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Descarregar anexo - Universidade dos Açores

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ESTE SUPLEMENTO FAZ PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO<br />

JANEIRO ‘11 / EDIÇÃO 5<br />

Descurar a importância da Enfermagem nos<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde é negar uma evidência enorme<br />

e cometer um erro crasso”, garante<br />

MARIA AUGUSTA DE SOUSA, BASTONÁRIA DA ORDEM DOS ENFERMEIROS<br />

ARCTEL - CPLP<br />

POR FILIPE BATISTA<br />

REABILITAÇÃO URBANA<br />

IMPERATIVO NO NOSSO PAÍS<br />

1 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


2 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


SSUMÁRIO<br />

JANEIRO 2011<br />

EDIÇÃO Nº 5<br />

4<br />

Saúde Oral<br />

Direcção Geral de Saúde<br />

em destaque<br />

9<br />

Entrevista a<br />

JOÃO GOULÃO, IDT<br />

Instituto da Droga e da<br />

Toxicodependência, I.P.<br />

16<br />

ORDEM DOS<br />

ENFERMEIROS<br />

Enfermeiros que Futuro?<br />

23<br />

Resort Monte Santo<br />

A melhor e única<br />

escolha para o Dia <strong>dos</strong><br />

Namora<strong>dos</strong><br />

24<br />

Residências Montepio<br />

Qualidade no âmbito do<br />

sector da Terceira Idade<br />

28<br />

ARQUILED<br />

A Marca da<br />

Iluminação LED<br />

30<br />

UNIVERSIDADE DOS<br />

AÇORES<br />

Avelino de Freitas de<br />

Meneses, Reitor,<br />

lembra a importância da<br />

ligação <strong>Universidade</strong>/Empresas<br />

33<br />

Internacionalização<br />

Casos de sucesso de<br />

entidades nacionais<br />

37<br />

TÚLIO ARAÚJO,<br />

Sócio da Túlio M Araújo,<br />

Filipa Comibra & Associa<strong>dos</strong><br />

CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />

38<br />

ARCTEL- CPLP<br />

Uma plataforma para a<br />

Globalização<br />

40<br />

Teresa Amador,<br />

Coordenadora do Legis-PALOP<br />

Base de Da<strong>dos</strong> Jurídica<br />

Legis-PALOP já disponível<br />

42<br />

OPINIÃO<br />

António Flores de<br />

Andrade, Presidente do<br />

Conselho Directivo do<br />

InCI<br />

RESPONSABILIDADE<br />

URBANA<br />

em destaque<br />

49<br />

43ª Edição da Nauticampo<br />

NOVO CONCEITO A<br />

MESMA QUALIDADE<br />

FICHA TÉCNICA<br />

Propriedade, Edição, Administração e Autor - Horizonte<br />

de Palavras - Edições Unipessoal, Lda Rua Rei Ramiro<br />

870, 6º B | 4400-281 Vila Nova Gaia | Telefone/ Fax<br />

+351 220 993 250 / Outros contactos: +351 220 926<br />

877/78/79/80<br />

E-mail: geral@pontosdevista.com.pt |www.pontosdevista.com.pt<br />

| www.horizonte-de-palavras.pt<br />

Impressão Lisgráfica, Impressão e Artes Gráficas, SA<br />

|Distribuição Nacional | Periodicidade Mensal - Distri-<br />

buição Nacional gratuita com o Jornal Público<br />

Os artigos nesta publicação são da responsabilidade<br />

<strong>dos</strong> seus autores e não expressam necessariamente a<br />

opinião do editor. Reserva<strong>dos</strong> to<strong>dos</strong> os direitos, proibida<br />

a reprodução, total ou parcial, seja por fotocópia<br />

ou por qualquer outro processo, sem prévia autorização<br />

do editor. A paginação é efectuada de acordo com<br />

os interesses editoriais e técnicos da revista, excepto<br />

nos anúncios com a localização obrigatória paga. O<br />

editor não se responsabiliza pelas inserções com<br />

erros, lapsos ou omissões que sejam imputáveis aos<br />

anunciantes. Quaisquer erros ou omissões nos conteú<strong>dos</strong>,<br />

não são da responsabilidade do editor.<br />

3 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


SAÚDE ORAL<br />

Revista Pontos de Vista - A<br />

introdução da iniciativa<br />

«Cheque-dentista» deu-<br />

-se em 2008, com cerca de<br />

um milhão de «Cheques-dentista» já<br />

emiti<strong>dos</strong>. Neste sentido e dois anos<br />

passa<strong>dos</strong>, qual o balanço que se<br />

pode realizar desta iniciativa?<br />

Catarina Sena – O balanço é extremamente<br />

positivo, principalmente<br />

ao nível de cobertura e de abrangência,<br />

que consideramos bastante<br />

satisfatórias, excepto na cobertura<br />

do grupo <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os beneficiários<br />

do complemento solidário. Ainda<br />

não estamos a conseguir fazer chegar<br />

a mensagem a este grupo par-<br />

4 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

Direcção Geral da Saúde em destaque<br />

“A SAÚDE ORAL NÃO PASSA<br />

SÓ PELO CHEQUE-DENTISTA”<br />

A Revista Pontos de Vista conversou com a equipa da DGS – Direcção Geral de Saúde, onde foram reveladas as principais mais-valias do Programa<br />

Nacional de Promoção da Saúde Oral e das diversas iniciativas, mais concretamente do «Cheque Dentista». Rui Calado, Coordenador<br />

do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral, Catarina Sena, Subdirectora-Geral da Saúde, Margarida Jordão e Ana Margarida do Céu,<br />

respectivamente, Técnica Superior e Médica Dentista, ambas responsáveis pelo Sistema de Informação de Saúde Oral e Cristina Cádima, Mário<br />

Rui Araújo, ambos Higienistas Orais e Luciana Rio Branco, Médica Dentista, responsáveis pelos projectos de Saúde Oral de Prevenção Primária<br />

revelaram a importância que este dinamismo tem tido na melhoria da Saúde Oral <strong>dos</strong> portugueses.<br />

ticularmente vulnerável. Estamos<br />

a tentar delinear novas estratégias<br />

para tornar o cheque mais acessível<br />

a estas pessoas. Realidade inversa<br />

verificamos nas grávidas e nas<br />

crianças, em que a cobertura, relativamente<br />

a crianças com 7, 10 e 13<br />

anos, é praticamente universal.<br />

RPV – Acredita que o sucesso do<br />

«Cheque-dentista» passa pelo aproveitamento<br />

que foi realizado ao nível<br />

da rede existente, ao invés de se ter<br />

apostado na criação de raiz de uma<br />

rede? A aposta numa parceria entre<br />

o sector privado e o sector público foi<br />

fundamental?<br />

CS – A lógica desta iniciativa teve<br />

por base a adesão do médico dentista/médico<br />

estomatologista e<br />

não a adesão da clínica prestadora<br />

de cuida<strong>dos</strong>. Os médicos aderentes,<br />

como sabemos, prestam normalmente<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde oral<br />

em diversos locais. Desta forma<br />

potenciamos a nossa capacidade<br />

– a nossa rede de aderentes conta<br />

actualmente com 3668 profissionais<br />

de medicina dentária e 5778<br />

locais dispersos por todo o país, o<br />

que significa uma cobertura de to<strong>dos</strong><br />

os concelhos, com consequente<br />

liberdade de escolha por parte <strong>dos</strong><br />

utentes. O utente pode optar pelo<br />

EQUIPA DA DGS<br />

local onde pretende ser tratado e<br />

pelo profissional prestador de cuida<strong>dos</strong><br />

entre os existentes na lista<br />

de médicos aderentes que pode ser<br />

consultada no site www.saudeoral.<br />

min-saude.pt.<br />

RPV - No passado, a Saúde Oral foi<br />

quase considerada como o «parente<br />

pobre» da Saúde Pública em Portugal,<br />

inúmeras vezes contemplada<br />

de uma forma diminuída no Serviço<br />

Nacional de Saúde, uma vez que existem<br />

muitos hospitais onde não existe<br />

qualquer serviço de Estomatologia e,<br />

em outros, ele existe, mas não é suficiente<br />

para as necessidades, assim


como acontecia nos centros de saúde.<br />

Esta intervenção mais directa,<br />

<strong>dos</strong> «Cheques-dentista» vem permitir<br />

aos portugueses, nomeadamente<br />

aos mais desfavoreci<strong>dos</strong>, efectuar as<br />

intervenções mais urgentes?<br />

Rui Calado – Gostava de reforçar<br />

que existe aqui uma vertente mais<br />

orientada para a promoção e prevenção,<br />

que é bastante antiga na<br />

DGS e que tem vindo a ser trabalhada<br />

sistemática e regularmente.<br />

Nos últimos anos assistimos a um<br />

certo abrandamento, pois direccionamos<br />

a nossa atenção para outras<br />

áreas, também elas fundamentais.<br />

No entanto, neste momento, existe<br />

na DGS uma equipa suficientemente<br />

alargada e competente para novamente<br />

realizarmos um processo<br />

de desenvolvimento acentuado<br />

nestas matérias, pois entendemos<br />

que muitos <strong>dos</strong> problemas de saúde<br />

oral podem ser evita<strong>dos</strong> – por isso<br />

esta aposta seguindo uma lógica de<br />

intervir para que esses problemas<br />

não aconteçam, oferecendo às pessoas<br />

mecanismos que permitam a<br />

prevenção, como suplementos de<br />

flúor, formas de escovagem correcta,<br />

higiene oral, entre outros. O<br />

nosso objectivo é que as pessoas<br />

tenham bocas saudáveis e para que<br />

isso seja uma realidade é necessário<br />

anteciparmos os procedimentos<br />

de intervenção e de prevenção para<br />

obter melhores resulta<strong>dos</strong>. Por isso<br />

não comungo dessa ideia de que a<br />

Saúde Oral é o “parente pobre” da<br />

Saúde em Portugal. Estou nesta<br />

área desde 1986 e os projectos foram<br />

acontecendo mediante a nossa<br />

capacidade de os executar e não em<br />

função das ineficiência e lacunas do<br />

sistema, ou seja, se tivermos boas<br />

iniciativas e projectos que sejam<br />

uma mais-valia, haverá quem os<br />

aprecie e apoie.<br />

RPV – Mas o facto deste projecto ter<br />

começado a dar os primeiros passos<br />

ao nível de cuida<strong>dos</strong> de saúde primários<br />

em 2000 não representa uma<br />

ineficiência do sistema? Não estamos<br />

atrasa<strong>dos</strong>?<br />

RC - É necessário abordarmos estas<br />

temáticas de uma forma mais<br />

profunda. Em 1995, existia um<br />

número reduzido de profissionais<br />

de medicina dentária em Portugal.<br />

Foi necessário formá-los. Para<br />

que um projecto tenha sucesso, é<br />

necessário possuir recursos humanos<br />

qualifica<strong>dos</strong> e capacita<strong>dos</strong>.<br />

Isso só foi uma realidade a partir<br />

de 2000. Hoje são mais de seis mil<br />

médicos dentistas no país. Houve<br />

um esforço enorme no domínio da<br />

formação para termos actualmente<br />

profissionais de medicina dentária<br />

disponíveis – porque sem eles não<br />

há políticas de saúde que tenham<br />

êxito. Hoje podemos afirmar que<br />

temos profissionais de saúde em<br />

número suficiente para realizar um<br />

projecto que não abranja apenas a<br />

prevenção.<br />

Em dois anos emitimos, nos Centros<br />

de Saúde, mais de um milhão<br />

de «Cheques-dentista», o que significa<br />

que convidamos, selectiva e<br />

objectivamente, cerca de 700 mil<br />

portugueses a «visitar» o dentista<br />

gratuitamente, integra<strong>dos</strong> no Serviço<br />

Nacional de Saúde. Realizamos<br />

dois milhões e meio de tratamentos.<br />

Conseguimos colocar à disposição<br />

da população portuguesa quase<br />

3700 profissionais de medicina<br />

dentária sem despender de qualquer<br />

recurso financeiro em infraestruturas,<br />

apostando na maximização<br />

e rentabilidade das estruturas<br />

existentes e que o país possuía, sendo<br />

uma prova cabal que demonstra<br />

que o sector público e privado não<br />

estão de costas voltadas.<br />

Não poderíamos apostar em criar<br />

uma rede de raiz quando temos<br />

consultórios equipa<strong>dos</strong> com tecnologia<br />

de vanguarda e que estavam<br />

subaproveita<strong>dos</strong>. Convidamos os<br />

médicos dentistas a rentabilizar os<br />

seus espaços e os seus materiais.<br />

Não foi necessário adquirir uma<br />

única cadeira para realizar cerca de<br />

dois milhões e meio de tratamentos<br />

aos utentes do SNS. Este é o grande<br />

segredo de toda esta estratégia.<br />

É uma estratégia acessível para o<br />

país em termos económicos e que<br />

rentabiliza os recursos existentes,<br />

sendo perfeitamente sustentável<br />

pelo SNS e tendo a mais-valia de<br />

oferecer uma resposta imediata às<br />

necessidades das pessoas. Se optássemos<br />

por uma estrutura pesada e<br />

demasiado burocrática, com instalação<br />

de consultórios de medicina<br />

dentária nos Centros de Saúde, não<br />

teríamos tanto sucesso e seríamos<br />

acusa<strong>dos</strong> de desperdício de recursos.<br />

RVP – A importância desta iniciativa<br />

é sem dúvida de louvar e os resulta<strong>dos</strong><br />

alcança<strong>dos</strong> são inquestionáveis.<br />

No entanto, ainda subsiste a ideia de<br />

que existem muitos consultórios que<br />

não reúnem as condições necessárias<br />

para «servir» com qualidade os<br />

utentes? Que comentário lhe merece<br />

esta dúvida?<br />

RC – É importante lembrar que não<br />

fazemos isto de ânimo leve, nem seguindo<br />

lógicas facilitadoras. Quando<br />

admitimos os médicos aderentes<br />

para o grupo de pessoas que connosco<br />

colabora, estes profissionais<br />

têm de assumir um compromisso<br />

em que se responsabilizam por possuir<br />

um consultório com determinadas<br />

condições de qualidade, executar<br />

práticas adequadas e a nunca<br />

estigmatizar os nossos utentes, que<br />

são trata<strong>dos</strong> em situação de equidade<br />

como outros utentes.<br />

Luciana Rio Branco – Demos início<br />

recentemente a um processo que<br />

se prende com a construção de um<br />

suporte documental e instrumental<br />

para a prática das acções de vigilância<br />

higino-sanitária. Esse processo<br />

está sendo desenvolvido com base<br />

em legislação publicada há pouco<br />

tempo. As condições de licenciamento<br />

das clínicas e consultórios<br />

dentários foram modificadas, o que<br />

significa obrigatoriamente uma<br />

mudança na forma de efectuar a<br />

vigilância hígio-sanitária. Existem<br />

parâmetros que foram delinea<strong>dos</strong>,<br />

agora com força legal – de obrigatoriedade<br />

– que devem ser cumpri<strong>dos</strong><br />

por esse tipo de Unidades Privadas<br />

de Saúde. Isso não significa que até<br />

agora não tenha havido cumprimento<br />

dessas normas, mas antes<br />

que elas não se encontravam tão<br />

definidas.<br />

RPV – Segundo alguns da<strong>dos</strong>, no<br />

início de 2010 ainda existiam cerca<br />

de 400 mil portugueses sem médico<br />

de família. De que forma é que estes<br />

valores podem fazer perigar o acesso<br />

ao «Cheque-dentista»?<br />

RC – Nenhum utente do SNS ficará<br />

sem acesso ao Cheque-dentista<br />

pelo facto de não ter médico de família.<br />

Dou o exemplo das grávidas.<br />

Se alguma grávida não tiver médico<br />

de família pode chegar a um qualquer<br />

Centro de Saúde e relatar essa<br />

mesma informação, sendo passado<br />

um cheque ao nível <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde oral. Além disso, os Centros<br />

de Saúde têm a obrigação de<br />

encontrar uma alternativa para que<br />

seja realizada a vigilância a esse<br />

público-alvo.<br />

LER NA ÍNTEGRA EM<br />

WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT<br />

5 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


SAÚDE ORAL<br />

Clínica de Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos<br />

DISTINÇÃO COMO MARCA DO SUCESSO<br />

Onde o utente é visto como um amigo, é desta forma que ficamos a conhecer a Clínica de Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos que ao longo da<br />

sua existência tem percorrido um trajecto de seriedade, transparência, rigor e profissionalismo para que os seus utentes saibam que podem<br />

confiar a sua saúde oral nestes profissionais e saibam cada vez mais cuidar de si.<br />

Reputado profissional desta<br />

área, Fernando Almeida<br />

iniciou a sua actividade<br />

profissional em 1981, tendo<br />

a Clínica de Medicina Dentária<br />

<strong>dos</strong> Carvalhos sido edificada em<br />

1989, mais concretamente há 21<br />

anos, tendo surgido fruto da visão<br />

de um homem e profissional de<br />

medicina dentária que olha a saúde<br />

oral <strong>dos</strong> seus utentes atendendo<br />

às suas necessidades e urgências<br />

tratando-os de uma forma personalizada,<br />

atenta e coerente, para que<br />

estes se sintam bem quando visitam<br />

alguém da sua confiança, o seu<br />

médico dentista.<br />

Profissional reconhecido e de enorme<br />

prestígio, Fernando Almeida<br />

assume-se hoje, mais do que um<br />

médico dentista, como um gestor,<br />

apostando na qualidade <strong>dos</strong> seus<br />

serviços médicos e na fidelização<br />

<strong>dos</strong> utentes que, por esta ou aquela<br />

razão, preferem entregar as suas<br />

necessidades orais a profissionais<br />

de qualidade ímpar. Neste sentido,<br />

a Clínica de Medicina Dentária<br />

<strong>dos</strong> Carvalhos é hoje um espaço<br />

conhecido por to<strong>dos</strong>, a nível local<br />

e nacional, pois antes de qualquer<br />

característica, a grande mais-valia<br />

passa por uma actuação extremamente<br />

profissional, pois além de<br />

possuir equipamentos de vanguar-<br />

6 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

da, apresenta profissionais de enorme<br />

gabarito e reconhecimento na<br />

praça pública, facto que permite ao<br />

cidadão comum ter uma enorme<br />

confiança nos mesmos.<br />

Em entrevista à Revista Pontos de<br />

Vista, Fernando Almeida, mentor,<br />

proprietário e profissional de medicina<br />

dentária revelou as principais<br />

mais-valias do seu espaço, as<br />

dificuldades existentes nesta vertente<br />

da saúde em Portugal, sem<br />

esquecer que em 2011 irão surgir<br />

novos desafios, como a abertura de<br />

um novo espaço de medicina oral,<br />

alocado ao espaço actual, ou ainda<br />

a expansão da clínica localizada em<br />

Lisboa. Projectos ambiciosos e ousa<strong>dos</strong>,<br />

que fazem jus, sem sombra<br />

de dúvida, à velha máxima, «Investir<br />

é em momentos de crise» e que<br />

demonstram que a Clínica de Medicina<br />

Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos é hoje<br />

uma marca de enorme reconhecimento.<br />

Aposta na distinção<br />

A distinção no tratamento <strong>dos</strong> utentes<br />

da Clínica de Medicina Dentária<br />

<strong>dos</strong> Carvalhos é de facto uma<br />

realidade intrínseca e visível, onde<br />

cada utente é visto como “um ser<br />

humano”, afirma o nosso entrevistado,<br />

lembrando ainda que nenhum<br />

profissional de saúde que se preze<br />

pode perder a noção do que representa<br />

a medicina, ou seja, devem ser<br />

arreda<strong>dos</strong> desideratos economicistas<br />

para que “não se perca a dimensão<br />

humana da verdadeira essência<br />

da medicina”, assegura o nosso interlocutor.<br />

Pensando nesta vertente humana e<br />

pela necessidade em incrementar<br />

a capacidade de resposta, o nosso<br />

entrevistado decidiu que este era<br />

o momento adequado para realizar<br />

uma aposta que, sendo ambiciosa,<br />

é extremamente necessária, ou<br />

seja, aumentar o espaço da actual<br />

clínica. Neste sentido, foi adquirido<br />

um espaço contíguo ao actual, que<br />

além da importância orgânica que<br />

terá no futuro, apresenta ainda características<br />

históricas, pois é um<br />

edifício que apresenta uma fachada<br />

datada do século XIX, recuperado<br />

agora e uma nova em betão branco<br />

para manter o realce do edifico<br />

antigo. “Estava fora de questão<br />

desperdiçar este espólio histórico<br />

e iremos conservar a mesma e irá<br />

ser integrada na união com a clinica<br />

actual”, explica satisfeito o nosso<br />

interlocutor.<br />

Neste sentido, a nova clínica terá<br />

cerca de 1500 metros quadra<strong>dos</strong> de<br />

área destina<strong>dos</strong> à prática da clínica<br />

dentária, estando apetrechada com<br />

15 gabinetes, laboratório, auditório,<br />

entre outros espaços de relevo.<br />

Mas quais as razões que levaram<br />

a esta aposta num novo espaço?<br />

Segundo Fernando Almeida, esta<br />

necessidade surgiu da exiguidade<br />

do actual edifício face às exigências<br />

e necessidades, pois a Clínica de<br />

Medicina Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos<br />

tem conhecido um incremento bastante<br />

acentuado de utentes, facto<br />

demonstrado e sustentado por um<br />

crescimento de cerca de 30 por cento<br />

ao ano.<br />

O antigo edifício, com três pisos,<br />

também será alvo de uma reformulação,<br />

facto que, aquando da união<br />

com o novo espaço, proporcionará<br />

na totalidade cerca de 2200 metros<br />

quadra<strong>dos</strong> dedica<strong>dos</strong> exclusivamente<br />

à prática da medicina dentária.<br />

“Este projecto de reformulação<br />

do edifício actual surge por necessidade<br />

óbvias, ou seja, temos por<br />

exemplo umas escadas que, segundo<br />

os normativos legais actuais, não<br />

são os mais adequa<strong>dos</strong> ao nível da<br />

acessibilidade. Esta aposta vem no<br />

sentido de melhorar as condições<br />

para receber os nossos utentes e<br />

para que os nossos profissionais<br />

tenham ainda melhores condições<br />

de trabalho”, afirma o nosso interlocutor,<br />

lembrando que a lotação<br />

deste espaço está completa. “Temos


“Esta aposta vem no sentido de melhorar as condições<br />

para receber os nossos utentes e para que os<br />

nossos profissionais tenham ainda melhores condições<br />

de trabalho”<br />

conhecido um desenvolvimento<br />

bastante elevado e actualmente<br />

possuímos dez equipamentos em<br />

pleno funcionamento, de segunda<br />

a domingo, feria<strong>dos</strong> inclusive, das 9<br />

às 22 horas”.<br />

Investir em momentos<br />

de crise<br />

Num momento de crise e recessão<br />

económica, o mais natural é apostar<br />

na contenção <strong>dos</strong> custos e <strong>dos</strong><br />

investimentos, realidade sobre a<br />

qual Fernando Almeida não acredita.<br />

“Creio que os melhores momentos<br />

para se investir devem ser estes.<br />

Até porque, estamos a dar um sinal<br />

claro à sociedade de que estamos<br />

com uma boa «saúde» financeira<br />

e que propiciamos serviços de<br />

saúde oral de qualidade”, assevera,<br />

lembrando que as existe um número<br />

elevado de clinicas congéneres<br />

que, nos últimos tempos, cerraram<br />

portas porque não apostaram na<br />

modernização e na inovação. “Isso<br />

está a acontecer com bastante frequência<br />

no nosso país. Nós pretendemos<br />

inverter esse cenário e por<br />

isso apostamos no efeito de atracção<br />

positiva, valores controla<strong>dos</strong> e<br />

qualidade máxima de um corpo de<br />

profissionais de excelência que é o<br />

que possuímos nas duas clínicas,<br />

no Porto e em Lisboa, que em 2011<br />

também ser alvo de uma reformulação<br />

e expansão”.<br />

Profissional reconhecido e de créditos<br />

firma<strong>dos</strong>, Fernando Almeida<br />

apoia e congratula-se pelo facto do<br />

actual Executivo governativo estar<br />

a apoiar afincadamente a vertente<br />

da saúde oral, através da inclusão<br />

do Programa Nacional de Promoção<br />

da Saúde Oral ou através da medida<br />

do «Cheque Dentista», iniciativa à<br />

qual a Clínica de Medicina Dentária<br />

<strong>dos</strong> Carvalhos também aderiu. “Naturalmente<br />

que são medidas importantes<br />

e relevantes no apoio aos<br />

mais carencia<strong>dos</strong> e necessita<strong>dos</strong>,<br />

embora não compreenda algumas<br />

críticas realizadas por alguns profissionais<br />

de medicina dentária que<br />

criticam esta medida. Não podemos<br />

ter a veleidade de achar que só vivemos<br />

com a classe média/média alta.<br />

To<strong>dos</strong> fazemos parte da sociedade e<br />

àqueles que não poder ter cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde oral devemos proporcionar<br />

medidas que os auxiliem a tal<br />

acto”, assume o nosso interlocutor,<br />

lembrando que na Clínica de Medicina<br />

Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos, os<br />

utentes provi<strong>dos</strong> do «Cheque Dentista»<br />

são poucos, não tendo um<br />

impacto significativo no volume de<br />

facturação da clínica, que é actualmente<br />

cerca de 2,5 milhões anuais.<br />

A terminar, o nosso entrevistado<br />

lembrou que o projecto da nova<br />

clinica e a reformulação do espaço<br />

actual, bem como do espaço localizado<br />

em Lisboa são as principais<br />

prioridades para 2011, lembrando<br />

que o principal factor que tem levado<br />

ao sucesso da Clínica de Medicina<br />

Dentária <strong>dos</strong> Carvalhos “são os<br />

nossos profissionais, a quem lhes<br />

é incutido, desde a sua entrada, um<br />

espírito assente na dedicação e em<br />

dar o máximo pelos utentes, realidade<br />

que se reflecte numa mairo<br />

agregação e atracção por parte <strong>dos</strong><br />

novos utentes, pois sabem que aqui,<br />

são trata<strong>dos</strong> por profissionais de<br />

qualidade e com condições de excelência”,<br />

conclui o nosso entrevistado.<br />

Fernando Almeida<br />

7 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


SAÚDE ORAL<br />

Ordem <strong>dos</strong> Médicos Dentistas – Programa Nacional de Promoção<br />

da Saúde Oral<br />

PROGRAMA É UM<br />

SUCESSO, MAS<br />

PODEMOS FAZER MAIS<br />

A distribuição de cheques-dentista a grupos de maior risco de desenvolverem<br />

problemas de saúde oral permitiu o acesso a tratamentos<br />

dentários a quase 737 mil portugueses e um total de 2,5 milhões de<br />

tratamentos dentários. Os da<strong>dos</strong> referem-se ao balanço <strong>dos</strong> últimos<br />

três anos do Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral apresentado<br />

esta mês pela Ministra da Saúde, Ana Jorge. A Pontos de Vista<br />

entrevistou Paulo Melo, Secretário-Geral da Ordem <strong>dos</strong> Médicos<br />

