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Cronologia - Gazeta Das Caldas

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AAAAActividade ctividade ctividade ctividade ctividade Económica EE<br />

EE<br />

conómica conómica conómica<br />

conómica<br />

13<br />

18 | Junho | 2010


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

J. L. Barros – uma empresa caldense com qua<br />

O<br />

cartão de visita J. L. da Barros & Cunhas Gomes,<br />

SA ostenta no canto superior a expressão “Desde<br />

1918”. Um sinal de que a empresa se orgulha dos<br />

seus 92 anos de existência, apesar das atribula<br />

ções da sua estrutura accionista.Tudo começou, pois, oito<br />

anos depois de implantada a República e num período extremamente conturbado<br />

da vida política portuguesa, quando Joaquim Luís de Barros Júnior abre uma loja<br />

na Rua Dr. Júlio Lopes que – tal como quase todos os estabelecimentos comerciais<br />

da época numa vila da província – vendia praticamente de tudo.Em 1944 o<br />

comerciante dá sociedade ao seu irmão, José Luís de Barros, ao seu contabilista<br />

Sebastião Cunha e ao funcionário César Lourenço. O capital social foi de 150<br />

contos (750 euros) e os dois irmãos detinham duas quotas de 50 contos e os dois<br />

funcionários entretanto promovidos a patrões 25 contos cada.Alguns anos depois,<br />

César Lourenço compra as quotas de José Luís de Barros e de Sebastião<br />

Cunha, ficando imediatamente com 75% do capital. Mas como o seu objectivo não<br />

era ser sócio maioritário, combina com o outro fundador um aumento do capital<br />

social para mil contos (cerca de 5000 euros) divididos em duas quotas de 500<br />

contos cada um.”Eram ”Eram ”Eram duas duas pessoas pessoas pessoas que que que se se davam davam muito muito bem” bem” bem”, bem” conta<br />

Salette Saraiva, referindo-se ao seu pai, César Lourenço e ao seu sócio<br />

Joaquim.Este último tinha casa na Foz do Arelho o que dava azo a dedicar-se à sua<br />

paixão pela caça e pela pesca, actividade a que dedicava muito tempo, deixando<br />

grande parte da gestão da empresa a César Lourenço, no qual confiava plenamente.<br />

“Eram “Eram ambos ambos muito muito sérios sérios sérios um um com com com o o outro outro e e deram-se deram-se linda- lindalinda- mente” mente”, mente” sublinha a actual administradora.Nos finais dos anos setenta há um<br />

novo aumento de capital, desta vez para 6000 contos (quase 30 mil euros), entrando<br />

um novo sócio – Marcos Moreira de Barros – que fica com uma quota de 500 contos,<br />

equivalente a 8,3% por cento da sociedade.Com a morte de Joaquim Luís de Barros<br />

Júnior, no início dos anos oitenta, sucede-lhe, por herança, a sua filha Carmen Barros<br />

(com quem <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> das das das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong>não<br />

conseguiu contactar para obter o seu depoimento<br />

para esta reportagem). A liderança da empresa sofre alguma instabilidade e<br />

O O casal casal Luís Luís e e e Salette Salette Saraiva Saraiva são são são os os administradores administradores da da da J. J. L. L. Barros Barros e e representam representam a a a segunda segunda geração.<br />

geração.<br />

em 1987 César Lourenço adquire os 8,3% de Marcos Moreira de Barros e fica com a então que um dia ali passaria uma auto-estrada e muito menos que ficaria tão sora, dá aulas no Magistério nas <strong>Caldas</strong> e no ensino secundário no<br />

maioria do capital. No ano seguinte compra a quota de Cármen Barros e torna-se o perto de um nó do que viria a ser a A8.”Quando ”Quando soubemos, soubemos, soubemos, é é claro claro que<br />

que Bombarral, até que um dia o pai, consumido pela doença, lhe pede<br />

único proprietário da empresa. Mas, acto contínuo, procede a uma nova repartição do ficamosficamosficamos contentes contentes contentes porque porque isso isso aumentou aumentou o o valor valor da da empresa. empresa. DesDes-<br />

para vir para a J. L Barros. Convite irrecusável.O marido, Luís, que foi<br />

capital com quotas de 25% para ele próprio, para a sua mulher, Maria Raposo Louren- de de de então então então temos temos temos sido sido pressionados pressionados por por inúmeras inúmeras empresas empresas de de vários vários<br />

vários também funcionário da empresa, conta como a forma de trabalhar<br />

ço, para a filha Salette Saraiva e para o genro Luís Saraiva.César Lourenço, que foi sectores, sectores, sectores, para para para vender vender porque porque gostariam gostariam de de de transformar transformar isto isto numa<br />

numa de uma casa comercial evoluiu nas últimas décadas. Os materiais de<br />

atingido pela doença de Parkinsson, morre em 1998.<br />

superfície superfície comercial”<br />

comercial”. comercial” Mas o casal Saraiva não vende e o sócio Cunha Gomes construção, que dantes eram muito padronizados, passaram a ser<br />

está de acordo.<br />

mais específicos e tornaram-se mais diversificados e completos. E<br />

RECENTRAR RECENTRAR RECENTRAR O O NEGÓCIO<br />

NEGÓCIO<br />

depois vieram as normas, as certificações de qualidade, as nomenclaturas<br />

complexas. Luís Saraiva diz que<br />

A travessia dos anos oitenta tinha sido, porém,<br />

já nada é como era e que a actividade<br />

muito dolorosa e a empresa enfrenta dificulda- Foi criada em 1918 como uma loja que vendia quase tudo e atravessou o século XX com exige hoje mais conhecimento e mais<br />

des. A nova administração resolve abandonar<br />

algumas das áreas de negócio – artigos desportivos,<br />

caça e pesca, agricultura, etc. – e centrarse<br />

nos materiais de construção.”Não ”Não ”Não podíamos<br />

podíamos<br />

ser ser um um centro centro comercial comercial e e continuar continuar com<br />

com<br />

tanta tanta dispersão”<br />

dispersão”, dispersão”<br />

dispersão” conta Luís Saraiva, também<br />

administrador da empresa. “Chegámos “Chegámos a a ter ter<br />

ter<br />

73 73 73 funcionários. funcionários. Hoje Hoje temos temos 36” 36”.À 36” decisão<br />

várias mudanças na sua estrutura social. Hoje é uma sociedade anónima parceira do<br />

maior grupo de materiais de construção do país e chama-se J. L. Barros & Cunha Gomes,<br />

SA.<br />

Facturou no ano passado 5 milhões de euros e a administração não esconde as dificuldades<br />

de uma empresa que pertence a um dos sectores mais expostos à crise.<br />

Salette Saraiva, filha de um dos sócios iniciais é hoje uma das administradoras da<br />

empresa, perfazendo duas gerações à frente dos seus destinos.<br />

formação.Já a mulher e sócia refere a evolução<br />

ao nível da relação com o cliente.<br />

“Antes “Antes o o acto acto acto comercial comercial comercial acabava acabava acabava no<br />

no<br />

momento momento da da venda, venda, agora agora o o serviço<br />

serviço<br />

que que prestamos prestamos prestamos só só termina termina depois depois do<br />

do<br />

material material material estar estar montado montado e e validado,<br />

validado,<br />

mantendo-se,mantendo-se, ainda ainda assim, assim, o o o acomacom-<br />

panhamento panhamento pós-venda”<br />

pós-venda”, pós-venda” conta. Por<br />

estratégica de assentar a actividade nos materi-<br />

outro lado, a própria relação comercial<br />

ais de construção, segue-se a entrada do grupo<br />

evoluiu e hoje conta muito o aconselha-<br />

Cunha Gomes, do Porto, que é um gigante neste<br />

O O ACTO ACTO ACTO COMERCIAL COMERCIAL ACABAVA ACABAVA NO NO MOMENTO MOMENTO DA DA VENDA<br />

VENDA mento e o acompanhamento dos clientes, o que tem a ver com a<br />

mercado. Em 1991 a empresa caldense eleva o seu capital para 1 milhão de euros<br />

complexidade dos materiais.Desde os anos oitenta que a empresa,<br />

e torna-se uma sociedade anónima, com a necessária mudança de nome: J. L. Toda a vida de Salette Saraiva está marcada pela J. L. Barros: “em<br />

“em acompanhando os tempos, se abriu à comunidade. Costuma aceitar<br />

Barros & Cunha Gomes, SA.Como o negócio agora não exige uma presença no miúda miúda brincava brincava na na empresa empresa e e e lembro-me lembro-me de de estar estar ao ao balcão<br />

balcão estágios profissionais de alunos das escolas Bordalo Pinheiro e Téc-<br />

centro da cidade, a empresa vende a sua sede na Rua Dr. Júlio Lopes, cuja receita aa observar observar aquela aquela actividade actividade toda, toda, lembro-me lembro-me dos dos dos corredocorredonica<br />

Empresarial do Oeste, recebe visitas de estudo e, por vezes, os<br />

vai ajudar a financiar um investimento de 1 milhão de euros em modernas instares,res, que que na na altura altura me me pareciam pareciam pareciam enormes, enormes, onde onde se se se armazenaarmazena-<br />

próprios administradores são convidados a dar uma aula em escolas<br />

lações à saída da cidade, na Estrada da Foz. “O “O terreno terreno já já existia existia e e e tinha<br />

tinha vam vam as as as mercadorias, mercadorias, e e de de de andar andar por por lá lá a a ver ver e e a a mexer. mexer. Era Era<br />

Era da cidade.<br />

sido sido comprado comprado no no tempo tempo do do meu meu sogro, sogro, no no fim fim dos dos anos anos setenta, setenta, setenta, por<br />

por um um fascínio. fascínio. Aos Aos sábados sábados de de manhã manhã ia ia para para o o o escritório escritório do<br />

do<br />

1100 1100 contos contos[5487<br />

euros]”, conta Luís Saraiva. São 10 mil metros quadrados, pai pai e e sentava-me sentava-me na na secretária<br />

secretária”.<br />

secretária<br />

Carlos Carlos Cipriano<br />

Cipriano<br />

metade dos quais tem agora zona de vendas, salão de exposição e escritórios. Não pensava, contudo, vir um dia a administrar os destinos da cc@gazetacaldas.com<br />

Nem na altura da compra nem aquando da construção da nova sede, se sonhava firma. Salette Saraiva estuda e licencia-se em Germânicas, é profes-<br />

Imagem Imagem da da secção secção Caça Caça e e Pesca Pesca e e da da secção secção de de Ferramentas. Ferramentas. O O armazém armazém da da empresa empresa na na Estrada Estrada da da Foz, Foz, antes antes da da construção construção da da nova nova sede.<br />

sede.


se um século de existência<br />

“Não vendemos nada que seja para o Estado”<br />

O<br />

que fazer quando se<br />

está numa activida<br />

de que é das mais<br />

fustigadas pela crise?Reduzir<br />

custos. A começar pelo pessoal.<br />

No ano passado, entre rescisões<br />

de contrato e reformados<br />

que não foram substituídos,<br />

a empresa reduziu o seu quadro<br />

de 47 para 36 pessoas. E as<br />

poupanças noutras áreas têm<br />

sido tantas que “estamos “estamos “estamos a<br />

a<br />

chegar chegar a a a uma uma uma estrutura estrutura de<br />

de<br />

custas custas igual igual à à de de há há 10<br />

10<br />

anos” anos”, anos” conta Luís Saraiva.Em<br />

2004 a empresa facturou um<br />

pico de 7,3 milhões de euros,<br />

mas desde então tem vindo a<br />

descer e fechou 2009 com 5 milhões.<br />

As cobranças também<br />

estão difíceis e as próprias seguradoras<br />

deixaram de segurar<br />

as vendas a crédito. Ainda assim,<br />

Luís e Salette Saraiva dizem<br />

que não vendem nada para<br />

o Estado porque este paga tão<br />

tarde que não compensa alienar<br />

a mercadoria para um cliente<br />

assim.A J. L. Barros & Cu-<br />

César Lourenço - mais de 50 anos à frente da empresa<br />

C<br />

ésar Lourenço (à<br />

direita) com o<br />

Presidente da República,<br />

Ramalho Eanes, no<br />

fim dos anos setenta numa<br />

das feiras que então se realizavam<br />

no parque.<br />

O empresário esteve mais<br />

de meio século à frente dos<br />

destinos da empresa e ocupou<br />

vários cargos nas <strong>Caldas</strong><br />

da Rainha. Foi vereador<br />

A A A sede sede da da empresa empresa na na Rua Rua Dr. Dr. Dr. Júlio Júlio Lopes. Lopes. A A carroça carroça à à direita direita era era usada usada para para ir ir buscar<br />

buscar<br />

mercadorias mercadorias à à CP CP e e aos aos Capristanos Capristanos Capristanos (mais (mais (mais tarde tarde Claras Claras e e e mais mais tarde tarde Rodoviária Rodoviária Nacional).<br />

Nacional).<br />

nha Gomes trabalha sobretudo mercado alvo.O futuro é incer- presas presas que que ainda ainda ainda tinham<br />

tinham<br />

com pequenas e médias emto. “Há “Há sinais sinais contraditóri-<br />

contraditóri-<br />

contraditóri- obras obras no no ano ano ano passado passado já já as<br />

as<br />

presas ligada à construção, emosos de de de retoma: retoma: retoma: há há mais mais mais concon-<br />

acabaram acabaram e e ninguém ninguém está está está a a<br />

a<br />

bora o segmento dos particula- fiança, fiança, há há empresas empresas como<br />

como começar começar começar nada. nada. O O O sector sector está<br />

está<br />

res não seja displicente. Os reaa antiga antiga Rol Rol que que está está a a concon-<br />

parado.”<br />

parado.”<br />

sorts, como, por exemplo, o da tratar tratar pessoal, pessoal, o o o que que é é bom,<br />

bom,<br />

Serra d’el Rey, são também um masmas no no no nosso nosso sector sector as as emem-<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

César César Lourenço Lourenço esteve esteve mais mais mais de de de 50 50 anos anos à à frente frente dos dos destinos destinos da da empresa<br />

empresa<br />

da Câmara Municipal, presidente<br />

da Comissão de Turismo e do<br />

Grémio Literário caldense (que<br />

mais tarde daria origem à associação<br />

comercial) e foi dirigente<br />

dos bombeiros e da Banda<br />

Comércio Indústria.<br />

“Ele “Ele encarava encarava a a empresa<br />

empresa<br />

quase quase como como um um sacerdócio<br />

sacerdócio<br />

- - tinha tinha uma uma extrema extrema atenção<br />

atenção<br />

para para com com os os os funcionários funcionários e<br />

e<br />

tinhatinha sobretudo sobretudo uma uma uma grangrangran- dede abertura abertura abertura de de espírito, espírito, semsemsem- pre pre pre disposto disposto a a a aprender”<br />

aprender”,<br />

aprender”<br />

conta a filha, Salette Saraiva,<br />

que lhe sucedeu.<br />

Nascido em Vale de Maceira,<br />

César Lourenço esteve empregado<br />

numa mercearia em S.<br />

Martinho do Porto e veio trabalhar<br />

para as <strong>Caldas</strong> depois de<br />

ter sido despedido por uma vez<br />

ter chegado atrasado. A família<br />

veio a descobrir, após a sua<br />

morte, que nesse dia de 1939,<br />

César Lourenço iniciou um diário<br />

onde passou a assinalar<br />

os acontecimentos mais importantes<br />

que o marcaram,<br />

não só os pessoais – como a<br />

descoberta de que tinha Parkinsson<br />

aos 47 anos – como<br />

da vida social e política caldense<br />

e nacional.<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

João Augusto -<br />

o trabalhador mais<br />

antigo<br />

Tinha 11 anos o miúdo<br />

que no dia 31 de Outubro<br />

de 1955 se apresentou<br />

na Rua Dr. Júlio Lopes<br />

para iniciar o seu<br />

primeiro dia de trabalho<br />

na conhecida firma<br />

caldense.Viera das Gaeiras<br />

a pé e a pé continuaria<br />

a deslocar-se entre<br />

aquela (então) aldeia e<br />

as <strong>Caldas</strong> da Rainha durante<br />

mais quatro anos, até que o seu pai lhe comprou uma<br />

bicicleta. Um salto de gigante para a época, que encurtava as<br />

distâncias, difíceis de vencer sobretudo nas madrugadas e tardes<br />

frias e chuvosas de Inverno.João Augusto fizera a 4ª classe,<br />

o que também naquele tempo já era escolaridade quase acima<br />

da média, pois no Portugal dos anos cinquenta nem todos tinham<br />

instrução primária. O normal seria ir trabalhar para o campo<br />

ou arranjar alguma coisa na cidade.”O ”O meu meu pai, pai, que que era<br />

era<br />

funcionário funcionário funcionário do do Faustino Faustino Gama, Gama, aqui aqui aqui nas nas Gaeiras, Gaeiras, como como ia ia<br />

ia<br />

muitas muitas vezes vezes aviar-se aviar-se ao ao J. J. L. L. Barros, Barros, conhecia conhecia o o senhor senhor<br />

senhor<br />

César César e e fez-lhe fez-lhe o o pedido” pedido”. pedido” Foi aceite. E começou por baixo,<br />

como seria de esperar – varrer a casa, fazer recados, levar encomendas<br />

a casa dos clientes, ir buscar materiais à estação da CP<br />

e aos Capristanos (rodoviária). Mais tarde passou a cortar papel<br />

para embrulhos, a fazer massa para pôr nos vidros e, pouco a<br />

pouco, saltou para o balcão onde pesava pregos e aviava os<br />

fregueses em produtos de menor responsabilidade.O primeiro<br />

ordenado do aprendiz foram 60 escudos (30 cêntimos). João<br />

Augusto diz que ainda se recorda das três notas de vinte (com a<br />

imagem do Sto. António) nas suas mãos. Ordenado, diga-se,<br />

apenas obtido ao segundo mês de trabalho porque no primeiro<br />

“era “era à à à experiência”<br />

experiência”.Nessa experiência” altura ainda não sabia que iria bater<br />

um recorde de longevidade no seio da J. L. Barros. Foram 53<br />

anos de trabalho sempre na mesma empresa, até que se reformou<br />

em Abril de 2009.Nunca pensou em sair?”Houve ”Houve fases fases da<br />

da<br />

minha minha vida vida em em que que me me abordaram abordaram para para para mudar mudar de de de patrão,<br />

patrão,<br />

mas mas acabava acabava sempre sempre sempre por por chegar chegar a a entendimento entendimento e e e fui<br />

fui<br />

continuando. continuando. Na Na altura altura era era fácil fácil sair sair e e entrar entrar noutra noutra firma<br />

firma<br />

porque porque eu eu tinha tinha conhecimento conhecimento de de ferragens ferragens e e havia<br />

havia<br />

empregos”<br />

empregos”.O empregos” horário era de segunda a sábado e já só na idade<br />

adulta é que este funcionário passou a ter a “semana inglesa”,<br />

ficando livre a partir das 13h00 de sábado. “Mas “Mas para para isso<br />

isso<br />

tivemos tivemos tivemos ainda ainda de de fazer fazer uma uma greve. greve. Antes Antes do do 25 25 de de Abril” Abril”, Abril”<br />

conta, explicando que foi uma greve de todo os empregados de<br />

comércio e que se traduziu no encurtamento da semana de trabalho<br />

para as 44 horas.É claro que a vida foi melhorando. João<br />

Augusto nunca abandonou as Gaeiras e foi na sua aldeia que<br />

casou e continuou a viver (hoje, paredes meios com filha, genro<br />

e netas). Mas depois da bicicleta seguiu-se uma motorizada<br />

para ir para o emprego, mais tarde o inevitável carro e quando<br />

se reformou, o rapazinho que ia a pé para o trabalho, fazia-se<br />

transportar num Peugeot 206 (que hoje leva para a fazenda, com<br />

as alfaias na parte traseira). Do seu patrão, César Lourenço,<br />

guarda a imagem de um homem “muito “muito apegado apegado à à casa casa e e<br />

e<br />

mais mais próximo próximo dos dos funcionários funcionários do do do que que o o sócio sócio [Joaquim],<br />

queque era era assim assim um um bocadinho bocadinho mais mais mais desprendido desprendido e e dedicadedica-<br />

va-se va-se mais mais mais à à à caça caça e e e à à pesca” pesca” pesca”.E pesca” quanto à actividade em si,<br />

também a firma acompanhou a evolução dos tempos. Ao princípio,<br />

vendiam ferragens, pulverizadores, charruas, torpilhas, prensas<br />

para lagares e muitas miudezas como redes, cimentos, ferro,<br />

mais tarde azulejos. Hoje o universo da J. L. Barro é outro,<br />

bem mais complexo. Seja como for, o próprio João Augusto,<br />

deixaria, às tantas de aviar ao balcão e passou a ter outras<br />

responsabilidades. Quando se reformou, já não aviava ao público<br />

e trabalhava na secção de compras da empresa.<br />

C.C.<br />

C.C.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Ferreira & Santos, Lda. – uma só firma com duas áre<br />

Ernesto Ernesto Ferreira. Ferreira. Se Se fosse fosse vivo vivo teria teria 99 99 anos. anos. Foi Foi ele ele ele que<br />

que<br />

fundou fundou a a firma firma que que já já vai vai vai hoje hoje hoje na na na terceira terceira geração.<br />

geração.<br />

Durante 11 anos Ernesto Ferreira<br />

de Sousa teve o prazer de<br />

trabalhar em conjunto com o seu<br />

filho, João Maria e as netas Maria<br />

João e Ana Ferreira. Quando morreu,<br />

em 2000, com 89 anos, este<br />

comerciante caldense deixava assim<br />

em boas mãos o negócio da<br />

ourivesaria e das duas ópticas<br />

(uma delas comprada meses antes)<br />

com que fizera nome na cidade.<br />

Ernesto Sousa nasceu em 1911<br />

e começou cedo a trabalhar como<br />

ourives. Mas não quis ficar empregado<br />

toda a vida e em 1941<br />

estabelece-se por conta própria<br />

numa loja no Largo Heróis de Naulila,<br />

ainda como comerciante em<br />

nome individual. Três anos depois<br />

monta uma sociedade com Augusto<br />

Mendes dos Santos (1903-<br />

1994). Nasce assim a Ferreira &<br />

Santos, Lda. que é hoje uma das<br />

sociedades por quotas mais antigas<br />

das <strong>Caldas</strong>.<br />

Durante a década de cinquenta<br />

a firma alarga a sua actividade<br />

à óptica, com uma loja na Rua José<br />

Malhoa. João Maria conta que a<br />

decisão do seu pai teve em conta<br />

o facto de na ourivesaria Mourão<br />

(onde ele antes trabalhara) se<br />

venderem também óculos e por,<br />

à data, haver apenas uma loja<br />

desse ramo na cidade.<br />

Durante meio século a firma<br />

coexiste com os dois negócios,<br />

mas as novas tecnologias e o<br />

mercado haveriam de ditar um<br />

peso maior do ramo mais inovador,<br />

aquele que constitui hoje um<br />

“pelouro” das suas duas filhas.<br />

João Maria prefere a ourivesaria,<br />

mas reconhece que é hoje<br />

mais um coleccionador do que um<br />

ourives. E conta que o seu estabelecimento<br />

sempre teve um elemento<br />

distinto que é a joalharia<br />

antiga. “É “É a a área área em em que que mais<br />

mais<br />

gosto gosto de de trabalhar, trabalhar, trabalhar, as as pratas,<br />

pratas,<br />

as as jóias, jóias, os os objectos objectos de de arte<br />

arte<br />

comcomcom incorporação incorporação de de joalhajoalha-<br />

ria, ria, imagens imagens de de marfim marfim com com<br />

com<br />

aplicaçãoaplicação de de pedras pedras precioprecio-<br />

sas sas e e semi-preciosas... semi-preciosas... enfim,<br />

enfim,<br />

é é esse esse mais mais o o meu meu mundo” mundo”, mundo” diz.<br />

Por isso, a sua loja não é hoje<br />

O O quotidiano quotidiano caldense caldense caldense de de 1947 1947 a a desfilar desfilar em em frente frente à à à ourivesaria<br />

ourivesaria<br />

“Sou “Sou mais mais um um coleccionador coleccionador do do que que um um comerciante”. comerciante”. João João João Maria Maria Ferreira Ferreira na na na sua sua sua discreta discreta discreta ourivesaria. ourivesaria. ourivesaria. Herdou Herdou o<br />

o<br />

negócio negócio negócio do do seu seu pai pai e e ainda ainda mantém mantém a a firma firma firma Ferreira Ferreira & & Santos, Santos, Lda, Lda, que que que gere gere com com as as filhas, filhas, tendo tendo alargado alargado alargado a a actividade actividade à<br />

à<br />

óptica<br />

óptica<br />

um estabelecimento permanentemente<br />

aberto ao público, com<br />

um corropio de clientes a entrar e<br />

a sair. Pelo contrário, a discreta<br />

loja aparece meio escondido em<br />

plena Praça da Fruta, mantendo<br />

no interior o mobiliário de origem<br />

dos anos quarenta.<br />

Dir-se-ia que o tempo não passou<br />

por ali, mantendo intactas as<br />

madeiras e os expositores de vidro<br />

onde se guardam peças que<br />

poderiam já lá ter estado há 50<br />

anos. Também discretas, duas câmaras<br />

de vídeo – que zelam pela<br />

segurança - são os únicos sinais<br />

de modernidade.<br />

“Neste “Neste momento momento momento sou sou mais mais<br />

mais<br />

um um coleccionador coleccionador do do que que um<br />

um<br />

comerciante”<br />

comerciante”, comerciante” diz João Maria<br />

Ferreira, que se entretém com as<br />

suas peças e atende alguns clientes<br />

ocasionais. Em linguagem<br />

moderna poderia dizer-se que a<br />

sua actividade está a ser “descontinuada”.<br />

Nem sempre foi assim, claro.<br />

Nos anos quarenta e cinquenta<br />

as ourivesarias respondiam a uma<br />

procura de “ostentação”, sobretudo<br />

da burguesia endinheirada<br />

A Ferreira & Santos, Lda. começou por ser uma ourivesaria em 1944, mas<br />

alargou os seus negócios ao ramo da óptica. João Maria Ferreira, 77 anos,<br />

filho do fundador, reparte hoje com as duas filhas a gestão de uma firma<br />

que inclui a ourivesaria e as lojas Novoptica e Óptica Ramiro.<br />

que gostava de comprar jóias e<br />

peças de ouro muito trabalhado.<br />

E respondiam também à necessidade<br />

de entesouramento por parte<br />

das classes mais baixas.<br />

“As “As pessoas pessoas não não tinham tinham<br />

tinham<br />

muitamuita apetência apetência para para os os banbancoscoscos<br />

e e para para os os produtos produtos finan- finan- finan-<br />

ceiros ceiros e e o o aforro aforro era era o o ouro” ouro”, ouro”<br />

conta João Maria. Os fios, pulseiras<br />

e colares deste metal podiam<br />

ser usados no dia a dia, ou nas<br />

ocasiões festivas e tinham a vantagem<br />

de, a qualquer momento,<br />

serem vendidos (ou penhorados),<br />

transformando-se em dinheiro.<br />

A clientela tradicional das ourivesarias<br />

eram “a “a gente gente do<br />

do<br />

mar” mar” e “a “a gente gente do do campo” campo”, campo”<br />

que usavam objectos de ouro mais<br />

pesados, que valiam pelo seu peso<br />

e valor facial, enquanto que os<br />

ricos preferiam um ouro mais rebuscado,<br />

com incorporação de<br />

mão-de-obra, ou seja, - outro termo<br />

moderno – com valor acrescentado.<br />

Carlos Carlos Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com


as de actividade<br />

O negócio das ópticas em expansão<br />

Maria João Henriques Pinheiro<br />

Ferreira, de 54 anos e a irmã Ana<br />

Ferreira Isaac, 41 anos, são, em<br />

conjunto com o pai, João Maria<br />

Ferreira, os três sócios-gerentes<br />

desta sociedade que é composta<br />

por uma ourivesaria e duas ópticas.<br />

Ainda crianças, as duas irmãs<br />

moviam-se entre a tabacaria Ibérica,<br />

ali bem perto, onde trabalhavam<br />

a mãe e a sua madrinha<br />

(mulher de Augusto Mendes dos<br />

Santos, sócio do pai).<br />

Depois da escola primária e do<br />

Externato Ramalho Ortigão, Maria<br />

João fez o Magistério Primário<br />

(nos Pavilhões do Parque) e chegou<br />

ainda a leccionar em Vila<br />

Franca Xira e nos Mosteiros (<strong>Caldas</strong><br />

da Rainha). Mas já nessa altura<br />

os professores andavam com<br />

a casa às costas e quando se lhe<br />

deparou uma colocação demasiado<br />

longe das <strong>Caldas</strong>, Maria João,<br />

então com 29 anos e já casada,<br />

optou por ficar a trabalhar na ourivesaria<br />

do pai.<br />

Não por muito tempo porque<br />

em breve, em 1994, a firma decide<br />

abrir ali mesmo ao lado a Óptica<br />

da Praça. A sua mudança para<br />

este novo estabelecimento surge<br />

naturalmente.<br />

“Sempre “Sempre “Sempre tive tive tive a a percepção percepção de<br />

de<br />

queque o o negócio negócio das das antiguidaantiguidadesdes<br />

a a que que o o meu meu pai pai se se dedidedi-<br />

cava cava cava era era muito muito específico específico e<br />

e<br />

queque ele ele é é que que que era era o o especialisespecialis-<br />

ta ta da da da área. área. Na Na verdade, verdade, não<br />

não<br />

era era muito muito apelativo apelativo apelativo para para mim<br />

mim<br />

ee por por isso isso decide-me decide-me pela pela óp- óp- óp-<br />

tica” tica”, tica” tica” conta a empresária.<br />

A formação foi feita com a experiência<br />

adquirida e, mais recentemente,<br />

devido à complexidade<br />

desta área, com acções promovidas<br />

pelos fornecedores e em viagens<br />

de trabalho.<br />

Hoje em dia uma óptica é muito<br />

mais do que uma loja que vende<br />

óculos. Existe a óptica médica<br />

(cujos artigos só se vendem com<br />

receituário médico), e a venda de<br />

artigos como óculos de sol, binóculos,<br />

termómetros, barómetros e<br />

objectos afins. E há também os serviços,<br />

como os testes de visão, feitos<br />

hoje facilmente na loja, mas que<br />

há 20 anos só podiam ser realizados<br />

no oftalmologista porque necessitavam<br />

de uma tecnologia que<br />

ainda não estava massificada.<br />

A responsável da Óptica Ramiro<br />

refere ainda as especificidades<br />

das lentes de contacto. “Dan- “Dan“Dan- tes tes só só havia havia as as rígidas rígidas rígidas e e as as<br />

as<br />

semi-rígidas,semi-rígidas, mas mas hoje hoje há há há lenlen-<br />

tes tes descartáveis descartáveis descartáveis que que se se usam<br />

usam<br />

durante durante um um mês mês ou ou até até só só por<br />

por<br />

um um dia” dia” dia”, dia” conta.<br />

Já a irmã, Ana, andou no “liceu”,<br />

no Parque, e foi inaugurar o<br />

edifício da Raul Proença onde concluiu<br />

o secundário. “Assim “Assim que que<br />

que<br />

acabei acabei o o 12º 12º ano ano tomei tomei logo logo a<br />

a<br />

decisão decisão decisão de de vir vir trabalhar trabalhar com<br />

com<br />

o o meu meu meu pai. pai. Foi Foi uma uma decisão decisão de<br />

de<br />

momento, momento, não não tinha tinha pensado pensado<br />

pensado<br />

muitomuito nisso nisso antes, antes, mas mas a a a verver-<br />

dade dade é é que que era era importante importante dar<br />

dar<br />

continuidade continuidade ao ao negócio negócio da<br />

da<br />

família” família”. família” Estava-se em 1986 e Ana<br />

tinha então 18 anos. Desde então<br />

Augusto Augusto Santos Santos (1903-1994) (1903-1994) foi foi sócio sócio de de João João Maria<br />

Maria<br />

Ferreira. Ferreira. Na Na foto, foto, datada datada de de de 13/05/1960, 13/05/1960, está está com com a a mulher, mulher,<br />

mulher,<br />

Amélia Amélia Santos, Santos, no no quintal quintal da da ourivesaria.<br />

ourivesaria.<br />

não mais largou esta actividade,<br />

partilhando a gestão com a irmã<br />

e o pai.<br />

A A A CRISE, CRISE, A A A CONCORRÊNCIA CONCORRÊNCIA E<br />

E<br />

O O O COMÉRCIO COMÉRCIO TRADICIONAL<br />

TRADICIONAL<br />

As duas ópticas da Ferreira &<br />

Santos são praticamente vizinhas:<br />

Novoptica e Óptica Ramiro distam<br />

escassos 10 metros uma da outra.<br />

Não fazem concorrência entre<br />

si?<br />

As duas irmãs sócias dizem que<br />

não. E explicam que - apesar dos<br />

clientes actualmente serem muito<br />

voláteis e não haver a mesma<br />

fidelização que havia antigamente<br />

- é possível distinguir um segmento<br />

de mercado mais urbano<br />

na Óptica Ramiro e outro, de pessoas<br />

mais de fora da cidade, na<br />

Novóptica.<br />

A Ferreira & Sousa é, assim,<br />

um pequeno grupo económico que<br />

detém uma ourivesaria e duas<br />

ópticas. Emprega dez pessoas (incluindo<br />

os gerentes) e conta ainda<br />

com duas médicas oftalmologistas<br />

e uma optometrista que ali<br />

dão consultas várias vezes por semana.<br />

A sua facturação aproxima-se<br />

de 1 milhão de euros.<br />

A crise tem-se feito sentir, mas<br />

a empresa, não estando pujante,<br />

está longe de sofrer dificuldades.<br />

“Noto “Noto que que que há há quem quem tenha<br />

tenha<br />

dificuldadedificuldade em em fazer fazer a a consulconsul-<br />

ta ta e e comprar comprar os os óculos óculos no<br />

no<br />

mesmo mesmo mês. mês. mês. E E quem quem peça peça para<br />

para<br />

pagar pagar a a prestações”<br />

prestações”, prestações” diz Maria<br />

João. Estes são alguns dos sinais<br />

Maria Maria João João e e Ana Ana Isaac. Isaac. As As duas duas irmãs irmãs e e sócias sócias partilham partilham com com com o o pai pai a a gestão gestão da da firma.<br />

firma.<br />

da crise, mas também há as mudanças<br />

de comportamento dos<br />

consumidores. Por exemplo, os<br />

óculos de sol, que já foram um<br />

negócio florescente, estão em<br />

baixa porque há-os em todo o tipo<br />

de lojas, mais baratos e de menor<br />

qualidade. “É “É mais mais agradável<br />

agradável<br />

ter ter quatro quatro pares pares de de de óculos óculos de de<br />

de<br />

sol, sol, um um de de cada cada cor, cor, cor, do do que<br />

que<br />

ter ter um um bom bom par par de de óculos óculos de de<br />

de<br />

qualidade”<br />

qualidade”, qualidade” ironiza a empresária.<br />

Já a entrada em cena do Vivaci,<br />

que possui a marca Multiópticas,<br />

não teve um impacto relevante.<br />

“É “É “É claro claro que que ao ao princí- princíprincí- pio pio faz faz faz sempre sempre mossa mossa porque<br />

porque<br />

os os preços preços deles deles deles são são muito<br />

muito<br />

competitivoscompetitivos e e a a sua sua publicipublici-<br />

dade dade é é muito muito agressiva, agressiva, agressiva, mas<br />

mas<br />

João João João Maria Maria Ferreira Ferreira Ferreira e e o o pai, pai, Ernesto Ernesto Ferreira, Ferreira, na na ourivesaria ourivesaria ourivesaria em em 1993 1993<br />

1993<br />

depois depois do do primeiro primeiro primeiro impacto<br />

impacto tros tros comerciais. comerciais. É É agradável<br />

agradável<br />

tudo tudo volta volta volta ao ao normal” normal”. normal” andar andar na na na rua rua rua às às compras.<br />

compras.<br />

A irmã, Ana Isaac, acrescenta Mas Mas temos temos que que que oferecer oferecer qua- quaquaque a óptica ainda funciona como lidade lidade e e produtos produtos produtos distintos<br />

distintos<br />

um negócio de proximidade, conparapara contrariar contrariar a a a massificamassificafiança<br />

e de competência, onde as ção ção dos dos dos produtos produtos que que estão<br />

estão<br />

pessoas, sobretudo no caso das emem todas todas as as grandes grandes superfísuperfí-<br />

lentes, gostam de um acompa- cies cies cies comerciais”<br />

comerciais”.<br />

comerciais”<br />

nhamento mais personalizado e As duas irmãs dizem que nun-<br />

mais familiar do que aquele que ca chegou a haver conflito de ge-<br />

existe em algumas marcas dos rações na firma: “Deixámos<br />

“Deixámos<br />

centros comerciais.<br />

sempre sempre sempre a a a gestão gestão das das coisas<br />

coisas<br />

Com os três estabelecimentos mais mais importantes importantes ao ao nosso<br />

nosso<br />

da firma situadas em pleno cen- pai pai e e ainda ainda hoje hoje é é assim. assim. Pode<br />

Pode<br />

tro da cidade, as duas empresárihaverhaver uma uma uma ou ou outra outra discordiscoras<br />

têm uma visão muito própria dância,dância,dância, mas mas normalmente normalmente eses-<br />

do comércio tradicional: “faz “faz<br />

“faz<br />

sempre sempre falta falta o o o comércio comércio de de<br />

de<br />

tamos tamos de de de acordo” acordo”. acordo”<br />

rua, rua, até até porque porque as as as pessoas pessoas se se<br />

se<br />

fartam fartam também também de de estar estar estar nos nos<br />

nos<br />

espaçosespaços fechados fechados dos dos cen- cen- cen-<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

CRONOLOGIA<br />

1941 – Ernesto Ferreira de<br />

Sousa estabelece-se como<br />

comerciante em nome individual<br />

numa ourivesaria no<br />

Largo Heróis de Naulila<br />

1944 – Forma sociedade<br />

com Augusto Mendes dos<br />

Santos e criam a Ferreira &<br />

Santos, Lda. na Praça da República<br />

1954 – A sociedade abre<br />

uma óptica no Largo Heróis<br />

de Naulila<br />

1974 – Abre a Novóptica, na<br />

Rua José Malhoa<br />

1994 - Abre a Óptica da Praça,<br />

na Praça da República, ao<br />

lado da ourivesaria. E fecha<br />

o estabelecimento no Largo<br />

Heróis de Naulila.<br />

1999 – A firma compra a Óptica<br />

Ramiro, na Rua José Malhoa<br />

2007 – Encerramento da<br />

Óptica da Praça


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Maratona – o café dos anos sessenta que é hoje um<br />

“Foi “Foi “Foi sem sem sem nada nada que que ele ele foi foi<br />

foi<br />

para para para África África e e foi foi sem sem sem nada nada que<br />

que<br />

ele ele voltou voltou de de África” África”. África” É assim<br />

que José Elói, 36 anos, resume<br />

uma boa parte da vida do seu<br />

pai, Eloy Vale (1934-2005), que<br />

criou uma importante empresa<br />

comercial em Moçambique, perdida<br />

durante a descolonização.<br />

Em 1975, ao regressar à exmetrópole,<br />

o empresário não<br />

teve outro remédio a não ser começar<br />

do nada e iniciar em S.<br />

Martinho uma fábrica que não<br />

teve êxito, acabando por vir para<br />

as <strong>Caldas</strong> iniciar-se no negócio<br />

da restauração.<br />

Mas comecemos pelo princípio.<br />

Eloy Nunes Varela Ramos do<br />

Vale nasceu em Molelos (Tondela),<br />

em 1934, filho de gente<br />

pobre. Escapa à labuta do campo<br />

e parte para Moçambique “em “em<br />

“em<br />

busca busca do do sonho sonho africano” africano”,<br />

africano”<br />

como conta o seu filho, José Elói.<br />

“Começou “Começou do do nada, nada, mas mas mas lá<br />

lá<br />

José José Eloi, Eloi, 36 36 anos, anos, prossegue prossegue o o negocio negocio da da família família num num Maratona Maratona renovado<br />

renovado<br />

Eloy Eloy Vale Vale e e e Filomena Filomena Vale Vale foram foram durante durante mais mais mais de de 20 20 anos<br />

anos<br />

o o o rosto rosto do do Maratona<br />

Maratona<br />

deixou deixou deixou um um pequeno pequeno império<br />

império (na Rodoviária) e em 1980 o Café e que não foi fácil o relaciona- este este este seria seria o o o meu meu futuro. futuro. Só Só<br />

Só Em 2009 fecha quatro meses Maratona é uma referência na<br />

de de lojas, lojas, lojas, fábricas fábricas e e armazéns<br />

armazéns Maratona. Durante 12 anos exmento familiar durante a juvenemem 2001 2001 é é é que que assumi assumi o o propro-<br />

para obras e reabre depois com cidade em termos de qualidade<br />

que que comercializavam, comercializavam, comercializavam, desde<br />

desde plorará os dois estabelecimentude. Saiu do “métier” que apren- jecto jecto uma uma forma forma forma clara, clara, o o que<br />

que um Maratona irreconhecível. de serviço. Nele trabalham 12<br />

um um alfinete alfinete alfinete até até toneladas toneladas toneladas de<br />

de tos, até que, em 1992, devido à dera, mas regressou mais tarde levoulevou o o o meu meu pai pai a a pôr pôr o o o negónegó-<br />

Prescinde da sala de jogos, um pessoas a tempo inteiro e sete<br />

cereais, cereais, exportando exportando mesmo<br />

mesmo doença da mulher, renuncia ao quando viu que a saúde dos pais cio cio no no meu meu nome” nome”. nome”<br />

espaço demasiado grande no em part-time, sobretudo estu-<br />

para para a a Europa Europa Europa e e América América do<br />

do<br />

dantes que ali fazem umas ho-<br />

Sul” Sul” Sul”. Sul”<br />

O 25 de Abril de 1974 e a consequente<br />

independência de Moçambique<br />

e a guerra civil naquele<br />

país, obriga-o a um regresso<br />

forçado, deixando para trás tudo<br />

Quem visita hoje o Maratona não dirá que este é um dos cafés mais antigos das <strong>Caldas</strong>. Data dos<br />

anos sessenta, mas a decoração é actual e o estabelecimento tem sido notícia devido a iniciativas<br />

inéditas e vanguardistas.<br />

A história de um café, hoje também restaurante, que transitou dos pais para o filho e a quem este<br />

soube dar continuidade.<br />

ras.<br />

“É “É um um negócio negócio muito muito de- dedependentependentependente dos dos recursos recursos humahumanosnos<br />

para para a a pouca pouca rentabilirentabili-<br />

dade dade que que tem” tem”, tem” diz José Elói. Só<br />

na cozinha estão sete pessoas,<br />

o que possuía. Acompanha-o a<br />

“uma “uma estrutura estrutura estrutura muito muito pesa- pesapesamulher, Antónia Filomena Velho Claras.<br />

não lhes permitia continuarem José Elói passou assim a ser o centro da cidade para estar tão da da da e e e que que é é a a menos menos visível” visível”, visível”<br />

Ramos do Vale (1945-2004), e José “Ele “Ele “Ele optou optou por por ficar ficar com com o o<br />

o sozinhos com o negócio. único detentor da firma Vale & desaproveitado, e transforma- mas decisiva para manter o pa-<br />

Elói, então um bebé, nascido dois Maratona Maratona Maratona porque porque o o tipo tipo de<br />

de A mãe morreria em 2004 e o Costa, Lda. Tinha 27 anos. o num restaurante com bar à tamar de qualidade que impôs.<br />

anos antes em Quelimane. espaço espaço era era mais mais vantajoso vantajoso vantajoso e<br />

e pai, a quem tinha sido diagnosti- Durante algum tempo não fez noite. E o café reaparece com À noite o conceito muda e o<br />

A família regressa às origens, podia podia ser ser trespassado trespassado para<br />

para cada uma doença grave alguns muitas alterações ao funciona- outra decoração e um serviço Maratona transforma-se num<br />

a Molelos, enquanto não decide qualquerqualquer actividade, actividade, ao ao concon-<br />

anos antes, estava cada vez mais mento do Maratona que, recor- completamente diferente. Uma bar. E vai surpreendendo com ini-<br />

que rumo dar à nova vida. Mas trário trário do do Claras Claras que que teria teria de<br />

de debilitado. Pouco a pouco o jode-se, era composto por uma assumida ruptura com o passaciativas arrojadas como a dos<br />

Eloy Ramos do Vale tem espírito ser ser sempre sempre um um café” café” café”, café” café” conta o vem foi assumindo de forma cada sala de jogos e por um café. do.<br />

jantares com menus feitos com<br />

empreendedor e pouco depois filho, que nessa altura já ajuda- vez mais séria a actividade dos “O “O “O meu meu pai pai era era um um empre- empre- empre- “Esta “Esta obra obra foi foi feita feita porque<br />

porque recurso a técnicas de esferifica-<br />

está em S. Martinho do Porto a va os pais nos dois estabeleci- pais. E foi-se tornando um emsáriosário à à antiga, antiga, que que fazia fazia muimui-<br />

achei achei que que o o conceito conceito conceito tinha tinha de<br />

de ção, liofilização e gelificação.<br />

investir numa fábrica de placas mentos.presário.<br />

tas tas contas contas e e não não avançava<br />

avançava ser ser alterado, alterado, mas mas teve teve qq<br />

que q que<br />

ue<br />

“Hoje “Hoje o o meu meu pai pai teria teria orgu- orguorgude cimento que, contudo, não “Comecei “Comecei a a aprender aprender a a pro- pro- pro- “Ao “Ao princípio princípio não não tinha tinha as<br />

as de de imediato” imediato”, imediato” conta. Por isso o serser primeiro primeiro primeiro pensado pensado e e tratra-<br />

lho lho lho no no Maratona”<br />

Maratona”, Maratona” diz.<br />

teve sucesso e fecha em 1979. fissão fissão fissão com com 12 12 12 anos” anos”, anos” diz. Mas coisas coisas definidas. definidas. definidas. Vim Vim para para o<br />

o filho também demorou algum balhado. balhado. Não Não Não basta basta a a a obra<br />

obra<br />

O empresário vem para as Cal- nessa altura não contava seguir café café para para responder responder responder a a a uma<br />

uma tempo até se decidir por uma física,física, era era preciso preciso ir ir ir mais mais lonlon-<br />

