúde mais eficaz, justo e humano, onde os enfermeiros<br />
têm e terão um papel fundamental.<br />
A<br />
política da Saúde que a<br />
nossa lei decreta de acordo<br />
com o princípio constitucional<br />
obriga o Estado<br />
a promover e garantir o acesso<br />
de to<strong>dos</strong> os cidadãos aos cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde, concebendo um serviço<br />
universal, geral e tendencialmente<br />
gratuito.<br />
A Enfermagem e os seus profissionais<br />
olham as pessoas como seres<br />
totais, indivíduos que possuem<br />
família, cultura, um passado, presente<br />
e futuro, bem como valores e<br />
crenças que influenciam nas experiências<br />
de saúde e doença, sendo<br />
portanto um pilar fundamental na<br />
prossecução de cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />
de qualidade.<br />
A Revista Pontos de Vista conversou<br />
com a Bastonária da Ordem <strong>dos</strong><br />
Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa,<br />
que num estilo directo e frontal,<br />
abordou os mais diversos temas<br />
inerentes à profissão do enfermeiro,<br />
dando a conhecer as principais<br />
dificuldades com que estes profissionais<br />
se deparam em Portugal,<br />
tendo sempre como elo central do<br />
seu discurso a importância do enfermeiro<br />
no domínio <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde, lembrando que o futuro<br />
próximo augura-se repleto de vicissitudes<br />
e desafios aos quais os<br />
enfermeiros saberão dar resposta.<br />
“De facto, estou convicta que é nesta<br />
turbulência das dificuldades que<br />
se geram oportunidades e temos de<br />
ser capazes de encontrar formas de<br />
oferecer respostas eficazes. Acredito<br />
que os enfermeiros serão ca-<br />
16 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
pazes de o fazer”, afirma convicta a<br />
nossa entrevistada.<br />
Criada em 1998, a Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />
(OE) tem como principal<br />
desígnio a promoção de cuida<strong>dos</strong><br />
de Enfermagem de qualidade, e por<br />
essa razão visa garantir a regulamentação<br />
e desenvolvimento da<br />
profissão, no respeito pelos princípios<br />
da ética e deontologia profissional.<br />
Neste sentido, a forma como<br />
a OE intervém, no domínio da qualidade<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde, implica,<br />
obrigatoriamente, condições<br />
nos serviços onde os enfermeiros<br />
desenvolvem a sua actividade que<br />
garantam o respeito da dignidade<br />
profissional e da qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>.<br />
Condições melhoraram, mas…<br />
A questão que se coloca está em<br />
compreender se essas condições<br />
existem actualmente para que os<br />
profissionais de Enfermagem possam<br />
promover práticas profissionais<br />
de qualidade em prol <strong>dos</strong> cidadãos.<br />
Segundo a Bastonária da OE,<br />
é justo e meritório reconhecer-se<br />
uma clara e substancial evolução<br />
ao nível das condições das diversas<br />
unidades de saúde, embora ainda<br />
haja um longo caminho a percorrer,<br />
principalmente em determina<strong>dos</strong><br />
«nichos» do sistema de saúde que<br />
têm sido remeti<strong>dos</strong> para segundo<br />
plano na organização/estrutura do<br />
SNS (Serviço Nacional de Saúde) e<br />
que apresentam carências e lacunas<br />
bastante graves. “De facto, existem<br />
disparidades em determina<strong>dos</strong><br />
serviços de saúde, principalmente<br />
no âmbito da distribuição <strong>dos</strong> recursos<br />
disponíveis. Isto leva a que<br />
nem sempre estejam asseguradas<br />
as condições necessárias para garantir<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde provi<strong>dos</strong><br />
de segurança, continuidade e qualidade”,<br />
assegura Maria Augusta de<br />
Sousa. Esta é uma das principais<br />
preocupações no seio da OE. “Intervimos<br />
continua e seriamente pelo<br />
acompanhamento do exercício profissional<br />
juntos <strong>dos</strong> profissionais<br />
de Enfermagem e de quem tem a<br />
responsabilidade no domínio da organização<br />
da saúde”, afirma, dando<br />
a conhecer um dado relevante, ou<br />
seja, com a intervenção e a dinâmica<br />
da OE nestes assuntos, temos<br />
assistido a uma melhoria significativa<br />
em algumas situações menos<br />
positivas.<br />
“Em saúde o que não se<br />
despende hoje, gasta-se a<br />
dobrar no futuro”<br />
Em 1998, estavam inscritos na<br />
Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros cerca de<br />
34.600 enfermeiros, número que<br />
aumentou exponencialmente, rondando<br />
actualmente os cerca de 60<br />
mil. Apesar de ainda estarmos num<br />
estado longínquo do ideal ao nível<br />
do número de enfermeiros existentes<br />
no país, comparativamente com<br />
outros países congéneres europeus,<br />
é legítimo afirmar que nesta última<br />
década “tivemos um boom da oferta<br />
formativa, facto que culminou<br />
Maria Augusta de Sousa<br />
numa evolução positiva do número<br />
de enfermeiros existentes”. Apesar<br />
de tudo, o documento que aborda<br />
a temática <strong>dos</strong> recursos humanos<br />
de saúde para o Plano Nacional de<br />
Saúde 2011/2016 identifica claramente<br />
o número de enfermeiros<br />
necessários para colmatar as lacunas<br />
existentes. O cenário é portanto<br />
de escassez ao nível de enfermeiros<br />
e de desequilíbrio na dotação <strong>dos</strong><br />
recursos humanos necessários e<br />
assim “possuímos um conjunto de<br />
necessidades que continuam a não<br />
ser abrangidas ou são mesmo mal<br />
cobertas”. O cenário atrás descrito<br />
pode ser comprovado através do<br />
sistema, em termos hospitalares, de<br />
identificação das horas necessárias<br />
de cuida<strong>dos</strong> da autoria da Administração<br />
Central <strong>dos</strong> Sistemas de Saúde,<br />
onde é identificado uma escassez<br />
de cerca de 3 mil enfermeiros.<br />
Paralelamente, a reforma efectuada<br />
nos Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários<br />
“veio tornar evidente o que to<strong>dos</strong><br />
sabíamos, ou seja, uma carência<br />
enorme ao nível <strong>dos</strong> recursos humanos<br />
nestas áreas”. “Isso é o paradigma<br />
evidente do desinvestimento<br />
que está a ser perpetuado na saúde<br />
em Portugal. Se não invertermos<br />
esse cenário, existem indicadores<br />
de saúde a nível do país, classifica<strong>dos</strong><br />
a nível internacional, que sofrerão<br />
uma diminuição da qualidade”,<br />
explica a nossa entrevistada.<br />
Sabendo desta escassez de meios<br />
humanos, como se explica o facto<br />
de actualmente um número elevado<br />
de enfermeiros se encontrar no
desemprego? Para Maria Augusta<br />
de Sousa, esta incoerência apenas<br />
se explica pela ausência de uma estratégia<br />
para a saúde e por medidas<br />
meramente baseadas em situações<br />
e leituras economicistas. “Nada<br />
mais errado”, advoga, “porque em<br />
saúde o que não se despende hoje,<br />
gasta-se a dobrar no futuro. A população<br />
actual, fruto do desenvolvimento<br />
científico e tecnológico, encontra-se<br />
mais propensa a doenças<br />
crónicas, facto que obriga à existência<br />
de cuida<strong>dos</strong> de suporte permanentes<br />
e isso envolve um número<br />
e distribuição de recursos radicalmente<br />
distinto do actual. Isto leva-<br />
-nos à estupefacção quando assistimos<br />
a enfermeiros em situação de<br />
desemprego e em constantes mudanças,<br />
pois não existe actualmente<br />
uma estratégia de fixação nem uma<br />
distribuição equitativa pelo país de<br />
acordo com as reais necessidades<br />
<strong>dos</strong> cidadãos”.<br />
Reforçar o que tem vindo a<br />
evoluir<br />
Então que medidas são necessárias<br />
tomar no sentido do enfermeiro se<br />
perfilar como um «pivot» na gestão<br />
e no encaminhamento para outros<br />
profissionais nas situações que ultrapassem<br />
as suas competências?<br />
“É necessário continuar a reforçar o<br />
que tem vindo a evoluir nos últimos<br />
tempos, sendo exemplo claro desse<br />
desenvolvimento o serviço denominado<br />
por «Saúde 24». É uma resposta<br />
positiva, em que são os enfermeiros<br />
que assumem essa resposta<br />
ao cidadão e o encaminham, depois<br />
de avaliado o problema. Além disso,<br />
“temos dezenas de enfermeiros<br />
que realizam o acompanhamento<br />
sistemático de utentes acama<strong>dos</strong><br />
em suas casas, onde é possível estabelecer<br />
um plano terapêutico tanto<br />
para os cuidadores como para as<br />
pessoas que necessitam desses cuida<strong>dos</strong>”,<br />
garante a nossa interlocutora,<br />
assegurando que a existência de<br />
um plano concertado e estratégico<br />
permitiria outra vertente essencial.<br />
“Não faz sentido «obrigar» as pessoas<br />
portadoras de, por exemplo,<br />
doenças crónicas, a deslocar-se às<br />
consultas médicas apenas para renovar<br />
uma receita médica, porque<br />
quem avalia os efeitos do medicamento<br />
é o enfermeiro. É possível, no<br />
futuro, melhorarmos a acessibilidade<br />
e o conforto tanto do profissional<br />
de saúde, neste caso o enfermeiro,<br />
como da pessoa cuidada”, afirma<br />
a Bastonária da OE.<br />
Cuida<strong>dos</strong> de saúde são<br />
cuida<strong>dos</strong> médicos? “Não”<br />
O reconhecimento <strong>dos</strong> enfermeiros<br />
assume-se, para a nossa entrevistada,<br />
como uma questão sensível<br />
e de contornos relaciona<strong>dos</strong> com<br />
mudanças culturais no nosso país,<br />
embora jamais se imagine a prática<br />
de cuida<strong>dos</strong> de saúde sem a existência<br />
de enfermeiros, realidade devidamente<br />
comprovada pelo facto de<br />
estarmos perante o grupo maioritariamente<br />
presente no Sistema<br />
Nacional de Saúde e, em termos internacionais,<br />
segundo indicadores<br />
da OMS, representarem cerca de<br />
80 por cento <strong>dos</strong> profissionais de<br />
saúde.<br />
O «cerne da questão» passa por,<br />
inúmeras vezes, tanto no nosso<br />
país como em outros, relacionarmos<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde a cuida<strong>dos</strong><br />
médicos, sendo portanto usual ouvirmos<br />
regularmente notícias que<br />
abordam a escassez de médicos em<br />
Portugal, lamento que raramente se<br />
ouve relativamente a tantos outros<br />
profissionais de saúde. “É portanto<br />
este discurso fácil, na medida<br />
em que entendemos a saúde como<br />
ausência de doença, que conduz<br />
ao «alimentar» desta cultura que<br />
desvaloriza, sob o ponto de vista<br />
social, o reconhecimento que é feito.<br />
Descurar a importância da Enfermagem<br />
nos cuida<strong>dos</strong> de saúde é<br />
negar uma evidência enorme. Isto<br />
só acontece porque esta cultura é<br />
direccionada para as vertentes da<br />
consulta, transplantes, cirurgias,<br />
entre outros, e to<strong>dos</strong> sabemos que o<br />
volume <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde não<br />
passa apenas por estas questões.<br />
Continua a existir uma cultura, hoje<br />
em menor evidência, fortemente<br />
«médico-cêntrica», sendo obrigatório<br />
passarmos para outro patamar<br />
e dar o devido reconhecimento aos<br />
diversos prestadores de saúde”,<br />
lembra a nossa entrevistada.<br />
“É possível poupar na área da<br />
saúde”<br />
A distribuição <strong>dos</strong> enfermeiros em<br />
Portugal ainda é algo desequilibrada,<br />
sendo necessário criar condições<br />
para que esta problemática<br />
seja colmatada. Em conjunto com<br />
o Ministério da Saúde, a OE elaborou<br />
um documento orientador na<br />
vertente do cálculo das dotações<br />
necessárias <strong>dos</strong> enfermeiros no<br />
âmbito da tipologia <strong>dos</strong> serviços<br />
“Este documento está finalizado, do<br />
ponto de vista técnico e estamos a<br />
aguardar o aval da Ministra da Saúde,<br />
Ana Jorge, para promovermos a<br />
sua divulgação e distribuição”, refere<br />
a nossa interlocutora.<br />
Questionámos Maria Augusta de<br />
Sousa sobre se este documento seria<br />
a solução que falta? “É apenas<br />
17 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
um instrumento, embora seja uma<br />
ferramenta importante para termos<br />
uma visão do mapa de Portugal e<br />
assim termos uma perspectiva de<br />
consenso sobre o que deve ser feito<br />
ao nível da distribuição equitativa<br />
<strong>dos</strong> recursos humanos, neste caso<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros”, explica.<br />
Criticado por uns, elogiado por outros,<br />
o papel do Ministério da Saúde<br />
não tem sido pacífico. Acreditamos<br />
que o Ministério da Saúde não tem<br />
tido a força suficiente junto do Ministério<br />
das Finanças para se impor<br />
e criar condições para a existência<br />
de mais recursos na área da saúde.<br />
Um Governo não pode «olhar» para<br />
a vertente da saúde como olha para<br />
um serviço meramente administrativo,<br />
pois isso significa que não está<br />
a pensar no desenvolvimento social<br />
e do próprio país, porque quanto<br />
mais pessoas doentes tivermos,<br />
menos o país se pode desenvolver.<br />
Não podemos pactuar com a lógica<br />
de «cortes cegos» que atingem o coração<br />
do que garante o suporte <strong>dos</strong><br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde e isso é gravís-<br />
-simo para a saúde <strong>dos</strong> cidadãos”.<br />
Ainda neste âmbito, a Bastonária<br />
da OE lembra momentos em que<br />
quando foram promovidas medidas<br />
drásticas na área da saúde, “na fase<br />
seguinte foram criadas medidas<br />
excepcionais, o que ficou mais dispendioso.<br />
Cortes financeiros sim,<br />
mas com um critério definido, até<br />
porque é possível poupar na área<br />
da saúde, embora estes cortes não<br />
devam ser apenas à custa <strong>dos</strong> enfermeiros”.<br />
Modelo de Desenvolvimento<br />
Profissional<br />
Uma das primeiras discussões desde<br />
a génese da OE passou pela organização<br />
e estruturação do Modelo<br />
de Desenvolvimento Profissional<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros, principalmente<br />
no domínio de como se efectuava<br />
a transição da formação académica<br />
para a responsabilidade profissional,<br />
nunca colocando em causa<br />
a qualidade da formação de cada<br />
recém-licenciado. “A Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />
atribui dois títulos profissionais<br />
– Enfermeiro e Enfermeiro<br />
Especialista numa área clínica. O<br />
que queremos é que no futuro estes<br />
sejam atribuí<strong>dos</strong> com base num sistema<br />
de certificação de competências<br />
que e não apenas na formação<br />
graduada e pós-graduada. Ser portador<br />
de um título profissional é ser<br />
responsável, perante os cidadãos,<br />
pelas decisões que toma, com autonomia,<br />
no que aos cuida<strong>dos</strong> de enfermagem,<br />
gerais e especializa<strong>dos</strong><br />
diz respeito. É por isso que defendemos<br />
a necessidade de um sistema<br />
que permita mais segurança”.<br />
18 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
O actual modelo “permite que um<br />
jovem que termina a sua formação<br />
num dia possa estar sozinho no dia<br />
seguinte a tomar todas as decisões<br />
que decorrem das necessidades<br />
em cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem. Estes<br />
têm uma envolvente cada vez mais<br />
complexa e fazem apelo ao conhecimento,<br />
mas também à segurança<br />
da sua aplicação em situações diversificadas<br />
que se alicerçam no<br />
desenvolvimento das competências<br />
profissionais”.<br />
Segundo Maria Augusta de Sousa,<br />
o novo modelo implica, no período<br />
de um ano, o exercício da actividade<br />
profissional obrigatoriamente<br />
tutelada por um supervisor clínico.<br />
“Desta forma, o jovem enfermeiro<br />
pode consolidar as suas competências<br />
ao nível da prestação <strong>dos</strong><br />
cuida<strong>dos</strong>. Terminado esse período<br />
e avaliado positivamente, ser-lhe-á<br />
atribuído o título de Enfermeiro.<br />
“Acredito no valor <strong>dos</strong><br />
enfermeiros”<br />
2011 afigura-se como um ano difícil<br />
e repleto de vicissitudes, em to<strong>dos</strong><br />
os quadrantes da vida social e económica<br />
portuguesa, facto a que a<br />
Enfermagem não é alheia.<br />
Assim, interessa referir dois grandes<br />
desideratos desta entidade,<br />
pois é necessário que os enfermeiros<br />
sejam agentes activos “no que<br />
entendemos que deve ser o compromisso<br />
para a saúde <strong>dos</strong> cidadãos.<br />
Sobre este tema, a OE iniciará<br />
brevemente um trabalho com agentes<br />
sociais distintos, para criarmos<br />
plataformas e bases sustentadas<br />
para promovermos um papel activo<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros no domínio da<br />
saúde, pois esta questão reporta a<br />
um patamar macro que a OE deve<br />
desenvolver”, refere a nossa interlocutora.<br />
A desmotivação, as contrariedades<br />
e as dificuldades que os enfermeiros<br />
enfrentam resultam também<br />
do contexto onde estão inseri<strong>dos</strong>,<br />
embora a Bastonária da OE assegure<br />
que é necessário contrariar esse<br />
sentimento de desilusão e frustração.<br />
“Sei que não é uma tarefa fácil,<br />
mas acredito no valor <strong>dos</strong> enfermeiros<br />
para fazer face a esses desafios,<br />
mesmo com a desigualdade de tratamento<br />
diariamente sentida, onde<br />
há um sentimento de que a desvalorização<br />
de uns é feita pela valorização<br />
de outros. Estou absolutamente<br />
convicta que os enfermeiros serão<br />
capazes de encontrar respostas<br />
para que os cuida<strong>dos</strong> de saúde sejam<br />
de qualidade, em prol de to<strong>dos</strong><br />
os cidadãos”, conclui a Bastonária<br />
da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros, Maria<br />
Augusta de Sousa.<br />
OPINIÃO<br />
Porque as políticas têm a ver com a sua saúde:<br />
Dos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem e o seu valor no SNS<br />
ENF.º JACINTO OLIVEIRA,<br />
VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DA OE<br />
saúde é o bem mais precioso<br />
A para qualquer ser humano. A<br />
prestação de cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />
envolve a participação de diversos<br />
profissionais, destacando-se os enfermeiros<br />
pela presença e proximidade<br />
ao longo de todo o ciclo vital<br />
das pessoas.<br />
Em Portugal, os enfermeiros são<br />
o único grupo profissional que as<br />
pessoas encontram disponível em<br />
qualquer ponto de contacto com o<br />
Serviço Nacional de Saúde (SNS) —<br />
nos centros de saúde, hospitais, Cuida<strong>dos</strong><br />
Continua<strong>dos</strong> Integra<strong>dos</strong> e na<br />
Emergência Pré-hospitalar — mas<br />
também nas empresas, nas escolas,<br />
no domicílio <strong>dos</strong> que necessitam.<br />
Os cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem constituem<br />
a centralidade na gestão<br />
<strong>dos</strong> processos de saúde / doença<br />
que to<strong>dos</strong> vivenciamos. No entanto,<br />
pela sua natureza, nem sempre são<br />
valoriza<strong>dos</strong> na exacta dimensão do<br />
seu contributo para os resulta<strong>dos</strong><br />
em saúde, nem pela sua importância<br />
para a melhoria do estado de<br />
saúde das pessoas. O próprio financiamento<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> não reflecte<br />
esse real contributo.<br />
Hoje, há evidência disponível para<br />
afirmar que é possível prestar cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde mais custo-efectivos<br />
em Portugal, se forem aproveitadas<br />
todas as competências detidas pelos<br />
enfermeiros. Este pressuposto<br />
atinge particular importância nos<br />
Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários. Aliás,<br />
estamos convictos que a sustentabilidade<br />
do SNS dependerá, deci-<br />
sivamente, da aposta determinada<br />
nesta área de prestação de cuida<strong>dos</strong><br />
e na potenciação <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />
de Enfermagem.<br />
Actualmente, o SNS está fortemente<br />
manietado e condicionado por uma<br />
oferta medicalizada e centrada nos<br />
hospitais que urge modificar. O SNS<br />
necessita de centrar a sua oferta na<br />
promoção da saúde e na prevenção<br />
da doença, em contraponto com o<br />
que acontece hoje, em que a oferta<br />
se centra na resposta à doença.<br />
É, justamente, nesta ruptura paradigmática<br />
do SNS que os enfermeiros<br />
e os cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem<br />
assumirão um papel decisivo na<br />
construção de respostas que se adeqúem<br />
às necessidades de saúde das<br />
pessoas, próximas <strong>dos</strong> seus contextos<br />
de vida. Estamos em crer que a<br />
adequada valorização <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />
de Enfermagem acrescentará valor<br />
ao SNS, contribuindo para a sua<br />
sustentabilidade e, tão importante<br />
quanto isso, melhorará a qualidade<br />
de vida <strong>dos</strong> portugueses. Assim<br />
haja vontade e coragem política<br />
para concretizar este desiderato!