Dentistas, que faz um balanço positivo do programa e lança as bases<br />

a trabalhar no futuro.<br />

As doenças orais, como a<br />

cárie dentária e as doenças<br />

periodontais, são um<br />

sério problema de saúde<br />

pública, uma vez que afectam grande<br />

parte da população, influenciam<br />

os seus níveis de saúde, de bem-<br />

-estar, de qualidade de vida e são<br />

vulneráveis a estratégias de intervenção<br />

conhecidas e comprovadamente<br />

eficientes.<br />

Para combater esta problemática<br />

e, sobretudo, permitir o acesso a<br />

tratamento <strong>dos</strong> mais necessita<strong>dos</strong>,<br />

surgiu o Programa Nacional de Promoção<br />

da Saúde Oral, que está incluído<br />

no Plano Nacional de Saúde<br />

2004-2010. Dentro deste programa<br />

surgiu em 2008 a iniciativa “Cheques-Dentista”,<br />

que disponibilizou<br />

a milhares de mulheres grávidas e<br />

i<strong>dos</strong>os com menores rendimentos<br />

três cheques no valor de 120 euros,<br />

para os primeiros, e 80 euros por<br />

ano, para os segun<strong>dos</strong>.<br />

O quadro conceptual do programa<br />

corresponde a uma estratégia<br />

global de intervenção assente na<br />

promoção da saúde e na prevenção<br />

primária e secundária da cárie dentária.<br />

Este processo tem permitido<br />

prestar cuida<strong>dos</strong> médico-dentários<br />

a grupos de crianças escolarizadas<br />

integradas em programa de saúde<br />

oral e que desenvolveram cárie<br />

dentária; a mulheres grávidas em<br />

vigilância pré-natal no Serviço Nacional<br />

de Saúde (SNS) e a pessoas<br />

8 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

i<strong>dos</strong>as beneficiários do complemento<br />

solidário que sejam utentes<br />

do Serviço Nacional de Saúde.<br />

“Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> até agora<br />

pelo programa são excelentes, quer<br />

no envolvimento conseguido pelo<br />

número de pessoas que participaram,<br />

já ultrapassa tudo o que no<br />

passado foi efectuado pelo Serviço<br />

Nacional de Saúde junto da população”,<br />

afirmou Paulo Melo, secretário-geral<br />

da Ordem <strong>dos</strong> Médicos<br />

Dentistas, que no entanto lamenta<br />

que o programa não esteja a ter<br />

tanto sucesso junto <strong>dos</strong> i<strong>dos</strong>os: “O<br />

programa tem vários grupos alvo,<br />

tendo começado com as mulheres<br />

grávidas e i<strong>dos</strong>os que beneficiam<br />

do complemento solidário. É precisamente<br />

neste segundo grupo<br />

que nos debatemos com a problemática<br />

da aderência, porque ainda<br />

há alguma dificuldade em chegar<br />

junto destas pessoas, que são uma<br />

população que apresenta bastante<br />

carência a nível de tratamentos de<br />

saúde oral e reabilitação”.<br />

No sentido de combater esta problemática,<br />

Paulo Melo adianta que<br />

a Ordem “está a desenvolver um<br />

conjunto de estratégias, juntamente<br />

com a Direcção Geral de Saúde para<br />

que a informação chegue a este<br />

grupo da população de uma forma<br />

mais efectiva e eficaz”. Paulo Melo<br />

salientou ainda que as dificuldades<br />

em chegar aos seniores “está relacionado<br />

muitas vezes com a falta<br />

de autonomia destas pessoas, que<br />

necessitam sempre de apoio para<br />

chegar aos consultórios. Neste sentido<br />

queremos chegar aos médicos<br />

de família, para que sejam estes a<br />

passar a mensagem directamente,<br />

quer aos i<strong>dos</strong>os, quer às próprias<br />

famílias que assumem também um<br />

papel preponderante no combate a<br />

esta problemática”.<br />

Por outro lado, no segmento das<br />

mulheres grávidas seguidas no Serviço<br />

Nacional de Saúde a taxa de cobertura<br />

ascendeu já a 43 por cento<br />

do total previsto, sendo que mais<br />

de 92 mil mulheres usufruíram da<br />

possibilidade de fazerem tratamentos<br />

nos estomatologistas e médicos<br />

dentistas que assinaram protocolo<br />

com o Ministério da Saúde. “Neste<br />

grupo a adesão tem sido bastante<br />

boa, o que nos deixa satisfeitos com<br />

o trabalho desenvolvido embora,<br />

também aqui é possível fazer mais”,<br />

considera Paulo Melo.<br />

No grupo das crianças e jovens (com<br />

7, 10 e 13 anos e que frequentam<br />

escolas públicas e instituições de<br />

solidariedade social), a adesão foi<br />

significativa, com mais de 627 mil<br />

<strong>dos</strong> 900 mil beneficiários previstos<br />

a receberem os cheques. O segredo<br />

deste sucesso está relacionado com<br />

o facto de os vales serem neste caso<br />

distribuí<strong>dos</strong> directamente nas escolas<br />

e não nos centros de saúde. A<br />

partir deste ano lectivo passaram a<br />

ser disponibilizadas também bolsas<br />

Paulo Melo, Secretário-Geral<br />

da Ordem <strong>dos</strong> Médicos Dentistas<br />

de saúde oral nas escolas, contendo<br />

escovas e pastas de dentes, em mais<br />

uma medida no sentido de aumentar<br />

ainda mais a taxa de sucesso do<br />

programa junto das crianças.<br />

“Este é um grupo que estrategicamente,<br />

deve, pode e tem que ser<br />

trabalhado, porque as crianças representam<br />

o futuro e se forem bem<br />

educadas do ponto de vista da saúde<br />

oral e acompanhadas nas suas<br />

necessidades de tratamento mais<br />

facilmente podem, no futuro, dar<br />

seguimento ao trabalho desenvolvido<br />

nas primeiras idades”. Paulo<br />

Melo defende esta premissa por<br />

considerar que “se a criança e adolescente<br />

perceber que tem maior<br />

qualidade de vida se mantiver cuidada<br />

a sua saúde oral, vai no futuro<br />

transmitir esta ideia à sua família,<br />

contribuindo para um futuro melhor<br />

neste âmbito”.<br />

Mais recentemente foram também<br />

abrangidas pessoas portadoras do<br />

VIH, mas o Ministério da Saúde já<br />

avisou que não está previsto o alargamento<br />

do programa para outros<br />

grupos. “Esta fase começou recentemente<br />

e tem já vários pacientes<br />

atendi<strong>dos</strong>, a principal dificuldade<br />

apresentada é gerir a confidencialidade,<br />

mas a Direcção Geral de Saúde<br />

está a ter um extremo cuidado<br />

nesta gestão e este aspecto irá ficar<br />

sempre salvaguardado”.<br />

LER NA ÍNTEGRA EM<br />

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DEPENDÊNCIAS<br />

Instituto da Droga e da Toxicodependência, I.P.<br />

“SERIA MUITO PERIGOSO<br />

DESINVESTIR NESTA ÁREA”<br />

João Goulão<br />

O consumo de drogas e outras<br />

substâncias não é, ainda, um<br />

problema completamente resolvido<br />

em Portugal, embora seja<br />

legítimo afirmar que nos últimos<br />

anos foram da<strong>dos</strong> passos firmes<br />

e sustenta<strong>dos</strong>, através de políticas<br />

contínuas e direccionadas. O<br />

IDT assume-se como o «bastião»<br />

nesta «luta», promovendo iniciativas<br />

e medidas essenciais. A Revista<br />

Pontos de Vista conversou<br />

com João Goulão, Presidente do<br />

Conselho Directivo do IDT - Instituto<br />

da Droga e da Toxicodependência,<br />

I.P. que nos deu a conhecer<br />

o panorama do consumo<br />

de drogas em Portugal.<br />

É<br />

legítimo afirmar que a toxicodependência<br />

tem perdido<br />

lugar na agenda política e<br />

mediática? Que justificação<br />

encontra para este facto, sabendo<br />

que a saúde um é direito básico e as<br />

consequências desta problemática<br />

serem tão transversais aos diferentes<br />

sectores da sociedade?<br />

Não sendo, obviamente, um problema<br />

resolvido, são inegáveis os<br />

progressos alcança<strong>dos</strong>; existe actualmente<br />

um consenso bastante<br />

alargado sobre as políticas prosseguidas,<br />

reforçado pelo seu enorme<br />

reconhecimento internacional. Normalmente,<br />

em Portugal, só o que<br />

corre mal é puxado para o topo da<br />

agenda mediática…<br />

Contudo, diria que há consciência,<br />

nomeadamente por parte do Governo,<br />

de que a conjuntura social e<br />

económica actual é predisponente a<br />

um recrudescimento do fenómeno,<br />

e que seria muito perigoso desinvestir<br />

de forma significativa nesta<br />

área.<br />

As principais orientações para o<br />

Plano de Acção contra as Drogas e<br />

a Toxicodependência - Horizonte<br />

2008 foram estabelecidas pelo Plano<br />

Nacional contra a Droga e a Toxicodependência<br />

2005-2012, em consonância<br />

com a Estratégia da União<br />

Europeia de Luta Contra a Droga<br />

e respectivo Plano de Acção para<br />

2005-2008. Quais são os principais<br />

desideratos deste modelo e de que<br />

forma têm sido os mesmos concretiza<strong>dos</strong>?<br />

O Plano Nacional deu a sequência<br />

lógica à Estratégia de 1999, com<br />

as inflexões necessárias ao acompanhamento<br />

da evolução do fenómeno;<br />

o consumo de drogas deixou<br />

de ser apanágio das camadas mais<br />

desorganizadas e marginalizadas<br />

da sociedade; passou a haver uma<br />

preponderância <strong>dos</strong> consumos associa<strong>dos</strong><br />

a contextos de diversão,<br />

e um aumento do policonsumo. Estabeleceu<br />

novos princípios, como o<br />

da Territorialidade, a Centralidade<br />

no Cidadão, a Integração das Respostas<br />

e a Melhoria da Qualidade,<br />

passando pela Certificação. Os Planos<br />

de Acção que o operacionalizam<br />

(Horizonte 2008 e 2009-2012)<br />

assentam num equilíbrio entre a<br />

Redução da Oferta e a Redução da<br />

Procura e estabelecem objectivos,<br />

responsabilizando as entidades<br />

executoras. De uma forma geral,<br />

têm excelentes níveis de execução.<br />

Actualmente quais são os números<br />

associa<strong>dos</strong> ao consumo de substâncias<br />

viciantes em Portugal? Qual a<br />

situação do nosso país, comparativamente<br />

a outros congéneres europeus?<br />

Portugal sempre esteve abaixo da<br />

média europeia, no que diz respeito<br />

à prevalência de consumos em<br />

geral; a nossa situação tornou-se<br />

dramática quando esses consumos<br />

eram, na sua maioria, passíveis de<br />

ser considera<strong>dos</strong> problemáticos<br />

(por via injectável ou preenchendo<br />

critérios diagnósticos de dependência),<br />

o que já não acontece actualmente.<br />

Pelas percentagens de diferentes<br />

relatórios existentes, os jovens parecem<br />

insensíveis às mensagens e<br />

consequências das novas e diferentes<br />

drogas - das estimulantes às psicadélicas...<br />

Uma geração perdida ou ainda<br />

passível de recuperação?<br />

Pelo contrário, os jovens estão cada<br />

vez mais informa<strong>dos</strong> e usam menos<br />

substâncias ilícitas; o grande desafio,<br />

actualmente e entre os mais<br />

jovens, tem a ver com o uso nocivo<br />

do álcool.<br />

O consumo de drogas é hoje um flagelo<br />

relevante na sociedade portuguesa,<br />

contudo, começam a existir<br />

da<strong>dos</strong> concretos que perpetuam o<br />

consumo desregrado de álcool, principalmente<br />

nas faixas etárias mais<br />

jovens, como o próximo tormento<br />

em Portugal. Que medidas devem ser<br />

colocadas em prática para combater<br />

este problema?<br />

O tema do álcool foi recentemente<br />

incluído no mandato do IDT; já foi<br />

aprovado um Plano Nacional para<br />

os Problemas Liga<strong>dos</strong> ao Álcool que<br />

está em execução, contando com<br />

contributos de varia<strong>dos</strong> parceiros,<br />

incluindo os liga<strong>dos</strong> à produção e<br />

distribuição de bebidas contendo<br />

álcool. Contamos que seja possível<br />

estancar a tendência de subida destes<br />

problemas, sendo fundamental<br />

alterar a enorme complacência<br />

existente na nossa sociedade (nomeadamente<br />

entre Pais e educadores)<br />

face aos abusos cometi<strong>dos</strong><br />

pelos jovens. Entre estes, é necessário<br />

trabalhar para mudar a “moda”;<br />

complementarmente, poderá ser<br />

necessário produzir legislação que<br />

dê um sinal claro de desaprovação<br />

social desses consumos.<br />

Quais as principais prioridades e desafios<br />

do IDT para o futuro?<br />

Aperfeiçoar e aumentar cada vez<br />

mais a eficiência e eficácia das respostas<br />

nas diversas áreas de intervenção;<br />

diria que as questões do<br />

abuso do álcool, no contexto cultural<br />

português, são actualmente o<br />

nosso grande desafio.<br />

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9 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


DEPENDÊNCIAS<br />

A Casa Monte da Lua – Sober House<br />

PARA QUEM PROCURA<br />

UM NOVO MODO DE<br />

VIDA<br />

Projecto único e pioneiro em Portugal, A Casa Monte da Lua surgiu há cerca de três anos, tendo aportado um modelo vanguardista e inovador,<br />

denominado por Sober House, através de uma proposta terapêutica na área da prevenção, tratamento e reinserção social destinado a pacientes<br />

com problemas díspares, sendo actualmente um modelo de actuação bastante reconhecido a nível internacional, mas que em Portugal<br />

ainda evidencia algum cepticismo, mentalidade que pode mudar depois de conhecermos as mais-valias deste espaço.<br />

A<br />

filosofia da Casa Monte da<br />

Lua acredita no sugestionando<br />

e direccionando do<br />

cliente para que o próprio possa então<br />

percorrer o seu caminho, com<br />

liberdade de decisão e responsabilidade<br />

pelas suas acções, para que o<br />

paciente se sinta em casa no Monte<br />

da Lua e que goste da sua passagem<br />

pelo respectivo programa de<br />

tratamento. Aqui nada é deixado ao<br />

acaso, mesmo a localização da Casa<br />

Monte da Lua, que situada em São<br />

Pedro de Sintra, em Sintra, beneficia<br />

de uma envolvente geográfica,<br />

paisagística, histórica e cultural de<br />

uma vila pertencente ao património<br />

mundial, quase que adaptado ao<br />

ambiente que se pretende na Casa<br />

Monte da Lua.<br />

Além das diferenças sentidas<br />

aquando do primeiro impacto, pois<br />

existe o cuidado para tornar o espaço<br />

da Casa Monte da Lua, como<br />

algo bastante aproximado a uma<br />

habitação comum a cada um de<br />

nós, é importante referir o projecto<br />

Sober House, que promove uma<br />

proposta terapêutica na área da<br />

prevenção, tratamento e reinserção<br />

social para pacientes com problemas<br />

de Dependência Química e/<br />

ou Alcoolismo, e na generalidade<br />

das perturbações da Personalidade<br />

Aditiva como o Jogo Patológico, as<br />

Desordens de Comportamento Alimentar,<br />

as Compras Compulsivas,<br />

entre outros.<br />

O projecto Sober House tem como<br />

objectivo principal o de proporcionar<br />

um espaço devidamente estruturado<br />

e supervisionado, com a<br />

devida segurança e suporte necessários<br />

a to<strong>dos</strong> os clientes que verdadeiramente<br />

procuram um novo<br />

modo de vida e um compromisso<br />

de manutenção da recuperação a<br />

longo prazo.<br />

10 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

Com capacidade máxima de residentes<br />

internos de dez camas, a<br />

Casa Monte da Lua tem como particularidade<br />

e filosofia não trabalhar<br />

com mais do que cinco pacientes de<br />

cada vez. “Colocamos forte enfâse<br />

no aconselhamento individual proporcionando<br />

uma atenção e cuida<strong>dos</strong><br />

especiais que por vezes não são<br />

possíveis de providenciar com grupos<br />

mais numerosos. Acreditamos<br />

que o tratamento eficaz é aquele<br />

que vai ao encontro das necessidades<br />

de cada indivíduo, como tal<br />

não temos um programa, pois este<br />

é feito individualmente para cada<br />

um <strong>dos</strong> nossos clientes”, explica, em<br />

entrevista à Revista Pontos de Vista,<br />

José Pedro Vieira, Director Executivo<br />

da Casa Monte da Lua.<br />

Modelo assente num<br />

regime aberto<br />

Com uma vasta experiência e currículo,<br />

o nosso entrevistado tem<br />

conhecimento das vicissitudes deste<br />

trabalho, sempre envolvido com<br />

sentimentos e questões pessoais e<br />

sociais que levam o paciente, inúmeras<br />

vezes a não reconhecer o problema.<br />

Uma das principais características<br />

do consumo de substâncias<br />

deste género passa pela possibilidade<br />

de recaídas, principalmente<br />

nos primeiros 12 a 18 meses depois<br />

de realizado o tratamento. Assim, se<br />

em Portugal existe um número assinalável<br />

de entidades preparadas<br />

para responder a estes pacientes<br />

numa fase de tratamento primário,<br />

ou seja, o modelo básico existente a<br />

nível nacional, pós desintoxicação,<br />

existia também uma enorme lacuna<br />

no apoio ao trabalho designado<br />

secundário, promovendo assim a<br />

reinserção na vida social. A solução<br />

é dada pela Casa Monte da Lua, que<br />

potencia um modelo próximo com<br />

a vida real, promovendo uma rede<br />

de suporte com o paciente individualmente,<br />

“diminuindo o nível de<br />

dificuldades que eventualmente o<br />

paciente recuperado possa ter no<br />

seu contacto com a comunidade”,<br />

explica, lembrando as diferenças<br />

óbvias relativamente a outros espaços<br />

de tratamento e recuperação.<br />

“Este modelo adoptado assume-se<br />

como um regime aberto, onde a<br />

pessoa tem um constante contacto<br />

com o exterior, dando-lhe um sentimento<br />

de segurança e confiança no<br />

mesmo”.<br />

“O IDT foi bastante receptivo”<br />

Tudo o que é novo ou diferente invoca<br />

sempre nas pessoas um certo<br />

cepticismo e descrença, algo que,<br />

segundo José Pedro Vieira, a Casa do<br />

Monte da Lua não foi alheia, principalmente<br />

quando assistimos a um<br />

modelo de tratamento e recuperação<br />

que tem na liberdade de cada<br />

um a sua essência. “Isso acontece<br />

frequentemente, principalmente<br />

por parte das famílias e de outros<br />

profissionais. Acreditamos piamen-<br />

José Pedro Vieira<br />

te neste modelo. Se as pessoas realmente<br />

pretenderem recuperar não<br />

necessitam de estar trancadas 24<br />

horas. Sentimos que os modelos actuais<br />

estão ultrapassa<strong>dos</strong>”, advoga,<br />

asseverando no entanto que pela<br />

liberdade e autonomia existente na<br />

Casa Monte da Lua, “se acharmos<br />

que o paciente não tem a mínima<br />

motivação e o equilíbrio necessário<br />

para se recuperar, não arriscamos<br />

e é enviado para um regime mais<br />

fechado”, afirma, lembrando que a<br />

Casa Monte da Lua possui parcerias<br />

com clinicas e centros de tratamento,<br />

através de programas de 28 dias<br />

para a desintoxicação e estabilização<br />

da pessoa. “No final desse período<br />

transita para as nossas instalações”.<br />

De salientar ainda que, apesar da<br />

suspeição relativamente ao método<br />

e sucesso deste modelo, a Casa<br />

Monte da Lua teve no IDT – Instituto<br />

da Droga e da Toxicodependência,<br />

IP um importante parceiro.<br />

“Foram bastante receptivos e abraçaram<br />

imediatamente este modelo,<br />

facilitando o processo, pois os mesmos<br />

identificaram as mais-valias


deste processo e na necessidade de<br />

continuar a trabalhar a prevenção”.<br />

Taxas de recuperação de 90<br />

por cento<br />

Com uma equipa de profissionais<br />

credencia<strong>dos</strong> na vertente do alcoolismo<br />

e dependência química, to<strong>dos</strong><br />

os pacientes passam por uma<br />

minuciosa avaliação antes da sua<br />

admissão na Casa Monte da Lua,<br />

sendo que as palavras-chaves para<br />

esse ingresso passa pela motivação<br />

e vontade de mudança, entre<br />

outros aspectos. “Após as devidas<br />

avaliações, o plano de tratamento<br />

é concebido prevendo um mínimo<br />

de 12 semanas, e pode ir até as 24<br />

semanas, consoante o perfil do paciente<br />

e das suas necessidades, bem<br />

como a evolução em tratamento.<br />

Numa fase posterior, o paciente poderá<br />

frequentar os grupos terapêuticos,<br />

sessões de acompanhamento<br />

individual para manutenção da sua<br />

recuperação e prevenção da recaída<br />

ou curtas estadias de internamento<br />

com programas especificamente<br />

pré-defini<strong>dos</strong>”, afirma José Pedro<br />

Vieira.<br />

Manter as pessoas ocupadas é também<br />

uma forma de tratamento e<br />

auxílio, sendo que na Casa Monte<br />

da Lua esta é uma das principais características<br />

de quem escolhe este<br />

espaço para se reabilitar. Assim, do<br />

processo terapêutico fazem parte<br />

diversas actividades como sessões<br />

de Yoga, Medicina e Massagem<br />

Ayurvédica, “diferentes actividades<br />

terapêuticas lúdicas para além das<br />

administradas por uma equipa devidamente<br />

certificada e qualificada,<br />

nomeadamente Palestras, Psicoterapia<br />

Individual e de Grupo, Sessões<br />

de Arte Terapia e Músico Terapia”<br />

Com taxas de recuperação a rondar<br />

os 90 por cento, contrastando com<br />

o trabalho <strong>dos</strong> centros de recuperação,<br />

que não deixando de ser<br />

meritório, aporta taxas de retoma<br />

na ordem <strong>dos</strong> 40 por cento, segundo<br />

o nosso interlocutor, as famílias<br />

são pilares fundamentais para que<br />

o utente consiga alcançar os seus<br />

objectivos, embora estas, em alguns<br />

casos, também necessitem de orientação.<br />

“Actualmente temos cada vez<br />

mais famílias disfuncionais, e por<br />

vezes estas representam até um<br />

facto de desequilíbrio nos próprios<br />

pacientes, embora saibamos que<br />

pretendem o melhor para o seu familiar.<br />

Assim, prestamos um apoio<br />

de aconselhamento e orientação às<br />

mesmas, porque sem as famílias,<br />

o nosso trabalho é drasticamente<br />

mais difícil”.<br />

A terminar, o nosso entrevistado<br />

revelou que as principais prioridades<br />

de futuro passam pro continuar<br />

a divulgar a Casa Monte da Lua e o<br />

conceito Sober House, bem como<br />

continuar a desenvolver um programa<br />

ao nível ambulatório para<br />

outros públicos e incrementar a<br />

ligação com as empresas, no sentido<br />

de auxiliar os funcionários que<br />

infelizmente enveredaram por este<br />

caminho. “Desejamos continuar a<br />

evoluir, com novos méto<strong>dos</strong>, novos<br />

modelos e para isso temos de estar<br />

atentos às mudanças sociais que vão<br />

ocorrendo para podermos dar uma<br />

resposta capaz a quem nos procura.<br />

Desejo que no futuro deixemos de<br />

ser os únicos a apostar no modelo<br />

Sober House e novos players surjam<br />

com capacidade para efectuar<br />

um trabalho meritório e de enorme<br />

relevância para a sociedade portugues0a”,<br />

conclui José Pedro Vieira,<br />

Director Executivo da Casa Monte<br />

da Lua.<br />

11 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


DEPENDÊNCIAS<br />

R12 – Centro de Recuperação de Doenças de Adicção, Lda<br />

ONDE RECUPERAR É POSSÍVEL<br />

A expressão mais comum passa pela interrogativa exclamativa: «Agarrado?!Eu?!», que serve apenas como primeiro impacto da realidade<br />

sentida, mas dificilmente reconhecida por quem não se permite vislumbrar o problema e o efeito maléfico que aporta à sua vida e à daqueles<br />

que o rodeiam o uso de substâncias químicas.<br />

É<br />

assim a «cegadora», seja<br />

qual for a dependência,<br />

nunca o admitimos, e portanto<br />

é vital que os que<br />

mais nos rodeiam nos auxiliem<br />

nesse momento de dar o passo,<br />

aquele passo que nos permitira viver<br />

a vida de uma forma positiva e<br />

desprovida de qualquer elemento<br />

viciante e profundamente danoso<br />

e nocivo para o nosso corpo, para a<br />

nossa sanidade.<br />

Felizmente que actualmente a<br />

oferta no sentido de promover a<br />

reabilitação e a recuperação é hoje<br />

superior, existindo portanto um<br />

conjunto de players especializa<strong>dos</strong><br />

nesta dinâmica, actuando de uma<br />

forma concreta e direccionada, em<br />

prol de to<strong>dos</strong> aqueles que, por esta<br />

ou aquela razão, escolherem um caminho<br />

infeliz para continuar com o<br />

resto das suas vidas.<br />

Conversamos com Luís Sottomayor,<br />

Administrador do R12 – Centro de<br />

Recuperação de Doenças de Adicção,<br />

Lda, que edificado em 1996,<br />

tem vindo a perpetuar um trabalho<br />

cujo desiderato passa pelo tratamento<br />

de indivíduos com doenças<br />

de adicção, nomeadamente alcoolismo,<br />

toxicodependência e farmacodependência.<br />

Localizado nos arredores de Ovar,<br />

na Reserva Natural de S. Jacinto,<br />

entre a ria, os extensos pinhais e<br />

o mar, uma zona que se distingue<br />

pelo ambiente calmo, pela plena<br />

harmonia com a natureza, o nosso<br />

entrevistado deu-nos a conhecer o<br />

actual panorama da vertente das<br />

dependências, a forma como podemos<br />

reduzir este nefasto problema,<br />

sem esquecer que o papel das famí-<br />

12 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

lias na reabilitação do individuo.<br />

Satisfeito com o trababalho realizado<br />

ao longo destes 14 anos, uma das<br />

principais mais-valias do R12 passa<br />

pela abordagem multidisciplinar<br />

realizada através da qualidade e<br />

profissionalismo <strong>dos</strong> técnicos do<br />

R12, que “são, sem qualquer dúvida,<br />

a nossa grande mais-valias”, explica<br />

o nosso interlocutor.<br />

Com capacidade para receber 22<br />

pacientes, para possibilitar um tratamento<br />

efectivamente personalizado,<br />

o R12 – Centro de Recuperação<br />

de Doenças de Adicção, Lda<br />

é reconhecido pela metodologia<br />

imposta, denominada por Modelo<br />

Minessota, que se tem notabilizado<br />

pelos excelentes resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong>,<br />

tendo sido implementado, pela<br />

primeira vez, no serviço de Psiquiatria<br />

do Hospital Estatal de Wilmar,<br />

no estado do Minnesota, nos E.U.A.,<br />

pelo Dr. Dan Anderson, no final <strong>dos</strong><br />

anos 40 e que permite, entre outros<br />

factores positivos, apostar numa<br />

grande flexibilidade e numa abordagem<br />

multidisciplinar, permitindo<br />

a combinação entre diversas técnicas<br />

de intervenção, mais concretamente<br />

a Terapia Cognitiva-Comportamental.<br />

Segundo o nosso interlocutor, é importante<br />

“olharmos para esta problemática<br />

como uma doença primária,<br />

ou seja, o R12 evoluiu para<br />

uma abordagem global que trata<br />

todo o género de doenças, em que<br />

dividimos em dois módulos distintos:<br />

a dependência de substâncias,<br />

heroína, álcool, cocaína, cannabis,<br />

entre outros, e uma dependência<br />

de comportamentos, propícios ao<br />

nível do jogo, sexo, depressões, en-<br />

tre outros”, explica Luís Sottomayor,<br />

lembrando que simultaneamente e<br />

porque actualmente é muito recorrente<br />

existirem pacientes que, além<br />

de possuírem o problema da dependência,<br />

“sofrem também de patologias<br />

do foro psiquiátrico como<br />

esquizofrenia, bipolaridade, entre<br />

outros”.<br />

Ao contrário do expectável e comum,<br />

segundo o nosso entrevistado,<br />

o primeiro passo para ser iniciado<br />

o tratamento não tem de partir<br />

do reconhecimento por parte do<br />

paciente da sua doença e dependência.<br />

“Discordo dessa dinâmica e da<br />

nossa experiência, cerca de 90 por<br />

cento das pessoas que recebemos,<br />

fazem-no força<strong>dos</strong> pela família,<br />

pela profissão, por questões sociais,<br />

entre outros. São condicionalismos<br />

exteriores que pressionam a pessoa<br />

a tratar-se. Um das principais características<br />

desta doença é levar as<br />

pessoas a acreditar que conseguem<br />

controlar o vício e a dependência.<br />

Nada mais errado, pois as pessoas<br />

dependentes criaram hábitos de<br />

consumo e não conseguem sair desse<br />

círculo vicioso sem ajuda”, assegura<br />

convicto, esclarecendo que o<br />

papel das famílias é “fundamental,<br />

bem como da própria sociedade em<br />

reconhecer e detectar estes indivíduos<br />

e encaminha-los para centros<br />

de tratamento adequa<strong>dos</strong>”.<br />

Taxas de sucesso positivas<br />

Existem dois vocábulos que caracterizam<br />

a forma como os residentes<br />

são trata<strong>dos</strong> no R12: dignidade e<br />

respeito, assente numa filosofia de<br />

tratamento desenvolvido no sentido<br />

de utilizar tudo o que se conhece<br />

para auxiliar dependentes<br />

químicos, nomeadamente, através<br />

da combinação de técnicas profissionais<br />

especializadas com as<br />

experiencias recolhidas junto <strong>dos</strong><br />

grupos de auto-apoio. “No processo<br />

de admissão do doente é recolhida<br />

toda a informação sobre o seu passado<br />

clínico, onde se incluem a vertente<br />

psicológica, legal e de uso de<br />

substâncias químicas. O processo<br />

de desintoxicação começa no primeiro<br />

dia, que varia dependendo<br />

<strong>dos</strong> tipos de químicos consumi<strong>dos</strong>,<br />

onde é elaborado o programa de<br />

medicação, entre outras técnicas. A<br />

nossa forma de estar não passa pela<br />

confrontação directa com os nossos<br />

pacientes, mas pela compreensão<br />

“salvar pessoas que vivem vidas desestruturadas<br />

e ajudá-las a encontrar uma forma de<br />

viver que lhes permita ser felizes’’


e por sensibilizar essas pessoas a<br />

perceberem o seu problema, levando-as<br />

a olhar para o seu interior e<br />

para o seu problema. É desta forma<br />

que temos alcançado taxas de sucesso<br />

ao nível de recuperação de<br />

cerca de 67 por cento, nos últimos<br />

dois anos, o que nos deixa extremamente<br />

satisfeitos”.<br />

Plano Terapêutico completo<br />

Munido de um plano terapêutico<br />

individualizado e determinado à<br />

medida que a equipa do R12 monitoriza<br />

em pormenor os progressos<br />

de cada residente, o tratamento primária<br />

tem a duração de 12 e 14 semanas,<br />

sendo que a após essa fase<br />

de transição, “que nem to<strong>dos</strong> aderem,<br />

ou porque não o pretendem ou<br />

porque não querem”, existe ainda<br />

uma fase que vai até 12 meses, “em<br />

que os pacientes são «obriga<strong>dos</strong>» a<br />

visitarem-nos, nos primeiros três<br />

meses, todas as semanas, nos três<br />

meses seguintes, com um hiato de<br />

duas semanas, e nos três meses finais,<br />

uma vez por mês. É um plano<br />

de cuida<strong>dos</strong> continua<strong>dos</strong>, com o objectivo<br />

de ajudar o ex-residente no<br />

regresso a casa e na integração na<br />

comunidade”.<br />

Assegurando que no futuro o R12<br />

continuará a promover a sua função,<br />

ou seja, aquilo que é a razão<br />

da sua existência, “salvar pessoas<br />

que vivem vidas desestruturadas e<br />

ajudá-las a encontrar uma forma de<br />

viver que lhes permita ser felizes.<br />

Além disso, pretendemos continuar<br />

a investir no desenvolvimento de<br />

abordagens que sirvam os interesses<br />

<strong>dos</strong> nossos pacientes, buscando<br />

soluções que permitam metodologias<br />

eficazes, tendo sempre como<br />

orientação o respeito pelos direitos<br />

humanos de cada pessoa que nos<br />

procura”, conclui o nosso interlocutor.<br />

Luís Sottomayor<br />

13 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


DEPENDÊNCIAS<br />

Associação Minha Casa - Espaço único<br />

“CAMINHAR SUAVEMENTE<br />

PELA VIDA”<br />

A Associação Minha Casa – Comunidade Terapêutica é um projecto abraçado por muitos desde a sua génese em 1996, que nunca mais parou<br />

de conquistar os seus objectivos e metas o que tem mantido de pé a sua missão e sobretudo, o têm tornado realidade, tendo como objectivo<br />

principal, ir às raízes de muitos conceitos e valores que facilitem uma mudança completa e acentuada do indivíduo como ser humano, motivando<br />

homens e mulheres a “caminhar suavemente pela vida, gerando uma revolução silenciosa à medida que o fazem”. A Revista Pontos de<br />

Vista conversou com Sandra Tello, Directora da Associação Minha Casa, que nos deu a conhecer este espaço de ímpar importância.<br />