Carlos Carlos Cipriano Cipriano<br />

Cipriano<br />

das da Rainha onde, em 1978, as pisadas dos pais. José Elói connecessidade,necessidade, para para desenrasdesenras-<br />

autêntica revolução no estabe- ge ge para para haver haver retorno” retorno” retorno”. retorno” retorno”<br />

cc@gazetacaldas.com<br />

toma de trespasse o Café Claras fessa que era um pouco rebelde car. car. car. Não Não Não pensava pensava então então que que<br />

que lecimento.<br />

A aposta foi ganha e hoje o<br />

Jovens Jovens caldenses caldenses dos dos anos anos sessenta. sessenta. sessenta. Da Da esquerda esquerda para para a a direita, direita, Ana Ana Ana Belo Belo Nascimento,<br />

Nascimento,<br />

Helena Helena Magalhães Magalhães e e Francisco Francisco Francisco Vieira Vieira Lino<br />

Lino<br />

O O café café pouco pouco antes antes de de ser ser remodelado<br />

remodelado


símbolo de modernidade das <strong>Caldas</strong><br />

Tudo começou com uma pista de corridas<br />

O Maratona terá sido inaugurado<br />

no Outono de 1966, de acordo<br />

com José Elói, que recupera<br />

agora a memória deste emblemático<br />

café. Certo mesmo é que<br />

o alvará data de 15/02/1967 e que<br />

a primeira sociedade que explorava<br />

aquele espaço se chamava<br />

Maratona Centro Ideal de Diversões,<br />

Lda.<br />

O nome não era inocente. Os<br />

seus sócios, onde se incluíam alguns<br />

dos mais destacados cidadãos<br />

caldenses da época (Abílio<br />

Flores, Eng. Arroz, Bento Monteiro,<br />

Hergildo Velhinho (autor do<br />

mural ainda hoje existente na<br />

entrada do restaurante) eram<br />

apaixonados na época por um<br />

desporto emergente que eram as<br />

corridas de carros eléctricos telecomandados.<br />

O Maratona tinha,<br />

por isso, como principal objectivo<br />

criar um espaço onde existisse<br />

uma pista de corridas. Ao que<br />

consta esta terá sido uma das<br />

melhores do país.<br />

O café surge como um complemento<br />

à pista de carros, e sendo<br />

este um desporto um pouco elitista<br />

na altura, o estabelecimento<br />

transforma-se logo desde o seu<br />

início num dos mais finos da cidade,<br />

imagem que manteve durante<br />

longos anos.<br />

Mas as modas passam e a dos<br />

carros de corrida também passou.<br />

Por outro lado, as sociedades com<br />

muitas pessoas envolvidas tornam-se<br />

difíceis de gerir e o Maratona<br />

fecha em fins de 1970 para<br />

reabrir pouco depois com uma<br />

nova firma, datada de 4/02/1971 e<br />

intitulada Sociedade de Empreendimentos<br />

Turísticos Primavera<br />

Caldense Lda, constituída por<br />

Manuel Santos, José Vardasca,<br />

António Silvestre e António Vazquez.<br />

Terá sido esta sociedade que<br />

viria a dar inicio ao Salão de Jogos<br />

Maratona, retirando a pista<br />

de carros e colocando cinco bilhares<br />

e um snooker grande.<br />

Com estes proprietários o estabelecimento<br />

durou uma década<br />

pois em finais de 1979, inícios<br />

de 1980, o Maratona volta a fechar<br />

portas, numa situação de<br />

total falência com muitos dos<br />

seus bens penhorados pelas Finanças.<br />

Em 24 de Junho de 1980 é criada<br />

a empresa Vale e Costa Lda.<br />

constituída por Eloy Ramos do<br />

Vale e Antónia Filomena Costa<br />

Velho Ramos do Vale, pais de José<br />

Elói. O alvará de licença data de<br />

11/12/1980, mas o estabelecimento<br />

apenas virá a reabrir portas em<br />

4/03/1982, com a introdução na<br />

sala de jogos de umas inovações<br />

absolutamente fantásticas para<br />

a época - máquinas de vídeo e<br />

flippers!<br />

O café manteve sempre a sua<br />

actividade regular, sendo reconhecido<br />

pela sua qualidade e bom<br />

gosto. Na sala de jogos foi-se trocando<br />

alguns bilhares por snookers,<br />

surgindo em 1984 o grande<br />

boom das máquinas de poker, situação<br />

que durou até ao governo<br />

de então voltar a proibir a exploração<br />

dos referidos jogos a di-<br />

nheiro (algures em finais de 1985).<br />

Nos anos oitenta as <strong>Caldas</strong> da<br />

Rainha estão inundadas de cafés,<br />

não pertencendo mais o Maratona<br />

à meia dúzia de estabelecimentos<br />

desse tipo que tinham<br />

marcado os últimos vintes anos<br />

na cidade.<br />

Mas o casal Eloy e Filomena<br />

Vale aguenta-se no negócio. Afinal<br />

havia uma história, um nome<br />

feito e uma localização central na<br />

cidade.<br />

Em 30/09/2000 Filomena Vale<br />

cessa funções como sócia gerente,<br />

devido a doença, sendo substituída<br />

três meses depois por José<br />

Elói do Vale, seu filho.<br />

“Nos “Nos anos anos seguintes seguintes e e de<br />

de<br />

uma uma forma forma natural natural natural o o meu meu pai<br />

pai<br />

foi-se foi-se afastando afastando por por motivos<br />

motivos<br />

de de doença, doença, vindo vindo a a falecer falecer a<br />

a<br />

minha minha mãe mãe a a em em Abril Abril de de de 2004,<br />

2004,<br />

com com com 59 59 anos, anos, e e o o o meu meu pai pai em<br />

em<br />

Maio Maio do do ano ano seguinte seguinte com com 70<br />

70<br />

anos.anos. Fui Fui introduzindo introduzindo gradugradu-<br />

almente almente novos novos novos conceitos conceitos de<br />

de<br />

cafetaria cafetaria e e refeições refeições refeições ligeiras<br />

ligeiras<br />

que que culminaram culminaram em em 2009 2009 com<br />

com<br />

asas obras obras de de remodelação remodelação e e e alalteraçãoteração<br />

da da antiga antiga sala sala de de jojo-<br />

gos gos em em Restaurante Restaurante Lounge<br />

Lounge<br />

Bar. Bar. Fechei Fechei em em 13 13 13 de de Fevereiro<br />

Fevereiro<br />

dessedesse ano ano e e reabri reabri com com a a terter-<br />

ceira ceira geração geração Maratona Maratona em<br />

em<br />

10 10 10 de de de Maio”<br />

Maio”, Maio” Maio” conta José Elói.<br />

Na remodelação houve o cuidado<br />

de recrear elementos do<br />

projecto original, manter outros<br />

do intermédio, e ao mesmo<br />

tempo criar uma estética moderna<br />

e actual, com o propósito de<br />

manter viva a história do espaço.<br />

O rosto dessa “terceira geração<br />

Maratona” diz agora que se<br />

sente “totalmente “totalmente compensa-<br />

compensacompensado<br />

do do pelo pelo pelo resultado resultado final final dessa<br />

dessa<br />

remodelação,remodelação, ao ao qual qual ninninnin- guém guém fica fica indiferente”<br />

indiferente”.<br />

indiferente”<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

Uma café que marcou uma época<br />

“Aquela “Aquela pista pista era era um um espectáculo”<br />

espectáculo”<br />

O meu pai não foi sócio fundador da<br />

Maratona, mas esteve ligado ao projecto<br />

desde o início pois foram os Móveis Serrano<br />

que fizeram o mobiliário do café, na<br />

altura muito moderno para a época e para<br />

a cidade. Lembro-me perfeitamente de<br />

lá estar antes da inauguração e depois<br />

na pista dos carrinhos, que eu adorava<br />

ver, mas como era muito pequeno e não<br />

tinha dinheiro para um dos super bólides, andava por vezes com<br />

os carros da casa, que se podiam alugar, ou algum amigo me<br />

emprestava um para dar umas voltas. Aquela pista era um espectáculo<br />

e quando foi retirada vi-a mais tarde desmontada num<br />

armazém na quinta do meu tio Henrique Sales Henriques.<br />

Depois da pista vieram os bilhares e uma mesa de snuker, ao<br />

fundo, onde joguei muitas vezes com os meus amigos, especialmente<br />

quando não tínhamos aulas na Escola Comercial e Industrial,<br />

e mais tarde quando vínhamos de Lisboa de férias. Nessa<br />

altura o Maratona era um ponto de encontro para a rapaziada<br />

das <strong>Caldas</strong>.<br />

O O campeão campeão campeão de de de Fórmula Fórmula 1<br />

1<br />

Carlos Carlos Gouveia<br />

Gouveia<br />

Quando tinha 18 anos, João Paneiro foi<br />

várias vezes medalhado e ganhou taças por<br />

ter conseguido cortar a meta à frente dos<br />

adversários nas corridas de carros que fazia<br />

no Maratona. Apesar de se tratarem de miniaturas,<br />

nem por isso se poderia prescindir<br />

de uma boa dose de destreza, reflexos rápidos<br />

e até uma dose de coragem para arriscar<br />

fazer curvas em grande velocidade sem arriscar um despiste que<br />

desse cabo de uma daqueles caríssimos modelos.<br />

Era assim no Maratona dos anos sessenta. Nas <strong>Caldas</strong> da<br />

Rainha havia um grupo de gente crescida que era fã das corridas<br />

de automóveis e o café era o ponto de encontro onde se assistia<br />

às provas, se discutia a tecnologia e os componentes do vários<br />

modelos e, naturalmente, se disputavam torneios.<br />

“Havia “Havia um um senhor senhor chamado chamado Fernando Fernando da da Ponte Ponte e e Sou- SouSou- sa, sa, proprietário proprietário da da Secla, Secla, então então já já com com mais mais de de 60 60 anos,<br />

anos,<br />

que que tinha tinha muitos muitos e e e bons bons carros carros e e pouca pouca habilidade. habilidade. Por<br />

Por<br />

isso isso emprestava emprestava a a alguns alguns jovens jovens da da sua sua confiança confiança para<br />

para<br />

os os conduzir. conduzir. conduzir. Eu Eu Eu era era um um desses desses desses felizes felizes contemplados contemplados e e de de<br />

de<br />

repetente repetente passei passei a a a ter ter uma uma panóplia panóplia de de carros carros high high tec tec à<br />

à<br />

minha minha disposição. disposição. Lembro-me Lembro-me de de de um um um super super fórmula fórmula 1 1 com<br />

com<br />

tracção tracção às às quatro quatro rodas rodas que que utilizei” utilizei”. utilizei” João Paneiro conta<br />

que aquelas corridas lhe davam “um “um gozo gozo enorme” enorme” e que são<br />

muito gratas as recordações que guarda daquele período.<br />

A febre do modelismo ainda durou alguns anos, mas entretanto<br />

a cursar engenharia para Lisboa e só aos fins-de-semana<br />

vinha às <strong>Caldas</strong>, muitos deles ocupados a estudar. As velozes<br />

corridas de automóveis acabou por ser apenas uma recordação.<br />

Mas hoje, com 63 anos e reformado, ainda guarda alguns dos<br />

galardões que recebeu na altura.<br />

Imagens Imagens dos dos anos anos oitenta. oitenta. Mais Mais do do que que um um simples simples café, café, o o Maratona Maratona esteve esteve sempre sempre associado associado ao ao recreio, recreio, primeiro primeiro com com uma uma pista pista de de automóveis automóveis e e depois depois com com as as máquinas máquinas de de de jogos jogos e e bilhares<br />

bilhares<br />

C.C.<br />

C.C.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Túnica – A primeira loja especializada em produtos d<br />

“Fomos “Fomos a a primeira primeira primeira casa casa casa es- eses- pecializada pecializada em em artigos artigos para<br />

para<br />

bebé bebé nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e na na região região”, região região<br />

conta Fernanda Tomás, explicando<br />

que o seu marido, depois de ter<br />

passado pela Casa Tomás ainda<br />

laborou para a firma de Serafim<br />

Moreira - onde é hoje a Açoteia - e<br />

passou por uma loja–atelier na<br />

Marinha Grande.<br />

Depois de fazer a tropa, e já casado,<br />

Carlos Tomás iniciava o seu<br />

próprio negócio. “Arrendámos Arrendámos Arrendámos em<br />

em<br />

1970 1970 um um espaço espaço na na Rua Rua das<br />

das<br />

Montras Montras numa numa época época em em que<br />

que<br />

nãonãonão havia havia havia muitas muitas lojas lojas dispodisponíveisníveis<br />

e e o o aluguer aluguer era era caríssicaríssi-<br />

mo mo”, mo disse a empresária, que hoje<br />

toma um papel de relações públicas<br />

deixando a gestão aos dois filhos.<br />

A Túnica arrancou com a venda<br />

de tecidos a metro, atoalhados e<br />

Fernanda Fernanda e e Carlos Carlos Tomás, Tomás, o o casal casal fundador fundador da da Túnica<br />

Túnica<br />

no no início início dos dos anos anos setenta<br />

setenta<br />

Fernanda Fernanda e e os os filhos, filhos, Alexandre Alexandre e e Dulce. Dulce. A A segunda segunda segunda geração geração geração gere gere gere a a Túnica Túnica com com os<br />

os<br />

mesmos mesmos valores valores dos dos pais<br />

pais<br />

lingerie, tirando partido da sua ex- trabalhar trabalhar trabalhar”, trabalhar lembrou a fundadora. contar com pais e sogros “mas, “mas,<br />

“mas, nunca tinha trabalhado com pe- recebimento das horas extraordi- to to to de de uma uma factura factura”, factura contou a funperiência<br />

nas casas onde já traba- Devido a este facto, o seu lugar na felizmente, felizmente, felizmente, nunca nunca nunca precisámos”<br />

precisámos”,<br />

precisámos” ças de roupa tão pequenas, mas nárias, preferindo ser compensadadora que não gosta de trabalhar<br />

lhara. “Daquela “Daquela geração, geração, fomos fomos<br />

fomos Contabilidade no Hospital Distrital disse.<br />

de um dia para o outro acabaram da em tempo livre para poder a crédito e aproveita sempre todas<br />

dosdosdos primeiros primeiros a a arrancar arrancar sozisozi-<br />

começou a ser cobiçado.<br />

com os tecidos e inovaram o co- acompanhar o marido aos forne- as oportunidades de pronto paga-<br />

nhos nhos”, nhos disse Fernanda Tomás, re- “Quando Quando o o o meu meu chefe, chefe, o o o sr.<br />

sr. “Oh “Oh Fernanda, Fernanda, traz-me<br />

traz-me mércio local apresentando uma cedores a fim de conhecer as nomento. “Não “Não se se dava dava o o passo<br />

passo<br />

cordando que antes de ser Túnica, Manuel Manuel Valente Valente Sanches Sanches me<br />

me roupinhas roupinhas roupinhas de de de bebé bebé de de de Lisboa”<br />

Lisboa” casa comercial totalmente dedivas colecções.<br />

maior maior maior que que que a a a perna perna”, perna conta a ma-<br />

a loja arrendada era a Pastelaria veio veio veio informar informar que que havia havia três três ou ou<br />

ou<br />

cada ao bebé. O carrinho do pri- “Às Às vezes vezes vezes saíamos saíamos às às às qua- qua- qua- qua- qua- triarca, explicando que esse espíri-<br />

do Sr. Martins, da qual “ainda “ainda te- te- te- quatroquatro pequenas pequenas que que que já já lhe lhe titi-<br />

Corria o primeiro ano da abertumeiro filho, Alexandre, “já “já foi<br />

foi tro tro tro da da manhã manhã para para estar estar às<br />

às to foi passado aos filhos.<br />

nhonhonho alguns alguns móveis móveis dessa dessa altualtualtu- “Creio Creio que que que houve houve sempre sempre<br />

sempre<br />

ra ra”. ra Para a época, “o o trespasse<br />

trespasse<br />

uma uma grande grande dedicação dedicação e e e muito<br />

muito<br />

era era razoável, razoável, mas mas muito muito caro<br />

caro Carlos Tomás (1942-2005) foi marçano da casa comercial do seu tio, na Casa Tomás, situada na<br />

trabalho trabalho”, trabalho reforçou. A loja até po-<br />

era era o o valor valor do do do arrendamento<br />

arrendamento”.<br />

arrendamento<br />

arrendamento<br />

Para encetar um novo negócio<br />

Carlos Tomás teve de sair da casa<br />

comercial onde laborava enquanto<br />

Fernanda Tomás - então funcionária<br />

da Contabilidade no Hospital –<br />

nunca teve intenção de deixar o seu<br />

emprego.<br />

Praça da Fruta e começou a trabalhar novo, aos 13 anos. Mal sabia então que com 28 anos e com a<br />

ajuda da sua esposa, então com 24, iria começar o seu próprio negócio na principal rua comercial<br />

das <strong>Caldas</strong>. “Não “Não “Não “Não “Não foi foi foi foi foi nada nada nada nada nada fácil…” fácil…” fácil…”, fácil…” fácil…” recorda a viúva Fernanda Tomás, mulher de força e coragem,<br />

que sempre apoiou o seu marido e o ajudou a tomar decisões.<br />

Juntos construíram as bases do grupo Túnica - hoje com três espaços comerciais nas <strong>Caldas</strong> exclusivamente<br />

dedicados aos produtos para bebé e criança – e no qual já participam na gestão os filhos<br />

do casal, Alexandre e Dulce. As três lojas facturaram 734 mil euros em 2008.<br />

deria fechar às sete da tarde, mas<br />

era frequente saírem do estabelecimento<br />

à uma e tal da manhã pois<br />

era àquela hora que ficavam prontas<br />

as montras. “Quando Quando Quando saía- saíasaíamosmosmos era era frequente frequente encontrarencontrarmosmos<br />

o o casal casal da da Zélu Zélu que que tamtam-<br />

bém bém bém saía saía saía muito muito tarde tarde da da sua<br />

sua<br />

No início era o seu salário que<br />

loja loja”. loja<br />

garantia o pagamento da renda. nham nham pedido pedido para para ficar ficar com com o o<br />

o ra da Túnica e Fernanda Tomás ia comprado comprado comprado a a um um dos dos nossos<br />

nossos oitooito na na na porta porta porta do do Pimenta Pimenta Pimenta MaMa-<br />

São os próprios proprietários<br />

Tomaram a decisão de arrendar a meu meu lugar, lugar, tive tive que que lhe lhe explicar<br />

explicar com muita frequência a Lisboa a fornecedores<br />

fornecedores”, fornecedores contou a funda- chado chado em em Guimarães<br />

Guimarães”, Guimarães recor- que fazem a decoração das lojas e<br />

loja aproveitando o facto de Ferquequeque este este este não não estava estava à à à disposidisposi-<br />

reuniões no Ministério da Saúde. dora.da.<br />

das montras e mantêm como símnanda<br />

ter então sido aumentada ção” ção” e que dependiam daquele Era habitual as suas colegas pedi- O casal Carlos e Fernanda To- Hoje parece incrível a Fernanda bolo a mesma máquina registado-<br />

de 2350$00 (11,72 euros) para 2450$00 salário para assegurar o negócio. rem-lhe para trazer roupas de más acabava por servir de exem- Tomás como cabia tudo na loja da ra que já tinha vindo com o trespas-<br />

(12,22 euros). “Sobravam-nos<br />

Sobravam-nos<br />

A sua mãe também era funcio- bebé, cuja oferta quase não exisplo e incentivar outros comercian- Rua das Montras. “Chegámos Chegámos a a<br />

a se da pastelaria. O máximo que dava<br />

apenas apenas 50$00 50$00 [25 cêntimos] pois<br />

pois nária pública e Fernanda Tomás fez tia nas <strong>Caldas</strong>.<br />

tes a tomar em mãos os seus ne- ter ter expostas expostas 10 10 camas camas de de bebé<br />

bebé era 9.999 escudos e havia compras<br />

a a renda renda era era 2400$00 2400$00 [12 euros], o curso geral do Comércio na Esco- “Nós Nós Nós também também estávamos<br />

estávamos gócios. Ao fim do dia “juntávajuntáva e e várias várias banheiras, banheiras, não não me<br />

me relacionadas com o enxoval dos bap-<br />

muito muito dinheiro dinheiro dinheiro naquela naquela naquela época época”, época la Comercial e Industrial. “Para<br />

“Para ansiosos ansiosos pelo pelo primeiro primeiro filho filho filho e e<br />

e mo-nos mo-nos aqui aqui a a a conversar, conversar, à à<br />

à perguntepergunte como, como, mas mas tínhatínhatizados<br />

e que ultrapassavam os 10<br />

recordou, acrescentando que o ma- grande grande desgosto desgosto do do meu meu pai<br />

pai eu eu eu passei passei passei a a a comprar comprar roupa roupa e e a a<br />

a porta porta da da loja loja”, loja recordou, dizen- mos mos”. mos Passados alguns anos, co- contos, logo tinha que se colocar a<br />

rido, quando saiu da última casa nãonão quis quis estudar estudar mais, mais, já já nanachamarchamar<br />

a a atenção atenção do do meu meu mamado<br />

ainda que havia então intermeçaram a investir na especiali- diferença num outro registo. Agora,<br />

comercial, já ganhava 3300$00 (16,46 moravamoravamorava o o meu meu marido marido e e e queríquerí-<br />

rido rido para para esta esta esta necessidade necessidade de<br />

de ajuda e aconselhamento sobre o zação dentro da mesma área e cri- com os euros, “já “já está está tudo tudo bem<br />

bem<br />

euros).<br />

amos amos casar... casar... casar...”. casar... casar... Segundo a viúva, mercado mercado”, mercado recordou Fernanda To- que fazer em relação aos negóciaram mais dois espaços comercioutraoutra vez vez pois pois não não vendo vendo a a ninninnin- Nos anos 70 não era normal nas Carlos Tomás tinha alergia aos esmás que diz que a vontade do caos.ais na cidade.<br />

guém guém guém 9.999 9.999 9.999 euros euros em em roupa roupa para<br />

para<br />

<strong>Caldas</strong> que as esposas dos comertudos “mas “mas “mas era era um um autodidacta<br />

autodidacta sal de ter um filho acabou por de- A empresária sempre fez e con- “Ao Ao fim fim do do do dia dia ou ou do do mês, mês, mês, o<br />

o criança criança”, criança disse Fernanda Tomás.<br />

ciantes trabalhassem. “Desde “Desde que<br />

que maravilhoso<br />

maravilhoso<br />

maravilhoso”.<br />

maravilhoso<br />

terminar a mudança de negócio tinua a fazer a escrita das suas dinheiro dinheiro que que entra entra na na caixa caixa não não<br />

não<br />

sese abrisse abrisse uma uma loja, loja, as as senhosenho-<br />

Quando abriram portas, a 15 de de têxtil lar para produtos de bebé. lojas e recorda que já mesmo quanééé nosso. nosso. Nunca Nunca em em 40 40 anos anos tititi- Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

ras ras ras adquiriam adquiriam adquiriam o o estatuto estatuto de de não<br />

não Junho de 1970 sabiam que podiam Carlos Tomás dizia à esposa que do estava no Hospital, abdicava do vemosvemos um um atraso atraso de de pagamenpagamen-<br />

nnarciso@gazetacaldas.com<br />

A A loja loja da da Rua Rua das das Montras Montras em em 1971 1971 quando quando ainda ainda não não se se dedicava dedicava dedicava a a produtos produtos para para bebé, bebé, o o que que viria viria a a acontecer acontecer pouco pouco pouco tempo tempo depois depois<br />

depois


e bebé celebra o 40º aniversário<br />

“Nos anos setenta <strong>Caldas</strong> tinha uma grande<br />

capacidade de atracção que hoje não tem”<br />

“Naquela “Naquela época época as as <strong>Caldas</strong><br />

<strong>Caldas</strong> metros quadrados de exposição<br />

dada Rainha Rainha tinha tinha uma uma capacicapaci-<br />

distribuídos por dois pisos. “Nas Nas<br />

dade dade de de atracção atracção comercial<br />

comercial <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> não não existia existia este este concei- conceiconceimuitomuitomuito maior, maior, não não tem tem compacompa-<br />

to, to, to, aplicámos aplicámos um um modelo modelo que<br />

que<br />

ração ração com com o o que que há há hoje hoje”, hoje dis- havia havia noutros noutros países, países, que que é é é o<br />

o<br />

seram Alexandre Tomás, de 38 da da especialização especialização das das grande<br />

grande<br />

anos e Dulce Tomás, de 37, recor- cadeias” cadeias”, cadeias” contaram.<br />

dando que então não existia auto- Esta loja acabou por ter o mesestrada,<br />

internet, jornais nem remo impacto que o estabelecimenvistas<br />

da sociedade que ajudam a to da Rua das Montras quando se<br />

promover a estimular o consumo. especializou em produtos de bebé,<br />

Este era incentivado pela forma em 1972. O problema é que 20 anos<br />

como os produtos eram apresen- depois a realidade comercial era<br />

tados pelas lojas e consoante a<br />

notoriedade dos estabelecimentos<br />

diferente. Havia agora uma nova<br />

forma de concorrência da grande<br />

O O estabelecimento estabelecimento na na Rua Rua do do Jardim Jardim é é a a terceira terceira loja loja da<br />

da<br />

família família Tomás<br />

Tomás<br />

e da cidade.<br />

distribuição: abriam os hipermer- deixou incapacitado. Falecia quaentes quando surgiram os “ovos”<br />

“Há “Há “Há algo algo algo que que que ninguém ninguém ninguém nos<br />

nos cados. “Convém Convém Convém lembrar lembrar que que<br />

que tro anos depois.<br />

de transporte, com os pais a dizer<br />

tira tira - - - estamos estamos estamos cá cá há há 40 40 anos anos”, anos havia havia excursões excursões para para ir ir ir aos<br />

aos Nesses anos dramáticos para a que nunca iriam transportar os fi-<br />

dizem os responsáveis, que conti- primeiros primeiros hipermercados hipermercados à<br />

à família, Fernanda passa a dedicarlhos “numa numa coisa coisa torta torta”. torta Hoje toda<br />

nuam o negócio com mesmo em- Amadora Amadora e e mais mais tarde tarde a a Leiria Leiria”, Leiria se mais ao marido, remetendo o a gente possui aquele suporte, adappenho<br />

dos seus pais.<br />

disseram, recordando que esta for- negócio da família para os filhos. tável até ao automóvel, provando<br />

“Logo “Logo nos nos anos anos 70 70 acreditá- acreditá- acreditá- acreditá- ma de comercialização acabou por Alexandre tinha frequentado o cur- “que “que tudo tudo muda muda em em tão tão pouco pouco<br />

pouco<br />

mos mos que que que o o caminho caminho para para o<br />

o contribuir para a que apanhou o so de Direito e Dulce terminara já tempo tempo”, tempo remataram.<br />

sucesso sucesso era era a a especialização<br />

especialização comércio tradicional desprevenido uma licenciatura em Economia e tra-<br />

dentro dentro da da nossa nossa área área”, área contam, e foram muitas as lojas em diverbalhava num banco.<br />

<strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> deveria deveria deveria ter ter um um plano plano<br />

plano<br />

explicando que a determinada alsas localidades que tiveram que Estes herdaram os valores dos comercial comercial como como tem tem uma uma uma loja<br />

loja<br />

tura foi necessário especializar encerrar. Hoje, para combater as pais e é com orgulho que dizem que<br />

mais e criar novos espaços comer- grandes superfícies, “temos “temos que<br />

que “nunca “nunca incumprimos incumprimos uma uma fac- fac- fac- fac- fac- “A “A cidade cidade das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> devia<br />

devia<br />

ciais.aplicaraplicar<br />

fórmulas fórmulas e e adoptar adoptar eses-<br />

tura” tura” tura”. tura” tura” Se o negócio tem um segreterterter um um planeamento planeamento estratégiestratégi-<br />

Na família, a empresa Túnica tratégias tratégias de de competitividade<br />

competitividade do, dizem, este será “a aintegridaintegridacococo e e uma uma perspectiva perspectiva perspectiva comercicomercicomerci- “sempre sempre foi foi foi a a quinta quinta pessoa<br />

pessoa aguerridas aguerridas que que mantemos mantemos até<br />

até de, de, o o ser ser sério sério e e não não não enganar” enganar” enganar”. enganar” enganar” al al como como tem tem uma uma loja loja”. loja É o que<br />

na na na mesa mesa ao ao jantar jantar”, jantar contam os hoje hoje”. hoje<br />

A empresa labora com cinco defende Alexandre Tomás, suge-<br />

irmãos, referindo que nem sem- Quando abriram a Super Túnica, empregadas, além dos responsárindo eventos programados com um<br />

pre foi fácil, quando eram crian- já existia no Bairro Azul o Centro veis, desde há muitos anos, não mês de antecedência e “saber saber que<br />

que<br />

ças, tirar apenas mini-férias de dois Comercial Barão, o que ajudou a sendo politica da casa a rotatividaprodutosprodutos vender, vender, como como se se dede-<br />

a três dias, ou ficar a ajudar a dinamizar aquela zona.<br />

de do pessoal. “Aqui “Aqui “Aqui não não há há a<br />

a senvolve senvolve a a sua sua imagem, imagem, com<br />

com<br />

marcar babygrows enquanto os<br />

menina menina do do shopping” shopping”, shopping” contam que que preço preço e e para para para que que target target se se<br />

se<br />

amigos brincavam.<br />

“Aqui “Aqui não não há há a a menina menina do<br />

do Alexandre e Dulce Tomás explican- dirigem” dirigem”. dirigem”<br />

“Hoje Hoje o o comércio comércio comércio está está como<br />

como<br />

shopping”<br />

shopping”<br />

do que valorizam a experiência. Alexandre Tomás está preocu-<br />

os os casamentos: casamentos: hoje hoje casa-se<br />

casa-se<br />

“Contamos Contamos com com profissionais<br />

profissionais pado com o futuro da sua cidade e<br />

e e “descasa-se” “descasa-se” enquanto enquanto que<br />

que Já em 1996 decidem abrir a ter- competentes competentes e e empenhadas<br />

empenhadas do seu centro, que “está estáabandoabando- nos nos anos anos 70 70 era era para para toda toda a<br />

a ceira loja, esta na antiga Rua do que que vestem vestem a a camisola camisola”, camisola disse- nado nado e e é é crescente crescente a a falta falta falta de<br />

de<br />

vida vida”, vida disseram, fazendo um pa- Jardim, para o segmento de roupa ram, acrescentando que afinal “to- “to- “to- gentegente a a passear passear nas nas principiprincipiralelismo<br />

com o comércio actual dos oito aos 16 anos.<br />

dos dos dependemos dependemos do do sucesso<br />

sucesso ais ais ais artérias artérias”. artérias<br />

em que se abrem e fecham lojas Logo após a abertura da loja no dasdas lojas lojas e e todos todos sentem sentem a a TúTú-<br />

Preocupa-se com as áreas do<br />

que duram apenas meses. Bairro Azul, o pai Carlos Tomás, aos nica nica como como delas” delas”. delas”<br />

Bairro Azul e da Rua do Jardim, onde<br />

Em 1992, a loja da Rua das Mon- 54 anos, foi vítima de um AVC, “o<br />

“o Na Túnica já se vendeu um carri- tem as duas lojas “pois pois são são são somsomtras<br />

começou a tornar-se peque- que que me me obrigou obrigou a a assumir assumir mais<br />

mais nho de bebé que seguiu para Timor bras bras daquilo daquilo que que que já já já foram” foram”. foram” Diz<br />

na e por ideia de Alexandre To- responsabilidades responsabilidades responsabilidades e e a a crescer crescer<br />

crescer e um par de sapatos que seguiu que a principal cruzeta - formada<br />

más a família decide a abertura rapidamente rapidamente rapidamente naqueles naqueles meses meses”, meses para o Japão. Mais usual são os pela Rua Heróis da Grande Guerra,<br />

do segundo estabelecimento no conta Alexandre Tomás que, na al- envios de produtos para clientes no Rua das Montras e Miguel Bombar-<br />

Barro Azul, dedicado à puericultutura, tinha 24 anos. O pai recupera- Brasil e em Angola, cada vez mais da - ainda consegue algum dinara,<br />

mobiliário e brinquedos. ria deste susto, mas em 2001 viria a habituais.<br />

mismo, mas a preocupação deste<br />

Hoje aquele espaço tem 700 sofrer um segundo ataque que o “Temos “Temos uma uma uma cliente cliente em em Fran- Fran- Fran- empresário é grande. E isto porque<br />

ça ça que que compra compra compra tudo tudo por por telefone<br />

telefone vê o sucesso comercial como algo<br />

à à Elizabete Elizabete”, Elizabete contam os responsá- colectivo e não gosta que abram<br />

veis, que apostam forte no serviço lojas para encerrar passadas algu-<br />

pós-venda, outros das linhas de tramas semanas.<br />

balho que mantém desde o início. “Há Há uma uma década década as as <strong>Caldas</strong><br />

<strong>Caldas</strong><br />

Também enviaram carrinhos de estava estava estava comercialmente comercialmente a a par<br />

par<br />

bebé para a Suíça e vendiam muita com com com Leiria<br />

Leiria”, Leiria disse o empresário,<br />

roupa para os emigrantes. Se hou- que considera que actualmente<br />

vesse algum problema com os ta- “está está está muito muito próxima próxima de de Torres<br />

Torres<br />

manhos, deixavam que as pessoas Vedras Vedras e e de de Alcobaça, Alcobaça, quando<br />

quando<br />

trocassem as peças quando regresantesantes era era muito muito superior. superior. superior. EstaEstasavam<br />

nas férias, “sem sem nunca<br />

nunca mos mos a a perder perder terreno terreno a a olhos olhos<br />

olhos<br />

voltar voltar com com a a palavra palavra atrás, atrás, tal<br />

tal<br />

como como ainda ainda hoje hoje hoje fazemos fazemos”. fazemos<br />

vistos vistos”, vistos rematou.<br />

A A velha velha caixa caixa registadora registadora registadora já já passou passou passou dos dos escudos escudos para<br />

para Alexandre Tomás recorda tam- Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

os os euros euros euros e e mantém-se mantém-se mantém-se operacional<br />

operacional<br />

operacional<br />

bém com foi estranho para os cli- nnarciso@gazetacaldas.com<br />

“A nossa Natália<br />

tem umas mãos de<br />

ouro”<br />

“Trabalho Trabalho Trabalho nesta nesta casa casa há há 37 37 anos. anos. Entrei Entrei para para aqui aqui era<br />

era<br />

uma uma rapariga rapariga rapariga de de 16 16 anos anos e e e hoje hoje já já sou sou avó avó”. avó Palavras de<br />

Maria Natália Jesus, que entrou no início da empresa e conta<br />

como, em conjunto com Carlos e Fernanda Tomás, concretizaram<br />

muitas peças para bebé que então era muito difíceis de<br />

encontrar. “Fizemos “Fizemos muitas muitas forras forras para para colchões, colchões, saias,<br />

saias,<br />

vestidos vestidos e e até até cobertas cobertas para para vender, vender, vender, além além das das forras forras para<br />

para<br />

os os os cestos cestos de de verga verga para para para colocar colocar a a cosmética cosmética dos dos bebés” bebés”, bebés”<br />

lembrou a funcionária.<br />

Os clientes da Túnica continuam a vir de Peniche, Nazaré,<br />

Torres Vedras, Alcobaça, ou Rio Maior. “Temos Temos mantido mantido a<br />

a<br />

mesma mesma clientela, clientela, mesmo mesmo que que agora agora não não não tenha tenha a a mesma<br />

mesma<br />

disponibilidade disponibilidade financeira<br />

financeira”.<br />

financeira<br />

Conta também que as senhoras que vinham à Túnica comprar<br />

para os seus filhos vêm agora buscar roupa para os netos.<br />

“A “A “A nossa nossa Natália Natália tem tem tem umas umas mãos mãos de de ouro ouro”, ouro disse Fernanda<br />

Tomás, recordando como compravam espuma própria<br />

para fazer os colchões de bebé, forrados à mão. Também por<br />

causa do jeito para a costura, ajudou Alexandre Tomás a concretizar<br />

uma ideia original de decoração para a terceira loja da<br />

cadeia. Compraram vários tecidos e esferovite e forraram todo<br />

o tecto da loja da Rua do Jardim de forma original.<br />

Maria Natália Jesus passou da loja da Rua das Montras para<br />

a da Rua do Jardim e conta que alguns dos seus clientes, com<br />

idades entre os oito e os 15 anos, já vêm sozinhos escolher as<br />

peças e depois regressam com pais ou avós para adquirir o que<br />

mais gostam.<br />

Quando veio para a loja, Dulce teria seis ou sete meses e<br />

Alexandre mais um ano. “Eles Eles são são são os os meus meus patrões, patrões, mas mas na<br />

na<br />

verdade verdade é é como como como se se fossem fossem da da família família família pois pois andei andei com com eles<br />

eles<br />

ao ao colo colo”, colo rematou a empregada.<br />

CRONOLOGIA<br />

N.N.<br />

N.N.<br />

Maria Maria Natália Natália Jesus Jesus trabalha trabalha na na Túnica Túnica há há 37 37 37 anos<br />

anos<br />

1970 1970–<br />

Abre a Túnica na Rua das Montras para têxtil-lar<br />

1972 1972 1972 – Passa a dedicar-se em exclusivo a produtos para bebé<br />

1992 1992 – – Abre a segunda loja no Bairro Azul dedicada à puericultura,<br />

mobiliário e brinquedos<br />

1996 1996 – Abertura da terceira loja na Rua do Jardim dedicada à<br />

confecção para crianças dos oito aos 16 anos<br />

1998 1998 – Alargamento da segunda loja para o dobro da área<br />

2004 2004 2004 –Abertura do primeiro andar com showroom na loja do<br />

Bairro Azul<br />

2005 2005–<br />

Morte do fundador, Carlos Tomás<br />

2008 2008 2008 - Parque de estacionamento para clientes na loja do<br />

Bairro Azul


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Casa Antero – A cultura de beber vinho a copo desde<br />

O O casal casal Olímpia Olímpia e e Antero Antero Feliciano, Feliciano, os os filhos filhos Paulo Paulo e e Anabela Anabela Anabela e e a a neta neta Filipa. Filipa. Três<br />

Três<br />

gerações gerações que que que contam contam a a história história da da Casa Casa Antero<br />

Antero<br />

Corria o ano de 1957. Da estação<br />

dos comboios até ao “hospital<br />

dos banhos” existiam 58<br />

tabernas nas <strong>Caldas</strong>, mas o número<br />

não assustou Antero Feliciano,<br />

na altura com 27 anos e a<br />

tropa feita, que procurava dar um<br />

rumo diferente à sua vida que<br />

não o trabalho do campo que<br />

conhecia desde criança.<br />

Era o seu tio Manuel Calisto<br />

quem explorava a taberna “Coradinho”<br />

no Beco do Forno, e que<br />

o convidou para trabalhar com<br />

ele. “Tinha “Tinha um um balcão balcão de de pou- pou- pou- pou- pou-<br />

co co mais mais de de um um metro metro e e e uns uns<br />

uns<br />

bancos bancos corridos corridos”, corridos lembra Antero<br />

Feliciano, sentado agora<br />

num banco de madeira e apoiado<br />

numa mesa de tampo de pedra,<br />

que mantém fiel a rusticidade<br />

da que tem sido a sua casa<br />

nos últimos 53 anos.<br />

Antero Feliciano lembra, orgulhoso,<br />

que começou a trabalhar<br />

por sua conta no dia 1 de Agosto<br />

de 1957, altura em que comprou<br />

o espaço ao tio por 10 contos (50<br />

euros). Como não tinha dinheiro<br />

para efectuar a compra, foi pagando<br />

a prestações com o resultado<br />

do trabalho diário.<br />

Como clientes tinha sobretudo<br />

o pessoal da Fábrica de Móveis<br />

Serrano (que na altura dava<br />

emprego a 80 pessoas e se localizava<br />

onde é actualmente o Centro<br />

Comercial da Rua das Montras),<br />

os cobradores e motoristas<br />

dos Capristanos (rodoviária),<br />

os vendedores da Praça da Fruta<br />

e também os banhistas que frequentavam<br />

as termas.<br />

A qualidade do vinho era o<br />

“chamariz” das pessoas. Esse foi<br />

sempre uma aposta e o garante<br />

da freguesia, muita dela fiel ao<br />

espaço até aos dias de hoje.<br />

“Nessa “Nessa altura altura trabalhava-<br />

trabalhavatrabalhavase<br />

se se com com o o lápis lápis na na mão mão todos<br />

todos<br />

os os dias” dias”, dias” a apontar o fiado, que<br />

era pago, normalmente, ao sábado.<br />

Era também usual que a<br />

despesa não fosse totalmente<br />

saldada e, no seu livro de assentos,<br />

ficam registados alguns<br />

“calotes”.<br />

Em Setembro de 1958 Antero<br />

Feliciano casou com Olímpia Simão<br />

e levou-a para trabalhar na<br />

Casa Antero, começando a vender<br />

também comida. A segunda-feira<br />

era o dia de maior movimento<br />

pois era quando afluía<br />

à cidade grande parte da população<br />

das freguesias rurais.<br />

Nesse dia tinham três pratos<br />

disponíveis – dobrada, frango<br />

assado no forno e vitela de jardineira<br />

– alguns deles que ain-<br />

da hoje se mantêm.<br />

No resto da semana havia<br />

também peixe e os tradicionais<br />

petiscos que são uma das imagens<br />

de marca deste estabelecimento.<br />

“Naquele “Naquele tempo<br />

tempo<br />

houvehouve dias dias em em em que que que cozinhácozinhá-<br />

mos mos uma uma centena centena centena de de pargos<br />

pargos<br />

que, que, na na altura, altura, custavam custavam a<br />

a<br />

20 20 escudos escudos escudos [10 cêntimos] o<br />

o<br />

quilo, quilo, ao ao passo passo que que a a carne<br />

carne<br />

do do talho talho custava custava 28 28 escudos<br />

escudos<br />

[14 cêntimos]”, recorda Antero<br />

Feliciano.<br />

Também nessa altura a sua<br />

casa era muito procurada pelos<br />

mais de 30 funcionários dos Correios,<br />

assim como de outras<br />

empresas e serviços que funcionavam<br />

no centro da cidade.<br />

“Era “Era “Era um um corrupio corrupio de de manhã<br />

manhã<br />

à à noite” noite”, noite” lembra Antero Feliciano,<br />

assim como das multas que<br />

apanhou por também ali vender<br />

comida, quando apenas lhe era<br />

permitido vender bebidas.<br />

Nos primeiros anos os seus<br />

clientes eram maioritariamente<br />

homens. Uma das excepções<br />

A A taverna taverna continua continua a a a ser ser o o ex-libris ex-libris ex-libris da da empresa<br />

empresa<br />

era a esposa do Almirante Leonel<br />

Cardoso, que, indiferente à<br />

sua posição social, gostava de<br />

frequentar o estabelecimento e<br />

até de ajudar a sua esposa na<br />

cozinha, chegando muitas vezes<br />

a almoçar com eles.<br />

A taberna do Beco do Forno<br />

era ponto de encontro dos homens<br />

que, entre copos, jogavam<br />

às cartas e ao dominó.<br />

Foi também no ambiente familiar,<br />

entre os proprietários e<br />

clientes, que foram criados os<br />

dois filhos do casal, Paulo e Anabela<br />

Feliciano, que actualmente<br />

tomam conta do negócio, que<br />

inclui a Casa Antero, o restaurante<br />

Pachá e a padaria Pão<br />

Nosso Todos os Dias.<br />

Paulo, actualmente com 44<br />

anos, sempre ajudou os pais na<br />

taberna. “Quando “Quando não não conse- conseconse- guia guia fugir... fugir... para para ir ir viver viver a<br />

a<br />

vida” vida”, vida” recorda dos tempos de<br />

juventude. Mas, mas “mais “mais a a<br />

a<br />

sério” sério” começou a trabalhar<br />

quando deixou a tropa.<br />

Anabela Feliciano, de 51 anos,<br />

também conhece bem os cantos<br />

da casa onde nasceu. Sempre<br />

ajudou os pais, mesmo quando<br />

andava na escola. Contudo,<br />

e antes de vir dar continuidade<br />

ao negócio de família, ainda tomou<br />

conta de crianças, numa<br />

sala do mesmo prédio que alberga<br />

a Casa Antero e que pertence<br />

aos Feliciano.<br />

Vinho Vinho de de marca marca marca e e regional regional<br />

regional<br />

vendido vendido a a a copo<br />

copo<br />

A Casa Antero comemora no dia 1 de Agosto 53 anos de actividade. O negócio que começou com uma<br />

taverna do Beco do Forno em finais da década de 50, alargou-se a uma empresa hoteleira que integra<br />

também o restaurante Pachá e a padaria Pão Nosso de Todos os Dias.<br />

Paulo e Anabela Feliciano dão continuidade ao negócio iniciado pelos seus pais, Antero e Olímpia<br />