OPINIÃO<br />
Porque as políticas têm<br />
a ver com a sua saúde:<br />
Do sistema educativo – a<br />
Saúde e a Enfermagem<br />
ENF.ª TERESA OLIVEIRA MARÇAL,<br />
VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO<br />
DIRECTIVO DA OE<br />
Os cuida<strong>dos</strong> de saúde, a sua adequação,<br />
inovação e qualidade<br />
são indissociáveis de políticas de<br />
desenvolvimento integrado e sustentável,<br />
entre as quais se destacam<br />
as políticas de ensino e investigação.<br />
A consistente evolução do ensino<br />
de Enfermagem em Portugal – a<br />
sua integração no Ensino Superior;<br />
a consolidação da formação inicial,<br />
em 1999, com uma licenciatura de<br />
ciclo longo (ou seja, de 4 anos, aspecto<br />
que o processo de Bolonha<br />
não alterou); a criação de doutoramentos<br />
em Enfermagem, em quatro<br />
destacadas universidades portuguesas;<br />
a existência de unidades de<br />
investigação em Enfermagem — é,<br />
para além de marcas indeléveis das<br />
últimas décadas, avanços reconheci<strong>dos</strong><br />
internacionalmente, determinantes<br />
na relevância e adequação<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem às<br />
necessidades da sociedade. O Ensino<br />
Superior, na área da Saúde, tem<br />
de qualificar, desde a formação pré-<br />
-graduada, para um exigente, vasto<br />
e multidisciplinar campo de intervenção<br />
profissional: participação<br />
na definição das políticas globais e<br />
sectoriais; organização da intervenção<br />
em Saúde e prestação <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>.<br />
O atrás referido exige, como<br />
a OE tem vindo a defender, não só<br />
uma rede de oferta formativa mais<br />
racionalizada, como a necessidade<br />
de olhar o Ensino no domínio da<br />
Saúde de um modo mais integrado,<br />
encontrando modelos de formação,<br />
em contexto universitário, assentes<br />
em dinâmicas multidisciplinares de<br />
formação e investigação, só possível<br />
se articulado com instituições<br />
prestadoras de cuida<strong>dos</strong> de saúde e<br />
de investigação. Os doutoramentos,<br />
nomeadamente os doutoramentos<br />
clínicos, são essenciais à produção<br />
de conhecimento e orientações para<br />
as práticas de cuida<strong>dos</strong>. Correctas<br />
políticas de ensino e uma formação<br />
altamente qualificada darão suporte<br />
à valorização da intervenção <strong>dos</strong><br />
enfermeiros tanto na prestação de<br />
cuida<strong>dos</strong>, como na gestão <strong>dos</strong> serviços<br />
de saúde, como nas funções de<br />
assessoria.<br />
OPINIÃO<br />
Saiba que pode contar<br />
com os Enfermeiros pelas<br />
suas competências<br />
profissionais<br />
ENF.ª LUCÍLIA NUNES, PRESIDENTE<br />
DO CONSELHO DE ENFERMAGEM DA<br />
OE<br />
Enfermagem é uma profissão<br />
A centrada nas pessoas, assente<br />
na relação interpessoal que se<br />
estabelece entre o enfermeiro e a<br />
pessoa, a família ou o grupo – e no<br />
estabelecimento dessas relações<br />
terapêuticas, os enfermeiros procuram<br />
proteger a saúde, prevenir a<br />
doença, promover os processos de<br />
readaptação após a doença e acompanham<br />
os processos de morrer. A<br />
finalidade central da nossa acção é<br />
promover o bem-estar das pessoas,<br />
respeitando os projectos de saúde<br />
que cada pessoa tem.<br />
“Pode contar com os enfermeiros,<br />
pelas suas competências profissionais”<br />
expressa a confiança e o compromisso<br />
profissional quer <strong>dos</strong> enfermeiros<br />
de cuida<strong>dos</strong> gerais, quer<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros especialistas. Porque<br />
as competências que possuem<br />
e desenvolvem no seu quotidiano<br />
permitem mobilizar um conjunto<br />
de recursos, de conhecimentos, de<br />
diversos tipos de saberes, aptidões<br />
e atitudes para fazer face aos problemas<br />
e às necessidades de saúde<br />
que as pessoas, famílias e grupos<br />
apresentam.<br />
Os enfermeiros identificam as<br />
necessidades, diagnosticam, planeiam,<br />
realizam e avaliam sistematicamente<br />
os cuida<strong>dos</strong> que prestam,<br />
tendo em vista responder eficazmente<br />
às necessidades das pessoas<br />
e às mudanças <strong>dos</strong> contextos e situações.<br />
Considerando os contextos<br />
e a actual realidade, nos processos<br />
de prestação de cuida<strong>dos</strong>, confrontamo-nos<br />
com situações de grande<br />
complexidade, seja pelas características<br />
particulares de cada caso,<br />
seja pelo desenvolvimento científico<br />
e tecnológico e pela própria organização<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde.<br />
Pode contar com as nossas competências<br />
profissionais, visíveis<br />
nos cuida<strong>dos</strong> que prestamos, intencionais,<br />
fundamenta<strong>dos</strong> em conhecimentos,<br />
concebi<strong>dos</strong> a partir<br />
das boas práticas, imprescindíveis,<br />
às vezes feitos de gestos discretos,<br />
mas sempre dirigi<strong>dos</strong> a cuidar de Si.<br />
“Os enfermeiros identificam<br />
as necessidades,<br />
diagnosticam,<br />
planeiam, realizam<br />
e avaliam sistematicamente<br />
os cuida<strong>dos</strong><br />
que prestam, tendo<br />
em vista responder<br />
eficazmente às necessidades<br />
das pessoas<br />
e às mudanças<br />
<strong>dos</strong> contextos e situações”<br />
ENF.ª LUCÍLIA NUNES<br />
OPINIÃO<br />
Saiba que pode contar<br />
com os Enfermeiros pela<br />
sua responsabilidade<br />
deontológica<br />
ENF.º SÉRGIO DEODATO, PRESIDENTE<br />
DO CONSELHO JURISDICIONAL DA OE<br />
Os enfermeiros, enquanto profissionais<br />
do cuidado, estão sujeitos<br />
a um agir ético determinado por<br />
um conjunto de deveres deontológicos.<br />
Estes deveres assentam no<br />
respeito pelos direitos das pessoas<br />
em geral e, em particular, pelos direitos<br />
<strong>dos</strong> cidadãos que recorrem<br />
aos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />
Na origem desse agir encontra-se o<br />
direito de cada pessoa receber cuida<strong>dos</strong><br />
de Enfermagem, consagrado<br />
no Artigo 83º da lei nº 111/2009,<br />
de 16 de Setembro. É nele que se<br />
baseiam os deveres profissionais<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros, contempla<strong>dos</strong> no<br />
seu Código Deontológico. Entre eles<br />
destacamos o dever de respeitar os<br />
direitos humanos, de guardar sigilo<br />
sobre toda a informação de saúde e<br />
o dever de excelência de exercício.<br />
À Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros compete<br />
a promoção <strong>dos</strong> deveres deontológicos,<br />
no sentido de que se constituam,<br />
enquanto regras de conduta<br />
profissional, como um elemento<br />
principal para a garantia da qualidade<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />
Por tudo o que aqui foi dito, podemos<br />
afirmar que, em Portugal, os<br />
cidadãos podem ter a máxima confiança<br />
na sua relação com os enfermeiros,<br />
uma vez que a protecção<br />
<strong>dos</strong> seus direitos se encontra consagrada<br />
na ética e deontologia da<br />
profissão.<br />
19 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE<br />
A aposta na qualidade ao nível hospitalar, centros de saúde<br />
e Cuida<strong>dos</strong> Continua<strong>dos</strong><br />
qualidade em Saúde é tida actu-<br />
A almente não só como uma necessidade,<br />
mas como um imperativo,<br />
um dever das organizações, um<br />
direito <strong>dos</strong> cidadãos. Neste sentido,<br />
a qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem<br />
presta<strong>dos</strong> à população<br />
é uma das grandes preocupações<br />
da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros (OE).<br />
É nesta perspectiva que a Secção<br />
Regional da Região Autónoma <strong>dos</strong><br />
<strong>Açores</strong> da OE entende que o futuro<br />
da Enfermagem na região deverá<br />
assentar em três pilares:<br />
-Adopção de metodologias organizativas<br />
de trabalho assentes na responsabilização<br />
de um enfermeiro<br />
pelo plano de cuida<strong>dos</strong> a prestar a<br />
cada cliente/família. Em contextos<br />
hospitalares, deverá existir a figura<br />
CENTRO<br />
ENF.º MANUEL OLIVEIRA, PRESIDENTE<br />
DO CONSELHO REGIONAL DA SECÇÃO<br />
REGIONAL DO CENTRO<br />
Região Centro de Portugal –<br />
A com as suas instituições de<br />
saúde, de formação e investigação<br />
– tem-se afirmado como um pólo<br />
dinamizador do conhecimento em<br />
Saúde, fomentando muitas das dinâmicas<br />
que permitiram ao País<br />
alcançar resulta<strong>dos</strong> positivos em<br />
saúde e para os quais os enfermeiros<br />
deram um contributo muito relevante.<br />
Assumindo os sistemas de saúde<br />
como instrumentos promotores de<br />
justiça social, garantindo aos cidadãos<br />
equidade no acesso aos cuida<strong>dos</strong>,<br />
consideramos que tal desígnio<br />
só poderá ser concretizado por um<br />
Serviço Nacional de Saúde (SNS)<br />
20 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
do «Enfermeiro de Referência», que<br />
se responsabiliza pelo plano de cuida<strong>dos</strong>,<br />
desde a admissão até à alta<br />
clínica. Em contextos comunitários<br />
(Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários), a<br />
aposta é feita no «Enfermeiro de<br />
Família», que assegura a prestação<br />
de cuida<strong>dos</strong> globais a um grupo de<br />
famílias, assumindo-se, em qualquer<br />
<strong>dos</strong> dois contextos e perante<br />
o cliente, como o «seu» enfermeiro.<br />
-Implementação de programas de<br />
melhoria contínua da qualidade<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem, com<br />
produção de indicadores que dêem<br />
visibilidade ao contributo <strong>dos</strong> enfermeiros<br />
para os ganhos em Saúde<br />
da população.<br />
-Maior intervenção <strong>dos</strong> enfermeiros<br />
(reconheci<strong>dos</strong> como detento-<br />
Consigo pela Enfermagem, no Centro da qualidade<br />
sustentável, marcado por uma cultura<br />
de eficiência, políticas de accountability<br />
(prestação de contas)<br />
e de qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>. No<br />
contexto actual de crise socioeconómica<br />
e financeira, aumentarão as<br />
necessidades em cuida<strong>dos</strong>, exigindo<br />
maior investimento num cenário<br />
de menos recursos, o que implicará<br />
um maior cuidado ético nas tomadas<br />
de decisão. Será necessário<br />
conceber um modelo de respostas<br />
integradas de saúde e suporte social,<br />
em proximidade e conformidade<br />
com os padrões de qualidade e<br />
bem-estar exigi<strong>dos</strong> pela sociedade<br />
actual, sensível à evolução sócio-<br />
-demográfica da região e das necessidades<br />
em saúde – associadas aos<br />
novos padrões de morbi-mortalidade,<br />
estilos de vida, envelhecimento,<br />
índice de dependência, doença<br />
crónica, solidão, desertificação, pobreza<br />
e exclusão social. Atentos a<br />
esta realidade, os enfermeiros têm<br />
ajustado os seus percursos de desenvolvimento<br />
profissional, o que<br />
lhes permitiu serem hoje os profissionais<br />
melhor habilita<strong>dos</strong> para<br />
cuidar da pessoa nas transições ao<br />
longo do ciclo vital. Sendo o contributo<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros fulcral para a<br />
garantia das respostas em Saúde na<br />
região e no País, é indispensável a<br />
admissão de mais enfermeiros para<br />
o Centro e o seu envolvimento na<br />
concepção, implementação e gestão<br />
das políticas de saúde. No presente<br />
e no futuro, a região, os seus enfermeiros<br />
e a sua Secção Regional do<br />
AÇORES<br />
res de saberes científicos, técnicos<br />
e humanos indispensáveis a uma<br />
intervenção segura e de qualidade)<br />
na Rede de Cuida<strong>dos</strong> Continua<strong>dos</strong><br />
Integra<strong>dos</strong>, na medida em que as<br />
necessidades <strong>dos</strong> utentes aí referencia<strong>dos</strong><br />
são, predominantemente,<br />
sensíveis aos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />
Acreditamos que os enfermeiros<br />
compreenderão esta necessidade<br />
de mudança em prol <strong>dos</strong> clientes<br />
e, por isso, saberão incorporar nos<br />
seus objectivos profissionais e organizacionais<br />
as melhores práticas<br />
que subjazem a estes três eixos, respondendo<br />
a to<strong>dos</strong> os desafios que a<br />
qualidade impõe, qualquer que seja<br />
o contexto da prática clínica.<br />
Centro da OE empenhar-se-ão na liderança<br />
da construção de respostas<br />
inovadoras em Saúde, fomentando<br />
a capacidade para fixar as brilliant<br />
minds geradoras do conhecimento<br />
e inovação. Queremos contribuir<br />
ENF.º ÉLVIO JESUS, PRESIDENTE DO<br />
CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL DA<br />
SECÇÃO REGIONAL DA R. A. DA MA-<br />
DEIRA<br />
Arquipélago da Madeira, com-<br />
O posto pelas ilhas da Madeira,<br />
Porto Santo, Desertas, Selvagens e<br />
seus ilhéus, constitui uma Região<br />
Autónoma da República Portuguesa,<br />
dotada de Estatuto Político-administrativo<br />
e de órgãos de governo<br />
próprio: a Assembleia Legislativa<br />
ENF.ª MARGARIDA REGO PEREIRA,<br />
PRESIDENTE DO CONSELHO DIREC-<br />
TIVO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL<br />
DA R.A. DOS AÇORES<br />
para a construção de um futuro que<br />
permita afirmar a Região Centro<br />
como um exemplo, uma referência<br />
a nível nacional <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />
Esta é a visão do nosso<br />
projecto.<br />
MADEIRA<br />
Uma intervenção<br />
proactiva<br />
Regional e o Governo Regional.<br />
No âmbito da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />
(OE), a Região Autónoma<br />
da Madeira (RAM) constitui uma<br />
das cinco Secções Regionais que a<br />
compõem, prosseguindo as suas<br />
atribuições num contexto externo<br />
de descentralização, administrativa<br />
e política, regionais, designadamente,<br />
o poder legislativo e fiscalizador<br />
da acção governativa (Assembleia<br />
Regional - órgão representativo da<br />
população da RAM) e o Governo<br />
Regional - o órgão executivo de condução<br />
da política regional e o órgão<br />
superior da administração pública<br />
regional.<br />
Neste sentido, a Secção Regional<br />
(SR) da RAM exerce as suas competências<br />
estatutárias num ambiente<br />
de algum modo distinto das secções<br />
regionais situadas no território<br />
continental, relacionando-se directamente<br />
com os órgãos de soberania<br />
e de governo próprio da
21 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE<br />
região. Entre essas, destacamos as<br />
de representar a Ordem a nível regional,<br />
pronunciar-se sobre to<strong>dos</strong><br />
os assuntos que lhes sejam cometi<strong>dos</strong>,<br />
velar pela qualidade <strong>dos</strong> serviços<br />
de Enfermagem à população,<br />
promover as medidas que considere<br />
pertinentes, velar pela dignidade<br />
<strong>dos</strong> enfermeiros e assegurar o respeito<br />
pelos seus direitos, liberdades<br />
e garantias a nível regional. No<br />
presente mandato, a equipa dirigente<br />
<strong>dos</strong> cincos órgãos da SRRAM<br />
da OE, sob o lema “Melhor Saúde,<br />
com os Enfermeiros!”, desenvolve<br />
o programa de acção sufragado em<br />
2007 pelos enfermeiros, exercendo<br />
a sua actividade nas ilhas da Madeira<br />
e Porto Santo. Damos particular<br />
destaque à formação e ao desenvolvimento<br />
profissional, assim como à<br />
autonomia, responsabilidade e condições<br />
do exercício profissional <strong>dos</strong><br />
enfermeiros, pugnando por uma<br />
Ordem proactiva, apta a encarar o<br />
futuro, forte no cumprimento <strong>dos</strong><br />
seus desígnios!<br />
NORTE<br />
Pensar o futuro<br />
em conjunto com os<br />
enfermeiros e os cidadãos<br />
ENF.º GERMANO COUTO, PRESIDENTE<br />
DO CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL<br />
DA SECÇÃO REGIONAL DO NORTE<br />
Secção Regional do Norte<br />
A (SRN) da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />
(OE) procura, diariamente e de<br />
forma incisiva, trabalhar os eixos<br />
mais importantes da Saúde e da En-<br />
22 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
fermagem no Norte e, consequentemente,<br />
em Portugal. Exemplo disso<br />
é o contínuo acompanhamento do<br />
exercício profissional que efectuamos<br />
a diferentes tipologias de instituições<br />
de saúde (hospitais, centros<br />
de saúde, lares, entre outros), com<br />
o objectivo de proximidade com os<br />
enfermeiros e cidadãos.<br />
Durante o ano 2010 realizámos 30<br />
visitas onde pudemos constatar os<br />
diversos constrangimentos vivencia<strong>dos</strong><br />
diariamente pelos enfermeiros,<br />
verificando-se ser prevalente a<br />
existência de contextos caracteriza<strong>dos</strong><br />
por dotações inadequadas destes<br />
profissionais.<br />
Em paralelo, convive-se com a elevada<br />
taxa de desemprego que atinge<br />
a classe de Enfermagem, fruto,<br />
por um lado, de políticas de formação<br />
desajustadas do mercado de<br />
trabalho e, por outro, da não satisfação<br />
<strong>dos</strong> requisitos de recursos humanos<br />
necessários à prestação de<br />
cuida<strong>dos</strong> de saúde seguros aos cidadãos.<br />
Estima-se que só na Região<br />
Norte do País existam cerca de 29%<br />
de enfermeiros recém-licencia<strong>dos</strong><br />
desemprega<strong>dos</strong> ou a exercer uma<br />
outra profissão, os quais não são de<br />
maneira nenhuma excedentários,<br />
mas sim necessários, fazendo falta<br />
nos diversos contextos de trabalho<br />
para construir uma melhor saúde<br />
<strong>dos</strong> cidadãos. Questionamos qual<br />
será o futuro desta sociedade que<br />
hipoteca a saúde <strong>dos</strong> seus cidadãos?<br />
A intervenção regional social<br />
e política, em parceria, é também<br />
preocupação da SRN da OE.<br />
A adesão ao Fórum Regional Norte<br />
das Ordens Profissionais (FORNOP)<br />
possibilitou a integração num espaço<br />
livre de conotações político-partidárias,<br />
que privilegia o debate nas<br />
questões de índole ética e deontológica,<br />
profissional e cultural.<br />
Pensar o amanhã é uma das nossas<br />
orientações. Inscrevem-se nesta<br />
orientação vários projectos, <strong>dos</strong><br />
quais salientamos o Espaço Social<br />
do Enfermeiro do Norte, local onde<br />
os enfermeiros poderão desenvolver<br />
a sua vertente lúdica e artística,<br />
ter um espaço residencial e<br />
uma área formativa privilegiada. O<br />
futuro da sociedade portuguesa, a<br />
saúde <strong>dos</strong> cidadãos que vivem em<br />
Portugal não poderá ser a melhor<br />
sem o contributo <strong>dos</strong> enfermeiros.<br />
A Enfermagem é um pilar insubstituível<br />
na Saúde <strong>dos</strong> cidadãos.<br />
SUL<br />
Os enfermeiros são essenciais na promoção da Saúde<br />
ENFº ROGÉRIO GONÇALVES, PRESI-<br />
DENTE DO CONSELHO DIRECTIVO RE-<br />
GIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DO SUL<br />
prestação de cuida<strong>dos</strong> de saú-<br />
A de na comunidade tem sido<br />
desenvolvida pelos enfermeiros<br />
que desempenham um papel importante<br />
na promoção da saúde e<br />
na prevenção da doença. Esta área<br />
de intervenção redimensiona-se<br />
pela necessidade de dar resposta<br />
à comunidade que possuiu alguma<br />
vulnerabilidade. A prestação de cuida<strong>dos</strong><br />
realiza-se em complementaridade<br />
com outros profissionais de<br />
saúde, no entanto, os enfermeiros<br />
assumem um papel que é capaz<br />
de alicerçar a sua intervenção em<br />
práticas científicas, identificando<br />
as reais necessidades, bem como<br />
integrar a promoção da saúde e na<br />
prevenção das doenças. Por outro<br />
lado, os enfermeiros promovem a<br />
participação activa <strong>dos</strong> cidadãos<br />
nas decisões sobre a sua saúde.<br />
As Unidades de Cuida<strong>dos</strong> na Comunidade<br />
(UCC) foram criadas<br />
com o objectivo de contribuir para<br />
a melhoria do estado de saúde da<br />
população da sua área geográfica<br />
de intervenção, visando a obtenção<br />
de ganhos em Saúde. Estas mesmas<br />
unidades são coordenadas por enfermeiros,<br />
embora o trabalho seja<br />
desenvolvido por equipas multidisciplinares.<br />
Estes cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />
têm reforçado e valorizado a prática<br />
da Enfermagem na comunidade,<br />
além de que, e o mais importante,<br />
tem contribuído para melhorar o<br />
acesso das populações aos cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde. Exemplo disso mesmo é o<br />
“As Unidades de Cuida<strong>dos</strong><br />
na Comunidade (UCC) foram<br />
criadas com o objectivo<br />
de contribuir para a melhoria<br />
do estado de saúde<br />
da população da sua área<br />
geográfica de intervenção,<br />
visando a obtenção de ganhos<br />
em Saúde. Estas mesmas<br />
unidades são coordenadas<br />
por enfermeiros,<br />
embora o trabalho seja<br />
desenvolvido por equipas<br />
multidisciplinares”<br />
ENFº ROGÉRIO GONÇALVES<br />
Alentejo, em que as limitações geográficas<br />
que levam ao isolamento<br />
da população são rebatidas através<br />
<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde presta<strong>dos</strong><br />
pelos enfermeiros.<br />
A criação das UCC é uma medida<br />
que faz parte da reforma <strong>dos</strong> Cuida<strong>dos</strong><br />
de Saúde Primários e que<br />
teve um forte impacto na zona Sul<br />
do País, tendo em conta o número<br />
de unidades criadas durante 2010.<br />
Os números do Ministério da Saúde<br />
revelam que na Região de Lisboa e<br />
Vale do Tejo, foram criadas 22 UCC,<br />
no Alentejo 6 e no Algarve 7, o que<br />
contabiliza no total 35 unidades.<br />
Podemos então concluir que as UCC<br />
são encaradas com optimismo e são<br />
de facto necessárias porque trazem<br />
mais ganhos para os utentes. Estas<br />
mesmas unidades assentam no<br />
princípio da proximidade, principio<br />
esse que é assegurado pelos enfermeiros.