Em que moldes é que se baseia<br />

o Programa Terapêutico da<br />

Associação Minha Casa e<br />

de que forma tem aportado<br />

uma taxa de sucesso e recuperação<br />

eficaz? Que géneros de instrumentos<br />

terapêuticos são utiliza<strong>dos</strong> no auxílio<br />

<strong>dos</strong> pacientes?<br />

Na Comunidade Terapêutica da<br />

Associação Minha Casa, prestar<br />

ajuda significa permitir aos utentes<br />

sentirem-se mas tranquilos consigo<br />

próprios, modificar os seus<br />

comportamentos na linha de uma<br />

melhor adaptação. Onde a reabilitação<br />

significa tratar o indivíduo na<br />

sua totalidade; orgânica, psíquica e<br />

socialmente. As curas de desintoxicação<br />

continuaram a ser inúteis se<br />

não forem acompanhadas da necessidade<br />

de compreender profundamente<br />

a problemática. Um <strong>dos</strong><br />

primeiros aspectos do tratamento<br />

consiste na exploração que o utente<br />

faz em torno <strong>dos</strong> diferentes aspectos<br />

do seu problema, deslocar a sua<br />

atenção para torno de si próprio:<br />

A pessoa centra-se na necessidade<br />

de sentir que o seu crescimento<br />

pessoal está sobre o seu controlo,<br />

sentir-se unificado e esclarecido interiormente,<br />

assim com esclarecer<br />

os seus objectivos e afins. Progressivamente<br />

consegue o equilibro à<br />

medida que o processo continua.<br />

Este tipo de abordagem garante<br />

uma percentagem elevada de sucesso.<br />

Os instrumentos Terapêuticos<br />

14 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

passam por reuniões que têm objectivos<br />

diferentes, dependendo do<br />

ciclo de actividades e das necessidades<br />

imediatas do grupo: reuniões<br />

de organização e avaliação; grupos<br />

de evolução; de responsabilidades;<br />

grupos de encontro; grupos Psicoterapêuticos.<br />

Actividade de grupo - a variedade<br />

das actividades dependerá em<br />

grande parte das motivações e<br />

especialidades <strong>dos</strong> elementos podendo<br />

ser; ateliês de carpintaria,<br />

serralharia, artesanato, expressão<br />

artística, jardinagem.<br />

Formação profissional - pretendemos<br />

implementar um conjunto de<br />

acções de intervenção educativa,<br />

tendo em vista prevenir o fenómeno<br />

de marginalização e de exclusão<br />

social.<br />

Actividades desportivas - são actividades<br />

que convidam os utentes a<br />

apreciar a prática desportiva como<br />

uma competição saudável e aprazível;<br />

Natação, futebol, pesca, ténis,<br />

etc.<br />

Actividades de lazer - o funcionamento<br />

da comunidade terapêutica<br />

nem sempre é pautado pelo ritmo<br />

de actividades estruturadas e obrigatórias,<br />

existem outras de carácter<br />

mais lúdico e recreativo. Que vai<br />

desde os tempos livres, a dinâmicas<br />

de animação.<br />

Terminado o processo de tratamento<br />

e consequente recuperação do pa-<br />

ciente, qual o acompanhamento que<br />

a Associação Minha Casa perpetua<br />

na vertente da integração do individuo<br />

na sociedade?<br />

Pretende-se desenvolver um projecto<br />

de reinserção dinâmico e flexível<br />

adequado às necessidades diagnosticadas<br />

em que as várias acções<br />

propostas se devem articular entre<br />

si, a filosofia deste projecto reside<br />

na convicção da eficácia <strong>dos</strong> resulta<strong>dos</strong><br />

do programa terapêutico. A<br />

reinserção comporta, indubitavelmente,<br />

repensar todo o processo<br />

de recuperação, mas pensá-lo como<br />

um todo e não só como uma suposta<br />

etapa final estanque. No fundo, a<br />

pessoa tem de saber utilizar a sua<br />

carga afectiva, moral, física e social<br />

para se afirmar como elemento válido<br />

no interior da sociedade, organizando-se<br />

e encetando projectos<br />

viáveis.<br />

Qual a importância da família na recuperação<br />

do paciente? O reconhecimento<br />

do problema por parte do<br />

paciente é o primeiro passo para a<br />

recuperação total?<br />

Tendo consciência das dificuldades<br />

e adversidades que a toxicodependência<br />

e to<strong>dos</strong> os problemas que<br />

lhe estão associa<strong>dos</strong> causam, cabe-<br />

-nos, a to<strong>dos</strong>, promover um esforço<br />

contínuo na procura das melhores<br />

soluções, com o envolvimento permanente<br />

de to<strong>dos</strong> os intervenientes.<br />

É fundamental a aproximação e<br />

Equipa da Associação Minha Casa<br />

a intervenção da família ao longo do<br />

processo terapêutico, pois a experiência<br />

partilhada permite o fortalecimento<br />

e consolidação do próprio<br />

processo. A intervenção da família<br />

condiciona o sucesso do tratamento<br />

é a própria motivação do toxicodependente<br />

para resolver o seu problema.<br />

Assim, são organizadas periodicamente<br />

as “ portas abertas”,<br />

dia de reunião com a equipa técnica<br />

e as famílias, num espaço de partilha<br />

e onde se apontam formas e<br />

estratégias para melhorar as redes<br />

de comunicação, dotar a família de<br />

competências que favoreçam o processo<br />

de reabilitação/ reinserção<br />

da pessoa, motivar a família para<br />

que se envolva e responsabilize no<br />

processo de reabilitação. Da mesma<br />

forma que constituem ocasiões fundamentais<br />

para avançar uma relação<br />

de confiança entre o terapeuta,<br />

a família e o toxicodependente.<br />

Quais as principais prioridades da<br />

Associação Minha Casa para o futuro?<br />

As prioridades da Associação centrar-se-ão<br />

nas necessidades de intensificar,<br />

ampliar e diversificar as<br />

acções orientadas para prevenção,<br />

promoção da saúde, formação profissional<br />

e reinserção social.<br />

LER NA ÍNTEGRA EM<br />

WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT


DEPENDÊNCIAS<br />

Clínica Senhor da Serra em destaque<br />

UM FIM, UM RECOMEÇO…<br />

Para quem tem um problema com drogas e/ou álcool, apresentamos de seguida<br />

a Clínica Senhor da Serra, uma unidade privada de saúde de referência<br />

no país, quer pela eficiência e eficácia da utilização <strong>dos</strong> recursos, quer pela<br />

qualidade técnica e humana <strong>dos</strong> seus profissionais. A Revista Pontos de Vista<br />

conversou com Carlos Alcântara, Administrador da Clínica Senhor da Serra<br />

(CSS) e com Domingos Neto, Coordenador do Programa Desabituação/Reabilitação<br />

de Dependência de Álcool e Drogas da CSS, que nos apresentaram as<br />

mais-valias deste espaço bem como <strong>dos</strong> tratamentos e procedimentos efectua<strong>dos</strong><br />

no tratamento de reabilitação de comportamentos aditivos.<br />

Quando foi edificada a Clínica Senhor<br />

da Serra e de que forma proporciona<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde diferencia<strong>dos</strong><br />

e apropria<strong>dos</strong> ao utente?<br />

Carlos Alcântara (CA) - Desde a sua<br />

fundação em 1962, a CSS congregou<br />

sócios e colaboradores, prestigia<strong>dos</strong><br />

psiquiatras, enfermeiros e<br />

profissionais de saúde de reconhecida<br />

competência no meio. A estrita<br />

observância da satisfação <strong>dos</strong><br />

padrões de qualidade previamente<br />

defini<strong>dos</strong> faz com que a CSS possua<br />

uma estrutura multidisciplinar<br />

(Médicos, equipa de Enfermagem,<br />

Serviços Farmacêuticos e Serviços<br />

de Psicologia Clínica), composta<br />

por profissionais com elevada competência,<br />

vocaciona<strong>dos</strong> e orienta<strong>dos</strong><br />

para prestar cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />

diferencia<strong>dos</strong>, com eficiência e qualidade,<br />

de forma a servir melhor o<br />

utente através de um acompanhamento<br />

personalizado desde o seu<br />

primeiro contacto no tratamento ao<br />

acompanhamento em ambulatório<br />

e pós alta.<br />

Que tipo de tratamentos existem na<br />

área das dependências na CSS?<br />

CA - A CSS possui um programa de<br />

desintoxicação de dependência de<br />

álcool e drogas com a duração de 5<br />

a 7 dias em regime de internamento.<br />

Este programa permite efectuar<br />

uma desintoxicação física indolor<br />

baseada no método tradicional por<br />

via medicamentosa. Após a conclusão<br />

deste processo. O utente, está<br />

fisicamente liberto da substância<br />

consumida, e preparado para iniciar<br />

a recuperação/reabilitação a<br />

nível bio-psico-social. Após esta<br />

fase, o utente, com base num parecer<br />

médico, poderá ser encaminhado<br />

para um tratamento de média<br />

ou longa duração noutra instituição<br />

(comunidade terapêutica) ou<br />

seguido em regime de ambulatório<br />

pelos técnicos da Clínica em horário<br />

pós-laboral. A crescente vontade<br />

manifestada pelos utentes, em<br />

continuar o tratamento na Clínica<br />

Senhor da Serra, pelo conforto das<br />

instalações, pelo profissionalismo<br />

<strong>dos</strong> técnicos e pela falta de tempo<br />

para programas de longa duração,<br />

levou a CSS, conjuntamente com<br />

Domingos Neto, a desenvolver um<br />

programa de internamento psicoterapêutico<br />

de álcool e drogas que<br />

fosse ao encontro das necessidades<br />

manifestadas. Assim, foi desenvolvido<br />

o Programa de Desabituação/<br />

Reabilitação de Dependência de Álcool<br />

e Drogas que permite conciliar,<br />

no mesmo tratamento, a desintoxicação<br />

física e a reabilitação Psico-<br />

-social, através de uma intervenção<br />

intensiva num período aproximado<br />

entre 21 a 28 dias.<br />

Como se realiza o tratamento de toxicodependência<br />

e ou alcoolismo na<br />

CSS?<br />

Domingos Neto - O modelo terapêutico<br />

do tratamento é uma adaptação<br />

do Modelo Minnesota que<br />

inclui psicoterapia emocional. Este<br />

pretende criar um novo projecto de<br />

vida, feliz e saudável, com abstinência<br />

total de dependências e recurso<br />

a movimentos de auto-ajuda. O tratamento<br />

funciona de acordo com<br />

três áreas de intervenção:<br />

Área médica, em que os profissionais<br />

médicos se ocupam do tratamento<br />

medicamentoso e da desintoxicação<br />

física do álcool e drogas.<br />

Netse caso, os médicos estão em<br />

presença por um período adequado<br />

durante cinco ou seis dias por<br />

semana, ficando em regime de contacto<br />

nos intervalos; Área de enfermagem,<br />

com uma equipa de serviço<br />

24 horas por dia; Área Psicossocial<br />

que se ocupa das actividades terapêuticas<br />

do internamento nomea-<br />

damente na realização e orientação<br />

<strong>dos</strong> grupos terapêuticos, psicoterapia<br />

emocional de grupo, palestras<br />

educativas, leituras e trabalhos terapêuticos,<br />

conferências e sessões<br />

de informação com famílias e sessões<br />

de relaxamento. O programa<br />

prevê também o acompanhamento<br />

e transporte às reuniões de alcoólicos<br />

e narcóticos anónimos. Após<br />

o período de internamento o percurso<br />

terapêutico tem continuidade<br />

através do Programa de Prevenção<br />

de Recaídas, com uma duração mínima<br />

de seis meses, podendo ir até<br />

dois anos. Esta fase do tratamento<br />

pretende dar continuidade e consistência<br />

ao trabalho de recuperação<br />

iniciado no internamento em<br />

ambiente de dia a dia, através de<br />

um acompanhamento em consultas<br />

regulares, grupos pós alta, grupos<br />

de auto-ajuda e toma medicamentosa<br />

com supervisão.<br />

15 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


ENFERMEIROS – QUE FUTURO<br />

Maria Augusta de Sousa, Bastonária da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros,<br />

afirma<br />

“ACREDITO NO VALOR DOS<br />

ENFERMEIROS”<br />

É incontornável. Quando abordamos a temática do estado do sector <strong>dos</strong> enfermeiros temos necessariamente que fazer um ligeiro périplo<br />

sobre o estado da saúde em Portugal, até porque esta deve ser não apenas uma reflexão política, mas também uma meditação de to<strong>dos</strong> para<br />

to<strong>dos</strong>, para que as actuais e as futuras gerações possam ter direito a um sistema de saúde mais eficaz, justo e humano, onde os enfermeiros<br />

têm e terão um papel fundamental.<br />

A<br />

política da Saúde que a<br />

nossa lei decreta de acordo<br />

com o princípio constitucional<br />

obriga o Estado<br />

a promover e garantir o acesso<br />

de to<strong>dos</strong> os cidadãos aos cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde, concebendo um serviço<br />

universal, geral e tendencialmente<br />

gratuito.<br />

A Enfermagem e os seus profissionais<br />

olham as pessoas como seres<br />

totais, indivíduos que possuem<br />

família, cultura, um passado, presente<br />

e futuro, bem como valores e<br />

crenças que influenciam nas experiências<br />

de saúde e doença, sendo<br />

portanto um pilar fundamental na<br />

prossecução de cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />

de qualidade.<br />

A Revista Pontos de Vista conversou<br />

com a Bastonária da Ordem <strong>dos</strong><br />

Enfermeiros, Maria Augusta de Sousa,<br />

que num estilo directo e frontal,<br />

abordou os mais diversos temas<br />

inerentes à profissão do enfermeiro,<br />

dando a conhecer as principais<br />

dificuldades com que estes profissionais<br />

se deparam em Portugal,<br />

tendo sempre como elo central do<br />

seu discurso a importância do enfermeiro<br />

no domínio <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde, lembrando que o futuro<br />

próximo augura-se repleto de vicissitudes<br />

e desafios aos quais os<br />

enfermeiros saberão dar resposta.<br />

“De facto, estou convicta que é nesta<br />

turbulência das dificuldades que<br />

se geram oportunidades e temos de<br />

ser capazes de encontrar formas de<br />

oferecer respostas eficazes. Acredito<br />

que os enfermeiros serão ca-<br />

16 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

pazes de o fazer”, afirma convicta a<br />

nossa entrevistada.<br />

Criada em 1998, a Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />

(OE) tem como principal<br />

desígnio a promoção de cuida<strong>dos</strong><br />

de Enfermagem de qualidade, e por<br />

essa razão visa garantir a regulamentação<br />

e desenvolvimento da<br />

profissão, no respeito pelos princípios<br />

da ética e deontologia profissional.<br />

Neste sentido, a forma como<br />

a OE intervém, no domínio da qualidade<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde, implica,<br />

obrigatoriamente, condições<br />

nos serviços onde os enfermeiros<br />

desenvolvem a sua actividade que<br />

garantam o respeito da dignidade<br />

profissional e da qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>.<br />

Condições melhoraram, mas…<br />

A questão que se coloca está em<br />

compreender se essas condições<br />

existem actualmente para que os<br />

profissionais de Enfermagem possam<br />

promover práticas profissionais<br />

de qualidade em prol <strong>dos</strong> cidadãos.<br />

Segundo a Bastonária da OE,<br />

é justo e meritório reconhecer-se<br />

uma clara e substancial evolução<br />

ao nível das condições das diversas<br />

unidades de saúde, embora ainda<br />

haja um longo caminho a percorrer,<br />

principalmente em determina<strong>dos</strong><br />

«nichos» do sistema de saúde que<br />

têm sido remeti<strong>dos</strong> para segundo<br />

plano na organização/estrutura do<br />

SNS (Serviço Nacional de Saúde) e<br />

que apresentam carências e lacunas<br />

bastante graves. “De facto, existem<br />

disparidades em determina<strong>dos</strong><br />

serviços de saúde, principalmente<br />

no âmbito da distribuição <strong>dos</strong> recursos<br />

disponíveis. Isto leva a que<br />

nem sempre estejam asseguradas<br />

as condições necessárias para garantir<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde provi<strong>dos</strong><br />

de segurança, continuidade e qualidade”,<br />

assegura Maria Augusta de<br />

Sousa. Esta é uma das principais<br />

preocupações no seio da OE. “Intervimos<br />

continua e seriamente pelo<br />

acompanhamento do exercício profissional<br />

juntos <strong>dos</strong> profissionais<br />

de Enfermagem e de quem tem a<br />

responsabilidade no domínio da organização<br />

da saúde”, afirma, dando<br />

a conhecer um dado relevante, ou<br />

seja, com a intervenção e a dinâmica<br />

da OE nestes assuntos, temos<br />

assistido a uma melhoria significativa<br />

em algumas situações menos<br />

positivas.<br />

“Em saúde o que não se<br />

despende hoje, gasta-se a<br />

dobrar no futuro”<br />

Em 1998, estavam inscritos na<br />

Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros cerca de<br />

34.600 enfermeiros, número que<br />

aumentou exponencialmente, rondando<br />

actualmente os cerca de 60<br />

mil. Apesar de ainda estarmos num<br />

estado longínquo do ideal ao nível<br />

do número de enfermeiros existentes<br />

no país, comparativamente com<br />

outros países congéneres europeus,<br />

é legítimo afirmar que nesta última<br />

década “tivemos um boom da oferta<br />

formativa, facto que culminou<br />

Maria Augusta de Sousa<br />

numa evolução positiva do número<br />

de enfermeiros existentes”. Apesar<br />

de tudo, o documento que aborda<br />

a temática <strong>dos</strong> recursos humanos<br />

de saúde para o Plano Nacional de<br />

Saúde 2011/2016 identifica claramente<br />

o número de enfermeiros<br />

necessários para colmatar as lacunas<br />

existentes. O cenário é portanto<br />

de escassez ao nível de enfermeiros<br />

e de desequilíbrio na dotação <strong>dos</strong><br />

recursos humanos necessários e<br />

assim “possuímos um conjunto de<br />

necessidades que continuam a não<br />

ser abrangidas ou são mesmo mal<br />

cobertas”. O cenário atrás descrito<br />

pode ser comprovado através do<br />

sistema, em termos hospitalares, de<br />

identificação das horas necessárias<br />

de cuida<strong>dos</strong> da autoria da Administração<br />

Central <strong>dos</strong> Sistemas de Saúde,<br />

onde é identificado uma escassez<br />

de cerca de 3 mil enfermeiros.<br />

Paralelamente, a reforma efectuada<br />

nos Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários<br />

“veio tornar evidente o que to<strong>dos</strong><br />

sabíamos, ou seja, uma carência<br />

enorme ao nível <strong>dos</strong> recursos humanos<br />

nestas áreas”. “Isso é o paradigma<br />

evidente do desinvestimento<br />

que está a ser perpetuado na saúde<br />

em Portugal. Se não invertermos<br />

esse cenário, existem indicadores<br />

de saúde a nível do país, classifica<strong>dos</strong><br />

a nível internacional, que sofrerão<br />

uma diminuição da qualidade”,<br />

explica a nossa entrevistada.<br />

Sabendo desta escassez de meios<br />

humanos, como se explica o facto<br />

de actualmente um número elevado<br />

de enfermeiros se encontrar no


desemprego? Para Maria Augusta<br />

de Sousa, esta incoerência apenas<br />

se explica pela ausência de uma estratégia<br />

para a saúde e por medidas<br />

meramente baseadas em situações<br />

e leituras economicistas. “Nada<br />

mais errado”, advoga, “porque em<br />

saúde o que não se despende hoje,<br />

gasta-se a dobrar no futuro. A população<br />

actual, fruto do desenvolvimento<br />

científico e tecnológico, encontra-se<br />

mais propensa a doenças<br />

crónicas, facto que obriga à existência<br />

de cuida<strong>dos</strong> de suporte permanentes<br />

e isso envolve um número<br />

e distribuição de recursos radicalmente<br />

distinto do actual. Isto leva-<br />

-nos à estupefacção quando assistimos<br />

a enfermeiros em situação de<br />

desemprego e em constantes mudanças,<br />

pois não existe actualmente<br />

uma estratégia de fixação nem uma<br />

distribuição equitativa pelo país de<br />

acordo com as reais necessidades<br />

<strong>dos</strong> cidadãos”.<br />

Reforçar o que tem vindo a<br />

evoluir<br />

Então que medidas são necessárias<br />

tomar no sentido do enfermeiro se<br />

perfilar como um «pivot» na gestão<br />

e no encaminhamento para outros<br />

profissionais nas situações que ultrapassem<br />

as suas competências?<br />

“É necessário continuar a reforçar o<br />

que tem vindo a evoluir nos últimos<br />

tempos, sendo exemplo claro desse<br />

desenvolvimento o serviço denominado<br />

por «Saúde 24». É uma resposta<br />

positiva, em que são os enfermeiros<br />

que assumem essa resposta<br />

ao cidadão e o encaminham, depois<br />

de avaliado o problema. Além disso,<br />

“temos dezenas de enfermeiros<br />

que realizam o acompanhamento<br />

sistemático de utentes acama<strong>dos</strong><br />

em suas casas, onde é possível estabelecer<br />

um plano terapêutico tanto<br />

para os cuidadores como para as<br />

pessoas que necessitam desses cuida<strong>dos</strong>”,<br />

garante a nossa interlocutora,<br />

assegurando que a existência de<br />

um plano concertado e estratégico<br />

permitiria outra vertente essencial.<br />

“Não faz sentido «obrigar» as pessoas<br />

portadoras de, por exemplo,<br />

doenças crónicas, a deslocar-se às<br />

consultas médicas apenas para renovar<br />

uma receita médica, porque<br />

quem avalia os efeitos do medicamento<br />

é o enfermeiro. É possível, no<br />

futuro, melhorarmos a acessibilidade<br />

e o conforto tanto do profissional<br />

de saúde, neste caso o enfermeiro,<br />

como da pessoa cuidada”, afirma<br />

a Bastonária da OE.<br />

Cuida<strong>dos</strong> de saúde são<br />

cuida<strong>dos</strong> médicos? “Não”<br />

O reconhecimento <strong>dos</strong> enfermeiros<br />

assume-se, para a nossa entrevistada,<br />

como uma questão sensível<br />

e de contornos relaciona<strong>dos</strong> com<br />

mudanças culturais no nosso país,<br />

embora jamais se imagine a prática<br />

de cuida<strong>dos</strong> de saúde sem a existência<br />

de enfermeiros, realidade devidamente<br />

comprovada pelo facto de<br />

estarmos perante o grupo maioritariamente<br />

presente no Sistema<br />

Nacional de Saúde e, em termos internacionais,<br />

segundo indicadores<br />

da OMS, representarem cerca de<br />

80 por cento <strong>dos</strong> profissionais de<br />

saúde.<br />

O «cerne da questão» passa por,<br />

inúmeras vezes, tanto no nosso<br />

país como em outros, relacionarmos<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde a cuida<strong>dos</strong><br />

médicos, sendo portanto usual ouvirmos<br />

regularmente notícias que<br />

abordam a escassez de médicos em<br />

Portugal, lamento que raramente se<br />

ouve relativamente a tantos outros<br />

profissionais de saúde. “É portanto<br />

este discurso fácil, na medida<br />

em que entendemos a saúde como<br />

ausência de doença, que conduz<br />

ao «alimentar» desta cultura que<br />

desvaloriza, sob o ponto de vista<br />

social, o reconhecimento que é feito.<br />

Descurar a importância da Enfermagem<br />

nos cuida<strong>dos</strong> de saúde é<br />

negar uma evidência enorme. Isto<br />

só acontece porque esta cultura é<br />

direccionada para as vertentes da<br />

consulta, transplantes, cirurgias,<br />

entre outros, e to<strong>dos</strong> sabemos que o<br />

volume <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde não<br />

passa apenas por estas questões.<br />

Continua a existir uma cultura, hoje<br />

em menor evidência, fortemente<br />

«médico-cêntrica», sendo obrigatório<br />

passarmos para outro patamar<br />

e dar o devido reconhecimento aos<br />

diversos prestadores de saúde”,<br />

lembra a nossa entrevistada.<br />

“É possível poupar na área da<br />

saúde”<br />

A distribuição <strong>dos</strong> enfermeiros em<br />

Portugal ainda é algo desequilibrada,<br />

sendo necessário criar condições<br />

para que esta problemática<br />

seja colmatada. Em conjunto com<br />

o Ministério da Saúde, a OE elaborou<br />

um documento orientador na<br />

vertente do cálculo das dotações<br />

necessárias <strong>dos</strong> enfermeiros no<br />

âmbito da tipologia <strong>dos</strong> serviços<br />

“Este documento está finalizado, do<br />

ponto de vista técnico e estamos a<br />

aguardar o aval da Ministra da Saúde,<br />

Ana Jorge, para promovermos a<br />

sua divulgação e distribuição”, refere<br />

a nossa interlocutora.<br />

Questionámos Maria Augusta de<br />

Sousa sobre se este documento seria<br />

a solução que falta? “É apenas<br />

17 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


um instrumento, embora seja uma<br />

ferramenta importante para termos<br />

uma visão do mapa de Portugal e<br />

assim termos uma perspectiva de<br />

consenso sobre o que deve ser feito<br />

ao nível da distribuição equitativa<br />

<strong>dos</strong> recursos humanos, neste caso<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros”, explica.<br />

Criticado por uns, elogiado por outros,<br />

o papel do Ministério da Saúde<br />

não tem sido pacífico. Acreditamos<br />

que o Ministério da Saúde não tem<br />

tido a força suficiente junto do Ministério<br />

das Finanças para se impor<br />

e criar condições para a existência<br />

de mais recursos na área da saúde.<br />

Um Governo não pode «olhar» para<br />

a vertente da saúde como olha para<br />

um serviço meramente administrativo,<br />

pois isso significa que não está<br />

a pensar no desenvolvimento social<br />

e do próprio país, porque quanto<br />

mais pessoas doentes tivermos,<br />

menos o país se pode desenvolver.<br />

Não podemos pactuar com a lógica<br />

de «cortes cegos» que atingem o coração<br />

do que garante o suporte <strong>dos</strong><br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde e isso é gravís-<br />

-simo para a saúde <strong>dos</strong> cidadãos”.<br />

Ainda neste âmbito, a Bastonária<br />

da OE lembra momentos em que<br />

quando foram promovidas medidas<br />

drásticas na área da saúde, “na fase<br />

seguinte foram criadas medidas<br />

excepcionais, o que ficou mais dispendioso.<br />

Cortes financeiros sim,<br />

mas com um critério definido, até<br />

porque é possível poupar na área<br />

da saúde, embora estes cortes não<br />

devam ser apenas à custa <strong>dos</strong> enfermeiros”.<br />

Modelo de Desenvolvimento<br />

Profissional<br />

Uma das primeiras discussões desde<br />

a génese da OE passou pela organização<br />

e estruturação do Modelo<br />

de Desenvolvimento Profissional<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros, principalmente<br />

no domínio de como se efectuava<br />

a transição da formação académica<br />

para a responsabilidade profissional,<br />

nunca colocando em causa<br />

a qualidade da formação de cada<br />

recém-licenciado. “A Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />

atribui dois títulos profissionais<br />

– Enfermeiro e Enfermeiro<br />

Especialista numa área clínica. O<br />

que queremos é que no futuro estes<br />

sejam atribuí<strong>dos</strong> com base num sistema<br />

de certificação de competências<br />

que e não apenas na formação<br />

graduada e pós-graduada. Ser portador<br />

de um título profissional é ser<br />

responsável, perante os cidadãos,<br />

pelas decisões que toma, com autonomia,<br />

no que aos cuida<strong>dos</strong> de enfermagem,<br />

gerais e especializa<strong>dos</strong><br />

diz respeito. É por isso que defendemos<br />

a necessidade de um sistema<br />

que permita mais segurança”.<br />

18 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

O actual modelo “permite que um<br />

jovem que termina a sua formação<br />

num dia possa estar sozinho no dia<br />

seguinte a tomar todas as decisões<br />

que decorrem das necessidades<br />

em cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem. Estes<br />

têm uma envolvente cada vez mais<br />

complexa e fazem apelo ao conhecimento,<br />

mas também à segurança<br />

da sua aplicação em situações diversificadas<br />

que se alicerçam no<br />

desenvolvimento das competências<br />

profissionais”.<br />

Segundo Maria Augusta de Sousa,<br />

o novo modelo implica, no período<br />

de um ano, o exercício da actividade<br />

profissional obrigatoriamente<br />

tutelada por um supervisor clínico.<br />

“Desta forma, o jovem enfermeiro<br />

pode consolidar as suas competências<br />

ao nível da prestação <strong>dos</strong><br />

cuida<strong>dos</strong>. Terminado esse período<br />

e avaliado positivamente, ser-lhe-á<br />

atribuído o título de Enfermeiro.<br />

“Acredito no valor <strong>dos</strong><br />

enfermeiros”<br />

2011 afigura-se como um ano difícil<br />

e repleto de vicissitudes, em to<strong>dos</strong><br />

os quadrantes da vida social e económica<br />

portuguesa, facto a que a<br />

Enfermagem não é alheia.<br />

Assim, interessa referir dois grandes<br />

desideratos desta entidade,<br />

pois é necessário que os enfermeiros<br />

sejam agentes activos “no que<br />

entendemos que deve ser o compromisso<br />

para a saúde <strong>dos</strong> cidadãos.<br />

Sobre este tema, a OE iniciará<br />

brevemente um trabalho com agentes<br />

sociais distintos, para criarmos<br />

plataformas e bases sustentadas<br />

para promovermos um papel activo<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros no domínio da<br />

saúde, pois esta questão reporta a<br />

um patamar macro que a OE deve<br />

desenvolver”, refere a nossa interlocutora.<br />

A desmotivação, as contrariedades<br />

e as dificuldades que os enfermeiros<br />

enfrentam resultam também<br />

do contexto onde estão inseri<strong>dos</strong>,<br />

embora a Bastonária da OE assegure<br />

que é necessário contrariar esse<br />

sentimento de desilusão e frustração.<br />

“Sei que não é uma tarefa fácil,<br />

mas acredito no valor <strong>dos</strong> enfermeiros<br />

para fazer face a esses desafios,<br />

mesmo com a desigualdade de tratamento<br />

diariamente sentida, onde<br />

há um sentimento de que a desvalorização<br />

de uns é feita pela valorização<br />

de outros. Estou absolutamente<br />

convicta que os enfermeiros serão<br />

capazes de encontrar respostas<br />

para que os cuida<strong>dos</strong> de saúde sejam<br />

de qualidade, em prol de to<strong>dos</strong><br />

os cidadãos”, conclui a Bastonária<br />

da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros, Maria<br />

Augusta de Sousa.<br />

OPINIÃO<br />

Porque as políticas têm a ver com a sua saúde:<br />

Dos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem e o seu valor no SNS<br />

ENF.º JACINTO OLIVEIRA,<br />

VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO DIRECTIVO DA OE<br />

saúde é o bem mais precioso<br />

A para qualquer ser humano. A<br />

prestação de cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />

envolve a participação de diversos<br />

profissionais, destacando-se os enfermeiros<br />

pela presença e proximidade<br />

ao longo de todo o ciclo vital<br />

das pessoas.<br />

Em Portugal, os enfermeiros são<br />

o único grupo profissional que as<br />

pessoas encontram disponível em<br />

qualquer ponto de contacto com o<br />

Serviço Nacional de Saúde (SNS) —<br />

nos centros de saúde, hospitais, Cuida<strong>dos</strong><br />

Continua<strong>dos</strong> Integra<strong>dos</strong> e na<br />

Emergência Pré-hospitalar — mas<br />

também nas empresas, nas escolas,<br />

no domicílio <strong>dos</strong> que necessitam.<br />

Os cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem constituem<br />

a centralidade na gestão<br />

<strong>dos</strong> processos de saúde / doença<br />

que to<strong>dos</strong> vivenciamos. No entanto,<br />

pela sua natureza, nem sempre são<br />

valoriza<strong>dos</strong> na exacta dimensão do<br />

seu contributo para os resulta<strong>dos</strong><br />

em saúde, nem pela sua importância<br />

para a melhoria do estado de<br />

saúde das pessoas. O próprio financiamento<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> não reflecte<br />

esse real contributo.<br />

Hoje, há evidência disponível para<br />

afirmar que é possível prestar cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde mais custo-efectivos<br />

em Portugal, se forem aproveitadas<br />

todas as competências detidas pelos<br />

enfermeiros. Este pressuposto<br />

atinge particular importância nos<br />

Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários. Aliás,<br />

estamos convictos que a sustentabilidade<br />

do SNS dependerá, deci-<br />

sivamente, da aposta determinada<br />

nesta área de prestação de cuida<strong>dos</strong><br />

e na potenciação <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />

de Enfermagem.<br />

Actualmente, o SNS está fortemente<br />

manietado e condicionado por uma<br />

oferta medicalizada e centrada nos<br />

hospitais que urge modificar. O SNS<br />

necessita de centrar a sua oferta na<br />

promoção da saúde e na prevenção<br />

da doença, em contraponto com o<br />

que acontece hoje, em que a oferta<br />

se centra na resposta à doença.<br />

É, justamente, nesta ruptura paradigmática<br />

do SNS que os enfermeiros<br />

e os cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem<br />

assumirão um papel decisivo na<br />

construção de respostas que se adeqúem<br />

às necessidades de saúde das<br />

pessoas, próximas <strong>dos</strong> seus contextos<br />

de vida. Estamos em crer que a<br />

adequada valorização <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />

de Enfermagem acrescentará valor<br />

ao SNS, contribuindo para a sua<br />

sustentabilidade e, tão importante<br />

quanto isso, melhorará a qualidade<br />

de vida <strong>dos</strong> portugueses. Assim<br />

haja vontade e coragem política<br />

para concretizar este desiderato!