Feliciano, modernizando a adaptando aos tempos actuais um local que continua a ser de convívio e<br />

ponto de encontro obrigatório de muitos clientes.<br />

O vinho a copo, a par dos petiscos, continua a ser a referência deste espaço que, periodicamente,<br />

recebe exposições, tertúlias e jantares temáticos.<br />

Imagens Imagens antigas antigas que que mostram mostram o o convívio convívio e e camaradagem, camaradagem, característica característica desta desta casa casa comercial<br />

comercial<br />

Ainda hoje é a Casa Antero<br />

que continua a ser o cerne do<br />

negócio. Os actuais proprietários<br />

tentaram manter as características<br />

que tinha para continuar<br />

a agradar aos clientes mais<br />

antigos e cativar os mais novos.<br />

Continuam a vender vinho a<br />

copo, mas com a novidade de<br />

agora também comercializarem<br />

vinhos de marca de várias regiões.<br />

Ao todo têm 10 vinhos de<br />

ne ne assada, assada, presunto, presunto, fiambre<br />

fiambre<br />

e e ovo” ovo” ovo”. ovo” ovo”<br />

Agora a segunda-feira está<br />

completamente descaracterizada,<br />

constata o octagenário, que<br />

recorda o tempo em que as pessoas<br />

escolhiam o início da semana<br />

para vir à cidade e faziam-no<br />

de transporte público.<br />

Chegavam de manhã e só regressavam<br />

às suas terras à tarde,<br />

passando grande parte do<br />

tempo a conviver nestas casas.<br />

Durante décadas Antero Feliciano<br />

caminhou diariamente<br />

para a Praça da Fruta, onde comprava<br />

os produtos para confeccionar<br />

no estabelecimento que<br />

manteve durante 23 anos sem<br />

fechar um único dia. “Não “Não ha- haha- via via festa festa da da terra, terra, não não havia<br />

havia<br />

nada...” nada...”, nada...” conta, recordando que<br />

nem quando fizeram as obras<br />

de melhoramento para o restaurante<br />

fecharam a porta.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

Glossário do<br />

vinho a copo<br />

Copo Copo de de dois dois dois - copo mais<br />

marca a copo e mais três vinhos<br />

regionais. “Marca “Marca “Marca a a a diferen- diferen- diferen- diferenpequeno<br />

cheio de vinho<br />

Copo Copo de de três três – copo grande<br />

çaçaça e e tem tem tido tido uma uma boa boa boa receprecep-<br />

cheio de vinho<br />

tividade” tividade” tividade”, tividade” tividade” refere Paulo Feliciano,<br />

embora hoje as quantidades<br />

Ciganinha<br />

Ciganinha Ciganinha - garrafa de cer-<br />

consumidas fiquem aquém das veja (3dl) cheia de vinho tin-<br />

de antigamente.<br />

O pai, Antero Feliciano, recorto<br />

tirado do barril<br />

da que “enquanto “enquanto eu eu vendia<br />

vendia Traçado Traçado - vinho tinto com<br />

um um barril barril de de 180 180 litros litros por<br />

por<br />

dia, dia, havia havia havia casas casas casas em em que que um<br />

um<br />

gasosa<br />

barril barril de de 50 50 litros litros dava dava para para<br />

para Penalti Penalti – copo de 0,25 de vi-<br />

uma uma uma semana” semana” semana”. semana” semana” E houve mesmo<br />

um dia em que chegou a nho<br />

vender 200 litros de vinho ... a<br />

copo!<br />

Traçadinho Traçadinho de de ginja ginja – copo<br />

A segunda-feira era o dia de de aguardente e ginja<br />

maior movimento e, “houve “houve um um<br />

um<br />

dia dia em em em que que que contei contei o o o pão pão e<br />

e<br />

Catembe Catembe Catembe–<br />

copo de coca-cola<br />

passoupassou de de mil mil sandes sandes de de car- car- car- com vinho tinto


1957<br />

Tertúlias Tertúlias e e eventos eventos culturais culturais têm têm lugar lugar cativo cativo no no restaurante restaurante Pachá Pachá<br />

A A padaria padaria Pão Pão Nosso Nosso Todos Todos os os Dias Dias é é é a a mais mais recente recente aposta aposta desta desta sociedade sociedade hoteleira<br />

hoteleira<br />

Serviço e produtos de qualidade aliados a<br />

preços “simpáticos”<br />

“Foi sempre um local de encontro e convívio, que ainda<br />

hoje se mantém”<br />

Guilherme Santos, hoje com 60 anos,<br />

começou a frequentar a Casa Antero aos<br />

13. Tinha começado a trabalhar num es-<br />

Em 1972 Antero Feliciano comprou o prédio onde queijo da ilha. A inovação e a criatividade são<br />

entesentes tem. tem. “E “E tal tal tal é é o o amam-<br />

continua o estabelecimento e, em 1987, abriram o res- palavras de ordem porque estão conscientes<br />

biente biente que que aqui aqui se se vive<br />

vive<br />

taurante Pachá. Foi nesse mesmo ano que Paulo e a que as pessoas gostam de variar e a concor-<br />

que que os os empregados empregados se<br />

se<br />

irmã, Anabela, tomaram as rédeas do negócio. A decirência é cada vez mais feroz.<br />

critório na Rua do Jardim e ali ia buscar mantêm,mantêm, não não não se se renorenorenosão de o passar aos filhos foi tomada numa viagem Filipa Feliciano Rosário, de 25 anos, neta de sandes de manhã e à tarde. “Era “Era o<br />

o vam vam semanalmente,<br />

semanalmente,<br />

que o casal Feliciano fez a Espanha, mas o patriarca Antero e filha de Anabela Feliciano continua o melhor melhor melhor que que havia havia aqui aqui na na zona”,<br />

zona”, nem nem de de seis seis em em seis<br />

seis<br />

ainda esteve mais dois anos a comandar o barco. negócio da família. Tirou o curso de Contabili- diz, lembrando as sandes com dois pas- meses” meses” meses”, meses” meses” disse.<br />

“Têm “Têm feito feito feito um um bom bom trabalho” trabalho”, trabalho” diz, satisfeito, dade e como não conseguia arranjar trabalho téis de bacalhau e um bocadinho de O antigo cliente diz que os<br />

Antero Feliciano.<br />

decidiu fazer o estágio profissional no Pachá, manteiga. “Uma “Uma maravilha!”<br />

maravilha!”, maravilha!” excla- filhos de Antero consegui-<br />

Com capacidade para 45 lugares sentados, o res- a tratar principalmente da “papelada”. Um ano ma.ram<br />

dinamizar e modernizar<br />

taurante acabou por ser o desenvolvimento da taber- depois de fazer o estágio abriram a padaria e Aos sábados era dia de jogo de domi- a parte de restauração, que<br />

na que, na altura, já não tinha a capacidade para aco- Filipa ficou responsável pelo negócio. A jovem, nó com os amigos. “Foi “Foi sempre sempre um<br />

um tem actualmente uma clien- Os Os cunhados cunhados Francisco Francisco Ribeiro Ribeiro Ribeiro e<br />

e<br />

lher os muitos clientes que ali se dirigiam. O nome que mesmo antes de ali trabalhar, já ajudava a local local de de encontro encontro e e e convívio, convívio, convívio, que que<br />

que tela muito eclética. Não per- Guilherme Guilherme Santos Santos Santos são são são clientes clientes assíduos assíduos há<br />

há<br />

surgiu de umas férias em Benidorm (Espanha) onde família, pretende continuar com a actividade ainda ainda hoje hoje se se mantém” mantém”, mantém” conta Guide um jantar temático e con-<br />

existia uma cadeia hoteleira apelidada de Pachá, mas<br />

que ia mudar. “Aproveitei, “Aproveitei, pois pois pois fazia fazia fazia lembrar- lembrar- lembrar- lembrar- lembrar-<br />

me me esse esse tempo tempo de de férias” férias”, férias” brinca.<br />

que herda do avô. Tem muito pouco tempo livre,<br />

mas gosta do que faz. “É “É um um ambiente<br />

ambiente<br />

familiar” familiar”, familiar” diz.<br />

lherme Santos, que continua a ali ir quase<br />

todos os dias. “É “É o o santuário santuário aqui aqui<br />

aqui<br />

da da zona” zona”, zona” adianta, especificando que a<br />

sidera que “o “o Paulo Paulo está está para para futuro futuro e e<br />

e<br />

segue segue as as pisadas pisadas do do pai, pai, mantendo<br />

mantendo<br />

muita muita amizade amizade com com os os clientes” clientes”. clientes”<br />

o o que que ele ele[Antero<br />

Feliciano] me me fez” fez”, fez” disse<br />

Francisco Ribeiro, lembrando que trazia de<br />

casa, da Serra d’el Rei, duas ou três batatas<br />

Inovadores no conceito de prato do dia, os empre- Actualmente trabalham 12 pessoas nos três sua família já sabe que quando ele não<br />

com uma postinha de bacalhau e eles coziamsários<br />

garantem também um serviço e produtos de<br />

qualidade, aliados a preços “simpáticos” “simpáticos” para toda<br />

a gente.<br />

Os petiscos, de onde se destaca a salada de povo,<br />

de orelha, rins, moela, ovas, mexilhão de escabeche,<br />

ovos mexidos ou alheira, continuam a ser o ex-libris<br />

da casa e têm tido uma grande aceitação por toda a<br />

região. Têm clientes que vêm um pouco de todo o país<br />

para os provar.<br />

estabelecimentos da família Antero (quatro na<br />

cozinha, duas na padaria e mais três ao balcão).<br />

Nos últimos anos o Pachá teve uma facturação<br />

anual em torno dos 290 mil euros.<br />

No próximo Verão o número de funcionários<br />

vai aumentar com a vinda de um estagiário<br />

do curso de turismo da Escola Secundária<br />

Rafael Bordalo Pinheiro. As parcerias estendem-se<br />

a outros estabelecimentos, como com<br />

está em casa, só pode estar no Antero.<br />

O local é o mesmo de antes, mas foi<br />

modernizado, revela o cliente que, daquela<br />

altura, lembra-se de ver a D. Olímpia<br />

a sair da cozinha, pela porta que ainda<br />

hoje se mantém. “As “As mesas mesas eram<br />

eram<br />

diferentes, diferentes, os os bancos bancos são são outros,<br />

outros,<br />

masmas fazem fazem lembrar lembrar os os de de antigaantiga-<br />

mente” mente”, mente” diz, lembrando que a Casa<br />

“Coziam-me “Coziam-me as as as batatas batatas com com<br />

com<br />

bacalhau bacalhau que que trazia trazia de de casa”<br />

casa”<br />

Sentado na antiga taverna a acompanhar<br />

Guilherme Santos num prato de Bacalhau à<br />

Brás, estava o seu cunhado, Francisco Ribeiro,<br />

74 anos, também ele cheio de histórias.<br />

Frequenta a Casa Antero desde 1959, do tempo<br />

em que o chão era de cimento, a mesa em<br />

nas para o seu almoço. “Bebíamos “Bebíamos na na na altu- altualturara uma uma “ciganinha”, “ciganinha”, que que era era uma uma gargar-<br />

rafa rafa rafa de de de cerveja cerveja ([2,5dl] cheia cheia de de vinho<br />

vinho<br />

tinto tinto tinto tirado tirado tirado do do do barril barril e e era era apenas apenas essa<br />

essa<br />

a a despesa despesa que que que eu eu fazia” fazia”, fazia” recorda o cliente,<br />

que tinha na altura 23 anos e estava a estagiar<br />

no Tribunal Judicial das <strong>Caldas</strong>.<br />

Depois de estagiar foi colocado no Tribunal<br />

de Tomar onde esteve durante três anos,<br />

A sandes de ovo mexido com chouriço, uma espe- o turismo rural Casal da Eira Branca (Salir de Antero faz parte da vida de centenas de madeira com tampo de zinco, os bancos eram altura em que vinha aos fins-de-semana às<br />

cialidade que conta já com mais de três décadas, con- Matos).<br />

pessoas.<br />

corridos e o espaço era iluminado à noite com <strong>Caldas</strong> visitar a namorada e também a Casa<br />

tinua a ser muito procurada. Começou por ser vendida<br />

a 12$50 (6 cêntimos) e agora, na era do euro, custa<br />

1,30 euros a unidade.<br />

As paredes do Pachá convertem-se periodicamente<br />

em galeria de arte e a sala é muitas vezes anfitriã<br />

de eventos culturais, desde tertúlias, lançamentos de<br />

livros e jantares temáticos com animação musical.<br />

Paulo Feliciano reconhece que os tempos<br />

são difíceis. “Tenta-se “Tenta-se sobreviver sobreviver a a esta esta<br />

esta<br />

crisecrise com com com dificuldade, dificuldade, tem tem que que se se fafa-<br />

zer zer uma uma uma grande grande ginástica”<br />

ginástica” ginástica”, ginástica” conta o empresário,<br />

que se socorre da sua larga experiência<br />

no ramo para ter as coisas sempre mais<br />

ou menos preparadas para o caso de conse-<br />

Guilherme Santos não se lembra de<br />

assistir a uma zaragata naquela casa,<br />

realçando o espírito de amizade que reitera<br />

entre os donos e os clientes do espaço.<br />

Realça que esta é, provavelmente,<br />

a casa de restauração dentro da cidade<br />

que “mais “mais emprega emprega e e mais mais cli- cliclidois candeeiros a petróleo.<br />

Acompanhou a vida dos responsáveis e<br />

conhece os filhos desde que eram pequenos.<br />

“Foi “Foi uma uma grande grande família família que que que aqui aqui ad- adad- quiri quiri e e que que nunca nunca mais mais deixei” deixei” deixei”, deixei” deixei” conta,<br />

acrescentando que lhes deve favores que nunca<br />

conseguirá pagar. “Ninguém “Ninguém me me me fazia<br />

fazia<br />

Antero. Em 1963 casa e vem trabalhar para o<br />

Tribunal do Trabalho das <strong>Caldas</strong> (onde esteve<br />

até se reformar) e continua a ir aquele estabelecimento<br />

duas a três vezes por semana.<br />

“É “É uma uma casa casa do do melhor” melhor”, melhor” remata Francisco<br />

Ribeiro, que não se consegue decidir<br />

sobre qual dos petiscos prefere.<br />

O objectivo é simples: mudar para que o cliente<br />

quando voltar sinta que há sempre algo de novo, reveguir<br />

responder se houver uma enchente de<br />

clientes, mas “não “não estarmos estarmos estarmos a a inventar inventar<br />

inventar “O peixe saltava da camioneta e era levado para o<br />

la Paulo Feliciano, que gosta de preservar um elo de<br />

ligação com quem frequenta a sua casa. Uma carac-<br />

muito” muito”. muito” Cada dia é uma incógnita e se antes a<br />

quinta-feira era o dia mais fraco, agora já não fogareiro do Sr. Antero”<br />

terística que herdou do seu pai que revela que “coisa “coisa<br />

“coisa<br />

queque ainda ainda me me deixa deixa muito muito satisfeito satisfeito é é antianti-<br />

gos gos clientes clientes virem virem à à minha minha procura” procura”. procura”<br />

Padaria Padaria é é a a aposta aposta mais mais recente<br />

recente<br />

O conhecimento do fabrico do pão e a existência de<br />

espaço físico disponível levou os empresários a apostar<br />

numa nova área. Em Fevereiro de 2009 inauguravam<br />

a padaria Pão Nosso Todos os Dias, defronte da<br />

Casa Antero, no Beco do Forno. O cheiro que emana<br />

não deixa esconder as iguarias que diariamente ali<br />

são preparadas, como o pão com azeitona, com manjericão,<br />

com tomilho, com torresmos, leitão, bacalhau,<br />

ou o pão de diversos cereais.<br />

As tranças de salmão são das mais procuradas e<br />

a última novidade ao dispor dos clientes é o pão com<br />

se consegue definir. Paulo Feliciano continua<br />

a ver as <strong>Caldas</strong> como uma cidade com grandes<br />

características comerciais, mas que tem<br />

vindo a perder muitas das valências que criaram<br />

o pólo de outros tempos.<br />

Como projectos para o futuro, fixa o tentar<br />

manter o negócio, “sem “sem falhar falhar nem nem baixar<br />

baixar<br />

a a qualidade qualidade qualidade e e manter manter manter os os eventos” eventos”. eventos”<br />

A família, essa continua unida e a trabalhar<br />

na casa à qual dedicaram a sua vida. A D. Olímpia<br />

continua a ajudar no estabelecimento e o<br />

sr. Antero vai todos os dias de manhã às compras<br />

à Praça da Fruta....<br />

Fátima Fátima Ferreira Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

Natural da Vermelha, Herculano Ferreira,<br />

77 anos, trabalhou durante bastantes<br />

anos como cobrador e, mais tarde,<br />

motorista da empresa Claras (que sucedeu<br />

aos Capristanos e precedeu a Rodoviária<br />

Nacional). Começou a frequentar<br />

a Casa Antero há cerca de 50 anos<br />

durante a hora de almoço. “Se “Se “Se trazía- trazíatrazíamosmos almoço, almoço, a a D. D. Olímpia Olímpia aqueaque-<br />

cia-o cia-o cia-o e e comíamos, comíamos, senão senão íamos íamos à<br />

à<br />

praçapraça e e as as peixeiras peixeiras normalmennormalmennormalmentete<br />

davam-nos davam-nos davam-nos peixe, peixe, que que aqui aqui gregre-<br />

lhávamos lhávamos e e comíamos”<br />

comíamos”, comíamos” conta,<br />

acrescentando que o prato era sempre<br />

acompanhado de uma “ciganinha”.<br />

Naquele tempo o peixe era transportado<br />

para as <strong>Caldas</strong> em<br />

cima das camionetas da<br />

carreira, tanto de Peniche<br />

como da Nazaré. “E “E às<br />

às<br />

vezes vezes vezes quando quando aparecia<br />

aparecia<br />

um um peixe peixe peixe jeitoso, jeitoso, vinha<br />

vinha<br />

“muito “muito vivo” vivo” vivo” e e saltava<br />

saltava<br />

das das caixas caixas para para fora, fora, e<br />

e<br />

era era levado levado para para assar<br />

assar<br />

nono fogareiro fogareiro fogareiro do do do Sr. Sr. AnAn-<br />

O O casal casal Ferreira Ferreira ainda ainda hoje hoje vem vem da<br />

da<br />

tero” tero”, tero” recorda o funcioná-<br />

Vermelha Vermelha matar matar matar saudades saudades à à Casa Casa Antero<br />

Antero<br />

rio dos Claras que guarda<br />

bastantes lembranças do convívio com o ca- trabalha nas Finanças, é cliente habitual.<br />

sal Feliciano.<br />

A esposa também frequenta a casa espora-<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

dicamente, quando vai às <strong>Caldas</strong>, e o filho, que


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Ferreira Mobílias - uma das mais antigas lojas de móve<br />

Pai Pai e e filho. filho. Manuel Manuel Ferreira Ferreira fundou fundou em em 1955 1955 a a Ferreira Ferreira Mobílias, Mobílias, numa numa pequena pequena loja loja alugada alugada na na Praça Praça da da Fruta. Fruta. O O seu seu filho, filho, António António Ferreira Ferreira (1935-2000) (1935-2000) acabaria acabaria por por expandir expandir o<br />

o<br />

negócio, negócio, que que é é hoje hoje mantido mantido pelas pelas suas suas filhas, filhas, Teresa Teresa e e Manuela Manuela Ferreira, Ferreira, que que garantem garantem a a continuidade continuidade de de uma uma empresa empresa com com 55 55 anos.<br />

anos.<br />

Manuela, Teresa, Paula e Verónica<br />

cresceram a brincar entre móveis.<br />

Camas, roupeiros, cómodas e<br />

colchões em tamanho real, não daqueles<br />

que as meninas tanto gostam<br />

de pôr e dispor nas suas casinhas<br />

de bonecas.<br />

As quatro irmãs partilham o apelido<br />

Ferreira, que dá nome a uma<br />

das mais antigas casas de móveis<br />

das <strong>Caldas</strong> da Rainha, e foi lá que<br />

passaram grande parte da sua infância<br />

e juventude, ao final dos dias<br />

de escola, nos fins-de-semana, nas<br />

férias. Hoje, feitas mulheres, assumem<br />

as rédeas do legado que lhes<br />

foi deixado pelo pai, que também já<br />

o tinha herdado do seu pai. São a<br />

terceira geração à frente da Ferreira<br />

Mobílias.<br />

Há que recuar mais de meio século<br />

para contar a história desta<br />

empresa. Uma história feita de muitos<br />

sucessos, mas também de muitos<br />

momentos penosos, e que hoje<br />

apenas pode ser contada pelas irmãs.<br />

Guiados pelas memórias de Manuela<br />

e Teresa, viajemos até 1955.<br />

Manuel Ferreira vê numa pequena<br />

loja junto à Praça da Fruta a oportunidade<br />

de criar o seu próprio negócio<br />

e quem sabe fazer fortuna.<br />

Nascido em Lisboa, mas radicado nas<br />

<strong>Caldas</strong>, não deixa passar a oportunidade<br />

e decide alugar o espaço, propriedade<br />

do Sr. Ramalho. Foi ali que<br />

abriu a primeira loja da Ferreira Mobílias,<br />

que se manteve a funcionar<br />

até ao início deste ano. Um pequeno<br />

estabelecimento, longe do grande<br />

prédio que ali existe actualmente.<br />

O negócio depressa vingou e pouco<br />

tempo depois da abertura da loja,<br />

um dos filhos de Manuel Ferreira, o<br />

António, foi trabalhar para lá. Rapaz<br />

dos seus 20 anos, ainda solteiro,<br />

António Ferreira não precisou de<br />

muito tempo para ganhar gosto pelo<br />

negócio das mobílias. E ainda bem,<br />

porque quando em 1960 morre o seu<br />

pai, Manuel Ferreira, é o jovem que<br />

fica encarregue do negócio, a par<br />

com o irmão, Fernando Lopes Fer-<br />

reira.<br />

Mas dez anos depois António Ferreira<br />

voltaria a ficar sozinho, quando<br />

o irmão morre inesperadamente.<br />

Já casado com Maria Teresa, conta<br />

com o seu apoio, que, segundo as<br />

filhas se revela “fundamental”<br />

“fundamental”<br />

para o sucesso da empresa.<br />

É nesta altura que a Ferreira Mobílias<br />

começa a crescer e aos poucos<br />

a loja na Praça da Fruta ganha<br />

novos espaços, para exposição de<br />

mobília e para oficinas. Primeiro uma<br />

taberna que havia ali ao lado. Depois<br />

a cocheira, onde eram guardados<br />

os burros dos vendedores da<br />

Praça da Fruta. “Ainda “Ainda me me me lembro<br />

lembro<br />

das das das senhoras senhoras entrarem entrarem com com os os<br />

os<br />

burrosburros numa numa porta porta que que que ali ali hahaviaviavia<br />

e e e prenderem prenderem os os animais animais animais nunu-<br />

mas mas argolinhas argolinhas que que que havia havia pela<br />

pela<br />

parede” parede”, parede” parede” recorda Manuela. Pouco<br />

tempo depois, o dono do prédio onde<br />

ficava a loja, com alguns apartamentos<br />

por cima, quis vender o edifício,<br />

e António comprou.<br />

Com mais espaço, a Ferreira Mobílias<br />

aumentou a sua oferta. Às<br />

mobílias de quarto ou de sala e aos<br />

colchões – feitos ali mesmo por um<br />

dos trabalhadores da empresa e com<br />

forras cosidas pela mulher de António<br />

Ferreira – juntam-se então os<br />

armários de cozinha, as tapeçarias<br />

e os electrodomésticos, de fogões a<br />

frigoríficos e até televisões. “Era<br />

“Era<br />

tudotudo para para a a casa, casa, menos menos corticorti-<br />

nados” nados”, nados” recorda Manuela. “Mas<br />

“Mas<br />

chegou chegou a a vender vender varões” varões”, varões” acrescenta<br />

a rir a irmã, Teresa.<br />

UMA UMA AZÁFAMA<br />

AZÁFAMA<br />

CONSTANTE<br />

CONSTANTE<br />

CONSTANTE<br />

A principal recordação que as irmãs<br />

guardam dessa altura é o movimento<br />

constante na loja do pai.<br />

“Comparado “Comparado com com o o de de de hoje hoje era<br />

era<br />

uma uma azáfama azáfama azáfama completa. completa. Uma<br />

Uma<br />

série série de de carros carros a a carregarem,<br />

carregarem,<br />

outra outra outra série série a a descarregar”<br />

descarregar”.<br />

descarregar”<br />

O que também se lembram bem<br />

é da forma como a mobília era exposta<br />

na loja, bem diferente da exposição<br />

cuidada dos dias de hoje.<br />

“Quase “Quase que que se se procurava procurava o o bu- buburacoraco que que havia havia ainda ainda para para para ocuocu-<br />

par. par. par. Na Na altura altura era era o o espelho espelho e e as<br />

as<br />

mesas-de-cabeceira mesas-de-cabeceira dentro dentro dentro do<br />

do<br />

roupeiro, roupeiro, roupeiro, a a cómoda cómoda ficava ficava por<br />

por<br />

cimacimacima do do roupeiro roupeiro e e a a cama cama ficafica-<br />

va va encostada”<br />

encostada”. encostada” E por mais caótica<br />

que seja a imagem que a descrição<br />

suscita, o certo é que “isso “isso era era o<br />

o<br />

suficientesuficiente para para o o cliente cliente comcom-<br />

prar” prar”. prar” As pessoas vinham não só da sentar sentar a a mobília mobília já já já acabada<br />

acabada<br />

região, mas de vários pontos do país aos aos aos clientes, clientes, clientes, que que a a podiam podiam ver<br />

ver<br />

à procura de mobílias que prima- assim assim assim que que chegavam chegavam à à loja” loja”, loja”<br />

vam pela qualidade.<br />

lembram as irmãs.<br />

“Há “Há uma uma coisa coisa que que me me mar- mar- mar- Esta visão empreendedora leva<br />

coucoucou imenso, imenso, que que que foi foi uma uma uma mobímobí-<br />

também António Ferreira a prolia,lia,<br />

caríssima caríssima para para a a altura, altura, esescurar<br />

uma segunda loja na cidatartar<br />

a a acabar acabar de de de ser ser descarredescarrede,<br />

na Rua Raul Proença. Um es-<br />

gada, gada, sem sem costas, costas, sem sem estar<br />

estar paço que já há cerca de três dé-<br />

montada, montada, montada, e e e eu eu eu vender vender vender essa<br />

essa cadas foi pensado para expor<br />

mobília mobília ainda ainda no no no corredor” corredor”, corredor” re- mobília de linhas mais moder-<br />

A história da Ferreira Mobílias faz-se das memórias das netas do seu fundador, Manuel Ferreira<br />

(falecido em1960), que já não está cá para as contar. António (1935-2000) e Fernando (1937-1970),<br />

os filhos que tomaram as rédeas à empresa a partir de 1960, também já partiram.<br />

Hoje é a Manuela e a Teresa Ferreira que cabe a gestão de uma empresa com 55 anos. Dos seus<br />

antecessores, as duas irmãs herdaram a aposta na novidade e na qualidade, mas principalmente o<br />

“querer “querer “querer “querer “querer servir servir servir servir servir bem bem bem bem bem quem quem quem quem quem entra” entra” entra”. entra” entra”<br />

Com a loja da Praça da Fruta encerrada há poucos meses, a Ferreira Mobílias conserva o estabelecimento<br />

na Rua Raul Proença. Mas as responsáveis pela empresa garantem que a diversidade dos<br />

produtos que sempre caracterizou a loja se mantém.<br />

corda Teresa.<br />

Entre o vaivém de carros com<br />

móveis e de clientes, António Ferreira<br />

torna a sua loja num estabelecimento<br />

inovador. É que naqueles<br />

tempos as mobílias chegavam<br />

às lojas “em “em branco” branco”, branco” sem estarem<br />

polidas ou envernizadas. “Era<br />

“Era<br />

necessário necessário necessário aca acabá-los aca bá-los aqui. aqui. HaHa-<br />

via via um um polidor, polidor, polidor, havia havia quem<br />

quem<br />

metesse metesse as as ferragens, ferragens, quem<br />

quem<br />

desse desse cor. cor. O O nosso nosso pai pai foi foi o<br />

o<br />

primeiroprimeiro nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> a a a apreapre-<br />

nas, uma novidade numa loja de<br />

dimensões fora do habitual para a<br />

cidade, e do qual a esposa “tomou<br />

“tomou<br />

conta conta durante durante muitos muitos anos” anos”. anos” anos”<br />

Do edifício onde se instalou a<br />

primeira loja restam apenas memórias<br />

fotográficas. Cerca de<br />

dez anos depois de ter comprado<br />

o segundo estabelecimento,<br />

António Ferreira volta a aumentar<br />

o seu património e deita abaixo<br />

as instalações que foi adquirindo<br />

na Praça da Fruta nos primei-<br />

ros anos da sua actividade. No seu<br />

lugar fez nascer os dois prédios que<br />

se podem ver hoje e que durante<br />

muitos anos albergaram a loja mais<br />

voltada para o mobiliário clássico, a<br />

oficina da fábrica, alguns escritórios<br />

alugados a terceiros e muito espaço<br />

de armazém. “Primeiro “Primeiro o o prédio<br />

prédio<br />

dedede trás, trás, porque porque porque não não não o o deixadeixa-<br />

vam vam construir construir para para a a parte parte da<br />

da<br />

frente,frente, por por por ser ser a a zona zona histórihistóri-<br />

ca ca ca da da da cidade. cidade. Só Só quando quando teve<br />

teve<br />

autorizaçãoautorização conseguiu conseguiu conscons-<br />

truir truir truir o o o prédio prédio voltado voltado para para a<br />

a<br />

praça” praça”, praça” contam as filhas.<br />

Manuela e Teresa não estranham<br />

o sucesso que a empresa do<br />

seu pai teve. “Dantes “Dantes era era tudo<br />

tudo<br />

muito muito mais mais mais fácil fácil e e também também n nnão<br />

n ão<br />

havia havia muita muita oferta, oferta, agora agora é é que<br />

que<br />

temos temos lojas lojas por por todo todo o o lado” lado”. lado” Mas<br />

as actuais responsáveis pela Ferreira<br />

Mobílias não deixam passar em<br />

vão a importância que os valores ti-<br />

nham nessa altura. “O “O nosso nosso pai pai e<br />

e<br />

as as pessoas pessoas das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e todos<br />

todos<br />

os os os nos nossos nos sos clientes clientes bem bem o o sasa-<br />

bem, bem, sempre sempre foi foi uma uma pessoa<br />

pessoa<br />

séria séria e e correcta correcta em em termos<br />

termos<br />

profissionais.profissionais. As As pessoas pessoas pessoas conconfiavamfiavam<br />

na na casa casa e e e ainda ainda conficonfi-<br />

am. am. Ele Ele empenhava-se, empenhava-se, empenhava-se, sempre<br />

sempre<br />

se se se empenhou, empenhou, no no no ramo ramo dele, dele, e<br />

e<br />

viveu viveu viveu praticamente praticamente para para isso” isso”. isso”<br />

Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

jfialho@gazetacaldas.com<br />

Imagens Imagens do do prédio prédio onde onde Manuel Manuel Ferreira Ferreira começou começou a a empresa empresa de de móveis móveis e e que que o o filho filho demoliu demoliu para para nele nele construir construir dois<br />

dois<br />

prédios prédios que que foram foram foram durante durante décadas décadas o o ex ex libris libris da da empresa.<br />

empresa.


is da cidade mantém oferta do clássico ao moderno<br />

Sempre Sempre a a a par par de de tudo tudo o o que que que se se passava passava na<br />

na<br />

empresa, empresa, Maria Maria Teresa Teresa foi foi uma uma “peça<br />

fundamental” para para o o sucesso sucesso do do negócio<br />

negócio<br />

A Ferreira Mobílias encaixa na<br />

perfeição na designação ‘Empresa<br />

Familiar’. Mesmo sem ter estado<br />

continuamente nas lojas do<br />

marido, a mãe de Manuela e Teresa<br />

nunca esteve afastada do<br />

negócio das mobílias. “Em “Em casa<br />

casa<br />

sempresempre se se falaram falaram de de de assunassuntostos<br />

da da loja, loja, e e o o o meu meu pai pai discudiscudiscutiatia com com ela ela todos todos os os os assunassun-<br />

tos, tos, tudo tudo o o que que que se se passava,<br />

passava,<br />

todas todas as as decisões decisões que que ele ele foi<br />

foi<br />

tomando” tomando”, tomando” contam as irmãs Ferreira,<br />

recordando que foi assim<br />

até à morte da mãe. Já as quatro<br />

irmãs também nunca passavam<br />

muito tempo sem estarem nas lo-<br />

Hoje, Hoje, é é a a Teresa Teresa Teresa e e e Manuela Manuela que que cabe<br />

cabe jas, “mesmo “mesmo pequenininhas, pequenininhas, to- to- toto- a a gestão gestão da da Ferreira Ferreira Mobílias<br />

Mobílias<br />

das das nós nós temos temos recordações<br />

recordações<br />

dessa dessa altura” altura”. altura”<br />

E se no início as crianças ocupavam o seu tempo a brincar umas com as outras,<br />

não foi preciso muito tempo para que as filhas ajudassem os pais, a acartar<br />

almofadas ou os cabides de roupa. “Era “Era um um trabalho trabalho entre entre aspas. aspas. Éramos<br />

Éramos<br />

arrastadas, arrastadas, mas mas acabávamos acabávamos por por nos nos divertir divertir na na mesma” mesma”, mesma” lembram as<br />

irmãs.<br />

Manuela, Teresa, Paula e Verónica entraram para a sociedade da António<br />

Ferreira, Lda. em 1993, sete anos antes de o pai falecer. Entre 1960 e 2000, foi<br />

sempre o pai “a “a tomar tomar as as decisões, decisões, decisões, pelo pelo pelo menos menos menos as as mais mais importantes”<br />

importantes”. importantes” Após<br />

a morte de António Ferreira as irmãs empenharam-se em manter o legado dos<br />

seus ascendentes, tanto ao nível da gestão da empresa, como da relação com os<br />

clientes e da aposta na qualidade dos artigos que comercializam.<br />

“Hoje “Hoje as as coisas coisas estão estão diferentes, diferentes, há há há muitas muitas grandes grandes superfícies, superfícies, que<br />

que<br />

não não são são uma uma grande grande ameaça ameaça para para nós, nós, porque porque não não temos temos o o mesmo mesmo<br />

mesmo<br />

artigo. artigo. Nós Nós temos temos artigo artigo de de muita muita qualidade qualidade e e não não estou estou a a dizer dizer que que o<br />

o<br />

artigo artigo de de casas casas como como estas estas não não tem tem qualidade, qualidade, mas mas é é outro outro tipo tipo de de artigo,<br />

artigo,<br />

para para outro outro tipo tipo de de clientes” clientes”, clientes” diz Manuela Ferreira.<br />

Ao longo de 55 anos, a Ferreira Mobílias fidelizou muita clientela. “Muitos “Muitos são<br />

são<br />

da da altura altura altura do do nosso nosso pai pai e e muitos muitos deles deles já já trouxeram trouxeram os os filhos” filhos”, filhos” garantem. O<br />

que os cativa, acreditam, é a oferta diversificada que ali podem encontrar.<br />

Acompanhando a evolução dos tempos e dos gostos, as duas irmãs não descuram<br />

as novidades e as tendências mais recentes. Mas também nunca abandonaram o<br />

estilo clássico. “Aqui “Aqui nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> praticamente praticamente não não há há lojas lojas que que vendam<br />

vendam<br />

este este tipo tipo de de clássico, clássico, como como o o o estilo estilo inglês inglês inglês por por exemplo exemplo, exemplo , que que que é é é uma uma linha linha<br />

linha<br />

antiga, antiga, mas mas que que as as pessoas pessoas continuam continuam a a gostar gostar e e que que procuram” procuram”.<br />

procuram”<br />

Outra coisa que se mantém é a qualidade do mobiliário que ali se pode encontrar,<br />

produtos na sua esmagadora maioria de origem portuguesa. “O “O “O artigo artigo naci- naci- naci- nacionalonal<br />

a a nível nível de de mobiliário mobiliário é é bastante bastante melhor melhor melhor que que que o o espanhol espanhol ou ou que que que qualqual-<br />

quer quer outro, outro, outro, sem sem dúvida dúvida nenhuma” nenhuma”, nenhuma” nenhuma” garantem as responsáveis, que têm fornecedores<br />

de vários pontos do país. Alguns destes são empresas que vendem para a<br />

loja desde o seu início e que entretanto também já são administradas pelos filhos<br />

A A empresa empresa cinge-se cinge-se cinge-se hoje hoje à à loja loja de de dois dois pisos pisos na na Rua Rua Raul Raul Proença<br />

Proença<br />

Terceira geração mantém aposta na qualidade<br />

ou netos dos fundadores. “Vai-se “Vai-se criando criando criando uma uma ligação ligação e e e acaba acaba acaba por por haver<br />

haver<br />

uma uma confiança confiança mútua mútua mútua que que é é muito muito importante. importante. importante. Há Há mais mais mais sinceridade sinceridade e<br />

e<br />

trabalha-se trabalha-se de de maneira maneira diferente diferente e e eles eles também também se se vão vão vão actualizando”<br />

actualizando”.<br />

actualizando”<br />

De vários pontos do país chegam também os clientes, que têm os artigos<br />

entregues e montados nas suas casas sem qualquer custo adicional, sendo o<br />

transporte assegurado pelos funcionários da empresa, em veículos próprios. “É<br />

“É<br />

um um miminho miminho para para os os clientes clientes clientes que que que nós nós tentamos tentamos tentamos manter” manter”, manter” afirma Manuela<br />

Ferreira, salientando que os tempos difíceis que correm levam muitas<br />

empresas a cobrarem montagem e deslocação. Mas os móveis da loja caldense<br />

estão também já noutros países, como França e Holanda, procurados não tanto<br />

por emigrantes, mas sobretudo por estrangeiros que têm uma segunda habitação<br />

na região e que gostaram da mobília.<br />

No início deste ano as duas irmãs mais novas, Paula e Verónica, decidiram<br />

sair da sociedade e neste momento a Ferreira Mobílias está apenas a funcionar<br />

na loja da Rua Raul Proença. “Como “Como ficámos ficámos só só as as duas, duas, entendemos entendemos que<br />

que<br />

não não precisávamos precisávamos de de duas duas lojas, lojas, que que bastava bastava uma” uma”, uma” conta Teresa, explicando<br />

que dois pisos da loja da Praça da Fruta foram alugados. “Apareceu<br />

“Apareceu<br />

uma uma uma boa boa proposta, proposta, uma uma uma boa boa oportunidade oportunidade de de negócio negócio sem sem ninguém<br />

ninguém<br />

esperar” esperar” esperar”, esperar” esperar” acrescenta Manuela, salientando que o funcionamento logístico<br />

daquele espaço era dificultado pelo facto das camionetas grandes que transportam<br />

as mobílias não poderem ir ao centro da cidade. No edifício da Praça da<br />

Fruta mantém-se algum espaço de armazenamento e a oficina da empresa.<br />

Alguns dos artigos da loja com quatro pisos estão disponíveis no estabelecimento<br />

que se mantém. Para escoar o restante está a decorrer uma exposição<br />

com descontos que podem ir até aos 80%, à qual se pode aceder pela Travessa<br />

do Parque.<br />

A loja da Rua Raul Proença tem 1.200 metros quadrados de exposição e,<br />

garantem as irmãs, a mesma oferta diversificada que sempre caracterizou a<br />

empresa. “Temos “Temos o o clássico, clássico, temos temos o o contemporâneo contemporâneo e e e na na cave cave temos<br />

temos<br />

aa secção secção secção económica, económica, com com com quartos quartos quartos e e sofás sofás baratíssimos, baratíssimos, um um económieconómi-<br />

co co que que nos nos deixa deixa à à vontade vontade vontade porque porque tem tem tem qualidade”<br />

qualidade”.<br />

qualidade”<br />

Sem medo da concorrência das grandes superfícies, Manuela e Teresa acreditam<br />

nas vantagens do comércio tradicional. “Aqui “Aqui o o cliente cliente está está está connos- connosconnos- co, co, podem podem estar estar uma uma hora, hora, duas duas horas, horas, as as pessoas pessoas pessoas conversam conversam e e têm<br />

têm<br />

tempo.tempo. É É sem sem dúvida dúvida algo algo único único do do comércio comércio tradicional, tradicional, não não se se enconencon-<br />

tra tra este este este tipo tipo de de relacionamento relacionamento nas nas grandes grandes superfícies”<br />

superfícies”. superfícies”<br />

superfícies” Além disso,<br />

“as “as pessoas pessoas sabem sabem que que quando quando vão vão à à à Ferreira Ferreira Mobílias Mobílias compram compram<br />

compram<br />

artigo artigo bom” bom”. bom”<br />

Longe dos tempos de azáfama em que o reboliço nas lojas era uma constante,<br />

a Ferreira Mobílias “continua “continua a a ter ter ter a a mesma mesma variedade, variedade, a a apostar apostar nas<br />

nas<br />

novidades novidades novidades e e a a querer querer servir servir bem bem quem quem entra” entra”. entra” Para isso contribuem também<br />

os trabalhadores da empresa – Santos, Gilberto e Idália, que ali trabalham<br />

há várias décadas. Pessoas cujos anos de experiência lhes permite “fazerem<br />

“fazerem<br />

um um bocadinho bocadinho de de tudo” tudo”. tudo”<br />

Quando perguntamos a Manuela e Teresa se alguma vez pensaram deixar o<br />

negócio a resposta é imediata. “Não! “Não! “Não! Gostamos Gostamos Gostamos do do do que que fazemos. fazemos. fazemos. Gosta- GostaGosta- mos mos mesmo! mesmo! O O que que quer quer dizer dizer que que as as vezes vezes que que estivemos estivemos estivemos cá cá cá em em<br />

em<br />

pequeninas pequeninas não não foi foi castigo castigo”. castigo<br />

J.F.<br />

J.F.<br />

“Tenho orgulho em<br />

pertencer a esta casa”<br />

Fez no passado<br />

dia 1 de Junho<br />

31 anos que Gilberto<br />

José Monteiro<br />

começou a<br />

trabalhar na Ferreira<br />

Mobílias.<br />

Nascido na<br />

Lourinhã, veio viver<br />

para as Cal-<br />

Gilberto Gilberto Monteiro Monteiro<br />

Monteiro<br />

das com oito<br />

anos. Aos 13 estava mais interessado em jogar à bola<br />

e em ganhar o seu dinheiro, do que em “perder tempo”<br />

com os livros. Foi por isso que mentiu aos pais e lhes<br />

disse que tinha chumbado na escola, quando na verdade<br />

tinha passado de ano. Foi assim que conseguiu<br />

ir trabalhar para a loja de móveis durante três meses.<br />

Quando a verdade se soube, a mãe repreendeu-o.<br />

“Queria “Queria “Queria que que que eu eu estudasse”<br />

estudasse”, estudasse” conta. Mas da cabeça<br />

de Gilberto não saíam as palavras de António Ferreira.<br />

“Disse-me: “Disse-me: quando quando quando quiseres quiseres voltar, voltar, tens<br />

tens<br />

a a porta porta aberta” aberta” aberta”. aberta” aberta”<br />

E Gilberto voltou, assim que em 1979 concluiu o 9º<br />

ano de escolaridade. Deixou a escola, “apesar “apesar de<br />

de<br />

nunca nunca ter ter reprovado”<br />

reprovado”, reprovado” para trabalhar nos móveis,<br />

e hoje diz que não se arrepende. “É “É uma uma escola escola escola de de<br />

de<br />

vida, vida, aprende-se aprende-se muito” muito”. muito” muito”<br />

Dos primeiros anos guarda muitas e boas recordações.<br />

Lembra-se das actuais patroas, de idades próximas<br />

da sua, andarem na escola. Lembra-se sobretudo<br />

da imagem do patrão, um homem que “foi “foi como<br />

como<br />

um um pai” pai” pai” e que recorda muitas vezes. “Era “Era “Era um um ho- hohomemmemmem que que hoje hoje fazia fazia fazia muita muita falta falta na na nossa nossa sosociedade,ciedade,<br />

um um empresário empresário de de de sucesso, sucesso, bastanbastan-<br />

te te honesto honesto e e e empreendedor, empreendedor, que que me me deixou deixou<br />

deixou<br />

uma uma uma boa boa recordação”<br />

recordação”, recordação” afiança.<br />

O que Gilberto também se lembra bem é da azáfama<br />

de outros tempos, que obrigava os trabalhadores<br />

da empresa a fazerem muitas noitadas até à meianoite.<br />

“Quase “Quase sempre, sempre, o o meu meu patrão patrão esperava<br />

esperava<br />

porpor nós nós e e e pagava-nos pagava-nos o o jantar jantar no no antigo antigo resrestaurantetaurante<br />

Convívio Convívio que que havia havia na na Praça Praça da da FruFru-<br />

ta, ta, ta, outras outras vezes vezes no no Camaroeiro”<br />

Camaroeiro”.<br />

Camaroeiro”<br />

Hoje as coisas são muito diferentes. “Somos “Somos só<br />

só<br />

dois,dois, mas mas na na na altura altura chegámos chegámos chegámos a a ser ser 14 14 emempregados.pregados.<br />

Hoje Hoje Hoje há há máquinas máquinas para para tudo, tudo, antianti-<br />

gamente gamente não, não, não, e e o o cliente cliente antes antes antes comprava<br />

comprava<br />

comprava<br />

muito muito mais. mais. Lembro-me Lembro-me que que os os imigrantes<br />

imigrantes<br />

entravam entravam aqui aqui e e e compravam compravam um um carrão carrão carrão de<br />

de<br />

mobília, mobília, mobília, uma uma camioneta camioneta cheia” cheia”, cheia” conta, desfilando<br />

as suas memórias, o trabalhador que tem bem<br />

presentes os tempos em que as cadeiras eram estofadas,<br />

os móveis envernizados e as ferragens colocadas<br />

na oficina da Ferreira Mobílias.<br />

Na loja e na oficina, Gilberto Monteiro dá uma mão<br />

em tudo o que pode. “Faço “Faço tudo tudo o o que que é é é preciso,<br />

preciso,<br />

tenho tenho prazer prazer no no que que faço” faço”, faço” garante. E ao contrário<br />

do que tanta gente se queixa, Gilberto congratulase<br />

por ter um trabalho que “não “não “não tem tem nada nada de de stres- stresstres- sante” sante” e que o faz correr o país a distribuir móveis.<br />