SUITE RESORT MONTE SANTO APRESENTA SUGESTÕES<br />
ÚNICAS PARA UM INESQUECÍVEL DIA DOS NAMORADOS<br />
Neste Dia de São Valentim, surpreenda a sua<br />
cara-metade com um presente irresistível. Por<br />
apenas €155 por Casal, a sugestão é desfrutar<br />
de uma noite numa luxuosa Suite no Monte<br />
Santo no Carvoeiro, onde não faltará o acolhimento<br />
VIP com champanhe no quarto, entre<br />
outros mimos.<br />
UMA NOITE DE LUXO COM JANTAR<br />
GOURMET NO ALGARVE<br />
Para iniciar a experiência a dois, o Chef do Restaurante<br />
Club House – o restaurante deste resort<br />
de cinco estrelas algarvio - preparou um<br />
tentador jantar gourmet de três pratos servido<br />
à luz das velas que promete aquecer os corações:<br />
peito de frango com espuma parmesão<br />
sobre mini croquete de presunto, tamboril em<br />
rolo de finas ervas com batatinha nova e legumes<br />
da época, supremo de pintada com abóbora<br />
assada sobre migas de tomate.<br />
Para sobremesa, mousse de chocolate negro e<br />
coco com figo seco em brigadeiro e espuma de<br />
morango.<br />
PROPOSTA INCLUI JANTAR GOURMET E<br />
PEQUENO-ALMOÇO SERVIDO NA SUITE<br />
ENTRE OUTROS MIMOS PARA OS CASAIS<br />
APAIXONADOS<br />
O programa “Dia <strong>dos</strong> Namora<strong>dos</strong> no Monte<br />
Santo”, é válido para qualquer dia entre 10<br />
e 15 de Fevereiro e inclui uma noite de alojamento<br />
numa Luxuosa Suite de um quarto<br />
com 65 m2, totalmente equipada com os<br />
mais eleva<strong>dos</strong> padrões de qualidade; tratamento<br />
VIP à chegada com champanhe e<br />
banheira de hidromassagem com sais de<br />
banho, serviço de abertura de cama, roupões<br />
e um late-check out até às 18:00h para<br />
prolongar o romance. O jantar gourmet com<br />
três pratos e bebidas incluídas e o pequeno-<br />
-almoço continental servido na Suite para<br />
um início perfeito de dia a dois, fazem igualmente<br />
parte da oferta. Também contemplado<br />
o acesso gratuito ao Wellness Centre<br />
e equipamentos fitness do resort: ginásio,<br />
campo de ténis, piscina interior aquecida,<br />
sauna, banho Turco, jacuzzis, solário natural<br />
e piscinas exteriores.<br />
Se as condições climatéricas o permitirem,<br />
os casais românticos poderão ainda usufruir<br />
gratuitamente <strong>dos</strong> jacuzzis nas Açoteias e<br />
admirar o mar no limiar do horizonte.<br />
NOITE DE 14 DE FEVEREIRO COM<br />
BALADAS ROMÂNTICAS AO VIVO<br />
Quem preferir, poderá optar somente<br />
pelo “Jantar Romântico a Dois” na noite<br />
de 14 de Fevereiro, no ambiente intimista<br />
e mágico do Restaurante Club House, ao<br />
som da música ao vivo de Ricardo Sousa,<br />
vencedor do programa televisivo “Chuva<br />
de Estrelas”. O valor por Casal é de €80<br />
e aos primeiros cinco casais que reservarem<br />
o “Jantar Romântico a Dois”, será oferecida<br />
a noite de alojamento de 14 para<br />
15 de Fevereiro.<br />
Tudo pensado para que os casais enamora<strong>dos</strong><br />
tenham um Dia de S. Valentim inesquecível.<br />
Este ano, a proposta é mostrar<br />
todo o seu Amor no Suite Resort Monte<br />
Santo. Vale a pena surpreender a cara-<br />
-metade com qualquer uma destas sugestões!<br />
Mais informações e reservas através do<br />
Tm. 91 2175661, e-mail info.montesanto@imocom-grupo.com,<br />
website www.<br />
montesantoalgarve.com.<br />
Mencione “Pontos de Vista” no acto da reserva e beneficie de 15% de desconto na pacote Dia <strong>dos</strong> Namora<strong>dos</strong> ou no<br />
“Jantar Romântico a Dois”. Não acumulável com outras ofertas/promoções em vigor. Sujeito a confirmação de disponibilidade.<br />
Info.montesanto@imocom-grupo.com | www.montesantoalgarve.com | Tm. 91 2175661<br />
23 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
RESIDÊNCIAS MONTEPIO<br />
José Trasancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA afirma<br />
“SOMOS LÍDERES DO SECTOR<br />
DA TERCEIRA IDADE EM PORTUGAL”<br />
José Trasancos,<br />
Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA<br />
“Parece evidente que os nossos projectos estão acima da média de<br />
qualidade das unidades em funcionamento, o que, em si mesmo, trata-se<br />
de uma mais-valia para os potenciais utilizadores”, afirma José<br />
Transancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de<br />
Saúde, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde deu a conhecer<br />
as potencialidades <strong>dos</strong> espaços «made in» Grupo Montepio,<br />
assentes em pilares como a excelência e a qualidade, como se de um<br />
lar incrustado numa unidade hoteleira se tratasse.<br />
24 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
As Residências Montepio - Serviços<br />
de Saúde SA, do Grupo Montepio assumem-se<br />
hoje como espaços de referência<br />
ao nível do apoio à terceira<br />
idade. Qual a filosofia que tem sido<br />
colocada em prática para que os «residentes»<br />
destes espaços tenham as<br />
melhores comodidades?<br />
A nossa filosofia é muito simples,<br />
está baseada em três pilares básicos:<br />
boas localizações, nos núcleos<br />
urbanos das grandes cidades, uma<br />
boa e funcional distribuição <strong>dos</strong> espaços<br />
interiores das residências e<br />
procedimentos próprios para todas<br />
as actividades a desenvolver nas<br />
unidades, com formação continuada<br />
para o pessoal.<br />
O plano de edificação e expansão das<br />
Residências Montepio – Serviços de<br />
Saúde SA iniciou-se em 2008, existindo<br />
actualmente sete espaços com a<br />
chancela Montepio: Breiner no Porto,<br />
Vila Nova de Gaia, Coimbra, Parede,<br />
Montijo, Montepio Expo e Braga.<br />
Quais foram os principais desideratos<br />
na criação destes espaços?<br />
Na realidade neste momento temos<br />
cinco unidades em funcionamento,<br />
pois tivemos alguma alteração sobre<br />
os planos iniciais, fundamentalmente<br />
no relativo ao projecto da<br />
Expo, que neste momento encontra-se<br />
suspenso, e que substituímos<br />
por um projecto de ampliação da<br />
residência da Parede, com mais 60<br />
suites, e um projecto de Cuida<strong>dos</strong><br />
Continua<strong>dos</strong> no centro de Lisboa,<br />
em Benfica. A residência de Braga,<br />
estamos confiantes que será inaugurada<br />
no primeiro semestre do<br />
ano 2012.<br />
Como é que descreveria e caracterizaria<br />
as Residências Montepio existentes?<br />
Na sua opinião quais são as<br />
mais-valias deste projecto e de que<br />
forma pode fomentar uma melhoria<br />
concreta da oferta existente neste<br />
sector?<br />
Não pretendemos ser arrogantes,<br />
mas parece evidente que os nossos<br />
projectos estão acima da média de<br />
qualidade das unidades em funcionamento,<br />
o que, em si mesmo,<br />
trata-se de uma mais-valia para os<br />
potenciais utilizadores, pois pelo<br />
mesmo preço podem optar por um<br />
empreendimento de maior qualidade<br />
e com mais e melhores serviços,<br />
o que, sem dúvida, irá obrigar a<br />
concorrência a aumentar a qualidade<br />
<strong>dos</strong> seus serviços, e portanto, os<br />
utentes terão mais oferta de qualidade.<br />
Dois anos depois do início deste trajecto,<br />
qual o balanço que pode ser realizado<br />
ao nível das sete Residências<br />
Montepio – Serviços de Saúde SA?<br />
Superou as suas expectativas? Que<br />
lacunas ainda são identificadas?<br />
O projecto já tem praticamente cinco<br />
anos, ainda que certamente a<br />
nossa primeira unidade apenas tenha<br />
dois anos e meio de vida. O balanço<br />
das Residências não pode ser<br />
mais positivo, cada uma das unidades,<br />
depois do seu primeiro ano de<br />
funcionamento, encontram-se com<br />
uma taxa de ocupação do cem por<br />
cento. A nossa ultima unidade inaugurada<br />
na Parede (Cascais) já esta,<br />
após três meses de actividade, nos<br />
50 por cento da taxa de ocupação,<br />
isto tendo em conta que, como o<br />
resto das nossas residências, o número<br />
de camas está acima das 110<br />
camas.<br />
A aposta nestes sete projectos obedeceu<br />
a um investimento na ordem<br />
<strong>dos</strong> 55 milhões de euros, sendo uma<br />
aposta de enorme envergadura económica<br />
e financeira. Em função <strong>dos</strong><br />
resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nas primeiras<br />
residências, existe a possibilidade<br />
de alargar o número de residências<br />
assistidas a outras zonas do país? Se<br />
sim, qual será a localização e os timings<br />
previstos para as mesmas?<br />
As Residências Montepio pretendem<br />
ser identificadas com a cobertura<br />
de qualidade, de qualquer<br />
necessidade no âmbito do sector da<br />
terceira idade em Portugal. Assim,<br />
a ideia é alargar o número de unidades,<br />
numa segunda fase, a outros<br />
locais de Portugal. Naturalmente<br />
ainda não o posso revelar.
“A maior honra que eu posso ter como gestor, foi ter tido a sorte de encontrar grandes profissionais e grandes pessoas,<br />
quer nos diferentes departamentos da empresa, quer na direcção das unidades, To<strong>dos</strong> eles, além da sua capacidade<br />
técnica, têm uma grande vocação de ajuda aos i<strong>dos</strong>os, e assim, a excelência <strong>dos</strong> serviços resulta sendo mais fácil de<br />
implementar”<br />
A Residência Montepio – Serviços<br />
de Saúde SA tem como principal fito<br />
centrar a sua acção no cuidado com<br />
cada utente. De que forma é que têm<br />
vindo a favorecer a integração <strong>dos</strong><br />
utentes no seu meio e consequentemente<br />
na comunidade da vida da<br />
Residência?<br />
Para nós o fundamento <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />
a prestar baseia-se no entendimento<br />
de cada utente como uma<br />
pessoa individual, com um conjunto<br />
de necessidades próprias que temos<br />
que conseguir identificar rapidamente<br />
e estabelecer um conjunto<br />
de cuida<strong>dos</strong> individualiza<strong>dos</strong>, não<br />
apenas desde o ponto de vista da<br />
saúde ou actividades de lazer, mas<br />
também de integração das suas famílias<br />
nas nossas unidades, com o<br />
intuito de tentar conseguir criar pequenas<br />
sociedades dentro de cada<br />
uma das nossas unidades. Sempre<br />
no mais estrito respeito à individualidade<br />
das pessoas.<br />
Qual a taxa de ocupação registada<br />
actualmente nas Residências Montepio?<br />
São taxas de ocupação que superam<br />
as vossas expectativas?<br />
Como já foi referido anteriormente,<br />
a nossa taxa de ocupação é do cem<br />
por cento, após um ano de funcionamento<br />
de cada unidade, o que<br />
nos deixa muito satisfeitos, pois<br />
entendemos estas taxas como o<br />
resultado do serviço de qualidade<br />
prestado to<strong>dos</strong> os dias do ano, nas<br />
24 horas do dia, e onde os utentes<br />
podem sair a qualquer altura da<br />
unidade se não estiverem de acordo<br />
com os serviços recebi<strong>dos</strong> ou fazer<br />
uma outra escolha de unidade que<br />
possa responder às suas expectativas.<br />
Felizmente isto não esta<br />
a acontecer nas nossas unidades,<br />
sem dúvida pelo grande e esforçado<br />
trabalho realizado pelas equipas<br />
das mesmas com os directores na<br />
liderança.<br />
O que diferencia o Grupo Montepio<br />
de outros grupos económicos que estão<br />
nesta indústria, nomeadamente<br />
ao nível de responsabilidade social?<br />
Existem programas específicos para<br />
utentes com carências económicas?<br />
O projecto tem a marca da segurança<br />
e do conforto, e constitui uma<br />
aposta forte na área<br />
da saúde que, porventura, virá a<br />
emparelhar em prestígio com a área<br />
da Previdência, de que o Montepio,<br />
como mutualidade já goza. No âmbito<br />
da responsabilidade social as<br />
Residências Montepio contam com<br />
acor<strong>dos</strong> de cessão de camas de forma<br />
gratuita para utentes reencaminha<strong>dos</strong><br />
por diferentes Fundações,<br />
protocolo de cessão de camas com<br />
50 por cento de desconto com algumas<br />
Câmaras Municipais onde estão<br />
situadas as nossas residências<br />
e oferta de terminais gratuitas de<br />
tele-assistência a algumas outras<br />
IPSS.<br />
Além do citado, o Grupo Montepio<br />
pretende ir de encontro das necessidades<br />
da população relativamente<br />
aos cuida<strong>dos</strong> continua<strong>dos</strong>. Por<br />
esta razão, a maioria das nossas residências<br />
estão preparadas para o<br />
acolhimento de pessoas necessitadas<br />
destes cuida<strong>dos</strong> e, deste modo,<br />
um grande número de pessoas com<br />
carências económicas poderão usufruir<br />
<strong>dos</strong> nossos serviços através<br />
de parcerias com o Estado, tendo<br />
em conta os projectos disponíveis e<br />
mobilizáveis.<br />
Quais os serviços ofereci<strong>dos</strong> pela Residências<br />
Montepio que têm regista-<br />
as nossas residências estão<br />
situadas em núcleos<br />
urbanos, com boas comunicações<br />
e transportes,<br />
obviamente a maior<br />
razão para isto é facilitar<br />
o acesso das famílias<br />
às unidades apara<br />
o contacto diário com os<br />
residentes”<br />
do maior procura? A tele-assistência<br />
tem sido bem aceite pelos utentes<br />
seniores? Quais as mais-valias da<br />
mesma?<br />
O nosso produto base são as residências,<br />
mas estamos a comercializar<br />
um cartão com serviços de<br />
saúde e sociais, que está a ter um<br />
sucesso espectacular, chamado Vitalidade<br />
+, onde além de serviços<br />
de apoio domiciliário, médicos de<br />
urgência ao domicílio, fisioterapeutas<br />
e enfermeiros gratuitos também<br />
no domicílio, ajudas técnicas e tele-<br />
-assistência. Iincorporamos, desde<br />
Fevereiro, dois novos serviços em<br />
exclusiva para os aderentes aos<br />
nossos cartões Vitalidade + das residências<br />
Montepio, que são a comparticipação<br />
das Residências Montepio<br />
na compra de medicamentos<br />
e consultas nas farmácias do grupo<br />
Holon, que conta com cerca de 160<br />
farmácias em Portugal, e o serviço<br />
de segunda opinião médica e tratamento<br />
de doenças graves, com a<br />
possibilidade de receber tratamento<br />
nos melhores hospitais do mundo<br />
com os melhores médicos especialistas<br />
do mundo por um preço de<br />
adesão inacreditável.<br />
25 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
RESIDÊNCIAS MONTEPIO<br />
O envelhecimento populacional assume-se<br />
como uma realidade actual<br />
que atinge Portugal, sendo necessário<br />
que se comecem a obter soluções<br />
e respostas para que o público mais<br />
i<strong>dos</strong>o seja tratado com a dignidade<br />
que merece. De que forma é que este<br />
conceito criado pelas Residências<br />
Montepio – Serviços de Saúde vem<br />
desmistificar o cenário protagonizado<br />
por alguns lares dispersos pelo<br />
país, que são apenas considera<strong>dos</strong><br />
«depósitos de i<strong>dos</strong>os»?<br />
Se o envelhecimento é uma decorrência<br />
própria da vida, já o envelhecimento<br />
sustentado, isto é, da<br />
pessoa humana em estado de saúde<br />
e de um mínimo de independência<br />
económica, é um direito que deve<br />
ser garantido a qualquer cidadão,<br />
no reconhecimento da sua liberdade<br />
e dignidade. Só pode ter sido<br />
essa a filosofia que esteve subjacente<br />
à ideia do projecto das Residências<br />
Montepio, cujo conceito de<br />
serviço, na excelência da qualidade,<br />
do atendimento e do conforto, é o<br />
de um lar incrustado numa unidade<br />
hoteleira.<br />
A vertente económica e financeira<br />
apresenta-se como um factor de escolha<br />
preponderante por parte <strong>dos</strong><br />
i<strong>dos</strong>os e das suas famílias. Do ponto<br />
de vista financeiro considera que os<br />
valores pedi<strong>dos</strong> são acessíveis e que<br />
se baseiam pelo binómio qualidade/<br />
preço aquando do acesso às Residências<br />
Montepio?<br />
A oferta de um serviço de excelente<br />
qualidade, mas mais acessível<br />
do que os similares existentes no<br />
mercado, é próprio da responsabilidade<br />
social de uma instituição que<br />
não tem o lucro por objectivo e na<br />
qual o ideal da fraternidade implica,<br />
necessariamente, a solidariedade<br />
social e a afectividade. Os preços,<br />
que as Residências Montepio estão<br />
a praticar, são em média de 1700<br />
euros mensais, muito abaixo <strong>dos</strong><br />
preços pratica<strong>dos</strong> no mercado em<br />
unidades com uma qualidade e uma<br />
gama de serviços muito longe <strong>dos</strong><br />
que oferece as Residências Montepio.<br />
As Residências Montepio estão abertas<br />
ao público em geral ou estão<br />
apenas limitadas a associa<strong>dos</strong> ou<br />
clientes do Montepio? Ainda existe<br />
alguma desinformação relativamente<br />
a esta temática?<br />
As nossas residências não estão<br />
limitadas apenas a servir os associa<strong>dos</strong><br />
e clientes da instituição<br />
Montepio, pois estão abertas à ge-<br />
26 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
“Se o envelhecimento é uma decorrência própria da vida,<br />
já o envelhecimento sustentado, isto é, da pessoa humana<br />
em estado de saúde e de um mínimo de independência<br />
económica, é um direito que deve ser garantido a qualquer<br />
cidadão, no reconhecimento da sua liberdade e dignidade”<br />
neralidade <strong>dos</strong> cidadãos mais velhos<br />
que, dispondo de rendimento<br />
adequado à satisfação das suas necessidades<br />
básicas, tais como habitação,<br />
alimentação, higiene, cuida<strong>dos</strong><br />
médicos e actividades lúdicas,<br />
poderão viver melhor os anos de<br />
vida que ganharam.<br />
A sociedade contemporânea é hoje<br />
«vivida» a um ritmo alucinante pelas<br />
famílias, facto que as leva a abdicar<br />
da presença com as suas famílias.<br />
Qual a importância da família<br />
no conceito implementado pelas Residências<br />
Montepio?<br />
Como já é conhecido toda as nossas<br />
residências estão situadas em<br />
núcleos urbanos, com boas comunicações<br />
e transportes, obviamente<br />
a maior razão para isto é facilitar<br />
o acesso das famílias às unidades<br />
apara o contacto diário com os residentes.<br />
Embora as infra-estruturas sejam<br />
absolutamente fundamentais na<br />
prestação de serviços de qualidade<br />
e excelência, é importante realçar<br />
a vertente <strong>dos</strong> recursos humanos.<br />
Neste sentido que preocupação tem<br />
a equipa de gestão ao nível da contratação<br />
de pessoal técnico?<br />
To<strong>dos</strong> os aspectos revela<strong>dos</strong> nesta<br />
entrevista seriam impossíveis sem<br />
uma grande equipa de profissionais,<br />
assim, a maior honra que eu<br />
posso ter como gestor, foi ter tido<br />
a sorte de encontrar grandes profissionais<br />
e grandes pessoas, quer<br />
nos diferentes departamentos da<br />
empresa, quer na direcção das unidades,<br />
To<strong>dos</strong> eles, além da sua capacidade<br />
técnica, têm uma grande<br />
vocação de ajuda aos i<strong>dos</strong>os, e assim,<br />
a excelência <strong>dos</strong> serviços resul-
ta sendo mais fácil de implementar.<br />
A finalizar, que desafios se colocam<br />
de futuro às Residências Montepio –<br />
Serviços de Saúde SA?<br />
Neste momento as Residências<br />
Montepio são os líderes do sector<br />
da terceira idade em Portugal por<br />
volume de camas, quer de utentes<br />
priva<strong>dos</strong>, quer de camas de Cuida<strong>dos</strong><br />
Continua<strong>dos</strong>, e julgo que também<br />
são reconhecidas pela qualidade<br />
<strong>dos</strong> serviços que oferece.<br />
Eu seria capaz de resumir os nossos<br />
desafios em apenas um ponto, embora<br />
reconheço que extremamente<br />
ambicioso, que seria conseguir que<br />
qualquer cidadão português que<br />
tivesse uma necessidade no âmbito<br />
da saúde social, identificara as<br />
Residências Montepio como a instituição<br />
capaz de lhe dar a melhor<br />
solução.<br />
Aproveito a amabilidade da publicação<br />
para convidar a to<strong>dos</strong> os leitores<br />
a conhecer a nossa nova residência<br />
de Parede (Cascais), mesmo<br />
frente ao mar para o que podem<br />
contactar ao número de telefone<br />
214 589 410.<br />
“As Residências Montepio pretendem ser identificadas<br />
com a cobertura de qualidade, de qualquer necessidade<br />
no âmbito do sector da terceira idade em Portugal”<br />
27 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
PME - LÍDER<br />
A MARCA DA ILUMINAÇÃO LED<br />
A Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer a ARQUILED, empresa já galardoada como PME Líder por duas vezes e que centra a sua actividade<br />
na área da iluminação arquitectural e que está em grande expansão sendo mesmo uma das empresas de referência na sua actividade<br />
tento em Portugal, como no estrangeiro, batendo-se ao mesmo nível que as maiores entidades europeias e mundiais do sector. Em entrevista,<br />
Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED traça o caminho a percorrer por esta entidade que se quer afirmar entre os melhores no seu campo<br />
de actuação.<br />
A<br />
ARQUILED foi fundada<br />
em 2005 impulsionada<br />
pelo desenvolvimento de<br />
soluções técnicas para o<br />
Casino Lisboa, nomeadamente a<br />
iluminação e motorização cénica.<br />
A sua actividade centra-se na área<br />
da iluminação arquitectural, com<br />
especial incidência na aplicação da<br />
tecnologia LED (Light Emitting Diode),<br />
com todas as suas potencialidades<br />
de evolução e inovação que a<br />
caracterizam. Foi muito importante<br />
e, mesmo determinante, para o seu<br />
aparecimento no mercado, o grande<br />
apoio e entusiasmo de empresas<br />
conceituadas, tais como a CLIMAR<br />
e a OSVALDO MATOS. Em conjunto<br />
com estas empresas foi criado o<br />
GRUPO IACOM, o maior grupo da<br />
área de iluminação em Portugal,<br />
de forma a dar resposta às necessidades<br />
do mercado, conforme nos<br />
explicou Rafael Santos: “Quando<br />
28 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
concluímos a obra do Casino Lisboa<br />
verificamos que acabávamos de<br />
terminar a maior obra baseada em<br />
tecnologia LED efectuada em Portugal,<br />
contendo um milhão e 200 mil<br />
LED’s. Nesta altura, a ARQUILED<br />
era apenas uma marca e foi aí que<br />
percebemos que havia um potencial<br />
enorme para se iniciar uma empresa<br />
e então nasceu a ARQUILED<br />
como empresa em 2005 e no final<br />
do ano seguinte surge o GRUPO IA-<br />
COM , que, hoje é um grupo de promoção<br />
de três marcas: a ARQUILED,<br />
a ARQUISERVICE e a QUADRANT”.<br />
Após a criação da empresa até aos<br />
primeiros resulta<strong>dos</strong> positivos surgirem<br />
pouco passou, uma vez que<br />
a ARQUILED inovou o mercado em<br />
Portugal ao implementar o conceito<br />
de Light Designer, que efectua o tratamento<br />
<strong>dos</strong> espaços através da luz,<br />
o que despertou enorme interesse<br />
por parte <strong>dos</strong> arquitectos, confor-<br />
Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED<br />
“Ao introduzir este conceito, viemos embelezar<br />
os projectos <strong>dos</strong> arquitectos em<br />
termos de iluminação, o que transforma<br />
completamente os espaços.<br />
Assim, a ARQUILED passou a ser consultor<br />
de iluminação que ajuda a personalizar um<br />
espaço, seja ele qual for, desde um Centro<br />
Comercial, até à iluminação de uma rua”
me relatou o CEO da ARQUILED:<br />
“Ao introduzir este conceito, viemos<br />
embelezar os projectos <strong>dos</strong> arquitectos<br />
em termos de iluminação, o<br />
que transforma completamente os<br />
espaços. Assim, a ARQUILED passou<br />
a ser consultor de iluminação<br />
que ajuda a personalizar um espaço,<br />
seja ele qual for, desde um Centro<br />
Comercial, até à iluminação de<br />
uma rua”.<br />
Sendo uma Empresa naturalmente<br />
moderna, dado que os principais<br />
sócios são jovens, cujo know-how<br />
neste domínio é sobejamente conhecido<br />
e reconhecido, tanto em<br />
Portugal como no Estrangeiro, a<br />
ARQUILED está apta a estudar, preparar<br />
e concretizar os mais diversos<br />
projectos. No entanto, para cumprir<br />
este desiderato, era necesário crescer,<br />
assim, com o sucesso alcançado<br />
ao longo <strong>dos</strong> seus primeiros<br />
anos de actividade no mercado, a<br />
ARQUILED construi em 2009 uma<br />
fábrica em Mora, no Alentejo, onde<br />
é desenvolvida toda a componente<br />
electrónica <strong>dos</strong> seus produtos. Neste<br />
momento, a própria fábrica está<br />
em expansão, sendo que o projecto,<br />
orçado em dois milhões de euros<br />
estará concluído em Fevereiro do<br />
próximo ano.<br />
No sentido de afirmar o nome AR-<br />
QUILED cada vez mais no mercado,<br />
a empresa adoptou uma estratégia<br />
através da qual o seu nome o passasse<br />
a ser reconhecido como marca<br />
comercial, Como consequência,<br />
to<strong>dos</strong> os equipamentos desenvolvi<strong>dos</strong><br />
são baptiza<strong>dos</strong> com nomes<br />
a partir da raiz «ARQUI», surgindo<br />
assim produtos como: ARQUILINE,<br />
ARQUIPANEL, ARQUISPOT, ARQUI-<br />
BAR, entre muitos outros.<br />
A estratégia continuou durante o<br />
corrente ano a apresentar resulta<strong>dos</strong><br />
positivos, com a ARQUILED a<br />
assumir-se claramente como uma<br />
da Pequenas e Média Empresas de<br />
maior futuro no nosso país o que<br />
chamou a atenção do gigante EDP,<br />
que em Novembro passado formalizou<br />
a compra de 40 por cento do<br />
capital da empresa alentejana. A<br />
aquisição foi concretizada através<br />
da EDP Inovação e insere-se numa<br />
estratégia de apoio a projectos nacionais<br />
inovadores e empreendedores,<br />
desenvolvi<strong>dos</strong> no âmbito da<br />
eficiência energética e que sejam<br />
líderes de mercado.<br />
“O ano que agora termina marcou<br />
também o início do caminho para a<br />
internacionalização da ARQUILED,<br />
que começou com a presença na<br />
Light+Building, feira que decorre<br />
em Frankfurt e que reúne os principais<br />
player’s do mercado. “Antes<br />
de seguirmos para esta feira decidimos<br />
que queríamos estar junto <strong>dos</strong><br />
melhores, no hall mais mediático,<br />
No sentido de afirmar o nome ARQUILED cada<br />
vez mais no mercado, a empresa adoptou<br />
uma estratégia através da qual o seu nome<br />
o passasse a ser reconhecido como marca comercial,<br />
Como consequência, to<strong>dos</strong> os equipamentos<br />
desenvolvi<strong>dos</strong> são baptiza<strong>dos</strong> com nomes<br />
a partir da raiz «ARQUI», surgindo assim<br />
produtos como: ARQUILINE, ARQUIPANEL,<br />
ARQUISPOT, ARQUIBAR, entre muitos outros<br />
mais difícil e, se quisermos, mais<br />
hostil. Assim, levamos apenas três<br />
<strong>dos</strong> nossos produtos com os quais<br />
sabíamos que íamos fazer frente<br />
aos gigantes à nossa volta. Logo na<br />
montagem do stand conseguimos a<br />
primeira vitória, que mais não foi<br />
do que receber o incentivo por parte<br />
desses gigantes relativamente ao<br />
nosso projecto. O segundo objectivo<br />
passava por estabelecer um máximo<br />
de 100 contactos e acabamos o<br />
quarto dia de feira com mais de mil<br />
e aos dias de hoje temos já negócios<br />
fecha<strong>dos</strong> com mais de 30”.<br />
Actualmente a ARQUILED marca<br />
já presença em países como a Letónia,<br />
Alemanha, Suíça, Brasil, Holanda,<br />
Bulgária, Espanha, Áustria<br />
e Irão, estando ainda em negociações<br />
com uma empresa canadiana,<br />
que vai representar a ARQUILED<br />
no seu país, uma vez que a política<br />
de internacionalização da empresa<br />
portuguesas “passa por estabelecer<br />
parcerias e não em criar estruturas<br />
nos países onde esteja inserida,A<br />
Arquiled é também uma empresa<br />
atenta às causas ambientais, exemplo<br />
disso é o ARQUICITY, uma luminária<br />
para iluminação pública com<br />
uma tecnologia LED de acordo com<br />
o padrão europeu, que reduz o consumo<br />
de energia em 80 por cento<br />
e sem que seja necessário mudar<br />
a infra-estrutura existente, que em<br />
breve poderá chegar aos postes de<br />
iluminação que existem nas cidades,<br />
vilas e aldeias portuguesas.<br />
29 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE<br />
<strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> em destaque<br />
“A VALORIZAÇÃO DO CAPITAL<br />
HUMANO É UMA PRIORIDADE”<br />
“Na sociedade do futuro, a escolarização é o principal meio de defesa do jovem cidadão, mesmo na óptica da relação com o mercado de trabalho”,<br />
afirma Avelino de Freitas de Meneses, Reitor da <strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, em entrevista à Revista Pontos de Vista, salientando ainda o<br />
trabalho realizado pela UA no aprofundamento da correspondência com as empresas.<br />
A<br />
<strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong><br />
assume-se como instituição<br />
de referência na vertente<br />
do ensino superior.<br />
Neste sentido, de que forma é que<br />
promovem o desenvolvimento da região<br />
em que se inserem?<br />
A principal missão da <strong>Universidade</strong><br />
consiste na criação e na transmissão<br />
de conhecimento, a melhor fonte<br />
de indução de desenvolvimento.<br />
A força da globalização obriga necessariamente<br />
à produção de um<br />
conhecimento universal. O sentido<br />
das circunstâncias obriga necessariamente<br />
à produção de um conhecimento<br />
específico. Assim, o<br />
maior êxito decorre da construção<br />
de um saber de aplicação geral, mas<br />
apropriado às condições físicas e<br />
culturais da insularidade. Aliás, o<br />
carácter da geografia a tanto obriga.<br />
Com efeito, em pouco mais de cinco<br />
séculos, apesar do isolamento natural,<br />
as ilhas estabeleceram afinidades<br />
entre mun<strong>dos</strong> velhos e novos,<br />
contribuindo para a aproximação<br />
<strong>dos</strong> povos, das civilizações e <strong>dos</strong><br />
continentes. Do mesmo modo, impera<br />
o sentido da história. De facto,<br />
logo depois do povoamento, apesar<br />
do apego à terra, uma emigração de<br />
gerações transferiu a maior comunidade<br />
de referência açoriana para<br />
partes da América, desde a embocadura<br />
do rio da Prata, a sul, até à<br />
costa da Terra Nova, a norte. Neste<br />
contexto, não admira que, por imperativo<br />
estatutário, nos pertença<br />
o dever de elevação <strong>dos</strong> níveis educativo,<br />
científico, técnico e cultural<br />
da Região. Esta função, dado o carácter<br />
<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, uma amálgama<br />
de parcelas muito distintas, donde<br />
sobressai a diversidade sobre a unidade,<br />
ainda impõe à <strong>Universidade</strong> o<br />
cumprimento de uma tarefa assaz<br />
30 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
exigente: a promoção do avanço e<br />
a salvaguarda do equilíbrio, isto é,<br />
a edificação do progresso do todo<br />
– o arquipélago – e a redução das<br />
assimetrias das partes – as ilhas.<br />
Porém, os ditames do lugar e do<br />
tempo exigem, em simultâneo, o esboço<br />
de um programa de intervenção<br />
global, que demanda uma prática<br />
de cooperação com instituições<br />
universitárias e culturais estrangeiras.<br />
Nesta perspectiva, não há propriamente<br />
universidades regionais,<br />
detentoras de um objecto de estudo<br />
menor, que reverta na produção de<br />
uma sabedoria inferior. Pelo contrário,<br />
o dever das universidades<br />
consiste sempre na universalização<br />
do saber, mesmo que reportado à<br />
dimensão de um qualquer local.<br />
O ensino universitário tem sido por<br />
diversas vezes “acusado” de formar<br />
recursos humanos que não são necessários<br />
ao nível do mercado de<br />
trabalho. Como é que a <strong>Universidade</strong><br />
<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> analisa este cenário?<br />
Na sociedade do futuro, a escolarização<br />
é o principal meio de defesa<br />
do jovem cidadão, mesmo na óptica<br />
da relação com o mercado de<br />
trabalho. Aliás, se a frequência universitária<br />
e politécnica não resultar<br />
em ocupação útil de licencia<strong>dos</strong>,<br />
de mestres e de doutores perde o<br />
essencial do seu sentido. Todavia,<br />
nas instituições de Ensino Superior,<br />
após um tempo de transição lento, e<br />
eventualmente traumático, alterou-<br />
-se a missão de ensinar, pelo que<br />
urge que a comunidade entenda a<br />
nova missão das universidades e<br />
<strong>dos</strong> politécnicos no acto de ilustração<br />
<strong>dos</strong> cidadãos. Ao invés de outrora,<br />
a <strong>Universidade</strong> já não é um<br />
centro de emprego. De facto, hoje<br />
a <strong>Universidade</strong> é tão só um centro<br />
de formação. Isto não significa que<br />
as instituições de Ensino Superior<br />
tenham perdido utilidade social,<br />
porque se é certo que em Portugal,<br />
e por extensão nos <strong>Açores</strong>, um<br />
curso deixou de ser uma solução de<br />
vida, à semelhança do que há muito<br />
sucede na Europa e na América<br />
que pretendemos imitar, não é menos<br />
verdade que um curso é ainda<br />
um instrumento, cada vez mais indispensável,<br />
de construção de uma<br />
carreira, que depois exige uma prática<br />
de formação contínua e especializada.<br />
A adaptação das mentalidades ao<br />
diverso enquadramento das universidades<br />
na nova sociedade do conhecimento<br />
avulta por prioritária.<br />
Na verdade, apesar da dificuldade<br />
da obtenção de colocações profissionais,<br />
pelo menos no desempenho<br />
de funções tidas, por tradição,<br />
como mais dignas da condição <strong>dos</strong><br />
diploma<strong>dos</strong>, há que dissipar qualquer<br />
desconfiança sobre a utilidade<br />
da formação superior. E porque?<br />
Porque ela beneficiará sempre a<br />
colectividade, através da obtenção<br />
evidente de patamares de maior<br />
desenvolvimento, fruto do acréscimo<br />
da qualificação <strong>dos</strong> cidadãos.<br />
De que forma procura a <strong>Universidade</strong><br />
<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> preencher as reais necessidades<br />
do mercado de trabalho,<br />
no sentido de não se formar alunos<br />
para o desemprego?<br />
Através do aprofundamento da correspondência<br />
com as empresas. De<br />
facto, se o conhecimento e a inovação<br />
são as molas do desenvolvimento,<br />
certo é que a <strong>Universidade</strong><br />
é a casa do conhecimento e a Empresa<br />
o albergue da inovação. Porém,<br />
a produção de conhecimento<br />
exige uma boa <strong>dos</strong>e de inovação e o<br />
estímulo da inovação deriva da utilização<br />
do conhecimento. Daí a urgência<br />
da inter-relação entre as universidades<br />
e as empresas. Só com<br />
grande cooperação entre as universidades<br />
e as empresas é possível<br />
que o conhecimento produzido pelo<br />
sistema nacional de inovação tenha<br />
impacto significativo na economia.<br />
Só com grande cooperação entre<br />
as universidades e as empresas é<br />
possível a difusão de uma cultura<br />
de inovação que contribua para o<br />
aumento com sustentabilidade da<br />
competitividade empresarial. Este<br />
encontro de posições é inadiável<br />
porque, depois de um longo período<br />
de predomínio, talvez que também<br />
de liderança, da administração<br />
pública, o sector privado assume-se<br />
agora como força essencial da dinamização<br />
e da modernização da sociedade.<br />
Com efeito, vai longe, quiçá<br />
infelizmente muito longe, a crença<br />
no papel milagroso da actividade<br />
do Estado, típica do século XX, pelo<br />
que agora se exige que sobretudo<br />
estabeleça uma regulação justa e<br />
permanente. Ao mesmo tempo, é<br />
cada vez mais incerto e inseguro o<br />
trabalho por conta de outrem, pelo<br />
que cada vez mais se exige o acréscimo<br />
da iniciativa individual.<br />
A relação entre as universidades<br />
e as empresas clama quotidianamente<br />
por uma relativa inversão<br />
de procedimentos, que se traduza<br />
em aprofundamento de diálogo<br />
e na concretização de medidas.<br />
Às empresas, exige-se uma maior<br />
abertura, que facilite a transferência<br />
de tecnologia e a admissão de<br />
estudantes e de diploma<strong>dos</strong>. Às universidades,<br />
exige-se uma mudança<br />
de atitude, para que os diploma<strong>dos</strong><br />
sejam mais promotores de empreendimento<br />
do que mendigos de em-
pregos. No nosso caso, a criação do<br />
Centro de Empreendedorismo tem<br />
contribuído muito para a difusão de<br />
uma cultura de iniciativa. A próxima<br />
inauguração de uma incubadora de<br />
empresas contribuirá muito mais.<br />
Qual a importância, na sua opinião,<br />
em apostar na valorização do capital<br />
humano? Que relevância pode ter<br />
esta aposta ao nível da evolução económico-social<br />
da Região e do País?<br />
No passado, as capacidades de<br />
acesso a recursos naturais e de<br />
acréscimo de níveis de produção<br />
constituíam o sustentáculo da riqueza<br />
das nações. Por isso, ao longo<br />
<strong>dos</strong> séculos, a construção <strong>dos</strong> impérios<br />
se baseou na conquista de fontes<br />
de matérias-primas, as mais das<br />
vezes por força das armas, e na disponibilidade<br />
de uma mão-de-obra<br />
abundante, muita dela de condição<br />
escrava.<br />
No presente, a situação é muitíssimo<br />
diversa. A chave da riqueza<br />
é agora o conhecimento. Por isso,<br />
diz-se que estamos na sociedade<br />
do conhecimento, pois é nele que<br />
assenta a prosperidade <strong>dos</strong> povos<br />
no advento do século XXI. Dito de<br />
uma outra forma, a chave da riqueza<br />
é afinal o Homem, através do seu<br />
activo mais importante – o cérebro<br />
– donde brotam as ideias que alicerçam<br />
o processo ininterrupto da<br />
inovação. Nestas circunstâncias, a<br />
cultura, a ciência e a tecnologia são<br />
as alavancas do desenvolvimento<br />
das pessoas, das regiões, <strong>dos</strong> países<br />
e das civilizações. Aliás, historicamente,<br />
está comprovada a existência<br />
de uma correlação positiva entre<br />
qualificação, o mesmo é dizer<br />
escolarização, e crescimento económico.<br />
De facto, em qualquer sector<br />
de actividade, os trabalhadores<br />
mais instruí<strong>dos</strong> adaptam-se melhor<br />
à inovação e à competitividade, pelo<br />
que existe um nexo forte entre educação,<br />
produtividade, crescimento e<br />
modernização.<br />
A valorização do capital humano é,<br />
por isso, uma prioridade. Vejamos<br />
o caso <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, que possui uma<br />
aplicabilidade mais geral. Nos <strong>Açores</strong>,<br />
para debelar a actual crise, é<br />
preciso conhecer a História, porque<br />
nos transmite ensinamentos indispensáveis.<br />
Nos <strong>Açores</strong>, para debelar<br />
a actual crise, é preciso entender a<br />
nossa circunstância mais imediata,<br />
que é afinal todas as ilhas, ainda<br />
detentoras de um ambiente deveras<br />
singular, propício à exploração,<br />
com sustentabilidade, das potencialidades<br />
da terra, mas sobretudo<br />
do mar. Nos <strong>Açores</strong>, para debelar<br />
a actual crise, é preciso investir no<br />
essencial, o mesmo é dizer, na qualificação<br />
<strong>dos</strong> homens e das mulheres,<br />
porque antes de se alicerçar na<br />
riqueza da terra ou na expectativa<br />
do mar a economia de hoje assenta<br />
no conhecimento. Daí a importância<br />
da <strong>Universidade</strong>, porventura, a<br />
maior fonte de indução de desenvolvimento<br />
nos <strong>Açores</strong> das últimas<br />
décadas. Por isso, por mais que nos<br />
custe, cumpre-nos a promoção da<br />
sua reforma permanente, para que<br />
jamais os seus professores e os seus<br />
estudantes percam capacidade de<br />
transformação da sociedade.<br />
Após cerca de dois anos de experimentação,<br />
o que mudaria na recente<br />
reforma do Ensino Superior,<br />
resultante da publicação do Regime<br />
Jurídico das Instituições de Ensino<br />
Superior?<br />
Antes de mais e apesar da dificuldade,<br />
mudaria a composição do Conselho<br />
Geral. Aparentemente defensável,<br />
a imposição de uma maioria<br />
de docentes converte o órgão em<br />
espécie de parlamento das <strong>Universidade</strong>s,<br />
onde perante o relativo<br />
isolamento <strong>dos</strong> Reitores, amiúde<br />
prepondera o interesse individual<br />
sobre o desígnio institucional, um<br />
comportamento de todo incompatível<br />
com uma verdadeira instância<br />
de governo. Pelo menos na teoria, a<br />
alternativa consistiria na transição<br />
para um regime de predomínio de<br />
personalidades externas, com a vantagem<br />
de maior familiarização com<br />
as necessidades reais, por exemplo,<br />
da administração, das empresas e<br />
das associações. Além disso, esta via<br />
até representa o melhor antídoto<br />
contra o acesso do corporativismo,<br />
talvez fruto de uma louvável dedicação<br />
ao estudo, que divorcia os docentes<br />
e os investigadores das incidências<br />
do quotidiano. Todavia, uma tal<br />
inversão de procedimentos obrigaria<br />
a um exercício de avaliação sobre o<br />
desempenho <strong>dos</strong> membros externos<br />
<strong>dos</strong> Conselhos Gerais, que julgamos<br />
não ser de todo impoluto. Além disso,<br />
em Portugal, e consequentemente<br />
nos <strong>Açores</strong>, a falta de independência<br />
da sociedade civil, demasiado sujeita<br />
à vassalagem política, empresarial<br />
e corporativa, constitui o principal<br />
obstáculo do reforço, sem risco, de<br />
membros selecciona<strong>dos</strong> da comunidade<br />
no governo da academia. Uma<br />
questão em aberto, a requerer séria<br />
ponderação!<br />
LER NA ÍNTEGRA EM<br />
WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT<br />
Avelino de Freitas de Meneses<br />
31 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE<br />
OPINIÃO<br />
Mário Rodrigues – Director do I.M.T. - Instituto de<br />
Medicina Tradicional<br />
IMT – RESPOSTA<br />
AOS DESAFIOS<br />
EMERGENTES<br />
O IMT – Instituto de Medicina Tradicional é a entidade nacional de referência na formação de técnicos de terapêuticas não convencionais. Entre<br />
estas terapêuticas estão a Osteopatia, a Naturopatia, a Homeopatia, a Acupunctura, diversas técnicas de massagem, ocidentais ou orientais,<br />
como a Massoterapia, a Drenagem Linfática Manual, o Shiatsu, a Reflexologia, a Auriculoterapia, entre outras abordagens terapêuticas.<br />
O<br />
denominador comum entre<br />
estas abordagens é o<br />
facto de todas elas fazerem<br />
parte da chamada Medicina<br />
Natural, ou seja, de uma abordagem<br />
terapêutica que não recorre<br />
a fármacos, cirurgia, ou outras<br />
formas invasivas, sendo antes pelo<br />
contrário baseadas na utilização de<br />
méto<strong>dos</strong> naturais e na humanização<br />
da relação terapêutica.<br />
O mercado da prestação de cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde e bem-estar está em<br />
forte crescimento nos países industrializa<strong>dos</strong><br />
e Portugal não foge à regra,<br />
são vários os relatórios de instituições<br />
internacionais, como por<br />
exemplo a Organização Mundial de<br />
Saúde, ou NHS (Serviço Nacional de<br />
Saúde Inglês) ou ainda o NCCAM –<br />
National Center for Complementary<br />
and Alternative Medicine (Organismo<br />
do Serviço Nacional de Saúde<br />
Norte-Americano dedicado ao es-<br />
32 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
tudo das terapêuticas não-convencionais)<br />
que demonstram exactamente<br />
isto. Ou seja, hoje em dia este<br />
mercado já não é marginal e apenas<br />
para públicos-alvo de escolaridade<br />
obrigatória, antes pelo contrário,<br />
hoje é também uma especialização<br />
técnica de elevada valia profissional<br />
para técnicos de saúde <strong>dos</strong> mais varia<strong>dos</strong><br />
sectores, desde o médico, ao<br />
enfermeiro, passando pelo fisioterapeuta,<br />
terapeuta ocupacional ou<br />
psicólogo. Hoje é comum encontrar<br />
nas ofertas de emprego de clínicas<br />
médicas privadas, centros de reabilitação,<br />
centros de saúde e bem-<br />
-estar, spa’s, ginásios, etc., a menção<br />
à necessidade de contratar especialistas<br />
nestas áreas.<br />
A integração no mercado de trabalho<br />
num panorama nacional em que<br />
o desemprego continua a aumentar<br />
só pode acontecer se forem cumpri<strong>dos</strong><br />
alguns pressupostos, nomeada-<br />
mente a qualidade da preparação<br />
técnica e humana <strong>dos</strong> profissionais<br />
e a adequabilidade às exigências do<br />
mercado. No caso específico <strong>dos</strong><br />
cursos ministra<strong>dos</strong> no IMT, estamos<br />
em condições de oferecer garantias<br />
de que os dois pressupostos são<br />
cumpri<strong>dos</strong>, ou seja, os forman<strong>dos</strong><br />
saem <strong>dos</strong> nossos cursos bem prepara<strong>dos</strong><br />
técnica e humanamente<br />
para responderem eficazmente aos<br />
desafios coloca<strong>dos</strong> pelo mercado<br />
actual. Outro aspecto fundamental<br />
para uma eficaz integração no<br />
mercado da prestação de cuida<strong>dos</strong><br />
de saúde, além destes dois pressupostos,<br />
é a rede de parceiros que<br />
potenciem e facilitem esta integração<br />
e neste sentido, o IMT, fruto da<br />
sua longa experiencia neste mercado<br />
tem condições para oferecer ao<br />
futuro profissional uma integração<br />
profissional de acordo com as suas<br />
expectativas.<br />
“A integração no mercado<br />
de trabalho num panorama<br />
nacional em que o desemprego<br />
continua a aumentar<br />
só pode acontecer se<br />
forem cumpri<strong>dos</strong> alguns<br />
pressupostos, nomeadamente<br />
a qualidade da preparação<br />
técnica e humana<br />