OPINIÃO<br />

Porque as políticas têm<br />

a ver com a sua saúde:<br />

Do sistema educativo – a<br />

Saúde e a Enfermagem<br />

ENF.ª TERESA OLIVEIRA MARÇAL,<br />

VICE-PRESIDENTE DO CONSELHO<br />

DIRECTIVO DA OE<br />

Os cuida<strong>dos</strong> de saúde, a sua adequação,<br />

inovação e qualidade<br />

são indissociáveis de políticas de<br />

desenvolvimento integrado e sustentável,<br />

entre as quais se destacam<br />

as políticas de ensino e investigação.<br />

A consistente evolução do ensino<br />

de Enfermagem em Portugal – a<br />

sua integração no Ensino Superior;<br />

a consolidação da formação inicial,<br />

em 1999, com uma licenciatura de<br />

ciclo longo (ou seja, de 4 anos, aspecto<br />

que o processo de Bolonha<br />

não alterou); a criação de doutoramentos<br />

em Enfermagem, em quatro<br />

destacadas universidades portuguesas;<br />

a existência de unidades de<br />

investigação em Enfermagem — é,<br />

para além de marcas indeléveis das<br />

últimas décadas, avanços reconheci<strong>dos</strong><br />

internacionalmente, determinantes<br />

na relevância e adequação<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem às<br />

necessidades da sociedade. O Ensino<br />

Superior, na área da Saúde, tem<br />

de qualificar, desde a formação pré-<br />

-graduada, para um exigente, vasto<br />

e multidisciplinar campo de intervenção<br />

profissional: participação<br />

na definição das políticas globais e<br />

sectoriais; organização da intervenção<br />

em Saúde e prestação <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>.<br />

O atrás referido exige, como<br />

a OE tem vindo a defender, não só<br />

uma rede de oferta formativa mais<br />

racionalizada, como a necessidade<br />

de olhar o Ensino no domínio da<br />

Saúde de um modo mais integrado,<br />

encontrando modelos de formação,<br />

em contexto universitário, assentes<br />

em dinâmicas multidisciplinares de<br />

formação e investigação, só possível<br />

se articulado com instituições<br />

prestadoras de cuida<strong>dos</strong> de saúde e<br />

de investigação. Os doutoramentos,<br />

nomeadamente os doutoramentos<br />

clínicos, são essenciais à produção<br />

de conhecimento e orientações para<br />

as práticas de cuida<strong>dos</strong>. Correctas<br />

políticas de ensino e uma formação<br />

altamente qualificada darão suporte<br />

à valorização da intervenção <strong>dos</strong><br />

enfermeiros tanto na prestação de<br />

cuida<strong>dos</strong>, como na gestão <strong>dos</strong> serviços<br />

de saúde, como nas funções de<br />

assessoria.<br />

OPINIÃO<br />

Saiba que pode contar<br />

com os Enfermeiros pelas<br />

suas competências<br />

profissionais<br />

ENF.ª LUCÍLIA NUNES, PRESIDENTE<br />

DO CONSELHO DE ENFERMAGEM DA<br />

OE<br />

Enfermagem é uma profissão<br />

A centrada nas pessoas, assente<br />

na relação interpessoal que se<br />

estabelece entre o enfermeiro e a<br />

pessoa, a família ou o grupo – e no<br />

estabelecimento dessas relações<br />

terapêuticas, os enfermeiros procuram<br />

proteger a saúde, prevenir a<br />

doença, promover os processos de<br />

readaptação após a doença e acompanham<br />

os processos de morrer. A<br />

finalidade central da nossa acção é<br />

promover o bem-estar das pessoas,<br />

respeitando os projectos de saúde<br />

que cada pessoa tem.<br />

“Pode contar com os enfermeiros,<br />

pelas suas competências profissionais”<br />

expressa a confiança e o compromisso<br />

profissional quer <strong>dos</strong> enfermeiros<br />

de cuida<strong>dos</strong> gerais, quer<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros especialistas. Porque<br />

as competências que possuem<br />

e desenvolvem no seu quotidiano<br />

permitem mobilizar um conjunto<br />

de recursos, de conhecimentos, de<br />

diversos tipos de saberes, aptidões<br />

e atitudes para fazer face aos problemas<br />

e às necessidades de saúde<br />

que as pessoas, famílias e grupos<br />

apresentam.<br />

Os enfermeiros identificam as<br />

necessidades, diagnosticam, planeiam,<br />

realizam e avaliam sistematicamente<br />

os cuida<strong>dos</strong> que prestam,<br />

tendo em vista responder eficazmente<br />

às necessidades das pessoas<br />

e às mudanças <strong>dos</strong> contextos e situações.<br />

Considerando os contextos<br />

e a actual realidade, nos processos<br />

de prestação de cuida<strong>dos</strong>, confrontamo-nos<br />

com situações de grande<br />

complexidade, seja pelas características<br />

particulares de cada caso,<br />

seja pelo desenvolvimento científico<br />

e tecnológico e pela própria organização<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde.<br />

Pode contar com as nossas competências<br />

profissionais, visíveis<br />

nos cuida<strong>dos</strong> que prestamos, intencionais,<br />

fundamenta<strong>dos</strong> em conhecimentos,<br />

concebi<strong>dos</strong> a partir<br />

das boas práticas, imprescindíveis,<br />

às vezes feitos de gestos discretos,<br />

mas sempre dirigi<strong>dos</strong> a cuidar de Si.<br />

“Os enfermeiros identificam<br />

as necessidades,<br />

diagnosticam,<br />

planeiam, realizam<br />

e avaliam sistematicamente<br />

os cuida<strong>dos</strong><br />

que prestam, tendo<br />

em vista responder<br />

eficazmente às necessidades<br />

das pessoas<br />

e às mudanças<br />

<strong>dos</strong> contextos e situações”<br />

ENF.ª LUCÍLIA NUNES<br />

OPINIÃO<br />

Saiba que pode contar<br />

com os Enfermeiros pela<br />

sua responsabilidade<br />

deontológica<br />

ENF.º SÉRGIO DEODATO, PRESIDENTE<br />

DO CONSELHO JURISDICIONAL DA OE<br />

Os enfermeiros, enquanto profissionais<br />

do cuidado, estão sujeitos<br />

a um agir ético determinado por<br />

um conjunto de deveres deontológicos.<br />

Estes deveres assentam no<br />

respeito pelos direitos das pessoas<br />

em geral e, em particular, pelos direitos<br />

<strong>dos</strong> cidadãos que recorrem<br />

aos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />

Na origem desse agir encontra-se o<br />

direito de cada pessoa receber cuida<strong>dos</strong><br />

de Enfermagem, consagrado<br />

no Artigo 83º da lei nº 111/2009,<br />

de 16 de Setembro. É nele que se<br />

baseiam os deveres profissionais<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros, contempla<strong>dos</strong> no<br />

seu Código Deontológico. Entre eles<br />

destacamos o dever de respeitar os<br />

direitos humanos, de guardar sigilo<br />

sobre toda a informação de saúde e<br />

o dever de excelência de exercício.<br />

À Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros compete<br />

a promoção <strong>dos</strong> deveres deontológicos,<br />

no sentido de que se constituam,<br />

enquanto regras de conduta<br />

profissional, como um elemento<br />

principal para a garantia da qualidade<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />

Por tudo o que aqui foi dito, podemos<br />

afirmar que, em Portugal, os<br />

cidadãos podem ter a máxima confiança<br />

na sua relação com os enfermeiros,<br />

uma vez que a protecção<br />

<strong>dos</strong> seus direitos se encontra consagrada<br />

na ética e deontologia da<br />

profissão.<br />

19 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE<br />

A aposta na qualidade ao nível hospitalar, centros de saúde<br />

e Cuida<strong>dos</strong> Continua<strong>dos</strong><br />

qualidade em Saúde é tida actu-<br />

A almente não só como uma necessidade,<br />

mas como um imperativo,<br />

um dever das organizações, um<br />

direito <strong>dos</strong> cidadãos. Neste sentido,<br />

a qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem<br />

presta<strong>dos</strong> à população<br />

é uma das grandes preocupações<br />

da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros (OE).<br />

É nesta perspectiva que a Secção<br />

Regional da Região Autónoma <strong>dos</strong><br />

<strong>Açores</strong> da OE entende que o futuro<br />

da Enfermagem na região deverá<br />

assentar em três pilares:<br />

-Adopção de metodologias organizativas<br />

de trabalho assentes na responsabilização<br />

de um enfermeiro<br />

pelo plano de cuida<strong>dos</strong> a prestar a<br />

cada cliente/família. Em contextos<br />

hospitalares, deverá existir a figura<br />

CENTRO<br />

ENF.º MANUEL OLIVEIRA, PRESIDENTE<br />

DO CONSELHO REGIONAL DA SECÇÃO<br />

REGIONAL DO CENTRO<br />

Região Centro de Portugal –<br />

A com as suas instituições de<br />

saúde, de formação e investigação<br />

– tem-se afirmado como um pólo<br />

dinamizador do conhecimento em<br />

Saúde, fomentando muitas das dinâmicas<br />

que permitiram ao País<br />

alcançar resulta<strong>dos</strong> positivos em<br />

saúde e para os quais os enfermeiros<br />

deram um contributo muito relevante.<br />

Assumindo os sistemas de saúde<br />

como instrumentos promotores de<br />

justiça social, garantindo aos cidadãos<br />

equidade no acesso aos cuida<strong>dos</strong>,<br />

consideramos que tal desígnio<br />

só poderá ser concretizado por um<br />

Serviço Nacional de Saúde (SNS)<br />

20 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

do «Enfermeiro de Referência», que<br />

se responsabiliza pelo plano de cuida<strong>dos</strong>,<br />

desde a admissão até à alta<br />

clínica. Em contextos comunitários<br />

(Cuida<strong>dos</strong> de Saúde Primários), a<br />

aposta é feita no «Enfermeiro de<br />

Família», que assegura a prestação<br />

de cuida<strong>dos</strong> globais a um grupo de<br />

famílias, assumindo-se, em qualquer<br />

<strong>dos</strong> dois contextos e perante<br />

o cliente, como o «seu» enfermeiro.<br />

-Implementação de programas de<br />

melhoria contínua da qualidade<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem, com<br />

produção de indicadores que dêem<br />

visibilidade ao contributo <strong>dos</strong> enfermeiros<br />

para os ganhos em Saúde<br />

da população.<br />

-Maior intervenção <strong>dos</strong> enfermeiros<br />

(reconheci<strong>dos</strong> como detento-<br />

Consigo pela Enfermagem, no Centro da qualidade<br />

sustentável, marcado por uma cultura<br />

de eficiência, políticas de accountability<br />

(prestação de contas)<br />

e de qualidade <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong>. No<br />

contexto actual de crise socioeconómica<br />

e financeira, aumentarão as<br />

necessidades em cuida<strong>dos</strong>, exigindo<br />

maior investimento num cenário<br />

de menos recursos, o que implicará<br />

um maior cuidado ético nas tomadas<br />

de decisão. Será necessário<br />

conceber um modelo de respostas<br />

integradas de saúde e suporte social,<br />

em proximidade e conformidade<br />

com os padrões de qualidade e<br />

bem-estar exigi<strong>dos</strong> pela sociedade<br />

actual, sensível à evolução sócio-<br />

-demográfica da região e das necessidades<br />

em saúde – associadas aos<br />

novos padrões de morbi-mortalidade,<br />

estilos de vida, envelhecimento,<br />

índice de dependência, doença<br />

crónica, solidão, desertificação, pobreza<br />

e exclusão social. Atentos a<br />

esta realidade, os enfermeiros têm<br />

ajustado os seus percursos de desenvolvimento<br />

profissional, o que<br />

lhes permitiu serem hoje os profissionais<br />

melhor habilita<strong>dos</strong> para<br />

cuidar da pessoa nas transições ao<br />

longo do ciclo vital. Sendo o contributo<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros fulcral para a<br />

garantia das respostas em Saúde na<br />

região e no País, é indispensável a<br />

admissão de mais enfermeiros para<br />

o Centro e o seu envolvimento na<br />

concepção, implementação e gestão<br />

das políticas de saúde. No presente<br />

e no futuro, a região, os seus enfermeiros<br />

e a sua Secção Regional do<br />

AÇORES<br />

res de saberes científicos, técnicos<br />

e humanos indispensáveis a uma<br />

intervenção segura e de qualidade)<br />

na Rede de Cuida<strong>dos</strong> Continua<strong>dos</strong><br />

Integra<strong>dos</strong>, na medida em que as<br />

necessidades <strong>dos</strong> utentes aí referencia<strong>dos</strong><br />

são, predominantemente,<br />

sensíveis aos cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />

Acreditamos que os enfermeiros<br />

compreenderão esta necessidade<br />

de mudança em prol <strong>dos</strong> clientes<br />

e, por isso, saberão incorporar nos<br />

seus objectivos profissionais e organizacionais<br />

as melhores práticas<br />

que subjazem a estes três eixos, respondendo<br />

a to<strong>dos</strong> os desafios que a<br />

qualidade impõe, qualquer que seja<br />

o contexto da prática clínica.<br />

Centro da OE empenhar-se-ão na liderança<br />

da construção de respostas<br />

inovadoras em Saúde, fomentando<br />

a capacidade para fixar as brilliant<br />

minds geradoras do conhecimento<br />

e inovação. Queremos contribuir<br />

ENF.º ÉLVIO JESUS, PRESIDENTE DO<br />

CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL DA<br />

SECÇÃO REGIONAL DA R. A. DA MA-<br />

DEIRA<br />

Arquipélago da Madeira, com-<br />

O posto pelas ilhas da Madeira,<br />

Porto Santo, Desertas, Selvagens e<br />

seus ilhéus, constitui uma Região<br />

Autónoma da República Portuguesa,<br />

dotada de Estatuto Político-administrativo<br />

e de órgãos de governo<br />

próprio: a Assembleia Legislativa<br />

ENF.ª MARGARIDA REGO PEREIRA,<br />

PRESIDENTE DO CONSELHO DIREC-<br />

TIVO REGIONAL DA SECÇÃO REGIONAL<br />

DA R.A. DOS AÇORES<br />

para a construção de um futuro que<br />

permita afirmar a Região Centro<br />

como um exemplo, uma referência<br />

a nível nacional <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de Enfermagem.<br />

Esta é a visão do nosso<br />

projecto.<br />

MADEIRA<br />

Uma intervenção<br />

proactiva<br />

Regional e o Governo Regional.<br />

No âmbito da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />

(OE), a Região Autónoma<br />

da Madeira (RAM) constitui uma<br />

das cinco Secções Regionais que a<br />

compõem, prosseguindo as suas<br />

atribuições num contexto externo<br />

de descentralização, administrativa<br />

e política, regionais, designadamente,<br />

o poder legislativo e fiscalizador<br />

da acção governativa (Assembleia<br />

Regional - órgão representativo da<br />

população da RAM) e o Governo<br />

Regional - o órgão executivo de condução<br />

da política regional e o órgão<br />

superior da administração pública<br />

regional.<br />

Neste sentido, a Secção Regional<br />

(SR) da RAM exerce as suas competências<br />

estatutárias num ambiente<br />

de algum modo distinto das secções<br />

regionais situadas no território<br />

continental, relacionando-se directamente<br />

com os órgãos de soberania<br />

e de governo próprio da


21 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


VOZ ÀS SECÇÕES REGIONAIS DA OE<br />

região. Entre essas, destacamos as<br />

de representar a Ordem a nível regional,<br />

pronunciar-se sobre to<strong>dos</strong><br />

os assuntos que lhes sejam cometi<strong>dos</strong>,<br />

velar pela qualidade <strong>dos</strong> serviços<br />

de Enfermagem à população,<br />

promover as medidas que considere<br />

pertinentes, velar pela dignidade<br />

<strong>dos</strong> enfermeiros e assegurar o respeito<br />

pelos seus direitos, liberdades<br />

e garantias a nível regional. No<br />

presente mandato, a equipa dirigente<br />

<strong>dos</strong> cincos órgãos da SRRAM<br />

da OE, sob o lema “Melhor Saúde,<br />

com os Enfermeiros!”, desenvolve<br />

o programa de acção sufragado em<br />

2007 pelos enfermeiros, exercendo<br />

a sua actividade nas ilhas da Madeira<br />

e Porto Santo. Damos particular<br />

destaque à formação e ao desenvolvimento<br />

profissional, assim como à<br />

autonomia, responsabilidade e condições<br />

do exercício profissional <strong>dos</strong><br />

enfermeiros, pugnando por uma<br />

Ordem proactiva, apta a encarar o<br />

futuro, forte no cumprimento <strong>dos</strong><br />

seus desígnios!<br />

NORTE<br />

Pensar o futuro<br />

em conjunto com os<br />

enfermeiros e os cidadãos<br />

ENF.º GERMANO COUTO, PRESIDENTE<br />

DO CONSELHO DIRECTIVO REGIONAL<br />

DA SECÇÃO REGIONAL DO NORTE<br />

Secção Regional do Norte<br />

A (SRN) da Ordem <strong>dos</strong> Enfermeiros<br />

(OE) procura, diariamente e de<br />

forma incisiva, trabalhar os eixos<br />

mais importantes da Saúde e da En-<br />

22 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

fermagem no Norte e, consequentemente,<br />

em Portugal. Exemplo disso<br />

é o contínuo acompanhamento do<br />

exercício profissional que efectuamos<br />

a diferentes tipologias de instituições<br />

de saúde (hospitais, centros<br />

de saúde, lares, entre outros), com<br />

o objectivo de proximidade com os<br />

enfermeiros e cidadãos.<br />

Durante o ano 2010 realizámos 30<br />

visitas onde pudemos constatar os<br />

diversos constrangimentos vivencia<strong>dos</strong><br />

diariamente pelos enfermeiros,<br />

verificando-se ser prevalente a<br />

existência de contextos caracteriza<strong>dos</strong><br />

por dotações inadequadas destes<br />

profissionais.<br />

Em paralelo, convive-se com a elevada<br />

taxa de desemprego que atinge<br />

a classe de Enfermagem, fruto,<br />

por um lado, de políticas de formação<br />

desajustadas do mercado de<br />

trabalho e, por outro, da não satisfação<br />

<strong>dos</strong> requisitos de recursos humanos<br />

necessários à prestação de<br />

cuida<strong>dos</strong> de saúde seguros aos cidadãos.<br />

Estima-se que só na Região<br />

Norte do País existam cerca de 29%<br />

de enfermeiros recém-licencia<strong>dos</strong><br />

desemprega<strong>dos</strong> ou a exercer uma<br />

outra profissão, os quais não são de<br />

maneira nenhuma excedentários,<br />

mas sim necessários, fazendo falta<br />

nos diversos contextos de trabalho<br />

para construir uma melhor saúde<br />

<strong>dos</strong> cidadãos. Questionamos qual<br />

será o futuro desta sociedade que<br />

hipoteca a saúde <strong>dos</strong> seus cidadãos?<br />

A intervenção regional social<br />

e política, em parceria, é também<br />

preocupação da SRN da OE.<br />

A adesão ao Fórum Regional Norte<br />

das Ordens Profissionais (FORNOP)<br />

possibilitou a integração num espaço<br />

livre de conotações político-partidárias,<br />

que privilegia o debate nas<br />

questões de índole ética e deontológica,<br />

profissional e cultural.<br />

Pensar o amanhã é uma das nossas<br />

orientações. Inscrevem-se nesta<br />

orientação vários projectos, <strong>dos</strong><br />

quais salientamos o Espaço Social<br />

do Enfermeiro do Norte, local onde<br />

os enfermeiros poderão desenvolver<br />

a sua vertente lúdica e artística,<br />

ter um espaço residencial e<br />

uma área formativa privilegiada. O<br />

futuro da sociedade portuguesa, a<br />

saúde <strong>dos</strong> cidadãos que vivem em<br />

Portugal não poderá ser a melhor<br />

sem o contributo <strong>dos</strong> enfermeiros.<br />

A Enfermagem é um pilar insubstituível<br />

na Saúde <strong>dos</strong> cidadãos.<br />

SUL<br />

Os enfermeiros são essenciais na promoção da Saúde<br />

ENFº ROGÉRIO GONÇALVES, PRESI-<br />

DENTE DO CONSELHO DIRECTIVO RE-<br />

GIONAL DA SECÇÃO REGIONAL DO SUL<br />

prestação de cuida<strong>dos</strong> de saú-<br />

A de na comunidade tem sido<br />

desenvolvida pelos enfermeiros<br />

que desempenham um papel importante<br />

na promoção da saúde e<br />

na prevenção da doença. Esta área<br />

de intervenção redimensiona-se<br />

pela necessidade de dar resposta<br />

à comunidade que possuiu alguma<br />

vulnerabilidade. A prestação de cuida<strong>dos</strong><br />

realiza-se em complementaridade<br />

com outros profissionais de<br />

saúde, no entanto, os enfermeiros<br />

assumem um papel que é capaz<br />

de alicerçar a sua intervenção em<br />

práticas científicas, identificando<br />

as reais necessidades, bem como<br />

integrar a promoção da saúde e na<br />

prevenção das doenças. Por outro<br />

lado, os enfermeiros promovem a<br />

participação activa <strong>dos</strong> cidadãos<br />

nas decisões sobre a sua saúde.<br />

As Unidades de Cuida<strong>dos</strong> na Comunidade<br />

(UCC) foram criadas<br />

com o objectivo de contribuir para<br />

a melhoria do estado de saúde da<br />

população da sua área geográfica<br />

de intervenção, visando a obtenção<br />

de ganhos em Saúde. Estas mesmas<br />

unidades são coordenadas por enfermeiros,<br />

embora o trabalho seja<br />

desenvolvido por equipas multidisciplinares.<br />

Estes cuida<strong>dos</strong> de saúde<br />

têm reforçado e valorizado a prática<br />

da Enfermagem na comunidade,<br />

além de que, e o mais importante,<br />

tem contribuído para melhorar o<br />

acesso das populações aos cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde. Exemplo disso mesmo é o<br />

“As Unidades de Cuida<strong>dos</strong><br />

na Comunidade (UCC) foram<br />

criadas com o objectivo<br />

de contribuir para a melhoria<br />

do estado de saúde<br />

da população da sua área<br />

geográfica de intervenção,<br />

visando a obtenção de ganhos<br />

em Saúde. Estas mesmas<br />

unidades são coordenadas<br />

por enfermeiros,<br />

embora o trabalho seja<br />

desenvolvido por equipas<br />

multidisciplinares”<br />

ENFº ROGÉRIO GONÇALVES<br />

Alentejo, em que as limitações geográficas<br />

que levam ao isolamento<br />

da população são rebatidas através<br />

<strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong> de saúde presta<strong>dos</strong><br />

pelos enfermeiros.<br />

A criação das UCC é uma medida<br />

que faz parte da reforma <strong>dos</strong> Cuida<strong>dos</strong><br />

de Saúde Primários e que<br />

teve um forte impacto na zona Sul<br />

do País, tendo em conta o número<br />

de unidades criadas durante 2010.<br />

Os números do Ministério da Saúde<br />

revelam que na Região de Lisboa e<br />

Vale do Tejo, foram criadas 22 UCC,<br />

no Alentejo 6 e no Algarve 7, o que<br />

contabiliza no total 35 unidades.<br />

Podemos então concluir que as UCC<br />

são encaradas com optimismo e são<br />

de facto necessárias porque trazem<br />

mais ganhos para os utentes. Estas<br />

mesmas unidades assentam no<br />

princípio da proximidade, principio<br />

esse que é assegurado pelos enfermeiros.


SUITE RESORT MONTE SANTO APRESENTA SUGESTÕES<br />

ÚNICAS PARA UM INESQUECÍVEL DIA DOS NAMORADOS<br />

Neste Dia de São Valentim, surpreenda a sua<br />

cara-metade com um presente irresistível. Por<br />

apenas €155 por Casal, a sugestão é desfrutar<br />

de uma noite numa luxuosa Suite no Monte<br />

Santo no Carvoeiro, onde não faltará o acolhimento<br />

VIP com champanhe no quarto, entre<br />

outros mimos.<br />

UMA NOITE DE LUXO COM JANTAR<br />

GOURMET NO ALGARVE<br />

Para iniciar a experiência a dois, o Chef do Restaurante<br />

Club House – o restaurante deste resort<br />

de cinco estrelas algarvio - preparou um<br />

tentador jantar gourmet de três pratos servido<br />

à luz das velas que promete aquecer os corações:<br />

peito de frango com espuma parmesão<br />

sobre mini croquete de presunto, tamboril em<br />

rolo de finas ervas com batatinha nova e legumes<br />

da época, supremo de pintada com abóbora<br />

assada sobre migas de tomate.<br />

Para sobremesa, mousse de chocolate negro e<br />

coco com figo seco em brigadeiro e espuma de<br />

morango.<br />

PROPOSTA INCLUI JANTAR GOURMET E<br />

PEQUENO-ALMOÇO SERVIDO NA SUITE<br />

ENTRE OUTROS MIMOS PARA OS CASAIS<br />

APAIXONADOS<br />

O programa “Dia <strong>dos</strong> Namora<strong>dos</strong> no Monte<br />

Santo”, é válido para qualquer dia entre 10<br />

e 15 de Fevereiro e inclui uma noite de alojamento<br />

numa Luxuosa Suite de um quarto<br />

com 65 m2, totalmente equipada com os<br />

mais eleva<strong>dos</strong> padrões de qualidade; tratamento<br />

VIP à chegada com champanhe e<br />

banheira de hidromassagem com sais de<br />

banho, serviço de abertura de cama, roupões<br />

e um late-check out até às 18:00h para<br />

prolongar o romance. O jantar gourmet com<br />

três pratos e bebidas incluídas e o pequeno-<br />

-almoço continental servido na Suite para<br />

um início perfeito de dia a dois, fazem igualmente<br />

parte da oferta. Também contemplado<br />

o acesso gratuito ao Wellness Centre<br />

e equipamentos fitness do resort: ginásio,<br />

campo de ténis, piscina interior aquecida,<br />

sauna, banho Turco, jacuzzis, solário natural<br />

e piscinas exteriores.<br />

Se as condições climatéricas o permitirem,<br />

os casais românticos poderão ainda usufruir<br />

gratuitamente <strong>dos</strong> jacuzzis nas Açoteias e<br />

admirar o mar no limiar do horizonte.<br />

NOITE DE 14 DE FEVEREIRO COM<br />

BALADAS ROMÂNTICAS AO VIVO<br />

Quem preferir, poderá optar somente<br />

pelo “Jantar Romântico a Dois” na noite<br />

de 14 de Fevereiro, no ambiente intimista<br />

e mágico do Restaurante Club House, ao<br />

som da música ao vivo de Ricardo Sousa,<br />

vencedor do programa televisivo “Chuva<br />

de Estrelas”. O valor por Casal é de €80<br />

e aos primeiros cinco casais que reservarem<br />

o “Jantar Romântico a Dois”, será oferecida<br />

a noite de alojamento de 14 para<br />

15 de Fevereiro.<br />

Tudo pensado para que os casais enamora<strong>dos</strong><br />

tenham um Dia de S. Valentim inesquecível.<br />

Este ano, a proposta é mostrar<br />

todo o seu Amor no Suite Resort Monte<br />

Santo. Vale a pena surpreender a cara-<br />

-metade com qualquer uma destas sugestões!<br />

Mais informações e reservas através do<br />

Tm. 91 2175661, e-mail info.montesanto@imocom-grupo.com,<br />

website www.<br />

montesantoalgarve.com.<br />

Mencione “Pontos de Vista” no acto da reserva e beneficie de 15% de desconto na pacote Dia <strong>dos</strong> Namora<strong>dos</strong> ou no<br />

“Jantar Romântico a Dois”. Não acumulável com outras ofertas/promoções em vigor. Sujeito a confirmação de disponibilidade.<br />

Info.montesanto@imocom-grupo.com | www.montesantoalgarve.com | Tm. 91 2175661<br />

23 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


RESIDÊNCIAS MONTEPIO<br />

José Trasancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA afirma<br />

“SOMOS LÍDERES DO SECTOR<br />

DA TERCEIRA IDADE EM PORTUGAL”<br />

José Trasancos,<br />

Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de Saúde, SA<br />

“Parece evidente que os nossos projectos estão acima da média de<br />

qualidade das unidades em funcionamento, o que, em si mesmo, trata-se<br />

de uma mais-valia para os potenciais utilizadores”, afirma José<br />

Transancos, Vice-presidente da Residências Montepio – Serviços de<br />

Saúde, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde deu a conhecer<br />

as potencialidades <strong>dos</strong> espaços «made in» Grupo Montepio,<br />

assentes em pilares como a excelência e a qualidade, como se de um<br />

lar incrustado numa unidade hoteleira se tratasse.<br />

24 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

As Residências Montepio - Serviços<br />

de Saúde SA, do Grupo Montepio assumem-se<br />

hoje como espaços de referência<br />

ao nível do apoio à terceira<br />

idade. Qual a filosofia que tem sido<br />

colocada em prática para que os «residentes»<br />

destes espaços tenham as<br />

melhores comodidades?<br />

A nossa filosofia é muito simples,<br />

está baseada em três pilares básicos:<br />

boas localizações, nos núcleos<br />

urbanos das grandes cidades, uma<br />

boa e funcional distribuição <strong>dos</strong> espaços<br />

interiores das residências e<br />

procedimentos próprios para todas<br />

as actividades a desenvolver nas<br />

unidades, com formação continuada<br />

para o pessoal.<br />

O plano de edificação e expansão das<br />

Residências Montepio – Serviços de<br />

Saúde SA iniciou-se em 2008, existindo<br />

actualmente sete espaços com a<br />

chancela Montepio: Breiner no Porto,<br />

Vila Nova de Gaia, Coimbra, Parede,<br />

Montijo, Montepio Expo e Braga.<br />

Quais foram os principais desideratos<br />

na criação destes espaços?<br />

Na realidade neste momento temos<br />

cinco unidades em funcionamento,<br />

pois tivemos alguma alteração sobre<br />

os planos iniciais, fundamentalmente<br />

no relativo ao projecto da<br />

Expo, que neste momento encontra-se<br />

suspenso, e que substituímos<br />

por um projecto de ampliação da<br />

residência da Parede, com mais 60<br />

suites, e um projecto de Cuida<strong>dos</strong><br />

Continua<strong>dos</strong> no centro de Lisboa,<br />

em Benfica. A residência de Braga,<br />

estamos confiantes que será inaugurada<br />

no primeiro semestre do<br />

ano 2012.<br />

Como é que descreveria e caracterizaria<br />

as Residências Montepio existentes?<br />

Na sua opinião quais são as<br />

mais-valias deste projecto e de que<br />

forma pode fomentar uma melhoria<br />

concreta da oferta existente neste<br />

sector?<br />

Não pretendemos ser arrogantes,<br />

mas parece evidente que os nossos<br />

projectos estão acima da média de<br />

qualidade das unidades em funcionamento,<br />

o que, em si mesmo,<br />

trata-se de uma mais-valia para os<br />

potenciais utilizadores, pois pelo<br />

mesmo preço podem optar por um<br />

empreendimento de maior qualidade<br />

e com mais e melhores serviços,<br />

o que, sem dúvida, irá obrigar a<br />

concorrência a aumentar a qualidade<br />

<strong>dos</strong> seus serviços, e portanto, os<br />

utentes terão mais oferta de qualidade.<br />

Dois anos depois do início deste trajecto,<br />

qual o balanço que pode ser realizado<br />

ao nível das sete Residências<br />

Montepio – Serviços de Saúde SA?<br />

Superou as suas expectativas? Que<br />

lacunas ainda são identificadas?<br />

O projecto já tem praticamente cinco<br />

anos, ainda que certamente a<br />

nossa primeira unidade apenas tenha<br />

dois anos e meio de vida. O balanço<br />

das Residências não pode ser<br />

mais positivo, cada uma das unidades,<br />

depois do seu primeiro ano de<br />

funcionamento, encontram-se com<br />

uma taxa de ocupação do cem por<br />

cento. A nossa ultima unidade inaugurada<br />

na Parede (Cascais) já esta,<br />

após três meses de actividade, nos<br />

50 por cento da taxa de ocupação,<br />

isto tendo em conta que, como o<br />

resto das nossas residências, o número<br />

de camas está acima das 110<br />

camas.<br />

A aposta nestes sete projectos obedeceu<br />

a um investimento na ordem<br />

<strong>dos</strong> 55 milhões de euros, sendo uma<br />

aposta de enorme envergadura económica<br />

e financeira. Em função <strong>dos</strong><br />

resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> nas primeiras<br />

residências, existe a possibilidade<br />

de alargar o número de residências<br />

assistidas a outras zonas do país? Se<br />

sim, qual será a localização e os timings<br />

previstos para as mesmas?<br />

As Residências Montepio pretendem<br />

ser identificadas com a cobertura<br />

de qualidade, de qualquer<br />

necessidade no âmbito do sector da<br />

terceira idade em Portugal. Assim,<br />

a ideia é alargar o número de unidades,<br />

numa segunda fase, a outros<br />

locais de Portugal. Naturalmente<br />

ainda não o posso revelar.