Confessadamente “dedicado “dedicado à à família” família”, família” Gilberto<br />

afirma que os Ferreira são a sua segunda família. Lamentando<br />

ver a loja da Praça da Fruta de portas fechadas,<br />

Gilberto Monteiro diz que “tinha “tinha pena pena se<br />

se<br />

um dia isto acabasse. Ando nisto desde miú-<br />

do, do, era era difícil difícil fazer fazer fazer outra outra coisa” coisa”. coisa”<br />

E com alguma timidez acrescenta: “sinto “sinto orgulho<br />

orgulho<br />

em em em pertencer pertencer a a a esta esta casa. casa. Como Como um um indivíduo<br />

indivíduo<br />

que que joga joga joga futebol futebol e e e está está está num num clube, clube, apesar apesar de de<br />

de<br />

ser ser profissional, profissional, tenho tenho amor amor à à camisola”<br />

camisola”.<br />

camisola”<br />

J.F.<br />

J.F.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Monteiro – a primeira casa comercial das <strong>Caldas</strong> a<br />

13 de Maio de 1949. O até então<br />

vendedor-viajante, António Monteiro,<br />

começa uma nova etapa na<br />

sua vida. Recém-casado e à procura<br />

de uma situação mais estável,<br />

inicia uma sociedade com o<br />

seu amigo Carlos Arroja para<br />

vender tecido a metro.<br />

A loja Nobela, situada na Rua<br />

Almirante Cândido dos Reis (Rua<br />

das Montras) foi-lhes trespassada<br />

à data por 100 mil escudos (cerca<br />

de 500 euros), uma “quantia<br />

“quantia<br />

astronómica astronómica para para a a época” época”, época”<br />

conta hoje o seu filho António José<br />

Monteiro, que juntamente com o<br />

irmão, Paulo, continuam a gerir<br />

os negócios iniciados pelo pai.<br />

Para poder efectuar o trespasse,<br />

pediram algum dinheiro emprestado<br />

e começaram a sociedade,<br />

que duraria três anos, até<br />

que António Monteiro vende a sua<br />

quota e toma de trespasse uma<br />

loja na Praça da República e começa<br />

a vender tecidos.<br />

A pequena loja “transformouse”<br />

na primeira da cidade a ter<br />

montras grandes, rasgadas, que<br />

permitiam aos transeuntes ver os<br />

modelos da agora casa de modas<br />

expostos no seu interior.<br />

Mas a ambição não ficou por<br />

aqui. Em 1959 António Monteiro<br />

inicia a expansão do negócio tomando<br />

de trespasse, por 50 mil<br />

escudos (cerca de 250 euros) o<br />

estabelecimento nº 45 da Rua das<br />

Montras, onde actualmente permanece<br />

a loja de tecidos de decoração<br />

Monteiro. Depois de feitas<br />

as devidas obras de remodelação,<br />

abre a primeira loja da cidade<br />

dedicada apenas a artigos<br />

de bebé, e que apelidou de Ninho.<br />

Três anos mais tarde adquire<br />

uma antiga casa de loiças, junto<br />

ao seu estabelecimento, onde<br />

comercializa apenas linhas e fios<br />

para tricot, e que apelidou de Lãsli.<br />

Considerado por muitos um<br />

aventureiro, as suas lojas de es-<br />

António António Monteiro Monteiro fundou fundou um um negócio negócio que que foi foi seguido seguido pelos pelos seus seus filhos, filhos, Paulo Paulo e e António. António. Hoje Hoje as as suas suas empresas empresas empregam empregam 50 50 pessoas pessoas e e facturam<br />

facturam<br />

cerca cerca de de 5 5 milhões milhões de de euros.<br />

euros.<br />

pecialidade tornaram-se um sucesso,<br />

especialmente a das lãs,<br />

recordam os seus filhos.<br />

Em inícios da década de 60 António<br />

Monteiro adquiriu uma máquina<br />

para fazer saias plissadas,<br />

que estavam na altura muito na<br />

moda. O filho mais velho, António<br />

José, lembra que parecia uma<br />

estufa, em que o tecido era colocado<br />

em cima de cartões, ia ao<br />

forno e o pano ficava plissado. “A<br />

ideia ideia ideia era era gira gira porque porque uma uma saia<br />

saia<br />

que que normalmente normalmente gastava gastava um<br />

um<br />

metro metro metro de de tecido tecido tecido para para aquele<br />

aquele<br />

efeito efeito necessitava necessitava de de três três ou<br />

ou<br />

quatroquatro metros, metros, mais mais mão-demão-de-<br />

obra, obra, que que tinha tinha que que ser ser ser paga” paga” paga”, paga” paga”<br />

explicou.<br />

Além do que comercializa na<br />

sua loja, António Monteiro vendia<br />

também para outros estabelecimentos<br />

do sector. “Aquilo<br />

“Aquilo<br />

trabalhavatrabalhava dia dia dia e e noite, noite, lemlemlem- bro-me bro-me bro-me de de de passar passar na na na rua rua e e os<br />

os<br />

vidros vidros vidros da da casa casa estarem estarem todos<br />

todos<br />

embaciadosembaciados do do calor calor da da mámá-<br />

quina quina de de plissar plissar plissar as as saias” saias”, saias” recorda<br />

o filho, destacando a visão<br />

do pai ao correr o risco de investir<br />

numa máquina que acabou<br />

por se revelar um êxito do ponto<br />

de vista da rentabilidade.<br />

A 1 de Abril de 1964 António<br />

Monteiro dá sociedade a dois<br />

empregados - Vasco Teodoro Bicho<br />

(já falecido) e Joaquim Cordeiro,<br />

seu sobrinho – no estabe-<br />

lecimento da Praça da Fruta,<br />

formando a firma Monteiro Lda.<br />

Entretanto dedica-se às suas lojas<br />

situadas na Rua das Montras.<br />

Natural da Foz do Arelho, António Monteiro (1918-2006) é uma das grandes referências comerciais das <strong>Caldas</strong> da Rainha. Um<br />

empreendedor nato, que cedo deixou a vida de caixeiro-viajante para, juntamente com um sócio, se estabelecer no ramo dos<br />

tecidos. Dessa primeira experiência, rapidamente passou para uma loja sua, na Praça da República, onde inovou o conceito<br />

comercial ao abrir rasgadas montras que deixavam mostrar todo o seu interior.<br />

Precursor das lojas de especialidade, António Monteiro acabou por se dedicar à decoração de interiores, com uma loja de<br />

decoração no centro da cidade e uma empresa líder a nível nacional na distribuição de alcatifas e transformação de carpetes.<br />

“O “O meu meu pai pai foi foi o o precursor precursor da da da modernização modernização do do comércio comércio nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> da da Rainha, Rainha, naquela naquela naquela época” época”, época” contam os filhos,<br />

António José e Paulo Monteiro, actualmente sócios-gerentes da Casa Monteiro.<br />

Fotos Fotos de de 1963 1963 que que mostram mostram a a loja loja das das lãs, lãs, situada situada no no no nº nº 51 51 da da Rua Rua Almirante Almirante Cândido Cândido dos dos dos Reis<br />

Reis<br />

Empresa Empresa líder líder na<br />

na<br />

distribuição distribuição de de alcatifas alcatifas alcatifas e<br />

e<br />

transformação transformação de de carpetes carpetes<br />

carpetes<br />

Três anos mais tarde (1967) formou<br />

com mais cinco amigos, a<br />

Santos Monteiro & Cª Lda, uma<br />

sociedade grossista de fios, malhas<br />

e miudezas, que funcionava<br />

nas traseiras da loja das lãs. Em<br />

finais da década de 70, António<br />

Monteiro comprou aos sócios as<br />

respectivas quotas e aproveitou<br />

a firma, tendo feito uma sociedade<br />

com o seu filho António José<br />

Monteiro, então com 23 anos.<br />

Actualmente a Santos Monteiro<br />

& Cª Lda é gerida pelo seu filho<br />

mais velho. Está sediada na Es-<br />

trada do Campo (em frente ao<br />

Modelo) e é actualmente uma<br />

empresa líder, a nível nacional,<br />

na distribuição de alcatifas e<br />

transformação de carpetes. A firma<br />

confecciona carpetes por medida,<br />

uma actividade cada vez<br />

mais procurada pelos clientes.<br />

“Damos “Damos ao ao cliente cliente um um artigo artigo<br />

artigo<br />

próprio, próprio, não não o o obrigamos obrigamos obrigamos a a<br />

a<br />

comprarcomprar o o produto produto standarstandar-<br />

tizado” tizado”, tizado” diz António José Monteiro,<br />

destacando que o mercado<br />

actual está ávido por coisas diferentes.<br />

António José Monteiro recorda<br />

que a firma Santos Monteiro & Cª<br />

Lda começou como distribuidor<br />

de uma fábrica de alcatifas nacional<br />

, a CUF Texteis. Passaram a<br />

comprar em fábricas no estrangeiro,<br />

sobretudo na Bélgica e Holanda<br />

que são os maiores produtores<br />

mundiais do sector, mas<br />

também da China e da Índia. A<br />

alcatifa é comprada em rolo e<br />

depois transformada nas <strong>Caldas</strong>.<br />

A empresa trabalha também<br />

para a hotelaria, vendendo e aplicando<br />

os seus materiais por todo<br />

o país, tendo como clientes grupos<br />

como o Vila Galé, Pestana, ou<br />

os hotéis Rio, no Algarve.<br />

O negócio das alcatifas nasceu<br />

na loja da Praça da Fruta quando,<br />

com as primeiras obras da década<br />

de 60, foi montada uma secção<br />

de decoração onde, juntamente<br />

com as cortinas e tecidos<br />

decorativos, começou a comercialização<br />

de carpetes e alcatifas.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com


dedicar-se à decoração<br />

O O casal casal António António e e Amélia Amélia Rita Rita Barros Barros Monteiro.<br />

Monteiro.<br />

O O empresário empresário foi foi vereador vereador do do Turismo Turismo na na Câmara<br />

Câmara<br />

das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> durante durante o o o primeiro primeiro mandato mandato de de Lalanda<br />

Lalanda<br />

Ribeiro Ribeiro e e era era um um dos dos mais mais antigos antigos membros membros do do<br />

do<br />

Rotary Rotary Club Club das das <strong>Caldas</strong>. <strong>Caldas</strong>. Após Após o o seu seu falecimento,<br />

falecimento,<br />

A A Monteiro Monteiro Decorações, Decorações, situada situada no no coração coração da da cidade, cidade, teve teve grandes<br />

grandes<br />

em em em 2006, 2006, a a autarquia autarquia deliberou deliberou atribuir-lhe atribuir-lhe o o o nome<br />

nome<br />

obras obras de de remodelação remodelação e e actualmente actualmente possui possui 500 500 metros metros de de área área comercial comercial<br />

comercial<br />

de de uma uma rua, rua, mas mas esta esta ainda ainda ainda não não foi foi foi efectivada.<br />

efectivada.<br />

efectivada.<br />

Filhos expandem o negócio iniciado pelo pai há 61 anos<br />

António José Monteiro (54 a comprar peças de tecido para grandes superfícies, noutros Aposta Aposta no no mercado<br />

mercado<br />

anos) começou a trabalhar com fazer cortinas. Embora descon- tempos a Monteiro era a única<br />

espanhol<br />

espanhol<br />

o seu pai em 1975, altura em que fiado da falta de lucidez do ven- casa de decoração da região.<br />

deixou de estudar. Tinha 20 anos dedor, António Monteiro com- “Todas Todas Todas as as casas casas das das <strong>Caldas</strong><br />

<strong>Caldas</strong> Os filhos herdaram o arrojo do<br />

e, até o pai deixar a gestão da prou as quatro peças de cortiaindaainda devem devem devem ter ter um um cortinacortina-<br />

pai em relação aos negócios. A<br />

empresa, não conheceu outro nas que lhe propôs e colocou-as dodo ou ou uma uma carpete carpete do do MonMon-<br />

firma Santos Monteiro está numa<br />

patrão.<br />

em exposição na prateleira. teiro” teiro” teiro”, teiro” conta António José Mon- fase de expansão para Espanha<br />

A firma Monteiro Lda. tem os Meses mais tarde, quando o venteiro, destacando que a boa e tem um projecto para fazer um<br />

quatro irmãos como sócios, mas dedor voltou às <strong>Caldas</strong> as peças qualidade dos seus produtos novo armazém na Zona Industri-<br />

as duas irmãs, Amélia e Natér- de tecido mantinham-se no acaba por ser “má” para o neal, com quatro mil metros quacia<br />

Monteiro, não trabalham na mesmo sítio. Não se tinha vengócio, pois aparecem clientes a drados, continuando assim a au-<br />

empresa. “Tiraram “Tiraram cursos cursos di- di- di- dido nada. “O O meu meu pai pai quei- quei- quei- dizer que têm uma carpete ali mentar a gama de produtos que<br />

ferentes ferentes e e e seguiram seguiram seguiram as as suas<br />

suas xou-se,xou-se,xou-se, mas mas o o Sr. Sr. Edgar Edgar Edgar resres-<br />

comprada há mais de 30 anos e tem para oferecer aos clientes.<br />

vidas vidas profissionais”<br />

profissionais”<br />

profissionais”, profissionais” revela pondeu pondeu que que o o defeito defeito era era da<br />

da que continua em bom estado de “O O mercado mercado espanhol espanhol está<br />

está<br />

António José. A trabalhar consi- falta falta de de sortido sortido de de cores, cores, e<br />

e conservação.<br />

em em crise, crise, tal tal como como o o o nosso,<br />

nosso,<br />

go tem o irmão, Paulo (43 anos), que que devia devia comprar comprar mais. mais. O O<br />

O Paulo, lembra também que masmas estamos estamos a a tentar tentar instainstainsta- que ali começou a trabalhar aos meu meu meu pai pai torceu torceu o o o nariz, nariz, mas mas<br />

mas ainda há dias uma família de lar-noslar-nos nas nas zonas zonas mais mais própró-<br />

18 anos. Mas já antes conhecia comprou comprou mais mais peças peças e e as<br />

as Torres Vedras foi à sua loja perximas,ximas, como como como é é o o caso caso da da GaGa-<br />

bem os tapetes e os tecidos, coisascoisas começaram começaram a a funciofuncioguntar<br />

pela loja de roupa que liza” liza”, liza” conta António José Mon-<br />

pois as férias de verão eram nar” nar”, nar” recorda.<br />

ali havia com o mesmo nome. teiro, ciente que neste momento<br />

passadas a trabalhar ao lado do<br />

“Expliquei-lhes “Expliquei-lhes que que existiu,<br />

existiu, de crise “não “não se se venderá venderá mui- muimuipai. “Todas “Todas as as casas casas das<br />

das mas mas que que já já já fechou fechou há há cerca<br />

cerca toto mas, mas, quando quando as as coisas coisas meme-<br />

Gerem a empresa há uma dé- <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> ainda ainda devem devem ter ter um<br />

um dede 20 20 anos. anos. Temos Temos consciênconsciênlhorarem,lhorarem,<br />

já já estamos estamos instainstacada,<br />

mas o pai continuava a cortinado cortinado ou ou uma uma carpete<br />

carpete ciacia que que foi foi foi uma uma loja loja de de referefe-<br />

lados” lados”. lados”<br />

acompanhar os negócios, fre-<br />

do do Monteiro”<br />

Monteiro”<br />

rência” rência” rência”, rência” disse.<br />

Ao nível da Monteiro Lda. foi<br />

quentando diariamente a loja.<br />

Nessa altura era normal as feita uma grande remodelação<br />

Deixou de o fazer quando a do- Actualmente a Monteiro De- pessoas deslocarem-se de Lei- em 2008 e o objectivo actual é<br />

ença o impossibilitou, cerca de corações trabalha com alguns ria, Torres Vedras, Santarém e “tentar “tentar que que as as vendas, vendas, se se se não não<br />

não<br />

seis meses antes de vir a fale- fornecedores nacionais, embo- outras cidades para fazer as subirem, subirem, pelo pelo menos menos menos que que que se<br />

se<br />

cer, em 8 de Agosto de 2006. ra a mercadoria provenha do es- suas compras nas <strong>Caldas</strong>. En- mantenham”<br />

mantenham”, mantenham” conta António<br />

Os filhos não escondem o ortrangeiro. “A “A produção produção nesta<br />

nesta tretanto, “essas “essas “essas cidades cidades fo- fo- fo- fo- José Monteiro.<br />

gulho da coragem empresarial áreaárea em em Portugal Portugal praticapratica-<br />

ram-se ram-se desenvolvendo desenvolvendo e e as<br />

as “A A perspectiva perspectiva perspectiva geral geral em<br />

em<br />

do pai. “Foi “Foi “Foi muito muito muito inovador inovador inovador à<br />

à mente mente desapareceu desapareceu e e a a que<br />

que <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> perdeu perdeu esse esse estatuto estatuto<br />

estatuto termos termos de de de comércio comércio comércio não não é é<br />

é<br />

época” época” época”, época” conta António José existe existe é é residual” residual”, residual” conta, re- aglutinador aglutinador do do do comércio”<br />

comércio”,<br />

comércio” nada nada nada famosa, famosa, mas mas acredito acredito<br />

acredito<br />

Monteiro, adiantando que esta cordando que chegou a haver revela António José Monteiro, que que que somos somos nós nós que que que temos<br />

temos<br />

foi a primeira loja nas <strong>Caldas</strong> a demasiada produção têxtil, mas que não consegue definir com que que ter ter uma uma uma atitude atitude activa activa e<br />

e<br />

dedicar-se à decoração, que era as fábricas têm fechado, man- clareza uma actividade princi- que que o o mercado mercado tem tem que que ser<br />

ser<br />

uma secção da loja de moda. tendo-se apenas duas ou três pal neste concelho.<br />

abanado. abanado. Se Se viermos viermos para para o<br />

o<br />

“Começou Começou com com com uma uma simples simples<br />

simples especializadas em alcatifas a Referindo-se ao comércio é da mercadomercado com com produtos produtos nono-<br />

secção, secção, foi foi ganhando ganhando peso peso<br />

peso laborar.<br />

opinião que este precisava de vos, vos, pelo pelo menos menos nós nós devemos devemos<br />

devemos<br />

até até se se tornar tornar o o único único único neócio<br />

neócio As mulheres são as principais mais abertura, melhoramentos conseguir conseguir vender”, vender”, refere,<br />

que que ficou” ficou”, ficou” refere, adiantando clientes na área da decoração, nas ruas e melhores estaciona- destacando que estão a investir<br />

que a aposta foi feita porque ao passo que os homens procumentos e mais perto dos locais “com “com força” força” numa altura difí-<br />

encontraram um “nicho “nicho de<br />

de ram mais a instalação de pavi- comerciais. Tudo isto aliado a cil.<br />

mercado mercado em em expansão”<br />

expansão”.<br />

expansão”<br />

expansão” mentos. Têm uma clientela ba- uma maior animação.<br />

Prova disso é a facturação das<br />

O filho mais velho lembra ainsicamente regional, embora ha- Optimista por natureza, real- casas que gerem. Em 2009 a casa<br />

da o arrojo do pai em apostar jam pessoas de Lisboa, ou mesça que mais importante que di- Monteiro Lda rondou os 700 mil<br />

nas novidades. Da memória remo do Algarve, que se deslocam zer o que está mal, é preciso euros e a empresa Santos Montira<br />

a história do Sr. Edgar, cai- às <strong>Caldas</strong> e acabam por fazer “olhar “olhar “olhar em em frente, frente, frente, modernizar<br />

modernizar teiro & Cª Lda, 4,250 milhões.<br />

xeiro-viajante de uma empresa as compras nesta loja.<br />

os os nossos nossos estabelecimentos,<br />

estabelecimentos,<br />

que fabricava tecidos de deco- E se agora a concorrência é sempre sempre teimosos teimosos nas nas nossas<br />

nossas Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

ração, que convenceu o seu pai grande, sobretudo devido às ambições ambições ambições e e e nunca nunca desistir” desistir”. desistir” fferreira@gazetacaldas.com<br />

O primeiro e único emprego de<br />

Graciete Carvalho<br />

A firma Monteiro, propriedade<br />

dos quatro irmãos, conta com<br />

10 funcionários. Alguns deles,<br />

como é o caso de Graciete Carvalho,<br />

trabalham ali há mais de<br />

40 anos.<br />

Natural de Alfeizerão, começou<br />

a trabalhar na loja junto à<br />

Praça da Fruta com apenas 15<br />

anos e, até à data não conheceu<br />

outro patrão. “Foi “Foi “Foi o o meu<br />

meu Graciete Graciete Carvalho<br />

Carvalho<br />

primeiro primeiro e e e único único emprego” emprego”,<br />

emprego” emprego” trabalha trabalha trabalha na na casa casa desde desde os<br />

os<br />

conta, orgulhosa da empresa 15 15 15 anos<br />

anos<br />

que acompanhou nas suas di- caixa, mas frisa que o trabalho<br />

versas fases. “O “O objectivo objectivo objectivo foi<br />

foi era muito diferente de actual-<br />

sempre sempre rentabilizar rentabilizar cada cada vez<br />

vez mente, destacando o grande<br />

maismais a a a empresa, empresa, empresa, o o que que que felizfelizfeliz- movimento que havia na altura<br />

mentemente se se tem tem tem vindo vindo a a conseconseconse- ao ponto de não poder abando-<br />

guir” guir”, guir” conta.<br />

nar o local nem que fosse por<br />

Graciete Carvalho começou instantes, tendo que pedir a al-<br />

por trabalhar na caixa, onde esguém que a substituísse. Lemteve<br />

durante dois anos, passanbrando os tempos idos conta<br />

do depois para o escritório, que no auge da confecção por<br />

onde está há 39 anos. Diz gostar medida a casa empregava mais<br />

bastante do ramo da decoração, de 20 mulheres na secção de<br />

principalmente de tapeçaria, modas, e 18 na alfaiataria.<br />

destacando que “se “se “se tivesse<br />

tivesse Já a empresa Santos Monteiqueque<br />

estar estar na na parte parte comercicomerciro<br />

& Cª Lda possui 40 funcionáalal<br />

e e pudesse pudesse optar, optar, trabalhatrabalharios,<br />

distribuídos pelo armazém,<br />

ria ria nesse nesse ramo” ramo”. ramo”<br />

logística de corte e transforma-<br />

A funcionária lembra que ção em carpete, comerciais, es-<br />

quando começou a trabalhar na<br />

Casa Monteiro foi numa tarefa<br />

critórios e atendimento.<br />

de grande responsabilidade. Era<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1949 1949 – – António Monteiro inicia a sua actividade comercial em sociedade<br />

com Carlos Arroja<br />

1952 1952 - - António Monteiro vende a quota na sociedade e toma de<br />

trespasse um estabelecimento de tecidos na Praça da República<br />

1959 1959 – – Toma de trespasse um estabelecimento na Rua das Montras<br />

onde dá início à venda de artigos para bebé (Ninho)<br />

1963 1963 – – O mesmo empresário toma de trespasse uma antiga casa de<br />

loiças, também na Rua das Montras, para comercializar exclusivamente<br />

linhas e fios para tricot, com a insígnia Lãsli<br />

1964 1964 1964 – – Dá sociedade a dois empregados no estabelecimento da<br />

Praça da República, que adopta a denominação social de Monteiro<br />

Lda.<br />

1967 1967 – – Entra com 25% do capital social na criação de uma sociedade<br />

grossista de fios, malhas e miudezas, denominada Santos, Monteiro<br />

e Cª Lda<br />

1983 1983 1983 – – Compra as quotas aos seus sócios da Monteiro Lda. e entra<br />

para a sociedade a sua esposa, Amélia. Ao mesmo tempo muda a<br />

sede social para a Rua Almirante Cândido dos Reis.<br />

1991 1991 1991 – – Cede aos filhos a sua posição da firma Santos, Monteiro e Cª<br />

Lda.<br />

1992 1992 – – Os filhos entram para sócios da Monteiro Lda.<br />

1993 1993 – – Integra a sua firma em nome individual, LãsLi na firma<br />

Monteiro Lda. e fez uma redistribuição de quotas entre ele, sua<br />

mulher e filhos.<br />

1998 1998 1998 – – Realização de obras de remodelação na Loja Monteiro Decorações,<br />

situada na Rua Almirante Cândido dos Reis<br />

2006 2006 – – António Monteiro morre a 8 de Agosto


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

E o frango de estaleca do Xaneca cresceu e multiplic<br />

Os proprietários do café no casou com Maria Isabel Eugénio. casa. “A A A venda venda de de berbigão berbigão foi<br />

foi<br />

Avenal, que veio dar origem à Até aos 17 anos, José Eugénio proibida. proibida. Começou-se Começou-se a a falar falar<br />

falar<br />

churrasqueira Xaneca, actual- trabalhou na agricultura. Depois muito muito mal mal dos dos bivalves bivalves bivalves e e as<br />

as<br />

mente com três estabelecimen- esteve embarcado e durante alpessoaspessoas deixaram deixaram deixaram de de apareaparetos<br />

geridos por pais e filhas, nunca gum tempo teve uma sociedade cer cer”, cer contou.<br />

vão saber quem foi o primeiro cli- numa pecuária nas Trabalhias. Como não havia muita oferta ao<br />

ente. Foi no Carnaval de 1987 e essa Até abrir o café no Avenal que nível dos frangos assados nas Cal-<br />

primeira venda, de um maço de ta- daria origem à Churrasqueira Xadas, o casal entendeu que seria um<br />

baco, foi a um mascarado. neca, ainda trabalhou em outras investimento a ter em conta.<br />

Vinte e três anos depois a frase áreas como a construção civil e a “Nessa Nessa altura altura os os supermer- supermer- supermer-<br />

“tens razão ou Conceição, frango de cerâmica.<br />

cadoscados ainda ainda não não não tinham tinham mámá-<br />

estaleca só no Xaneca” virou quase Isabel Eugénio, nascida a 28 de quinas quinas de de assar assar frango, frango, que<br />

que<br />

um mito nas ondas hertzianas lo- Novembro de 1945, foi funcionásãosão a a nossa nossa nossa maior maior concorrênconcorrêncais.<br />

Esse foi o slogan criado por Ferria da Euroaudio durante todos cia cia”, cia explicou José Eugénio.<br />

nando Irra para a então Rádio Clube os anos em que a fábrica funcio- Apesar disso, o comerciante<br />

das <strong>Caldas</strong> (entretanto adquirida nou. A falência dessa empresa considera que nada substitui o sa-<br />

pela TSF) para um anúncio. Infeliz- levou-a para o desemprego e foi bor apurado que conseguem dar<br />

mente a cassete com a gravação mais uma das razões para o casal ao seu produto. “Ainda Ainda hoje hoje se<br />

se<br />

original perdeu-se.<br />

decidir investir num negócio pró- ouve ouve dizer dizer sobre sobre a a qualidade<br />

qualidade<br />

Ao longo dos anos a empresa<br />

Xaneca Snack-Bar, Lda foi crescenprio.<br />

“A A mãe mãe do do meu meu marido<br />

marido<br />

eraera cozinheira cozinheira e e ele ele teve teve semsemsem- do do nosso nosso nosso frango frango assado. assado. É É da<br />

da<br />

maneiramaneira de de cozinhar. cozinhar. Até Até tete-<br />

Pais, Pais, filhas, filhas, genros genros e e netos. netos. Três Três gerações gerações gerações fotografadas fotografadas no no Xaneca Xaneca I, I, o o café café onde onde tudo<br />

tudo<br />

começou<br />

começou<br />

do e a família abriu mais dois es- pre pre pre vontade vontade vontade de de de ter ter ter uma uma uma casa casa<br />

casa mosmosmos emigrantes emigrantes emigrantes que que que apareapareapare- muita gente de outros locais Dos Dos nitrofuranos nitrofuranos à<br />

à ciona a Xaneca III, mas acabatabelecimentos<br />

comerciais, au- de de de pasto pasto pasto“, pasto pasto explicou.<br />

cemcem aqui aqui porque porque têm têm saudasaudasauda- que se deslocava até ao Avenal concorrência concorrência dos<br />

dos ram por abrir primeiro as instamentando<br />

e diversificando tam- “Começámos Começámos Começámos com com um<br />

um dedede de de de comer comer comer o o nosso nosso franguifrangui-<br />

para comprar frango assado. Os hipermercados<br />

hipermercados<br />

hipermercados lações na rua Professor Manuel<br />

bém a quantidade de produtos que café café café”, café café conta José João Eugénio, nho nho”, nho referiu.<br />

tempos eram outros e fora dos<br />

José António. Com uma sala de<br />

vendem - o Xaneca II na rua Pro- que a princípio ainda continuou a O segredo tem sido sempre o centros urbanos havia pouca A crise económica tem afec- refeições e melhores condições,<br />

fessor Manuel José António, e o trabalhar nos fornos da indústria molho e a qualidade dos frangos. oferta deste produto. O facto tado todos os sectores e a ven- o sucesso foi imediato. Volta-<br />

Xaneca III, na rua José Pedro Fer- cerâmica (passou pela Secla e A. Apesar de terem experimentado de serem vizinhos da antiga disda de frango não é excepção, ram as filas para comprar franreira<br />

(em frente ao CCC), onde têm Santos). “Tivemos Tivemos muito muito traba- traba- traba- outros fornecedores, há vários coteca Ferro Velho fez com que mas foi com a polémica do nigo assado e grelhados.<br />

agora mais clientes e maior factu-<br />

Entretanto, tiveram que se<br />

ração (embora a família tenha O Xaneca começou por ser apenas um café, que abriu na rua do Avenal em 1987, mas ao longo dos anos transformou-se numa adequar mais uma vez à procu-<br />

optado por não divulgar números). empresa familiar com três estabelecimentos comerciais em vários locais da cidade e longe vão os tempos da dedicação quase ra e começaram a investir tam-<br />

No total são 11 pessoas a traba- exclusiva ao frango assado.<br />

bém na cozinha tradicional porlhar<br />

nos três locais, incluindo os Comida para fora, petiscos e doces fazem dos três Xanecas local de romaria para muitos caldenses, e não só.<br />

tuguesa e não apenas nos gre-<br />

cinco membros da família. Ao ní- Actualmente, pais e filhas (e um dos genros) dividem-se pelos três estabelecimentos, trabalhando em conjunto e mantendo lhados.vel<br />

da gestão, para além de serem uma ligação estreita. Os jantares semanais à segunda-feira servem para conviver em família, mas também para falar de O Xaneca III começou por ser<br />

responsáveis pelo dia-a-dia dos es- negócios.<br />

vocacionado apenas para o<br />

tabelecimentos onde estão a tra- Depois de alguns anos a trabalhar em nome individual, José João Eugénio criou a Xaneca Snack-Bar, Lda, numa sociedade com take-away (comida para fora) e<br />

balhar, dividem tarefas.<br />

a mulher, Isabel, e as suas duas filhas, Alexandra e Carla.<br />

quando abriu nem sequer ti-<br />

A mãe e a filha mais nova ge- Para além dos fundadores e das filhas, trabalham nos estabelecimentos sete pessoas.<br />

nham mesas, mas os clientes corem<br />

tudo o que tem a ver com a<br />

meçaram a querer mais e aca-<br />

cozinha, e o pai e a outra filha são lho lho e e e foi foi preciso preciso fazer fazer muitos<br />

muitos anos que apenas adquirem os ani- nessa altura alargassem o hotrofurano (um anti-bacteriano baram por fazer obras para po-<br />

responsáveis pela parte adminis- sacrifícios sacrifícios”, sacrifícios sacrifícios refere o comercianmais às empresas Avibom e Interário e estivessem a funcionar potencialmente cancerígeno der colocar lugares sentados.<br />

trativa.te.raves.<br />

até de madrugada.<br />

que foi utilizado ilegalmente por Em pouco tempo começaram<br />

A empresa foi fundada por José A mulher e as filhas tomavam Chegaram a ser notícia numa “Tínhamos Tínhamos sempre sempre gente gente até<br />

até algumas empresas na alimenta- a servir pequenos-almoços e re-<br />

João Eugénio e Maria Isabel Eugé- conta do estabelecimento, en- publicação da Avibom, numa re- às às ta tantas ta ntas da da manhã. manhã. As As pespesção<br />

das aves) que o negócio mais feições com prato, com preços<br />

nio, numa altura em que as suas quanto José Eugénio mantinha portagem que enaltece os sabo- soas soas vinham vinham sempre sempre aqui aqui<br />

aqui se ressentiu.<br />

convidativos. À hora de almoço<br />

filhas eram adolescentes. O nome ainda outro emprego.<br />

res que a família dá aos seus probeberbeber uma uma cervejinha cervejinha ou ou coco-<br />

“As As pessoas pessoas pessoas tiveram tiveram mui- mui- mui- há sempre muita procura pelos<br />

Xaneca surge depois de uma con- Os petiscos e doces acabaram dutos. Para além do frango assa- mer mer uma uma bifana bifana”, bifana recordou to to m mmedo.<br />

m edo. Já Já Já tínhamos tínhamos tínhamos o o segunsegun-<br />

pratos económicos e pela comiversa<br />

até às três da manhã com o por surgir devido à procura. Vendo, a notícia referia então “o osusu- José Eugénio. “Às Às vezes vezes tra- tra- tra- do do estabelecimento estabelecimento e e e tínhamos tínhamos<br />

tínhamos da a peso, “com com um um equilíbrio<br />

equilíbrio<br />

responsável da empresa que fez o diam pão com chouriço e tartes culento culento pão pão com com chouriço chouriço”, chouriço as balhávamos balhávamos até até às às sete sete da<br />

da diasdiasdias em em que que que nem nem nem um um frango frango frango asas-<br />

entre entre o o preço preço e e a a qualidade qualidade”,<br />

qualidade<br />

primeiro reclamo luminoso. “A A mi- mi- mi- caseiras, mas o berbigão, vindo batatas fritas caseiras, o pão camanhãmanhã e e depois depois era era só só ir ir toto-<br />

sado sado se se vendia vendia vendia”, vendia vendia lembrou Maria como explica Alexandra Bastos.<br />

nhanha filha filha mais mais mais nova, nova, AlexanAlexan-<br />

da Lagoa de Óbidos, era a iguaria seiro e a tarte de frango. marmar banho banho a a a casa casa para para volvol-<br />

Isabel Eugénio.<br />

A família acaba por se dedi-<br />

dra, dra, era era tratada tratada por por por Xaneca Xaneca e<br />

e mais famosa daquela casa. O responsável da empresa que tar tar para para aqui. aqui. Tínhamos<br />

Tínhamos Desde essa altura, o sector do car totalmente a este negócio e<br />

ficou ficou esse esse nome nome”. nome<br />

Os problemas que começaram lhes instalou o equipamento para que que que aproveitar aproveitar tudo tudo tudo”. tudo<br />

frango continua a não ter melhorias até as reuniões semanais fami-<br />

José João Eugénio nasceu a 6 a surgir com o berbigão da Lagoa assar também lhes prognosticou Nessa altura, o Ferro Velho e cada vez vendem menos. Tal develiares acabam por se tornar tam-<br />

de Março de 1945 nas Trabalhias fizeram com que decidissem apos- sucesso depois de ter provado o era local de passagem de canse também à concorrência dos hiper bém encontros profissionais. A<br />

(Salir de Matos) e veio morar para tar no frango assado cerca de três primeiro frango. “A A princípio princípio foi<br />

foi tores como Rui Veloso, Zé Praia, e supermercados que começaram a matriarca faz questão de juntar<br />

as <strong>Caldas</strong> da Rainha quando se anos depois de terem aberto a difícil, difícil, mas mas depois depois correu correu tudo tudo<br />

tudo Nelo e Jorge Loução, entre ou- fornecer o mesmo produto. filhos e netos na sua casa, que<br />

bem. bem. bem. Tínhamos Tínhamos sempre sempre uma<br />

uma tros. Os artistas iam sempre co- Só que a família sempre soube construíram no Avenal, todas as<br />

fila fila para para vender vender frangos frangos”, frangos remer antes ao Xaneca e às ve- adaptar-se às necessidades dos cli- segundas-feiras.<br />

corda Isabel Eugénio. Em pouco zes até dedicavam alguns verentes. Mas José Eugénio teria pre-<br />

tempo tiveram que comprar equisos ao frango assado nas suas A abertura do segundo estaferido que as filhas tivessem sepamento<br />

com mais capacidade. actuações. “Às Às vezes vezes ainda<br />

ainda belecimento, a 1 de Abril de guido outro ramo profissional.<br />

Sempre que os frangos chegam íamos íamos assistir assistir a a alguns alguns<br />

alguns 1997, foi o primeiro passo para “Esta Esta vida vida exige muito traba- traba- traba-<br />

às instalações do Xaneca preci- concertos<br />

concertos”, concertos<br />

concertos conta..<br />

essa diversificação. “Durante Durante Durante o o<br />

o lholho e e tem tem tem muitas muitas dificuldadificuldasam<br />

de fazer a sua limpeza e tra- Agora o maior movimento fim-de-semana fim-de-semana fim-de-semana tínhamos<br />

tínhamos<br />

tínhamos des.des.des. Cada Cada Cada vez vez está está está mais mais difídifítamento<br />

(retirar as penas, os se- acontece no Xaneca II e III, que muitos muitos muitos clientes clientes clientes no no no Avenal,<br />

Avenal, cil cil cil”, cil afirmou.<br />

los e as gorduras).<br />

estão localizados no centro da mas mas durante durante a a a semana semana as<br />

as A mãe gosta que elas traba-<br />

cidade. “Só Só temos temos é é é que<br />

que pessoas pessoas não não não apareciam<br />

apareciam” apareciam e lhem consigo, mas sabe que a<br />

Os Os clientes clientes e e artistas artistas do<br />

do agradeceragradecer a a todos todos os os os clienclien-<br />

por isso Isabel Eugénio conven- vida das suas filhas é muito di-<br />

Ferro Ferro Velho Velho<br />

Velho<br />

tes tes tes que que confiaram confiaram em em nós nós e<br />

e ceu o marido a abrirem uma fícil e cheia de trabalho.<br />

Uma Uma reportagem reportagem numa numa publicação publicação da da empresa empresa Avibom<br />

Avibom<br />

(ainda (ainda hoje hoje hoje fornecedora fornecedora dos dos dos frangos) frangos) elogiava elogiava os<br />

os<br />

cozinhados cozinhados desta desta empresa empresa caldense<br />

caldense<br />

Para além de estarem situados<br />

num bairro residencial, havia<br />

nos nos ajudaram ajudaram a a chegar<br />

chegar<br />

aqui,aqui, apesar apesar das das dificuldadificulda-<br />

des des”, des salienta Isabel Eugénio.<br />

nova casa no centro da cidade.<br />

Chegaram a comprar primeiro<br />

o local onde actualmente fun-<br />

Pedro Pedro Antunes Antunes<br />

Antunes<br />

pantunes@gazetacaldas.com


ou-se<br />

O O casal casal casal José José João João e e Isabel Isabel Eugénio. Eugénio. Vinte Vinte anos anos separam separam separam estas estas duas duas imagens imagens imagens no no estabelecimento estabelecimento onde onde se se venderam venderam os os primeiros primeiros frangos. frangos.<br />

frangos.<br />

Um verdadeiro negócio de família<br />

Alexandra Eugénio Barros tem recorda.<br />

gistadora do Xaneca II aos fins- decido decido o o o que que eles eles vão vão comer<br />

comer muitomuitomuito tempo tempo para para para conseguir conseguir conseguir fafaguidoguido<br />

com com o o nosso nosso esforço. esforço. NinNin-<br />

35 anos e recorda-se de como A irmã Carla Eugénio, mais de-semana e feriados.<br />

porqueporque pedem-me pedem-me sempre sempre opiopiopi- zer zer zer obras obras”, obras referiu José Eugé- guém guém nos nos deu deu nada. nada. Nem Nem sequer<br />

sequer<br />

gostava de uma máquina regis- velha quatro anos, começou logo Alexandra Bastos frequentou nião nião”, nião contou.<br />

nio.<br />

tivemos tivemos ajuda ajuda dos dos pais pais”, pais contadora<br />

antiga que os pais ti- a trabalhar ao balcão para aju- o curso de Psicologia Organiza- A descendência está assegu- O objectivo é voltar a remocluiu Isabel Eugénio, salientannham.<br />

“Eu Eu Eu só só queria queria era era mexer<br />

mexer dar os pais. Dividia o atendicional até ao 4º ano na Univerrada. Carla Eugénio tem um fidelar o Xaneca II e fazer obras do que para se ter um negócio<br />

na na máquina. máquina. Para Para mim mim mim aquilo aquilo era<br />

era mento com o seu primo Fernansidade Lusófona, mas como não lho com 11 anos e Alexandra de ampliação e melhoramentos próprio é preciso fazer muitos<br />

um um um brinquedo brinquedo”.<br />

brinquedo<br />

do Marques, que só podia estar pôde seguir a vertente que pre- Barros tem dois filhos, uma me- no Xaneca III. “Queremos Queremos Queremos dar<br />

dar sacrifícios.<br />

Com 12 anos, os pais estavam no café aos fins-de-semana. tendia, acabou por desistir. nina de cinco e um rapaz com melhoresmelhoresmelhores condições condições aos aos clienclienclien- sempre a dizer-lhe para não fi- “Eu Eu Eu lembro-me lembro-me de de de vir vir do do li- li- li- li- li- Foi nessa altura, em 2001, que oito anos. As três crianças gos- tes tes e e e para para isso isso vamos vamos fazer<br />

fazer<br />

P.A.<br />

P.A.<br />

car dentro do balcão porque era ceu ceu a a correr, correr, toda toda contente contente por<br />

por abriram o Xaneca III pelo qual a tam de estar nos estabeleciobras,obras, fazendo fazendo fazendo ao ao mesmo mesmo temtem-<br />

ainda muito nova. Mesmo quando<br />

começou a ajudar, optaram<br />

por a colocar na cozinha “porpor vir vir trabalhar trabalhar para para aqui aqui”, aqui recordou<br />

Carla Eugénio. Depois o pai<br />

comprou-lhes uma “acelera”<br />

filha mais nova ficou responsável.<br />

Antes disso, Alexandra Bastos<br />

esteve a trabalhar no Algarmentos,<br />

até porque é uma forma<br />

de estarem mais perto da<br />

família.<br />

po po melhorias melhorias melhorias nas nas cozinhas cozinhas”, cozinhas referiu<br />

Isabel Eugénio.<br />

Já adquiriram uma loja ao lado CRONOLOGIA<br />

que que eu eu era era mais mais rebelde rebelde”. rebelde Ale- (pequena motorizada) e em 10 ve, onde conheceu o seu mari- Para Isabel Eugénio trabalhar do Xaneca III para poderem cri- 1987 1987 – – abertura do Xaneca<br />

xandra Barros não se importou<br />

nada “porque porque sempre sempre gostei gostei de<br />

de<br />

experimentarexperimentar o o o que que se se cozinhacozinha-<br />

minutos faziam a viagem entre<br />

a escola e o café. A primeira<br />

mota foi roubada, mas acabado,<br />

Ricardo Barros.<br />

Como era do Algarve já tinha<br />

muita experiência na restaura-<br />

com a família tem vantagens e<br />

desvantagens. Se por um lado é<br />

bom poder sempre contar com<br />

ar ali uma sala de refeições, mas<br />

ainda esperam que o projecto<br />

esteja concluído para avançar<br />

I, na rua do Avenal, por José<br />

João Eugénio, à data como es-<br />

va va”. va va<br />

ram por ter de comprar outra ção, sector onde trabalhava to- todos, sem que se reclamem os com o processo e as obras. tabelecimento em nome indi-<br />

A jovem lembra-se como no porque facilitava muito a vida dos os verões, mas tinha pro- direitos como trabalhadores, por “Temos Temos que que fazer fazer obras obras pe- pe- pe- pe- vidual<br />

primeiro Xaneca compunha com<br />

frango assado, batatas fritas e<br />

uma salada bem temperada,<br />

tudo servido em travessas das<br />

às duas irmãs.<br />

O primo tinha casado na altura<br />

em que o primeiro Xaneca<br />

abriu e fazia um part-time no<br />

metido a si próprio que nunca<br />

mais trabalhava num restaurante.<br />

No entanto, acabou por se<br />

tornar o responsável de sala do<br />

outro lado esse convívio laboral<br />

desgasta o ambiente familiar.<br />

“Mas Mas tem tem mais mais vantagens vantagens vantagens do do<br />

do<br />

que que desvantagens<br />

desvantagens”, desvantagens sublinha.<br />

riodicamenteriodicamente porque porque estas estas estas cacasassas<br />

precisam precisam precisam de de ser ser remodelaremodela-<br />

das das”, das considera a empresária.<br />

Embora façam limpeza geral das<br />

1993 1993 1993 – – – constituição da sociedade<br />

Xaneca Snack-Bar,<br />

Lda (sociedade com os pais e<br />

Faianças Bordalo Pinheiro. Isso café. Uma ligação que ficou até Xaneca II.<br />

máquinas todas as semanas, filhas) com um capital social<br />

deixou de ser feito porque havia<br />

clientes que não gostavam que<br />

o frango quente viesse misturado<br />

com a salada.<br />

“A A minha minha minha mãe mãe foi foi muito muito luta- lutalutaaos dias de hoje, acompanhando<br />

a evolução do negócio.<br />

“Lembro-me Lembro-me bem bem dos dos almo- almo- almoalmo- ços ços de de peixe-espada peixe-espada grelhado<br />

grelhado<br />

que que fazíamos fazíamos ao ao sábado sábado sábado”, sábado sábado recor-<br />

