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LÍNGUA PORTUGUESA

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UNIdERSITÁRIO<br />

b) A personagem é o “Gênio carinhoso e amigo”, “o<br />

fantasma (...) do amor materno” que, personificado,<br />

conduz o poeta pelas mãos.<br />

6. Para atender a necessidades de ritmo e de rima, os poetas praticam<br />

com naturalidade e freqüência inversões e deslocamentos<br />

no padrão de disposição dos termos na oração (sujeito,<br />

verbo, complementos). Partindo desta constatação, analise<br />

a estrutura sintática das frases “Brincam minhas irmãs na<br />

sala de jantar” e “Chorava em cada canto uma saudade” e,<br />

logo após,<br />

a) reescreva-as na ordem que seus termos apresentariam de<br />

acordo com o padrão mencionado;<br />

b) demonstre as identidades que há entre as duas orações<br />

no que diz respeito às funções sintáticas dos termos que<br />

as constituem.<br />

Resolução<br />

a) Minhas irmãs brincam na sala de jantar.<br />

Uma saudade chorava em cada canto.<br />

b) Em ambas as orações encontra-se verbo intransitivo<br />

regendo adjunto adverbial de lugar.<br />

7. José Bonifácio, o Moço, era um poeta romântico, enquanto<br />

Luís Guimarães Jr. era um parnasiano com raízes românticas.<br />

Os dois poemas apresentam características que servem de<br />

exemplo para tais observações. Levando em conta este comentário,<br />

a) identifique um traço típico da poética romântica presente<br />

nos dois poemas;<br />

b) aponte, em Visita à Casa Paterna, um aspecto característico<br />

da concepção parnasiana de poesia.<br />

Resolução<br />

a) O traço romântico mais característico presente em<br />

ambos os textos é a função emotiva da linguagem,<br />

caracterizada pela abundância de pronomes possessivos<br />

e verbos de 1 a pessoa.<br />

Soneto<br />

“entrei” (1 o verso), “meu pai” (5 o verso), “De minha<br />

mãe escuto” (7 o verso), “ajoelhei” (8 o verso), “minhas<br />

irmãs” (9 o verso), “sonhos meus” (12 o verso), “Meu<br />

Deus” (14 o verso);<br />

Visita à Casa Paterna<br />

“eu quis” (3 o verso), “O meu primeiro...” (4 o verso),<br />

“Entrei” (5 o verso), “Tomou-me as mãos” (7 o verso),<br />

“olhou-me” (7 o verso), “caminhou comigo” (8 o verso),<br />

“Oh! se me lembro” (9 o verso), “Minhas irmãs e minha<br />

mãe” (11 o verso), “Jorrou-me” (12 o verso).<br />

e pela pontuação psicológica (abundância de exclamações<br />

e reticências).<br />

4<br />

VUNESP 2003 – <strong>LÍNGUA</strong> <strong>PORTUGUESA</strong><br />

b) O aspecto mais evidente da concepção parnasiana é<br />

o rigor formal:<br />

· a forma fixa soneto (2 quartetos e 2 tercetos);<br />

· métrica regular (verbos decassílabos);<br />

· presença de rimas.<br />

As questões de números 08 a 10 tomam por base o poema<br />

Lisbon Revisited, do heterônimo Álvaro de Campos do poeta<br />

modernista português Fernando Pessoa (1888-1935), e a letra<br />

da canção Metamorfose Ambulante, do cantor e compositor<br />

brasileiro Raul Seixas (1945-1989).<br />

Lisbon Revisited<br />

(1923)<br />

Não: não quero nada.<br />

Já disse que não quero nada.<br />

Não me venham com conclusões!<br />

A única conclusão é morrer.<br />

05 Não me tragam estéticas!<br />

Não me falem em moral!<br />

Tirem-me daqui a metafísica!<br />

Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem<br />

conquistas<br />

Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —<br />

10 Das ciências, das artes, da civilização moderna!<br />

Que mal fiz eu aos deuses todos?<br />

Se têm a verdade, guardem-na!<br />

Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.<br />

Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.<br />

15 Com todo o direito a sê-lo, ouviram?<br />

Não me macem, por amor de Deus!<br />

Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?<br />

Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?<br />

Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.<br />

20 Assim, como sou, tenham paciência!<br />

Vão para o diabo sem mim,<br />

Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!<br />

Para que havemos de ir juntos?<br />

Não me peguem no braço!<br />

25 Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.<br />

Já disse que sou sozinho!<br />

Ah, que maçada quererem que eu seja da companhia!<br />

Ó céu azul — o mesmo da minha infância —<br />

Eterna verdade vazia e perfeita!<br />

30 Ó macio Tejo ancestral e mudo,<br />

Pequena verdade onde o céu se reflete!<br />

Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!<br />

Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.<br />

Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...<br />

35 E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!<br />

(Fernando Pessoa, Ficções do Interlúdio/4:<br />

poesias de Álvaro de Campos)

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