“A maior honra que eu posso ter como gestor, foi ter tido a sorte de encontrar grandes profissionais e grandes pessoas,<br />

quer nos diferentes departamentos da empresa, quer na direcção das unidades, To<strong>dos</strong> eles, além da sua capacidade<br />

técnica, têm uma grande vocação de ajuda aos i<strong>dos</strong>os, e assim, a excelência <strong>dos</strong> serviços resulta sendo mais fácil de<br />

implementar”<br />

A Residência Montepio – Serviços<br />

de Saúde SA tem como principal fito<br />

centrar a sua acção no cuidado com<br />

cada utente. De que forma é que têm<br />

vindo a favorecer a integração <strong>dos</strong><br />

utentes no seu meio e consequentemente<br />

na comunidade da vida da<br />

Residência?<br />

Para nós o fundamento <strong>dos</strong> cuida<strong>dos</strong><br />

a prestar baseia-se no entendimento<br />

de cada utente como uma<br />

pessoa individual, com um conjunto<br />

de necessidades próprias que temos<br />

que conseguir identificar rapidamente<br />

e estabelecer um conjunto<br />

de cuida<strong>dos</strong> individualiza<strong>dos</strong>, não<br />

apenas desde o ponto de vista da<br />

saúde ou actividades de lazer, mas<br />

também de integração das suas famílias<br />

nas nossas unidades, com o<br />

intuito de tentar conseguir criar pequenas<br />

sociedades dentro de cada<br />

uma das nossas unidades. Sempre<br />

no mais estrito respeito à individualidade<br />

das pessoas.<br />

Qual a taxa de ocupação registada<br />

actualmente nas Residências Montepio?<br />

São taxas de ocupação que superam<br />

as vossas expectativas?<br />

Como já foi referido anteriormente,<br />

a nossa taxa de ocupação é do cem<br />

por cento, após um ano de funcionamento<br />

de cada unidade, o que<br />

nos deixa muito satisfeitos, pois<br />

entendemos estas taxas como o<br />

resultado do serviço de qualidade<br />

prestado to<strong>dos</strong> os dias do ano, nas<br />

24 horas do dia, e onde os utentes<br />

podem sair a qualquer altura da<br />

unidade se não estiverem de acordo<br />

com os serviços recebi<strong>dos</strong> ou fazer<br />

uma outra escolha de unidade que<br />

possa responder às suas expectativas.<br />

Felizmente isto não esta<br />

a acontecer nas nossas unidades,<br />

sem dúvida pelo grande e esforçado<br />

trabalho realizado pelas equipas<br />

das mesmas com os directores na<br />

liderança.<br />

O que diferencia o Grupo Montepio<br />

de outros grupos económicos que estão<br />

nesta indústria, nomeadamente<br />

ao nível de responsabilidade social?<br />

Existem programas específicos para<br />

utentes com carências económicas?<br />

O projecto tem a marca da segurança<br />

e do conforto, e constitui uma<br />

aposta forte na área<br />

da saúde que, porventura, virá a<br />

emparelhar em prestígio com a área<br />

da Previdência, de que o Montepio,<br />

como mutualidade já goza. No âmbito<br />

da responsabilidade social as<br />

Residências Montepio contam com<br />

acor<strong>dos</strong> de cessão de camas de forma<br />

gratuita para utentes reencaminha<strong>dos</strong><br />

por diferentes Fundações,<br />

protocolo de cessão de camas com<br />

50 por cento de desconto com algumas<br />

Câmaras Municipais onde estão<br />

situadas as nossas residências<br />

e oferta de terminais gratuitas de<br />

tele-assistência a algumas outras<br />

IPSS.<br />

Além do citado, o Grupo Montepio<br />

pretende ir de encontro das necessidades<br />

da população relativamente<br />

aos cuida<strong>dos</strong> continua<strong>dos</strong>. Por<br />

esta razão, a maioria das nossas residências<br />

estão preparadas para o<br />

acolhimento de pessoas necessitadas<br />

destes cuida<strong>dos</strong> e, deste modo,<br />

um grande número de pessoas com<br />

carências económicas poderão usufruir<br />

<strong>dos</strong> nossos serviços através<br />

de parcerias com o Estado, tendo<br />

em conta os projectos disponíveis e<br />

mobilizáveis.<br />

Quais os serviços ofereci<strong>dos</strong> pela Residências<br />

Montepio que têm regista-<br />

as nossas residências estão<br />

situadas em núcleos<br />

urbanos, com boas comunicações<br />

e transportes,<br />

obviamente a maior<br />

razão para isto é facilitar<br />

o acesso das famílias<br />

às unidades apara<br />

o contacto diário com os<br />

residentes”<br />

do maior procura? A tele-assistência<br />

tem sido bem aceite pelos utentes<br />

seniores? Quais as mais-valias da<br />

mesma?<br />

O nosso produto base são as residências,<br />

mas estamos a comercializar<br />

um cartão com serviços de<br />

saúde e sociais, que está a ter um<br />

sucesso espectacular, chamado Vitalidade<br />

+, onde além de serviços<br />

de apoio domiciliário, médicos de<br />

urgência ao domicílio, fisioterapeutas<br />

e enfermeiros gratuitos também<br />

no domicílio, ajudas técnicas e tele-<br />

-assistência. Iincorporamos, desde<br />

Fevereiro, dois novos serviços em<br />

exclusiva para os aderentes aos<br />

nossos cartões Vitalidade + das residências<br />

Montepio, que são a comparticipação<br />

das Residências Montepio<br />

na compra de medicamentos<br />

e consultas nas farmácias do grupo<br />

Holon, que conta com cerca de 160<br />

farmácias em Portugal, e o serviço<br />

de segunda opinião médica e tratamento<br />

de doenças graves, com a<br />

possibilidade de receber tratamento<br />

nos melhores hospitais do mundo<br />

com os melhores médicos especialistas<br />

do mundo por um preço de<br />

adesão inacreditável.<br />

25 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


RESIDÊNCIAS MONTEPIO<br />

O envelhecimento populacional assume-se<br />

como uma realidade actual<br />

que atinge Portugal, sendo necessário<br />

que se comecem a obter soluções<br />

e respostas para que o público mais<br />

i<strong>dos</strong>o seja tratado com a dignidade<br />

que merece. De que forma é que este<br />

conceito criado pelas Residências<br />

Montepio – Serviços de Saúde vem<br />

desmistificar o cenário protagonizado<br />

por alguns lares dispersos pelo<br />

país, que são apenas considera<strong>dos</strong><br />

«depósitos de i<strong>dos</strong>os»?<br />

Se o envelhecimento é uma decorrência<br />

própria da vida, já o envelhecimento<br />

sustentado, isto é, da<br />

pessoa humana em estado de saúde<br />

e de um mínimo de independência<br />

económica, é um direito que deve<br />

ser garantido a qualquer cidadão,<br />

no reconhecimento da sua liberdade<br />

e dignidade. Só pode ter sido<br />

essa a filosofia que esteve subjacente<br />

à ideia do projecto das Residências<br />

Montepio, cujo conceito de<br />

serviço, na excelência da qualidade,<br />

do atendimento e do conforto, é o<br />

de um lar incrustado numa unidade<br />

hoteleira.<br />

A vertente económica e financeira<br />

apresenta-se como um factor de escolha<br />

preponderante por parte <strong>dos</strong><br />

i<strong>dos</strong>os e das suas famílias. Do ponto<br />

de vista financeiro considera que os<br />

valores pedi<strong>dos</strong> são acessíveis e que<br />

se baseiam pelo binómio qualidade/<br />

preço aquando do acesso às Residências<br />

Montepio?<br />

A oferta de um serviço de excelente<br />

qualidade, mas mais acessível<br />

do que os similares existentes no<br />

mercado, é próprio da responsabilidade<br />

social de uma instituição que<br />

não tem o lucro por objectivo e na<br />

qual o ideal da fraternidade implica,<br />

necessariamente, a solidariedade<br />

social e a afectividade. Os preços,<br />

que as Residências Montepio estão<br />

a praticar, são em média de 1700<br />

euros mensais, muito abaixo <strong>dos</strong><br />

preços pratica<strong>dos</strong> no mercado em<br />

unidades com uma qualidade e uma<br />

gama de serviços muito longe <strong>dos</strong><br />

que oferece as Residências Montepio.<br />

As Residências Montepio estão abertas<br />

ao público em geral ou estão<br />

apenas limitadas a associa<strong>dos</strong> ou<br />

clientes do Montepio? Ainda existe<br />

alguma desinformação relativamente<br />

a esta temática?<br />

As nossas residências não estão<br />

limitadas apenas a servir os associa<strong>dos</strong><br />

e clientes da instituição<br />

Montepio, pois estão abertas à ge-<br />

26 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

“Se o envelhecimento é uma decorrência própria da vida,<br />

já o envelhecimento sustentado, isto é, da pessoa humana<br />

em estado de saúde e de um mínimo de independência<br />

económica, é um direito que deve ser garantido a qualquer<br />

cidadão, no reconhecimento da sua liberdade e dignidade”<br />

neralidade <strong>dos</strong> cidadãos mais velhos<br />

que, dispondo de rendimento<br />

adequado à satisfação das suas necessidades<br />

básicas, tais como habitação,<br />

alimentação, higiene, cuida<strong>dos</strong><br />

médicos e actividades lúdicas,<br />

poderão viver melhor os anos de<br />

vida que ganharam.<br />

A sociedade contemporânea é hoje<br />

«vivida» a um ritmo alucinante pelas<br />

famílias, facto que as leva a abdicar<br />

da presença com as suas famílias.<br />

Qual a importância da família<br />

no conceito implementado pelas Residências<br />

Montepio?<br />

Como já é conhecido toda as nossas<br />

residências estão situadas em<br />

núcleos urbanos, com boas comunicações<br />

e transportes, obviamente<br />

a maior razão para isto é facilitar<br />

o acesso das famílias às unidades<br />

apara o contacto diário com os residentes.<br />

Embora as infra-estruturas sejam<br />

absolutamente fundamentais na<br />

prestação de serviços de qualidade<br />

e excelência, é importante realçar<br />

a vertente <strong>dos</strong> recursos humanos.<br />

Neste sentido que preocupação tem<br />

a equipa de gestão ao nível da contratação<br />

de pessoal técnico?<br />

To<strong>dos</strong> os aspectos revela<strong>dos</strong> nesta<br />

entrevista seriam impossíveis sem<br />

uma grande equipa de profissionais,<br />

assim, a maior honra que eu<br />

posso ter como gestor, foi ter tido<br />

a sorte de encontrar grandes profissionais<br />

e grandes pessoas, quer<br />

nos diferentes departamentos da<br />

empresa, quer na direcção das unidades,<br />

To<strong>dos</strong> eles, além da sua capacidade<br />

técnica, têm uma grande<br />

vocação de ajuda aos i<strong>dos</strong>os, e assim,<br />

a excelência <strong>dos</strong> serviços resul-


ta sendo mais fácil de implementar.<br />

A finalizar, que desafios se colocam<br />

de futuro às Residências Montepio –<br />

Serviços de Saúde SA?<br />

Neste momento as Residências<br />

Montepio são os líderes do sector<br />

da terceira idade em Portugal por<br />

volume de camas, quer de utentes<br />

priva<strong>dos</strong>, quer de camas de Cuida<strong>dos</strong><br />

Continua<strong>dos</strong>, e julgo que também<br />

são reconhecidas pela qualidade<br />

<strong>dos</strong> serviços que oferece.<br />

Eu seria capaz de resumir os nossos<br />

desafios em apenas um ponto, embora<br />

reconheço que extremamente<br />

ambicioso, que seria conseguir que<br />

qualquer cidadão português que<br />

tivesse uma necessidade no âmbito<br />

da saúde social, identificara as<br />

Residências Montepio como a instituição<br />

capaz de lhe dar a melhor<br />

solução.<br />

Aproveito a amabilidade da publicação<br />

para convidar a to<strong>dos</strong> os leitores<br />

a conhecer a nossa nova residência<br />

de Parede (Cascais), mesmo<br />

frente ao mar para o que podem<br />

contactar ao número de telefone<br />

214 589 410.<br />

“As Residências Montepio pretendem ser identificadas<br />

com a cobertura de qualidade, de qualquer necessidade<br />

no âmbito do sector da terceira idade em Portugal”<br />

27 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


PME - LÍDER<br />

A MARCA DA ILUMINAÇÃO LED<br />

A Revista Pontos de Vista dá-lhe a conhecer a ARQUILED, empresa já galardoada como PME Líder por duas vezes e que centra a sua actividade<br />

na área da iluminação arquitectural e que está em grande expansão sendo mesmo uma das empresas de referência na sua actividade<br />

tento em Portugal, como no estrangeiro, batendo-se ao mesmo nível que as maiores entidades europeias e mundiais do sector. Em entrevista,<br />

Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED traça o caminho a percorrer por esta entidade que se quer afirmar entre os melhores no seu campo<br />

de actuação.<br />

A<br />

ARQUILED foi fundada<br />

em 2005 impulsionada<br />

pelo desenvolvimento de<br />

soluções técnicas para o<br />

Casino Lisboa, nomeadamente a<br />

iluminação e motorização cénica.<br />

A sua actividade centra-se na área<br />

da iluminação arquitectural, com<br />

especial incidência na aplicação da<br />

tecnologia LED (Light Emitting Diode),<br />

com todas as suas potencialidades<br />

de evolução e inovação que a<br />

caracterizam. Foi muito importante<br />

e, mesmo determinante, para o seu<br />

aparecimento no mercado, o grande<br />

apoio e entusiasmo de empresas<br />

conceituadas, tais como a CLIMAR<br />

e a OSVALDO MATOS. Em conjunto<br />

com estas empresas foi criado o<br />

GRUPO IACOM, o maior grupo da<br />

área de iluminação em Portugal,<br />

de forma a dar resposta às necessidades<br />

do mercado, conforme nos<br />

explicou Rafael Santos: “Quando<br />

28 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

concluímos a obra do Casino Lisboa<br />

verificamos que acabávamos de<br />

terminar a maior obra baseada em<br />

tecnologia LED efectuada em Portugal,<br />

contendo um milhão e 200 mil<br />

LED’s. Nesta altura, a ARQUILED<br />

era apenas uma marca e foi aí que<br />

percebemos que havia um potencial<br />

enorme para se iniciar uma empresa<br />

e então nasceu a ARQUILED<br />

como empresa em 2005 e no final<br />

do ano seguinte surge o GRUPO IA-<br />

COM , que, hoje é um grupo de promoção<br />

de três marcas: a ARQUILED,<br />

a ARQUISERVICE e a QUADRANT”.<br />

Após a criação da empresa até aos<br />

primeiros resulta<strong>dos</strong> positivos surgirem<br />

pouco passou, uma vez que<br />

a ARQUILED inovou o mercado em<br />

Portugal ao implementar o conceito<br />

de Light Designer, que efectua o tratamento<br />

<strong>dos</strong> espaços através da luz,<br />

o que despertou enorme interesse<br />

por parte <strong>dos</strong> arquitectos, confor-<br />

Rafael Abelha Santos, CEO da ARQUILED<br />

“Ao introduzir este conceito, viemos embelezar<br />

os projectos <strong>dos</strong> arquitectos em<br />

termos de iluminação, o que transforma<br />

completamente os espaços.<br />

Assim, a ARQUILED passou a ser consultor<br />

de iluminação que ajuda a personalizar um<br />

espaço, seja ele qual for, desde um Centro<br />

Comercial, até à iluminação de uma rua”


me relatou o CEO da ARQUILED:<br />

“Ao introduzir este conceito, viemos<br />

embelezar os projectos <strong>dos</strong> arquitectos<br />

em termos de iluminação, o<br />

que transforma completamente os<br />

espaços. Assim, a ARQUILED passou<br />

a ser consultor de iluminação<br />

que ajuda a personalizar um espaço,<br />

seja ele qual for, desde um Centro<br />

Comercial, até à iluminação de<br />

uma rua”.<br />

Sendo uma Empresa naturalmente<br />

moderna, dado que os principais<br />

sócios são jovens, cujo know-how<br />

neste domínio é sobejamente conhecido<br />

e reconhecido, tanto em<br />

Portugal como no Estrangeiro, a<br />

ARQUILED está apta a estudar, preparar<br />

e concretizar os mais diversos<br />

projectos. No entanto, para cumprir<br />

este desiderato, era necesário crescer,<br />

assim, com o sucesso alcançado<br />

ao longo <strong>dos</strong> seus primeiros<br />

anos de actividade no mercado, a<br />

ARQUILED construi em 2009 uma<br />

fábrica em Mora, no Alentejo, onde<br />

é desenvolvida toda a componente<br />

electrónica <strong>dos</strong> seus produtos. Neste<br />

momento, a própria fábrica está<br />

em expansão, sendo que o projecto,<br />

orçado em dois milhões de euros<br />

estará concluído em Fevereiro do<br />

próximo ano.<br />

No sentido de afirmar o nome AR-<br />

QUILED cada vez mais no mercado,<br />

a empresa adoptou uma estratégia<br />

através da qual o seu nome o passasse<br />

a ser reconhecido como marca<br />

comercial, Como consequência,<br />

to<strong>dos</strong> os equipamentos desenvolvi<strong>dos</strong><br />

são baptiza<strong>dos</strong> com nomes<br />

a partir da raiz «ARQUI», surgindo<br />

assim produtos como: ARQUILINE,<br />

ARQUIPANEL, ARQUISPOT, ARQUI-<br />

BAR, entre muitos outros.<br />

A estratégia continuou durante o<br />

corrente ano a apresentar resulta<strong>dos</strong><br />

positivos, com a ARQUILED a<br />

assumir-se claramente como uma<br />

da Pequenas e Média Empresas de<br />

maior futuro no nosso país o que<br />

chamou a atenção do gigante EDP,<br />

que em Novembro passado formalizou<br />

a compra de 40 por cento do<br />

capital da empresa alentejana. A<br />

aquisição foi concretizada através<br />

da EDP Inovação e insere-se numa<br />

estratégia de apoio a projectos nacionais<br />

inovadores e empreendedores,<br />

desenvolvi<strong>dos</strong> no âmbito da<br />

eficiência energética e que sejam<br />

líderes de mercado.<br />

“O ano que agora termina marcou<br />

também o início do caminho para a<br />

internacionalização da ARQUILED,<br />

que começou com a presença na<br />

Light+Building, feira que decorre<br />

em Frankfurt e que reúne os principais<br />

player’s do mercado. “Antes<br />

de seguirmos para esta feira decidimos<br />

que queríamos estar junto <strong>dos</strong><br />

melhores, no hall mais mediático,<br />

No sentido de afirmar o nome ARQUILED cada<br />

vez mais no mercado, a empresa adoptou<br />

uma estratégia através da qual o seu nome<br />

o passasse a ser reconhecido como marca comercial,<br />

Como consequência, to<strong>dos</strong> os equipamentos<br />

desenvolvi<strong>dos</strong> são baptiza<strong>dos</strong> com nomes<br />

a partir da raiz «ARQUI», surgindo assim<br />

produtos como: ARQUILINE, ARQUIPANEL,<br />

ARQUISPOT, ARQUIBAR, entre muitos outros<br />

mais difícil e, se quisermos, mais<br />

hostil. Assim, levamos apenas três<br />

<strong>dos</strong> nossos produtos com os quais<br />

sabíamos que íamos fazer frente<br />

aos gigantes à nossa volta. Logo na<br />

montagem do stand conseguimos a<br />

primeira vitória, que mais não foi<br />

do que receber o incentivo por parte<br />

desses gigantes relativamente ao<br />

nosso projecto. O segundo objectivo<br />

passava por estabelecer um máximo<br />

de 100 contactos e acabamos o<br />

quarto dia de feira com mais de mil<br />

e aos dias de hoje temos já negócios<br />

fecha<strong>dos</strong> com mais de 30”.<br />

Actualmente a ARQUILED marca<br />

já presença em países como a Letónia,<br />

Alemanha, Suíça, Brasil, Holanda,<br />

Bulgária, Espanha, Áustria<br />

e Irão, estando ainda em negociações<br />

com uma empresa canadiana,<br />

que vai representar a ARQUILED<br />

no seu país, uma vez que a política<br />

de internacionalização da empresa<br />

portuguesas “passa por estabelecer<br />

parcerias e não em criar estruturas<br />

nos países onde esteja inserida,A<br />

Arquiled é também uma empresa<br />

atenta às causas ambientais, exemplo<br />

disso é o ARQUICITY, uma luminária<br />

para iluminação pública com<br />

uma tecnologia LED de acordo com<br />

o padrão europeu, que reduz o consumo<br />

de energia em 80 por cento<br />

e sem que seja necessário mudar<br />

a infra-estrutura existente, que em<br />

breve poderá chegar aos postes de<br />

iluminação que existem nas cidades,<br />

vilas e aldeias portuguesas.<br />

29 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE<br />

<strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> em destaque<br />

“A VALORIZAÇÃO DO CAPITAL<br />

HUMANO É UMA PRIORIDADE”<br />

“Na sociedade do futuro, a escolarização é o principal meio de defesa do jovem cidadão, mesmo na óptica da relação com o mercado de trabalho”,<br />

afirma Avelino de Freitas de Meneses, Reitor da <strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, em entrevista à Revista Pontos de Vista, salientando ainda o<br />

trabalho realizado pela UA no aprofundamento da correspondência com as empresas.<br />

A<br />

<strong>Universidade</strong> <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong><br />

assume-se como instituição<br />

de referência na vertente<br />

do ensino superior.<br />

Neste sentido, de que forma é que<br />

promovem o desenvolvimento da região<br />

em que se inserem?<br />

A principal missão da <strong>Universidade</strong><br />

consiste na criação e na transmissão<br />

de conhecimento, a melhor fonte<br />

de indução de desenvolvimento.<br />

A força da globalização obriga necessariamente<br />

à produção de um<br />

conhecimento universal. O sentido<br />

das circunstâncias obriga necessariamente<br />

à produção de um conhecimento<br />

específico. Assim, o<br />

maior êxito decorre da construção<br />

de um saber de aplicação geral, mas<br />

apropriado às condições físicas e<br />

culturais da insularidade. Aliás, o<br />

carácter da geografia a tanto obriga.<br />

Com efeito, em pouco mais de cinco<br />

séculos, apesar do isolamento natural,<br />

as ilhas estabeleceram afinidades<br />

entre mun<strong>dos</strong> velhos e novos,<br />

contribuindo para a aproximação<br />

<strong>dos</strong> povos, das civilizações e <strong>dos</strong><br />

continentes. Do mesmo modo, impera<br />

o sentido da história. De facto,<br />

logo depois do povoamento, apesar<br />

do apego à terra, uma emigração de<br />

gerações transferiu a maior comunidade<br />

de referência açoriana para<br />

partes da América, desde a embocadura<br />

do rio da Prata, a sul, até à<br />

costa da Terra Nova, a norte. Neste<br />

contexto, não admira que, por imperativo<br />

estatutário, nos pertença<br />

o dever de elevação <strong>dos</strong> níveis educativo,<br />

científico, técnico e cultural<br />

da Região. Esta função, dado o carácter<br />

<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, uma amálgama<br />

de parcelas muito distintas, donde<br />

sobressai a diversidade sobre a unidade,<br />

ainda impõe à <strong>Universidade</strong> o<br />

cumprimento de uma tarefa assaz<br />

30 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

exigente: a promoção do avanço e<br />

a salvaguarda do equilíbrio, isto é,<br />

a edificação do progresso do todo<br />

– o arquipélago – e a redução das<br />

assimetrias das partes – as ilhas.<br />

Porém, os ditames do lugar e do<br />

tempo exigem, em simultâneo, o esboço<br />

de um programa de intervenção<br />

global, que demanda uma prática<br />

de cooperação com instituições<br />

universitárias e culturais estrangeiras.<br />

Nesta perspectiva, não há propriamente<br />

universidades regionais,<br />

detentoras de um objecto de estudo<br />

menor, que reverta na produção de<br />

uma sabedoria inferior. Pelo contrário,<br />

o dever das universidades<br />

consiste sempre na universalização<br />

do saber, mesmo que reportado à<br />

dimensão de um qualquer local.<br />

O ensino universitário tem sido por<br />

diversas vezes “acusado” de formar<br />

recursos humanos que não são necessários<br />

ao nível do mercado de<br />

trabalho. Como é que a <strong>Universidade</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> analisa este cenário?<br />

Na sociedade do futuro, a escolarização<br />

é o principal meio de defesa<br />

do jovem cidadão, mesmo na óptica<br />

da relação com o mercado de<br />

trabalho. Aliás, se a frequência universitária<br />

e politécnica não resultar<br />

em ocupação útil de licencia<strong>dos</strong>,<br />

de mestres e de doutores perde o<br />

essencial do seu sentido. Todavia,<br />

nas instituições de Ensino Superior,<br />

após um tempo de transição lento, e<br />

eventualmente traumático, alterou-<br />

-se a missão de ensinar, pelo que<br />

urge que a comunidade entenda a<br />

nova missão das universidades e<br />

<strong>dos</strong> politécnicos no acto de ilustração<br />

<strong>dos</strong> cidadãos. Ao invés de outrora,<br />

a <strong>Universidade</strong> já não é um<br />

centro de emprego. De facto, hoje<br />

a <strong>Universidade</strong> é tão só um centro<br />

de formação. Isto não significa que<br />

as instituições de Ensino Superior<br />

tenham perdido utilidade social,<br />

porque se é certo que em Portugal,<br />

e por extensão nos <strong>Açores</strong>, um<br />

curso deixou de ser uma solução de<br />

vida, à semelhança do que há muito<br />

sucede na Europa e na América<br />

que pretendemos imitar, não é menos<br />

verdade que um curso é ainda<br />

um instrumento, cada vez mais indispensável,<br />

de construção de uma<br />

carreira, que depois exige uma prática<br />

de formação contínua e especializada.<br />

A adaptação das mentalidades ao<br />

diverso enquadramento das universidades<br />

na nova sociedade do conhecimento<br />

avulta por prioritária.<br />

Na verdade, apesar da dificuldade<br />

da obtenção de colocações profissionais,<br />

pelo menos no desempenho<br />

de funções tidas, por tradição,<br />

como mais dignas da condição <strong>dos</strong><br />

diploma<strong>dos</strong>, há que dissipar qualquer<br />

desconfiança sobre a utilidade<br />

da formação superior. E porque?<br />

Porque ela beneficiará sempre a<br />

colectividade, através da obtenção<br />

evidente de patamares de maior<br />

desenvolvimento, fruto do acréscimo<br />

da qualificação <strong>dos</strong> cidadãos.<br />

De que forma procura a <strong>Universidade</strong><br />

<strong>dos</strong> <strong>Açores</strong> preencher as reais necessidades<br />

do mercado de trabalho,<br />

no sentido de não se formar alunos<br />

para o desemprego?<br />

Através do aprofundamento da correspondência<br />

com as empresas. De<br />

facto, se o conhecimento e a inovação<br />

são as molas do desenvolvimento,<br />

certo é que a <strong>Universidade</strong><br />

é a casa do conhecimento e a Empresa<br />

o albergue da inovação. Porém,<br />

a produção de conhecimento<br />

exige uma boa <strong>dos</strong>e de inovação e o<br />

estímulo da inovação deriva da utilização<br />

do conhecimento. Daí a urgência<br />

da inter-relação entre as universidades<br />

e as empresas. Só com<br />

grande cooperação entre as universidades<br />

e as empresas é possível<br />

que o conhecimento produzido pelo<br />

sistema nacional de inovação tenha<br />

impacto significativo na economia.<br />

Só com grande cooperação entre<br />

as universidades e as empresas é<br />

possível a difusão de uma cultura<br />

de inovação que contribua para o<br />

aumento com sustentabilidade da<br />

competitividade empresarial. Este<br />

encontro de posições é inadiável<br />

porque, depois de um longo período<br />

de predomínio, talvez que também<br />

de liderança, da administração<br />

pública, o sector privado assume-se<br />

agora como força essencial da dinamização<br />

e da modernização da sociedade.<br />

Com efeito, vai longe, quiçá<br />

infelizmente muito longe, a crença<br />

no papel milagroso da actividade<br />

do Estado, típica do século XX, pelo<br />

que agora se exige que sobretudo<br />

estabeleça uma regulação justa e<br />

permanente. Ao mesmo tempo, é<br />

cada vez mais incerto e inseguro o<br />

trabalho por conta de outrem, pelo<br />

que cada vez mais se exige o acréscimo<br />

da iniciativa individual.<br />

A relação entre as universidades<br />

e as empresas clama quotidianamente<br />

por uma relativa inversão<br />

de procedimentos, que se traduza<br />

em aprofundamento de diálogo<br />

e na concretização de medidas.<br />

Às empresas, exige-se uma maior<br />

abertura, que facilite a transferência<br />

de tecnologia e a admissão de<br />

estudantes e de diploma<strong>dos</strong>. Às universidades,<br />

exige-se uma mudança<br />

de atitude, para que os diploma<strong>dos</strong><br />

sejam mais promotores de empreendimento<br />

do que mendigos de em-


pregos. No nosso caso, a criação do<br />

Centro de Empreendedorismo tem<br />

contribuído muito para a difusão de<br />

uma cultura de iniciativa. A próxima<br />

inauguração de uma incubadora de<br />

empresas contribuirá muito mais.<br />

Qual a importância, na sua opinião,<br />

em apostar na valorização do capital<br />

humano? Que relevância pode ter<br />

esta aposta ao nível da evolução económico-social<br />

da Região e do País?<br />

No passado, as capacidades de<br />

acesso a recursos naturais e de<br />

acréscimo de níveis de produção<br />

constituíam o sustentáculo da riqueza<br />

das nações. Por isso, ao longo<br />

<strong>dos</strong> séculos, a construção <strong>dos</strong> impérios<br />

se baseou na conquista de fontes<br />

de matérias-primas, as mais das<br />

vezes por força das armas, e na disponibilidade<br />

de uma mão-de-obra<br />

abundante, muita dela de condição<br />

escrava.<br />

No presente, a situação é muitíssimo<br />

diversa. A chave da riqueza<br />

é agora o conhecimento. Por isso,<br />

diz-se que estamos na sociedade<br />

do conhecimento, pois é nele que<br />

assenta a prosperidade <strong>dos</strong> povos<br />

no advento do século XXI. Dito de<br />

uma outra forma, a chave da riqueza<br />

é afinal o Homem, através do seu<br />

activo mais importante – o cérebro<br />

– donde brotam as ideias que alicerçam<br />

o processo ininterrupto da<br />

inovação. Nestas circunstâncias, a<br />

cultura, a ciência e a tecnologia são<br />

as alavancas do desenvolvimento<br />

das pessoas, das regiões, <strong>dos</strong> países<br />

e das civilizações. Aliás, historicamente,<br />

está comprovada a existência<br />

de uma correlação positiva entre<br />

qualificação, o mesmo é dizer<br />

escolarização, e crescimento económico.<br />

De facto, em qualquer sector<br />

de actividade, os trabalhadores<br />

mais instruí<strong>dos</strong> adaptam-se melhor<br />

à inovação e à competitividade, pelo<br />

que existe um nexo forte entre educação,<br />

produtividade, crescimento e<br />

modernização.<br />

A valorização do capital humano é,<br />

por isso, uma prioridade. Vejamos<br />

o caso <strong>dos</strong> <strong>Açores</strong>, que possui uma<br />

aplicabilidade mais geral. Nos <strong>Açores</strong>,<br />

para debelar a actual crise, é<br />

preciso conhecer a História, porque<br />

nos transmite ensinamentos indispensáveis.<br />

Nos <strong>Açores</strong>, para debelar<br />

a actual crise, é preciso entender a<br />

nossa circunstância mais imediata,<br />

que é afinal todas as ilhas, ainda<br />

detentoras de um ambiente deveras<br />

singular, propício à exploração,<br />

com sustentabilidade, das potencialidades<br />

da terra, mas sobretudo<br />

do mar. Nos <strong>Açores</strong>, para debelar<br />

a actual crise, é preciso investir no<br />

essencial, o mesmo é dizer, na qualificação<br />

<strong>dos</strong> homens e das mulheres,<br />

porque antes de se alicerçar na<br />

riqueza da terra ou na expectativa<br />

do mar a economia de hoje assenta<br />

no conhecimento. Daí a importância<br />

da <strong>Universidade</strong>, porventura, a<br />

maior fonte de indução de desenvolvimento<br />

nos <strong>Açores</strong> das últimas<br />

décadas. Por isso, por mais que nos<br />

custe, cumpre-nos a promoção da<br />

sua reforma permanente, para que<br />

jamais os seus professores e os seus<br />

estudantes percam capacidade de<br />

transformação da sociedade.<br />

Após cerca de dois anos de experimentação,<br />

o que mudaria na recente<br />

reforma do Ensino Superior,<br />

resultante da publicação do Regime<br />

Jurídico das Instituições de Ensino<br />

Superior?<br />

Antes de mais e apesar da dificuldade,<br />

mudaria a composição do Conselho<br />

Geral. Aparentemente defensável,<br />

a imposição de uma maioria<br />

de docentes converte o órgão em<br />

espécie de parlamento das <strong>Universidade</strong>s,<br />

onde perante o relativo<br />

isolamento <strong>dos</strong> Reitores, amiúde<br />

prepondera o interesse individual<br />

sobre o desígnio institucional, um<br />

comportamento de todo incompatível<br />

com uma verdadeira instância<br />

de governo. Pelo menos na teoria, a<br />

alternativa consistiria na transição<br />

para um regime de predomínio de<br />

personalidades externas, com a vantagem<br />

de maior familiarização com<br />

as necessidades reais, por exemplo,<br />

da administração, das empresas e<br />

das associações. Além disso, esta via<br />

até representa o melhor antídoto<br />

contra o acesso do corporativismo,<br />

talvez fruto de uma louvável dedicação<br />

ao estudo, que divorcia os docentes<br />

e os investigadores das incidências<br />

do quotidiano. Todavia, uma tal<br />

inversão de procedimentos obrigaria<br />

a um exercício de avaliação sobre o<br />

desempenho <strong>dos</strong> membros externos<br />

<strong>dos</strong> Conselhos Gerais, que julgamos<br />

não ser de todo impoluto. Além disso,<br />

em Portugal, e consequentemente<br />

nos <strong>Açores</strong>, a falta de independência<br />

da sociedade civil, demasiado sujeita<br />

à vassalagem política, empresarial<br />

e corporativa, constitui o principal<br />

obstáculo do reforço, sem risco, de<br />

membros selecciona<strong>dos</strong> da comunidade<br />

no governo da academia. Uma<br />

questão em aberto, a requerer séria<br />

ponderação!<br />

LER NA ÍNTEGRA EM<br />

WWW.PONTOSDEVISTA.COM.PT<br />

Avelino de Freitas de Meneses<br />

31 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


FORMAÇÃO E EMPREGABILIDADE<br />

OPINIÃO<br />

Mário Rodrigues – Director do I.M.T. - Instituto de<br />

Medicina Tradicional<br />

IMT – RESPOSTA<br />

AOS DESAFIOS<br />

EMERGENTES<br />

O IMT – Instituto de Medicina Tradicional é a entidade nacional de referência na formação de técnicos de terapêuticas não convencionais. Entre<br />

estas terapêuticas estão a Osteopatia, a Naturopatia, a Homeopatia, a Acupunctura, diversas técnicas de massagem, ocidentais ou orientais,<br />

como a Massoterapia, a Drenagem Linfática Manual, o Shiatsu, a Reflexologia, a Auriculoterapia, entre outras abordagens terapêuticas.<br />