Embora tenha custado um<br />

pouco habituar-se às <strong>Caldas</strong> da<br />

Rainha, porque era tudo muito<br />

diferente de Albufeira, onde<br />

morava, acabou por se adaptar<br />

Continuar Continuar a a a investir investir e e a<br />

a<br />

crescer<br />

crescer<br />

Apesar da crise, a família<br />

pretende investir nos seus es-<br />

acham que também é importante<br />

fazerem intervenções de fundo<br />

para melhorar as condições<br />

dos seus espaços.<br />

A família não quer subsídios<br />

de 100 mil euros<br />

1997 1997 – – – abertura do Xaneca<br />

II, na rua Professor Manuel<br />

José António<br />

dora. dora. dora. Sempre Sempre Sempre que que havia havia menos<br />

menos da, sublinhando o facto de sem- bem e fazer novas amizades. tabelecimentos. O pior é a bu- ou outras benesses, mas gosta- 2001 2001 – – – Abertura do Xaneca<br />

afluênciaafluência de de clientes, clientes, inventainventa-<br />

va va va sempre sempre alguma alguma coisa coisa nova nova”, nova nova<br />

pre se terem dado bem. Actualmente<br />

fica sempre na caixa re-<br />

“As As pessoas pessoas ganham ganham confian- confianconfian- ça ça comigo comigo e e eu eu às às vezes vezes até<br />

até<br />

rocracia que tem vindo a atrasar<br />

os projectos. “Andamos Andamos há<br />

há<br />

va que fosse mais fácil investir.<br />

“Tudo Tudo o o que que temos temos temos foi foi foi conse- conse- conse-<br />

III, na rua José Pedro Ferreira<br />

Mãe Mãe e e filha filha mais mais velha. velha. Isabel Isabel e e e Carla Carla estão estão à à frente frente do do Xaneca Xaneca II. II. O O take-away take-away e e os<br />

os A A Xaneca Xaneca 3 3 abriu abriu em em 2001. 2001. 2001. Alexandra Alexandra Barros, Barros, filha filha filha dos dos fundadores fundadores (terceira (terceira a a contar contar da<br />

da<br />

petiscos petiscos são são uma uma alternativa alternativa à à redução redução do do consumo consumo de de frango<br />

frango<br />

esquerda) esquerda) com com as as funcionários funcionários do do terceiro terceiro estabelecimento.<br />

estabelecimento.<br />

estabelecimento.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Casa Zelu veste noivas há mais de 40 anos<br />

Maria de Lourdes Ferreira<br />

nasceu em 1937 e teria 15 anos<br />

quando começou a trabalhar no<br />

comércio caldense. Primeiro foi<br />

funcionária da Casa Antão, onde<br />

chegou a ganhar 150$00 (75 cêntimos)<br />

por mês. Este estabelecimento<br />

situava-se no local onde<br />

está hoje a loja Ornatus e na<br />

época vendia tecidos e tinha<br />

serviço de alfaiataria.<br />

Mais tarde passou para a Casa<br />

Monteiro, mantendo-se praticamente<br />

no mesmo ramo de negócio,<br />

também dedicado a tecidos,<br />

lingerie e retrosaria.<br />

Nessa altura já namorava o<br />

seu futuro marido, José Maria<br />

Agostinho (1932-1972) que trabalhava<br />

na Casa Campos, também<br />

do mesmo ramo e que ficava<br />

na Praça da Fruta.<br />

Maria de Lourdes conta que<br />

José José Maria Agostinho (1932-1972) (1932-1972) foi um dos fundadores da Zelu. Ao Ao lado Maria de de Lourdes Ferreira acompanhada pelos pelos filhos Paulo Paulo e e Susana<br />

Susana<br />

Agostinho. Agostinho. Os Os três três são são sócio-gerentes sócio-gerentes do do grupo.<br />

grupo.<br />

foi então que lhe ofereceram um vação e ia com frequência a Lislongada. Paulo tinha oito anos alizada em vestidos de noivas. vestidos para noivas. Maria de des Ferreira toma a decisão de<br />

outro emprego também no coboa ver o que as casas da capi- e Susana, quatro. A viúva não “Era Era um um sucesso. sucesso. As As As pes- pes- pes- Lourdes Ferreira recorda-se de abrir uma loja em Lisboa.<br />

mércio, a ganhar mil escudos tal faziam nas suas montras se deixou abater e pegou em soas soas gostavam gostavam de de ver ver as<br />

as viajar aos armazéns do Norte “Tínhamos<br />

Tínhamos duas duas ou ou três<br />

três<br />

(cinco euros) por mês em vez para poder inovar nas <strong>Caldas</strong>. mãos o negócio que tinha iniciprovasprovas e e até até até cheguei cheguei a a penpenpen- para fazer compras. “Eu Eu saía saía<br />

saía colecçõescolecções que que não não se se venven-<br />

dos 700 escudos (3,5 euros) que<br />

diam diam nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> porque<br />

porque<br />

auferia na Casa Monteiro. Ainerameram<br />

demasiado demasiado inovadoinovadoda<br />

ponderou a oferta, mas acarasrasras<br />

e e e precisavam precisavam precisavam de de ououbou<br />

por desistir em nome da A Casa Zelu abriu no Dia da Cidade em 1968 a vender tecidos a metro. Mal sabia ainda o casal<br />

tros tros tros mercados<br />

mercados”, mercados disse a em-<br />

confiança que tinha no seu em- fundador que iria especializar-se e tornar-se numa das primeiras casas do país especializada em presária. Foi assim que abripregador.<br />

Acabou por ficar e<br />

rapidamente se tornou encarregada<br />

de balcão. “Quando “Quando saí<br />

saí<br />

dada Casa Casa Monteiro Monteiro já já já ganhaganha-<br />

noivas. Quarenta e dois anos passados a casa cresceu e a matriarca Maria de Lourdes Ferreira já<br />

conta com os dois filhos na gestão deste grupo empresarial caldense que possui quatro lojas<br />

(duas nas <strong>Caldas</strong> e duas em Lisboa). Em 2008 facturaram mais de meio milhão de euros.<br />

ram a loja Rebecca Noivas, na<br />

zona do Marquês de Pombal.<br />

Como fica na Rua Camilo<br />

Castelo Branco, escolheram<br />

va va esse esse valor valor”, valor recordou a co-<br />

aquele nome pois há uma<br />

merciante, que sublinhou vári-<br />

obra deste autor onde há uma<br />

as vezes a amizade que a ligava Chegava até a escrever propoado com o seu marido.<br />

sarsar que que em em vez vez de de ter ter dedidedidedi- às às às cinco cinco cinco da da da manhã, manhã, manhã, levava<br />

levava<br />

levava personagem que é uma noiva<br />

ao ex-patrão.<br />

sitadamente com erros para as As necessidades de mais es- cado cado uma uma pequena pequena pequena parte,<br />

parte, os os os meus meus dois dois dois filhos filhos atrás.<br />

atrás. homónima.<br />

A Zelu, um projecto do casal, pessoas pararem, nem que fospaço eram óbvias e por isso a deveria deveria ter ter concedido concedido mais<br />

mais Tinha Tinha o o melhor melhor Fiat Fiat da da altu- altu- altu- A continuação da expansão<br />

abriu portas ao público a 15 de se para corrigir o que estava matriarca decidiu mudar para a espaço espaço para para as as noivas” noivas”. noivas” Essa ra,ra, um um 1500, 1500, que que andou andou quiquiqui- do negócio dá-se em 1994,<br />

Maio de 1968 no nº 48 da Rua errado. “Interessava Interessava era era atra- atra- atra- atra- atra- loja actual, situada um pouco decisão só a tomaria, porém, lómetros lómetros e e quilómetros...<br />

quilómetros...”,<br />

quilómetros... através da abertura da ter-<br />

Heróis da Grande Guerra (onde ir ir gente gente à à loja loja”, loja contou a co- mais à frente. “Só Só que que tinha<br />

tinha mais tarde.<br />

recordou a comerciante. ceira casa do grupo, também<br />

é a For Men). Vendia lãs, tecimerciante. um um problema. problema. problema. Tinha Tinha uma<br />

uma Nos anos oitenta a Zelu dedi-<br />

perto do Marquês – a loja<br />

dos, atoalhados e têxteis-lar, A primeira localização da Zelu rendarenda de de mil mil escudos escudos e e paspasca-se<br />

também à confecção e<br />

A A EXPANSÃO<br />

EXPANSÃO<br />

Cymbeline, uma marca fran-<br />

como as lojas onde ambos ti- durou 12 anos, já com uma pe- sei sei a a pagar pagar 20 20 contos contos!”. contos chegou a ter 14 funcionárias, das<br />

cesa que tinha os proprietánham<br />

trabalhado.<br />

quena área dedicada às noivas. Mas mudou-se. Na altura já quais cinco a trabalhar no ateli- “Chegámos “Chegámos a a vestir vestir du- du- du- rios da Zelu como seus repre-<br />

“Naquele “Naquele tempo tempo o o comér- comér- comér- Durante este tempo nasceriam tinha duas empregadas e contier e nove no balcão.<br />

rante rante os os os meses meses de de verão verão 20 20 20 a<br />

a sentantes em Portugal.<br />

cio cio estava estava aberto aberto nesse nesse dia dia”, dia os dois filhos do casal – Paulo e nuava a vender tecidos, linge- Pouco a pouco começa a ha- 30 30 noivas noivas por por semana” semana” semana”, semana” con- Em 1998 abre a quarta loja<br />

recordou a comerciante. José Susana Agostinho.<br />

rie, atoalhados, bordados, camver algum desinteresse pela tou Maria de Lourdes Ferreira, da família (e a segunda das<br />

Maria Ferreira era uma pessoa Em 1972 José Maria Agostinho braias, missangas e retrosaria. área dos tecidos e chega a hora referindo-se às décadas de 80 e <strong>Caldas</strong>). Também se chama<br />

atenta, sempre à procura de ino- faleceu, vitima de doença pro- Mas aumentou a área especi- de apostar na especialização dos 90. Na sua opinião, o forte do Cymbeline e fica na Rua Hen-<br />

seu negócio é o serviço pós-venrique Sales. Os três sócios tida<br />

e não foram raras as vezes veram de convencer a marca<br />

que iam vestir a noiva a casa, francesa que a cidade era<br />

fosse ela de Ferreira do Alente- uma boa aposta porque os<br />

jo ou de Braga. ”Ninguém Ninguém pa- pa- pa- seus fornecedores preferiam<br />

gava gava mais mais por por isso isso”, isso isso contou a outra localidade de maior di-<br />

empresária, explicando que é mensão.<br />

raro, mas ainda o fazem. “Fo- Fo- Fo- Fo- Ao todo na estrutura tra-<br />

mos mos há há há dias dias à à Nazaré Nazaré Nazaré pois<br />

pois balham 10 pessoas, cinco nas<br />

comocomo vestimos vestimos a a a mãe, mãe, agoagoago- <strong>Caldas</strong> e as restantes nas lo-<br />

ra ra tivemos tivemos tivemos que que vestir vestir a a filha filha”, filha jas em Lisboa. Há vários tra-<br />

contou.<br />

balhos que são pedidos em<br />

A casa Zelu veste noivas de outsourcing como, por exem-<br />

todo o país e também quem está plo, bordados específicos que<br />

emigrado. “Temos Temos clientes clientes clientes da<br />

da as noivas queiram nos seus<br />

Suíça, Suíça, Inglaterra Inglaterra e e e França<br />

França vestidos.<br />

que que compram compram os os vestidos<br />

vestidos Apesar da crise, a expancomcomcom<br />

um um ano ano de de antecedênantecedênsão<br />

do grupo não parou, es-<br />

cia cia”, cia contou a empresária. tando prevista para breve<br />

Por sugestão dos fornecedores,<br />

mãe e filhos começaram a<br />

uma nova abertura.<br />

Imagens Imagens da da Zelu Zelu quando quando foi foi inaugurada, inaugurada, em em 1968. 1968. Já Já tem tem vestidos vestidos de de noiva noiva mas mas ainda ainda se se dedica dedica à à à venda venda de de tecidos<br />

tecidos frequentar as feiras internacio- Natacha Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

nais. E em 1989 Maria de Lour- nnarciso@gazetacaldas.com


Um gestor e uma estilista para<br />

continuar o negócio da família<br />

O cor do vestido deve ser aquela<br />

que a noiva sonhar<br />

“Somos Somos uma uma das das primei- primei- primei- 50% 50% nos nos casamentos, casamentos, ao ao<br />

ao cionais para ser consultora.<br />

râneas. Há quem queira seguir<br />

ras ras lojas lojas da da especialidade<br />

especialidade passopasso que a oferta aumen-<br />

“Criar Criar um um vestido vestido de de noi- noi- noi-<br />

a tradição inglesa e usar uma<br />

do do país” país”, país” disse Paulo Agosti- tou tou”, tou disse Paulo Agostinho. Só vava é é construir construir construir um um sonho. sonho. PoPo-<br />

peça de roupa emprestado, ounho,<br />

45 anos, que tirou o curso nas <strong>Caldas</strong> há cinco lojas. Hoje demos demos casar casar 10 10 vezes vezes com com o<br />

o<br />

tra oferecida, uma antiga e uma<br />

de Gestão e desde os 24 que tra- em dia é difícil saber como se mesmomesmomesmo empenho, empenho, mas mas nene-<br />

de cor azul (há quem diga que<br />

balha para a empresa familiar. chega às 40 mil pessoas que ain- nhum nhum é é como como o o primeiro primeiro”,<br />

primeiro<br />

também se deve levar uma peça<br />

É o responsável pela vertente da casam em Portugal.<br />

conta.<br />

roubada).<br />

administrativa e financeira, en- As noivas que escolhem a Zelu Segundo a criadora de moda,<br />

Indispensável é o bouquet ou<br />

quanto que a sua irmã, Susana continuam a chegar de todo o cada vestido e cada noiva são<br />

uma estrutura que a noiva leve<br />

Agostinho, é a criativa (ver cai- país. Cerca de 70% são de fora do únicos. Logo tem que ser dese-<br />

na mão e que deve ser estudaxa)<br />

da casa, hoje com sua própria<br />

marca.<br />

Paulo Agostinho tinha quatro<br />

concelho das <strong>Caldas</strong>. Vêm de Braga,<br />

Sintra, Cascais, Montijo e “é<br />

uma uma pena pena que que a a cidade cidade não<br />

não<br />

nhado com emoções.<br />

Susana Agostinho diz que à<br />

medida que se vai aproximando<br />

Susana Susana Agostinho Agostinho foi foi uma uma das das primeiras primeiras estilistas estilistas em em<br />

em<br />

Portugal Portugal dedicada dedicada em em exclusivo exclusivo aos aos vestidos vestidos de de noiva<br />

noiva<br />

do por quem cria o vestido.<br />

O uso do branco é uma ideia<br />

vitoriana pois antes as noivas<br />

anos quando a Zelu abriu e retenhatenha uma uma sinalética sinalética em em concon-<br />

a data, a cliente vai diminuindo Sócia-gerente, estilista resi- clientes, com horas marcadas. vestiam-se segundo as cores das<br />

corda a capacidade inovadora da dições dições”, dições disse o empresário. a confiança e ficando mais nerdente, conselheira da marca, “É É uma uma inovação inovação a a que que que nos<br />

nos suas cortes ou das épocas. “A<br />

sua mãe que sempre apostou O próprio cartão de visita da vosa. “É “É “É pois pois preciso preciso manter<br />

manter responsável por eventos. Susa- propusemos propusemos e e que que é é feita<br />

feita cor cor do do vestido vestido de de noiva noiva deve<br />

deve<br />

em acções de marketing. Brin- loja tem no verso a localização a a a nossa nossa qualidade qualidade qualidade e e a a nossa<br />

nossa na Agostinho é tudo isto e tem pelas pelas pelas grandes grandes marcas” marcas”, marcas” conserser aquele aquele com com que que ela ela sosocava<br />

com os amigos no Beco do dos parques de estacionamen- inovação”,<br />

inovação”, inovação”, explicou a estilis- ainda a sua própria marca que tou.<br />

nhar” nhar”, nhar” disse a criadora.<br />

Borralho enquanto a sua mãe to da cidade. Paulo Agostinho ta, que respeita o sonho das vende nas suas lojas.<br />

Hoje em dia um vestido de E quais foram os vestidos<br />

mandava fazer flyers de divul- diz que as <strong>Caldas</strong> “tem tem bom bom coco-<br />

suas clientes para aquele dia es- “Estamos “Estamos cá cá há há 42 42 anos anos e<br />

e noiva pode custar entre 300 e os mais invulgares que já vendegação<br />

da sua casa comercial, mérciomércio e e e lojas lojas que que não não a a deideideipecial, sem esquecer as carac- as as pessoas pessoas pessoas procuram-nos<br />

procuram-nos 3.000 euros e tudo o resto é esram? Maria de Lourdes Ferreira<br />

que ao fim de semana espalha- xam xam ficar ficar nada nada mal mal”. mal Mas terísticas do seu corpo e as ten- pela pela pela credibilidade credibilidade e e porque<br />

porque colhido em função do tipo de contou que há 30 anos vendeu<br />

vam pelas aldeias da região du- apesar dos bons espaços, “o dências da moda.<br />

sabemsabem que que são são bem bem serviserviservi- vestido. Este pode incluir saio- para uma jovem do Chão da Parante<br />

os passeios em família. meio meio envolvente envolvente não não evoluiu<br />

evoluiu “O O nosso vestido não tem<br />

das das”, das disse a criadora. A loja te, que se usa ou não consoante rada um vestido todo vermelho,<br />

Lembra-se também de quan- tanto tanto como como deveria deveria e e não não se<br />

se nada nada a a ver ver com com o o da da nossa<br />

nossa faz provas aos sábados e até aos a sua dinâmica. A lingerie tam- plissado com um corte imperial<br />

do a mãe mandou fazer um fil- adequa adequa aos aos novos novos tempos tempos tempos”. tempos tempos mãe”, mãe”, disse a criadora de moda, domingos pois sabem que há clibém é escolhida de acordo com e saia em soleil.<br />

me sobre a Zelu que passava<br />

explicando que hoje uma noiva entes que não podem vir a ou- o corte do vestido “pois poispoistrabatrabatraba- Susana tinha 20 anos quando<br />

antes dos filmes no cinema e que A A festa festa festa não não pode pode parar<br />

parar não aceita vestir algo que não tros dias. “Estamos Estamos Estamos muito<br />

muito lhamos lhamos lhamos sobre sobre uma uma forma<br />

forma criou o seu primeiro vestido co-<br />

chegou a ser exibido no Estúdio<br />

permita mexer-se. Hoje em dia atentos atentos às às necessidades necessidades dos<br />

dos que que é é é o o corpo corpo da da da noiva, noiva, logo<br />

logo lorido, neste caso, roxo. “O “O ves- ves- ves-<br />

Um. Também fez anúncios na Ainda a Zelu funcionava no a noiva quer dançar e estar à nossos nossos clientes clientes clientes”, clientes clientes disse a criaéé um um pormenor pormenor muita muita imporimpor-<br />

tido tido de de de noiva noiva é é algo algo algo mágico<br />

mágico<br />

Rádio Renascença e páginas in- nº 48 quando Susana Agostinho vontade, “mesmo “mesmo “mesmo que que queira<br />

queira dora.<br />

tante tante”, tante disse a criadora. ee tem tem esse esse dom dom - - pode-se pode-se esesteiras<br />

de publicidade nos jornais assistiu a uma venda que lhe estar estar estar fantástica fantástica e e ser ser o o foco<br />

foco Este ano instituíram o Desig- Segue-se a escolha dos sa- colher colher naquele naquele dia dia a a imagem<br />

imagem<br />

da época para dar a conhecer a marcou o futuro - um vestido de da da da atenção atenção das das das 150 150 pessoas<br />

pessoas ner Day, algo que se faz interpatos e dos acessórios como os que que se se quer quer recordar recordar para<br />

para<br />

especificidade do seu negócio. noiva vermelho. “É mesmo isto que que convidou convidou”.<br />

convidou<br />

nacionalmente. Nesse dia Susa- anéis, pulseiras, apliques de ca- toda toda toda vida vida”, vida concluiu.<br />

“Eram Eram acções acções muito muito bem bem fei- fei- fei- que quero fazer!”, pensou para Susana Agostinho possui a na Agostinho vem às <strong>Caldas</strong> belo e os brincos. Este últimos<br />

tastas que que marcaram marcaram a a diferendiferendiferen- consigo e de facto todo o seu sua própria marca, faz as suas (normalmente está em Lisboa) podem ser de família ou a noiva Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

ça ça”, ça contou o gestor.<br />

percurso foi nesse sentido. “Até “Até<br />

“Até próprias colecções e frequenta e apresenta as suas ideias aos pode preferir peças contempo- nnarciso@gazetacaldas.com<br />

“Nós “Nós continuámos continuámos a a a mar- mar- marmar- ca ca que que as as pessoas pessoas sabem sabem que<br />

que<br />

é é é rigorosa rigorosa e e cumpridora<br />

cumpridora”, cumpridora dis-<br />

porque porque sair sair todos todos os os dias dias do<br />

do<br />

Colégio Colégio [Ramalho Ortigão] e<br />

e<br />

verver diariamente diariamente vestir vestir prinprinprin- as feiras internacionais. Actualmente<br />

diz que estamos a voltar<br />

aos grandes românticos. Mãe e filha compraram os<br />

se o empresário, que divide o negócio<br />

com a mãe e a irmã.<br />

O segredo para manter um<br />

cesascesas é é algo algo que que nos nos marmar-<br />

ca” ca”, ca” recorda.<br />

Hoje a caldense, de 41 anos,<br />

“Em Em épocas épocas de de grandes grandes cri- cricrises,ses, as as estruturas estruturas dos dos criacria-<br />

dores dores não não podem podem parar,<br />

parar, vestidos na Zelu<br />

negócio há 42 anos é apenas<br />

“trabalho, trabalho, rigor, rigor, espírito espírito de<br />

de<br />

sacrifico, sacrifico, muita muita dedicação dedicação e<br />

e<br />

também também também algum algum talento” talento”, talento” disse<br />

o empresário. Na sua opinião,<br />

a mãe, Lourdes Ferreira, “é “é “é o<br />

nosso nosso melhor melhor balcão balcão”. balcão<br />

Segundo dados do INE, em relação<br />

à última década dos anos<br />

90 “houve houve um um decréscimo decréscimo de<br />

de<br />

tem a sua marca própria e é estilista<br />

de noivas. Foi estudar Estilismo<br />

no Citex para o Porto durante<br />

quatro anos com o objectivo<br />

específico de apoiar a Zelu.<br />

Durante muito tempo Susana<br />

Agostinho fui a única estilista<br />

portuguesa especializada em<br />

noivas e por isso muito “assediada”<br />

por várias marcas interna-<br />

caso caso contrário contrário contrário o o resto resto da<br />

da<br />

sociedadesociedade entra entra em em depresdepres-<br />

são” são” são”, são” disse. Na sua opinião, a<br />

festa também tem que continuar<br />

e “se “se não não não se se faz faz com com 200<br />

200<br />

pessoas, pessoas, faz-se faz-se faz-se com com com 100. 100. Mas<br />

Mas<br />

a a rainha rainha está está lá lá lá na na mesma” mesma”. mesma”<br />

N.N.<br />

N.N.<br />

Sofia Sousa, 49 anos, casou<br />

em Julho de 1979 e comprou o<br />

seu vestido na Zelu. “Já “Já naque- naquenaquele le le tempo tempo esta esta era era era uma uma uma casa<br />

casa<br />

de de referência<br />

referência”, referência conta esta cliente,<br />

cuja filha, Patrícia Sousa,<br />

comprou recentemente o seu<br />

vestido na mesma casa.<br />

A arquitecta de 30 anos escolheu<br />

um vestido contemporâneo<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

após ter experimentado 18 modelos<br />

e teve o aconselhamento<br />

1968 1968 – – Inauguração da Zelu no nº 48 da R. Heróis da Grande<br />

Guerra<br />

1979 1979 – – Mudança para as actuais instalações no nº 56 da mesma<br />

rua<br />

1989 1989 – – Inauguração da Rebecca-Noivas em Lisboa<br />

1994 1994 – – Inauguração da Cymbeline em Lisboa<br />

1998 1998 – – Inauguração da Cymbeline-<strong>Caldas</strong> na Rua Henrique<br />

Sales<br />

de Lourdes Ferreira, que com ela<br />

conversou sobre o que pretendia<br />

para a festa que está marcada<br />

para uma quinta da região<br />

no próximo Outono.<br />

“As “As pessoas pessoas que que dizem<br />

dizem<br />

que que não não se se querem querem casar casar é<br />

é<br />

porqueporque nunca nunca experimentaexperimenta-<br />

ram um vestido de noiva. É<br />

Patrícia Patrícia e e Sofia Sofia Sofia Sousa. Sousa. A A filha filha compra compra agora agora o o vestido vestido de<br />

de<br />

noiva noiva na na mesma mesma casa casa onde onde a a mãe mãe mãe comprou comprou o o seu seu há há 31 31 anos.<br />

anos.<br />

Patrícia Sousa. Antes de ter ido à da Zelu e acrescentou que ele<br />

Zelu foi a outras lojas e chegou a se repetiu passadas três déca-<br />

levar catálogos para experimendas com a sua filha.<br />

tar os modelos que achava que O seu vestido era um cai-cai<br />

lhe assentariam melhor. que em 1979 custou 30 contos<br />

O grupo é composto por duas sociedades por quotas - a Géno-<br />

uma uma verdadeira verdadeira emoção, emoção,<br />

emoção, A mãe, Sofia Sousa, celebra (150 euros) e agradou aos 250<br />

va, Lda. (detentora das lojas Rebecca-Noivas e Susana Agostichoreichorei<br />

logo logo quando quando experiexperi-<br />

na próxima quarta-feira, 21 de convidados que assistiram à cenho)<br />

e a Virtual, Lda. (que detém as lojas de marca Cymbeline).<br />

mentei mentei o o primeiro primeiro modelo modelo”, modelo Julho, 31 anos de casada. “Foi<br />

“Foi rimónia religiosa na Igreja do<br />

Ambas têm um capital social de 100 mil euros, repartido em<br />

partes iguais pelos três sócios. A primeira loja Zelu pertence<br />

integralmente à empresária em nome individual Maria de Lourdes<br />

Ferreira.<br />

José José José Maria Maria Maria Agostinho Agostinho e e Maria Maria<br />

Maria<br />

de de Lourdes Lourdes Lourdes Ferreira Ferreira Ferreira com com o o filho,<br />

filho,<br />

Paulo, Paulo, no no ano ano em em que que o o o casal<br />

casal<br />

decidiu decidiu investir investir investir na na loja<br />

loja<br />

contou a noiva.<br />

“Quero Quero um um vestido vestido que que as<br />

as<br />

pessoas pessoas falem falem e e que que recordem<br />

recordem<br />

durante durante muitos muitos muitos anos” anos” anos”, anos” anos” disse<br />

um um casamentão, casamentão, tinha tinha 250<br />

250<br />

convidados convidados convidados e e durou durou três<br />

três<br />

dias” dias”, dias” disse. Recorda que já na<br />

altura gostou do atendimento<br />

Senhor da Pedra.<br />

N.N.<br />

N.N.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Braz Mendonça da Conceição, Lda. – da venda de pr<br />

Para se conhecer a história<br />

desta firma é preciso recuar ao<br />

seu fundador, Braz Mendonça<br />

da Conceição (1923-1982), um<br />

escalabitano que veio fazer a<br />

tropa às <strong>Caldas</strong> da Rainha nos<br />

anos quarenta e por cá ficou,<br />

tendo começado por trabalhar<br />

no Thomaz dos Santos e empregando-se<br />

mais tarde na<br />

Casa Caldeano.<br />

É nessa altura que se apaixona.<br />

O romance começou<br />

numa data e num local bem<br />

caldenses: 15 de Maio de 1947,<br />

dia das Festas da Cidade, junto<br />

ao antigo casino (mais tarde<br />

Casa da Cultura). Ângela Ribeiro<br />

Marques, então com 26<br />

anos, trabalhava nos Correios<br />

como telefonista e recorda<br />

bem o dia em que conheceu o<br />

homem que viria a ser o seu<br />

marido.<br />

Casaram-se em 1949 e durante<br />

mais de uma década, Braz<br />

Conceição continuaria empregado<br />

da Casa Caldeano, até<br />

que em 1960 resolve trabalhar<br />

por conta própria num armazém<br />

que aluga na Rua da Electricidade<br />

(hoje Rua Dr. Saudade<br />

e Silva). A actividade centra-se<br />

no fabrico de cera para<br />

soalho e em ganchos para telha<br />

(um artigo feito em arame<br />

que segurava as telhas burro,<br />

muito em uso na época). Fabrica<br />

também, ele próprio (não<br />

tinha empregados), os pacotes<br />

de papel pardo para o embalamento<br />

e faz também filtros<br />

para automóveis, chegando<br />

mesmo a importar feltro de Inglaterra<br />

para integrar na sua<br />

produção caseira.<br />

“Era “Era muito muito habilidoso habilidoso e e ti- titi- nha nha muitas muitas ideias. ideias. E E era era um<br />

um<br />

perfeccionista.perfeccionista. Com Com condicondi-<br />

ções ções apropriadas, apropriadas, teria<br />

teria<br />

dado dado um um bom bom bom engenheiro<br />

engenheiro<br />

engenheiro<br />

dede produção produção ou ou um um projecprojec-<br />

tista” tista”, tista” tista” diz o filho mais velho<br />

José Mendonça, ele próprio engenheiro,<br />

acerca do seu pai.<br />

Graças à sua habilidade e<br />

capacidade de trabalho, o negócio<br />

corria de feição. Ângela<br />

continuava como telefonista<br />

nos Correios e entretanto o<br />

casal tivera já dois filhos: José<br />

em 1950, e Carlos em 1954.<br />

Mas às vezes a desgraça<br />

bate à porta e esta tomou a<br />

forma de um grande incêndio.<br />

“Avistava-se “Avistava-se até até na na Foz Foz Foz da<br />

da<br />

Arelho” Arelho”, Arelho” conta Ângela Conceição,<br />

que ainda hoje, 40 anos<br />

volvidos, fala com emoção daquele<br />

dia de 1962 em que o fabrico<br />

de cera descambou num<br />

fogo que queimou a cara e as<br />

mãos ao seu marido e o obrigou<br />

a recomeçar do zero.<br />

Braz Conceição manteve o<br />

Braz Braz Mendonça Mendonça da da Conceição Conceição (1923-1982) (1923-1982) fundou fundou fundou a a firma firma homónima homónima em em 1965 1965 na na Rua Rua Dr. Dr. Miguel Miguel Bombarda, Bombarda, que que é é hoje hoje gerida gerida pela pela viúva viúva e pelos dois dois filhos. filhos.<br />

filhos.<br />

armazém, mas desistiu de fabricar<br />

cera. E continuou nos negócios:<br />

foi vendedor de aglomerados<br />

de madeira e artigos<br />

de drogaria, lâmpadas, pilhas,<br />

fechaduras e - com o apareci-<br />

É em Agosto de 1965 que Braz Mendonça da Conceição abre na Rua Dr. Miguel Bombarda uma casa<br />

que vende essencialmente atomizadores e motores de rega. Um passo de gigante para um empresário<br />

que até então se dedicara a várias actividades comerciais, artesanais e industriais, mas que<br />

receara avançar para que, à época, representava algum fôlego – um trespasse de 8000 escudos (40<br />

euros) para instalar a sua firma.<br />

Hoje esta casa é uma das mais conhecidas das <strong>Caldas</strong> e é gerida pela viúva do fundador e pelos<br />

dois filhos, ambos engenheiros, que souberam olhar para o futuro e criar ofertas para responder a<br />

novas necessidades.<br />

mento dos plásticos - também<br />

de baldes e alguidares. Em<br />

breve está também numa actividade<br />

própria da época, que<br />

consistia em zincar pregos. E<br />

faz mesmo uma incursão na<br />

recauchutagem de pneus de<br />

camiões.<br />

Outros produtos emergem<br />

no mercado: os motores de<br />

rega e os atomizadores, que<br />

vêm substituir os velhos pulverizadores<br />

de cobre. É com<br />

estes que irá abrir em 1965 a<br />

loja que ainda hoje existe na<br />

Rua Dr. Miguel Bombarda, gerida<br />

pela sua mulher e os dois<br />

filhos.<br />

“Ele “Ele soube soube que que o o espa- espaespa- nhol nhol ia ia trespassar trespassar a a casa casa e<br />

e<br />

andou andou andou muito muito muito indeciso. indeciso. O<br />

O<br />

meumeu marido marido marido era era muito muito tratra-<br />

Braz Braz Braz Mendonça Mendonça Mendonça da da Conceição Conceição e e Ângela Ângela Ribeiro Ribeiro Marques<br />

Marques<br />

numa numa fotografia fotografia de de de 1948<br />

1948<br />

balhador, balhador, mas mas dizia dizia que<br />

que<br />

gostavagostava de de dormir dormir descandescan-<br />

sado. sado. Tinha Tinha medo medo de de tomar<br />

tomar<br />

compromissos compromissos que que não<br />

não<br />

fosse fosse fosse capaz capaz de de cumprir. cumprir. cumprir. Eu<br />

Eu<br />

éé que que que lhe lhe dei dei força. força. DisseDisseDisse- lhe lhe que que a a loja loja ficava ficava mesmo<br />

mesmo<br />

no no caminho caminho da da estação” estação”.<br />

estação” estação”<br />

Ângela Conceição conta que<br />

naquele tempo a feira das segundas-feiras<br />

decorria no espaço<br />

que é hoje a Av. da Independência<br />

Nacional e que<br />

aquela rua era das mais fre-<br />

quentadas da cidade. “Esta “Esta<br />

“Esta<br />

rua rua rua era era um um corrupio corrupio de de<br />

de<br />

gente gente que que chegava chegava dos dos<br />

dos<br />

comboios...comboios... vinham vinham à à à pipi-<br />

nha” nha”, nha” recorda a viúva, hoje<br />

com 89 anos.<br />

O trespasse é formalizado<br />

num documento que faria hoje<br />

arrepiar qualquer notário ou<br />

causídico – um pedaço de papel<br />

pardo onde o “espanhol”<br />

Avelino Cendor Portela cede a<br />

sua loja de chapéus de chuva<br />

às actividades de Braz Concei-<br />

ção por oito contos (40 euros).<br />

A Braz Mendonça da Conceição,<br />

Lda. abre ao público a 15<br />

de Agosto de 1965. “Sem “Sem fes- fesfes- tas tas nem nem inaugurações, inaugurações, que<br />

que<br />

nesse nesse tempo tempo não não havia<br />

havia<br />

nada nada disse” disse” disse”, disse” disse” conta Ângela.<br />

A aposta do comerciante revela-se<br />

acertada: atomizadores,<br />

motores de rega e acessórios<br />

são um mercado emergente<br />

para o sector agrícola<br />

nos anos sessenta.<br />

Sempre cauteloso, Braz<br />

Mendonça não arriscou pôr<br />

logo um empregado e trabalhou<br />

sempre sozinho à frente<br />

da loja. Só poucos meses depois<br />

da morte do seu fundador,<br />

em 1982, a firma viria a<br />

ter um empregado – Paulo Sérgio,<br />

então com 14 anos que ainda<br />

hoje nela se mantém (ver<br />

caixa).<br />

Carlos Carlos Cipriano Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com<br />

Nelson, Nelson, Neves, Neves, Rui, Rui, José José Mendonça Mendonça e e Paulo Paulo Paulo Sérgio. Sérgio. Funcionários Funcionários e e patrão patrão em em 1988 1988 durante<br />

durante<br />

uma uma mudança mudança provisória provisória provisória de de instalações instalações para para fazer fazer fazer obras obras na na na loja.<br />

loja.


odutos agrícolas às energias renováveis<br />

A importância da engenharia<br />

“Somos “Somos uma uma empresa empresa lí- lí- lí- lí- lí- E como foi que a loja que ven-<br />

der der em em sistemas sistemas sistemas de de rega,<br />

rega, dia atomizadores é hoje líder<br />

somos somos especialistas especialistas em<br />

em em modernos sistemas de<br />

bombagem, bombagem, temos temos alvará alvará de<br />

de rega? A história das empresas<br />

instalaçãoinstalaçãoinstalação de de sistemas sistemas fotofoto-<br />

é, também, a história das pes-<br />

voltaicos voltaicos voltaicos [produção de enersoas que nelas trabalham.<br />

gia eléctrica para uso próprio e Carlos, o filho mais novo de<br />

venda à EDP através de painéis Braz Mendonça, tinha 20 anos<br />

solares], , e e e entramos entramos no no no mer- mer- mer- em 25 de Abril de 1974 e abra-<br />

cado cado do do tratamento tratamento de<br />

de çou a revolução. Na altura eságuaságuas<br />

por por via via da da nossa nossa afiafitudava<br />

no ISEL (Instituto Supe-<br />

nidade nidade com com a a preservação<br />

preservação rior de Engenharia de Lisboa) à<br />

do do do ambiente”<br />

ambiente”. ambiente” É assim que noite e trabalhava de dia nas<br />

Carlos Mendonça, 56 anos, ca- OGMA (Oficinas Gerais de Maracteriza<br />

a empresa que o seu terial Aeronáutico) em Alver-<br />

pai criou e cuja gestão partilha ca, uma forma de então esca-<br />

hoje com o seu irmão e a sua par à guerra colonial. “A “A alter- alteraltermãe. nativa nativa era era desertar”<br />

desertar”, desertar”<br />

conta<br />

Em paralelo a loja vende ain- Carlos Mendonça, que à data<br />

da produtos como os que havia detinha já uma postura activa<br />

há quatro décadas, mas hoje a de oposição à ditadura.<br />

componente agrícola da firma O seu empenho revolucioná-<br />

representa 40% da sua facturario leva-o a interromper os esção,<br />

quando noutros tempos tudos e a dedicar-se à política<br />

chegou aos 60%.<br />

Uma das etapas mais marcantes<br />

desta empresa data dos<br />

a tempo inteiro. Esta experiência<br />

durará até 1980, quando o<br />

pai o convida para trabalhar<br />

No No edifício edifício da da loja loja (que (que depois depois do do trespasse trespasse acabaria acabaria<br />

acabaria<br />

por por ser ser adquirida adquirida pelo pelo fundador fundador da da empresa) empresa) funcionou<br />

funcionou<br />

entre entre 1936 1936 e e 1952 1952 1952 o o Colégio Colégio Ramalho Ramalho Ortigão. Ortigão. Recentemente<br />

Recentemente<br />

anos setenta, com o boom dos com ele, aproveitando ainda a a a montra montra do do do estabelecimento estabelecimento foi foi decorada decorada decorada com com uma<br />

uma<br />

sistemas de rega. A firma apos- para concluir o curso de enge- exposição exposição que que que contava contava contava essa essa história.<br />

história.<br />

ta forte neste mercado e chega nheiro electromecânico à noi- em 2007, antes de fazer 60 anos. proximidade proximidade deste deste tipo tipo de<br />

de<br />

a ter cinco empregados dedite. No fim de contas, um enge- “Não “Não me me estava estava a a a agradar agradar<br />

agradar comércio”<br />

comércio”.<br />

comércio”<br />

cados a esta actividade (actunheiro viria a ser muito útil à entrar entrar como como avaliador avaliador no<br />

no A crise também se tem feito<br />

almente só tem dois trabalha- firma, como mais tarde se viria processo processo processo de de avaliação avaliação dos dos<br />

dos sentir neste sector e as vendas<br />

dores). Hoje este é um merca- a provar.<br />

meus meus colegas” colegas” colegas”, colegas” colegas” conta, quei- ao balcão diminuíram. São os<br />

do maduro, mas Carlos Menxando-se<br />

das políticas que ge- particulares que se retraem na<br />

donça diz que sempre tiveram “Somos “Somos o o típico típico comércio<br />

comércio raram “um “um clima clima de de concor- concor- concor- concor- concor- compra de pequenos artigos<br />

a preocupação de perscrutar<br />

tradicional”<br />

tradicional”<br />

rência rência e e competição competição pouco<br />

pouco para jardinagem e rega. E são<br />

novas actividades e daí a apos-<br />

solidária” solidária” entre os professo- os construtores civis que estão<br />

ta nos tratamentos de águas, E se um engenheiro já era res.<br />

parados e não lhes adjudicam<br />

bombagens e agora nas ener- uma mais-valia, dois engenhei- A reforma colocou-o a tem- algumas subempreitadas (a<br />

gias renováveis. Aliás, a monros eram-no muito mais. José po inteiro na gestão da Braz empresa tem alvará para instra<br />

da loja que em tempos ti- Mendonça, o irmão mais velho, Mendonça da Conceição, Lda. talação de equipamentos menha<br />

produtos para a agricultu- tem um percurso parcialmente à qual, de resto, sempre esticânicos e costuma montar sisra,<br />

conta hoje com jogos didác- coincidente: também estudava vera ligado. Em menino era para temas de bombagem).Mas<br />

ticos para crianças baseados no ISEL e trabalhava nas OGMA. a loja do pai que vinha depois onde a crise mais se nota é nos<br />

em energia solar, alguns deles E pela mesma razão de não das aulas e era ali que passava pagamentos atrasados. “Te- “Te“Tenascidos na Faculdade de Ci- querer ir para uma guerra que parte das férias escolares. mos mos clientes clientes que que dizem dizem que<br />

que<br />

ências de Lisboa.<br />

considerava injusta.<br />

Naquela idade não pensava não não nos nos nos pagam pagam porque porque<br />

porque<br />

Durante estes anos, a em- Termina o bacharelato em vir um dia para a firma, mas também também não não lhes lhes pagam pagam a<br />

a<br />

presa foi também uma espécie 1976, mas antes disso já dava reconhece que foram as activi- eles...” eles...” eles...”, eles...” eles...” lamenta-se Carlos<br />

de escola que formou especia- aulas. Trabalhos Manuais, mais dades que ali desenvolveu, li- Mendonça.<br />

listas em sistemas de rega pois tarde Educação Visual e Tecgadas aos motores, às máqui- A boa notícia é que desde há<br />

alguns dos funcionários que por nológica. O professor Mendonnas e a variados equipamentos, um ano a Braz Mendonça da<br />

lá passaram, acabaram por se ça andou por escolas de Lisboa, que influenciaram a sua voca- Conceição Lda. conseguiu ser<br />

lançar também nos seus negó- Azambuja, <strong>Caldas</strong> da Rainha e ção e formação em engenha- distribuidora da prestigiada ITT<br />

cios nesta área.<br />

Óbidos onde se pré-reformou ria.<br />

que vende bombas Lowara e<br />

A mãe, Ângela, não é uma Flygt. Quem percebe deste sec-<br />

figura decorativa. Aos 89 anos tor, diz que é material topo de<br />

cabe-lhe a parte administrati- gama e que só o facto de o reva<br />

da firma e é vê-la, ao telefopresentarem abona a favor da<br />

ne, rodeada de papéis e dossi- imagem.<br />

ers.<br />

Para o futuro, dizem os ir-<br />

Carlos Mendonça diz que é mãos, a estratégia passa por<br />

prestação de serviços, mais do “consolidar “consolidar as as franjas franjas de de<br />

de<br />

que a venda ao balcão, que re- mercado mercado mercado em em que que estamos<br />

estamos<br />

presenta o grosso da sua fac- implantados implantados e e pugnar pugnar pela<br />

pela<br />

turação. “Somos “Somos “Somos o o típico típico co- co- co- assistência assistência pós-venda pós-venda que que é<br />

é<br />

mércio mércio mércio tradicional. tradicional. É É raro<br />

raro umauma coisa coisa que que nos nos tem tem disdis-<br />

vendermos vendermos vendermos uma uma coisa coisa sem<br />

sem tinguido” tinguido”. tinguido”<br />

O O documento documento do do trespasse trespasse trespasse da da loja, loja, escrito escrito numa numa folha folha de<br />

de<br />

papel papel pardo. pardo. À À época época a a palavra palavra e e e honra honra dos dos homens homens contava<br />

contava<br />

mais mais do do que que a a burocracia<br />

burocracia<br />

ter ter que que explicar explicar explicar o o que que é é e<br />

e<br />

como como funciona. funciona. funciona. E E é é isso isso que que<br />

que<br />

caracteriza a relação de<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

“Não gosto muito de mudanças”<br />

Paulo Sérgio tinha 14 anos agradável trabalhar-se fora,<br />

quando veio para o balcão des- mas tem o inconveniente de não<br />

ta casa comercial. Natural da ter horários certos. Afinal não<br />

Nazaré, vivia então em Salir do se pode deixar um cliente pen-<br />

Porto e é um amigo da família, durado e – se tiver que ser – o<br />

Joaquim Godinho, que lhe fala dia de trabalho prolonga-se até<br />

da possibilidade deste empre- tarde.<br />

go. Estava-se em Março de 1982, Entretanto, casou, estudou à<br />

Braz Mendonça tinha morrido noite na Bordalo Pinheiro para<br />

três meses anos e a contrata- fazer o 10º ano (antes só tinha o<br />

ção do jovem Paulo é um dos antigo 2º ano do ciclo) e vive<br />

primeiros actos de gestão de hoje no Chão da Parada. Mas há<br />

Carlos Mendonça.<br />

28 anos que trabalha no mesmo<br />

“Naquela “Naquela “Naquela altura altura havia havia um<br />

um sítio (com uma curta experiênmovimentomovimento<br />

contínuo contínuo contínuo ao ao ao balbalcia<br />

de três meses de trabalho<br />

cãocão de de gente gente a a comprar comprar pepe-<br />

na Suíça que não o entusias-<br />

ças ças para para atomizadores atomizadores atomizadores e<br />

e mou).<br />

motores motores de de rega” rega”, rega” conta o em- Porquê esta fidelidade a uma<br />

pregado, que ganhava então empresa numa época em que é<br />

quatro contos por mês (20 eu- frequente mudar de emprego?<br />

ros), mas foi em poucos meses “Tem “Tem a a a ver, ver, por por por um um lado,<br />

lado,<br />

aumentado para 4500 escudos. com com com a a minha minha minha maneira maneira maneira de de ser<br />

ser<br />

Do balcão, Paulo passa a as- – – não não gosto gosto muito muito de de de mudan- mudanmudansumir actividades administratiçasças -, -, e e por por outro, outro, outro, com com com a a enenvas<br />

e técnicas. Acompanha a tidade tidade tidade patronal patronal pois pois sempre<br />

sempre<br />

evolução da empresa e hoje parnosnosnos demos demos bem bem e e são são são pessopessote<br />

do seu tempo é passado em<br />

trabalho exterior em tarefas de<br />

as as que que eu eu eu considero”<br />

considero”.<br />

considero”<br />

instalação, montagem e assistência<br />

a clientes. Admite que é<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

O O O funcionário funcionário mais mais antigo antigo da da casa casa casa num num dos dos poucos<br />

poucos<br />

momentos momentos momentos ao ao balcão. balcão. A A A maior maior maior parte parte do do do tempo tempo está está em<br />

em<br />

trabalho trabalho trabalho exterior. exterior.<br />

exterior.<br />

CRONOLOGIA<br />

1962 1962 – – Braz Mendonça da Conceição regista-se como empresário<br />

em nome individual<br />

1965 1965 – – – Abre a loja na Rua Dr. Miguel Bombarda.<br />

1981 1981 – – Muda a firma para sociedade por quotas (Braz Mendonça<br />

da Conceição Lda.) com um capital social de 150 contos<br />

(750 euros), dos quais um terço são da sua mulher, Ângela<br />

Ribeiro Marques Mendonça da Conceição<br />

1982 1982 – – Braz Mendonça da Conceição morre num acidente de<br />

viação<br />

1991 1991 – – Aumento do capital social da firma para 10 mil contos<br />

(50 mil euros) distribuídos entre a viúva e os filhos.<br />

Volume de negócios<br />

(em milhares de euros)