<strong>dos</strong> profissionais e a adequabilidade<br />
às exigências do<br />
mercado”
COOPERAÇÃO CPLP<br />
OPINIÃO<br />
Pedro Pires da Gameiro<br />
& Associa<strong>dos</strong>, Sociedade de Advoga<strong>dos</strong>, R.L.<br />
“CORPORATE GOVERNANCE”<br />
E A ECONOMIA ANGOLANA<br />
Em Angola, os grupos empresariais são muito recentes, pelo que se<br />
encontram, na sua grande maioria num processo de reordenamento,<br />
consolidação e solidificação das suas várias áreas de comércio.<br />
A<br />
expressão “Corporate<br />
Governance” (CG) é bastante<br />
recente entre nós,<br />
embora muito utilizada<br />
pela literatura internacional como<br />
forma de designar o movimento<br />
de reforma do sistema de regras e<br />
práticas de governo, gestão e fiscalização<br />
das sociedades anónimas.<br />
A governação corporativa incide<br />
sobre as relações entre agentes internos<br />
e externos das empresas na<br />
sua actuação, apontando-se os accionistas<br />
e administradores como<br />
os protagonistas principais. Nesta<br />
esfera de actuação podemos ainda<br />
mencionar os funcionários, bancos<br />
e outros credores, instituições e órgãos<br />
reguladores, podendo mesmo<br />
afirmar-se a comunidade em geral,<br />
existindo, assim, uma ideia de<br />
“freios e contrapesos”.<br />
A “CG” pode ser definida como um<br />
sistema através do qual as organizações<br />
empresariais são dirigidas<br />
e controladas, promovendo desta<br />
forma a transparência e a responsabilidade<br />
das empresas, numa só expressão<br />
“separation of ownership<br />
and control”.<br />
Os grupos empresariais Angolanos<br />
podem beneficiar com a implementação<br />
de projectos de “CG”, quer no<br />
sector Público quer no sector Privado,<br />
da qual resultará um reforço da<br />
credibilidade do Governo e das instituições<br />
públicas e privadas.<br />
Em Angola estão reunidas todas as<br />
condições para promover práticas<br />
de “CG”, dada a grande aposta na<br />
formação de gestores e na generalidade<br />
<strong>dos</strong> meios humanos.<br />
Hoje em dia já existem muitas práticas<br />
de gestão que se podem inserir<br />
num modelo de “CG” como podemos<br />
verificar na Regulamentação<br />
de Questões Éticas na Banca, atra-<br />
vés de Códigos de Conduta. Esta<br />
matéria ainda está em desenvolvimento<br />
e, como tal, ainda pouco definida,<br />
mas é um tema a seguir para<br />
o bem <strong>dos</strong> accionistas, <strong>dos</strong> fornecedores,<br />
<strong>dos</strong> clientes e <strong>dos</strong> bancos, em<br />
nome do bom funcionamento do<br />
Mercado, emergindo a ideia de “accionistas<br />
- proprietários” (detentores<br />
de capital mas sem capacidade<br />
para intervir na conduta da vida<br />
societária) e os “administradores -<br />
controladores” (gestores profissionais<br />
que gozam de autonomia e que<br />
podem actuar como fiscalizadores<br />
das condutas <strong>dos</strong> accionistas). Actualmente,<br />
as Entidades Reguladoras,<br />
quer <strong>dos</strong> Merca<strong>dos</strong> de Capitais<br />
quer no sector Segurador, já têm um<br />
papel bastante activo na regulação<br />
e no desenvolvimento de práticas<br />
de “CG”. A Economia Angolana com<br />
a criação do Mercado de Capitais<br />
vai ganhar um novo dinamismo,<br />
progresso e novação, garantindo a<br />
fiabilidade da informação financeira<br />
das empresas e a credibilidade<br />
nos agentes económicos envolvi<strong>dos</strong><br />
no mercado. A Bolsa de Valores e<br />
Deriva<strong>dos</strong> de Angola (BVDA) é um<br />
excelente instrumento para acelerar<br />
a privatização de empresas<br />
angolanas, desenvolvendo a economia<br />
com o moderno, credível e<br />
diversificado sistema financeiro,<br />
apresentando-se como um sistema<br />
mercado livre. Relativamente ao<br />
sector segurador, este constitui um<br />
pilar decisório para o desenvolvimento<br />
económico angolano, já que<br />
permite a gestão <strong>dos</strong> diversos riscos<br />
a que os agentes económicos<br />
estão expostos (Incêndios, doenças,<br />
entre outros). Os Seguros permitem<br />
às empresas, a troca de pagamento<br />
de um valor mensal, serem, devidamente,<br />
indemniza<strong>dos</strong> caso venha<br />
a ocorrer algum acidente. Os principais<br />
“duelos” no sector <strong>dos</strong> seguros<br />
são: melhorar a celeridade de<br />
resposta na resolução de sinistros<br />
enaltecendo o serviço e estimulando<br />
o desenvolvimento económico;<br />
expandir a oferta de seguros de<br />
forma concorrencial entre to<strong>dos</strong> os<br />
ramos de seguros existentes; optimizar<br />
a gestão e administração das<br />
seguradoras separando negócios e<br />
instituindo grupos financeiros de<br />
modo a impulsionar a competitividade<br />
neste sector.<br />
A “CG” vem introduzir uma nova<br />
estruturação das empresas, apresentando<br />
uma importância clara<br />
em todas as unidades empresariais,<br />
a qual pode ser decisiva para a expansão<br />
do Mercado. Os grupos empresariais<br />
angolanos na sua grande<br />
maioria são compostos por familiares<br />
o que vem a dificultar, e a complexar,<br />
a reordenação de participações<br />
sociais e de negócios.<br />
Em bom rigor, é complicado uma<br />
separação entre unidades patrimoniais<br />
da família e as unidades operacionais<br />
nas diferentes áreas de<br />
negócio <strong>dos</strong> grupos. De facto, esta<br />
separação entre direitos e atribuições<br />
<strong>dos</strong> accionistas e o papel <strong>dos</strong><br />
gestores, actuação <strong>dos</strong> gestores<br />
profissionais e independentes, as<br />
comissões de autoria independentes,<br />
consultores externos e as funções<br />
do conselho fiscal arcam indubitavelmente<br />
para o bom governo<br />
das empresas.<br />
Na nossa opinião, e salvo melhor<br />
entendimento, pensamos que o importante<br />
é desenvolver as melhores<br />
práticas de “CG” nos grupos empresariais<br />
angolanos de modo a que estes<br />
venham a integrar e afirmarem-<br />
-se nos Merca<strong>dos</strong> Internacionais em<br />
que cada vez mais vão ter de actuar.<br />
Segundo o economista angolano Alves<br />
da Rocha, numa notícia ao AngoNotícias<br />
a 27 de Junho de 2010, a<br />
economia angolana poderá tornar-<br />
-se a quinta maior do continente<br />
africano, sendo esta projecção feita<br />
com base na evolução satisfatória<br />
que se tem registado nos últimos<br />
anos na taxa de Rendimento Nacional<br />
Bruto, na dinâmica da economia<br />
e no poder de compra <strong>dos</strong> habitantes.<br />
Tendo em conta a economia<br />
estar a crescer em Angola, e esta<br />
ter condições para se expandir, faz<br />
todo o sentido criar novas práticas<br />
para o Desenvolvimento, Inovação e<br />
Competitividade da economia através<br />
das “Corporate Governance”, e<br />
se torne numa potência regional em<br />
África.<br />
33 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
Sociedade de Advoga<strong>dos</strong><br />
Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />
PARCEIRO<br />
PRIVILEGIADO<br />
NA INTERNACIONALIZAÇÃO<br />
Sendo a globalização uma realidade indiscutível, que define a vida diária<br />
de indivíduos e de empresas em igual medida, torna-se cada vez<br />
mais evidente que em Portugal, justamente o país que historicamente<br />
iniciou todo este processo, existe uma forte necessidade em adaptar<br />
estruturas e processos empresariais às exigências de um mundo de<br />
negócios cada vez mais global.<br />
A<br />
criação do mercado europeu<br />
comum trouxe novos<br />
desafios às empresas<br />
nacionais, que dentro do<br />
espaço comunitário entram em<br />
competição mais ou menos directa<br />
com empresas de agora 27 países<br />
membros. A concorrência extra-europeia<br />
é igualmente cada vez mais<br />
cerrada, com gastos de transporte<br />
cada vez mais reduzi<strong>dos</strong> e meios de<br />
comunicação cada vez mais evoluí<strong>dos</strong><br />
que permitem aos agentes económicos<br />
situa<strong>dos</strong> fora da Europa,<br />
colocar os seus produtos e serviços<br />
nos nossos merca<strong>dos</strong> a preços muito<br />
competitivos, bem como o inverso.<br />
É necessário, contudo, fazer aqui<br />
uma distinção, pois se no passado<br />
eram sobretudo as empresas de<br />
maiores dimensões que regra geral<br />
possuíam as devidas capacidades<br />
financeiras, materiais e de recursos<br />
humanos, que lhes permitiam<br />
penetrar em novos merca<strong>dos</strong> fora<br />
do país de origem, actualmente,<br />
esse cenário conheceu no mínimo<br />
uma alteração significativa. Efectivamente,<br />
as denominadas PME’s,<br />
conscientes da pequenez do seu<br />
espaço na Europa, começam actualmente,<br />
e cada vez mais, a apos-<br />
34 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
tar fortemente no seu processo de<br />
internacionalização, ultrapassando<br />
obstáculos e vicissitudes que no<br />
passado eram comuns como a insuficiência<br />
financeira, a escassez de<br />
informação sobre os merca<strong>dos</strong> de<br />
destinos pretendi<strong>dos</strong>, a inexistência<br />
de colaboradores com conhecimentos<br />
linguísticos e culturais respeitantes<br />
aos países em que se inserem<br />
os novos merca<strong>dos</strong>, entre outros.<br />
O acompanhamento e o aconselhamento<br />
no momento desta tomada<br />
de decisão são essenciais, sendo<br />
importante a procura de parceiros<br />
que promovam o estabelecimento<br />
de «pontes» e contactos fidedignos<br />
e potencialmente catalisadores do<br />
retorno do investimento.<br />
A sociedade de advoga<strong>dos</strong> Luís S.<br />
Rodrigues & Associa<strong>dos</strong> assume-se<br />
actualmente como um player de referência<br />
nos diversos domínios da<br />
advocacia, menção essa sustentada<br />
por mais de três décadas de actividade<br />
e know-how acumula<strong>dos</strong>,<br />
constantemente revitalizada pelas<br />
sinergias recorrentes das suas relações<br />
internacionais.<br />
A Revista Pontos de Vista deu voz a<br />
quem sabe, tendo conversado com<br />
Luís Rodrigues, o sócio fundador<br />
da Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />
e, numa conversa de cariz informal,<br />
foi relevante percepcionar os meandros<br />
de uma temática cada vez mais<br />
em voga, a internacionalização de<br />
empresas de génese portuguesa,<br />
onde foi ainda abordada directamente<br />
a expansão da sociedade de<br />
advoga<strong>dos</strong> Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />
para merca<strong>dos</strong> asiáticos.<br />
Não sendo isto uma novidade para<br />
o nosso entrevistado, pois deu início<br />
à sua actividade profissional em<br />
terras macaenses, nem para a sociedade<br />
que representa, já presente<br />
em diversos pontos do globo, a sua<br />
instalação em território asiático,<br />
mais concretamente em Macau e<br />
Hong Kong, constitui um objectivo<br />
a conseguir a curto prazo, de forma<br />
a tornar-se naturalmente um parceiro<br />
de empresas que pretendam<br />
investir no extremo oriente.<br />
Este fito surge porque na opinião<br />
do nosso entrevistado, e olhando<br />
à actual conjuntura nacional, não é<br />
viável nem aconselhável a centralização<br />
de estratégias comerciais<br />
unicamente num ponto geográfico.<br />
“É necessário procurar oportunidades<br />
de negócio e parcerias que<br />
permitam usufruir de um leque de<br />
opções mais diverso e variado e a<br />
experiência mostra que as mais-va-<br />
Luís Rodrigues<br />
lias surgem de forma muitas vezes<br />
inesperada”, afirma.<br />
Obter o retorno do<br />
investimento efectuado,<br />
mas com prudência<br />
Mas qual deve ser a estratégia adoptada<br />
por quem pretende enveredar<br />
pela internacionalização? Segundo<br />
o nosso interlocutor, é importante<br />
que se busquem novos destinos,<br />
mesmo que numa primeira fase seja<br />
apenas por mero conhecimento das<br />
potencialidades e características de<br />
cada um desses merca<strong>dos</strong> externos,<br />
sendo que numa fase posterior, “é<br />
relevante que se realize uma prévia<br />
avaliação cuidada para que se possa<br />
compreender a susceptibilidade<br />
de realização de negócios e trocas<br />
comerciais”, afirma Luís Rodrigues.<br />
Existe a ideia de que entrada em<br />
merca<strong>dos</strong> desconheci<strong>dos</strong> ou novos<br />
deve traduzir-se imediatamente<br />
num retorno do investimento, facto<br />
que na opinião do nosso interlocutor<br />
se assume como um equívoco<br />
crasso. “Naturalmente que o grande<br />
desiderato passará por obter o<br />
retorno do investimento realizado,<br />
contudo, devem ser da<strong>dos</strong> passos
consolida<strong>dos</strong> e sustenta<strong>dos</strong>, pois o<br />
conhecimento de outros merca<strong>dos</strong><br />
pode e deve também traduzir-se<br />
numa melhoria da qualidade <strong>dos</strong><br />
produtos e <strong>dos</strong> serviços da empresa<br />
que pretende apostar além-fronteiras,<br />
criando assim as bases para<br />
o estabelecimento de uma rede de<br />
contactos, fundamental para a potenciação<br />
de negócios com outros<br />
players”, explica, lembrando que é<br />
necessário provocar um «agitar de<br />
águas», fundamental para se sair<br />
desta letargia vivida actualmente<br />
em Portugal.<br />
Definir prioridades é fundamental<br />
Neste sentido, o desenvolvimento<br />
da internacionalização da sociedade<br />
de advoga<strong>dos</strong> Luís S. Rodrigues<br />
& Associa<strong>dos</strong> encontra-se projectado<br />
para ser incrementado no decorrer<br />
de 2011, sendo que os primeiros<br />
contactos já foram realiza<strong>dos</strong>, “embora<br />
tenham de ser desenvolvi<strong>dos</strong><br />
consoantes as áreas potenciais de<br />
interesse <strong>dos</strong> clientes nessas zonas<br />
geográficas. Além disso, esse facto<br />
permitir-nos-á estabelecer limites<br />
e definir preliminares que possibilitem<br />
uma tomada de decisão mais<br />
conscienciosa”.<br />
As diferenças linguísticas e culturais<br />
são evidentes de país para país,<br />
sendo que de continente para continente<br />
essas diferenças são ainda<br />
mais exponenciadas. No domínio<br />
da assessoria a negócios e empresas<br />
essas diferenças podem ser ainda<br />
reportadas para o domínio fiscal,<br />
legal, laboral, social, entre outros.<br />
Mas será que o principal obstáculo<br />
concerne ao quadro legal existente<br />
nesses merca<strong>dos</strong> e que difere da<br />
moldura jurídica <strong>dos</strong> países das<br />
empresas exportadoras? Para Luís<br />
Rodrigues, o principal óbice não<br />
passa pelo cenário descrito, até porque<br />
essas são ultrapassadas com a<br />
adequação às vigências locais. “O<br />
grande passo é compreender quais<br />
são as novidades e qual a criação de<br />
valor que podemos aportar a esse<br />
mercado através de produtos ou<br />
serviços, avaliando sempre quais os<br />
riscos e os custos envolvi<strong>dos</strong> nessa<br />
aposta e de que forma se pode organizar,<br />
em termos de implementação<br />
física, para se obter experiência e<br />
mais-valias económicas”.<br />
Abrindo portas…<br />
Assim, o papel da assessoria protagonizada<br />
pelo escritório Luís S. Rodrigues<br />
& Associa<strong>dos</strong> passa por ir<br />
«abrindo portas» aos empresários<br />
que “nos procuram e caminhar de<br />
uma forma sustentada, percebendo<br />
e oferecendo informação sobre<br />
“É necessário procurar oportunidades de negócio e parcerias<br />
que permitam usufruir de um leque de opções mais diverso<br />
e variado e a experiência mostra que as mais-valias<br />
surgem de forma muitas vezes inesperada”<br />
a realidade e os condicionalismos<br />
desses possíveis locais de destino,<br />
legais, fiscais, laborais e sociais,<br />
numa perspectiva genérica para<br />
posteriormente se iniciar o processo<br />
de pormenorização em função<br />
da actividade de negócio que se<br />
pretende implementar”, assevera o<br />
nosso entrevistado.<br />
Mas será o continente asiático, mais<br />
concretamente o mercado chinês,<br />
o denominado El Dorado para as<br />
empresas que pretendem iniciar ou<br />
dar continuidade ao seu projecto de<br />
expansão? Segundo Luís Rodrigues<br />
esta ideia não é verosímil. “Desenganem-se<br />
os que pensam que apostar<br />
no mercado chinês é simples e<br />
que se traduz imediatamente em<br />
retornos económicos céleres. É necessário<br />
um trabalho de base rigoroso<br />
e paciente para que não se cometam<br />
erros, potencialmente fatais<br />
para a continuidade das empresas”.<br />
O escritório Luís S. Rodrigues &<br />
Associa<strong>dos</strong> aporta uma tradição<br />
antiga de contactos a nível internacional,<br />
principalmente pela dispersão<br />
geográfica <strong>dos</strong> seus clientes,<br />
que inevitavelmente suscita um<br />
fluxo de serviços elevado. Assim, o<br />
nosso entrevistado admite que este<br />
projecto de integração no mercado<br />
asiático pode obedecer a uma presença<br />
física da Luís S. Rodrigues &<br />
Associa<strong>dos</strong> em solo chinês, embora<br />
com uma condição, tal como explica<br />
o nosso interlocutor. “Sempre com<br />
profissionais locais, porque a questão<br />
da língua é fundamental, bem<br />
como o conhecimento rigoroso <strong>dos</strong><br />
ordenamentos próprios”, adverte<br />
Luís Rodrigues.<br />
Mercado russo em perspectiva<br />
Reconhecendo capacidade e ousadia<br />
aos empresários portuguesas<br />
para enveredar e singrar em merca<strong>dos</strong><br />
externos, Luís Rodrigues adverte<br />
para os cuida<strong>dos</strong> e a ponderação<br />
a ter quando se perspectiva apostas<br />
desse género. A finalizar, o nosso<br />
entrevistado referiu ainda outro<br />
projecto da sociedade de advoga<strong>dos</strong>,<br />
Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong>,<br />
ou seja, a aposta no mercado russo,<br />
mais concretamente na promoção<br />
da ligação com Moscovo, que embora<br />
ainda esteja numa fase embrionária,<br />
começa hoje a dar os seus<br />
primeiros passos, nomeadamente<br />
na vertente do mercado imobiliário.<br />
“Embora Portugal ainda não<br />
seja um destino de eleição <strong>dos</strong> russos<br />
(a Espanha por exemplo capta<br />
uma taxa de investimento russo superior)<br />
acreditamos que com rigor<br />
e transparência poderemos realizar<br />
ligações importantes”, conclui Luís<br />
Rodrigues.<br />
35 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
INSOLVÊNCIAS<br />
INSOLVÊNCIAS 2010 EM PORTUGAL<br />
E PERSPECTIVAS PARA 2011<br />
O ano de 2010 foi marcado por notícias pouco animadoras sobre a recuperação<br />
económica e pelo incremento do número de insolvências das empresas,<br />
traduzindo-se num aumento do receio de incumprimento destas,<br />
perante os seus fornecedores e financiadores. Na análise realizada pela CO-<br />
SEC, companhia líder de mercado em Seguro de Créditos, com base na informação<br />
disponível em Diário da República, ocorreram 4.091 insolvências<br />
em 2010, um valor superior em 7% ao obtido em 2009, com destaque para<br />
o Sector de Construção (13%) e Indústria do Vestuário (7%). Os distritos<br />
de Porto, Lisboa e Braga são os que mais insolvências registam.<br />
36 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
Insolvências 2010<br />
OPINIÃO COSEC<br />
Os meses de Agosto e Dezembro foram aqueles em que se registou um<br />
maior aumento percentual das insolvências (cerca de 46%) relativamente<br />
a igual período do ano passado. Este aumento foi contrabalançado por quebras<br />
relevantes nas insolvências sobretudo nos meses de Julho (-12,7%) e<br />
Novembro (-22,1%).<br />
Os distritos que registaram maior número de insolvências foram: o Porto<br />
com 1.037 (representa cerca de 25% do total), seguido de Lisboa com 799<br />
e o distrito de Braga com 606 casos.<br />
Os sectores mais afecta<strong>dos</strong> são a Construção de Edifícios com 527 casos<br />
(13%), Indústria do Vestuário com 291 casos (7%) e Actividades especializadas<br />
de construção com 232 (6%).<br />
1.De acordo com a divisão da Classificação Económica das Actividades (CAE)<br />
2.Exclui produtos alimentares, bebidas e tabaco, combustível para veículos a motor, equipamentos<br />
das tecnologias de informação e comunicação<br />
Perspectivas para 2011<br />
Em 2011, a COSEC prevê uma quebra no índice global de insolvências de<br />
5%. A grande maioria <strong>dos</strong> países da OCDE deverá ter quebras de 5% a 15%,<br />
com excepção para alguns casos, <strong>dos</strong> quais se destaca a Grécia, Rússia e<br />
Brasil, que continuarão a ter um aumento no número de insolvências.<br />
Em linha com os seus parceiros Europeus, Portugal assistiu ao reanimar<br />
da sua economia nos primeiros três trimestres de 2010, suportado<br />
pela procura interna e sobretudo pelo crescimento das exportações.<br />
As perspectivas de crescimento são contudo fracas, da<strong>dos</strong> os planos<br />
de austeridade em vigor. Com o conjunto de ajustamentos a realizar<br />
em 2011, a actividade económica deverá abrandar, travada por uma<br />
quebra na procura interna, em particular depois das pressões inflacionistas<br />
causadas pelo aumento do IVA e da redução nos salários (congelamento<br />
<strong>dos</strong> salários do sector público, aumento da taxa de IRS para<br />
os escalões mais altos). Prevê-se assim a estabilização do número de<br />
insolvências em 2011, mantendo-se, no entanto, a níveis eleva<strong>dos</strong>, depois<br />
de um crescimento das mesmas nos últimos três anos (47% em<br />
2008, 29% em 2009 e, 7% em 2010).<br />
A gestão do risco de crédito<br />
Perante este cenário de evolução de insolvências o recurso ao Seguro<br />
de Créditos ganha maior importância. Este instrumento permite gerir<br />
e cobrir o risco de incumprimento em situações tipificadas, como a<br />
insolvência ou a mora do devedor, na qual o seguro indemniza a empresa<br />
tomadora do seguro em função <strong>dos</strong> prejuízos apura<strong>dos</strong> e numa<br />
percentagem do crédito seguro. Para além da importante componente<br />
indemnizatória, o Seguro de Créditos contribui de forma significativa<br />
para a gestão do crédito, permitindo uma acção de contacto com o<br />
cliente em dívida na fase pré-indemnizatória, o que se poderá traduzir<br />
na manutenção da relação com o cliente e na consequente cobrança<br />
do crédito. Também de relevância a vertente de antecipação do crédito,<br />
através da cessão do direito da indemnização a uma entidade financiadora,<br />
permitindo assim obter a liquidez necessária à tesouraria<br />
do Segurado. A situação ainda instável que se perspectiva para 2011<br />
apela à sensibilidade das empresas em recorrer a instrumentos que<br />
permitam desenvolver o seu negócio em segurança. E nesse sentido, o<br />
Seguro de Créditos apresenta-se como uma solução sólida de proteger<br />
o seu negócio.
CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />
OPINIÃO<br />
TÚLIO ARAÚJO, SÓCIO DA TÚLIO M. ARAÚJO, FILIPA COIMBRA &<br />
ASSOCIADOS<br />
O CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />
E AS OFF SHORES<br />
Quando vamos atravessar o deserto devemos preparar-nos. A crise em Portugal irá mudar de nome dentro<br />
de dias. Para alguns isso acontecerá já no dia 31 de Janeiro de 2011, por força do Código Contributivo.<br />
As medidas de austeridade irão tornar os pobres mais pobres e vai fazer surgir fortunas inexplicáveis.<br />
Salva o País à custa <strong>dos</strong> mais fracos.<br />
Como vai o Código Contributivo<br />
criar miséria e como<br />
pode a classe média usar as<br />
off shores para salvaguardar o seu<br />
património? Até aqui a Segurança<br />
Social não controlava quem passava<br />
recibos verdes, mas não estava<br />
inscrito naquela como trabalhador<br />
independente. Quem passava e não<br />
se inscrevia como independente, ficava<br />
numa situação de limbo, pois a<br />
divida não aparecia, pelo menos de<br />
imediato. Se o trabalhador independente<br />
não tinha falta de dinheiro,<br />
nesse mês pagava o supermercado<br />
e, no próximo, pagava à segurança<br />
social a sua divida.<br />
A partir do dia 1 de Janeiro de 2011,<br />
a entidade contratante passa a ser a<br />
devedora das contribuições do trabalhador<br />
independente. Este não<br />
pode adiar o pagamento e, se a entidade<br />
patronal não pagar, o administrador<br />
ou gerente comete um crime<br />
de abuso de confiança, porque<br />
reteve o dinheiro do trabalhador<br />
independente e não o entregou ao<br />
Estado. Até aqui se este trabalhador<br />
não pagasse não havia crime. Agora<br />
o Estado sabe o momento da prática<br />
do crime, porque o recibo verde<br />
é emitido por via electrónica, sendo<br />
a segurança social quem vai apurar<br />
o valor de contribuição, considerando<br />
os serviços presta<strong>dos</strong> no ano<br />
anterior. Dado que a taxa contribu-<br />
tiva <strong>dos</strong> independentes passa a ser<br />
uma só, de 29,6 %, a somar ao IVA<br />
de 23%, temos um pagamento ao<br />
Estado de 52,6 %, pelo menos, em<br />
tudo o que fazemos.<br />
Sendo o trabalhador dependente,<br />
a situação não ficará menos feia.<br />
O trabalhador passa a ser sujeito<br />
a contribuição em: uso de viatura<br />
da empresa, despesas de representação<br />
pré determinadas, prémios,<br />
bónus, fun<strong>dos</strong> de pensões, PPRs,<br />
planos de acções, indemnização<br />
por despedimento, ajudas de custo,<br />
despesas de transporte, abonos de<br />
falhas e de deslocação em viatura<br />
própria que excedam o previsto<br />
para o IRS. O uso telemóvel da empresa<br />
parece, ainda, estar excluído.<br />
Este trabalhador irá ser mais tributado<br />
a partir de 1 de Janeiro de<br />
2011.<br />
Mesmo que esse impacto não se<br />
sinta de imediato, por ignorância<br />
de quem de direito, mais tarde isso<br />
aparecerá e acrescido de juros e<br />
coimas. Ora o número de trabalhadores<br />
dependentes e independentes,<br />
que estão nesta situação, a somar<br />
aos funcionários públicos que<br />
vêm o seu ordenado reduzido em<br />
valores superiores a 5%, fará com<br />
que, a médio prazo, a classe média,<br />
nomeadamente a <strong>dos</strong> serviços, deixe<br />
de poder cumprir as suas obrigações<br />
e perca o seu património.<br />
É aí que entram as off shores. Até ao<br />
momento as off shores eram exclusivas<br />
das grandes fortunas, nomeadamente<br />
<strong>dos</strong> bancos. Bastou criar<br />
um mau nome às off shores, através<br />
de publicidade falsa, denegrindo-<br />
-as e isso fez com que a classe média<br />
acreditasse. Bastou fazer crer<br />
que são o diabo – para que o diabo<br />
fosse só deles. Ouviu alguém dizer<br />
que perdeu por causa de off shore?<br />
Já quem negociou com o Banco<br />
Privado pode dizer isso. Diabo! Afinal<br />
onde está o diabo? Nestes dias,<br />
quem não é tolo, começou a perceber<br />
que, se não quer perder a casa,<br />
que tanto está a custar pagar, talvez<br />
seja melhor pensar numa off shore.<br />
Claro que se justifica para uma<br />
casa e não para um carro e afinal<br />
é simples e seguro. Mesmo que ela<br />
esteja hipotecada a um Banco, esta<br />
hipoteca mantém-se, o que quer<br />
dizer que temos de continuar a ser<br />
nós a pagá-la ao nosso Banco, mas<br />
em tudo o mais a nossa casa fica no<br />
paraíso. E é seguro, porquanto só o<br />
titular a pode vender, porque só ele<br />
tem poderes para a vender e mais<br />
ninguém. Não fora assim, os bancos<br />
não colocariam fortunas, maiores<br />
que o nosso PIB, nas mãos de algumas<br />
dessas entidades. É certo que<br />
tem que pagar IMT – imposto municipal<br />
sobre as transacções onerosas<br />
de imóveis, mas esse pagamento vai<br />
valorizar o nosso património, o que<br />
daria para uma outra conversa…<br />
Depois há o custo da própria off<br />
shore, mas o mesmo é hoje tão reduzido<br />
que se tornou acessível à<br />
classe média. Quanto ao receio do<br />
Estado mudar as leis, no sentido<br />
de contrariar essa solução, isso é<br />
improvável, porquanto o Estado é<br />
constituído por pessoas e foram<br />
essas as primeiras a pensar dessa<br />
forma, embora hoje usem também<br />
meios mais modernos, mas mais<br />
caros.<br />
Finalmente põe-se a questão de<br />
saber onde ir para “comprar” off<br />
shores? Porque elas estão escondidas<br />
em alguns escritórios e sociedades<br />
de advoga<strong>dos</strong> e em bancos.<br />
To<strong>dos</strong> fingem que não sabem, nem<br />
viram. A solução é procurar. Assim,<br />
a classe média chegou às off shore,<br />
que as procuraram e ao trabalhador<br />
da classe média. Não porque estes<br />
tenham contraído dívidas, mas porque<br />
eles têm que pagar as dívidas<br />
que o Estado contraiu. E o Estado<br />
tem mais uma solução a seguir:<br />
taxar mais quem tem património,<br />
porque só quem tem é que perde,<br />
quem já nada tem, nada pode mais<br />
pagar. Infelizmente o trabalhador<br />
não fez as suas contas, quando foi<br />
publicado o Código Contributivo<br />
em 2010 e agora tem que perder o<br />
medo, de um diabo que não o é.<br />
37 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
COOPERAÇÃO CPLP<br />
Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da CPLP<br />
“ARCTEL É UM EXEMPLO DO QUE PODE<br />
FAZER A CPLP”<br />
A Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua Portuguesa (ARCTEL-CPLP) foi criada<br />
com o intuito de reforçar os laços históricos de amizade e cooperação existentes entre os países de expressão portuguesa e, através de um<br />
fórum permanente de troca de informação e de partilha de experiências no âmbito da regulação do sector das comunicações, pretende ser um<br />
estímulo à inovação e desenvolvimento das comunicações nos países envolvi<strong>dos</strong>. Em entrevista, o Secretário Filipe Batista traça o caminho a<br />
seguir por esta instituição que considera ser “um exemplo do que pode fazer a CPLP” na defesa <strong>dos</strong> superiores interesses do mundo lusófono.<br />
Em Outubro de 2008, as Autoridades<br />
Reguladoras Nacionais<br />
(ARN) das comunicações<br />
e telecomunicações<br />
de: Angola (Instituto Angolano das<br />
Comunicações - INACOM), Brasil<br />
(Agência Nacional de Telecomunicações<br />
- ANATEL), Cabo Verde<br />
(Agência Nacional das Comunicações<br />
- ANAC), Guiné-Bissau (Instituto<br />
das Comunicações da Guiné-Bissau<br />
- ICGB), Moçambique (Instituto<br />
Nacional das Comunicações de Moçambique<br />
- INCM), Portugal (Autoridade<br />
Nacional de Comunicações<br />
- ANACOM), São Tomé e Príncipe<br />
(Autoridade Geral de Regulação -<br />
AGER) e Timor-Leste (Autoridade<br />
Reguladora das Comunicações -<br />
ARCOM), criaram a ARCTEL-CPLP.<br />
(hoje os cargos à excepção do meu<br />
já não são estes. Acho preferível<br />
omitir)<br />
A experiência adquirida ao longo<br />
<strong>dos</strong> vários encontros técnicos da<br />
Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua<br />
Portuguesa (CPLP) conduziu à ideia<br />
de criar um organismo que funcionasse<br />
como um fórum permanente<br />
de troca de informação e partilha<br />
de experiências, ajudando a construir<br />
um ambiente institucional e<br />
regulatório propício ao reforço da<br />
cooperação sectorial já desenvolvida<br />
ao nível da CPLP, para além de<br />
constituir um estímulo à inovação<br />
e ao desenvolvimento das comunicações<br />
nos Países envolvi<strong>dos</strong>. Com<br />
este propósito, foi formalizado, a 9<br />
de Outubro de 2008, o Memorando<br />
de Entendimento para a criação da<br />
Associação de Reguladores de Comunicações<br />
e Telecomunicações<br />
da Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua<br />
Portuguesa (ARCT-CPLP), uma<br />
vez que, no início deste século, com<br />
38 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
excepção de Portugal e do Brasil, os<br />
restantes países viam as suas entidades<br />
integradas nos respectivos<br />
ministérios sectoriais. Foi a partir<br />
da percepção dessa realidade e da<br />
necessidade de as tornar autónomas,<br />
que, no âmbito da CPLP, as<br />
diferentes entidades iniciaram uma<br />
série de reuniões técnicas, que estiveram<br />
na génese da criação das<br />
Autoridades Reguladoras Nacionais<br />
das comunicações de cada Estado-<br />
-membro da CPLP e que possibilitaram<br />
a criação da ARCTEL-CPLP.<br />
ARCTEL-Uma plataforma<br />
para a Globalização<br />
Nas palavras do nosso interlocutor<br />
“apesar de a ARCTEL não ser um<br />
projecto único, uma vez que existem<br />
várias associações do género,<br />
ela destaca-se das suas congéneres<br />
por não ser de cariz tipicamente<br />
regional, uma vez que os países<br />
que dela fazem parte estão espalha<strong>dos</strong><br />
pelo globo”. No entender<br />
de Filipe Batista este é o principal<br />
desafio que se colocou à criação da<br />
ARCTEL: “O facto <strong>dos</strong> membros da<br />
Associação estarem separa<strong>dos</strong> geograficamente<br />
poderia ser entendido<br />
como um problema, mas encaramos<br />
este facto como um desafio e<br />
na verdade uma mais-valia face às<br />
restantes entidades congéneres.<br />
Existe entre to<strong>dos</strong> os membros, um<br />
laço comum e claramente agregador<br />
e impossível de derrubar e que<br />
é a língua portuguesa. Fruto desta<br />
abrangência geográfica e do trabalho<br />
desenvolvido pela ARCTEL,<br />
conseguimos em apenas dois anos<br />
afirmarmo-nos na cena internacional.<br />
E dou um exemplo concreto: A<br />
ARCTEL participou pela primeira<br />
vez numa Conferência Mundial de<br />
Desenvolvimento em 2010. Tinha<br />
como único objectivo propor alterações<br />
às Resoluções 48 da WTDC<br />
da UIT sobre “Strengthening cooperation<br />
among telecommunication<br />
regulators” e 138 da Conferência<br />
de Plenipotenciários da UIT, sobre<br />
“Global Symposium for Regulators”,<br />
por forma a instituir formalmente<br />
as Reuniões de Associações Regionais<br />
de Comunicações. Para grande<br />
satisfação de to<strong>dos</strong> os membros, a<br />
proposta da ARCTEL foi aceite por<br />
unanimidade e as reuniões formais<br />
instituídas no quadro da UIT. Em<br />
Outubro de 2010, estava a realizar-<br />
-se em Dakar a primeira reunião<br />
deste nível.<br />
E a rão para o termos proposto é<br />
simples: entendemos que faz todo o<br />
sentido elevar o patamar do diálogo<br />
da regulação. E que faz sentido promover<br />
uma maior partilha de ideias<br />
a um nível mais abrangente que o<br />
nacional, porque os problemas com<br />
que se deparam os órgãos reguladores<br />
são os mesmos um pouco por<br />
todo o mundo, são transversais. Assim<br />
como, muitas vezes, os actores<br />
são os mesmos, a começar desde<br />
logo pelos grandes operadores ou<br />
pelos operadores internacionais<br />
que se encontram instala<strong>dos</strong> em vários<br />
países”.<br />
“Problemas globais exigem<br />
respostas ou soluções globais”<br />
“O caminho para a globalização passa<br />
obrigatoriamente pela regionalização”.<br />
Deste modo, Filipe Batista<br />
não tem dúvidas ao afirmar que “a<br />
ARCTEL é um exemplo do que pode<br />
fazer a CPLP a um nível macro de<br />
relações internacionais em várias<br />
áreas”, uma vez que o fenómeno da<br />
integração é hoje inevitável. Este fenómeno<br />
globalizador que vivemos<br />
hoje traz também novas áreas onde<br />
é impreterível haver regulação, sobretudo<br />
no sector das comunicações<br />
e concretamente nos vazios<br />
de soberania por onde cursam milhares<br />
e milhares de da<strong>dos</strong>, onde se<br />
assistem a situações de total monopólio<br />
e que o Secretário da ARCTEL<br />
define como “terra de ninguém, e<br />
que tem que ser monitorizadas, sob<br />
pena de os utilizadores em zonas<br />
do globo com menos alternativas<br />
de acessos internacionais, como é<br />
o caso do continente africano, estarem<br />
constantemente a ser penaliza<strong>dos</strong><br />
pelos tarifários de interligação<br />
pratica<strong>dos</strong>”.<br />
Em termos práticos, os preços das<br />
chamadas internacionais no continente<br />
africano, são 2 a 3 vezes mais<br />
caros <strong>dos</strong> que os pratica<strong>dos</strong> na Europa,<br />
ou Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Isto acontece<br />
porque não existe qualquer<br />
controlo nos preços de interligação<br />
internacionais, que são livremente<br />
acorda<strong>dos</strong> entre os grandes operadores<br />
internacionais.<br />
A factura é naturalmente paga pelos<br />
utilizadores. “Defendo a regulação<br />
desta área do negócio, mas<br />
não numa perspectiva de encaixe<br />
financeiro para quem regula ou<br />
para os Esta<strong>dos</strong> com a tentação de<br />
cobrarem direitos de passagem,<br />
mas sim como contrapartida para<br />
o desenvolvimento da sociedade de<br />
informação em países mais ou regiões<br />
mais necessitadas”.<br />
Um exemplo de como operacionalizar<br />
uma estratégia de benefício<br />
para o desenvolvimento da socie-
dade de informação é a aplicação<br />
de uma pequena taxa de regulação<br />
a tarifas de interligação e aplicá-<br />
-la num fundo de desenvolvimento<br />
das Tecnologias de Informação e<br />
Comunicação. Se bem aplicado e<br />
gerido com rigor, por entidades regionais<br />
e em coordenação com as<br />
principais entidades financiadoras<br />
Mundiais para evitar duplicações<br />
de investimento, estou certo que os<br />
resulta<strong>dos</strong> seriam extremamente<br />
proveitosos, contribuindo para o<br />
aparecimento de mais utilizadores,<br />
para o aumento das comunicações,<br />
logo contribuindo para mais lucro<br />
para os prestadores de serviços,<br />
sustentando mais desenvolvimento,<br />
ou seja, benefício generalizado”.<br />
Mercado da lusofonia tem<br />
potencial<br />
Os merca<strong>dos</strong> das telecomunicações<br />
são muito apetecíveis do ponto de<br />
vista do investidor externo, pois<br />
apresentam ainda grandes margens<br />
de crescimento e os números reflectem<br />
o potencial do espaço lusófono:<br />
243 milhões de consumidores, 150<br />
mil postos de trabalho directos, 17<br />
mil milhões de euros de receitas<br />
anuais, num total de dez mil e 700<br />
milhões de área terrestre. Valores<br />
que podem ser triplica<strong>dos</strong>, caso se<br />
concretizem os pedi<strong>dos</strong> de adesão<br />
de mais países à CPLP o que a concretizar-se,<br />
em 2020 irá perfazer<br />
um total de 680 milhões de consumidores.<br />
Outro <strong>dos</strong> objectivos da Associação<br />
passa por promover este mercado o<br />
que, conforme a leitura <strong>dos</strong> números<br />
nos mostra, pode trazer grandes<br />
dividen<strong>dos</strong> para to<strong>dos</strong> os esta<strong>dos</strong><br />
membros: “Procuramos fazer esta<br />
promoção a dois níveis: por uma<br />
lado através do trabalho desenvolvido<br />
a nível inter-regulador efectuado<br />
no quadro da Assembleia-Geral<br />
da ARCTEL, através da troca de informações,<br />
do aperfeiçoando instrumentos<br />
e mecanismos de regulação,<br />
procurando implementar boas<br />
práticas, tentando criar uma base<br />
comum de harmonização legislativa<br />
entre to<strong>dos</strong> os membros, em suma<br />
procurando modelos regulatórios<br />
mais perfeitos, transparentes e que<br />
sirvam as tendências e necessidades<br />
<strong>dos</strong> investidores internacionais,<br />
sem com isto prejudicar ou expor<br />
os nossos merca<strong>dos</strong>”.<br />
Paralelamente a este trabalho<br />
totalmente baseado na troca de<br />
experiências e na construção de<br />
recomendações genéricas que visam<br />
a transparência regulatória, a<br />
ARCTEL procura promover o investimento<br />
no mercado lusófono facilitando<br />
o contacto entre os diversos<br />
agentes do sector. Uma boa experiência de cooperação<br />
entre reguladores e regula<strong>dos</strong> e que visou sobretudo<br />
contribuir para a consolidação do termo de “Mercado<br />
das Telecomunicações Lusófonas”, com ideias para o desenvolvimento<br />
de um quadro e um contexto de regulação<br />
mais estável e moderno, que tenha a capacidade de atrair<br />
e facilitar o investimento privado.<br />
O modelo utilizado é a realização de um Fórum Lusófono<br />
das Comunicações, um encontro desenvolvido em parceria<br />
com os operadores, prestadores de serviços e outras<br />
entidades do sector do espaço CPLP e que este ano contará<br />
com a sua segunda edição.<br />
Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> na primeira edição apontam para<br />
uma boa experiência de cooperação entre reguladores<br />
e regula<strong>dos</strong> e contribuiu para a consolidação do termo<br />
de “Mercado das Telecomunicações Lusófonas”. Destes<br />
encontros esperam-se ideias para o desenvolvimento<br />
de um quadro e um contexto de regulação mais estável<br />
e moderno, que tenha a capacidade de atrair e facilitar<br />
o investimento privado, potenciando o contacto entre os<br />
diversos agentes do sector.<br />
Este ano o Fórum terá associado a si uma mostra tecnológica,<br />
onde diversas empresas do sector terão oportunidade<br />
de expor os seus produtos e as suas soluções.<br />
“Será certamente uma oportunidade para realizar bons<br />
negócios”.<br />
O espaço lusófono, apesar de geograficamente descontinuado,<br />
é, por si só, um meio de desenvolvimento por<br />
excelência. Prova disso é o trabalho que a ARCTEL – CPLP<br />
tem desenvolvido, no âmbito da regulação do sector das<br />
comunicações, nos países de expressão portuguesa. Partilhando<br />
experiências, procurando respostas globais,<br />
para potencializar o mercado existente e construir o futuro,<br />
que se adivinha promissor.<br />
“Existe entre to<strong>dos</strong> os<br />
membros, um laço comum<br />
e claramente agregador e<br />
impossível de derrubar e<br />
que é a língua portuguesa”<br />
FILIPE BATISTA<br />
39 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
COOPERAÇÃO CPLP<br />
OPINIÃO<br />
Teresa Amador, Directora da<br />
Ecosphere e Coordenadora do<br />
Legis-PALOP<br />
A Base de Da<strong>dos</strong> Jurídica Legis-PALOP constitui um projecto pioneiro de disponibilização de uma plataforma de conhecimento e partilha de<br />
informação jurídica entre os PALOP e para to<strong>dos</strong> aqueles que pretendem conhecer os seus ordenamentos jurídicos.<br />
Disponível on-line desde<br />
15 de Julho de 2009,<br />
em www.legis-palop.<br />
org/bd, o sistema permite<br />
aceder para cada um <strong>dos</strong><br />
países a to<strong>dos</strong> os actos normativos<br />
publica<strong>dos</strong> desde as independências<br />
até à actualidade<br />
bem como à legislação anterior<br />
a 1975 ainda em vigor, disponibilizando<br />
as vicissitudes <strong>dos</strong><br />
diplomas e versões consolidadas<br />
de códigos e outros diplomas.<br />
Permite ainda consultar a<br />
jurisprudência das instâncias<br />
superiores e a doutrina e documentos<br />
relevantes e proceder<br />
à análise jurídica comparativa<br />
entre os respectivos regimes ju-<br />
40 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
LEGIS-PALOP – FONTE DE CONHECIMENTO<br />
E INSTRUMENTO DE CIDADANIA LUSÓFONA<br />
rídicos através de um thesaurus<br />
jurídico desenhado para facilitar<br />
a consulta do extenso acervo<br />
de cerca de 45 000 registos.<br />
Inserido no âmbito de execução<br />
do Projecto de Apoio ao Desenvolvimento<br />
<strong>dos</strong> Sistemas Judiciários<br />
<strong>dos</strong> PALOP e no quadro<br />
do Programa Indicativo Regional<br />
PALOP II, financiado pelo<br />
9º Fundo Europeu de Desenvolvimento<br />
(FED) e pelo Instituto<br />
Português de Apoio ao Desenvolvimento<br />
(IPAD), o Legis-PA-<br />
LOP visa contribuir para a união<br />
<strong>dos</strong> países de língua portuguesa,<br />
colmatando a lacuna de informação<br />
e conhecimento <strong>dos</strong><br />
seus respectivos ordenamentos<br />
jurídicos de forma sistemática<br />
e integral. A disponibilização<br />
desta plataforma de informação<br />
jurídica oficial veio dar resposta<br />
de forma uniforme e actualizada<br />