O<br />

denominador comum entre<br />

estas abordagens é o<br />

facto de todas elas fazerem<br />

parte da chamada Medicina<br />

Natural, ou seja, de uma abordagem<br />

terapêutica que não recorre<br />

a fármacos, cirurgia, ou outras<br />

formas invasivas, sendo antes pelo<br />

contrário baseadas na utilização de<br />

méto<strong>dos</strong> naturais e na humanização<br />

da relação terapêutica.<br />

O mercado da prestação de cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde e bem-estar está em<br />

forte crescimento nos países industrializa<strong>dos</strong><br />

e Portugal não foge à regra,<br />

são vários os relatórios de instituições<br />

internacionais, como por<br />

exemplo a Organização Mundial de<br />

Saúde, ou NHS (Serviço Nacional de<br />

Saúde Inglês) ou ainda o NCCAM –<br />

National Center for Complementary<br />

and Alternative Medicine (Organismo<br />

do Serviço Nacional de Saúde<br />

Norte-Americano dedicado ao es-<br />

32 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

tudo das terapêuticas não-convencionais)<br />

que demonstram exactamente<br />

isto. Ou seja, hoje em dia este<br />

mercado já não é marginal e apenas<br />

para públicos-alvo de escolaridade<br />

obrigatória, antes pelo contrário,<br />

hoje é também uma especialização<br />

técnica de elevada valia profissional<br />

para técnicos de saúde <strong>dos</strong> mais varia<strong>dos</strong><br />

sectores, desde o médico, ao<br />

enfermeiro, passando pelo fisioterapeuta,<br />

terapeuta ocupacional ou<br />

psicólogo. Hoje é comum encontrar<br />

nas ofertas de emprego de clínicas<br />

médicas privadas, centros de reabilitação,<br />

centros de saúde e bem-<br />

-estar, spa’s, ginásios, etc., a menção<br />

à necessidade de contratar especialistas<br />

nestas áreas.<br />

A integração no mercado de trabalho<br />

num panorama nacional em que<br />

o desemprego continua a aumentar<br />

só pode acontecer se forem cumpri<strong>dos</strong><br />

alguns pressupostos, nomeada-<br />

mente a qualidade da preparação<br />

técnica e humana <strong>dos</strong> profissionais<br />

e a adequabilidade às exigências do<br />

mercado. No caso específico <strong>dos</strong><br />

cursos ministra<strong>dos</strong> no IMT, estamos<br />

em condições de oferecer garantias<br />

de que os dois pressupostos são<br />

cumpri<strong>dos</strong>, ou seja, os forman<strong>dos</strong><br />

saem <strong>dos</strong> nossos cursos bem prepara<strong>dos</strong><br />

técnica e humanamente<br />

para responderem eficazmente aos<br />

desafios coloca<strong>dos</strong> pelo mercado<br />

actual. Outro aspecto fundamental<br />

para uma eficaz integração no<br />

mercado da prestação de cuida<strong>dos</strong><br />

de saúde, além destes dois pressupostos,<br />

é a rede de parceiros que<br />

potenciem e facilitem esta integração<br />

e neste sentido, o IMT, fruto da<br />

sua longa experiencia neste mercado<br />

tem condições para oferecer ao<br />

futuro profissional uma integração<br />

profissional de acordo com as suas<br />

expectativas.<br />

“A integração no mercado<br />

de trabalho num panorama<br />

nacional em que o desemprego<br />

continua a aumentar<br />

só pode acontecer se<br />

forem cumpri<strong>dos</strong> alguns<br />

pressupostos, nomeadamente<br />

a qualidade da preparação<br />

técnica e humana<br />

<strong>dos</strong> profissionais e a adequabilidade<br />

às exigências do<br />

mercado”


COOPERAÇÃO CPLP<br />

OPINIÃO<br />

Pedro Pires da Gameiro<br />

& Associa<strong>dos</strong>, Sociedade de Advoga<strong>dos</strong>, R.L.<br />

“CORPORATE GOVERNANCE”<br />

E A ECONOMIA ANGOLANA<br />

Em Angola, os grupos empresariais são muito recentes, pelo que se<br />

encontram, na sua grande maioria num processo de reordenamento,<br />

consolidação e solidificação das suas várias áreas de comércio.<br />

A<br />

expressão “Corporate<br />

Governance” (CG) é bastante<br />

recente entre nós,<br />

embora muito utilizada<br />

pela literatura internacional como<br />

forma de designar o movimento<br />

de reforma do sistema de regras e<br />

práticas de governo, gestão e fiscalização<br />

das sociedades anónimas.<br />

A governação corporativa incide<br />

sobre as relações entre agentes internos<br />

e externos das empresas na<br />

sua actuação, apontando-se os accionistas<br />

e administradores como<br />

os protagonistas principais. Nesta<br />

esfera de actuação podemos ainda<br />

mencionar os funcionários, bancos<br />

e outros credores, instituições e órgãos<br />

reguladores, podendo mesmo<br />

afirmar-se a comunidade em geral,<br />

existindo, assim, uma ideia de<br />

“freios e contrapesos”.<br />

A “CG” pode ser definida como um<br />

sistema através do qual as organizações<br />

empresariais são dirigidas<br />

e controladas, promovendo desta<br />

forma a transparência e a responsabilidade<br />

das empresas, numa só expressão<br />

“separation of ownership<br />

and control”.<br />

Os grupos empresariais Angolanos<br />

podem beneficiar com a implementação<br />

de projectos de “CG”, quer no<br />

sector Público quer no sector Privado,<br />

da qual resultará um reforço da<br />

credibilidade do Governo e das instituições<br />

públicas e privadas.<br />

Em Angola estão reunidas todas as<br />

condições para promover práticas<br />

de “CG”, dada a grande aposta na<br />

formação de gestores e na generalidade<br />

<strong>dos</strong> meios humanos.<br />

Hoje em dia já existem muitas práticas<br />

de gestão que se podem inserir<br />

num modelo de “CG” como podemos<br />

verificar na Regulamentação<br />

de Questões Éticas na Banca, atra-<br />

vés de Códigos de Conduta. Esta<br />

matéria ainda está em desenvolvimento<br />

e, como tal, ainda pouco definida,<br />

mas é um tema a seguir para<br />

o bem <strong>dos</strong> accionistas, <strong>dos</strong> fornecedores,<br />

<strong>dos</strong> clientes e <strong>dos</strong> bancos, em<br />

nome do bom funcionamento do<br />

Mercado, emergindo a ideia de “accionistas<br />

- proprietários” (detentores<br />

de capital mas sem capacidade<br />

para intervir na conduta da vida<br />

societária) e os “administradores -<br />

controladores” (gestores profissionais<br />

que gozam de autonomia e que<br />

podem actuar como fiscalizadores<br />

das condutas <strong>dos</strong> accionistas). Actualmente,<br />

as Entidades Reguladoras,<br />

quer <strong>dos</strong> Merca<strong>dos</strong> de Capitais<br />

quer no sector Segurador, já têm um<br />

papel bastante activo na regulação<br />

e no desenvolvimento de práticas<br />

de “CG”. A Economia Angolana com<br />

a criação do Mercado de Capitais<br />

vai ganhar um novo dinamismo,<br />

progresso e novação, garantindo a<br />

fiabilidade da informação financeira<br />

das empresas e a credibilidade<br />

nos agentes económicos envolvi<strong>dos</strong><br />

no mercado. A Bolsa de Valores e<br />

Deriva<strong>dos</strong> de Angola (BVDA) é um<br />

excelente instrumento para acelerar<br />

a privatização de empresas<br />

angolanas, desenvolvendo a economia<br />

com o moderno, credível e<br />

diversificado sistema financeiro,<br />

apresentando-se como um sistema<br />

mercado livre. Relativamente ao<br />

sector segurador, este constitui um<br />

pilar decisório para o desenvolvimento<br />

económico angolano, já que<br />

permite a gestão <strong>dos</strong> diversos riscos<br />

a que os agentes económicos<br />

estão expostos (Incêndios, doenças,<br />

entre outros). Os Seguros permitem<br />

às empresas, a troca de pagamento<br />

de um valor mensal, serem, devidamente,<br />

indemniza<strong>dos</strong> caso venha<br />

a ocorrer algum acidente. Os principais<br />

“duelos” no sector <strong>dos</strong> seguros<br />

são: melhorar a celeridade de<br />

resposta na resolução de sinistros<br />

enaltecendo o serviço e estimulando<br />

o desenvolvimento económico;<br />

expandir a oferta de seguros de<br />

forma concorrencial entre to<strong>dos</strong> os<br />

ramos de seguros existentes; optimizar<br />

a gestão e administração das<br />

seguradoras separando negócios e<br />

instituindo grupos financeiros de<br />

modo a impulsionar a competitividade<br />

neste sector.<br />

A “CG” vem introduzir uma nova<br />

estruturação das empresas, apresentando<br />

uma importância clara<br />

em todas as unidades empresariais,<br />

a qual pode ser decisiva para a expansão<br />

do Mercado. Os grupos empresariais<br />

angolanos na sua grande<br />

maioria são compostos por familiares<br />

o que vem a dificultar, e a complexar,<br />

a reordenação de participações<br />

sociais e de negócios.<br />

Em bom rigor, é complicado uma<br />

separação entre unidades patrimoniais<br />

da família e as unidades operacionais<br />

nas diferentes áreas de<br />

negócio <strong>dos</strong> grupos. De facto, esta<br />

separação entre direitos e atribuições<br />

<strong>dos</strong> accionistas e o papel <strong>dos</strong><br />

gestores, actuação <strong>dos</strong> gestores<br />

profissionais e independentes, as<br />

comissões de autoria independentes,<br />

consultores externos e as funções<br />

do conselho fiscal arcam indubitavelmente<br />

para o bom governo<br />

das empresas.<br />

Na nossa opinião, e salvo melhor<br />

entendimento, pensamos que o importante<br />

é desenvolver as melhores<br />

práticas de “CG” nos grupos empresariais<br />

angolanos de modo a que estes<br />

venham a integrar e afirmarem-<br />

-se nos Merca<strong>dos</strong> Internacionais em<br />

que cada vez mais vão ter de actuar.<br />

Segundo o economista angolano Alves<br />

da Rocha, numa notícia ao AngoNotícias<br />

a 27 de Junho de 2010, a<br />

economia angolana poderá tornar-<br />

-se a quinta maior do continente<br />

africano, sendo esta projecção feita<br />

com base na evolução satisfatória<br />

que se tem registado nos últimos<br />

anos na taxa de Rendimento Nacional<br />

Bruto, na dinâmica da economia<br />

e no poder de compra <strong>dos</strong> habitantes.<br />

Tendo em conta a economia<br />

estar a crescer em Angola, e esta<br />

ter condições para se expandir, faz<br />

todo o sentido criar novas práticas<br />

para o Desenvolvimento, Inovação e<br />

Competitividade da economia através<br />

das “Corporate Governance”, e<br />

se torne numa potência regional em<br />

África.<br />

33 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


INTERNACIONALIZAÇÃO<br />

Sociedade de Advoga<strong>dos</strong><br />

Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />

PARCEIRO<br />

PRIVILEGIADO<br />

NA INTERNACIONALIZAÇÃO<br />

Sendo a globalização uma realidade indiscutível, que define a vida diária<br />

de indivíduos e de empresas em igual medida, torna-se cada vez<br />

mais evidente que em Portugal, justamente o país que historicamente<br />

iniciou todo este processo, existe uma forte necessidade em adaptar<br />

estruturas e processos empresariais às exigências de um mundo de<br />

negócios cada vez mais global.<br />

A<br />

criação do mercado europeu<br />

comum trouxe novos<br />

desafios às empresas<br />

nacionais, que dentro do<br />

espaço comunitário entram em<br />

competição mais ou menos directa<br />

com empresas de agora 27 países<br />

membros. A concorrência extra-europeia<br />

é igualmente cada vez mais<br />

cerrada, com gastos de transporte<br />

cada vez mais reduzi<strong>dos</strong> e meios de<br />

comunicação cada vez mais evoluí<strong>dos</strong><br />

que permitem aos agentes económicos<br />

situa<strong>dos</strong> fora da Europa,<br />

colocar os seus produtos e serviços<br />

nos nossos merca<strong>dos</strong> a preços muito<br />

competitivos, bem como o inverso.<br />

É necessário, contudo, fazer aqui<br />

uma distinção, pois se no passado<br />

eram sobretudo as empresas de<br />

maiores dimensões que regra geral<br />

possuíam as devidas capacidades<br />

financeiras, materiais e de recursos<br />

humanos, que lhes permitiam<br />

penetrar em novos merca<strong>dos</strong> fora<br />

do país de origem, actualmente,<br />

esse cenário conheceu no mínimo<br />

uma alteração significativa. Efectivamente,<br />

as denominadas PME’s,<br />

conscientes da pequenez do seu<br />

espaço na Europa, começam actualmente,<br />

e cada vez mais, a apos-<br />

34 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

tar fortemente no seu processo de<br />

internacionalização, ultrapassando<br />

obstáculos e vicissitudes que no<br />

passado eram comuns como a insuficiência<br />

financeira, a escassez de<br />

informação sobre os merca<strong>dos</strong> de<br />

destinos pretendi<strong>dos</strong>, a inexistência<br />

de colaboradores com conhecimentos<br />

linguísticos e culturais respeitantes<br />

aos países em que se inserem<br />

os novos merca<strong>dos</strong>, entre outros.<br />

O acompanhamento e o aconselhamento<br />

no momento desta tomada<br />

de decisão são essenciais, sendo<br />

importante a procura de parceiros<br />

que promovam o estabelecimento<br />

de «pontes» e contactos fidedignos<br />

e potencialmente catalisadores do<br />

retorno do investimento.<br />

A sociedade de advoga<strong>dos</strong> Luís S.<br />

Rodrigues & Associa<strong>dos</strong> assume-se<br />

actualmente como um player de referência<br />

nos diversos domínios da<br />

advocacia, menção essa sustentada<br />

por mais de três décadas de actividade<br />

e know-how acumula<strong>dos</strong>,<br />

constantemente revitalizada pelas<br />

sinergias recorrentes das suas relações<br />

internacionais.<br />

A Revista Pontos de Vista deu voz a<br />

quem sabe, tendo conversado com<br />

Luís Rodrigues, o sócio fundador<br />

da Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />

e, numa conversa de cariz informal,<br />

foi relevante percepcionar os meandros<br />

de uma temática cada vez mais<br />

em voga, a internacionalização de<br />

empresas de génese portuguesa,<br />

onde foi ainda abordada directamente<br />

a expansão da sociedade de<br />

advoga<strong>dos</strong> Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong><br />

para merca<strong>dos</strong> asiáticos.<br />

Não sendo isto uma novidade para<br />

o nosso entrevistado, pois deu início<br />

à sua actividade profissional em<br />

terras macaenses, nem para a sociedade<br />

que representa, já presente<br />

em diversos pontos do globo, a sua<br />

instalação em território asiático,<br />

mais concretamente em Macau e<br />

Hong Kong, constitui um objectivo<br />

a conseguir a curto prazo, de forma<br />

a tornar-se naturalmente um parceiro<br />

de empresas que pretendam<br />

investir no extremo oriente.<br />

Este fito surge porque na opinião<br />

do nosso entrevistado, e olhando<br />

à actual conjuntura nacional, não é<br />

viável nem aconselhável a centralização<br />

de estratégias comerciais<br />

unicamente num ponto geográfico.<br />

“É necessário procurar oportunidades<br />

de negócio e parcerias que<br />

permitam usufruir de um leque de<br />

opções mais diverso e variado e a<br />

experiência mostra que as mais-va-<br />

Luís Rodrigues<br />

lias surgem de forma muitas vezes<br />

inesperada”, afirma.<br />

Obter o retorno do<br />

investimento efectuado,<br />

mas com prudência<br />

Mas qual deve ser a estratégia adoptada<br />

por quem pretende enveredar<br />

pela internacionalização? Segundo<br />

o nosso interlocutor, é importante<br />

que se busquem novos destinos,<br />

mesmo que numa primeira fase seja<br />

apenas por mero conhecimento das<br />

potencialidades e características de<br />

cada um desses merca<strong>dos</strong> externos,<br />

sendo que numa fase posterior, “é<br />

relevante que se realize uma prévia<br />

avaliação cuidada para que se possa<br />

compreender a susceptibilidade<br />

de realização de negócios e trocas<br />

comerciais”, afirma Luís Rodrigues.<br />

Existe a ideia de que entrada em<br />

merca<strong>dos</strong> desconheci<strong>dos</strong> ou novos<br />

deve traduzir-se imediatamente<br />

num retorno do investimento, facto<br />

que na opinião do nosso interlocutor<br />

se assume como um equívoco<br />

crasso. “Naturalmente que o grande<br />

desiderato passará por obter o<br />

retorno do investimento realizado,<br />

contudo, devem ser da<strong>dos</strong> passos


consolida<strong>dos</strong> e sustenta<strong>dos</strong>, pois o<br />

conhecimento de outros merca<strong>dos</strong><br />

pode e deve também traduzir-se<br />

numa melhoria da qualidade <strong>dos</strong><br />

produtos e <strong>dos</strong> serviços da empresa<br />

que pretende apostar além-fronteiras,<br />

criando assim as bases para<br />

o estabelecimento de uma rede de<br />

contactos, fundamental para a potenciação<br />

de negócios com outros<br />

players”, explica, lembrando que é<br />

necessário provocar um «agitar de<br />

águas», fundamental para se sair<br />

desta letargia vivida actualmente<br />

em Portugal.<br />

Definir prioridades é fundamental<br />

Neste sentido, o desenvolvimento<br />

da internacionalização da sociedade<br />

de advoga<strong>dos</strong> Luís S. Rodrigues<br />

& Associa<strong>dos</strong> encontra-se projectado<br />

para ser incrementado no decorrer<br />

de 2011, sendo que os primeiros<br />

contactos já foram realiza<strong>dos</strong>, “embora<br />

tenham de ser desenvolvi<strong>dos</strong><br />

consoantes as áreas potenciais de<br />

interesse <strong>dos</strong> clientes nessas zonas<br />

geográficas. Além disso, esse facto<br />

permitir-nos-á estabelecer limites<br />

e definir preliminares que possibilitem<br />

uma tomada de decisão mais<br />

conscienciosa”.<br />

As diferenças linguísticas e culturais<br />

são evidentes de país para país,<br />

sendo que de continente para continente<br />

essas diferenças são ainda<br />

mais exponenciadas. No domínio<br />

da assessoria a negócios e empresas<br />

essas diferenças podem ser ainda<br />

reportadas para o domínio fiscal,<br />

legal, laboral, social, entre outros.<br />

Mas será que o principal obstáculo<br />

concerne ao quadro legal existente<br />

nesses merca<strong>dos</strong> e que difere da<br />

moldura jurídica <strong>dos</strong> países das<br />

empresas exportadoras? Para Luís<br />

Rodrigues, o principal óbice não<br />

passa pelo cenário descrito, até porque<br />

essas são ultrapassadas com a<br />

adequação às vigências locais. “O<br />

grande passo é compreender quais<br />

são as novidades e qual a criação de<br />

valor que podemos aportar a esse<br />

mercado através de produtos ou<br />

serviços, avaliando sempre quais os<br />

riscos e os custos envolvi<strong>dos</strong> nessa<br />

aposta e de que forma se pode organizar,<br />

em termos de implementação<br />

física, para se obter experiência e<br />

mais-valias económicas”.<br />

Abrindo portas…<br />

Assim, o papel da assessoria protagonizada<br />

pelo escritório Luís S. Rodrigues<br />

& Associa<strong>dos</strong> passa por ir<br />

«abrindo portas» aos empresários<br />

que “nos procuram e caminhar de<br />

uma forma sustentada, percebendo<br />

e oferecendo informação sobre<br />

“É necessário procurar oportunidades de negócio e parcerias<br />

que permitam usufruir de um leque de opções mais diverso<br />

e variado e a experiência mostra que as mais-valias<br />

surgem de forma muitas vezes inesperada”<br />

a realidade e os condicionalismos<br />

desses possíveis locais de destino,<br />

legais, fiscais, laborais e sociais,<br />

numa perspectiva genérica para<br />

posteriormente se iniciar o processo<br />

de pormenorização em função<br />

da actividade de negócio que se<br />

pretende implementar”, assevera o<br />

nosso entrevistado.<br />

Mas será o continente asiático, mais<br />

concretamente o mercado chinês,<br />

o denominado El Dorado para as<br />

empresas que pretendem iniciar ou<br />

dar continuidade ao seu projecto de<br />

expansão? Segundo Luís Rodrigues<br />

esta ideia não é verosímil. “Desenganem-se<br />

os que pensam que apostar<br />

no mercado chinês é simples e<br />

que se traduz imediatamente em<br />

retornos económicos céleres. É necessário<br />

um trabalho de base rigoroso<br />

e paciente para que não se cometam<br />

erros, potencialmente fatais<br />

para a continuidade das empresas”.<br />

O escritório Luís S. Rodrigues &<br />

Associa<strong>dos</strong> aporta uma tradição<br />

antiga de contactos a nível internacional,<br />

principalmente pela dispersão<br />

geográfica <strong>dos</strong> seus clientes,<br />

que inevitavelmente suscita um<br />

fluxo de serviços elevado. Assim, o<br />

nosso entrevistado admite que este<br />

projecto de integração no mercado<br />

asiático pode obedecer a uma presença<br />

física da Luís S. Rodrigues &<br />

Associa<strong>dos</strong> em solo chinês, embora<br />

com uma condição, tal como explica<br />

o nosso interlocutor. “Sempre com<br />

profissionais locais, porque a questão<br />

da língua é fundamental, bem<br />

como o conhecimento rigoroso <strong>dos</strong><br />

ordenamentos próprios”, adverte<br />

Luís Rodrigues.<br />

Mercado russo em perspectiva<br />

Reconhecendo capacidade e ousadia<br />

aos empresários portuguesas<br />

para enveredar e singrar em merca<strong>dos</strong><br />

externos, Luís Rodrigues adverte<br />

para os cuida<strong>dos</strong> e a ponderação<br />

a ter quando se perspectiva apostas<br />

desse género. A finalizar, o nosso<br />

entrevistado referiu ainda outro<br />

projecto da sociedade de advoga<strong>dos</strong>,<br />

Luís S. Rodrigues & Associa<strong>dos</strong>,<br />

ou seja, a aposta no mercado russo,<br />

mais concretamente na promoção<br />

da ligação com Moscovo, que embora<br />

ainda esteja numa fase embrionária,<br />

começa hoje a dar os seus<br />

primeiros passos, nomeadamente<br />

na vertente do mercado imobiliário.<br />

“Embora Portugal ainda não<br />

seja um destino de eleição <strong>dos</strong> russos<br />

(a Espanha por exemplo capta<br />

uma taxa de investimento russo superior)<br />

acreditamos que com rigor<br />

e transparência poderemos realizar<br />

ligações importantes”, conclui Luís<br />

Rodrigues.<br />

35 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


INSOLVÊNCIAS<br />

INSOLVÊNCIAS 2010 EM PORTUGAL<br />

E PERSPECTIVAS PARA 2011<br />

O ano de 2010 foi marcado por notícias pouco animadoras sobre a recuperação<br />

económica e pelo incremento do número de insolvências das empresas,<br />

traduzindo-se num aumento do receio de incumprimento destas,<br />

perante os seus fornecedores e financiadores. Na análise realizada pela CO-<br />

SEC, companhia líder de mercado em Seguro de Créditos, com base na informação<br />

disponível em Diário da República, ocorreram 4.091 insolvências<br />

em 2010, um valor superior em 7% ao obtido em 2009, com destaque para<br />

o Sector de Construção (13%) e Indústria do Vestuário (7%). Os distritos<br />

de Porto, Lisboa e Braga são os que mais insolvências registam.<br />

36 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

Insolvências 2010<br />

OPINIÃO COSEC<br />

Os meses de Agosto e Dezembro foram aqueles em que se registou um<br />

maior aumento percentual das insolvências (cerca de 46%) relativamente<br />

a igual período do ano passado. Este aumento foi contrabalançado por quebras<br />

relevantes nas insolvências sobretudo nos meses de Julho (-12,7%) e<br />

Novembro (-22,1%).<br />

Os distritos que registaram maior número de insolvências foram: o Porto<br />

com 1.037 (representa cerca de 25% do total), seguido de Lisboa com 799<br />

e o distrito de Braga com 606 casos.<br />

Os sectores mais afecta<strong>dos</strong> são a Construção de Edifícios com 527 casos<br />

(13%), Indústria do Vestuário com 291 casos (7%) e Actividades especializadas<br />

de construção com 232 (6%).<br />

1.De acordo com a divisão da Classificação Económica das Actividades (CAE)<br />

2.Exclui produtos alimentares, bebidas e tabaco, combustível para veículos a motor, equipamentos<br />

das tecnologias de informação e comunicação<br />

Perspectivas para 2011<br />

Em 2011, a COSEC prevê uma quebra no índice global de insolvências de<br />

5%. A grande maioria <strong>dos</strong> países da OCDE deverá ter quebras de 5% a 15%,<br />

com excepção para alguns casos, <strong>dos</strong> quais se destaca a Grécia, Rússia e<br />

Brasil, que continuarão a ter um aumento no número de insolvências.<br />

Em linha com os seus parceiros Europeus, Portugal assistiu ao reanimar<br />

da sua economia nos primeiros três trimestres de 2010, suportado<br />

pela procura interna e sobretudo pelo crescimento das exportações.<br />

As perspectivas de crescimento são contudo fracas, da<strong>dos</strong> os planos<br />

de austeridade em vigor. Com o conjunto de ajustamentos a realizar<br />

em 2011, a actividade económica deverá abrandar, travada por uma<br />

quebra na procura interna, em particular depois das pressões inflacionistas<br />

causadas pelo aumento do IVA e da redução nos salários (congelamento<br />

<strong>dos</strong> salários do sector público, aumento da taxa de IRS para<br />

os escalões mais altos). Prevê-se assim a estabilização do número de<br />

insolvências em 2011, mantendo-se, no entanto, a níveis eleva<strong>dos</strong>, depois<br />

de um crescimento das mesmas nos últimos três anos (47% em<br />

2008, 29% em 2009 e, 7% em 2010).<br />

A gestão do risco de crédito<br />

Perante este cenário de evolução de insolvências o recurso ao Seguro<br />

de Créditos ganha maior importância. Este instrumento permite gerir<br />

e cobrir o risco de incumprimento em situações tipificadas, como a<br />

insolvência ou a mora do devedor, na qual o seguro indemniza a empresa<br />

tomadora do seguro em função <strong>dos</strong> prejuízos apura<strong>dos</strong> e numa<br />

percentagem do crédito seguro. Para além da importante componente<br />

indemnizatória, o Seguro de Créditos contribui de forma significativa<br />

para a gestão do crédito, permitindo uma acção de contacto com o<br />

cliente em dívida na fase pré-indemnizatória, o que se poderá traduzir<br />

na manutenção da relação com o cliente e na consequente cobrança<br />

do crédito. Também de relevância a vertente de antecipação do crédito,<br />

através da cessão do direito da indemnização a uma entidade financiadora,<br />

permitindo assim obter a liquidez necessária à tesouraria<br />

do Segurado. A situação ainda instável que se perspectiva para 2011<br />

apela à sensibilidade das empresas em recorrer a instrumentos que<br />

permitam desenvolver o seu negócio em segurança. E nesse sentido, o<br />

Seguro de Créditos apresenta-se como uma solução sólida de proteger<br />

o seu negócio.


CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />

OPINIÃO<br />

TÚLIO ARAÚJO, SÓCIO DA TÚLIO M. ARAÚJO, FILIPA COIMBRA &<br />

ASSOCIADOS<br />

O CÓDIGO CONTRIBUTIVO<br />

E AS OFF SHORES<br />

Quando vamos atravessar o deserto devemos preparar-nos. A crise em Portugal irá mudar de nome dentro<br />

de dias. Para alguns isso acontecerá já no dia 31 de Janeiro de 2011, por força do Código Contributivo.<br />

As medidas de austeridade irão tornar os pobres mais pobres e vai fazer surgir fortunas inexplicáveis.<br />

Salva o País à custa <strong>dos</strong> mais fracos.<br />

Como vai o Código Contributivo<br />

criar miséria e como<br />

pode a classe média usar as<br />

off shores para salvaguardar o seu<br />

património? Até aqui a Segurança<br />

Social não controlava quem passava<br />

recibos verdes, mas não estava<br />

inscrito naquela como trabalhador<br />

independente. Quem passava e não<br />

se inscrevia como independente, ficava<br />

numa situação de limbo, pois a<br />

divida não aparecia, pelo menos de<br />

imediato. Se o trabalhador independente<br />

não tinha falta de dinheiro,<br />

nesse mês pagava o supermercado<br />

e, no próximo, pagava à segurança<br />

social a sua divida.<br />

A partir do dia 1 de Janeiro de 2011,<br />

a entidade contratante passa a ser a<br />

devedora das contribuições do trabalhador<br />

independente. Este não<br />

pode adiar o pagamento e, se a entidade<br />

patronal não pagar, o administrador<br />

ou gerente comete um crime<br />

de abuso de confiança, porque<br />

reteve o dinheiro do trabalhador<br />

independente e não o entregou ao<br />

Estado. Até aqui se este trabalhador<br />

não pagasse não havia crime. Agora<br />

o Estado sabe o momento da prática<br />

do crime, porque o recibo verde<br />

é emitido por via electrónica, sendo<br />

a segurança social quem vai apurar<br />

o valor de contribuição, considerando<br />

os serviços presta<strong>dos</strong> no ano<br />

anterior. Dado que a taxa contribu-<br />

tiva <strong>dos</strong> independentes passa a ser<br />

uma só, de 29,6 %, a somar ao IVA<br />

de 23%, temos um pagamento ao<br />

Estado de 52,6 %, pelo menos, em<br />

tudo o que fazemos.<br />

Sendo o trabalhador dependente,<br />

a situação não ficará menos feia.<br />

O trabalhador passa a ser sujeito<br />

a contribuição em: uso de viatura<br />

da empresa, despesas de representação<br />

pré determinadas, prémios,<br />

bónus, fun<strong>dos</strong> de pensões, PPRs,<br />

planos de acções, indemnização<br />

por despedimento, ajudas de custo,<br />

despesas de transporte, abonos de<br />

falhas e de deslocação em viatura<br />

própria que excedam o previsto<br />

para o IRS. O uso telemóvel da empresa<br />

parece, ainda, estar excluído.<br />

Este trabalhador irá ser mais tributado<br />

a partir de 1 de Janeiro de<br />

2011.<br />

Mesmo que esse impacto não se<br />

sinta de imediato, por ignorância<br />

de quem de direito, mais tarde isso<br />

aparecerá e acrescido de juros e<br />

coimas. Ora o número de trabalhadores<br />

dependentes e independentes,<br />

que estão nesta situação, a somar<br />

aos funcionários públicos que<br />

vêm o seu ordenado reduzido em<br />

valores superiores a 5%, fará com<br />

que, a médio prazo, a classe média,<br />

nomeadamente a <strong>dos</strong> serviços, deixe<br />

de poder cumprir as suas obrigações<br />

e perca o seu património.<br />

É aí que entram as off shores. Até ao<br />

momento as off shores eram exclusivas<br />

das grandes fortunas, nomeadamente<br />

<strong>dos</strong> bancos. Bastou criar<br />

um mau nome às off shores, através<br />

de publicidade falsa, denegrindo-<br />

-as e isso fez com que a classe média<br />

acreditasse. Bastou fazer crer<br />

que são o diabo – para que o diabo<br />

fosse só deles. Ouviu alguém dizer<br />

que perdeu por causa de off shore?<br />

Já quem negociou com o Banco<br />

Privado pode dizer isso. Diabo! Afinal<br />

onde está o diabo? Nestes dias,<br />

quem não é tolo, começou a perceber<br />

que, se não quer perder a casa,<br />

que tanto está a custar pagar, talvez<br />

seja melhor pensar numa off shore.<br />

Claro que se justifica para uma<br />

casa e não para um carro e afinal<br />

é simples e seguro. Mesmo que ela<br />

esteja hipotecada a um Banco, esta<br />

hipoteca mantém-se, o que quer<br />

dizer que temos de continuar a ser<br />

nós a pagá-la ao nosso Banco, mas<br />

em tudo o mais a nossa casa fica no<br />

paraíso. E é seguro, porquanto só o<br />

titular a pode vender, porque só ele<br />

tem poderes para a vender e mais<br />

ninguém. Não fora assim, os bancos<br />

não colocariam fortunas, maiores<br />

que o nosso PIB, nas mãos de algumas<br />

dessas entidades. É certo que<br />

tem que pagar IMT – imposto municipal<br />

sobre as transacções onerosas<br />

de imóveis, mas esse pagamento vai<br />

valorizar o nosso património, o que<br />

daria para uma outra conversa…<br />

Depois há o custo da própria off<br />

shore, mas o mesmo é hoje tão reduzido<br />

que se tornou acessível à<br />

classe média. Quanto ao receio do<br />

Estado mudar as leis, no sentido<br />

de contrariar essa solução, isso é<br />

improvável, porquanto o Estado é<br />

constituído por pessoas e foram<br />

essas as primeiras a pensar dessa<br />

forma, embora hoje usem também<br />

meios mais modernos, mas mais<br />

caros.<br />

Finalmente põe-se a questão de<br />

saber onde ir para “comprar” off<br />

shores? Porque elas estão escondidas<br />

em alguns escritórios e sociedades<br />

de advoga<strong>dos</strong> e em bancos.<br />

To<strong>dos</strong> fingem que não sabem, nem<br />

viram. A solução é procurar. Assim,<br />

a classe média chegou às off shore,<br />

que as procuraram e ao trabalhador<br />

da classe média. Não porque estes<br />

tenham contraído dívidas, mas porque<br />

eles têm que pagar as dívidas<br />

que o Estado contraiu. E o Estado<br />

tem mais uma solução a seguir:<br />

taxar mais quem tem património,<br />

porque só quem tem é que perde,<br />

quem já nada tem, nada pode mais<br />

pagar. Infelizmente o trabalhador<br />

não fez as suas contas, quando foi<br />

publicado o Código Contributivo<br />

em 2010 e agora tem que perder o<br />

medo, de um diabo que não o é.<br />

37 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


COOPERAÇÃO CPLP<br />

Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da CPLP<br />

“ARCTEL É UM EXEMPLO DO QUE PODE<br />

FAZER A CPLP”<br />

A Associação de Reguladores de Comunicações e Telecomunicações da Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua Portuguesa (ARCTEL-CPLP) foi criada<br />

com o intuito de reforçar os laços históricos de amizade e cooperação existentes entre os países de expressão portuguesa e, através de um<br />

fórum permanente de troca de informação e de partilha de experiências no âmbito da regulação do sector das comunicações, pretende ser um<br />

estímulo à inovação e desenvolvimento das comunicações nos países envolvi<strong>dos</strong>. Em entrevista, o Secretário Filipe Batista traça o caminho a<br />

seguir por esta instituição que considera ser “um exemplo do que pode fazer a CPLP” na defesa <strong>dos</strong> superiores interesses do mundo lusófono.<br />

Em Outubro de 2008, as Autoridades<br />

Reguladoras Nacionais<br />

(ARN) das comunicações<br />

e telecomunicações<br />

de: Angola (Instituto Angolano das<br />

Comunicações - INACOM), Brasil<br />

(Agência Nacional de Telecomunicações<br />

- ANATEL), Cabo Verde<br />

(Agência Nacional das Comunicações<br />

- ANAC), Guiné-Bissau (Instituto<br />

das Comunicações da Guiné-Bissau<br />

- ICGB), Moçambique (Instituto<br />

Nacional das Comunicações de Moçambique<br />

- INCM), Portugal (Autoridade<br />

Nacional de Comunicações<br />

- ANACOM), São Tomé e Príncipe<br />

(Autoridade Geral de Regulação -<br />

AGER) e Timor-Leste (Autoridade<br />

Reguladora das Comunicações -<br />

ARCOM), criaram a ARCTEL-CPLP.<br />

(hoje os cargos à excepção do meu<br />

já não são estes. Acho preferível<br />

omitir)<br />

A experiência adquirida ao longo<br />

<strong>dos</strong> vários encontros técnicos da<br />

Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua<br />

Portuguesa (CPLP) conduziu à ideia<br />

de criar um organismo que funcionasse<br />

como um fórum permanente<br />

de troca de informação e partilha<br />

de experiências, ajudando a construir<br />

um ambiente institucional e<br />

regulatório propício ao reforço da<br />

cooperação sectorial já desenvolvida<br />

ao nível da CPLP, para além de<br />

constituir um estímulo à inovação<br />

e ao desenvolvimento das comunicações<br />

nos Países envolvi<strong>dos</strong>. Com<br />

este propósito, foi formalizado, a 9<br />

de Outubro de 2008, o Memorando<br />

de Entendimento para a criação da<br />

Associação de Reguladores de Comunicações<br />

e Telecomunicações<br />

da Comunidade <strong>dos</strong> Países de Língua<br />

Portuguesa (ARCT-CPLP), uma<br />

vez que, no início deste século, com<br />

38 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

excepção de Portugal e do Brasil, os<br />

restantes países viam as suas entidades<br />

integradas nos respectivos<br />

ministérios sectoriais. Foi a partir<br />

da percepção dessa realidade e da<br />

necessidade de as tornar autónomas,<br />

que, no âmbito da CPLP, as<br />

diferentes entidades iniciaram uma<br />

série de reuniões técnicas, que estiveram<br />

na génese da criação das<br />

Autoridades Reguladoras Nacionais<br />

das comunicações de cada Estado-<br />

-membro da CPLP e que possibilitaram<br />

a criação da ARCTEL-CPLP.<br />

ARCTEL-Uma plataforma<br />

para a Globalização<br />

Nas palavras do nosso interlocutor<br />

“apesar de a ARCTEL não ser um<br />

projecto único, uma vez que existem<br />

várias associações do género,<br />

ela destaca-se das suas congéneres<br />

por não ser de cariz tipicamente<br />

regional, uma vez que os países<br />

que dela fazem parte estão espalha<strong>dos</strong><br />

pelo globo”. No entender<br />

de Filipe Batista este é o principal<br />

desafio que se colocou à criação da<br />

ARCTEL: “O facto <strong>dos</strong> membros da<br />

Associação estarem separa<strong>dos</strong> geograficamente<br />

poderia ser entendido<br />

como um problema, mas encaramos<br />

este facto como um desafio e<br />

na verdade uma mais-valia face às<br />

restantes entidades congéneres.<br />

Existe entre to<strong>dos</strong> os membros, um<br />

laço comum e claramente agregador<br />

e impossível de derrubar e que<br />

é a língua portuguesa. Fruto desta<br />

abrangência geográfica e do trabalho<br />

desenvolvido pela ARCTEL,<br />

conseguimos em apenas dois anos<br />

afirmarmo-nos na cena internacional.<br />

E dou um exemplo concreto: A<br />

ARCTEL participou pela primeira<br />

vez numa Conferência Mundial de<br />

Desenvolvimento em 2010. Tinha<br />

como único objectivo propor alterações<br />

às Resoluções 48 da WTDC<br />

da UIT sobre “Strengthening cooperation<br />

among telecommunication<br />

regulators” e 138 da Conferência<br />

de Plenipotenciários da UIT, sobre<br />

“Global Symposium for Regulators”,<br />

por forma a instituir formalmente<br />

as Reuniões de Associações Regionais<br />

de Comunicações. Para grande<br />

satisfação de to<strong>dos</strong> os membros, a<br />

proposta da ARCTEL foi aceite por<br />

unanimidade e as reuniões formais<br />

instituídas no quadro da UIT. Em<br />

Outubro de 2010, estava a realizar-<br />

-se em Dakar a primeira reunião<br />

deste nível.<br />

E a rão para o termos proposto é<br />

simples: entendemos que faz todo o<br />

sentido elevar o patamar do diálogo<br />

da regulação. E que faz sentido promover<br />

uma maior partilha de ideias<br />

a um nível mais abrangente que o<br />

nacional, porque os problemas com<br />

que se deparam os órgãos reguladores<br />

são os mesmos um pouco por<br />

todo o mundo, são transversais. Assim<br />

como, muitas vezes, os actores<br />

são os mesmos, a começar desde<br />

logo pelos grandes operadores ou<br />

pelos operadores internacionais<br />

que se encontram instala<strong>dos</strong> em vários<br />

países”.<br />

“Problemas globais exigem<br />

respostas ou soluções globais”<br />

“O caminho para a globalização passa<br />

obrigatoriamente pela regionalização”.<br />

Deste modo, Filipe Batista<br />

não tem dúvidas ao afirmar que “a<br />

ARCTEL é um exemplo do que pode<br />

fazer a CPLP a um nível macro de<br />

relações internacionais em várias<br />

áreas”, uma vez que o fenómeno da<br />

integração é hoje inevitável. Este fenómeno<br />

globalizador que vivemos<br />

hoje traz também novas áreas onde<br />

é impreterível haver regulação, sobretudo<br />

no sector das comunicações<br />

e concretamente nos vazios<br />

de soberania por onde cursam milhares<br />

e milhares de da<strong>dos</strong>, onde se<br />

assistem a situações de total monopólio<br />

e que o Secretário da ARCTEL<br />

define como “terra de ninguém, e<br />

que tem que ser monitorizadas, sob<br />

pena de os utilizadores em zonas<br />

do globo com menos alternativas<br />

de acessos internacionais, como é<br />

o caso do continente africano, estarem<br />

constantemente a ser penaliza<strong>dos</strong><br />

pelos tarifários de interligação<br />

pratica<strong>dos</strong>”.<br />

Em termos práticos, os preços das<br />

chamadas internacionais no continente<br />

africano, são 2 a 3 vezes mais<br />

caros <strong>dos</strong> que os pratica<strong>dos</strong> na Europa,<br />

ou Esta<strong>dos</strong> Uni<strong>dos</strong>. Isto acontece<br />

porque não existe qualquer<br />

controlo nos preços de interligação<br />

internacionais, que são livremente<br />

acorda<strong>dos</strong> entre os grandes operadores<br />

internacionais.<br />

A factura é naturalmente paga pelos<br />

utilizadores. “Defendo a regulação<br />

desta área do negócio, mas<br />

não numa perspectiva de encaixe<br />

financeiro para quem regula ou<br />

para os Esta<strong>dos</strong> com a tentação de<br />

cobrarem direitos de passagem,<br />

mas sim como contrapartida para<br />

o desenvolvimento da sociedade de<br />

informação em países mais ou regiões<br />

mais necessitadas”.<br />

Um exemplo de como operacionalizar<br />

uma estratégia de benefício<br />

para o desenvolvimento da socie-


dade de informação é a aplicação<br />

de uma pequena taxa de regulação<br />

a tarifas de interligação e aplicá-<br />

-la num fundo de desenvolvimento<br />

das Tecnologias de Informação e<br />

Comunicação. Se bem aplicado e<br />

gerido com rigor, por entidades regionais<br />

e em coordenação com as<br />

principais entidades financiadoras<br />

Mundiais para evitar duplicações<br />

de investimento, estou certo que os<br />

resulta<strong>dos</strong> seriam extremamente<br />

proveitosos, contribuindo para o<br />

aparecimento de mais utilizadores,<br />

para o aumento das comunicações,<br />

logo contribuindo para mais lucro<br />

para os prestadores de serviços,<br />

sustentando mais desenvolvimento,<br />

ou seja, benefício generalizado”.<br />

Mercado da lusofonia tem<br />

potencial<br />

Os merca<strong>dos</strong> das telecomunicações<br />

são muito apetecíveis do ponto de<br />

vista do investidor externo, pois<br />

apresentam ainda grandes margens<br />

de crescimento e os números reflectem<br />

o potencial do espaço lusófono:<br />

243 milhões de consumidores, 150<br />

mil postos de trabalho directos, 17<br />

mil milhões de euros de receitas<br />

anuais, num total de dez mil e 700<br />

milhões de área terrestre. Valores<br />

que podem ser triplica<strong>dos</strong>, caso se<br />

concretizem os pedi<strong>dos</strong> de adesão<br />

de mais países à CPLP o que a concretizar-se,<br />

em 2020 irá perfazer<br />

um total de 680 milhões de consumidores.<br />

Outro <strong>dos</strong> objectivos da Associação<br />

passa por promover este mercado o<br />

que, conforme a leitura <strong>dos</strong> números<br />

nos mostra, pode trazer grandes<br />

dividen<strong>dos</strong> para to<strong>dos</strong> os esta<strong>dos</strong><br />

membros: “Procuramos fazer esta<br />

promoção a dois níveis: por uma<br />

lado através do trabalho desenvolvido<br />

a nível inter-regulador efectuado<br />

no quadro da Assembleia-Geral<br />

da ARCTEL, através da troca de informações,<br />

do aperfeiçoando instrumentos<br />

e mecanismos de regulação,<br />

procurando implementar boas<br />

práticas, tentando criar uma base<br />

comum de harmonização legislativa<br />

entre to<strong>dos</strong> os membros, em suma<br />

procurando modelos regulatórios<br />

mais perfeitos, transparentes e que<br />

sirvam as tendências e necessidades<br />

<strong>dos</strong> investidores internacionais,<br />

sem com isto prejudicar ou expor<br />

os nossos merca<strong>dos</strong>”.<br />

Paralelamente a este trabalho<br />

totalmente baseado na troca de<br />

experiências e na construção de<br />

recomendações genéricas que visam<br />

a transparência regulatória, a<br />

ARCTEL procura promover o investimento<br />

no mercado lusófono facilitando<br />

o contacto entre os diversos<br />

agentes do sector. Uma boa experiência de cooperação<br />

entre reguladores e regula<strong>dos</strong> e que visou sobretudo<br />

contribuir para a consolidação do termo de “Mercado<br />

das Telecomunicações Lusófonas”, com ideias para o desenvolvimento<br />

de um quadro e um contexto de regulação<br />

mais estável e moderno, que tenha a capacidade de atrair<br />

e facilitar o investimento privado.<br />

O modelo utilizado é a realização de um Fórum Lusófono<br />

das Comunicações, um encontro desenvolvido em parceria<br />

com os operadores, prestadores de serviços e outras<br />

entidades do sector do espaço CPLP e que este ano contará<br />

com a sua segunda edição.<br />

Os resulta<strong>dos</strong> obti<strong>dos</strong> na primeira edição apontam para<br />

uma boa experiência de cooperação entre reguladores<br />

e regula<strong>dos</strong> e contribuiu para a consolidação do termo<br />

de “Mercado das Telecomunicações Lusófonas”. Destes<br />

encontros esperam-se ideias para o desenvolvimento<br />

de um quadro e um contexto de regulação mais estável<br />

e moderno, que tenha a capacidade de atrair e facilitar<br />

o investimento privado, potenciando o contacto entre os<br />

diversos agentes do sector.<br />

Este ano o Fórum terá associado a si uma mostra tecnológica,<br />

onde diversas empresas do sector terão oportunidade<br />

de expor os seus produtos e as suas soluções.<br />

“Será certamente uma oportunidade para realizar bons<br />

negócios”.<br />

O espaço lusófono, apesar de geograficamente descontinuado,<br />

é, por si só, um meio de desenvolvimento por<br />

excelência. Prova disso é o trabalho que a ARCTEL – CPLP<br />

tem desenvolvido, no âmbito da regulação do sector das<br />

comunicações, nos países de expressão portuguesa. Partilhando<br />

experiências, procurando respostas globais,<br />

para potencializar o mercado existente e construir o futuro,<br />

que se adivinha promissor.<br />

“Existe entre to<strong>dos</strong> os<br />

membros, um laço comum<br />

e claramente agregador e<br />

impossível de derrubar e<br />

que é a língua portuguesa”<br />

FILIPE BATISTA<br />

39 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


COOPERAÇÃO CPLP<br />

OPINIÃO<br />

Teresa Amador, Directora da<br />

Ecosphere e Coordenadora do<br />

Legis-PALOP<br />

A Base de Da<strong>dos</strong> Jurídica Legis-PALOP constitui um projecto pioneiro de disponibilização de uma plataforma de conhecimento e partilha de<br />

informação jurídica entre os PALOP e para to<strong>dos</strong> aqueles que pretendem conhecer os seus ordenamentos jurídicos.<br />

Disponível on-line desde<br />

15 de Julho de 2009,<br />

em www.legis-palop.<br />

org/bd, o sistema permite<br />

aceder para cada um <strong>dos</strong><br />

países a to<strong>dos</strong> os actos normativos<br />

publica<strong>dos</strong> desde as independências<br />

até à actualidade<br />

bem como à legislação anterior<br />

a 1975 ainda em vigor, disponibilizando<br />

as vicissitudes <strong>dos</strong><br />

diplomas e versões consolidadas<br />

de códigos e outros diplomas.<br />

Permite ainda consultar a<br />

jurisprudência das instâncias<br />

superiores e a doutrina e documentos<br />

relevantes e proceder<br />

à análise jurídica comparativa<br />

entre os respectivos regimes ju-<br />

40 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

LEGIS-PALOP – FONTE DE CONHECIMENTO<br />

E INSTRUMENTO DE CIDADANIA LUSÓFONA<br />

rídicos através de um thesaurus<br />

jurídico desenhado para facilitar<br />

a consulta do extenso acervo<br />

de cerca de 45 000 registos.<br />

Inserido no âmbito de execução<br />

do Projecto de Apoio ao Desenvolvimento<br />

<strong>dos</strong> Sistemas Judiciários<br />

<strong>dos</strong> PALOP e no quadro<br />

do Programa Indicativo Regional<br />

PALOP II, financiado pelo<br />

9º Fundo Europeu de Desenvolvimento<br />

(FED) e pelo Instituto<br />

Português de Apoio ao Desenvolvimento<br />

(IPAD), o Legis-PA-<br />

LOP visa contribuir para a união<br />

<strong>dos</strong> países de língua portuguesa,<br />

colmatando a lacuna de informação<br />

e conhecimento <strong>dos</strong><br />

seus respectivos ordenamentos<br />

jurídicos de forma sistemática<br />

e integral. A disponibilização<br />

desta plataforma de informação<br />

jurídica oficial veio dar resposta<br />

de forma uniforme e actualizada<br />

aos cinco PALOP, que até então<br />

se debatiam com incertezas que<br />

afectavam de forma considerável<br />

o seu desenvolvimento: Qual<br />

a legislação em vigor? Quais as<br />

decisões das instâncias superiores?<br />

O Legis-PALOP foi concebido e<br />

desenvolvido por um consórcio<br />

Luso-Angolano, liderado pela<br />

empresa Ecosphere - consultores<br />

em ambiente e desenvolvimento,<br />

Lda, em articulação<br />

contínua com os Ministérios<br />

“A disponibilização desta<br />

plataforma de informação<br />

jurídica oficial veio dar resposta<br />

de forma uniforme<br />

e actualizada aos cinco<br />

PALOP, que até então se debatiam<br />

com incertezas que<br />

afectavam de forma considerável<br />

o seu desenvolvimento”


“Desde a concepção, até à presente fase de consolidação e melhoria contínua, a equipa tem mantido uma coordenação<br />

estreita com o Instituto de Apoio ao Desenvolvimento, as Embaixadas de Portugal nos PALOP, as Delegações da<br />

Comissão Europeia e com os Ordenadores nacionais do FED em cada país, com quem afinou critérios e discutiu soluções<br />

para a concretização e dinamização do Legis-PALOP nas suas várias vertentes e consolidou as relações entre os<br />

diversos países na construção de um instrumento comum de informação”<br />

da Justiça, os financiadores e<br />

outras entidades <strong>dos</strong> PALOP. A<br />

Ecosphere vem, ao longo da última<br />

década, trabalhando nos<br />

PALOP em diversas áreas, desde<br />

a capacitação técnica e institucional<br />

em matéria de ambiente<br />

e desenvolvimento até à prestação<br />

de assistência no planeamento,<br />

formulação de políticas<br />

e revisão da regulamentação jurídica,<br />

disponde de uma equipa<br />

multidisciplinar e com extensa<br />

experiência neste contexto. O<br />

recurso a consultores nacionais<br />

de reconhecido mérito científico<br />

e técnico contribuiu significativamente<br />

para o sucesso<br />

do Legis-PALOP e para a sua<br />

afirmação como fonte oficial da<br />

informação jurídica de cada PA-<br />

LOP.<br />

Desde a concepção, até à presente<br />

fase de consolidação e<br />

melhoria contínua, a equipa<br />

tem mantido uma coordenação<br />

estreita com o Instituto de<br />

Apoio ao Desenvolvimento, as<br />

Embaixadas de Portugal nos PA-<br />

LOP, as Delegações da Comissão<br />

Europeia e com os Ordenadores<br />

nacionais do FED em cada<br />

país, com quem afinou critérios<br />

e discutiu soluções para a concretização<br />

e dinamização do<br />

Legis-PALOP nas suas várias<br />

vertentes e consolidou as relações<br />

entre os diversos países na<br />

construção de um instrumento<br />

comum de informação.<br />

Para além <strong>dos</strong> Ministérios da<br />

Justiça que em cada país tutelam<br />

a base de da<strong>dos</strong>, integram<br />

o seu processo de manutenção<br />

e actualização: (1) as Imprensas<br />

Nacionais que pela sua importância<br />

e natureza estruturante<br />

participaram na definição das<br />

funcionalidades do sistema e<br />

desempenham um papel fundamental<br />

de fornecimento da<br />

informação; (2) to<strong>dos</strong> os Tribunais<br />

Supremos e Constitucionais<br />

que, para além de participarem<br />

na concepção, fornecem<br />

regularmente os actos jurisprudenciais;<br />

(3) as Procuradorias<br />

Gerais da República que, com os<br />

seus pareceres, complementam<br />

o acervo de informação disponibilizada;<br />

(4) as Ordens <strong>dos</strong><br />

Advoga<strong>dos</strong> que, para além de facilitadoras<br />

do processo, apoiam<br />

a sua implementação a diversos<br />

níveis em cada país; (5) as Faculdades<br />

de Direito e os centros<br />

de formação jurídica beneficiários<br />

directos e que, com a sua<br />

análise critica e doutrina, contribuem<br />

para a consolidação do<br />

sistema.<br />

Actualizado diariamente por<br />

uma equipa de juristas e técni-<br />

cos nacionais e internacionais,<br />

a continuidade do Legis-PALOP<br />

é considerada uma prioridade<br />

tanto pela União Europeia como<br />

pela cooperação portuguesa, estando<br />

em curso uma análise de<br />

diversos modelos de sustentabilidade,<br />

incluindo a sua integração<br />

na Comunidade <strong>dos</strong> Países<br />

de Língua Portuguesa (CPLP).<br />

Para além de constituir uma<br />

ferramenta de exercício da cidadania,<br />

permitindo o conhecimento<br />

<strong>dos</strong> direitos e deveres de<br />

cada um na sua esfera pessoal, o<br />

Legis-PALOP é um instrumento<br />

de apoio ao investimento, tanto<br />

nacional como internacional,<br />

facilitando o processo de<br />

planeamento de acordo com os<br />

requisitos de cada país e proporcionando<br />

um investimento<br />

com maior segurança e transparência.<br />

Por outro lado, permite ao intérprete,<br />

ao aplicador e ao próprio<br />

legislador encontrar soluções<br />

de direito comparado e contribuir<br />

para o aperfeiçoamento<br />

<strong>dos</strong> regimes jurídicos em vigor<br />

nos cinco países, com base num<br />

conhecimento integral e sistematizado<br />

do seu ordenamento<br />

jurídico, facilitado por análises<br />

comparativas entre os restantes<br />

ordenamentos. É também<br />

uma ferramenta extraordinariamente<br />

útil para os magistra<strong>dos</strong><br />

judiciais que diariamente a<br />

consultam, constituindo fonte<br />

de inspiração para as decisões<br />

tomadas pelas instâncias judiciais<br />

e para o mundo académico,<br />

estando inclusivamente a ser<br />

usado como fonte de direito por<br />

algumas Faculdades <strong>dos</strong> PALOP.<br />

Com esta plataforma estão lançadas<br />

as bases para conhecer,<br />

comunicar, aperfeiçoar, deline-<br />

ar políticas, desenvolver negócios<br />

e dar a conhecer, através de<br />

uma plataforma de fácil acesso<br />

e consulta, os ordenamentos jurídicos<br />

de cada PALOP, pressuposto<br />

essencial para progredir e<br />

vencer desafios numa era global<br />

como esta em que vivemos.<br />

“Para além de constituir<br />

uma ferramenta de exercício<br />

da cidadania, permitindo<br />

o conhecimento<br />

<strong>dos</strong> direitos e deveres de<br />

cada um na sua esfera pessoal,<br />

o Legis-PALOP é um<br />

instrumento de apoio ao investimento,<br />

tanto nacional<br />

como internacional, facilitando<br />

o processo de planeamento<br />

de acordo com<br />

os requisitos de cada país e<br />

proporcionando um investimento<br />

com maior segurança<br />

e transparência”<br />

41 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO<br />

ANTÓNIO BAPTISTA<br />

edição deste ano contou com<br />

A uma nova variante, trabalhos<br />

de produção científica que tem<br />

como objectivo incentivar o estudo<br />

e a investigação de matérias ligadas<br />

a habitação e à reabilitação urbana.<br />

Foi exactamente por esta última categoria<br />

que a entrega de prémios se<br />

iniciou, em que foram distingui<strong>dos</strong><br />

diversas teses de mestrado em temas<br />

bastante distintos e fundamentais<br />

para a sociedade portuguesa,<br />

bem como para o sector, nas suas<br />

mais diversas vertentes, da reabilitação<br />

urbana. Assim, foram distinguidas<br />

teses de mestrado como a<br />

Reabilitação que incide nas zonas<br />

do Bairro Alto e do Bairro da Bica,<br />

onde cerca de 60 por cento <strong>dos</strong> edifícios<br />

necessitam de intervenção<br />

urgente e a recuperação do conceito<br />

de vizinhança através de modificações<br />

do espaço público. Na vertente<br />

do doutoramento, foi premiado a<br />

investigação realizada sobre «Como<br />

se faz Reabilitação Urbana desde a<br />

década de 60 até à actualidade no<br />

contexto europeu».<br />

42 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

Prémios IRHU 2010<br />

DULCE PÁSSARO<br />

OS BONS EXEMPLOS PREMIADOS<br />

Decorreu no passado dia 3 de Dezembro, a entrega de Prémios IRHU 2010, que se realizou no Auditório de Lisboa, evento que tem como principal<br />

desiderato promover a distinção de empreendimentos de habitação de interesse social e obras de reabilitação urbana.<br />

Produção Científica<br />

fundamental<br />

A presidir a esta mesma cerimónia<br />

esteve a Ministra do Ambiente e do<br />

Ordenamento do Território, Dulce<br />

Pássaro, que revelou a sua satisfação<br />

pela afluência aos Prémios<br />

IRHU 2010, tendo ainda revelado<br />

que “a aposta na Reabilitação Urbana<br />

é cada vez mais uma realidade<br />

do nosso país”. Nesta vertente da<br />

Reabilitação o Espaço Corpus Christi,<br />

localizado em Vila Nova de Gaia e<br />

o Centro de Memória – Casa de São<br />

Sebastião, situado em Vila do Conde,<br />

foram os galardoa<strong>dos</strong>.<br />

Dulce Pássaro afirmou ainda que<br />

todas as áreas da política devem ter<br />

preocupações ao nível da sustentabilidade<br />

ambiental, na “medida<br />

em que permite qualificar espaços<br />

construí<strong>dos</strong>, que de outra forma<br />

estarão a ser inadequadamente<br />

fruí<strong>dos</strong> e portanto não continuar a<br />

utilizar recursos e materiais para<br />

realizar novas construções, quando<br />

já possuímos algumas edificadas<br />

com determina<strong>dos</strong> investimentos<br />

complementares e que nos permitem<br />

suprir as necessidades de habitação”.<br />

Como já foi salientado, premiar a<br />

categoria da Produção Científica<br />

revelou-se a grande novidade deste<br />

evento, pois pretendesse demonstrar<br />

a importância da investigação<br />

no domínio do imobiliário. “Estes<br />

estu<strong>dos</strong>, bem estrutura<strong>dos</strong>, também<br />

são fundamentais para, à posteriori,<br />

se passar à acção e daí a relevância<br />

que a produção científica aporta a<br />

este sector”, revela Dulce Pássaro.<br />

Segundo António Baptista, Presidente<br />

do IRHU - Instituto da Habitação<br />

e da Reabilitação Urbana,<br />

IP, este evento surge no sentido de<br />

premiar as boas práticas neste domínio.<br />

“Acima de tudo aquilo que<br />

se faz, mas também distinguir o conhecimento<br />

e portanto este prémio<br />

para a vertente <strong>dos</strong> trabalhos de<br />

produção científica. Pretendemos<br />

sinalizar uma prioridade aos investigadores<br />

e premiar os bons trabalhos,<br />

pois o seu trabalho é funda-<br />

mental no âmbito da habitação, da<br />

reabilitação urbana, do funcionamento<br />

<strong>dos</strong> merca<strong>dos</strong> imobiliários<br />

e das questões sociais relacionadas<br />

com a habitação”, assevera.<br />

Perante a qualidade e quantidade<br />

de trabalhos apresenta<strong>dos</strong>, António<br />

Baptista confessou as dificuldades<br />

no momento da escolha <strong>dos</strong> melhores.<br />

“Foi de facto uma escolha bastante<br />

difícil, pois as candidaturas<br />

eram de elevadíssima qualidade, independentemente<br />

da categoria em<br />

que estavam inseri<strong>dos</strong>: reabilitação<br />

urbana; construção; investigação<br />

científica, em que foi pedido aos<br />

dois júris constituí<strong>dos</strong> um trabalho<br />

muito intenso e rigoroso”, explica o<br />

presidente do IRHU.<br />

A terminar, importa lembrar que<br />

para além da entrega de prémios,<br />

foram realizadas diversas menções<br />

honrosas, que tiveram como fito<br />

principal, premiar as boas práticas<br />

e a investigação na construção e<br />

reabilitação que se realiza em Portugal.


