Advir 22 - Asduerj
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coaduna às necessidades do povo brasileiro? Sairemos especialistas: cirurgiões plásticos, cardiologistas,<br />
dermatologistas, neurologistas, nefrologistas, etc; capazes de manipular as técnicas mais sofisticadas, preparados<br />
para identificar as doenças mais difíceis e raras. Mas a quem prestaremos nossos serviços? Quem poderá usufruir<br />
do rim artificial ou de um transplante cardíaco? O máximo para alguns ou o melhor possível para todos?<br />
Por outro lado, qual de nós se arrisca a enveredar pelo caminho da Clínica Geral, das Doenças Infecciosas e<br />
Parasitárias, da Saúde Pública? Poucos, bem poucos! Mas, será que esta atitude é fruto somente de nossas perspectivas<br />
individuais? Até que ponto a formação universitária e a oferta do mercado de trabalho não nos impõem um<br />
determinado tipo de opção?<br />
Em primeiro lugar, percebemos que o modelo do “médico de família” tende a acabar. Antes, o profissional dispunha<br />
de todos seus instrumentos de trabalho que cabiam em uma pequena valise; hoje, estes instrumentos mal<br />
cabem dentro de hospitais. Entre o médico e o doente colocou-se, assim, uma estrutura hospitalar, da qual passa a<br />
defender a saúde.<br />
Existem duas formas de organização hospitalar: a pública e a privada. Na primeira, por se submeter à crítica<br />
pública e ao conjunto da sociedade, predominam os valores médicos sobre as necessidades administrativas. Já a<br />
organização privada, por ter fins lucrativos, submete os valores médicos aos seus valores administrativos. A medicina<br />
DADE<br />
privada estabelece uma relação com a doença e não com a saúde.<br />
A saúde, no nosso país, no que tange ao Estado, é um mito. O INPS vem se transformando numa estrutura de<br />
auxílio à medicina privada, pois em vez de proporcionar diretamente a assistência médica, financia as casas de<br />
saúde particulares.<br />
As clínicas particulares, por um lado, oferecem um atendimento precário à grande massa da população, às expensas<br />
dos convênios com o INPS. Por outro, exibe a uma minoria de maiores recursos uma hotelaria requintada que simula<br />
técnica requintada e que toma a aparência de bem tratar e falsa cura.<br />
Esta estrutura da mesma forma que sacrifica o doente, crucifica o médico! A atual organização da assistência<br />
médica reduz o número de médicos para economizar. Em contraposição a isto, a legião de doentes aumenta.<br />
Esmagado entre essas forças, o profissional aparenta agir como médico. Desta maneira, passa a fazer parte de uma<br />
peça, onde é o algoz do doente porque não o trata e vítima da assistência médica que não o deixa tratar.<br />
A resolução de todos estes problemas ainda está longe de ser real. Porém, os caminhos para tal começam hoje,<br />
aqui, agora. É neste momento, que temos que superar a fase de uma profissão individual, entendendo que é na<br />
companhia de nossos colegas e nas discussões de nossos problemas que está o único caminho possível para uma<br />
solução. Em vez de um médico, deveremos ser um corpo médico, onde o livre debate, o interesse coletivo e a função<br />
social da profissão médica se sobreponham ao mesquinho cotidiano de vencer na vida e ganhar dinheiro.<br />
Mas, senhoras e senhores, hoje é dia de festa!<br />
Terminados seis anos de lutas e sacrifícios, sobrevivemos. E, em determinado momento, a sobrevivência é o maior<br />
ato de consciência. Isto significa que lutamos, morremos, mas ressuscitamos! Não estamos como mortos-vivos, mas<br />
sim, como novos homens renascidos após intensas batalhas.<br />
Parabéns, colega! Parabéns, pai! Parabéns, mãe! Parabéns, professor!<br />
Tens ens ens, ens hoje hoje, hoje o o compr compromisso compr omisso do do futur futuro, futur pois pois és és eter eterno eter no e e inteir inteiro, inteir<br />
por porque por que lutaste lutaste e e poderás poderás contin continuar contin uar lutando lutando e e r rrenascendo<br />
r enascendo enascendo. enascendo A A vir virtude vir tude está está em<br />
em<br />
poder poder per permanecer per manecer sem sem per perder per der a a consciência. consciência. E E esta esta é é a a her herança her ança que que esta<br />
esta<br />
tur turma tur ma de de estudantes estudantes deixa deixa a a estes estes 130 130 médicos!<br />
médicos!<br />
ADVIR ADVIR Nº Nº <strong>22</strong> <strong>22</strong> • • OUTUBRO OUTUBRO DE DE 2008 2008 • • 41<br />
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