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Agência Funerária Neves foi criada nas <strong>Caldas</strong> da Ra<br />

O O empresário empresário Jaime Jaime dos dos Santos Santos Neves Neves (hoje (hoje com com 88 88 anos) anos) e e a a esposa esposa Laurinda Laurinda Simões Simões (1925-2003) (1925-2003) fundaram fundaram a a maior maior e e mais mais antiga antiga funerária funerária caldense, caldense, negócio negócio que que o o filho, filho, Jaime<br />

Jaime<br />

Neves, Neves, prosseguiu prosseguiu a a partir partir de de 1975 1975<br />

1975<br />

Jaime Neves organizou o primeiro<br />

funeral aos 14 anos. O<br />

calendário marcava o ano de 1963<br />

e o jovem ficara encarregado<br />

dos negócios da empresa familiar<br />

na ausência dos pais.<br />

“Apareceram “Apareceram os os familiares<br />

familiares<br />

dede uma uma pessoa pessoa que que tinha tinha fafalecidolecido<br />

e e eu eu eu consegui consegui orienorien-<br />

tar tar as as coisas, coisas, coisas, juntamente<br />

juntamente<br />

com com um um colaborador”<br />

colaborador”, colaborador” conta<br />

o empresário, destacando que<br />

quando os pais chegaram, no dia<br />

seguinte, estava tudo tratado,<br />

à excepção da documentação<br />

porque não tinha os 18 anos necessários<br />

para fazer a declaração<br />

do óbito no Registo Civil.<br />

Esta foi a sua primeira “prova<br />

de fogo”, mas Jaime Neves<br />

sempre se lembra de ajudar os<br />

pais na agência, fundada em<br />

Junho de 1955. Nessa altura só<br />

havia nas <strong>Caldas</strong> a Agência Ramos,<br />

da firma João Ramos e<br />

Companhia, que já fechou as<br />

suas portas.<br />

O seu pais, Jaime dos Santos<br />

Neves (hoje com 88 anos), era<br />

então funcionário bancário e<br />

abriu a casa de móveis e agência<br />

funerária Neves, juntamente<br />

com o sócio Manuel Soares.<br />

Esta sociedade viria a durar apenas<br />

um ano, ficando Jaime dos<br />

Santos Neves com a agência que<br />

se foi especializando na actividade<br />

funerária.<br />

Filho único de Laurinda Simões<br />

(1925-2003) e de Jaime dos<br />

Santos Neves, Jaime Neves herdou<br />

do pai, além do nome, a<br />

única actividade que viria a conhecer<br />

durante toda a sua vida<br />

profissional. Nasceu em Leiria,<br />

mas foi criado na Rua do Jardim<br />

(hoje rua Alexandre Herculano),<br />

onde os pais residem e a agência<br />

sempre se manteve. “Eu<br />

“Eu<br />

passei passei passei a a ser ser um um habitante habitante da<br />

da<br />

rua rua e e também também um um pouco<br />

pouco<br />

“dono” “dono” dela” dela”, dela” brinca, lembrando<br />

a sua vivência naquele espa-<br />

ço há mais de meio século.<br />

Naquela altura, e também<br />

mais interessado nas brincadeiras<br />

da rua, Jaime Neves nem se<br />

apercebia do trabalho dos pais.<br />

Só mais tarde viria a compreender<br />

que é uma vida “relativarelativarelativa A Agência Neves abriu portas em Junho de 1955 como casa de móveis e agência funerária, tendo<br />

por sócios Jaime dos Santos Neves e Manuel Soares. A sociedade acabaria foi terminar um ano<br />

depois ficando apenas Jaime dos Santos Neves, então com 34 anos, com o negócio que acabaria<br />

por especializar no ramo funerário e transformá-lo na agência mais conhecida das <strong>Caldas</strong>.<br />

O filho único de Laurinda Simões e Jaime dos Santos Neves, Jaime Neves herdou do pai, além do<br />

nome, a única actividade que viria a conhecer durante toda a sua vida profissional. Uma profissão<br />

que, apesar da sua especificidade, não deixou de sofrer também grandes alterações ao longo do<br />

tempo.<br />

mente mente presa presa porque porque os os sete<br />

sete<br />

diasdias da da semana semana estão estão semsem-<br />

pre pre incluídos incluídos incluídos em em qualquer<br />

qualquer<br />

serviço serviço serviço fúnebre fúnebre que que venha venha a<br />

a<br />

acontecer”<br />

acontecer”.<br />

acontecer”<br />

acontecer”<br />

Ainda assim, o pequeno Jaime<br />

sempre ajudou a família no<br />

trabalho da funerária. A sua mãe<br />

costumava estofar o interior das<br />

urnas - uma prática que já não<br />

se faz porque agora as urnas vêm<br />

prontas de fábrica – que vinham<br />

em tosco, sem acabamento interior.<br />

Aliás, como o pai trabalhava<br />

na sucursal do Banco de<br />

Portugal das <strong>Caldas</strong>, era a sua<br />

mãe, Laurinda Simões Neves, que<br />

ficava na agência durante o dia.<br />

Com os seus sete, oito anos<br />

já se entretinha a “pregar “pregar as<br />

as<br />

rendas rendas no no cetim cetim e e a a dar dar cabo<br />

cabo<br />

da da ponta ponta dos dos dedos” dedos”, dedos” lembra,<br />

adiantando que cresceu praticamente<br />

no meio das urnas que<br />

se encontravam dispostas pela<br />

loja, até que passaram a ter um<br />

armazém e na Rua do Jardim ficou<br />

apenas o escritório e serviço<br />

de atendimento do público.<br />

Com o serviço militar cumprido,<br />

em 1973, chegou a hora para<br />

Jaime Neves de escolher uma<br />

profissão. “Naquele “Naquele tempo tempo era<br />

era<br />

depoisdepois da da tropa tropa que que as as pespes-<br />

soassoas decidiam decidiam o o que que queriqueriqueri- am am am ser” ser” ser”, ser” conta. No seu caso foi<br />

fácil. “Esta “Esta é é uma uma uma das das activi- activi- activi- activi- activi-<br />

dades dades em em que que ou ou ou se se se gosta gosta ou<br />

ou<br />

não não não se se se gosta. gosta. E E E eu eu sempre<br />

sempre<br />

gostei” gostei”. gostei”<br />

É assim que pega no negócio<br />

familiar, sucedendo ao seu pai,<br />

mas agora assumindo uma profissionalização<br />

que até então<br />

não existira.<br />

Mais tarde a empresa passa<br />

a ter funcionários. Antes, quando<br />

havia funerais, recorria-se<br />

aos tarefeiros, normalmente os<br />

engraxadores da Praça da Fruta,<br />

conta Jaime Neves. Não era<br />

difícil porque naquele tempo<br />

havia pelo menos uns 15 naquela<br />

zona da cidade.<br />

José Felizardo, empregado na<br />

casa há 15 anos (ver caixa) conta<br />

que aprendeu o ofício com os<br />

seus colegas e o patrão, mas<br />

hoje em dia já há formação profissional<br />

nesta actividade, a cargo<br />

da ANEL (Associação Nacional<br />

das Empresas Lutuosas), da<br />

qual Jaime Neves, sócio nº 28, é<br />

actualmente o presidente da<br />

Assembleia Geral.<br />

DO DO CAIXÃO CAIXÃO CAIXÃO À À URNA<br />

URNA<br />

Nesta área também têm-se<br />

registado muitas alterações. A<br />

primeira delas – com especial<br />

agrado do empresário – é a alteração<br />

do termo caixão para<br />

urna, pois trata-se do termo correcto.<br />

É que antigamente utili-<br />

zava-se o nome caixão para designar<br />

a caixa de madeira tosca,<br />

forrada a pano exteriormente,<br />

com que se faziam os enterramentos.<br />

Existem urnas de vários tipos,<br />

modelos e categorias, mas as<br />

funerárias não conseguem<br />

abranger toda essa diversidade,<br />

acabando por ter meia dúzia de<br />

modelos com os quais trabalham.<br />

Jaime Neves explica mesmo<br />

que a zona Norte tem um<br />

tipo de urna diferente da de<br />

Coimbra ou Lisboa.<br />

Nas <strong>Caldas</strong> é o modelo Lisboa<br />

o mais utilizado. Trata-se<br />

de uma urna rectangular, com<br />

largura igual à cabeça e aos pés,<br />

enquanto que o modelo do Porto<br />

tem à cabeceira uma largura<br />

superior aos pés.<br />

A acrescentar a estes forma-<br />

tos, existem ainda as de tampa<br />

ou os baús, consoante a preferência<br />

do cliente.<br />

“De De vez vez em em em quando quando sur- sursurgemgem algumas algumas algumas excentricidaexcentricidades,des,<br />

como como o o caso caso de de querequere-<br />

rem rem uma uma uma urna urna de de amarelo” amarelo”, amarelo”<br />

conta Jaime Neves, que não<br />

pode satisfazer estes pedidos<br />

porque prefere trabalhar apenas<br />

com os modelos tradicionais.<br />

“Mas “Mas há há fábricas fábricas fábricas que<br />

que<br />

têm têm vermelhas vermelhas ou ou ou verdes,<br />

verdes,<br />

para para os os adeptos adeptos clubísticos<br />

clubísticos<br />

mais mais fervorosos”<br />

fervorosos”, fervorosos” conta o<br />

empresário, explicando que essa<br />

“tradição” passou para os potes<br />

de cinza, que os há de várias<br />

cores e formatos, como é possível<br />

ver na exposição que tem na<br />

sua loja.<br />

Um funeral pode custar entre<br />

os 300 euros estipulados pelo<br />

Governo como “funeral social”<br />

até aos 2000 euros ou muito<br />

mais. Depende em grande parte<br />

da urna, que pode variar dos<br />

325 aos 800 euros, embora as<br />

haja também muito mais caras.<br />

Por exemplo, uma urna de mogno<br />

para jazigo pode custar 1100<br />

euros, em madeira munete já vai<br />

aos 2500 euros e depois há urnas<br />

em pau santo que atingem<br />

quantias astronómicos.<br />

Seja como for, os funerais em<br />

jazigos estão fora de moda, pelo<br />

que não é nesta segmento que<br />

Jaime Neves faz o grosso do seu<br />

negócio. De resto, a actividade<br />

funerária tem-se mantido mais<br />

ou menos constante, residindo<br />

as principais diferenças numa<br />

maior opção pela cremação e<br />

uma menor procura pelo serviço<br />

de jazigo.<br />

Apesar do aumento do número<br />

de pedidos de cremação, o<br />

empresário não vê necessidade<br />

da criação de um crematório nas<br />

<strong>Caldas</strong>, nem forma de o manter,<br />

explicando que, pela proximidade<br />

geográfica, estão a deslocar<br />

os corpos a Lisboa para<br />

serem cremados.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

Um Um Chevrolet Chevrolet americano americano foi foi foi o o primeiro primeiro primeiro carro carro da da empresa. empresa. O O veículo veículo veículo fez fez funerais funerais até<br />

até<br />

finais finais de de 1976.<br />

1976.


inha há 55 anos<br />

Faz falta um centro funerário nas <strong>Caldas</strong><br />

O primeiro carro que a agência teve<br />

foi um Chevrolet americano, depois<br />

adaptado a carro funerário, cuja fotografia<br />

ainda hoje a firma ostenta, orgulhosamente,<br />

na parede do escritório.<br />

Nela é possível ver o carro estacionado<br />

na Rua Leão Azedo, junto às oficinas dos<br />

Capristanos (actual Rodoviária). “Na<br />

“Na<br />

altura altura podíamos podíamos escolher escolher o o lugar<br />

lugar<br />

para para estacionar, estacionar, à à sombra sombra ou ou ao<br />

ao<br />

sol, sol, porque porque poucos poucos carros carros havia<br />

havia<br />

na na rua” rua”, rua” lembra Jaime Neves, acrescentando<br />

que o veículo manteve-se ao serviço<br />

da empresa até Dezembro de 1976.<br />

Mas quando a Agência Neves foi formada,<br />

o veículo de transporte nos funerais<br />

eram as célebres carretas, um género<br />

de carroça transformada em viatura<br />

funerária para a época, puxada por dois<br />

homens.<br />

Nessa altura os funerais eram a “passo”.<br />

Jaime Neves recorda-se, por exemplo,<br />

de todas as ruas do Bairro dos Arneiros<br />

serem em terra e só começar a<br />

haver alcatrão já perto da ponte. Todos<br />

os percursos passavam também pelo<br />

centro da cidade, registando o empresário<br />

na memória a esquina da mercearia<br />

Pena como um local de passagem obrigatória<br />

de qualquer funeral, que se dirigia<br />

ao cemitério antigo, junto à Secla.<br />

“Havia “Havia um um respeito respeito respeito pelo pelo pelo per- perper- curso curso em em que que se se se dava dava sempre sempre a<br />

a<br />

ultima ultima passagem passagem pela pela cidade” cidade”, cidade”<br />

conta, acrescentando que os funerais<br />

eram feitos a pé e o sacerdote acompanhava-o,<br />

desde o domicílio até ao cemitério.<br />

“Hoje Hoje em em em dia dia dia todas todas essas essas prá- práprá- ticas ticas estão estão alteradas alteradas porque porque o<br />

o<br />

sacerdote sacerdote faz faz faz as as cerimónias cerimónias e<br />

e<br />

aguarda aguarda a a chegada chegada do do corpo corpo ao<br />

ao<br />

cemitério”<br />

cemitério”, cemitério” explica, acrescentando que<br />

90% dos funerais são feitos pela Igreja<br />

Católica.<br />

Dessa altura Jaime Neves lembra uma<br />

história engraçada. Os cortejos, a pé,<br />

abrangiam toda a largura da rua e cortavam<br />

o trânsito da Rua Heróis da Grande<br />

Guerra até ao Largo Conde José de<br />

Fontalva, em direcção ao cemitério.<br />

Quando se passava em frente á Santa<br />

Casa da Misericórdia e ao Hotel Lisbonense<br />

começavam as tentativas dos automóveis<br />

para ultrapassar o cortejo. Há<br />

um dia em que um individuo ultrapassa<br />

o cortejo e não repara que vem um carro<br />

de frente, batendo. “Dá-se Dá-se um um um gran- gran- gran- gran-<br />

de de estardalhaço estardalhaço e e toda toda a a gente gente<br />

gente<br />

parou parou para para ver ver o o o que que era, era, mas mas o<br />

o<br />

cortejo cortejo seguiu seguiu para para o o cemitério<br />

cemitério<br />

de de Nossa Nossa Senhora Senhora do do Pópulo”<br />

Pópulo”, Pópulo”<br />

contou,<br />

acrescentando que quando chegaram<br />

ao cemitério “só “só estavam estavam presen- presenpresentes tes tes meia meia dúzia dúzia de de de pessoas pessoas pessoas que<br />

que<br />

vinham vinham atrás atrás do do do carro carro funerário,<br />

funerário,<br />

o o padre padre e e o o sacristão. sacristão. sacristão. O O O restante<br />

restante<br />

acompanhamentoacompanhamento ficou ficou a a ver ver ver o o aciaci-<br />

dente” dente” dente”. dente”<br />

A Agência Neves também faz trasladações,<br />

perdão, “repatriamento de cadáveres”,<br />

que é a expressão mais correc-<br />

Por exemplo, este mês de Julho de 2009<br />

tem-se revelado o mais fraco em termos<br />

de negócio, coisa que aconteceu o ano<br />

passado em Abril.<br />

É, pois, normal viverem-se muitos dias<br />

seguidos de tédio numa agencia funerária.<br />

Mas também há picos de stress pois<br />

acontece realizarem-se cinco ou seis funerais<br />

no mesmo dia.<br />

Já este é um sector imune à recessão<br />

económica. Ou quase. “É “É óbvio óbvio que<br />

que<br />

Anabela Anabela Neves Neves e e Jaime Jaime Neves. Neves. O O casal casal detém detém desde desde 2002<br />

2002<br />

a a sociedade sociedade por por quotas quotas proprietária proprietária da da agência<br />

agência<br />

em em tempos tempos de de dificuldades dificuldades as<br />

as<br />

pessoas pessoas não não querem querem um um funeral<br />

funeral<br />

ter direito a férias. “De De vez vez em em quan- quan- quan- maismais caro caro e e optam optam pelo pelo mais mais baba-<br />

do do lá lá consigo consigo fugir fugir dois dois ou ou três<br />

três rato” rato”, rato” constata o empresário, que realidias,dias,<br />

mas mas mesmo mesmo assim assim o o telefotelefoza<br />

uma média de 250 funerais por ano.<br />

ne ne ne não não pára pára de de tocar” tocar”, tocar” conta, acres- Já o volume de negócios não o quis dicentando<br />

que têm que estar sempre vulgar.<br />

prontos para dar apoio aos familiares Com duas filhas, ambas adultas e<br />

sete dias por semana.<br />

com actividade profissional, o casal Jai-<br />

O telefone sempre foi o meio de conme e Anabela não espera que estas algutacto<br />

privilegiado da empresa, mas anma vez venham a interessar-se pelo netes<br />

os familiares dos falecidos chegavam gocio da família. As áreas de interesse<br />

a ir-lhe a casa bater à porta. Quando ia são outras: uma é licenciada em Mate-<br />

ao cinema, Jaime Neves escolhia sempre máticas Aplicadas e a outra em Inglês e<br />

o lugar da ponta porque, como aconte- Alemão.<br />

ceu várias vezes, antes do filme terminar, Para comemorar os 55 anos da em-<br />

“vinha “vinha o o porteiro porteiro chamar-me chamar-me chamar-me por- por- por- presa, Jaime Neves criou um boletim inqueque<br />

estavam estavam pessoas pessoas à à minha minha proproformativo<br />

e obituário, de distribuição<br />

cura” cura”. cura” Outras vezes são jantares e almo- gratuita. O primeiro número saiu em Juços<br />

que ficam a meio porque a emergênnho e tem como tema principal “Os escia<br />

assim o obriga. “A “A “A família família habituou- habituou- habituou- habituou- habituou- paços sagrados”, onde o empresário<br />

se se a a isso” isso”, isso” conclui o empresário. fala sobre os cemitérios primitivos e as<br />

Hoje há telemóveis, a empresa tem alterações que estes têm tido ao longo<br />

quatro empregados – três agentes fune- dos tempos.<br />

rários e uma administrativa -, mas a pro- O boletim dá ainda informações sofissão<br />

exige uma disponibilidade total 24 bre o que fazer quando ocorre um óbito<br />

horas por dia. Jaime Neves não consegue<br />

distinguir uma época do ano com<br />

e o obituário de Maio.<br />

mais funerais. É totalmente aleatório.<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

ta. E tanto os faz de portugueses que<br />

faleceram no estrangeiro, como com os<br />

féretros de estrangeiros que pereceram<br />

em Portugal. É, contudo, uma fatia do<br />

negócio muito pouco significativa, diz o<br />

empresário, até porque hoje em dia é mais<br />

económico proceder-se à cremação e enviar<br />

apenas a urna com as cinzas para o<br />

país de destino.<br />

Relativamente às <strong>Caldas</strong> da Rainha,<br />

Jaime Neves diz que “há “há falta falta de de res- res- res- res- respeito<br />

peito peito e e e de de dignidade” dignidade” da parte das<br />

entidades competentes por não haver um<br />

centro funerário em condições onde possam<br />

ser velados os corpos. A Igreja de<br />

Nossa Senhora da Conceição não tem<br />

capela mortuária e a capela de S. Sebastião,<br />

que foi utilizada como local de velamento,<br />

deixou de o ser quando foi transformada<br />

em museu.<br />

“Os “Os velamentos velamentos são são feitos feitos no no Mon- MonMon- tepio tepio ou ou nas nas capelas capelas dos dos próprios<br />

próprios<br />

cemitérios, cemitérios, que que não não têm têm têm dignidade<br />

dignidade<br />

nem nem nem condições”<br />

condições”, condições” diz, realçando que uma<br />

cidade com a dimensão das <strong>Caldas</strong> “devia<br />

“devia<br />

dede ter ter um um local local com com dignidade dignidade e e eses-<br />

paço” paço” paço” para esta prática.<br />

Actualmente a agência possui duas<br />

viaturas funerárias e dentro de alguns<br />

dias terá mais uma. Em rigor, não existem<br />

carros funerários originais. Estes veículos<br />

são carros normais que são posteriormente<br />

transformados para este fim.<br />

Hoje em dia, porém, utilizam-se furgões<br />

e carrinhas para se transformarem em<br />

carros funerários.<br />

O empresário escusou-se a divulgar<br />

o volume de facturação da sua empresa,<br />

que actualmente conta com quatro funcionários.<br />

Trata-se uma profissão marcadamente<br />

masculina, muito devido ao esforço físico<br />

que implica, mas Jaime Neves afirma<br />

que também há mulheres, por quem diz<br />

ter muito respeito e amizade, que são<br />

óptimas profissionais na actividade.<br />

E como será o futuro? O empresário<br />

diz que ideias há muitas, só que não se<br />

podem concretizar, dada a conjuntura<br />

do país.<br />

Actualmente com 61 anos, Jaime Neves<br />

diz querer aguentar a firma mais quatro<br />

anos. “Aos Aos 65 65 anos anos quero quero ir ir fa- fafazerzer aquilo aquilo que que nunca nunca fiz fiz em em totodosdos<br />

estes estes anos: anos: ter ter férias, férias, desdes-<br />

canso canso e e e não não ter ter que que estar estar preso preso a<br />

a<br />

nada” nada”. nada” nada” É que, como realça, “são “são 365<br />

365<br />

dias dias dias dedicados dedicados à à actividade”<br />

actividade”, actividade” sem<br />

Tintas e pincéis à espera da<br />

reforma<br />

O espírito curioso e atento de Jaime Neves levou-o a interessar-se pelo jornalismo<br />

e investigação da história local.<br />

Foi colaborador da <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> das das das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong>na<br />

década de 60 do século passado,<br />

altura em que era chefe de redacção deste semanário Domingos del Rio. Entre as<br />

diversas peças que fez, é o autor da rubrica “Sabe quem foi”, sobre personalidades,<br />

e do suplemento O Gazetário, que fazia juntamente com Micael Faria e cujos textos<br />

foram várias vezes cortados pela censura.<br />

Mais tarde, a partir de meados da década de 70, fez parte do Notícias das <strong>Caldas</strong>,<br />

onde era cooperador e o paginador do próprio jornal. “Era Era o o trabalho trabalho que que eu<br />

eu<br />

tinha tinha todos todos os os os domingos domingos à à noite” noite”, noite” lembra.<br />

Jaime Neves é também autor de um livro sobre a toponímia caldense e já possui<br />

apontamentos sobre o roteiro das <strong>Caldas</strong>, que pretende vir a publicar. Está também<br />

a fazer um levantamento sobre os cemitérios desde a fundação da vila das<br />

<strong>Caldas</strong>, no qual julga poder publicar todos os cemitérios que existiram na cidade.<br />

A pintura foi um hobby que se prolongou durante dois ou três anos e que teve que<br />

abandonar por falta de tempo. “Comecei Comecei Comecei a a fazer fazer retrato retrato e e pintura pintura sem sem dar dar<br />

dar<br />

por por isso” isso”, isso” lembra, acrescentando que a dada altura também se dedicou à pintura<br />

de brasões.<br />

Mas a pintura exige alguma disponibilidade e, “nas “nas alturas alturas em em que que eu<br />

eu<br />

menos menos esperava” esperava”, esperava” surgia sempre um telefonema ou um pedido e Jaime Neves<br />

tinha que abandonar o que estava a fazer para ir tratar do assunto. “Estraguei<br />

“Estraguei<br />

muitos muitos pincéis pincéis e e tinta tinta porque porque não não havia havia tempo tempo para para limpar limpar limpar e e arrumar<br />

arrumar<br />

devidamente”<br />

devidamente”, devidamente” conta, acrescentando que ainda mantém em casa todo o equipamento<br />

à espera do dia em que venha a reforma.<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

“Quando Quando Quando são são são crianças crianças e<br />

e<br />

jovens jovens marca marca muito” muito”<br />

muito”<br />

O O funcionário funcionário mais mais antigo, antigo, José José Felizardo, Felizardo, ladeado<br />

ladeado<br />

pelos pelos colegas colegas Isidro Isidro Fiandeiro Fiandeiro Fiandeiro e e e Moisés Moisés Sousa<br />

Sousa<br />

José Felizardo, tem 51 anos e longo da sua actividade profis-<br />

trabalha há 15 anos na Agência sional teve duas situações que<br />

Neves como agente funerário e foram particularmente difíceis<br />

motorista. Residente em Torna- de suportar. Há cinco ou seis<br />

da, começou a trabalhar aos 12 anos, a uma terça-feira, teve<br />

anos no ramo automóvel e aí que ir buscar uma bebé de 23<br />

permaneceu durante mais de meses ao Hospital de Santa<br />

duas décadas, mas o encerra- Maria. Depois, na sexta-feira<br />

mento das várias empresas seguinte, fez o funeral de uma<br />

onde esteve levaram-no ao de- jovem de 19 anos. “Quando Quando são<br />

são<br />

semprego.<br />

crianças crianças e e e jovens jovens jovens marca<br />

marca<br />

“Estou Estou aqui aqui há há 15 15 anos anos e e<br />

e muito” muito”, muito” conta, acrescentando<br />

gosto gosto do do que que faço” faço” faço”, faço” diz, em- que qualquer uma das situações<br />

bora reconheça que no início “é marca porque “somos somoshumahumasempresempre um um pouco pouco difícil difícil porporpor- nos” nos”. nos”<br />

que que é é um um serviço serviço serviço diferente<br />

diferente Apesar de não ser um traba-<br />

do do do que que estava estava habituado”.<br />

habituado”. lho stressante, “marca “marca em<br />

em<br />

José Felizardo conta que tam- certas certas situações”<br />

situações”, situações” conta o funbém<br />

têm que ser um bocado cionário.<br />

psicólogos, ajudando as famíli- A família vê bem a sua proas<br />

naquelas horas tão difíceis. fissão. “Não Não Não vou vou para para casa<br />

casa<br />

Aprendeu o ofício com os funci- falar falar do do trabalho, trabalho, mas mas não não é<br />

é<br />

onários mais velhos e rapida- tabu” tabu”, tabu” refere José Felizardo,<br />

mente começou a tratar do ca- adiantando que tem uma filha<br />

dáver, vestindo-o e preparando- com 12 anos, que não tem qualo.quer<br />

complexo com isso. “Mes- “Mes- “Mes- “Mes-<br />

Também nesta área vão hamomo na na escola escola os os colegas colegas sasavendo<br />

inovações e, por exem- bem bem o o o que que o o pai pai faz faz e e isso isso é<br />

é<br />

plo, agora existem produtos di- visto visto com com com naturalidade”<br />

naturalidade”, naturalidade” disferentes<br />

e mais modernos para<br />

a preparação dos cadáveres.<br />

se.<br />

José Felizardo lembra que ao<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

CURIOSIDADES<br />

Gato Gato Pingado Pingado Pingado - Nome que na gíria é dado ao agente funerário.<br />

A expressão advém do facto de, há séculos atrás, o<br />

indivíduo que acompanhava o funeral levar um archote ou uma<br />

vela acesa que, durante o percurso, ia pingando. Como ficava<br />

todo sujo de cera, era-lhe dado o nome de gato pingado.<br />

Auto-fúnebre Auto-fúnebre – nome do carro funerário<br />

Serviço Serviço de de archote archote archote – serviço da movimentação da urna<br />

CRONOLOGIA<br />

1955 1955 1955 - - Jaime dos Santos Neves e Manuel Soares fundam<br />

uma casa de móveis e agencia funerária<br />

1957 1957 – – Com a saída de Manuel Soares, Jaime Neves fica<br />

com a empresa em nome individual.<br />

1975 1975 1975 – – Jaime Neves (filho) sucede ao pai, mantendo a em-<br />

presa em nome individual<br />

2002 2002 – – Por obrigação legal, é constituída uma sociedade<br />

por quotas, com um capital social de 10 mil euros entre Jaime<br />

Neves e a esposa, Anabela Neves.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Curel alia inovação e tradição num ofício secular<br />

Luís Matias nasceu a 11 de Setem- muitos tinham “uma “uma barraquita”<br />

barraquita”<br />

bro de 1940 no lugar de Cabeço do onde faziam as navalhas, “toda “toda “toda a<br />

a<br />

Boieiro, no Pego, para os lados de Al- gente gente ficou ficou com com muito muito muito medo” medo”. medo”<br />

vorninha. Filho de gente humilde, que Fernando Policarpo decidiu fechar<br />

trabalhava a terra, estudou até à 4ª a sua oficina e ir trabalhar para a Ri-<br />

classe, com grande sacrifício dos bafria, na Benedita, naquela que foi a<br />

pais. Aos 12 anos, ainda gaiato e com oficina onde nasceu a Icel. Luís Mati-<br />

a continuação dos estudos bem longe as decidiu então ir trabalhar para uma<br />

dos seus horizontes, Luís foi obriga- oficina, pertencente a Luís Gonzaga,<br />

do a fazer-se homem e a ajudar em na localidade de Casal Velho, perto da<br />

casa com o fruto do seu trabalho. Va- Ramalhosa, “onde “onde já já havia havia algu- algu- algu- alguleu-lhe<br />

a “inspiração” “inspiração” do pai, que ma ma evoluçãozita, evoluçãozita, que que já já tinha<br />

tinha<br />

após algum tempo a trabalhar com o umum motor motor para para acabar acabar as as navanava-<br />

filho nas suas terras decidiu que, se lhas” lhas”. lhas” Luís Matias passou a ganhar<br />

houvesse saída da pobreza, teria que 12 escudos [6 cêntimos], “porque<br />

“porque<br />

ser noutro ofício.<br />

eu eu eu já já trabalhava trabalhava muito muito muito bem” bem” bem”, bem” bem”<br />

“Nascido “Nascido “Nascido na na aldeia, aldeia, mal mal sa- sa- sa- sa- afiança.<br />

biabia ler ler e e escrever, escrever, mas mas era era inteinte-<br />

Contudo não ficou com este patrão<br />

ligente ligente e e marcava marcava um um bocado bocado a a<br />

a muito tempo porque esta foi uma das<br />

diferença diferença em em relação relação às às outras<br />

outras diversas oficinas da zona que seriam<br />

pessoas pessoas dali. dali. Disse-me: Disse-me: Disse-me: ‘vais<br />

‘vais fundidas numa só emprea – a Sovi –<br />

para para para a a a escola” escola” escola”, escola” escola” conta agora Luís propriedade de António Ivo Peralta.<br />

Matias, prestes a completar os 70 É assim que Luís Matias passa a<br />

anos de idade. “Quando “Quando “Quando a a escola<br />

escola ficar ao serviço deste seu terceiro<br />

acabou, acabou, acabou, fui fui fui trabalhar trabalhar a a terra<br />

terra patrão. No entanto, passa a trabalhar<br />

comcom o o meu meu pai, pai, que que que teve, teve, enen-<br />

mais longe de casa, tendo de deslo-<br />

tão, tão, esta esta ideia: ideia: o o rapaz rapaz vai<br />

vai car-se a pé desde o Pego para Santa<br />

aprender, aprender, vai vai vai para para as as navalhas,<br />

navalhas, Catarina, muitas vezes às escuras,<br />

porque porque os os os navalheiros navalheiros é é tudo<br />

tudo em estradas de carros de bois.<br />

uma uma pobreza pobreza muito muito grande, grande, mas mas<br />

mas “Viemos “Viemos em em Setembro, Setembro, no no no fim<br />

fim<br />

por por ali ali pode pode haver haver uma uma saída.<br />

saída.<br />

Agora Agora isto isto da da agricultura agricultura nunca<br />

nunca<br />

dádá nada. nada. E E o o o meu meu pai pai não não se se enen-<br />

do do Verão. Verão. Este Este caminho caminho torto,<br />

torto,<br />

com com carreiros, carreiros, lamas lamas e e ribeiras,<br />

ribeiras,<br />

nessa nessa altura altura passava-se passava-se bem. bem.<br />

bem.<br />

Matilde Matilde do do do Carmo Carmo Carmo Ivo Ivo e e Luís Luís Matias Matias Matias em<br />

em<br />

meados meados meados da da década década de de setenta<br />

setenta<br />

Pai Pai e e filho, filho, as as as duas duas duas gerações gerações que que apesar apesar de de não não não terem terem fundado fundado a a Curel<br />

Curel<br />

a a tornaram tornaram numa numa marca marca de de de prestígio prestígio aquém aquém aquém e e além além fronteiras<br />

fronteiras<br />

ganou” ganou”. ganou” Foi assim que Luís Matias Mas Mas Mas começou começou o o Inverno Inverno e e e al- alalfoi “para “para “para as as as navalhas”.<br />

navalhas”.<br />

navalhas”.<br />

guns guns dos dos empregados, empregados, os os que<br />

que<br />

O seu primeiro ‘mestre’ foi Fernando<br />

Policarpo, “um “um senhor senhor que que tra- tratra- balhava balhava muito muito bem bem bem as as as navalhas<br />

navalhas<br />

e e era era muito muito habilidoso”<br />

habilidoso”. habilidoso” Perto de<br />

casa, Luís Matias aprendeu os truques<br />

eram eram casados, casados, casados, ficaram ficaram a a viver viver<br />

viver<br />

em em Santa Santa Catarina. Catarina. Fiquei Fiquei só só eu<br />

eu<br />

ee um um meu meu vizinho, vizinho, o o Avelino. Avelino. FiFicámoscámos<br />

os os novatos novatos a a fazer fazer o o caca-<br />

nheiro nheiro que que ganhava ganhava ganhava ao<br />

ao<br />

meumeumeu pai. pai. Era Era com com com o o que que ganhaganhavavava<br />

com com com as as as horas horas horas extraordináriextraordinári-<br />

as as que que me me vestia. vestia. Era Era feliz. feliz. feliz. Não<br />

Não<br />

é a sua mulher.<br />

Em 1961, com 21 anos, Luís Matias<br />

foi para a tropa. O serviço militar foi<br />

cumprido em Chaves e em Angola.<br />

go patrão à comissão, depois começou<br />

também a dedicar-se a outros produtos,<br />

sobretudo aos que eram feitos<br />

na zona, como a marroquinaria. Foi ar-<br />

de ser pequenito e já andar entre facas<br />

e canivetes. “Eu “Eu costumo costumo costumo di- didizerzerzer que que que nasci nasci num num cesto cesto de de lili-<br />

malhas” malhas”, malhas” brinca.<br />

Dos seus tempos de menino, lem-<br />

de um ofício em que tudo era feito manualmente.<br />

“Nesse “Nesse tempo tempo traba- trabatrabalhava-selhava-se de de manhã manhã à à noite, noite, fazifazi-<br />

am-se am-se muitos muitos serões. serões. Faziam-se Faziam-se<br />

Faziam-se<br />

muitasmuitas horas horas para para para ganhar ganhar semsem-<br />

A Curel foi fundada em 1977 na localidade das Relvas, freguesia de Santa Catarina. Cinco anos<br />

depois foi comprada por Luís Matias, que trabalhava a fazer navalhas desde os 12 anos de idade e<br />

que mais tarde passou a caixeiro-viajante de cutelarias, construindo uma pequena fortuna.<br />

Ainda que a história da empresa não tenha início com Luís Matias, foi com ele que a Curel se afirmou<br />

bra-se do aparecimento da electricidade<br />

na zona. “Um “Um acontecimen-<br />

acontecimenacontecimen-<br />

to to extraordinário, extraordinário, foi foi quase quase um<br />

um<br />

milagre” milagre”. milagre” milagre” Também se recorda bem<br />

da construção das instalações onde<br />

pre pre pouco” pouco”. pouco”<br />

aquém e além fronteiras. Hoje, é o filho – Vasco Ivo Matias – que está ao comando da empresa, que ainda hoje se mantém a Curel. “Fo- “Fo- “Fo-<br />

Dois anos depois de ter começado produz anualmente cerca de 2,5 milhões de facas e canivetes. Mas a história da fábrica de cutelarias ramram feitas feitas feitas a a pulso, pulso, praticamenpraticamen-<br />

a laborar na oficina de Policarpo, a de Santa Catarina faz-se das memórias de um homem ambicioso e é fruto da inspiração do seu pai, te te por por administração administração directa directa e<br />

e<br />

ganhar 10 escudos [5 cêntimos] por<br />

mês, surge uma lei que manda que os<br />

que quis um futuro melhor para o filho do que o trabalho na terra.<br />

comcom as as as placas placas enchidas enchidas a a balbalde.de.de.<br />

Aos Aos Aos sábados, sábados, sábados, convocavamconvocavam-<br />

navalheiros não trabalhem mais de<br />

sesese os os trabalhadores trabalhadores todos. todos. todos. ToToTo- oito horas por dia. “O “O meu meu patrão<br />

patrão<br />

ficou ficou muito muito atrapalhado. atrapalhado. atrapalhado. Então,<br />

Então,<br />

se se nós nós nós trabalhávamos trabalhávamos trabalhávamos todo todo todo o o o dia dia<br />

dia<br />

e e fazíamos fazíamos fazíamos serão serão para para ganhar ganhar<br />

ganhar<br />

um um ordenadito… ordenadito… Depois Depois havia havia<br />

havia<br />

quemquem dissesse dissesse que que que ia ia haver haver fisfis-<br />

calizações”<br />

calizações”. calizações” Ora, numa zona onde<br />

minho, minho, mas mas nós nós não não tínhamos<br />

tínhamos<br />

problema” problema”. problema” Mas a companhia durou<br />

pouco mais de um ano porque o amigo<br />

desistiu. Só ficou Luís Matias, já com<br />

15 anos e a ganhar então 15 escudos<br />

[7,5 cêntimos] por mês.<br />

“Dava “Dava a a a maior maior parte parte do do di- di- diditinha tinha tinha dinheiro, dinheiro, mas mas mas sabia sabia que<br />

que<br />

gostavam gostavam de de mim mim no no trabalho trabalho trabalho e<br />

e<br />

eu eu gostava gostava do do do que que fazia” fazia”. fazia” E se<br />

isso não bastasse para o fazer ficar a<br />

trabalhar em Santa Catarina, o jovem<br />

tinha-se já enamorado pela irmã do<br />

patrão, Matilde do Carmo Ivo, que hoje<br />

Saiu de Portugal, onde ganhava já 620<br />

escudos [3,10 euros] por mês, para o<br />

Ultramar onde era ‘caçador especial’<br />

e lhe pagavam 1.300 escudos [6,5 euros].<br />

Mandava para os pais tanto quanto<br />

podia. E aproveitou para tirar a carta<br />

de condução e o curso de ‘Guarda<br />

mazenista durante 12 anos. “Ganhei<br />

“Ganhei<br />

imenso imenso imenso dinheiro” dinheiro”, dinheiro” afiança. E começa<br />

então a projectar a sua própria fábrica<br />

de cutelarias.<br />

É em 1982 que lhe propõem a compra<br />

da Curel, uma pequena cutelaria<br />

montada há cinco anos nas Relvas.<br />

dosdos os os cantos cantos da da fábrica fábrica tivetive-<br />

ram ram pormenores pormenores de de carinho” carinho”. carinho”<br />

Com as novas instalações, começa<br />

aquela que Vasco Ivo Matias diz<br />

ter sido “uma “uma fase fase extraordiná-<br />

extraordináextraordináriaria<br />

de de investimento, investimento, principalprincipalmentemente<br />

nas nas condições condições condições de de trabatraba-<br />

Livros’, o nome que na altura se dava Com 42 anos, Luís Matias fechou o lho lho das das pessoas, pessoas, na na melhoria melhoria do<br />

do<br />

aos Técnicos Oficiais de Contas. negócio por 23 mil contos [114.863 seuseu relacionamento relacionamento com com a a tectec-<br />

Quando regressou à Metrópole euros]. Da fábrica, ficou com tudo nologia” nologia”. nologia” As instalações de Santa<br />

(como então se dizia), em 1964, com idei- menos o edifício (onde só ficou duran- Catarina foram feitas “com “com o o que<br />

que<br />

as de voltar para África, o patrão conte cinco anos), mudando-se depois dede mais mais moderno moderno existia existia na na alalvenceu-o<br />

a “ir para a viagem”, isto é, a com os trabalhadores e o equipamentura,tura, e e que que ainda ainda hoje hoje está está basbas-<br />

ser caixeiro-viajante dos seus produtos. to para a nova unidade construída em tante tante actualizado”<br />

actualizado”.<br />

actualizado”<br />

“Foi “Foi “Foi um um sucesso sucesso muito muito gran- gran- gran- Santa Catarina.<br />

Já reformado, o seu pai continua a<br />

de” de”, de” garante Luís Matias, e “na “na fá- fá- fá-<br />

acompanhar a fábrica de perto. Orgubricabrica<br />

não não se se falava falava noutra noutra coicoi-<br />

“Uma “Uma fábrica fábrica construída construída a<br />

a lhoso das certificações e credenciasasa<br />

que que no no meu meu sucesso, sucesso, sucesso, de de de toto-<br />

pulso”<br />

pulso”<br />

ções que atestam a qualidade dos<br />

dasdas as as coisas coisas novas novas que que eu eu tratra-<br />

seus produtos, Luís Matias afirma<br />

zia,zia, na na boa boa revolução revolução que que introintro-<br />

Quando Luís Matias comprou a fá- que “esta “esta é é uma uma fábrica fábrica que que tem<br />

tem<br />

duzi duzi na fábrica” fábrica”. fábrica”<br />

brica, Vasco Ivo Matias, um dos seus pernas pernas para para andar” andar” andar”. andar” andar”<br />

Entretanto já casado, Luís Matias dois filhos, tinha 12 anos. Apesar da<br />

decidiu estabelecer-se por conta pró- tenra idade, aquele que hoje prosse- Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

Métodos Métodos Métodos de de fabrico fabrico quase quase quase artesanais artesanais eram eram ainda ainda usuais usuais na na na década década década de de de setenta<br />

setenta<br />

pria. De início vendia o artigo do antigue o negócio do pai lembra-se bem jfialho@gazetacaldas.com


Facas da Curel cortam pelo mundo inteiro<br />

Vasco Vasco Matias Matias tem tem guardada guardada toda toda a a documentação<br />

documentação<br />

atinga atinga da da da empresa, empresa, como como este este catálogo catálogo dos dos finais finais de de década<br />

década<br />

de de de 1970, 1970, já já em em edição edição bilingue bilingue<br />

bilingue<br />

de dos produtos. Mas as questões<br />

ambientais não têm sido esquecidas.<br />

“Hoje “Hoje “Hoje em em dia dia temos temos um<br />

um<br />

aproveitamento aproveitamento a a 100% 100% de<br />

de<br />

todos todos os os desperdícios”<br />

desperdícios”, desperdícios” com as<br />

águas usadas na tempra e no arrefecimento<br />

a funcionarem em circuito<br />

fechado, com a reciclagem de tudo<br />

quanto é desperdício de aço e com o<br />

aproveitamento da exaustão de poeiras<br />

para aquecimento. “Não “Não há<br />

há<br />

qualquer qualquer agressão agressão ambiental”<br />

ambiental”,<br />

ambiental”<br />

assegura.<br />

Ao investimento necessário a todos<br />

estes processos juntou-se a<br />

aposta forte em tecnologias de ponta,<br />

na informatização da administração<br />

e na computorização de muitos<br />

processos de fabrico e, como<br />

não podia deixar de ser, no design,<br />

na criação de novas linhas com a colaboração<br />

de designers internos e<br />

externos à empresa. O objectivo:<br />

“tornar “tornar as as facas facas da da Curel Curel bas- bas- bas- bas- bastantetantetante<br />

modernas modernas e e a a acompaacompaacompa- nharem nharem nharem as as tendências tendências da da<br />

da<br />

moda, moda, dos dos novos novos padrões padrões e<br />

e<br />

novosnovos estilos estilos de de vida vida e e a a enen-<br />

caixarem-se caixarem-se perfeitamente perfeitamente na<br />

na<br />

vida vida vida moderna” moderna” moderna”. moderna” A publicidade tem<br />

também sido uma preocupação do<br />

empresário, com diversas acções<br />

A Curel é hoje uma fábrica bem di- Europa, nos EUA, Canadá, Brasil, na imprensa nacional e com projecferente<br />

daquela que Luís Matias com- Venezuela, Argentina, PALOP, Arábia tos para a divulgação na televisão.<br />

prou em 1982 e os clientes espalham- Saudita e Líbano. “Tentamos “Tentamos “Tentamos não<br />

não<br />

se já por diversas zonas do globo. A estar estar estar dependentes dependentes de de um um um só<br />

só Concorrência Concorrência desleal desleal e<br />

e<br />

internacionalização foi um processo mercado, mercado, pensamos pensamos que que este este é<br />