aos cinco PALOP, que até então<br />
se debatiam com incertezas que<br />
afectavam de forma considerável<br />
o seu desenvolvimento: Qual<br />
a legislação em vigor? Quais as<br />
decisões das instâncias superiores?<br />
O Legis-PALOP foi concebido e<br />
desenvolvido por um consórcio<br />
Luso-Angolano, liderado pela<br />
empresa Ecosphere - consultores<br />
em ambiente e desenvolvimento,<br />
Lda, em articulação<br />
contínua com os Ministérios<br />
“A disponibilização desta<br />
plataforma de informação<br />
jurídica oficial veio dar resposta<br />
de forma uniforme<br />
e actualizada aos cinco<br />
PALOP, que até então se debatiam<br />
com incertezas que<br />
afectavam de forma considerável<br />
o seu desenvolvimento”
“Desde a concepção, até à presente fase de consolidação e melhoria contínua, a equipa tem mantido uma coordenação<br />
estreita com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento, as Embaixadas de Portugal nos PALOP, as Delegações da<br />
Comissão Europeia e com os Ordenadores nacionais do FED em cada país, com quem afinou critérios e discutiu soluções<br />
para a concretização e dinamização do Legis-PALOP nas suas várias vertentes e consolidou as relações entre os<br />
diversos países na construção de um instrumento comum de informação”<br />
da Justiça, os financiadores e<br />
outras entidades <strong>dos</strong> PALOP. A<br />
Ecosphere vem, ao longo da última<br />
década, trabalhando nos<br />
PALOP em diversas áreas, desde<br />
a capacitação técnica e institucional<br />
em matéria de ambiente<br />
e desenvolvimento até à prestação<br />
de assistência no planeamento,<br />
formulação de políticas<br />
e revisão da regulamentação jurídica,<br />
disponde de uma equipa<br />
multidisciplinar e com extensa<br />
experiência neste contexto. O<br />
recurso a consultores nacionais<br />
de reconhecido mérito científico<br />
e técnico contribuiu significativamente<br />
para o sucesso<br />
do Legis-PALOP e para a sua<br />
afirmação como fonte oficial da<br />
informação jurídica de cada PA-<br />
LOP.<br />
Desde a concepção, até à presente<br />
fase de consolidação e<br />
melhoria contínua, a equipa<br />
tem mantido uma coordenação<br />
estreita com o Instituto de<br />
Apoio ao Desenvolvimento, as<br />
Embaixadas de Portugal nos PA-<br />
LOP, as Delegações da Comissão<br />
Europeia e com os Ordenadores<br />
nacionais do FED em cada<br />
país, com quem afinou critérios<br />
e discutiu soluções para a concretização<br />
e dinamização do<br />
Legis-PALOP nas suas várias<br />
vertentes e consolidou as relações<br />
entre os diversos países na<br />
construção de um instrumento<br />
comum de informação.<br />
Para além <strong>dos</strong> Ministérios da<br />
Justiça que em cada país tutelam<br />
a base de da<strong>dos</strong>, integram<br />
o seu processo de manutenção<br />
e actualização: (1) as Imprensas<br />
Nacionais que pela sua importância<br />
e natureza estruturante<br />
participaram na definição das<br />
funcionalidades do sistema e<br />
desempenham um papel fundamental<br />
de fornecimento da<br />
informação; (2) to<strong>dos</strong> os Tribunais<br />
Supremos e Constitucionais<br />
que, para além de participarem<br />
na concepção, fornecem<br />
regularmente os actos jurisprudenciais;<br />
(3) as Procuradorias<br />
Gerais da República que, com os<br />
seus pareceres, complementam<br />
o acervo de informação disponibilizada;<br />
(4) as Ordens <strong>dos</strong><br />
Advoga<strong>dos</strong> que, para além de facilitadoras<br />
do processo, apoiam<br />
a sua implementação a diversos<br />
níveis em cada país; (5) as Faculdades<br />
de Direito e os centros<br />
de formação jurídica beneficiários<br />
directos e que, com a sua<br />
análise critica e doutrina, contribuem<br />
para a consolidação do<br />
sistema.<br />
Actualizado diariamente por<br />
uma equipa de juristas e técni-<br />
cos nacionais e internacionais,<br />
a continuidade do Legis-PALOP<br />
é considerada uma prioridade<br />
tanto pela União Europeia como<br />
pela cooperação portuguesa, estando<br />
em curso uma análise de<br />
diversos modelos de sustentabilidade,<br />
incluindo a sua integração<br />
na Comunidade <strong>dos</strong> Países<br />
de Língua Portuguesa (CPLP).<br />
Para além de constituir uma<br />
ferramenta de exercício da cidadania,<br />
permitindo o conhecimento<br />
<strong>dos</strong> direitos e deveres de<br />
cada um na sua esfera pessoal, o<br />
Legis-PALOP é um instrumento<br />
de apoio ao investimento, tanto<br />
nacional como internacional,<br />
facilitando o processo de<br />
planeamento de acordo com os<br />
requisitos de cada país e proporcionando<br />
um investimento<br />
com maior segurança e transparência.<br />
Por outro lado, permite ao intérprete,<br />
ao aplicador e ao próprio<br />
legislador encontrar soluções<br />
de direito comparado e contribuir<br />
para o aperfeiçoamento<br />
<strong>dos</strong> regimes jurídicos em vigor<br />
nos cinco países, com base num<br />
conhecimento integral e sistematizado<br />
do seu ordenamento<br />
jurídico, facilitado por análises<br />
comparativas entre os restantes<br />
ordenamentos. É também<br />
uma ferramenta extraordinariamente<br />
útil para os magistra<strong>dos</strong><br />
judiciais que diariamente a<br />
consultam, constituindo fonte<br />
de inspiração para as decisões<br />
tomadas pelas instâncias judiciais<br />
e para o mundo académico,<br />
estando inclusivamente a ser<br />
usado como fonte de direito por<br />
algumas Faculdades <strong>dos</strong> PALOP.<br />
Com esta plataforma estão lançadas<br />
as bases para conhecer,<br />
comunicar, aperfeiçoar, deline-<br />
ar políticas, desenvolver negócios<br />
e dar a conhecer, através de<br />
uma plataforma de fácil acesso<br />
e consulta, os ordenamentos jurídicos<br />
de cada PALOP, pressuposto<br />
essencial para progredir e<br />
vencer desafios numa era global<br />
como esta em que vivemos.<br />
“Para além de constituir<br />
uma ferramenta de exercício<br />
da cidadania, permitindo<br />
o conhecimento<br />
<strong>dos</strong> direitos e deveres de<br />
cada um na sua esfera pessoal,<br />
o Legis-PALOP é um<br />
instrumento de apoio ao investimento,<br />
tanto nacional<br />
como internacional, facilitando<br />
o processo de planeamento<br />
de acordo com<br />
os requisitos de cada país e<br />
proporcionando um investimento<br />
com maior segurança<br />
e transparência”<br />
41 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO<br />
ANTÓNIO BAPTISTA<br />
edição deste ano contou com<br />
A uma nova variante, trabalhos<br />
de produção científica que tem<br />
como objectivo incentivar o estudo<br />
e a investigação de matérias ligadas<br />
a habitação e à reabilitação urbana.<br />
Foi exactamente por esta última categoria<br />
que a entrega de prémios se<br />
iniciou, em que foram distingui<strong>dos</strong><br />
diversas teses de mestrado em temas<br />
bastante distintos e fundamentais<br />
para a sociedade portuguesa,<br />
bem como para o sector, nas suas<br />
mais diversas vertentes, da reabilitação<br />
urbana. Assim, foram distinguidas<br />
teses de mestrado como a<br />
Reabilitação que incide nas zonas<br />
do Bairro Alto e do Bairro da Bica,<br />
onde cerca de 60 por cento <strong>dos</strong> edifícios<br />
necessitam de intervenção<br />
urgente e a recuperação do conceito<br />
de vizinhança através de modificações<br />
do espaço público. Na vertente<br />
do doutoramento, foi premiado a<br />
investigação realizada sobre «Como<br />
se faz Reabilitação Urbana desde a<br />
década de 60 até à actualidade no<br />
contexto europeu».<br />
42 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
Prémios IRHU 2010<br />
DULCE PÁSSARO<br />
OS BONS EXEMPLOS PREMIADOS<br />
Decorreu no passado dia 3 de Dezembro, a entrega de Prémios IRHU 2010, que se realizou no Auditório de Lisboa, evento que tem como principal<br />
desiderato promover a distinção de empreendimentos de habitação de interesse social e obras de reabilitação urbana.<br />
Produção Científica<br />
fundamental<br />
A presidir a esta mesma cerimónia<br />
esteve a Ministra do Ambiente e do<br />
Ordenamento do Território, Dulce<br />
Pássaro, que revelou a sua satisfação<br />
pela afluência aos Prémios<br />
IRHU 2010, tendo ainda revelado<br />
que “a aposta na Reabilitação Urbana<br />
é cada vez mais uma realidade<br />
do nosso país”. Nesta vertente da<br />
Reabilitação o Espaço Corpus Christi,<br />
localizado em Vila Nova de Gaia e<br />
o Centro de Memória – Casa de São<br />
Sebastião, situado em Vila do Conde,<br />
foram os galardoa<strong>dos</strong>.<br />
Dulce Pássaro afirmou ainda que<br />
todas as áreas da política devem ter<br />
preocupações ao nível da sustentabilidade<br />
ambiental, na “medida<br />
em que permite qualificar espaços<br />
construí<strong>dos</strong>, que de outra forma<br />
estarão a ser inadequadamente<br />
fruí<strong>dos</strong> e portanto não continuar a<br />
utilizar recursos e materiais para<br />
realizar novas construções, quando<br />
já possuímos algumas edificadas<br />
com determina<strong>dos</strong> investimentos<br />
complementares e que nos permitem<br />
suprir as necessidades de habitação”.<br />
Como já foi salientado, premiar a<br />
categoria da Produção Científica<br />
revelou-se a grande novidade deste<br />
evento, pois pretendesse demonstrar<br />
a importância da investigação<br />
no domínio do imobiliário. “Estes<br />
estu<strong>dos</strong>, bem estrutura<strong>dos</strong>, também<br />
são fundamentais para, à posteriori,<br />
se passar à acção e daí a relevância<br />
que a produção científica aporta a<br />
este sector”, revela Dulce Pássaro.<br />
Segundo António Baptista, Presidente<br />
do IRHU - Instituto da Habitação<br />
e da Reabilitação Urbana,<br />
IP, este evento surge no sentido de<br />
premiar as boas práticas neste domínio.<br />
“Acima de tudo aquilo que<br />
se faz, mas também distinguir o conhecimento<br />
e portanto este prémio<br />
para a vertente <strong>dos</strong> trabalhos de<br />
produção científica. Pretendemos<br />
sinalizar uma prioridade aos investigadores<br />
e premiar os bons trabalhos,<br />
pois o seu trabalho é funda-<br />
mental no âmbito da habitação, da<br />
reabilitação urbana, do funcionamento<br />
<strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong> imobiliários<br />
e das questões sociais relacionadas<br />
com a habitação”, assevera.<br />
Perante a qualidade e quantidade<br />
de trabalhos apresenta<strong>dos</strong>, António<br />
Baptista confessou as dificuldades<br />
no momento da escolha <strong>dos</strong> melhores.<br />
“Foi de facto uma escolha bastante<br />
difícil, pois as candidaturas<br />
eram de elevadíssima qualidade, independentemente<br />
da categoria em<br />
que estavam inseri<strong>dos</strong>: reabilitação<br />
urbana; construção; investigação<br />
científica, em que foi pedido aos<br />
dois júris constituí<strong>dos</strong> um trabalho<br />
muito intenso e rigoroso”, explica o<br />
presidente do IRHU.<br />
A terminar, importa lembrar que<br />
para além da entrega de prémios,<br />
foram realizadas diversas menções<br />
honrosas, que tiveram como fito<br />
principal, premiar as boas práticas<br />
e a investigação na construção e<br />
reabilitação que se realiza em Portugal.
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO<br />
OPINIÃO<br />
António Flores de Andrade, Presidente do Conselho Directivo DO InCI<br />
A REABILITAÇÃO URBANA<br />
É UM IMPERATIVO NO NOSSO PAÍS<br />
Sem prejuízo de entender que a questão da reabilitação urbana é, antes de mais, matéria da competência do Ministério do Ambiente e do<br />
Ordenamento do Território, certo é também que ela é do interesse <strong>dos</strong> agentes da construção e do imobiliário regula<strong>dos</strong> pelo Ministério das<br />
Obras Públicas, razão pela qual ouso corresponder aos convites que me vão sendo formula<strong>dos</strong>, enquanto presidente do InCI, para me pronunciar<br />
sobre o tema.<br />
E<br />
começo por insistir aqui<br />
numa ideia que me parece<br />
determinante: a de que a<br />
necessidade de reabilitação<br />
urbana é, em si própria, um imperativo<br />
no nosso país, independentemente,<br />
pois, de a crise económica<br />
que (também) atingiu o sector da<br />
construção e do mobiliário poder<br />
ser sensivelmente amenizada com o<br />
esforço que nesse sentido deva ser<br />
empreendido, com o indispensável<br />
empenhamento do Estado central e<br />
das Autarquias.<br />
Basta constatar a deterioração da<br />
paisagem urbana das nossas principais<br />
cidades para concluir no sentido<br />
que defendo, isto é, da necessidade<br />
imperiosa de requalificação<br />
da paisagem urbana, mesmo que os<br />
agentes do sector se encontrassem<br />
no ponto máximo de sucesso das<br />
suas actividades. E não é o caso, infelizmente.<br />
Longe disso.<br />
Muita coisa tem, no entanto, de<br />
ser feita para que o esforço que o<br />
Estado se mostra fortemente empenhado<br />
em desenvolver neste<br />
domínio possa mostrar resulta<strong>dos</strong>.<br />
Resulta<strong>dos</strong> que se impõe que se<br />
revelem a curto prazo, porque, sem<br />
prejuízo do que acima afirmo, a<br />
vertente das dificuldades que o sector<br />
da construção e do imobiliário<br />
ora enfrenta oferece peso superior<br />
ao das considerações de ordem estética,<br />
ambiental e de qualidade de<br />
vida urbana que possam chamar-se<br />
à discussão.<br />
É imprescindível, desde logo, relativamente<br />
aos processos de reabilitação,<br />
que sejam categoricamente<br />
minimizadas as condicionantes<br />
legislativas e administrativas em<br />
matéria de licenciamento das obras<br />
necessárias, bem como as exigências<br />
em matéria de requisitos, sejam<br />
acústicos, de acessibilidade,<br />
de certificação energética, de segurança<br />
contra incêndios ou de<br />
constituição de propriedade horizontal.<br />
É impensável que os prédios<br />
a reabilitar, normalmente antigos,<br />
continuem a ser trata<strong>dos</strong>, a esse<br />
nível, como se fossem, fisicamente,<br />
prédios concebi<strong>dos</strong> e construí<strong>dos</strong><br />
de novo. E é impraticável que um<br />
esforço geral de reabilitação, que se<br />
reconhece como urgente, esbarre<br />
com processos de licenciamento<br />
lentos, incha<strong>dos</strong> de burocracia e algumas<br />
vezes, segundo julgo saber,<br />
verdadeiramente kafkianos.<br />
Outra nota, sem pretender, nem de<br />
perto nem de longe, esgotar o tema.<br />
Muito do património construído<br />
a reabilitar não só se encontra arrendado<br />
como se destinará ao arrendamento.<br />
E o pesado investimento<br />
a que os promotores serão<br />
obriga<strong>dos</strong> nesse processo só se<br />
concretizará se o retorno esperado<br />
for inquestionável. Ora, a actual lei<br />
do arrendamento não assegura esse<br />
pressuposto, bem pelo contrário. E<br />
a não ser que se entenda que deve<br />
ser o Estado a pagar todo o esforço<br />
necessário – e, neste momento, nem<br />
se saberia como – a motivação <strong>dos</strong><br />
promotores imobiliários só poderá<br />
conseguir-se, crêem alguns, com<br />
uma radical alteração das normas<br />
legais que hoje cuidam do arrendamento<br />
e do despejo.<br />
Liberdade quase total neste<br />
domínio poderá ser a solução, competindo<br />
apenas ao Estado ajudar a<br />
resolver os problemas sociais mais<br />
prementes que a alteração legislativa<br />
desencadeasse, esforço esse que,<br />
já de si, não seria pequeno. Mas,<br />
ainda assim, reconhece-se, provavelmente<br />
menor do que o da liberalização<br />
do arrendamento.<br />
43 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO Opinião: Parque EXPO<br />
REABILITAÇÃO URBANA: UM DESAFIO ESTRATÉGICO<br />
A reabilitação urbana emerge, hoje, como uma prioridade nacional, ganhando lugar de destaque no discurso político e na agenda pública.<br />
Durante décadas, a procura de alojamento foi garantida pela oferta de nova edificação e as iniciativas de reabilitação assumiram um carácter<br />
excepcional ou limitado a intervenções avulsas e, por isso, com um impacto relativamente reduzido<br />
As áreas urbanas, de um<br />
modo geral, enfrentam<br />
situações de degradação,<br />
que não se restringe<br />
apenas aos centros históricos, em<br />
grande medida esvazia<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> seus<br />
residentes, mas progressivamente<br />
se estende a áreas periféricas, onde<br />
o edificado, bem como os espaços<br />
públicos e as infraestruturas, apresentam<br />
frequentemente níveis de<br />
conservação e de performance muito<br />
aquém do desejável.<br />
Num momento de manifestas dificuldades<br />
nos domínios económico<br />
e financeiro, o potencial do sector<br />
da reabilitação urbana é reconhecido<br />
– inclusivamente pelos agentes<br />
económicos bem como pelos atores<br />
sociais directamente envolvi<strong>dos</strong><br />
– enquanto gerador de emprego e<br />
motor de criação de riqueza. Algumas<br />
iniciativas recentes de entidades<br />
empresariais representativas<br />
do sector da construção demonstram<br />
as evidentes oportunidades<br />
que se abrem aos vários segmentos<br />
no mercado da reabilitação.<br />
A identificação destas oportunidades<br />
decorre, em particular:<br />
:Da prioridade que o Governo atribui<br />
à promoção de actividades e de<br />
investimentos empresariais com<br />
contributo forte para a criação de<br />
riqueza e de emprego;<br />
:Do reconhecimento que importantes<br />
agentes económicos explicitam<br />
sobre a relevância da criação do<br />
mercado da reabilitação urbana;<br />
:Das orientações em matéria de política<br />
de cidades, que privilegiam,<br />
entre outras, as operações de reabilitação;<br />
:Da crescente sensibilidade revelada<br />
pelos Municípios sobre esta problemática;<br />
:Do quadro legislativo propiciado<br />
pelo novo regime jurídico da reabilitação<br />
urbana;<br />
:Da existência de importantes recursos<br />
financeiros no QREN, que<br />
podem ser mobiliza<strong>dos</strong> para estas<br />
iniciativas e da necessidade de acelerar<br />
o ritmo de execução global do<br />
QREN.<br />
44 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
O envolvimento <strong>dos</strong> agentes priva<strong>dos</strong><br />
neste processo revela-se indispensável,<br />
embora dependa da<br />
conjugação de vários de factores:<br />
i) a possibilidade de desenvolver<br />
operações de grande escala e, nessa<br />
medida mais rentáveis, ii) a expectativa<br />
de um médio prazo para a<br />
execução da operação de reabilitação<br />
urbana; iii) a oportunidade de<br />
beneficiar de apoios e incentivos<br />
da parte <strong>dos</strong> poderes públicos; iv)<br />
a faculdade de dispor de mecanismos<br />
específicos de resolução das<br />
questões relacionadas com o regime<br />
de propriedade. Por seu lado, e<br />
não obstante os factores elenca<strong>dos</strong><br />
anteriormente, o sucesso de uma<br />
operação de reabilitação depende<br />
da capacidade de assegurar a to<strong>dos</strong><br />
os proprietários e titulares de ónus<br />
e encargos sobre os edifícios e fracções,<br />
a salvaguarda <strong>dos</strong> respectivos<br />
direitos.<br />
Reconhecendo este contexto, o Governo,<br />
atento aos impactos signifi-<br />
cativos que o desenvolvimento do<br />
sector da reabilitação urbana pode<br />
ter no crescimento económico e do<br />
emprego e, assim, na dinamização<br />
da economia nacional, e consciente<br />
da importância que este pode assumir<br />
como instrumento de promoção<br />
da coesão social e de dinamização<br />
cultural, e como oportunidade<br />
de requalificação ambiental das cidades,<br />
vem reafirmando as suas<br />
responsabilidades neste domínio,<br />
assumindo a intenção de intervir,<br />
de modo vigoroso e imediato, na dinamização<br />
da reabilitação urbana.<br />
As propostas recentemente anunciadas<br />
pelo Governo no âmbito da<br />
Iniciativa para a Competitividade e<br />
o Emprego e o quadro de concretização<br />
das mesmas que deverá ser<br />
conhecido em breve são ilustrativos<br />
desta aposta.<br />
Por seu lado, no quadro propiciado<br />
pelo novo regime jurídico da reabilitação<br />
urbana, os Municípios viram<br />
reforçadas as suas competências<br />
nesta área, permitindo potenciar a<br />
vontade e o esforço que estes vêm<br />
desenvolvendo mas, simultaneamente,<br />
tornando evidente que nem<br />
sempre os meios de que dispõem<br />
garantem uma resposta eficaz e<br />
atempada às vastas e exigentes necessidades<br />
de intervenção.<br />
A Parque EXPO, no quadro da sua<br />
missão de promover a qualidade da<br />
vida urbana e a competitividade do<br />
território, vem reforçando a sua actividade<br />
no domínio da reabilitação<br />
urbana, quer enquanto instrumento<br />
das políticas públicas de ambiente,<br />
de ordenamento e de valorização<br />
do território, colocando-se ao lado<br />
do Governo no desenvolvimento de<br />
linhas de trabalho que permitam<br />
alavancar processos de reabilitação,<br />
quer apoiando a administração<br />
local na concepção e implementação<br />
de operações de reabilitação<br />
urbana.
