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Advir 22 - Asduerj

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gás lacrimogênio. A substância se espalhou pelos<br />

corredores. E o desespero também. As enfermarias<br />

de pneumologia e de pediatria, ambas próximas<br />

à rua, foram as mais atingidas. “As enfermeiras<br />

e os médicos corriam, deslocando os pacientes”,<br />

lembra Fernando Bravo. A tarefa contou também<br />

com a ajuda de estudantes e professores,<br />

como informa o clínico Luiz Tenório, que presidiu<br />

o Casaf em 1966: “Tivemos que fazer uma operação<br />

dentro do hospital para transferir as crianças<br />

que estavam na pediatria para o último andar.<br />

Havia bombas de gás lacrimogênio na enfermaria<br />

de cardiologia. Imagine!”.<br />

Segundo Fernando, a partir daquele momen-<br />

to, os estudantes passaram a se preparar para a<br />

invasão: “Ficaram alguns colegas na varanda do<br />

Centro Cirúrgico, com frascos de soro vazios –<br />

que na época eram de vidro – para serem jogados<br />

nos policiais. Fechamos o portão detrás do<br />

hospital e ficamos presos lá”. Os alunos organizaram<br />

uma assembléia no refeitório, avaliaram os<br />

acontecimentos e distribuíram tarefas. Andrade,<br />

que participou da brigada de resistência, conta:<br />

“Montamos barricadas nas entradas, colocamos<br />

vigias, separamos pedras e paus e coisas assim<br />

nos pontos em que a gente achava que eles poderiam<br />

invadir”.<br />

ADVIR ADVIR Nº Nº <strong>22</strong> <strong>22</strong> • • OUTUBRO OUTUBRO DE DE 2008 2008 • • 15<br />

15<br />

O O cer cerco cer co<br />

A polícia e os agentes do Dops<br />

não arredaram e o cerco continuou<br />

por horas. “Da sacada víamos<br />

o cordão de policiais isolando<br />

a 28 de setembro em frente à<br />

fachada do Pedro Ernesto”, descreve<br />

Fernando Bravo. Além dos<br />

manifestantes, a barreira policial<br />

tornava reféns profissionais e<br />

pacientes do hospital. Do outro<br />

lado, o terror também era imposto<br />

aos transeuntes. Em torno do<br />

quarteirão do hospital, curiosos,<br />

familiares e pessoas que se dirigiram<br />

ao local para expressar<br />

solidariedade aos manifestantes<br />

sofriam minuciosa revista. Alguns<br />

chegaram a ser presos. O cerco<br />

provocou cenas curiosas, como<br />

a prisão do major da força área<br />

brasileira Jundiaí dos Santos, preso<br />

quando foi saber de seu filho,<br />

aluno da Faculdade. Segundo um

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