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO<br />

OPINIÃO<br />

António Flores de Andrade, Presidente do Conselho Directivo DO InCI<br />

A REABILITAÇÃO URBANA<br />

É UM IMPERATIVO NO NOSSO PAÍS<br />

Sem prejuízo de entender que a questão da reabilitação urbana é, antes de mais, matéria da competência do Ministério do Ambiente e do<br />

Ordenamento do Território, certo é também que ela é do interesse <strong>dos</strong> agentes da construção e do imobiliário regula<strong>dos</strong> pelo Ministério das<br />

Obras Públicas, razão pela qual ouso corresponder aos convites que me vão sendo formula<strong>dos</strong>, enquanto presidente do InCI, para me pronunciar<br />

sobre o tema.<br />

E<br />

começo por insistir aqui<br />

numa ideia que me parece<br />

determinante: a de que a<br />

necessidade de reabilitação<br />

urbana é, em si própria, um imperativo<br />

no nosso país, independentemente,<br />

pois, de a crise económica<br />

que (também) atingiu o sector da<br />

construção e do mobiliário poder<br />

ser sensivelmente amenizada com o<br />

esforço que nesse sentido deva ser<br />

empreendido, com o indispensável<br />

empenhamento do Estado central e<br />

das Autarquias.<br />

Basta constatar a deterioração da<br />

paisagem urbana das nossas principais<br />

cidades para concluir no sentido<br />

que defendo, isto é, da necessidade<br />

imperiosa de requalificação<br />

da paisagem urbana, mesmo que os<br />

agentes do sector se encontrassem<br />

no ponto máximo de sucesso das<br />

suas actividades. E não é o caso, infelizmente.<br />

Longe disso.<br />

Muita coisa tem, no entanto, de<br />

ser feita para que o esforço que o<br />

Estado se mostra fortemente empenhado<br />

em desenvolver neste<br />

domínio possa mostrar resulta<strong>dos</strong>.<br />

Resulta<strong>dos</strong> que se impõe que se<br />

revelem a curto prazo, porque, sem<br />

prejuízo do que acima afirmo, a<br />

vertente das dificuldades que o sector<br />

da construção e do imobiliário<br />

ora enfrenta oferece peso superior<br />

ao das considerações de ordem estética,<br />

ambiental e de qualidade de<br />

vida urbana que possam chamar-se<br />

à discussão.<br />

É imprescindível, desde logo, relativamente<br />

aos processos de reabilitação,<br />

que sejam categoricamente<br />

minimizadas as condicionantes<br />

legislativas e administrativas em<br />

matéria de licenciamento das obras<br />

necessárias, bem como as exigências<br />

em matéria de requisitos, sejam<br />

acústicos, de acessibilidade,<br />

de certificação energética, de segurança<br />

contra incêndios ou de<br />

constituição de propriedade horizontal.<br />

É impensável que os prédios<br />

a reabilitar, normalmente antigos,<br />

continuem a ser trata<strong>dos</strong>, a esse<br />

nível, como se fossem, fisicamente,<br />

prédios concebi<strong>dos</strong> e construí<strong>dos</strong><br />

de novo. E é impraticável que um<br />

esforço geral de reabilitação, que se<br />

reconhece como urgente, esbarre<br />

com processos de licenciamento<br />

lentos, incha<strong>dos</strong> de burocracia e algumas<br />

vezes, segundo julgo saber,<br />

verdadeiramente kafkianos.<br />

Outra nota, sem pretender, nem de<br />

perto nem de longe, esgotar o tema.<br />

Muito do património construído<br />

a reabilitar não só se encontra arrendado<br />

como se destinará ao arrendamento.<br />

E o pesado investimento<br />

a que os promotores serão<br />

obriga<strong>dos</strong> nesse processo só se<br />

concretizará se o retorno esperado<br />

for inquestionável. Ora, a actual lei<br />

do arrendamento não assegura esse<br />

pressuposto, bem pelo contrário. E<br />

a não ser que se entenda que deve<br />

ser o Estado a pagar todo o esforço<br />

necessário – e, neste momento, nem<br />

se saberia como – a motivação <strong>dos</strong><br />

promotores imobiliários só poderá<br />

conseguir-se, crêem alguns, com<br />

uma radical alteração das normas<br />

legais que hoje cuidam do arrendamento<br />

e do despejo.<br />

Liberdade quase total neste<br />

domínio poderá ser a solução, competindo<br />

apenas ao Estado ajudar a<br />

resolver os problemas sociais mais<br />

prementes que a alteração legislativa<br />

desencadeasse, esforço esse que,<br />

já de si, não seria pequeno. Mas,<br />

ainda assim, reconhece-se, provavelmente<br />

menor do que o da liberalização<br />

do arrendamento.<br />

43 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO Opinião: Parque EXPO<br />

REABILITAÇÃO URBANA: UM DESAFIO ESTRATÉGICO<br />

A reabilitação urbana emerge, hoje, como uma prioridade nacional, ganhando lugar de destaque no discurso político e na agenda pública.<br />

Durante décadas, a procura de alojamento foi garantida pela oferta de nova edificação e as iniciativas de reabilitação assumiram um carácter<br />

excepcional ou limitado a intervenções avulsas e, por isso, com um impacto relativamente reduzido<br />

As áreas urbanas, de um<br />

modo geral, enfrentam<br />

situações de degradação,<br />

que não se restringe<br />

apenas aos centros históricos, em<br />

grande medida esvazia<strong>dos</strong> <strong>dos</strong> seus<br />

residentes, mas progressivamente<br />

se estende a áreas periféricas, onde<br />

o edificado, bem como os espaços<br />

públicos e as infraestruturas, apresentam<br />

frequentemente níveis de<br />

conservação e de performance muito<br />

aquém do desejável.<br />

Num momento de manifestas dificuldades<br />

nos domínios económico<br />

e financeiro, o potencial do sector<br />

da reabilitação urbana é reconhecido<br />

– inclusivamente pelos agentes<br />

económicos bem como pelos atores<br />

sociais directamente envolvi<strong>dos</strong><br />

– enquanto gerador de emprego e<br />

motor de criação de riqueza. Algumas<br />

iniciativas recentes de entidades<br />

empresariais representativas<br />

do sector da construção demonstram<br />

as evidentes oportunidades<br />

que se abrem aos vários segmentos<br />

no mercado da reabilitação.<br />

A identificação destas oportunidades<br />

decorre, em particular:<br />

:Da prioridade que o Governo atribui<br />

à promoção de actividades e de<br />

investimentos empresariais com<br />

contributo forte para a criação de<br />

riqueza e de emprego;<br />

:Do reconhecimento que importantes<br />

agentes económicos explicitam<br />

sobre a relevância da criação do<br />

mercado da reabilitação urbana;<br />

:Das orientações em matéria de política<br />

de cidades, que privilegiam,<br />

entre outras, as operações de reabilitação;<br />

:Da crescente sensibilidade revelada<br />

pelos Municípios sobre esta problemática;<br />

:Do quadro legislativo propiciado<br />

pelo novo regime jurídico da reabilitação<br />

urbana;<br />

:Da existência de importantes recursos<br />

financeiros no QREN, que<br />

podem ser mobiliza<strong>dos</strong> para estas<br />

iniciativas e da necessidade de acelerar<br />

o ritmo de execução global do<br />

QREN.<br />

44 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

O envolvimento <strong>dos</strong> agentes priva<strong>dos</strong><br />

neste processo revela-se indispensável,<br />

embora dependa da<br />

conjugação de vários de factores:<br />

i) a possibilidade de desenvolver<br />

operações de grande escala e, nessa<br />

medida mais rentáveis, ii) a expectativa<br />

de um médio prazo para a<br />

execução da operação de reabilitação<br />

urbana; iii) a oportunidade de<br />

beneficiar de apoios e incentivos<br />

da parte <strong>dos</strong> poderes públicos; iv)<br />

a faculdade de dispor de mecanismos<br />

específicos de resolução das<br />

questões relacionadas com o regime<br />

de propriedade. Por seu lado, e<br />

não obstante os factores elenca<strong>dos</strong><br />

anteriormente, o sucesso de uma<br />

operação de reabilitação depende<br />

da capacidade de assegurar a to<strong>dos</strong><br />

os proprietários e titulares de ónus<br />

e encargos sobre os edifícios e fracções,<br />

a salvaguarda <strong>dos</strong> respectivos<br />

direitos.<br />

Reconhecendo este contexto, o Governo,<br />

atento aos impactos signifi-<br />

cativos que o desenvolvimento do<br />

sector da reabilitação urbana pode<br />

ter no crescimento económico e do<br />

emprego e, assim, na dinamização<br />

da economia nacional, e consciente<br />

da importância que este pode assumir<br />

como instrumento de promoção<br />

da coesão social e de dinamização<br />

cultural, e como oportunidade<br />

de requalificação ambiental das cidades,<br />

vem reafirmando as suas<br />

responsabilidades neste domínio,<br />

assumindo a intenção de intervir,<br />

de modo vigoroso e imediato, na dinamização<br />

da reabilitação urbana.<br />

As propostas recentemente anunciadas<br />

pelo Governo no âmbito da<br />

Iniciativa para a Competitividade e<br />

o Emprego e o quadro de concretização<br />

das mesmas que deverá ser<br />

conhecido em breve são ilustrativos<br />

desta aposta.<br />

Por seu lado, no quadro propiciado<br />

pelo novo regime jurídico da reabilitação<br />

urbana, os Municípios viram<br />

reforçadas as suas competências<br />

nesta área, permitindo potenciar a<br />

vontade e o esforço que estes vêm<br />

desenvolvendo mas, simultaneamente,<br />

tornando evidente que nem<br />

sempre os meios de que dispõem<br />

garantem uma resposta eficaz e<br />

atempada às vastas e exigentes necessidades<br />

de intervenção.<br />

A Parque EXPO, no quadro da sua<br />

missão de promover a qualidade da<br />

vida urbana e a competitividade do<br />

território, vem reforçando a sua actividade<br />

no domínio da reabilitação<br />

urbana, quer enquanto instrumento<br />

das políticas públicas de ambiente,<br />

de ordenamento e de valorização<br />

do território, colocando-se ao lado<br />

do Governo no desenvolvimento de<br />

linhas de trabalho que permitam<br />

alavancar processos de reabilitação,<br />

quer apoiando a administração<br />

local na concepção e implementação<br />

de operações de reabilitação<br />

urbana.


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO<br />

OPINIÃO<br />

Reis Campos, Presidente da Direcção da CPCI –<br />

Confederação Portuguesa da Construção e do<br />

Imobiliário<br />

CRESCIMENTO EM<br />

2011 DEPENDE DE<br />

APOSTA NO SECTOR<br />

No momento em que vivemos os primeiros dias de 2011, é inevitável<br />

reflectir sobre o que foi o ano de 2010 e, sobretudo, tendo presente os<br />

desafios que teremos de enfrentar, perspectivar o novo ano, apontar<br />

soluções e traçar as metas que, a bem do Sector e do País, é imprescindível<br />

alcançar. O futuro exige que se combata com firmeza a desconfiança,<br />

a lógica imobilista e todo o pessimismo que se instalou na<br />

nossa sociedade.<br />

Tenho plena consciência<br />

que Portugal está a viver<br />

uma conjuntura adversa,<br />

que obriga a um rigoroso<br />

controlo orçamental, mas também<br />

considero que é fundamental perceber<br />

que, para o País ultrapassar<br />

a crise, é exigida a coragem indispensável<br />

para a implementação de<br />

políticas inovadoras, que nos permitam,<br />

rapidamente, criar emprego<br />

e estimular a economia.<br />

To<strong>dos</strong> sabemos que a fileira da<br />

Construção e do Imobiliário entrou<br />

em 2011 mergulhada na maior crise<br />

de que há memória. Conheceu<br />

uma quebra acumulada de produção<br />

de cerca de 35 por cento, entre<br />

2002 e 2010, prevendo-se que esta<br />

situação seja ainda mais agravada<br />

no corrente ano, com uma redução<br />

adicional de 5 por cento. As estatísticas<br />

oficiais evidenciam, assim, que<br />

o Sector foi o mais penalizado pela<br />

conjuntura actual, tendo perdido,<br />

nestes últimos nove anos, 190 mil<br />

postos de trabalho, não obstante represente<br />

cerca de um quinto do PIB<br />

e seja o maior empregador privado<br />

nacional.<br />

É esta realidade, a importância e o<br />

peso das actividades da Construção<br />

e do Imobiliário e a sua capacidade<br />

para induzir o crescimento económico,<br />

que não pode ser menosprezada.<br />

A Confederação Portuguesa da<br />

Construção e do Imobiliário – CPCI,<br />

apresentou uma estratégia para a<br />

dinamização do Sector, que passa<br />

pelo apoio à competitividade das<br />

empresas da fileira, pelo reforço do<br />

seu significativo processo de internacionalização<br />

e pelo investimento<br />

em construção, designadamente<br />

na reabilitação urbana e nas infra-<br />

-estruturas identificadas como necessárias<br />

ao País, como é o caso da<br />

renovação do parque escolar, <strong>dos</strong><br />

hospitais ou da manutenção preventiva<br />

de infra-estruturas, como<br />

pontes e estradas, que o Estado não<br />

pode descurar, sob pena de colocar<br />

em causa a segurança pública.<br />

Aliás, foi na sequência das diversas<br />

reuniões que mantivémos com<br />

vários membros do Executivo, que<br />

o Governo reconheceu, com a “Iniciativa<br />

para a Competitividade e o<br />

Emprego”, um papel fundamental<br />

ao Sector e, em, particular, à Reabilitação<br />

Urbana, enquanto estraté-<br />

“Portugal terá de ter capacidade<br />

de concretizar<br />

uma estratégia capaz de<br />

criar um novo dinamismo<br />

no Sector, que lhe permita<br />

afastar-se definitivamente<br />

do ciclo recessivo que viveu<br />

na última década e conferir<br />

um novo impulso ao País”<br />

gia capaz de mobilizar os agentes<br />

económicos e, com eles, conduzir<br />

Portugal para um novo patamar de<br />

desenvolvimento.<br />

Tal como demonstrámos no estudo,<br />

não há soluções para a crise que<br />

não passem pela dinamização da<br />

Construção e do Imobiliário, pelo<br />

que, a exemplo do que foi feito na<br />

Europa e no Mundo, estou convicto<br />

que Portugal irá reconhecer esta fileira<br />

como um instrumento de combate<br />

à crise, conciliando esta orientação<br />

com medidas de redução da<br />

despesa pública.<br />

Para além da aposta já assumida<br />

pelo Governo em matéria de reabi-<br />

litação urbana, uma área que necessita<br />

de intervenção urgente e que,<br />

simultaneamente, é capaz de rapidamente<br />

criar emprego e dinamizar<br />

toda a economia, esperamos que a<br />

reavaliação <strong>dos</strong> grandes projectos<br />

de investimento, acordada entre o<br />

Governo e o maior partido da oposição,<br />

permita, de uma vez por todas,<br />

a necessária clarificação e uma<br />

adequada calendarização das obras<br />

que têm vindo a ser sucessivamente<br />

anunciadas, mas que tardam em<br />

avançar.<br />

Portugal terá de ter capacidade de<br />

concretizar uma estratégia capaz<br />

de criar um novo dinamismo no<br />

Sector, que lhe permita afastar-se<br />

definitivamente do ciclo recessivo<br />

que viveu na última década e conferir<br />

um novo impulso ao País. Se<br />

for adoptada uma política ajustada,<br />

a Construção e o Imobiliário tem<br />

condições para desempenhar o seu<br />

papel de motor do crescimento económico<br />

e da criação de emprego e,<br />

assim, enfrentar mais um ano que<br />

se antevê difícil.<br />

É com esta visão global e com uma<br />

efectiva perspectiva de futuro que o<br />

ano de 2011 terá de arrancar.<br />

45 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO<br />

De que forma tem sido<br />

realizada a evolução do<br />

gabinete? Que razões<br />

permitiram a GAPRES<br />

assumir-se como uma empresa de<br />

referência no seu mercado?<br />

A empresa prossegue, desde a sua<br />

fundação, em 1973, valores profissionais,<br />

de responsabilidade social<br />

e éticos que norteiam toda a sua<br />

acção. Actua numa área de actividade<br />

muito competitiva num mercado<br />

aberto onde é com base na qualidade<br />

<strong>dos</strong> seus serviços que as empresas<br />

se afirmam. A chave é a actualização<br />

de conhecimento, a formação<br />

das pessoas e a procura da qualidade.<br />

Temos conseguido obter credibilidade<br />

no mercado e uma estratégia<br />

de associação com parceiros<br />

que respeitem os mesmos valores<br />

46 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

A fórmula do sucesso do GAPRES<br />

CONHECIMENTO, POTENCIAL HUMANO E<br />

QUALIDADE<br />

“A regulamentação existente na área do projecto estrutural é muito exigente e para a sua aplicação correcta é necessária uma formação sólida<br />

que o GAPRES procura proporcionar aos seus colaboradores, particularmente aos engenheiros”, afirma Cansado Carvalho, Administrador<br />

do GAPRES - Gabinete de Projectos, Engenharia e Serviços, SA, em entrevista à Revista Pontos de Vista, onde foi ainda abordado, entre outros<br />

temas, o actual estado da reabilitação do edificado em Portugal.<br />

pelos quais nos regemos, quando<br />

necessário para participar em trabalhos<br />

de maior envergadura.<br />

Acautelamos também a organização<br />

das nossas equipas tanto com<br />

elementos séniores, com mais experiência,<br />

como com jovens que<br />

recrutamos à saída das licenciaturas<br />

e aos quais damos a formação<br />

que entendemos mais adequada<br />

para desenvolverem o seu trabalho<br />

connosco. O trabalho que o Gapres<br />

desenvolve é de extrema responsabilidade<br />

pois envolve a necessidade<br />

de garantir a segurança estrutural<br />

das construções para salvaguarda<br />

de vidas e bens. A regulamentação<br />

existente na área do projecto estrutural<br />

é muito exigente e para a<br />

sua aplicação correcta é necessária<br />

uma formação sólida que o Gapres<br />

procura proporcionar aos seus colaboradores,<br />

particularmente aos<br />

engenheiros.<br />

Felizmente, estamos muito bem posiciona<strong>dos</strong><br />

nesta matéria pois tenho<br />

tido contacto desde há muito anos<br />

com a preparação de regulamentação<br />

estrutural quer a nível nacional<br />

como internacional, em particular<br />

no domínio da Engenharia Sísmica.<br />

Dos diversos projectos realiza<strong>dos</strong><br />

pelo GAPRES, quais os de maior<br />

referência?<br />

Um <strong>dos</strong> grandes projectos que realizámos<br />

foi o <strong>dos</strong> Pavilhões <strong>dos</strong> Países<br />

Participantes para a EXPO98.<br />

Posteriormente realizámos os projectos<br />

de muitos outros edifícios no<br />

Parque das Nações em que se destaca<br />

o Hotel SANA Vasco da Gama,<br />

com 25 pisos e com uma estrutura<br />

global que inclui um macro-contraventamento<br />

sísmico em aço fora do<br />

comum.<br />

Ainda na área <strong>dos</strong> edifícios são de<br />

referir vários grandes Centros Comerciais<br />

como seja o Dolce Vita<br />

Coimbra, o Dolce Vita Braga, Gran<br />

Plaza Tavira e o Aqua Portimão.<br />

Na área ferroviária refiro a nossa<br />

recente intervenção na variante de<br />

Santarém na linha do Norte, com 26<br />

km de extensão, em que o Gapres,<br />

para além de ser líder da equipa<br />

projectista global, projectou 6 grandes<br />

viadutos e um túnel com uma<br />

extensão total de 6 km.<br />

O GAPRES dedica-se somente a<br />

trabalhos de estruturas ou aborda<br />

mais especialidades? De que


forma é que a existência de equipas<br />

multidisciplinares é fundamental<br />

para alcançar o sucesso<br />

<strong>dos</strong> vossos projectos?<br />

Para além <strong>dos</strong> projectos de estruturas<br />

Gapres está capacitado para<br />

estu<strong>dos</strong> de reabilitação, patologia<br />

das construções, escavações e movimento<br />

de terras, fundações especiais,<br />

geotecnia e geologia. Temos<br />

uma grande experiência no projecto<br />

de grandes edifícios mas também<br />

em projectos de outras estruturas,<br />

nomeadamente, para recintos desportivos,<br />

estruturas industriais e<br />

pontes e viadutos. Com uma visão<br />

do projecto multidisciplinar temos<br />

ainda capacidade de organizar e assegurar<br />

a coordenação de equipas<br />

de projecto multidisciplinares desde<br />

o início do projecto até ao final<br />

da obra.<br />

A urgência da reabilitação do<br />

edificado é hoje consensual em<br />

Portugal. Como é que analisam o<br />

mercado da Reabilitação do edificado<br />

em Portugal e quais as principais<br />

vicissitudes ainda detectadas?<br />

Que medidas deveriam ser<br />

colocadas em prática no sentido<br />

de alterar essas dificuldades?<br />

A obra nova tem sido a vertente<br />

mais expressiva na actividade da<br />

Empresa, mas a reabilitação de estruturas<br />

não é minimamente descurada.<br />

Temos tido vários projectos<br />

recentes de reabilitação e remodelação<br />

profunda de edifícios, para<br />

além de intervenções em obras de<br />

arte de várias dimensões.<br />

O mercado da reabilitação tem<br />

enorme potencial em Portugal e<br />

nesta matéria a nossa formação leva-nos<br />

a ter uma preocupação muito<br />

particular com a incorporação da<br />

segurança sísmica nas intervenções<br />

de reabilitação. É fundamental trazer<br />

este assunto para a agenda da<br />

reabilitação pois não podemos perder<br />

esta oportunidade para reduzir<br />

o risco sísmico no nosso País. É importante<br />

realçar que, na realidade,<br />

intervenções de reabilitação sem<br />

diminuição da vulnerabilidade sísmica<br />

<strong>dos</strong> edifícios fazem aumentar<br />

o risco sísmico. De facto, nessas circunstâncias<br />

está a aumentar-se<br />

“Em Portugal temos estratégias de associação um pouco ‘ad hoc’,<br />

feitas para vários trabalhos e por razões de mercado. Pelo contrário,<br />

para o estrangeiro, estamos envolvi<strong>dos</strong> num projecto permanente<br />

com várias empresas complementares”<br />

47 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


REABILITAÇÃO<br />

DO EDIFICADO<br />

o valor exposto à perigosidade sísmica<br />

pelo que as perdas esperadas<br />

futuras aumentam.<br />

As intervenções de avaliação e reforço<br />

sísmico são delicadas e requerem<br />

ponderação e bom senso,<br />

para além de capacidade técnica<br />

especializada. Numa primeira fase<br />

há que recolher e avaliar muita informação<br />

para compreender o funcionamento<br />

sísmico do edifício e<br />

depois, numa segunda fase, há que<br />

conceber, com muito maior constrangimento<br />

que numa situação de<br />

projecto novo, a melhor solução estrutural<br />

de reforço. Resumidamente<br />

a dificuldade reside em não intervir<br />

desnecessariamente sem deixar<br />

de intervir onde necessário.<br />

O Novo Regime da Reabilitação<br />

Urbana entrou em vigor a 22 de<br />

Dezembro de 2009, sendo um diploma,<br />

há muito aguardado pela<br />

indústria. Qual a sua opinião relativamente<br />

a este documento? Que<br />

lacunas ainda detecta no mesmo?<br />

De que forma é importante para o<br />

sector?<br />

O parque edificado é extremamente<br />

diversificado e no presente enqua-<br />

48 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

dramento legal, fiscal e de moroso<br />

funcionamento da justiça, muitos<br />

proprietários desinteressaram-se<br />

da conservação do seu património.<br />

Há que inverter esta situação que<br />

está a montante do Regime de Reabilitação<br />

Urbana.<br />

Desta forma se poderá recuperar<br />

as poupanças individuais para o<br />

investimento na reabilitação imobiliária.<br />

Esta é uma questão-chave,<br />

valendo a pena recordar que três<br />

ou quatro décadas atrás era tradicional<br />

os particulares investirem<br />

pessoalmente no imobiliário, como<br />

forma de assegurar um rendimento<br />

seguro para futuro. É assim crucial<br />

recuperar a confiança neste mercado,<br />

designadamente no mercado de<br />

arrendamento, garantindo um retorno<br />

competitivo do investimento,<br />

o que dará sustentabilidade financeira<br />

ao grande esforço de reabilitação<br />

urbana que o País necessita.<br />

A crise económica em que vivem<br />

os diversos merca<strong>dos</strong> mundiais<br />

tem sido um elemento perturbador<br />

e tem manietado os desideratos<br />

de diversas entidades. Neste<br />

sentido, de que forma é que o volume<br />

de trabalho do GAPRES foi<br />

afectado, sabendo que a crise na<br />

construção ainda se mantem?<br />

O ano de 2010 apresentou alguma<br />

desaceleração quanto á actividade<br />

total em comparação com 2009.<br />

No entanto, no que se refere à nossa<br />

produção própria, os dois anos<br />

foram semelhantes. A adaptação á<br />

conjuntura mais adversa em 2010<br />

foi feita sobretudo pela diminuição<br />

da subcontratação, revelando a capacidade<br />

de adaptação da empresa.<br />

Qual a importância que esta aposta<br />

em novos merca<strong>dos</strong> tem para<br />

o GAPRES? Quais as motivações<br />

que levaram à aposta em merca<strong>dos</strong><br />

externos? Sentiram que o<br />

mercado interno começava a ser<br />

demasiado exíguo ou passou apenas<br />

por uma evolução natural da<br />

empresa?<br />

O Gapres já fez trabalhos importantes,<br />

de forma pontual, em Macau,<br />

Venezuela e Médio-Oriente. Mais<br />

recentemente temos trabalhado em<br />

Angola, Moçambique e Cabo Verde.<br />

Estamos também a procurar entrar<br />

no mercado do Norte de África, designadamente<br />

na Argélia e Marrocos.<br />

Internacionalização é a palavra<br />

de ordem nesta altura. Queremos<br />

potenciar utilização da nossa capacidade,<br />

mas também contribuir<br />

para superar a crise em que o país<br />

está mergulhado. Fazemos isto porque<br />

o mercado o exige mas também<br />

porque consideramos esta uma<br />

missão das empresas portuguesas.<br />

Em Portugal temos estratégias de<br />

associação um pouco ‘ad hoc’, feitas<br />

para vários trabalhos e por razões<br />

de mercado. Pelo contrário, para<br />

o estrangeiro, estamos envolvi<strong>dos</strong><br />

CANSADO CARVALHO<br />

num projecto permanente com várias<br />

empresas complementares.<br />

Nesse sentido temos uma participação<br />

no NEAT- Network for Engineering,<br />

Architecture and Technology,<br />

SA criado para funcionar como um<br />

veículo de internacionalização <strong>dos</strong><br />

seus accionistas que assim mobilizam<br />

a massa crítica necessária para<br />

uma intervenção mais sustentada<br />

no exterior.<br />

Quais são as principais prioridades<br />

do GAPRES – Gabinete de Projectos,<br />

Engenharia e Serviços, SA<br />

para o futuro?<br />

Sem dúvida o mercado interno em<br />

2011 será bastante mais difícil que<br />

em 2010. Para ultrapassar essa situação,<br />

queremos reforçar a nossa actividade<br />

para o exterior, esperando<br />

atingir aí cerca de 25 por cento da<br />

nossa facturação. Para além disto,<br />

no mercado interno, apostaremos<br />

na área da reabilitação estrutural e<br />

em particular na área da resistência<br />

sísmica <strong>dos</strong> edifícios, pontes e<br />

viadutos, matéria para que temos<br />

particular aptidão e que foi alvo<br />

recentemente de uma recomendação<br />

da Assembleia da República ao<br />

Governo no sentido de acautelar a<br />

minimização do risco sísmico em<br />

Portugal. Para o efeito utilizamos<br />

uma abordagem para o diagnóstico<br />

e a redução da vulnerabilidade sísmica,<br />

que relaciona para cada construção,<br />

a intensidade sísmica com o<br />

nível de danos que ela provoca, na<br />

situação actual e após intervenção<br />

de reforço sísmico.


NAUTICAMPO<br />

NAUTICAMPO 2011<br />

NOVO CONCEITO A MESMA QUALIDADE<br />

Em entrevista à Revista Pontos de Vista, Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL, apresenta-nos a 43ª edição da Nauticampo, o<br />

maior salão de lazer em Portugal e um <strong>dos</strong> mais antigos da Europa, que vai decorrer de 2 a 6 de Fevereiro nas instalações da Feira Internacional<br />

de Lisboa.<br />

A<br />

caminho da sua 43ª edição,<br />

a Nauticampo é uma<br />

vez mais o grande pólo<br />

de atracção para um público<br />

de excelência, reunindo num<br />

só lugar uma diversificada oferta<br />

para to<strong>dos</strong> os que apreciam e vivem<br />

os prazeres da natureza. Ao longo<br />

das últimas edições tem acolhido a<br />

maior e melhor oferta para a prática<br />

do turismo ao ar livre e de desportos<br />

que potenciem o contacto com a<br />

natureza, dando resposta aos novos<br />

estilos de vida <strong>dos</strong> jovens consumidores,<br />

cada vez mais dinâmicos,<br />

mais aventureiros e mais exigentes,<br />

assumindo-se como um evento de<br />

referência da Feira Internacional<br />

de Lisboa, que tenta tirar partido<br />

das excelentes condições naturais<br />

que o país possui para este tipo de<br />

actividade. Os mais de 2 mil quilómetros<br />

de costa (incluindo <strong>Açores</strong> e<br />

Madeira), 600 quilómetros quadra<strong>dos</strong><br />

de bacias interiores (entre rios<br />

e barragens) e 32 marinas e portos<br />

de abrigo, elevam a oferta de Portugal<br />

em excelentes condições para a<br />

prática de desportos náuticos e ao<br />

ar livre, não esquecendo a cultura<br />

náutica fortemente enraizada no<br />

nosso país.<br />

Assim, depois de um ano de interregno,<br />

a Nauticampo apresenta-se<br />

em 2011 seguindo novos conceitos<br />

que, conforme explicou Fátima Vila<br />

Maior, pretendem cativar um público<br />

cada vez mais exigente: “Este<br />

ano retomamos o conceito da Nauticampo,<br />

que é uma Feira que já se<br />

realiza há vários anos e que como<br />

tal deve acompanhar os hábitos<br />

<strong>dos</strong> consumidores. Este certame<br />

tem sido um marco para os jovens,<br />

amantes da náutica e desportos de<br />

recreio e também para entusiastas<br />

da actividade ao ar livre, neste<br />

sentido, introduzimos actividades<br />

relaciona<strong>dos</strong> com desportos de<br />

aventura e liga<strong>dos</strong> à natureza que<br />

vão decorrer em simultâneo com o<br />

período da Feira”.<br />

Um <strong>dos</strong> grandes destaques da Nauticampo<br />

2011 é o My Sport. Este<br />

espaço funcionará apenas durante<br />

o fim-de-semana e servirá as camadas<br />

mais jovens praticantes de desportos<br />

diversos e que pretendam<br />

vender o seu equipamento ou material<br />

desportivo em segunda mão<br />

na expectativa de angariar dinheiro<br />

para comprar novo. Fátima Vila<br />

Maior destaca que “habitualmente<br />

estas vendas realizam-se em sites<br />

específicos através da Internet, no<br />

entanto, on-line, não é perceptível<br />

o estado do equipamento, não se<br />

pode experimentar, não há espaço<br />

para grande margem de negociação<br />

enquanto que através de um espaço<br />

como este, tudo se torna mais fácil.<br />

49 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


“Este certame tem sido um marco para os<br />

jovens, amantes da náutica e desportos de<br />

recreio e também para entusiastas da actividade<br />

ao ar livre, neste sentido, introduzimos<br />

actividades relaciona<strong>dos</strong> com desportos de<br />

aventura e liga<strong>dos</strong> à natureza que vão decorrer<br />

em simultâneo com o período da Feira”. Fátima Vila Maior, Directora de Área de Feiras da FIL<br />

O espaço vai ser constituído por<br />

pequenas boxes e animado com<br />

música, dança e algumas demonstrações”.<br />

Além do My Sport, a Nauticampo<br />

2011 vai ainda ser alargada ao exterior<br />

por forma a complementar a<br />

actividade de uma feira com estas<br />

características: “Vamos por um lado<br />

tentar que as actividades de experimentação,<br />

como são os casos <strong>dos</strong><br />

baptismos de vela, não fiquem confina<strong>dos</strong><br />

às nossas instalações. Assim,<br />

vão decorrer várias iniciativas<br />

na Marina do Parque das Nações,<br />

com algumas actividades náuticas<br />

a decorrer, bem como um circuito<br />

pedestre, com o objectivo de extravasar<br />

a Nauticampo para o Parque<br />

das Nações, o que acontece pela<br />

primeira vez”, conforme explicou a<br />

Directora da Área de Feiras da FIL.<br />

Nauticampo -<br />

Ferramenta de negócio<br />

Uma outra linha de desenvolvimento<br />

está relacionada com o facto de<br />

a Feira ser um espaço privilegiado<br />

onde acontecem iniciativas de reflexão<br />

e de promoção potenciadas<br />

pelos agentes económicos <strong>dos</strong> vários<br />

sectores aqui representa<strong>dos</strong>.<br />

Assim, no primeiro dia a Turismo<br />

50 PONTOS DE VISTA JAN. 2011<br />

de Portugal organiza um seminário<br />

sobre turismo náutico e nos restantes<br />

dias o Fórum do Mar apresenta<br />

mais dois eventos relaciona<strong>dos</strong><br />

com o papel das autarquias na denominada<br />

economia do Mar. Por<br />

último, vão realizar-se workshops<br />

nas quais serão lança<strong>dos</strong> os grandes<br />

eventos relacionado com o Mar<br />

para 20011/12.<br />

Com este caminho Fátima Vila<br />

Maior espera que a Nauticampo “se<br />

desenvolva em três linhas: a área<br />

de experimentação, aproveitando a<br />

envolvência do Parque das Nações;<br />

a linha de reflexão <strong>dos</strong> agentes<br />

económicas, que vão utilizar a feira<br />

para discutir os passos a seguir<br />

para a dinamização do sector e, por<br />

outro lado, a própria exposição da<br />

Feira que alterou o seu conceito<br />

porque o público que a visita quer<br />

mais”.<br />

Mais do que um marco, a Nauticampo<br />

é uma ferramenta de negócio<br />

construída por todas as empresas<br />

com o intuito de reunir a melhor<br />

oferta para a prática da Náutica, do<br />

Turismo ao ar livre e de desportos<br />

que potenciem o contacto com a<br />

natureza, dando resposta aos novos<br />

estilos de vida e para toda a família.


51 PONTOS DE VISTA JAN. 2011


52 PONTOS DE VISTA JAN. 2011

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