é falta falta de de apoios apoios põem<br />

põem<br />

que se fez, dizem os protagonistas umum dos dos segredos segredos de de sobrevivênsobrevivên-<br />

indústria indústria indústria em em risco<br />

risco<br />

desta história, devagarinho.<br />

cia cia cia deste deste sector” sector”, sector” explica Vasco<br />

“Fiz “Fiz uma uma grande grande exportação<br />

exportação Matias.<br />

São investimentos como este que<br />

para para Angola, Angola, na na altura altura de de dez<br />

dez Para o mercado externo segue têm feito com que a Curel sobreviva à<br />

mil mil e e tal tal tal contos contos [mais de 50 mil cerca de 50% da produção da fábri- “tentativa “tentativa de de destruição destruição destruição de de al- alaleuros], , cerca cerca cerca de de um um ano ano depois<br />

depois ca, que ronda os 2,5 milhões de pe- guns guns distribuidores”<br />

distribuidores”, distribuidores” que importam<br />

de de comprar comprar comprar a a fábrica. fábrica. Vendi<br />

Vendi ças por ano. Um indicador da evolu- similares da China, do Paquistão e de<br />

tambémtambém alguma alguma coisa coisa para para MoMoção<br />

dos processos de fabrico. “Há<br />

“Há outros países emergentes, mas cuja<br />

çambique”<br />

çambique”, çambique” recorda Luís Matias. 20 20 anos anos fazíamos, fazíamos, entre entre cani- cani- cani- cani- falta de qualidade é rapidamente de-<br />

As primeiras solicitações aparece- vetes vetes e e facas, facas, cerca cerca cerca de de 50.000<br />

50.000 tectada pelos consumidores.<br />

ram pelo correio, de países como a artigo artigo artigo por por mês. mês. Hoje Hoje fazemos<br />

fazemos Com cerca de 70 trabalhadores na<br />

Alemanha e a Venezuela. Com o apaumauma média média de de de 20.000 20.000 canivecanivecanive- sua empresa, Vasco Matias não herecimento<br />

das firmas publicitárias tes tes por por mês mês e e 150.000 150.000 facas facas e<br />

e sita em afirmar que “a “a pressão pressão<br />

pressão<br />

e das páginas amarelas, a divulgacutelos.cutelos.cutelos. É É uma uma coisa coisa assustaassusta-<br />

vem vem vem de de de todos todos os os lados” lados” lados” e que de<br />

ção aumentou. Quando Vasco Ivo dora” dora”, dora” diz o filho de Luís Matias, que há duas décadas para cá, a forma<br />

Matias termina a tropa, em 1990, a cifra a facturação anual na ordem como se vive a indústria mudou<br />

empresa investe nos certames inter- dos 1,2 milhões de euros.<br />

drasticamente. Da pressão exercida<br />

nacionais. Uma das primeiras foi a Para a afirmação da marca nos pelas entidades públicas à falsifica-<br />

Feira Ambiente, em Frankfurt, onde mercados nacionais e internacioção dos produtos, passando pelo en-<br />

ainda hoje marcam presença. nais tem contribuído um investicarecimento das matérias-primas e<br />

As facas da Curel podem ser enmento constante na melhoria dos energia e pela situação económica<br />

contradas em diversos países da processos de fabrico e na qualida- internacional, que não favorece a ex-<br />

Fundada Fundada em em 1977, 1977, a a Curel Curel é é hoje hoje uma uma fábrica fábrica amiga amiga do<br />

do<br />

ambiente, ambiente, em em que que nada nada é é desperdiçado<br />

desperdiçado<br />

desperdiçado<br />

portação, muitas são as queixas do<br />

empresário.<br />

Às autoridades locais e regionais,<br />

Vasco aponta a falta de apoio a<br />

um ofício com uma tradição secular<br />

e que foi implantada na zona pelos<br />

monges de Cister que habitavam o<br />

Mosteiro de Alcobaça. “É “É um um pa- papatrimóniotrimónio que que espero espero que que a a curcur-<br />

to to prazo, prazo, com com as as promessas<br />

promessas<br />

que que temos temos temos dos dos políticos, políticos, seja<br />

seja<br />

maismais aproveitado aproveitado pelas pelas autoriautori-<br />

dades dades locais” locais”, locais” afirma.<br />

Outra queixa feita pelo empresário<br />

passa pela inexistência de formação<br />

de futuros cuteleiros nas escolas<br />

da região, e esta é uma das grandes<br />

preocupações quanto ao futuro<br />

da cutelaria. Um futuro que, acredita,<br />

passa pela manutenção e recuperação<br />

de alguns dos aspectos mais<br />

tradicionais do ofício.<br />

“A “A grande grande memória memória que que guar- guarguardodo dos dos meus meus tempos tempos tempos de de criancriançaça<br />

é é é o o carinho carinho carinho que que que todas todas as as pespes-<br />

soas soas desta desta desta região região tinham tinham pelas<br />

pelas<br />

cutelarias. cutelarias. Todas, Todas, directa directa ou<br />

ou<br />

indirectamente, indirectamente, estão estão ligadas<br />

ligadas<br />

ao ao fabrico fabrico de de facas, facas, e e é é isso<br />

isso<br />

que que também nos faz avançar” avançar” avançar”, avançar”<br />

diz o empresário.<br />

Vasco Ivo Matias quer manter<br />

viva a história da cutelaria em Santa<br />

Catarina e a memória colectiva.<br />

“Não “Não queremos queremos queremos deixar deixar que que todo<br />

todo<br />

o o trabalho trabalho que que estas estas pessoas<br />

pessoas<br />

tiveram,tiveram, e e e em em determinadas determinadas alalalturasturas bastante bastante duro, duro, seja seja eses-<br />

quecido quecido e e seja seja trocado trocado por por um<br />

um<br />

qualquer qualquer interesse interesse comercial comercial e<br />

e<br />

imediato imediato de de mandar mandar fazer fazer fora<br />

fora<br />

as as coisas coisas que que toda toda a a vida vida se<br />

se<br />

fizeram fizeram na na nossa nossa terra terra a a troco<br />

troco<br />

de de lucro lucro fácil” fácil”. fácil”<br />

Uma das etapas de uma luta que,<br />

acredita, será longa, passa pelo relançamento<br />

da marca mais antiga<br />

das cutelarias santacatarinenses, a<br />

Sovi, que trouxe o seu pai para a vila.<br />

“Muitas “Muitas pessoas, pessoas, quer quer em em Por- PorPortugal tugal tugal quer quer no no estrangeiro, estrangeiro, se<br />

se<br />

recordam recordam da da boa boa qualidade qualidade qualidade dos<br />

dos<br />

seus seus produtos produtos e e e até até do do design,<br />

design,<br />

e e esta esta é é também também também uma uma forma forma de<br />

de<br />

homenagear homenagear o o o seu seu fundador, fundador, o o<br />

o<br />

meu meu tio” tio”. tio”<br />

Joana Joana Fialho Fialho<br />

Fialho<br />

jfialho@gazetacaldas.com<br />

Na Na cutelaria cutelaria cutelaria podem podem ver-se ver-se algumas algumas máquinas máquinas com com que<br />

que<br />

os os cuteleiros cuteleiros trabalhavam trabalhavam há há 50 50 anos<br />

anos<br />

Trabalhador também seguiu as<br />

pisadas do pai<br />

“Nasci “Nasci na na na cutelaria, cutelaria, cutelaria, não não aprendi aprendi aprendi a a a fazer fazer outra outra coisa,<br />

coisa,<br />

mas mas é é disto disto que que eu eu eu gosto gosto muito” muito”, muito” diz António Gonzaga<br />

António Gonzaga, 53 anos, é andar andar de de Ferrari” Ferrari”. Ferrari”<br />

filho de Luís Gonzaga (o segun- Mesmo assim, é com algum<br />

do patrão de Luís Matias) e tra- saudosismo que recupera algubalha<br />

na Curel há 13 anos. Um mas das suas memórias. “Ape- “Ape- “Ape- “Ape- “Apenúmero<br />

pequeno que esconde sar sar de de serem serem serem tempos tempos tempos difíceis<br />

difíceis<br />

uma vida inteira dedicada às ememem termos termos de de produção, produção, rere-<br />

facas.<br />

cordo-me cordo-me dos dos tempos tempos em<br />

em<br />

“Na “Na Ramalhosa, Ramalhosa, ainda ainda<br />

ainda que que que o o meu meu pai pai pai agarrava<br />

agarrava<br />

não não havia havia energia energia eléctrica eléctrica<br />

eléctrica numa numa mola mola de de carroça, carroça, que<br />

que<br />

eee já já já o o meu meu pai pai pai tinha tinha nove nove nove funfun-<br />

era era sobreaquecida sobreaquecida numa numa<br />

numa<br />

cionárioscionários e e usava usava um um um geragera-<br />

forja forja com com carvão carvão de de pedra. pedra.<br />

pedra.<br />

dordor grande grande para para para poder poder tratra-<br />

Forjado Forjado por por duas duas pessoas,<br />

pessoas,<br />

balhar balhar com com com as as máquinas”<br />

máquinas”,<br />

máquinas” uma uma uma com com com o o malho malho malho a a outra<br />

outra<br />

lembra o cuteleiro. Também o com com com o o martelo, martelo, o o aço aço aço com<br />

com<br />

seu pai acabaria por se mudar espessuraespessura grossa grossa grossa era era era mamama- para Santa Catarina com todas lhado lhado até até até ficar ficar em em pequenos<br />

pequenos<br />

as suas máquinas e todos os linguetes linguetes e e a a partir partir daí daí era<br />

era<br />

seus empregados, já lá vão 55 cortadocortado com com corta corta frio, frio, nono-<br />

anos. Por isso, António Gonza- vamente vamente aquecido, aquecido, e e assim assim<br />

assim<br />

ga considera que pertence a se se faziam faziam os os canivetes canivetes e e as<br />

as<br />

uma das mais antigas famílias facas” facas”, facas” conta.<br />

de industriais da cutelaria da Se hoje o mercado é muito<br />

zona.<br />

mais exigente no que diz res-<br />

“Eu “Eu recordo-me recordo-me de de há há 45<br />

45 peito ao design, na altura os cli-<br />

anos, anos, era era eu eu menino menino e e e moço,<br />

moço, entes eram bem mais práticos.<br />

havia havia pelo pelo menos menos umas umas umas sete<br />

sete “As “As facas facas que que mais mais se se fazi- fazi- fazi- fazi- fazi-<br />

oficinas oficinas artesanais artesanais aqui aqui em<br />

em amam eram eram as as de de matar matar os os porpor-<br />

Santa Santa Catarina” Catarina”. Catarina” Oficinas de cos cos e e os os canivetes”<br />

canivetes”.<br />

canivetes”<br />

diferentes dimensões e mais ou Com uma vida inteira a tra-<br />

menos evoluídas, com os donos balhar nas facas, António Gon-<br />

a “comprar “comprar “comprar os os os chifres chifres dos<br />

dos zaga garante que não se imagi-<br />

bois, bois, bois, a a trabalharem-nos<br />

trabalharem-nos na a fazer outra coisa. “Há “Há pes- pes- pes-<br />

[para fazerem os cabos], , a a a fa- fa- fa- soas soas soas para para quem quem o o trabalho<br />

trabalho<br />

zerem zerem tudo tudo à à mão” mão”. mão” Um ofício é é um um esforço. esforço. Eu Eu não não vejo<br />

vejo<br />

que ocupava muitas pessoas, issoissoisso assim. assim. assim. Nasci Nasci na na cutelacutela-<br />

muitas das quais a acabarem por ria,ria,ria, não não aprendi aprendi aprendi a a fazer fazer ouou-<br />

desistir, por não conseguirem tra tra coisa, coisa, mas mas é é disto disto que que que eu<br />

eu<br />

acompanhar a evolução da in- gosto gosto muito” muito” muito”. muito”<br />

dústria.<br />

E o que torna a cutelaria tão<br />

Quando lhe pedimos que via- apaixonante? “Esta “Esta é é uma uma indús- indús- indús- indúsje<br />

no tempo e nos diga qual foi tria tria que que todos todos os os os dias dias se se está está a<br />

a<br />

a maior evolução no sector, diz inovar inovar e e e isso isso é é um um incentivo incentivo<br />

incentivo<br />

que a mudança é drástica. “É “É<br />

“É<br />

como como se se nós nós andássemos andássemos de<br />

de<br />

para para o o o nosso nosso trabalho” trabalho”. trabalho”<br />

carroça carroça carroça e e passássemos passássemos passássemos a<br />

a<br />

J.F.<br />

J.F.<br />

CRONOLOGIA<br />

1960 1960 – – Luís Matias começa a trabalhar para António Ivo Peralta<br />

1968/69 1968/69 – – Instala-se por conta própria como vendedor<br />

1977 1977 – – Compra a Curel e mantém-se nas Relvas<br />

1982 1982 1982 – – Muda a fábrica para Santa Catarina<br />

1995 1995 1995 – – Vasco Matias assume a gestão da Curel, através da<br />

empresa VCI – A Fábrica das Cutelarias, Lda, uma sociedade<br />

por quotas com o capital social de 200.000 euros que ainda hoje<br />

detém a marca.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

PIROTECNIA BOMBARRALENSE – quatro gerações a d<br />

Foi um ribatejano da Moita<br />

do Norte (Vila Nova da Barquinha)<br />

que em 1934 fundou nos<br />

arredores do Bombarral uma<br />

fábrica de foguetes que vai<br />

hoje na terceira geração, mas<br />

se se tiver em conta que o seu<br />

pai também já era pirotécnico,<br />

pode dizer-se que esta actividade<br />

é assegurada por quatro<br />

gerações.<br />

Francisco Martins Júnior<br />

(1909-1982) tinha seguramente<br />

visão para o marketing se tal<br />

conceito já existisse nessa altura.<br />

À sua empresa chamoulhe<br />

Alta Pirotecnia do Oeste.<br />

“Alta” para se distinguir das<br />

demais existentes no país, e<br />

“Oeste” porque, vindo de longe<br />

e recém-chegado ao Bombarral,<br />

terá intuído certamente<br />

que havia uma entidade<br />

oestina. Ou, pelo menos, percebeu<br />

que o seu mercado era<br />

regional e não meramente local.<br />

O seu pai, Francisco Martins,<br />

fora um homem dos sete ofícios.<br />

Teve várias actividades,<br />

mas quedou-se pela pirotecnia<br />

com quem trabalhava em<br />

sociedade com os seus sete<br />

filhos na Moita do Norte.<br />

“Mas “Mas um um dia dia zangaram-<br />

zangaramzangaram-<br />

se se todos todos todos e e e cada cada um um foi foi para para<br />

para<br />

seu seu lado. lado. Um Um para para o o Porto,<br />

Porto,<br />

outro outro para para Torres Torres Torres Novas,<br />

Novas,<br />

outrooutro para para o o EntroncamenEntroncamenEntroncamento,to,<br />

outros outros ficaram ficaram na na na MoiMoita,ta,<br />

e e e outro outro para para o o BombarBombar-<br />

ral... ral... enfim enfim foram foram espalhar<br />

espalhar<br />

aaa arte arte da da pirotecnia, pirotecnia, da da pólpól-<br />

vora vora e e dos dos dos rastilhos rastilhos pelo<br />

pelo<br />

país país todo” todo”. todo” Quem o conta é<br />

António Rabaça Martins, filho<br />

de Francisco Martins.<br />

Do seu pai, conta que fez<br />

duas ou três visitas ao Bombarral<br />

e achou que era um bom<br />

sítio para iniciar o negócio porque<br />

não havia mais nenhuma<br />

Francisco Francisco Martins Martins Júnior Júnior Júnior (1909-1982) (1909-1982) (1909-1982) fundou fundou fundou a a pirotecnia pirotecnia que que o o seu seu filho, filho, António António António Rabaça Rabaça e e o o seu seu neto, neto, João João Martins, Martins, viriam viriam viriam a a ampliar ampliar e e a a transformar<br />

transformar<br />

numa numa empresa empresa de de referência referência no no no país país país no no estrangeiro.<br />

estrangeiro.<br />

indústria desse tipo na região.<br />

“Comprou “Comprou um um terreno terreno de<br />

de<br />

mil mil metros metros metros quadrados quadrados aqui<br />

aqui<br />

no no Pinhal Pinhal do do Concelho Concelho Concelho e<br />

e<br />

comcom a a madeira madeira dos dos dos própriprópri-<br />

os os pinheiros pinheiros pinheiros construiu construiu seis<br />

seis<br />

casinhas casinhas onde onde começou começou a<br />

a<br />

fabricar fabricar foguetes”<br />

foguetes”.<br />

foguetes”<br />

No início, a Alta Pirotecnia<br />

do Oeste arrancou logo com<br />

três empregados e a coisa não<br />

deve ter corrido mal porque<br />

passado poucos anos, as seis<br />

barracas onde se fabricavam<br />

foguetes deram lugar a nove<br />

edifícios em tijolo.<br />

Deve dizer-se desde já que<br />

uma pirotécnica não é uma fábrica<br />

qualquer. Não tem nada<br />

a ver com a ideia de um pavilhão<br />

ou nave no interior do qual<br />

se realiza um processo produtivo<br />

onde entra matéria-prima<br />

por um lado e sai produto acabado<br />

pelo outro.<br />

Neste “métier” as restrições<br />

ao nível de segurança obrigam<br />

Uma Uma Uma situação situação impensável impensável impensável nos nos dias dias de de hoje. hoje. Há Há 30 30 anos,<br />

anos,<br />

ainda ainda sem sem sem o o rigoroso rigoroso controlo controlo controlo do do transporte transporte transporte de de explosivos,<br />

explosivos,<br />

os os foguetes foguetes eram eram assim assim transportados transportados em em em carrinhas.<br />

carrinhas.<br />

a que pessoas e máquinas laborem<br />

afastadas umas boas<br />

dezenas de metros entre si<br />

para evitar a propagação de incêndio<br />

ou de explosões em<br />

caso de acidente.<br />

Por isso, a fábrica do “senhor<br />

Rabaça” - como é conhecido<br />

no Bombarral o empresário<br />

António Rabaça Martins –<br />

mais parece um aldeamento<br />

turístico, com muros e casas<br />

pintadas de branco, tanques<br />

com água cristalina e muitas<br />

árvores e flores espalhadas<br />

pelos diversos pátios. Há também<br />

contrafortes para segurar<br />

os edifícios em caso de acidente<br />

e um ruído de fundo de máquinas<br />

que não incomoda demasiado.<br />

O pior ali é mesmo a<br />

estrada municipal de acesso à<br />

fábrica, que aguarda há anos<br />

por um pouco mais de alcatrão.<br />

“CRESCI “CRESCI NO NO NO MEIO MEIO DA DA<br />

DA<br />

PÓLVORA”<br />

PÓLVORA”<br />

António Rabaça Martins<br />

senta-se num gabinete rodeado<br />

de calendários e cartazes<br />

do Sporting. Uma paixão que<br />

passou para o filho e netos.<br />

Mas atenção. Também já fez<br />

espectáculos para o Benfica. E<br />

para qualquer clube que lhos<br />

compre. Negócios são negócios.<br />

Tendências clubísticas são<br />

outra coisa.<br />

E conta a sua história:<br />

“O meu pai veio para cá já<br />

homem, casado e com dois filhos.<br />

Eu e a minha irmã mais<br />

nova já nascemos no Bombarral.<br />

Desde miúdo que me lembro<br />

da fábrica e com dez anos<br />

já vinha para cá ajudar o meu<br />

pai. Cresci no meio da pólvora.”<br />

E desde sempre teve a percepção<br />

de que iria suceder ao<br />

pai à frente da pirotécnica?<br />

“Sim. “Sim. Excepto Excepto uma uma vez...<br />

vez...<br />

Foi Foi quando quando em em 1959 1959 acabei<br />

acabei<br />

nana Escola Escola Industrial Industrial e e CoComercialmercial<br />

das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> da da da RaiRai-<br />

nha nha [hoje Secundária Rafael<br />

Bordalo Pinheiro] o o quinto<br />

quinto<br />

ano ano do do curso curso Industrial Industrial de<br />

de<br />

Cerâmica. Cerâmica. Tive Tive a a a melhor<br />

melhor<br />

nota nota nota do do do curso curso e e o o director,<br />

director,<br />

o o Dr. Dr. Leonel Leonel Sotto Sotto Mayor,<br />

Mayor,<br />

chamou-me chamou-me e e convidou-me<br />

convidou-me<br />

parapara ser ser professor professor de de tratra-<br />

balhos balhos manuais manuais manuais em em Viana<br />

Viana<br />

do do Alentejo. Alentejo. Só Só que que o o meu<br />

meu<br />

pai pai e e a a a minha minha mãe mãe não não me<br />

me<br />

deixaram deixaram ir. ir. Eu Eu tinha tinha 17 17<br />

17<br />

anos anos e e acharam acharam que que eu eu era<br />

era<br />

muito muito novo novo para para ir ir para para tão<br />

tão<br />

longe”<br />

longe”. longe”<br />

O seu futuro definitivo na<br />

actividade pirotécnica ficaria<br />

ali traçado e progressivamente<br />

passa a envolver-se cada vez<br />

mais na empresa. Mas veio<br />

ainda a tropa, em 1964, com<br />

uma comissão em Angola onde<br />

esteve debaixo de fogo várias<br />

vezes. A sua especialidade não<br />

podia ser outra – minas e armadilhas.<br />

Em 1967 regressa de África<br />

e no ano seguinte casa-se com<br />

Maria Rosete. Vem decidido a<br />

modernizar a empresa do pai<br />

e em 1969 ele próprio inventa<br />

uma máquina de carregar canudos<br />

“que “que naquela naquela altura altura já<br />

já<br />

funcionavafuncionavafuncionava com com três três três motomoto-<br />

res res independentes”<br />

independentes”, independentes” conta.<br />

Isto representava um grande<br />

salto qualitativo para um<br />

fábrica que apenas tinha uma<br />

máquina de cortar canas para<br />

os foguetes. Num espaço de<br />

um ano, António Rabaça Martins<br />

instala 32 motores na pi-<br />

rotecnia, automatizando um<br />

processo produtivo que até<br />

então era integralmente ma-<br />

nual.<br />

“Aquilo “Aquilo foi foi decisivo decisivo decisivo para para<br />

para<br />

a a a expansão expansão da da empresa<br />

empresa<br />

pois pois pois mais mais mais ninguém ninguém tinha tinha<br />

tinha<br />

disso disso disso em em Portugal”<br />

Portugal”, Portugal” diz o<br />

empresário, recordando aquelas<br />

inovações. É que não era<br />

fácil conseguirem-se máquinas<br />

para trabalhar com pólvora<br />

e explosivos porque o metal<br />

não pode roçar no metal. Senão,<br />

à mínima faísca seria uma<br />

catástrofe. António Rabaça<br />

conseguiu a proeza de inventar<br />

um moinho de galgas sus-<br />

Um projecto de 5 milhões de<br />

euros<br />

“Se “Se isto isto isto avançar, avançar, não<br />

não<br />

seráserá só só só a a a maior maior pirotécnipirotécni-<br />

ca ca do do país. país. Será Será uma uma das<br />

das<br />

maiores maiores maiores da da Europa Europa e e do<br />

do<br />

mundo” mundo”. mundo” mundo” António Rabaça<br />

Martins mostra uma planta<br />

com o projecto da fábrica que<br />

pretende construir no Bombarral<br />

e que aguarda há nove<br />

anos por uma autorização camarária.<br />

A localização é precisamente<br />

ao lado das portagens da<br />

A8 no Bombarral (sentido sulnorte),<br />

num terreno composto<br />

por uma enorme clareira<br />

verde no meio dos pinhais.<br />

Mede 435 metros quadrados e<br />

tem uma zona de segurança<br />

tão grande que a fábrica propriamente<br />

dita só ocupará três<br />

mil metros quadrados.<br />

O investimento previsto é<br />

de 5 milhões de euros e António<br />

Rabaça diz que a ideia é<br />

pensas que ficavam a cinco milímetros<br />

do fundo da bacia.<br />

Em 1979 o fundador da fábrica<br />

adoece e deixa ao filho a<br />

sua gestão. Francisco Martins<br />

Júnior morre em 1982, orgulhoso<br />

da sua unidade fabril que<br />

começara por ter mil metros<br />

quadrados e tinha agora oito<br />

vezes mais de área. Na altura<br />

talvez já adivinhasse que o seu<br />

neto João Martins (então com<br />

dez anos) seguiria o negócio<br />

da família, o que viria a acontecer<br />

dez anos depois.<br />

Carlos Carlos Carlos Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com<br />

criar novos postos de trabalho<br />

pois, de outra forma, não valeria<br />

a pena ampliar as instalações.<br />

O empresário desespera com<br />

a burocracia e queixa-se da desigualdade<br />

entre Portugal e Espanha<br />

na transposição das exigentes<br />

directivas comunitárias<br />

sobre segurança de fábricas<br />

deste tipo. “Enquanto “Enquanto cá cá cá te- tetemosmosmos 200 200 metros metros de de seguranseguransegurançaça entre entre os os paióis paióis e e a a autoauto-<br />

estrada, estrada, em em Espanha Espanha nem<br />

nem<br />

chega chega a a a 20 20 20 metros” metros”, metros” desabafa.<br />

E isto é apenas um exemplo<br />

em como tudo é mais complicado<br />

em Portugal do que no pais<br />

vizinho onde a legislação é muito<br />

menos rigorosa. Deste modo,<br />

conclui, “até “até é é um um milagre milagre que<br />

que<br />

a a gente gente gente consiga consiga competir<br />

competir<br />

com com os os espanhóis”<br />

espanhóis”.<br />

espanhóis”<br />

C. C. C. C. C.<br />

C.


eitar foguetes<br />

A A A fábrica fábrica nos nos anos anos 70 70 e e vista vista aérea aérea do do complexo complexo fabril fabril fabril na na actualidade<br />

actualidade<br />

João Martins – “A pirotécnia é um negócio incompreendido”<br />

João Adelino Henriques Martins nasceu<br />

em 1969 e ainda se lembra de ver o<br />

pai e o avô juntos na empresa. Hoje essa<br />

visão tê-la-á o seu filho de nove anos,<br />

João Pedro Martins, ao ver também o<br />

pai e o avô na fábrica dos foguetes.<br />

João, bisneto do ribatejano que veio<br />

de Vila Nova da Barquinha para o Bombarral<br />

construir seis barracas onde<br />

fazia foguetes, é a primeira geração<br />

da família a tirar um curso superior.<br />

Um, não. Dois. “Licenciei-me em Informática<br />

no Instituto Superior de Engenharia<br />

do Porto. Adorei o curso, mas<br />

a verdade é que senti a necessidade<br />

de estudar Gestão e acabei por me matricular<br />

na UAL em Lisboa e fazer em<br />

Gestão de Empresas”, conta João<br />

Martins. E explica porquê: “qualquer<br />

“qualquer<br />

pessoa pessoa pode pode ter ter uma uma empresa empresa<br />

empresa<br />

ouou estar estar estar à à à frente frente de de um um negónegócio,cio,<br />

mas mas a a maior maior parte parte das das pespes-<br />

soas soas não não tem tem a a noção noção do do que que é<br />

é<br />

gerir gerir uma uma empresa. empresa. Muitos Muitos têm<br />

têm<br />

sortesorte e e porque porque são são muito muito empeempeempe- nhados nhados conseguem conseguem ter ter êxito,<br />

êxito,<br />

mas mas a a a verdade verdade verdade é é é que que é é preciso preciso<br />

preciso<br />

ter ter formação formação formação em em Gestão” Gestão”. Gestão”<br />

O empresário sublinha que “esta-<br />

“esta-<br />

mos mos mos num num num mercado mercado global, global, com<br />

com Negócio, diz ele, que é “comple- “comple“comple- uma uma concorrência concorrência muito muito muito mais mais<br />

mais tamente tamente tamente incompreendido”<br />

incompreendido”. incompreendido” Não<br />

eficazeficaz e e bem bem organizada organizada organizada de de ouou-<br />

haverá muitas actividades económi-<br />

tros tros países” países” países”. países” países”<br />

cas com uma imagem tão negativa<br />

João Martins diz que cresceu na quanta esta. “Sempre “Sempre “Sempre que que chegava<br />

chegava<br />

pirotécnica do pai. “Os “Os outros outros miú- miú- miú- ooo Verão Verão Verão começámos começámos começámos a a ter ter que que que vivi-<br />

dos dos iam iam iam para para a a a praia praia no no Verão Verão e e<br />

e verver com com o o o estigma estigma de de de que que nós nós éraéra-<br />

eu eu vinha vinha vinha para para para aqui aqui ajudar ajudar o o o meu<br />

meu mos mos uns uns incendiários. incendiários. E E por por muito<br />

muito<br />

pai.pai. É É claro claro claro que que ele ele me me obrigaobriga-<br />

que que inovássemos, inovássemos, que que fizéssemos<br />

fizéssemos<br />

va, va, mas mas mas na na minha minha geração geração isso<br />

isso processosprocessos mais mais seguros, seguros, seguros, esta esta imaimaentendia-seentendia-se<br />

como como algo algo algo de de nanana- gem gem gem não não se se apagava” apagava” apagava”. apagava” apagava”<br />

tural,tural, era era normal normal um um filho filho cococo- É dentro deste contexto, e após<br />

meçarmeçar a a integrar-se integrar-se na na empreempre-<br />

dois verões de muitos incêndios, que<br />

sa sa do do do pai pai e e eu eu lembro-me lembro-me de de de vir<br />

vir vem uma legislação particularmente<br />

para para para aqui aqui com com 12 12 e e 13 13 anos…<br />

anos… dura: acaba-se com o lançamento de<br />

Hoje Hoje se se calhar calhar diriam diriam que que era<br />

era foguetes tradicionais durante toda a<br />

exploraçãoexploração de de mão-de-obra mão-de-obra inin-<br />

época estival.<br />

fantil… fantil… Mas Mas ainda ainda hoje hoje guardo<br />

guardo Uma machadada para o negócio. Mas<br />

a a nota nota de de de 50 50 escudos escudos [25 cênti- que obrigou a empresa a diversificar a<br />

mos]queque foi foi o o meu meu primeiro primeiro didi-<br />

sua actividade. Agora as alvoradas das<br />

nheiro nheiro que que aqui aqui ganhei.”<br />

ganhei.” festas e as procissões são festejadas<br />

Conclusão: “era “era de de esperar esperar que<br />

que com balonas de tiro, um substituto de<br />

maismais tarde tarde ou ou mais mais cedo cedo eu eu acaaca-<br />

velho foguete de cana e canudo.<br />

baria baria por por vir vir para para cá” cá”. cá”<br />

Em todo o caso, para a Pirotecnia<br />

E isso aconteceu em 1993 com o Bombarralense longe vai o tempo em<br />

curso de Gestão terminado. João Mar- que este produto era o seu core busitins<br />

regressa de Lisboa para o Bomness. Hoje em dia o que está a dar são<br />

barral e instala-se, ao lado do pai, à os espectáculos de fogo de artifício e<br />

frente do negócio da família.<br />

os clientes de outrora (associações<br />

A A equipa equipa da da Fábrica Fábrica de de Fogos Fogos Fogos de de Artifício Artifício do do Bombarral<br />

Bombarral<br />

e comissões de festas das aldeias)<br />

deram lugar às autarquias que ganharam<br />

o gosto por celebrar explosivamente<br />

as comemorações dos feriados<br />

municipais, as passagens de ano e os<br />

festivais de Verão.<br />

Pagam tarde e a más horas, é certo.<br />

E João Martins não revela nada que<br />

toda a gente não saiba, mas é - para o<br />

bem e para o mal - uma importante<br />

fatia do mercado desta empresa. Os<br />

foguetes tradicionais – que ainda podem<br />

ir para o ar nos meses de Inverno<br />

– representam 20% da facturação e o<br />

restante é a venda de componentes pirotécnicos,<br />

muitos dos quais nem são<br />

produzidos na própria fábrica, mas<br />

importados de Espanha, Itália ou da<br />

China.<br />

Alguns destes produtos servem<br />

para integrar cenários no teatro, no<br />

cinema e na televisão. “Não “Não me me sur- sursurpreenderiapreenderia se se houvesse houvesse em em HoHollywoodllywood<br />

algumas algumas explosões explosões rere-<br />

alizadas alizadas alizadas com com com produtos produtos produtos vendidos<br />

vendidos<br />

vendidos<br />

por por nós” nós”, nós” diz.<br />

E há ainda nichos de mercado surpreendentes,<br />

colaterais a esta actividade.<br />

Durante algum tempo a empresa<br />

vendeu componentes para a Suécia,<br />

destinados a integrar um complicado<br />

processo de fabrico de aço numa<br />

siderurgia daquele país.<br />

Da produção da fábrica, cerca de<br />

15% a 20% é exportada e João Martins<br />

jura que já viu artigos seus, fabricados<br />

no Bombarral, em certames internacionais<br />

com a designação made<br />

in Spain. “Depois “Depois os os alemães, alemães, que<br />

que<br />

os os os compram, compram, ainda ainda acham acham que que<br />

que<br />

nós nós somos somos somos mentirosos mentirosos mentirosos quando quando<br />

quando<br />

tentamos tentamos explicar-lhes explicar-lhes que<br />

que<br />

aqueles aqueles aqueles produtos produtos são são nossos.<br />

nossos.<br />

Dizem Dizem que que aquilo aquilo é é bom bom porque<br />

porque<br />

é é espanhol” espanhol”, espanhol” desabafa.<br />

“Recusamos “Recusamos “Recusamos alienar alienar este este saber<br />

saber<br />

que que já já vem vem de de três três gerações”<br />

gerações”<br />

Ao que parece há também outra<br />

coisa em que os pirotécnicos portugueses<br />

são muitos bons – sabem conceber<br />

excelentes espectáculos de<br />

fogo de artifício, misturando sabiamente<br />

os materiais por forma a pro-<br />

porcionar imagens únicas.<br />

“Utilizamos “Utilizamos em em cada cada cada espec- especespectáculotáculo apenas apenas 20% 20% de de compocompocompo- nentes nentes fabricados fabricados por por nós. nós. O<br />

O<br />

restoresto compramos compramos fora. fora. No No futufutu-<br />

ro ro ro até até poderíamos poderíamos prescindir prescindir prescindir da<br />

da<br />

nossanossa fábrica fábrica e e ser ser uma uma empreempresasasa<br />

de de gestão gestão de de circuitos circuitos circuitos de de disdistribuiçãotribuição<br />

e e e de de de prestação prestação prestação de de de serser-<br />

viços. viços. Mas Mas recusamos recusamos recusamos alienar<br />

alienar<br />

este este saber saber que que já já vem vem vem de de de três<br />

três<br />

geraçõesgerações e e queremos queremos continucontinu-<br />

ar ar a a ser ser sempre sempre uma uma fábrica.<br />

fábrica.<br />

Nunca Nunca seremos seremos uma uma uma empresa empresa só só<br />

só<br />

de de import-export, import-export, embora embora eu eu<br />

eu<br />

saibasaiba que que esse esse até até era era um um cacaminhominho<br />

que que nos nos daria daria daria mais mais visivisivisi- bilidade bilidade e e até até mais mais dinheiro” dinheiro”. dinheiro” dinheiro”<br />

De resto, o caminho a prosseguir é<br />

o oposto e passa por aumentar a produção<br />

fabril numa unidade a construir<br />

de raiz (ver caixa). Dificuldades burocráticas<br />

atrasaram o processo e<br />

agora os dois administradores quase<br />

agradecem tais obstáculos porque a<br />

recessão fez-se sentir forte e feio e<br />

não é este o momento mais adequado<br />

para grande aventuras. “Reconhe-<br />

“Reconhe-<br />

“Reconhe“Reconheçoçoço<br />

que que não não fabricamos fabricamos fabricamos nem nem nem cocomercializamosmercializamos<br />

um um bem bem de de de pripri-<br />

meira meira necessidade”<br />

necessidade”, necessidade” diz o empresário.<br />

Em tempo de crise não há dinheiro<br />

nem ânimo para muitas festas e fogos<br />

de artifício, mas felizmente tem<br />

emergido mais um nicho de mercado.<br />

Trata-se dos casamentos e baptizados,<br />

que ultimamente têm sido alegrados<br />

com um mini-espectáculo de<br />

fogo preso. Nos tempos que correm<br />

qualquer segmento de mercado é bem<br />

vindo.<br />

C.C. C.C.<br />

C.C.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1934 1934–<br />

Francisco Martins Júnior<br />

(1909-1982) funda a Alta<br />

Pirotecnia do Oeste<br />

1977 1977 1977–<br />

A firma passa a soci-<br />

edade por quotas com um capital<br />

social de 350 mil euros e<br />

com a designação de Francisco<br />

Martins Júnior, Lda. ,tendo<br />

como sócios o pai e o filho.<br />

1979 1979–<br />

A empresa volta a ser<br />

uma sociedade em nome individual<br />

designada António R.<br />

Martins (filho do fundador)<br />

1994 1994 1994–<br />

Volta a sociedade por<br />

quotas, agora chamada António<br />

R. Martins, Lda, tendo<br />

como sócios o pai e o filho (respectivamente,<br />

filho e neto do<br />

fundador)<br />

Volume de<br />

negócios<br />

Ano Ano Facturação<br />

Facturação<br />

(em milhões de euros)<br />

2001 1,2<br />

2002 1,1<br />

2003 1,0<br />

2004 1,2<br />

2005 1,1<br />

2006 0,8<br />

2007 0,9<br />

2008 0,9<br />

2009 0,8<br />

A A proibição proibição de de foguetes<br />

foguetes<br />

nas nas festas festas populares,<br />

populares,<br />

em em 2005, 2005, teve teve um<br />

um<br />

impacto impacto negativo negativo na<br />

na<br />

facturação facturação da da empresa,<br />

empresa,<br />

obrigando-a obrigando-a a<br />

a<br />

diversificar diversificar os os seus seus<br />

seus<br />

produtos produtos produtos e e serviços.<br />

serviços.


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Restaurante A Mimosa comemora meio século em J<br />

João João Francisco Francisco Machado Machado (1913-2009) (1913-2009) e e Isaura Isaura de de Almeida<br />

Almeida<br />

Francisco Francisco Almeida Almeida ladeado ladeado pela pela esposa, esposa, Deonilde Deonilde Azenha, Azenha, e e a a filha, filha, filha, Maria Maria Maria Celeste Celeste Agostinho<br />

Agostinho Desde Desde peque<br />

peque<br />

(1913-2004) (1913-2004) foram foram foram os os patriarcas patriarcas deste deste negócio<br />

negócio<br />

(Letinha) (Letinha) deram deram continuidade continuidade à à casa<br />

casa<br />

Mimosa<br />

Mimosa<br />

A história da Mimosa tem início<br />

num dia de 1960 quando o agrieraera<br />

filha filha única, única, muito muito estimaestima-<br />

da” da”, da” recorda Deonilde Azenha,<br />

em redor que vinham à cidade. A<br />

segunda-feira era o dia de maior<br />

todo o ano, também se transformou<br />

numa sala de refeições, Uma casa familiar<br />

cultor João Francisco Machado adiantando que o seu pai nunca movimento, até porque naquela dando assim origem ao espaço Letinha conhece cada canto da Mimosa de olhos fechados. Che-<br />

(1913–2009), residente em Abuxa- quis que trabalhasse no campo. altura havia também a praça das actual, com capacidade para 80 gou ali aos três anos e meio, pela mão da avó, e ficou com a família.<br />

nas (Rio Maior) visita as <strong>Caldas</strong> e Aprendeu, durante uma semana, galinhas na rua ao lado da venda pessoas sentadas.<br />

No entanto, a sua colaboração no restaurante só veio muito mais<br />

depara-se com uma tabuleta de o ofício com os antigos proprie- do peixe.<br />

Todas estas obras foram sen- tarde.<br />

trespasse na então Casa de Pastários e, com o chegar dos seus “Assim “Assim “Assim que que entrámos entrámos nesta<br />

nesta do feitas gradualmente, sem “Fui Fui filha filha filha única única e e e nunca nunca fiz fiz fiz nada, nada, tinha tinha uma uma avó avó avó que que me<br />

me<br />

to Ferradora na Praça 5 de Outu- pais, ficaram os quatro a traba- casa casa tivemos tivemos tivemos sempre sempre muita<br />

muita nunca fecharem o restaurante. fazia fazia tudo, tudo, estudei, estudei, depois depois casei-me casei-me casei-me com com 19 19 19 anos anos e e e fui fui viver<br />

viver<br />

bro, à época também conhecida lhar no restaurante. Deonilde e a gente” gente”, gente” conta Deonilde Azenha, “Até Até a a a cozinha cozinha arranjámos<br />

arranjámos para para Lisboa” Lisboa”, Lisboa” Lisboa” conta. Esteve quatro anos a residir na capital, mas<br />

por Praça do Peixe por aí se reali- mãe, Isaura de Almeida (1913– recordando que a sua mãe, quansemsem nunca nunca fecharmos fecharmos a a porporpor- depois o marido, o médico Silvestre Agostinho, resolveu voltar para<br />

zar o mercado diário de pescado. 2004), cuidavam da cozinha, endo a veio visitar “viu viu tantos tantos cliclicli- ta” ta”, ta” conta Deonilde Azenha, ex- as <strong>Caldas</strong> há cerca de 28 anos.<br />

A sua única filha tinha casado quanto que o marido e o pai, João entes, entes, que que percebeu percebeu que que eu eu<br />

eu plicando que instalaram proviso- Nessa altura, Letinha começou por ajudar o marido no consultório<br />

e, como queria um<br />

riamente a co- e tomava conta dos dois filhos pequenos. Depois começou a ajudar<br />

futuro melhor Situada na Praça 5 de Outubro, o restaurante A Mimosa é uma referência na cidade zinha na ade- no restaurante e passou a gostar mais de trabalhar na Mimosa do que<br />

para ela do que o<br />

trabalho na terra,<br />

achou que montar<br />

um negócio nas<br />

<strong>Caldas</strong> poderia<br />

ser a solução. “O<br />

“O<br />

meu meu meu pai pai chegou<br />

chegou<br />

com a sua comida tradicional portuguesa. Os actuais proprietários, Deonilde Azenha<br />

e Francisco Almeida, adquiriram a casa de pasto que ali existia em 1961 e desde<br />

então têm ampliado o espaço que actualmente tem capacidade para 80 pessoas.<br />

O nome – A Mimosa - deve-se ao tom verde-claro com que o restaurante foi pintado,<br />

há cerca de 35 anos, deixando assim para trás o letreiro de A Ferradora.<br />

A história desta casa faz-se no feminino. Três gerações de mulheres (mãe, filha e<br />

ga, onde trabalhavamenquantodecorriam<br />

as obras<br />

de melhoramento.<br />

“Só “Só fechá- fecháfecháno consultório médico. “Passei “Passei “Passei a a a estar estar aqui aqui a a tempo tempo inteiro inteiro há há cerca<br />

cerca<br />

de de 10 10 anos” anos”, anos” altura em que os filhos já estavam crescidos.<br />

Agora é uma espécie de relações públicas da casa, ao mesmo tempo<br />

que faz os doces, serve à mesa e faz as compras diárias.<br />

A grande maioria dos clientes tratam a Letinha pelo seu nome ou<br />

diminutivo. São pessoas das <strong>Caldas</strong> e arredores, mas também de<br />

Lisboa (sobretudo ao sábado), os frequentadores do restaurante.<br />

a a casa casa e e disse<br />

disse neta) trabalham na Mimosa e garantem a sua manutenção.<br />

mos mos dois dois<br />

dois “Gosto Gosto muito muito dos dos meus meus clientes clientes e e eles eles gostam gostam de de mim” mim”, mim” diz,<br />

que que ficar ficar com<br />

com Em Janeiro de 2011 haverá festa para assinalar os seus 50 anos.<br />

dias dias muito<br />

muito chamando a atenção para o facto de agora já serem os “netos netos de<br />

de<br />

esteesteestabeleciestabelecirecentemenrecentemen nossos nossos clientes clientes que que que adoram adoram adoram vir vir à à à Letinha” Letinha” Letinha”. Letinha”<br />

mentomento era era uma uma oportunidaoportunida-<br />

Francisco Machado (1913–2009), sozinha sozinha não não conseguia conseguia dar<br />

dar te te para para pôr pôr um um chão chão chão novo novo novo na<br />

na O cozido à portuguesa é o prato mais conhecido da Mimosa, a par<br />

de” de”, de” de” lembra Deonilde Azenha, 71 eram responsáveis pela parte da resposta resposta e e nunca nunca mais mais se se foi<br />

foi cozinha” cozinha”, cozinha” conclui.<br />

com as sardinhas assadas no carvão que, durante o verão, trazem<br />

anos, que toma conta de um dos adega e taberna.<br />

embora” embora”, embora” tendo ali permaneci- O restaurante ganhou o nome muitos clientes à casa. “Não “Não comem comem em em lado lado nenhum nenhum iguais iguais às<br />

às<br />

estabelecimentos mais emble- A família morava no primeiro do cerca de 30 anos a ajudar. actual há cerca de 35 anos, por minhas” minhas”, minhas” minhas” garante Letinha.<br />

máticos da cidade, juntamente andar do prédio e o nome Ferra- A elevada freguesia levou os causa das cores. Os proprietários Há ainda outros pratos da cozinha tradicional portuguesa como o<br />

com o marido, Francisco Almeidora - alusivo ao facto de ali tam- proprietários a ampliar o espaço. pintaram a casa de verde-claro e bife com alho, feijoada ou dobrada, “que “que “que a a minha minha mãe mãe faz faz muito<br />

muito<br />

da, e a filha Maria Celeste Agosbém se ferrarem animais – ainda Primeiro foi deitada uma parede o pintor sugeriu o nome Mimosa, bem” bem” bem”, bem” adianta.<br />

tinho, carinhosamente tratada se iria manter mais alguns anos, abaixo para ampliar a sala de re- que foi aceite. Houve ainda a su- Deonilde Azenha, apesar dos seus 71 anos, continua a cozinhar.<br />

por Letinha.<br />

até à altura em que viriam a ser feições. Anos mais tarde avançagestão de restaurante se chamar Chega ao restaurante pelas 7h30 e começa logo a trabalhar na cozi-<br />