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO<br />
OPINIÃO<br />
Reis Campos, Presidente da Direcção da CPCI –<br />
Confederação Portuguesa da Construção e do<br />
Imobiliário<br />
CRESCIMENTO EM<br />
2011 DEPENDE DE<br />
APOSTA NO SECTOR<br />
No momento em que vivemos os primeiros dias de 2011, é inevitável<br />
reflectir sobre o que foi o ano de 2010 e, sobretudo, tendo presente os<br />
desafios que teremos de enfrentar, perspectivar o novo ano, apontar<br />
soluções e traçar as metas que, a bem do Sector e do País, é imprescindível<br />
alcançar. O futuro exige que se combata com firmeza a desconfiança,<br />
a lógica imobilista e todo o pessimismo que se instalou na<br />
nossa sociedade.<br />
Tenho plena consciência<br />
que Portugal está a viver<br />
uma conjuntura adversa,<br />
que obriga a um rigoroso<br />
controlo orçamental, mas também<br />
considero que é fundamental perceber<br />
que, para o País ultrapassar<br />
a crise, é exigida a coragem indispensável<br />
para a implementação de<br />
políticas inovadoras, que nos permitam,<br />
rapidamente, criar emprego<br />
e estimular a economia.<br />
To<strong>dos</strong> sabemos que a fileira da<br />
Construção e do Imobiliário entrou<br />
em 2011 mergulhada na maior crise<br />
de que há memória. Conheceu<br />
uma quebra acumulada de produção<br />
de cerca de 35 por cento, entre<br />
2002 e 2010, prevendo-se que esta<br />
situação seja ainda mais agravada<br />
no corrente ano, com uma redução<br />
adicional de 5 por cento. As estatísticas<br />
oficiais evidenciam, assim, que<br />
o Sector foi o mais penalizado pela<br />
conjuntura actual, tendo perdido,<br />
nestes últimos nove anos, 190 mil<br />
postos de trabalho, não obstante represente<br />
cerca de um quinto do PIB<br />
e seja o maior empregador privado<br />
nacional.<br />
É esta realidade, a importância e o<br />
peso das actividades da Construção<br />
e do Imobiliário e a sua capacidade<br />
para induzir o crescimento económico,<br />
que não pode ser menosprezada.<br />
A Confederação Portuguesa da<br />
Construção e do Imobiliário – CPCI,<br />
apresentou uma estratégia para a<br />
dinamização do Sector, que passa<br />
pelo apoio à competitividade das<br />
empresas da fileira, pelo reforço do<br />
seu significativo processo de internacionalização<br />
e pelo investimento<br />
em construção, designadamente<br />
na reabilitação urbana e nas infra-<br />
-estruturas identificadas como necessárias<br />
ao País, como é o caso da<br />
renovação do parque escolar, <strong>dos</strong><br />
hospitais ou da manutenção preventiva<br />
de infra-estruturas, como<br />
pontes e estradas, que o Estado não<br />
pode descurar, sob pena de colocar<br />
em causa a segurança pública.<br />
Aliás, foi na sequência das diversas<br />
reuniões que mantivémos com<br />
vários membros do Executivo, que<br />
o Governo reconheceu, com a “Iniciativa<br />
para a Competitividade e o<br />
Emprego”, um papel fundamental<br />
ao Sector e, em, particular, à Reabilitação<br />
Urbana, enquanto estraté-<br />
“Portugal terá de ter capacidade<br />
de concretizar<br />
uma estratégia capaz de<br />
criar um novo dinamismo<br />
no Sector, que lhe permita<br />
afastar-se definitivamente<br />
do ciclo recessivo que viveu<br />
na última década e conferir<br />
um novo impulso ao País”<br />
gia capaz de mobilizar os agentes<br />
económicos e, com eles, conduzir<br />
Portugal para um novo patamar de<br />
desenvolvimento.<br />
Tal como demonstrámos no estudo,<br />
não há soluções para a crise que<br />
não passem pela dinamização da<br />
Construção e do Imobiliário, pelo<br />
que, a exemplo do que foi feito na<br />
Europa e no Mundo, estou convicto<br />
que Portugal irá reconhecer esta fileira<br />
como um instrumento de combate<br />
à crise, conciliando esta orientação<br />
com medidas de redução da<br />
despesa pública.<br />
Para além da aposta já assumida<br />
pelo Governo em matéria de reabi-<br />
litação urbana, uma área que necessita<br />
de intervenção urgente e que,<br />
simultaneamente, é capaz de rapidamente<br />
criar emprego e dinamizar<br />
toda a economia, esperamos que a<br />
reavaliação <strong>dos</strong> grandes projectos<br />
de investimento, acordada entre o<br />
Governo e o maior partido da oposição,<br />
permita, de uma vez por todas,<br />
a necessária clarificação e uma<br />
adequada calendarização das obras<br />
que têm vindo a ser sucessivamente<br />
anunciadas, mas que tardam em<br />
avançar.<br />
Portugal terá de ter capacidade de<br />
concretizar uma estratégia capaz<br />
de criar um novo dinamismo no<br />
Sector, que lhe permita afastar-se<br />
definitivamente do ciclo recessivo<br />
que viveu na última década e conferir<br />
um novo impulso ao País. Se<br />
for adoptada uma política ajustada,<br />
a Construção e o Imobiliário tem<br />
condições para desempenhar o seu<br />
papel de motor do crescimento económico<br />
e da criação de emprego e,<br />
assim, enfrentar mais um ano que<br />
se antevê difícil.<br />
É com esta visão global e com uma<br />
efectiva perspectiva de futuro que o<br />
ano de 2011 terá de arrancar.<br />
45 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO<br />
De que forma tem sido<br />
realizada a evolução do<br />
gabinete? Que razões<br />
permitiram a GAPRES<br />
assumir-se como uma empresa de<br />
referência no seu mercado?<br />
A empresa prossegue, desde a sua<br />
fundação, em 1973, valores profissionais,<br />
de responsabilidade social<br />
e éticos que norteiam toda a sua<br />
acção. Actua numa área de actividade<br />
muito competitiva num mercado<br />
aberto onde é com base na qualidade<br />
<strong>dos</strong> seus serviços que as empresas<br />
se afirmam. A chave é a actualização<br />
de conhecimento, a formação<br />
das pessoas e a procura da qualidade.<br />
Temos conseguido obter credibilidade<br />
no mercado e uma estratégia<br />
de associação com parceiros<br />
que respeitem os mesmos valores<br />
46 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
A fórmula do sucesso do GAPRES<br />
CONHECIMENTO, POTENCIAL HUMANO E<br />
QUALIDADE<br />
“A regulamentação existente na área do projecto estrutural é muito exigente e para a sua aplicação correcta é necessária uma formação sólida<br />
que o GAPRES procura proporcionar aos seus colaboradores, particularmente aos engenheiros”, afirma Cansado Carvalho, Administrador<br />
do GAPRES - Gabinete de Projectos, Engenharia e Serviços, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde foi ainda abordado, entre outros<br />
temas, o actual estado da reabilitação do edificado em Portugal.<br />
pelos quais nos regemos, quando<br />
necessário para participar em trabalhos<br />
de maior envergadura.<br />
Acautelamos também a organização<br />
das nossas equipas tanto com<br />
elementos séniores, com mais experiência,<br />
como com jovens que<br />
recrutamos à saída das licenciaturas<br />
e aos quais damos a formação<br />
que entendemos mais adequada<br />
para desenvolverem o seu trabalho<br />
connosco. O trabalho que o Gapres<br />
desenvolve é de extrema responsabilidade<br />
pois envolve a necessidade<br />
de garantir a segurança estrutural<br />
das construções para salvaguarda<br />
de vidas e bens. A regulamentação<br />
existente na área do projecto estrutural<br />
é muito exigente e para a<br />
sua aplicação correcta é necessária<br />
uma formação sólida que o Gapres<br />
procura proporcionar aos seus colaboradores,<br />
particularmente aos<br />
engenheiros.<br />
Felizmente, estamos muito bem posiciona<strong>dos</strong><br />
nesta matéria pois tenho<br />
tido contacto desde há muito anos<br />
com a preparação de regulamentação<br />
estrutural quer a nível nacional<br />
como internacional, em particular<br />
no domínio da Engenharia Sísmica.<br />
Dos diversos projectos realiza<strong>dos</strong><br />
pelo GAPRES, quais os de maior<br />
referência?<br />
Um <strong>dos</strong> grandes projectos que realizámos<br />
foi o <strong>dos</strong> Pavilhões <strong>dos</strong> Países<br />
Participantes para a EXPO98.<br />
Posteriormente realizámos os projectos<br />
de muitos outros edifícios no<br />
Parque das Nações em que se destaca<br />
o Hotel SANA Vasco da Gama,<br />
com 25 pisos e com uma estrutura<br />
global que inclui um macro-contraventamento<br />
sísmico em aço fora do<br />
comum.<br />
Ainda na área <strong>dos</strong> edifícios são de<br />
referir vários grandes Centros Comerciais<br />
como seja o Dolce Vita<br />
Coimbra, o Dolce Vita Braga, Gran<br />
Plaza Tavira e o Aqua Portimão.<br />
Na área ferroviária refiro a nossa<br />
recente intervenção na variante de<br />
Santarém na linha do Norte, com 26<br />
km de extensão, em que o Gapres,<br />
para além de ser líder da equipa<br />
projectista global, projectou 6 grandes<br />
viadutos e um túnel com uma<br />
extensão total de 6 km.<br />
O GAPRES dedica-se somente a<br />
trabalhos de estruturas ou aborda<br />
mais especialidades? De que
forma é que a existência de equipas<br />
multidisciplinares é fundamental<br />
para alcançar o sucesso<br />
<strong>dos</strong> vossos projectos?<br />
Para além <strong>dos</strong> projectos de estruturas<br />
Gapres está capacitado para<br />
estu<strong>dos</strong> de reabilitação, patologia<br />
das construções, escavações e movimento<br />
de terras, fundações especiais,<br />
geotecnia e geologia. Temos<br />
uma grande experiência no projecto<br />
de grandes edifícios mas também<br />
em projectos de outras estruturas,<br />
nomeadamente, para recintos desportivos,<br />
estruturas industriais e<br />
pontes e viadutos. Com uma visão<br />
do projecto multidisciplinar temos<br />
ainda capacidade de organizar e assegurar<br />
a coordenação de equipas<br />
de projecto multidisciplinares desde<br />
o início do projecto até ao final<br />
da obra.<br />
A urgência da reabilitação do<br />
edificado é hoje consensual em<br />
Portugal. Como é que analisam o<br />
mercado da Reabilitação do edificado<br />
em Portugal e quais as principais<br />
vicissitudes ainda detectadas?<br />
Que medidas deveriam ser<br />
colocadas em prática no sentido<br />
de alterar essas dificuldades?<br />
A obra nova tem sido a vertente<br />
mais expressiva na actividade da<br />
Empresa, mas a reabilitação de estruturas<br />
não é minimamente descurada.<br />
Temos tido vários projectos<br />
recentes de reabilitação e remodelação<br />
profunda de edifícios, para<br />
além de intervenções em obras de<br />
arte de várias dimensões.<br />
O mercado da reabilitação tem<br />
enorme potencial em Portugal e<br />
nesta matéria a nossa formação leva-nos<br />
a ter uma preocupação muito<br />
particular com a incorporação da<br />
segurança sísmica nas intervenções<br />
de reabilitação. É fundamental trazer<br />
este assunto para a agenda da<br />
reabilitação pois não podemos perder<br />
esta oportunidade para reduzir<br />
o risco sísmico no nosso País. É importante<br />
realçar que, na realidade,<br />
intervenções de reabilitação sem<br />
diminuição da vulnerabilidade sísmica<br />
<strong>dos</strong> edifícios fazem aumentar<br />
o risco sísmico. De facto, nessas circunstâncias<br />
está a aumentar-se<br />
“Em Portugal temos estratégias de associação um pouco ‘ad hoc’,<br />
feitas para vários trabalhos e por razões de mercado. Pelo contrário,<br />
para o estrangeiro, estamos envolvi<strong>dos</strong> num projecto permanente<br />
com várias empresas complementares”<br />
47 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
REABILITAÇÃO<br />
DO EDIFICADO<br />
o valor exposto à perigosidade sísmica<br />
pelo que as perdas esperadas<br />
futuras aumentam.<br />
As intervenções de avaliação e reforço<br />
sísmico são delicadas e requerem<br />
ponderação e bom senso,<br />
para além de capacidade técnica<br />
especializada. Numa primeira fase<br />
há que recolher e avaliar muita informação<br />
para compreender o funcionamento<br />
sísmico do edifício e<br />
depois, numa segunda fase, há que<br />
conceber, com muito maior constrangimento<br />
que numa situação de<br />
projecto novo, a melhor solução estrutural<br />
de reforço. Resumidamente<br />
a dificuldade reside em não intervir<br />
desnecessariamente sem deixar<br />
de intervir onde necessário.<br />
O Novo Regime da Reabilitação<br />
Urbana entrou em vigor a 22 de<br />
Dezembro de 2009, sendo um diploma,<br />
há muito aguardado pela<br />
indústria. Qual a sua opinião relativamente<br />
a este documento? Que<br />
lacunas ainda detecta no mesmo?<br />
De que forma é importante para o<br />
sector?<br />
O parque edificado é extremamente<br />
diversificado e no presente enqua-<br />
48 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
dramento legal, fiscal e de moroso<br />
funcionamento da justiça, muitos<br />
proprietários desinteressaram-se<br />
da conservação do seu património.<br />
Há que inverter esta situação que<br />
está a montante do Regime de Reabilitação<br />
Urbana.<br />
Desta forma se poderá recuperar<br />
as poupanças individuais para o<br />
investimento na reabilitação imobiliária.<br />
Esta é uma questão-chave,<br />
valendo a pena recordar que três<br />
ou quatro décadas atrás era tradicional<br />
os particulares investirem<br />
pessoalmente no imobiliário, como<br />
forma de assegurar um rendimento<br />
seguro para futuro. É assim crucial<br />
recuperar a confiança neste mercado,<br />
designadamente no mercado de<br />
arrendamento, garantindo um retorno<br />
competitivo do investimento,<br />
o que dará sustentabilidade financeira<br />
ao grande esforço de reabilitação<br />
urbana que o País necessita.<br />
A crise económica em que vivem<br />
os diversos merca<strong>dos</strong> mundiais<br />
tem sido um elemento perturbador<br />
e tem manietado os desideratos<br />
de diversas entidades. Neste<br />
sentido, de que forma é que o volume<br />
de trabalho do GAPRES foi<br />
afectado, sabendo que a crise na<br />
construção ainda se mantem?<br />
O ano de 2010 apresentou alguma<br />
desaceleração quanto á actividade<br />
total em comparação com 2009.<br />
No entanto, no que se refere à nossa<br />
produção própria, os dois anos<br />
foram semelhantes. A adaptação á<br />
conjuntura mais adversa em 2010<br />
foi feita sobretudo pela diminuição<br />
da subcontratação, revelando a capacidade<br />
de adaptação da empresa.<br />
Qual a importância que esta aposta<br />
em novos merca<strong>dos</strong> tem para<br />
o GAPRES? Quais as motivações<br />
que levaram à aposta em merca<strong>dos</strong><br />
externos? Sentiram que o<br />
mercado interno começava a ser<br />
demasiado exíguo ou passou apenas<br />
por uma evolução natural da<br />
empresa?<br />
O Gapres já fez trabalhos importantes,<br />
de forma pontual, em Macau,<br />
Venezuela e Médio-Oriente. Mais<br />
recentemente temos trabalhado em<br />
Angola, Moçambique e Cabo Verde.<br />
Estamos também a procurar entrar<br />
no mercado do Norte de África, designadamente<br />
na Argélia e Marrocos.<br />
Internacionalização é a palavra<br />
de ordem nesta altura. Queremos<br />
potenciar utilização da nossa capacidade,<br />
mas também contribuir<br />
para superar a crise em que o país<br />
está mergulhado. Fazemos isto porque<br />
o mercado o exige mas também<br />
porque consideramos esta uma<br />
missão das empresas portuguesas.<br />
Em Portugal temos estratégias de<br />
associação um pouco ‘ad hoc’, feitas<br />
para vários trabalhos e por razões<br />
de mercado. Pelo contrário, para<br />
o estrangeiro, estamos envolvi<strong>dos</strong><br />
CANSADO CARVALHO<br />
num projecto permanente com várias<br />
empresas complementares.<br />
Nesse sentido temos uma participação<br />
no NEAT- Network for Engineering,<br />
Architecture and Technology,<br />
SA criado para funcionar como um<br />
veículo de internacionalização <strong>dos</strong><br />
seus accionistas que assim mobilizam<br />
a massa crítica necessária para<br />
uma intervenção mais sustentada<br />
no exterior.<br />
Quais são as principais prioridades<br />
do GAPRES – Gabinete de Projectos,<br />
Engenharia e Serviços, SA<br />
para o futuro?<br />
Sem dúvida o mercado interno em<br />
2011 será bastante mais difícil que<br />
em 2010. Para ultrapassar essa situação,<br />
queremos reforçar a nossa actividade<br />
para o exterior, esperando<br />
atingir aí cerca de 25 por cento da<br />
nossa facturação. Para além disto,<br />
no mercado interno, apostaremos<br />
na área da reabilitação estrutural e<br />
em particular na área da resistência<br />
sísmica <strong>dos</strong> edifícios, pontes e<br />
viadutos, matéria para que temos<br />
particular aptidão e que foi alvo<br />
recentemente de uma recomendação<br />
da Assembleia da República ao<br />
Governo no sentido de acautelar a<br />
minimização do risco sísmico em<br />
Portugal. Para o efeito utilizamos<br />
uma abordagem para o diagnóstico<br />
e a redução da vulnerabilidade sísmica,<br />
que relaciona para cada construção,<br />
a intensidade sísmica com o<br />
nível de danos que ela provoca, na<br />
situação actual e após intervenção<br />
de reforço sísmico.
NAUTICAMPO<br />
NAUTICAMPO 2011<br />
NOVO CONCEITO A MESMA QUALIDADE<br />
Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL, apresenta-nos a 43ª edição da Nauticampo, o<br />
maior salão de lazer em Portugal e um <strong>dos</strong> mais antigos da Europa, que vai decorrer de 2 a 6 de Fevereiro nas instalações da Feira Internacional<br />
de Lisboa.<br />
A<br />
caminho da sua 43ª edição,<br />
a Nauticampo é uma<br />
vez mais o grande pólo<br />
de atracção para um público<br />
de excelência, reunindo num<br />
só lugar uma diversificada oferta<br />
para to<strong>dos</strong> os que apreciam e vivem<br />
os prazeres da natureza. Ao longo<br />
das últimas edições tem acolhido a<br />
maior e melhor oferta para a prática<br />
do turismo ao ar livre e de desportos<br />
que potenciem o contacto com a<br />
natureza, dando resposta aos novos<br />
estilos de vida <strong>dos</strong> jovens consumidores,<br />
cada vez mais dinâmicos,<br />
mais aventureiros e mais exigentes,<br />
assumindo-se como um evento de<br />
referência da Feira Internacional<br />
de Lisboa, que tenta tirar partido<br />
das excelentes condições naturais<br />
que o país possui para este tipo de<br />
actividade. Os mais de 2 mil quilómetros<br />
de costa (incluindo <strong>Açores</strong> e<br />
Madeira), 600 quilómetros quadra<strong>dos</strong><br />
de bacias interiores (entre rios<br />
e barragens) e 32 marinas e portos<br />
de abrigo, elevam a oferta de Portugal<br />
em excelentes condições para a<br />
prática de desportos náuticos e ao<br />
ar livre, não esquecendo a cultura<br />
náutica fortemente enraizada no<br />
nosso país.<br />
Assim, depois de um ano de interregno,<br />
a Nauticampo apresenta-se<br />
em 2011 seguindo novos conceitos<br />
que, conforme explicou Fátima Vila<br />
Maior, pretendem cativar um público<br />
cada vez mais exigente: “Este<br />
ano retomamos o conceito da Nauticampo,<br />
que é uma Feira que já se<br />
realiza há vários anos e que como<br />
tal deve acompanhar os hábitos<br />
<strong>dos</strong> consumidores. Este certame<br />
tem sido um marco para os jovens,<br />
amantes da náutica e desportos de<br />
recreio e também para entusiastas<br />
da actividade ao ar livre, neste<br />
sentido, introduzimos actividades<br />
relaciona<strong>dos</strong> com desportos de<br />
aventura e liga<strong>dos</strong> à natureza que<br />
vão decorrer em simultâneo com o<br />
período da Feira”.<br />
Um <strong>dos</strong> grandes destaques da Nauticampo<br />
2011 é o My Sport. Este<br />
espaço funcionará apenas durante<br />
o fim-de-semana e servirá as camadas<br />
mais jovens praticantes de desportos<br />
diversos e que pretendam<br />
vender o seu equipamento ou material<br />
desportivo em segunda mão<br />
na expectativa de angariar dinheiro<br />
para comprar novo. Fátima Vila<br />
Maior destaca que “habitualmente<br />
estas vendas realizam-se em sites<br />
específicos através da Internet, no<br />
entanto, on-line, não é perceptível<br />
o estado do equipamento, não se<br />
pode experimentar, não há espaço<br />
para grande margem de negociação<br />
enquanto que através de um espaço<br />
como este, tudo se torna mais fácil.<br />
49 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
“Este certame tem sido um marco para os<br />
jovens, amantes da náutica e desportos de<br />
recreio e também para entusiastas da actividade<br />
ao ar livre, neste sentido, introduzimos<br />
actividades relaciona<strong>dos</strong> com desportos de<br />
aventura e liga<strong>dos</strong> à natureza que vão decorrer<br />
em simultâneo com o período da Feira”. Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL<br />
O espaço vai ser constituído por<br />
pequenas boxes e animado com<br />
música, dança e algumas demonstrações”.<br />
Além do My Sport, a Nauticampo<br />
2011 vai ainda ser alargada ao exterior<br />
por forma a complementar a<br />
actividade de uma feira com estas<br />
características: “Vamos por um lado<br />
tentar que as actividades de experimentação,<br />
como são os casos <strong>dos</strong><br />
baptismos de vela, não fiquem confina<strong>dos</strong><br />
às nossas instalações. Assim,<br />
vão decorrer várias iniciativas<br />
na Marina do Parque das Nações,<br />
com algumas actividades náuticas<br />
a decorrer, bem como um circuito<br />
pedestre, com o objectivo de extravasar<br />
a Nauticampo para o Parque<br />
das Nações, o que acontece pela<br />
primeira vez”, conforme explicou a<br />
Directora da Área de Feiras da FIL.<br />
Nauticampo -<br />
Ferramenta de negócio<br />
Uma outra linha de desenvolvimento<br />
está relacionada com o facto de<br />
a Feira ser um espaço privilegiado<br />
onde acontecem iniciativas de reflexão<br />
e de promoção potenciadas<br />
pelos agentes económicos <strong>dos</strong> vários<br />
sectores aqui representa<strong>dos</strong>.<br />
Assim, no primeiro dia a Turismo<br />
50 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />
de Portugal organiza um seminário<br />
sobre turismo náutico e nos restantes<br />
dias o Fórum do Mar apresenta<br />
mais dois eventos relaciona<strong>dos</strong><br />
com o papel das autarquias na denominada<br />
economia do Mar. Por<br />
último, vão realizar-se workshops<br />
nas quais serão lança<strong>dos</strong> os grandes<br />
eventos relacionado com o Mar<br />
para 20011/12.<br />
Com este caminho Fátima Vila<br />
Maior espera que a Nauticampo “se<br />
desenvolva em três linhas: a área<br />
de experimentação, aproveitando a<br />
envolvência do Parque das Nações;<br />
a linha de reflexão <strong>dos</strong> agentes<br />
económicas, que vão utilizar a feira<br />
para discutir os passos a seguir<br />
para a dinamização do sector e, por<br />
outro lado, a própria exposição da<br />
Feira que alterou o seu conceito<br />
porque o público que a visita quer<br />
mais”.<br />
Mais do que um marco, a Nauticampo<br />
é uma ferramenta de negócio<br />
construída por todas as empresas<br />
com o intuito de reunir a melhor<br />
oferta para a prática da Náutica, do<br />
Turismo ao ar livre e de desportos<br />
que potenciem o contacto com a<br />
natureza, dando resposta aos novos<br />
estilos de vida e para toda a família.
51 PONTOS DE VISTA JAN. 2011
52 PONTOS DE VISTA JAN. 2011