Deonilde Azenha veio para o feitas obras de remodelação no ram para as traseiras, fazendo Letinha, mas a jovem na altura nha. As empregadas chegam duas horas depois e, nessa altura, vai<br />

restaurante a 28 de Janeiro de espaço comercial para ampliar a outra sala onde antes estava o não achou a mínima graça. ao talho. Nunca sai antes das 23h00 ou meia-noite. Já a sua filha vem<br />

1961, juntamente com o marido, sala de refeições.<br />

quintal alugado às pessoas que Os responsáveis não quiseram todos os dias a pé da Quinta da Boneca para o restaurante, na Praça<br />

depois de ter pago um trespasse Nesses anos da década de 60 vendiam na praça do peixe. dar o valor da facturação. 5 de Outubro. Às 8h30 vai à Praça da Fruta fazer as compras dos<br />

de 40 contos (cerca de 200 euros). os principais clientes eram as pei- A adega, que em tempos al-<br />

enchidos, verduras e fruta e depois vai ao mercado do peixe comprar<br />

Na terra deixava a filha, com três xeiras que vendiam na praça e bergou seis grandes tonéis de vi- Fátima Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

o que falta. “Todo Todo o o peixe peixe vem vem da da praça, praça, não não é é do do supermerca-<br />

supermercasupermercaanos<br />

e meio, ao cuidado dos avós<br />

que, na semana seguinte os vieram<br />

visitar às <strong>Caldas</strong> e também<br />

por cá ficaram.<br />

Na altura a Casa Ferradora resumia-se<br />

a um corredor, uma sala<br />

pequena e um quarto. Uma outra<br />

parte da casa tinha as “casinhas”,<br />

que eram alugadas às vendedoras<br />

de peixe para ali guardarem<br />

as caixas, sal e demais utensílios<br />

de apoio à venda. No quintal da<br />

então casa de pasto também<br />

eram colocados uns fogareiros<br />

que permitia às pessoas ali assarem<br />

o peixe, que acompanhavam<br />

com vinho tinto da casa.<br />

também as pessoas das aldeias nho para vender a copo durante fferreira@gazetacaldas.com<br />

do. do. Pode Pode ser ser mais mais caro, caro, mas mas mas garantimos garantimos a a qualidade”<br />

qualidade”, qualidade” realça<br />

“Eu “Eu era era uma uma uma menina menina que<br />

que Isaura Isaura Almeida Almeida (1913-2004) (1913-2004) à à porta porta da da Mimosa Mimosa Mimosa a a olhar olhar para para os os seus<br />

seus Aspecto Aspecto do do restaurante restaurante antes antes antes da da última última remodelação, remodelação, há há cerca cerca de de uma<br />

uma<br />

nunca nunca tinha tinha feito feito quase quase nada,<br />

nada, bisnetos bisnetos João João João Francisco Francisco e e Joana. Joana.<br />

Joana.<br />

década.<br />

década.


aneiro<br />

na na que que Joana Joana Agostinho, Agostinho, de de 23 23 anos, anos, anos, ajuda ajuda a a mãe mãe e e a a avó avó na<br />

na<br />

Deonilde Azenha.<br />

Referindo-se à aquisição do restaurante, a matriarca diz que “foi foi<br />

a a a melhor melhor melhor escolha escolha escolha que que que fiz fiz fiz na na na vida” vida” vida”, vida” vida” destacando a presença da<br />

filha, que garante a continuidade do negócio.<br />

Também a vida de Joana Agostinho, 23 anos, está estreitamente<br />

ligada à do restaurante Mimosa. “Lembro-me “Lembro-me desta desta desta casa casa desde desde<br />

desde<br />

sempre,sempre, mesmo mesmo que que não não estivesse estivesse a a trabalhar, trabalhar, estava estava semsem-<br />

pre pre aqui”, aqui”, conta, recordando que quando eram mais pequenos (Joana<br />

e o irmão) ainda iam jantar a casa, mas depois começaram a<br />

também fazer as refeições no restaurante.<br />

Joana lembra-se de começar por ajudar com tarefas simples, como<br />

ir buscar as bebidas ou fazer algum favor à mãe, adquirindo depois<br />

a experiência que lhe permite ser responsável pelo atendimento das<br />

mesas. Contudo, ainda hoje continuam a haver algumas coisas que<br />

só a mãe é que faz: “as as as farófias farófias continua continua continua a a ser ser só só a a minha minha mãe mãe<br />

mãe<br />

que que as as tira, tira, tira, o o melão melão é é ela ela quem quem corta corta e e o o leite-creme leite-creme é é ela<br />

ela<br />

quem quem queima” queima”. queima”<br />

Aspirante a uma carreira no ensino, como professora de Inglês e<br />

Alemão, Joana Agostinho diz que o seu coração balança quando<br />

pensa no trabalho do restaurante, de que também gosta bastante.<br />

“Não “Não excluo excluo as as possibilidades possibilidades de de de ficar, ficar, ainda ainda por por cima cima por- porporqueque nos nos tempos tempos que que vivemos vivemos é é é um um bom bom negócio negócio e e temos temos muimuimui- ta ta ta sorte sorte em em ter ter clientes clientes fixos fixos que que gostam gostam da da nossa nossa comida” comida”, comida”<br />

revela. A jovem diz que não exclui a hipótese de ajudar a mãe até<br />

mais tarde, mas ficar com o negócio “é “é complicado”<br />

complicado”.<br />

complicado”<br />

“Penso “Penso muitas muitas vezes vezes que que o o meu meu meu irmão irmão era era capaz capaz de de ficar<br />

ficar<br />

com com isto isto porque porque é é muito muito muito bom bom cozinheiro, cozinheiro, mas mas também também tem tem a<br />

a<br />

sua sua profissão”<br />

profissão”, profissão”<br />

profissão” adianta, sobre o jovem formado em Bioquímica.<br />

Sobre a Mimosa destaca o facto das pessoas serem todas amigas<br />

e dá o exemplo das pessoas todas se cumprimentarem e conversarem<br />

entre elas.<br />

Durante o tempo em que esteve a estudar na universidade, em<br />

Lisboa, vinha sempre dar uma “mãozinha” no restaurante nos tempos<br />

livres que tinha e nas férias.<br />

O cozido, feito pela avó, assim como todas as variedades de bacalhau,<br />

estão no topo das suas preferências. “Para “Para comer comer de de de forma<br />

forma<br />

saudável saudável é é sempre sempre aqui” aqui”, aqui” deixa como sugestão.<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

“Foi aqui que aprendi tudo o que sei hoje”<br />

Actualmente com 35 anos,<br />

Elisabete Martins começou a<br />

trabalhar no restaurante Mimosa<br />

com 12, pouco tempo<br />

depois de ter terminado a escola<br />

primária. Foi pela mão da<br />

irmã, que também ali trabalhava,<br />

que deixou a Serra do<br />

Bouro e foi para o local onde<br />

aprendeu “tudo “tudo “tudo que que sei sei hoje<br />

hoje<br />

porque porque nem nem um um ovo ovo sabia sabia<br />

sabia<br />

estrelar” estrelar”, estrelar” recorda.<br />

A Beta, como as patroas lhe<br />

chamam, passou o primeiro<br />

dia a varrer umas águas fur-<br />

tadas, onde havia muita casca de<br />

cebola, lembra, passando depois<br />

a lavar a loiça, tarefa que ainda<br />

hoje gosta particularmente de fazer.<br />

Há quatro anos engravidou e<br />

deixou de trabalhar. Voltou há um<br />

ano à casa onde tem passado<br />

grande parte da sua vida e onde,<br />

JOÃO EVANGELISTA, CLIENTE DE LONGA DATA<br />

“Ainda este ano não comi uma sardinha assada”<br />

O professor João Evangelista<br />

é um entusiasta da cozinha<br />

da “Mimosa”. Começou a frequentar<br />

o espaço há cerca de<br />

15 anos, altura em que veio dirigir<br />

o pólo caldense da UAL e<br />

ali se dirigia para almoçar com<br />

amigos. Em 2005 mudou-se,<br />

juntamente com a esposa, para<br />

as <strong>Caldas</strong> e aquele restaurante<br />

era parte do seu quotidiano.<br />

“Tínhamos “Tínhamos uma uma mesa<br />

mesa<br />

sempre sempre guardada guardada para para nós.<br />

nós.<br />

Depois Depois passou passou passou a a ser ser só<br />

só<br />

para para mim, mim, enquanto enquanto podia<br />

podia<br />

lá lá ir” ir”, ir” recorda João Evangelista,<br />

que depois, devido a dificuldades<br />

físicas, deixou de ir<br />

ao restaurante, mas continuava<br />

ali a comprar a sua comida.<br />

Actualmente, com 90 anos, encontra-se<br />

internado no Montepio.<br />

“Sentia-me Sentia-me lá lá lá muito muito bem,<br />

bem,<br />

acabei acabei acabei por por por criar criar amizade<br />

amizade<br />

comcom os os outros outros outros frequentafrequenta-<br />

dores, dores, dores, os os nossos nossos vizinhos vizinhos<br />

vizinhos<br />

de de mesa mesa mesa e e outros outros que que lá lá iam<br />

iam<br />

fazer fazer as as refeições”<br />

refeições”, refeições” conta,<br />

lembrando que a certa altura<br />

“um “um senhor senhor senhor de de certa certa idade<br />

idade<br />

lembrou-se lembrou-se de de perguntar perguntar à<br />

à<br />

Letinha Letinha Letinha o o o meu meu meu nome nome e e des- desdes- cobriu cobriu que que tinha tinha tinha sido sido meu<br />

meu<br />

alunoaluno aos aos 12 12 12 anos, anos, num num coco-<br />

légio légio em em em Lisboa” Lisboa” Lisboa”. Lisboa” Lisboa”<br />

Neste restaurante João Evangelista<br />

reencontrou também<br />

amigos de infância. “Encon- “Encon“Encontramo-nostramo-nos por por ali, ali, converconver-<br />

samos, samos, sabemos sabemos o o que<br />

que<br />

cada cada um um gosta, gosta, por por por isso<br />

isso<br />

estes estes estes ambientes ambientes são são muito<br />

muito<br />

especiais”<br />

especiais”, especiais” sintetiza.<br />

Entre os pratos seus prefe-<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

<strong>Cronologia</strong><br />

ridos destaca as sardinhas assa- Natural de A-dos-Negros, veio<br />

das. “A A minha minha grande grande sauda- sauda- sauda- viver para as <strong>Caldas</strong> em 1926 (na<br />

de de é é este este ano ano não não ter ter comido<br />

comido altura tinha seis anos) e por cá<br />

uma uma sardinha sardinha assada, assada, mas mas às<br />

às ficou durante 11 anos. Lembra<br />

vezes vezes faço faço faço uma uma malandrice,<br />

malandrice, que a sua casa ficava do outro<br />

peço peço peço e e trazem-mas trazem-mas fritas” fritas”, fritas” con- lado da praça e que a existência<br />

ta, divertido.<br />

do teatro Pinheiro Chagas o im-<br />

O bom garfo destaca ainda que possibilitava de ver o restauran-<br />

a Mimosa tem um bacalhau no te.<br />

forno que “é “é excelente”<br />

excelente”, excelente” assim Daquele tempo recorda a ven-<br />

como todo o peixe grelhado, como da de enguias da Lagoa enrola-<br />

é o caso do sargo, da sarda, ou das em areia, que o peixe miúdo<br />

da cavala, que “quando podia” era vendido às dúzias ou ao quar-<br />

gostava temperada com bastanteirão enquanto que o grosso é<br />

te sal. “Gosto “Gosto muito muito da da comi- comi- comi- que era a peso. “E “E “E o o chicharro<br />

chicharro<br />

da da tradicional, tradicional, não não me me dou<br />

dou ou ou a a a cavala cavala eram eram vendidos vendidos vendidos a<br />

a<br />

bembem com com as as comidas comidas esquisiesquisi-<br />

pares” pares”, pares” especifica.<br />

tas” tas”, tas” revela.<br />

“Ainda “Ainda sou sou do do do tempo tempo em em que<br />

que<br />

João Evangelista diz ter uma aoao sábado sábado à à noite noite começacomeça-<br />

estima muito grande pela zona vam vam a a chegar chegar chegar galeras galeras galeras com com a a<br />

a<br />

da antiga Praça do Peixe (Praça 5 gente gente da da venda venda venda do do do peixe, peixe, peixe, para<br />

para<br />

de Outubro) pois foi o primeiro venderem venderem venderem ao ao domingo” domingo” domingo”, domingo” domingo” desfi-<br />

sítio onde morou nas <strong>Caldas</strong>. la entre as memórias, que inclu-<br />

em também a primeira camioneta<br />

que veio com peixe para<br />

aquela praça e que era propriedade<br />

de um comerciante da Nazaré.<br />

As peixeiras também não estavam<br />

a salvo das travessuras<br />

dos miúdos daquela zona:<br />

“aproveitávamos “aproveitávamos quando<br />

quando<br />

elaselas estavam estavam a a dormir dormir e e rourou-<br />

bávamos bávamos caranguejos”<br />

caranguejos”.<br />

caranguejos”<br />

Depois de já ter trabalhado<br />

na firma J.L. Barros (onde começou<br />

antes dos 10 anos) João<br />

Evangelista foi estudar no curso<br />

nocturno da Escola Comercial<br />

Rafael Bordalo Pinheiro (onde<br />

obteve o primeiro prémio nacional<br />

do ensino técnico, em<br />

1938). Aos 18 anos partiu para<br />

Lisboa. Regressou 67 anos depois,<br />

com a esposa.<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

João João Evangelista Evangelista (à (à esquerda) esquerda) e e e a a esposa esposa recentemente recentemente recentemente falecida falecida (à (à direita). direita). direita). Ao Ao centro:<br />

centro:<br />

José José Paulo Paulo (cliente), (cliente), Letinha Letinha e e o o marido. marido. A A amizade amizade e e camaradagem camaradagem são são uma uma das<br />

das<br />

características características desta desta casa. casa. A A fotografia fotografia data data data dos dos anos anos anos 80<br />

80<br />

1960 1960 1960 - - João Francisco Machado (pai de Deonilde) sabe da intenção de trespasse da casa de pasto e informa a filha da possibilidade de<br />

negócio<br />

1961 1961 1961 – – A sua filha Deonilde e o marido, Francisco Almeida, iniciam a exploração do estabelecimento. O resto da família junta-se ao negócio.<br />

1975 1975 – – – Após obras de remodelação, o estabelecimento passa a chamar-se restaurante A Mimosa<br />

2000 2000 2000 - -Maria<br />

Celeste Agostinho (Letinha), filha de Deonilde passa a colaborar no restaurante<br />

além de patrões tem amigos.<br />

balha Maria da Conceição Rodrigues,<br />

empregada da Mimosa há<br />

15 anos. Faz as limpezas e trata<br />

da roupa, além de ajudar a compor<br />

as mesas. “É “É um um trabalho<br />

trabalho<br />

que que gosto gosto de de fazer fazer porque<br />

porque<br />

convive-se convive-se com com as as as pessoas” pessoas” pessoas”, pessoas”<br />

disse.<br />

António Vieira é o responsável<br />

por tratar do carvão. Começou por<br />

“Gosto “Gosto de de cá cá estar, estar, a a minha<br />

minha ajudar Francisco Almeida nessa<br />

mãe mãe é é a a a Dona Dona Deonilde, Deonilde, foi foi foi aqui<br />

aqui tarefa e agora é ele quem garan-<br />

que que acabei acabei de de ser ser criada” criada”, criada” rete o peixe assado, uma das espevela.cialidades<br />

desta casa.<br />

Juntamente com Elisabete, tra- F.F.<br />

F.F. Elisabete Elisabete Martins Martins começou começou começou a a trabalhar trabalhar no no restaurante restaurante Mimosa Mimosa com com 12 12 anos<br />

anos


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

Família Bernarda investe em negócios nas <strong>Caldas</strong> de<br />

José José Pena Pena Pena Júnior Júnior (falecido (falecido em<br />

em O O casal casal fundador, fundador, Alberto Alberto da da Bernarda Bernarda e e e Noémia Noémia do do do Canto, Canto, com com os<br />

os Rui Rui da da Bernarda Bernarda atendendo atendendo os os seus seus clientes clientes clientes na na mercearia. mercearia. O O empresário<br />

empresário<br />

1973), 1973), fundador fundador da da Mercearia<br />

Mercearia filhos filhos Rui Rui e e Luís Luís (hoje (hoje com com 35 35 35 e e 45 45 anos). anos). Ambos Ambos se se mantiveram mantiveram na<br />

na aposta aposta forte forte forte nos nos produtos produtos tradicionais tradicionais tradicionais portugueses.<br />

portugueses.<br />

Pena Pena numa numa foto foto de de de 1950.<br />

1950. mesma mesma mesma área área de de negócio negócio e e cada cada um um já já tem tem o o seu seu mestrado mestrado em em Marketing<br />

Marketing<br />

Alberto da Bernarda e Noéroviário onde trabalhavam e vivimaram a mercearia no primeiro de sucesso. A maioria da clien- tar com um empregado e tomaainda hoje possuem a Pérola da<br />

mia do Canto, de 71 e 66 anos, am dezenas de pessoas] e muitas<br />

muitas supermercado da cidade, com tela eram passageiros da CP e ram a iniciativa de pedir a má- Sorte, uma casa exclusivamente<br />

são naturais de duas aldeias ripessoaspessoas do do Bairro Bairro dos dos ArneiArnei-<br />

uma caixa registadora e livre ferroviários, isto numa época quina do Totobola à Santa Casa dedicada ao jogo. Curiosamente,<br />

batejanas e vieram para as Cal- ros ros”, ros contaram.<br />

serviço. A “Vassoureira” foi a em que nem toda a gente tinha da Misericórdia e recordam que isso representava um regresso à<br />

das em Maio de 1964, já depois Aos empregados da estação primeira casa a modificar-se e carro, não havia auto-estradas estiveram sete anos à espera da mesma rua onde décadas antes ti-<br />

de casados. O pai de Alberto da vendiam-se muitas “ciganinhas” fomos “das das das primeiras primeiras a a t ttirar<br />

t irar<br />

e o caminho-de-ferro era o prin- autorização para poder ter nham iniciado a sua actividade co-<br />

Bernarda, António Lopes da Ber- (vinho tinto vendido nas garrafas 15 15 dias dias de de férias férias pois pois até até essa<br />

essa cipal meio de transporte para aquele jogo.<br />

mercial com a Vassoureira.<br />

narda (1913-2003) possuía na al- das minis que iam encher à taber- altura altura ninguém ninguém as as tirava tirava”. tirava se chegar e partir da cidade. Entretanto, Alberto da Ber- Para Noémia, era tempo de<br />

deia do Canal uma mercearia e na). Noémia da Bernarda conta que<br />

“Logo “Logo “Logo de de de manhã manhã manhã estavam estavam<br />

estavam narda reparte o seu tempo com mudar de actividade porque esta-<br />

taberna, que também era posto era o filho mais velho, Luís, nasci- “NUNCA “NUNCA SERVI SERVI UM UM GALÃO GALÃO<br />

GALÃO tudo tudo quentinho quentinho em em cima cima do<br />

do um outro projecto ao qual dediva saturada de 20 anos na mercea-<br />

de correios.<br />

do em 1965, que ia muitas vezes QUE QUE NÃO NÃO FOSSE FOSSE COM COM O<br />

O balão balão”, balão recorda o casal. Era tudo cou alguns anos da sua vida – a ria Vassoureira e 24 anos no café<br />

“Quando “Quando me me casei casei o o meu<br />

meu até ao muro que dividia a área da LEITE LEITE FERVIDO”<br />

FERVIDO”<br />

FERVIDO” feito na altura e com um cuidado Coopercaldas, uma cooperativa Pérola. “Eu “Eu não não gostava gostava dos<br />

dos<br />

paipaipai não não queria queria que que eu eu ficasficas-<br />

estação da cidade e aviava os fer-<br />

pouco habitual. Veja-se por exem- de retalhistas, da qual foi co- novos novos clientes clientes clientes que que nos nos anos anos 90<br />

90<br />

se se na na aldeia aldeia aldeia achava achava melhor melhor<br />

melhor roviários, trazendo e levando as Entretanto surge a hipótese plo o galão: “nunca nunca servi servi leite leite aos<br />

aos fundador em 1973.<br />

passarampassarampassaram também também também a a frequenfrequen-<br />

que que eu eu fizesse fizesse a a minha minha vida vida<br />

vida garrafas.<br />

de ficarem com o trespasse do meus meus clientes clientes que que não não fosse<br />

fosse Nos anos noventa, e acompa- tar tar o o café” café”, café” conta.<br />

forafora dali. dali. dali. Acabámos Acabámos por por por eses-<br />

“Lembro-me Lembro-me que que num num sába- sába- sába- Café Pérola junto à estação (que fervido fervido e e ia ia ao ao Pena Pena buscar buscar café<br />

café nhando o declínio da linha do Contudo, ainda hoje há anti-<br />

colher colher colher as as <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong>”, <strong>Caldas</strong> contou Aldodo de de manhã, manhã, batemos batemos o o recorrecorgos<br />

clientes que “têm têmsaudasaudaberto da Bernarda, acrescentando<br />

que esta era então “uma umaterter- ra ra ra evoluída evoluída evoluída”, evoluída evoluída apesar de para<br />

se chegar ao Bairro dos Arneiros<br />

ser ainda necessário atravessar<br />

terrenos de areia preta. A família<br />

instalou-se no Bairro de António<br />

Elias pois “negociávanegociávadede<br />

ao ao vender vender dois dois mil mil papo-sepapo-se-<br />

cos. cos. A A fila fila de de gente gente chegava chegava chegava à à<br />

à<br />

rua rua”, rua disse a empresária. Outro dos<br />

segredos da Vassoureira era ter<br />

sempre as coisas que as pessoas<br />

necessitavam e evitar a todo o custo<br />

ter produtos em falta.<br />

Também a taberna prosperava.<br />

A família Bernarda está nas <strong>Caldas</strong> há quase meio século e desde então não<br />

parou de investir em negócios. Há 46 anos ficou com uma mercearia e taberna,<br />

depois com um café e actualmente possui uma casa de jogos da sorte (Pérola<br />

da Sorte) e a Mercearia Pena.<br />

Pais e filhos – Alberto e Noémia, e Luís e Rui - são os sócios gerentes da firma<br />

Carvalho & Irmão, Lda. e têm alma de comerciantes sempre em busca do crescimento<br />

dos seus negócios. Ao todo empregam nove pessoas e em tudo o que<br />

des des dos dos nossos nossos pastéis pastéis pastéis de<br />

de<br />

bacalhaubacalhau e e das das das nossas nossas nossas fatifati-<br />

as as douradas”<br />

douradas”.<br />

douradas”<br />

douradas”<br />

Do café Pérola para a nova<br />

casa trazem as máquinas de registo<br />

dos jogos de Totobola, Totoloto,<br />

alem de venderem também<br />

a lotaria. Mais tarde passamosmos<br />

azeite azeite com com os os os Elias, Elias, nene-<br />

Alberto da Bernarda contou que fazem distinguem-se pela aposta na qualidade.<br />

ram a ter também o Euromilhões<br />

gócios gócios que que foram foram iniciados<br />

iniciados chegaram a ter um vinho afamado<br />

e as raspadinhas.<br />

pelo pelo meu meu meu pai pai”. pai<br />

nas <strong>Caldas</strong> e num só ano “chegáchegá pertencia a Joaquim Anastácio) d’Avó d’Avó d’Avó para para lhe lhe adicionar<br />

adicionar”,<br />

adicionar Oeste, o café passa a ter menos Na Pérola da Sorte já foram<br />

Pouco tempo depois surgiu ao mos mos mos a a vender vender 30 30 mil mil litros litros de de<br />

de o que veio a acontecer em 1978. contaram.<br />

clientes. A zona vive então um vendidos os primeiro, segundo e<br />

casal a oportunidade de ficar vinho vinho a a copo” copo”. copo”<br />

Os Bernarda - então já com dois Durante muitos anos o café momento mal afamado. “Os Os Os to- to- to- terceiro prémios da lotaria naci-<br />

com a mercearia que existia na O casal recorda que também filhos - passam assim a deter a funcionou entre as seis da ma- xicodependentes xicodependentes trouxeram<br />

trouxeram onal e seis vezes o primeiro pré-<br />

Rua da Vassoureira (ou da Esco- aviava os indigentes que possuí- Vassoureira e o café Pérola. Este nhã e as duas da madrugada. mau mau ambiente ambiente ambiente a a esta esta zona. zona.<br />

zona. mio do Totoloto. “Temos Temos clien- clienclienveira), na Rua da Estação. Era am senhas entregues pela Polícia último era detido pela firma Car- Entre o público preferencial es- Esperavam Esperavam pela pela droga droga que que<br />

que tes tes que que jogam jogam com com a a a mesma<br />

mesma<br />

assim designada pois existia ali que podiam ser, uma vez por mês, valho & Irmão, Lda., que passa tavam os tropas e os estudan- vinha vinha de de comboio comboio comboio…”, comboio contou o chave chave há há vários vários anos anos e e hoje<br />

hoje<br />

uma fábrica de vassouras. trocadas por bens alimentares. agora para as mãos do casal Bertes e, para além do negócio, casal, que pouco depois toma a já já já atendemos atendemos os os seus seus filhos filhos”, filhos<br />

A loja, que incluía taberna foi A mercearia abria às oito da narda. Será através desta soci- contam que praticavam este decisão de fechar o café. Esta de- disseram, explicando que são<br />

trespassada ao casal Bernarda em manhã e o casal recorda que laedade por quotas que o casal horário “para “para “para que que os os seus seus cli- cli- cli- cisão coincidiu com a vontade da agentes da Santa Casa desde os<br />

Julho de 1964 por 15 contos (74,82 borava até de madrugada para fará os seus futuros negócios, entes entes não não não ficassem ficassem na na rua rua a<br />

a autarquia em demolir o próprio anos oitenta.<br />

euros). “A A minha minha minha mulher mulher ficava<br />

ficava repor os produtos. “Trabalha- Trabalha- Trabalha- Trabalha- nomeadamente a compra da aguardar aguardar aguardar pelos pelos comboios<br />

comboios edifício para ali construir um par- Nesta altura o casal detinha<br />

maismais na na na mercearia mercearia e e eu eu na na na tatata- va-se va-se sábados, sábados, feriados feriados e<br />

e Mercearia Pena e a criação da pois pois só só fechávamos fechávamos quando quando<br />

quando que de estacionamento. Como não já um outro negócio – a mercea-<br />

bernica bernica”, bernica conta Alberto da Ber- dias dias dias santos. santos. Os Os dias dias vagos,<br />

vagos, Pérola da Sorte.<br />

todos todos partiam partiam partiam”. partiam partiam Depois acha- eram proprietários e só pagavam ria Pena, que tinham comprado<br />

narda, que entretanto começou a Domingos, Domingos, era era para para limpar limpar e<br />

e Em 1980 os Bernarda trespasram que em nome do descanso renda, Alberto e Noémia chegaram em 1997 e que dava trabalho a<br />

negociar em madeiras, actividade encher encher a a mercearia, mercearia, não não era<br />

era sam a mercearia e investem era melhor praticar novo horá- a acordo com a autarquia e o se- três pessoas.<br />

que não prosperou.<br />

para para para passear passear”. passear<br />

mais forte no café Pérola, cuja rio e passaram a abrir às sete nhorio e mudaram-se para o céle-<br />

Já mercearia ia de vento em Em 1970, Alberto e Noémia de- localização em frente à estação da manhã e a fechar à meiabre “mamarracho da estação” que Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

popa “porque “porque implementámos<br />

implementámos<br />

ooo conceito conceito de de mercearia mercearia de de alalal- deia deia ali ali naquele naquele bairro”<br />

bairro”. bairro”<br />

Vendia-se<br />

quase tudo avulso como era<br />

normal naquele tempo - o azeite,<br />

o arroz, a farinha, o sabão, etc.<br />

Eram inclusivamente responsáveis<br />

por fazer produtos como a lixívia e<br />

Alberto da Bernarda recorda como<br />

era comum “comprarmos comprarmos 12<br />

12<br />

quilosquilos de de hipoclorídrico hipoclorídrico e e junjuntarmostarmos<br />

água água para para para fazer fazer fazer 50 50 lili-<br />

tros tros de de lixívia lixívia”. lixívia<br />

Os clientes da Vassoreira eram,<br />

naturalmente, “os os os vizinhos, vizinhos, as<br />

as<br />

cidiram fazer obras e transfor- era um dos principais motivos noite. Passaram também a con- fica na esquina em frente e onde nnarciso@gazetacaldas.com<br />

famílias famílias que que viviam viviam na na estação<br />

estação<br />

[à data um grande complexo fer-<br />

O O Café Café Pérola Pérola acabou acabou por por ser ser demolido demolido pela pela<br />

pela<br />

autarquia autarquia e e hoje hoje o o o local local é é um um parque parque de de de estacionamento<br />

estacionamento<br />

A A Mercearia Mercearia Mercearia Pena Pena no no passado passado e e e no no presente. presente. Este Este estabelecimento estabelecimento celebrou celebrou no no ano ano passado<br />

passado<br />

100 100 anos.<br />

anos.


sde os anos 60<br />

“Comprámos a Mercearia Pena para que<br />

aquela casa centenária não fechasse”<br />

“As primeiras dificuldades começaram<br />

logo com a abertura do Modelo”<br />

“Tinha Tinha muita muita pena pena que<br />

que ainda não conseguem concorrer frutofruto do do trabalho trabalho e e da da dedidedi-<br />

aquela aquela casa casa fechasse, fechasse, fechasse, era<br />

era com as vendas do centenário Café cação cação”. cação<br />

uma uma referência referência nas nas <strong>Caldas</strong><br />

<strong>Caldas</strong> d’Avó. Agora também já vendem<br />

e e o o o senhor senhor Vítor Vítor Vítor dava-se dava-se ao ao<br />

ao apenas chicória pois há pessoas “OS “OS NOSSOS NOSSOS NEGÓCIOS<br />

NEGÓCIOS<br />

luxo luxo de de atender atender os os clientes<br />

clientes que, aconselhadas pelos médicos,<br />

PRIMAM PRIMAM PELA<br />

PELA<br />

que que queria queria”. queria Alberto da Ber- estão a substituir o café por aque- EXCLUSIVIDADE”<br />

EXCLUSIVIDADE”<br />

narda diz que foi por essa razão le produto.<br />

que comprou em 1997 a mercea- A Mercearia Pena ao longo dos “Os Os Os nossos nossos negócios negócios pri- pripriria do seu amigo Vítor Santos, últimos anos tem apostado em mammam pela pela exclusividade exclusividade e e cencen-<br />

que na altura estava em dificul- produtos com a marca da casa, tram-se tram-se em em si si próprios próprios para<br />

para<br />

dades.<br />

como é o caso de um queijo da não não haver haver dispersão, dispersão, facto<br />

facto<br />

Numa primeira fase a Merce- Serra e os bolos secos, que são fei- que que normalmente normalmente mata mata mata os<br />

os<br />

aria Pena não foi alvo de grantos nas <strong>Caldas</strong>, bem como o licor negócios negócios”, negócios disse Rui da Bernardes<br />

mudanças por parte dos de Café d’Avó que é também proda. novos proprietários, mantendoduzido na região.<br />

A firma Carvalho & Irmão tem<br />

se como um estabelecimento “Hoje “Hoje 50% 50% do do negócio negócio da<br />

da nove funcionários, quatro na Pé-<br />

tradicional no centro da cidade. merceariamerceariamercearia é é é dedicada dedicada dedicada à à à revenrevenrevenrola e cinco na Mercearia Pena.<br />

Será em 2001 que Rui da Ber- da da”, da contou Rui da Bernarda, ex- Em 2009, esta sociedade por quonarda,<br />

filho mais novo do casal, plicando que vende café expresso tas facturou 432 mil euros na Mer-<br />

enceta uma verdadeira revolu- para hotelaria e restauração. O emcearia Pena e cerca de 71 mil eução<br />

naquela mercearia. Rui tinha<br />

25 anos, uma licenciatura<br />

presário renovou totalmente aquele<br />

espaço comercial uma década<br />

ros na Pérola da Sorte.<br />

Questionado sobre se os seus<br />

Vítor Vítor Santos Santos nos nos anos anos 50 50 na na Mercearia Mercearia Mercearia Pena, Pena, quando quando quando ainda ainda era era apenas apenas empregado<br />

empregado<br />

empregado<br />

e e em em 1992, 1992, então então já já proprietário proprietário com com com a a a neta neta ao ao colo colo<br />

colo<br />

em Gestão de Marketing e ex- depois de o ter adquirido. Actual- negócios estão consolidados, Al- A história da Mercearia Pena “Toda Toda Toda aquela aquela gente gente passou passou a<br />

a contou.<br />

periência como gestor em duas mente já está a preparar a segunberto da Bernarda diz que se fos- (fundada em 1909) está intima- tê-lo tê-lo em em grande grande grande consideração<br />

consideração Foi em Março de 1956 que<br />

cadeias de supermercados. da página da internet da mercease questionado há uma década mente ligada ao Vítor Santos, ee estima estima estima por por ter ter ter sido sido um um hoho-<br />

José Pena decide oferecer so-<br />

(Curiosamente, o seu irmão, ria e orgulha-se de estar presente “diria diria que que sim sim”, sim mas hoje con- hoje com 84 anos, que nela come- mem mem sério sério”, sério passando muitos ciedade ao seu funcionário. Era<br />

Luís, 44 anos, também está no nas redes sociais e em páginas insidera que nos negócios “nada nada é<br />

é çou a trabalhar em 1938. obidenses a frequentar o seu esta- grande a confiança que nele<br />

mesmo ramo, mas vive em Listernacionais de gastronomia que para para sempre...”<br />

sempre...”<br />

Em 1956 ascende a sócio-gebelecimento. depositava pois partia descanboa,<br />

onde é gerente da cadeia até já lhe trouxeram clientes es- Tanto a Mercearia Pena como rente por iniciativa do fundador e Quando Vítor Santos foi para a sado para as suas viagens pela<br />

Spar, que possui 30 lojas em Portrangeiros. a Casa Pérola da Sorte não estão então proprietário José Pena Jú- tropa, no RI5, em 1946, deixou um Europa, deixando-o à frente de<br />

tugal e 13 mil em todo o mun- “Temos Temos que que acompanhar acompanhar os<br />

os imunes à crise generalizada. nior (falecido em 1972), natural compadre a cumprir as suas fun- tudo. A casa acabou por ser<br />

do).tempostempos<br />

e e fazer fazer com com que que os os nosnos-<br />

“Ambos Ambos tiveram tiveram tiveram um um decrés- decrés- decrés- de Folques (Arganil).<br />

ções. O ainda empregado da mer- alvo de remodelação nos anos<br />

“Para “Para viabilizar viabilizar a a Mercea- Mercea- Mercea- sossos negócios negócios não não sejam sejam ultraultracimocimocimo<br />

de de 10% 10% 10% a a a partir partir de de JaJa-<br />

Entre os anos cinquenta e 1997 cearia, como era órfão de pai, pa- 60.<br />

ria ria ria Pena Pena deixámos deixámos em em dois dois<br />

dois passados passados”, passados diz o empresário que, neiro neiro deste deste ano ano”, ano ano comentou Rui Vítor Santos é o principal rosto gou a praça, uma quantia de 2.500 Antes de falecer, Pena Júniouou<br />

três três anos anos de de vender vender propro-<br />

apesar de tudo, sabe que a época da Bernarda. No caso dos jogos, desta centenária mercearia. escudos (12,50 euros) e por isso “ao ao<br />

or fez um pedido ao seu sócio:<br />

dutosdutosdutos de de mercearia mercearia e e de de drodrodro- é contrária à evolução de peque- por estranho que possa parecer, Nascido em 1925, este caldenfimfim de de seis seis meses meses vim-me vim-me emem-<br />

“que que que a a casa casa não não perdesse perdesse o<br />

o<br />

garia”, garia”, disse Rui da Bernarda. nos estabelecimentos como as até tem mais apostadores, mas se recorda que morava na Rua bora bora”. bora bora<br />

seu seu nome nome”, nome conta Vítor San-<br />

Nos anos 90 as pequenas uni- mercearias, mas trabalha todos os tem muito menos apostas. “Hoje<br />

“Hoje do Hospício, com a sua mãe e Regressa ao seu posto de trabatos. O mesmo pedido que, anos<br />

dades de retalho estavam a de- dias para inverter esta tendência. muitasmuitas pessoas pessoas jogam jogam apeape-<br />

irmãs (o seu pai falecera cedo). lho ainda com 18 anos e assim que mais tarde, este viria a fazer a<br />

saparecer ao ritmo alucinante Como? “Apostando Apostando forte forte nos<br />

nos nas nas dois dois euros euros euros porque porque porque não<br />

não Vítor Santos começa a traba- voltou, “o o senhor senhor Pena Pena Pena entreentre-<br />

Alberto da Bernarda quando viu<br />

de cerca de 2000 por ano. Para produtosprodutos tradicionais tradicionais portuportuportu- podem podem jogar jogar menos menos”, menos disse. lhar cedo:<br />

gou-me gou-me a a a chave chave de de sua sua casa, casa,<br />

casa, que a saúde e as dificuldades<br />

evitar que a Pena fosse mais gueses gueses e e estando estando atento atento às às<br />

às De qualquer modo a família “Nos Nos anos anos trinta trinta fui fui para<br />

para da da loja loja e e do do cofre cofre”, cofre contou o fu- por que a casa passava não lhe<br />

uma, era preciso um grande innovasnovas necessidades necessidades dos dos nosnos-<br />

não baixa os braços e o próximo a a Escola Escola Comercial Comercial estudar<br />

estudar turo sócio-gerente.<br />

permitiam continuar o negocio,<br />

vestimento para adaptar a loja sos sos clientes clientes”. clientes<br />

projecto pode passar pelo alar- de de noite noite e e trabalhar trabalhar para para a<br />

a Os principais produtos da casa preferindo cedê-lo ao amigo.<br />

aos novos desafios.<br />

A Mercearia Pena já foi agraciagamento do conceito da Mercea- Mercearia Mercearia Pena Pena Pena durante durante o<br />

o foram sempre o café e o bacalhau. “As “As “As primeiras primeiras dificulda- dificulda- dificulda-<br />

Rui da Bernarda manteve os da com uma medalha de ouro pelo ria Pena a um espaço de restau- dia dia dia. dia dia Trabalhei Trabalhei como como marça- marça- marça- marça- marça- “O “O senhor senhor senhor Pena Pena sempre sempre sempre foi foi um um<br />

um desdes começaram começaram começaram logo logo quanquanquan- mesmos funcionários (cinco) e município das <strong>Caldas</strong> e foi uma das ração. A ideia está a ganhar raí- no, no, a a fazer fazer recados recados e e a a casa casa<br />

casa homem homem que que que gostava gostava de de ter<br />

ter dododo o o o Modelo Modelo abriu, abriu, abriu, na na dédédé- os fornecedores e dá o desen- cinco lojas nacionais finalista na zes de modo a que os clientes teveteve sempre sempre boa boa clientela clientela sososo- tudo tudo quanto quanto quanto era era bom, bom, fosse<br />

fosse cada cada de de de noventa. noventa. Mas Mas Mas eu eu lá lá<br />

lá<br />

volvimento devido a uma das categoria Lojas com História do possam degustar uma boa san- bretudo bretudo de de de Óbidos” Óbidos”. Óbidos”<br />

o o queijo queijo da da Serra, Serra, as as carnes carnes<br />

carnes me me me fui fui aguentando aguentando pois<br />

pois<br />

principais áreas: o café. Mais Prémio Mercúrio – O melhor do Codes de queijo da Serra ou de um Porquê de Óbidos? A história ou ou os os enchidos enchidos enchidos”, enchidos enchidos recorda. mesmo mesmo com com com a a a aberturas<br />

aberturas<br />

ninguém vende Café d’Avó na mércio 2008. Esta distinção é pro- paio de qualidade que vão bus- já é lendária: conta-se que José Dado o bom gosto e a incesdosdos grandes grandes supermercasupermercasupermerca-<br />

cidade e desde que pegaram no movida pela Confederação do Cocar a tantas zonas do país. Pena tinha ido a uma feira em A sante procura de qualidade nos dosdos ainda ainda tive tive alguns alguns clienclien-<br />

negócio já criaram novos lotes. mércio e Serviços de Portugal e pela<br />

dos Negros e encontrou uma car- produtos que vendia, tornava-se tes tes que que gastavam gastavam ao ao mês<br />

mês<br />

Pena, Centenário, Bordalo e Óbi- Escola de Comércio de Lisboa. Pai Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

teira com muito dinheiro que fez numa das casas mais conheci- na na na mercearia”<br />

mercearia”, mercearia” contou. Seguidos<br />

são as últimas criações que e filho explicam:”é é tudo tudo apenas<br />

apenas nnarciso@gazetacaldas.com questão de a entregar ao dono. das das <strong>Caldas</strong> e região. ram-se problemas de saúde, que<br />

Nos anos 50 lembra-se de que ajudaram a determinar a deci-<br />

<strong>Cronologia</strong>:<br />

foi adquirida para a Merceria<br />

uma máquina para cortar fiamsão<br />

de venda da Mercearia Pena.<br />

Ao longo da história da mer-<br />

1948 1948 - - Constituição da firma Carvalho & Irmão Lda registada no nº 328 da Conservatório das <strong>Caldas</strong> (esta empresa era detentora do Café Pérola bre, uma grande inovação que cearia foram vários os clientes a<br />

que viria mais tarde a ser comprado por Alberto e Noémia)<br />

só uma outra casa comercial pra- quem se levava as compras a<br />

1964 1964 1964 – – O casal Alberto da Bernarda e Noémia do Canto tomam de trespasse “A Vassoureira” (taberna e mercearia) na rua da Estação<br />

ticava nas <strong>Caldas</strong>. A Mercearia casa. Actualmente há alguns a<br />

1970 1970 – – Transformação da mercearia no primeiro supermercado da cidade, com uma caixa registadora e livre serviço<br />

Pena foi das primeiras a moer o quem ainda se faz esse favor.<br />

1978 1978 – – O casal toma de trespasse o Café Pérola, também junto à estação, passando assim a deter a totalidade do capital social da firma Carvalho café ao balcão e era também Ví- Segundo Rui da Bernarda, prova-<br />

& Irmão, Lda.<br />

tor Santos o responsável por torvelmente o futuro poderá passar<br />

1980 1980 1980 – – O casal desiste da Vassoureira, trespassando o negócio, ficando ficam apenas com o café Pérola<br />

rar os grãos. “A “A “A mistura mistura do<br />

do pelo retorno às entregas ao do-<br />

1996 1996 - - Dando cumprimento à legislação da época, Alberto da Bernarda aumenta o capital social da firma para 1500 contos (7482 euros). Café Café d’Avó d’Avó d’Avó fui fui eu eu que que que a a fiz. fiz. O<br />

O micílio “se se calhar calhar de de uma uma forfor-<br />

1997 1997 – – Aquisição da Mercearia Pena<br />

lote lote que que lá lá lá está está está ainda ainda é é meu:<br />

meu: ma ma mais mais internética”<br />

internética”, internética” rematou.<br />

2002 2002 – – – O café é demolido para dar lugar a um parque de estacionamento. O casal funda a Casa de Jogos Pérola da Sorte na Rua da Estação 40% 40% 40% de de de café café e e 60% 60% de de de chicó- chicó- chicó-<br />

2006 2006 - -O<br />

capital social da empresa é aumentado para 50 mil euros<br />

ria,ria, que que ainda ainda hoje hoje hoje é é dos dos dos propro-<br />

Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

2007 2007 – – – Grande renovação da mercearia e criação de vários lotes de café e produtos com a marca Pena<br />

dutos dutos que que mais mais mais se se vende vende vende”, vende vende nnarciso@gazetacaldas.com


UMA UMA UMA UMA UMA EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, EMPRESA, VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS VÁRIAS GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

GERAÇÕES<br />

O filho do Joaquim da Lareira já segue as pisadas do<br />

O O O futuro futuro futuro dono dono da da Lareira Lareira quando quando quando tinha tinha sete sete anos anos em<br />

em<br />

1951. 1951. Joaquim Joaquim é é a a criança criança do do meio, meio, em em baixo. baixo.<br />

baixo.<br />

A A A Lareira Lareira – – o o restaurante restaurante que que veio veio da da Alemanha<br />

Alemanha<br />

Joaquim Coito nunca teve férias<br />

e quando vai para fora das <strong>Caldas</strong><br />

é em trabalho ou para conhecer<br />

algum estabelecimento para o qual<br />

é convidado.<br />

A sua mulher, Maria Beatriz Coito,<br />

trabalhou sempre ao seu lado<br />

até recentemente, mas está agora<br />

a tomar conta da mãe que ficou<br />

acamada.<br />

Com 66 anos, Joaquim Coito não<br />

se sente cansado e não pensa na<br />

reforma. “Ainda Ainda acho acho que que sou<br />

sou<br />

necessário necessário aqui aqui”, aqui aqui afirmou.<br />

Mas o filho, Sérgio Coito, de 39<br />

anos, está a assumir cada vez mais<br />

funções na empresa. Na cozinha é<br />

o cozinheiro principal e ao nível da<br />

gestão é o responsável pelas compras,<br />

por grande parte dos orçamentos<br />

para os caterings e por tudo<br />

o que são burocracias.<br />

A filha do casal, Susana Coito, é<br />

arquitecta na Câmara das <strong>Caldas</strong>.<br />

“Até Até Até seria seria bom bom bom que que ela ela traba- trabatraba- lhasse lhasse connosco, connosco, mas mas ela ela tirou tirou<br />

tirou<br />

oo curso curso de de de Arquitectura Arquitectura e e gosgos-<br />

ta ta muito muito muito do do do que que faz faz”, faz diz o pai.<br />

Para o empresário, a vantagem<br />

de ter uma empresa familiar é poder<br />

trabalharem em conjunto, mas<br />

é importante saber dar a autonomia<br />

necessária a cada um.<br />

Embora Sérgio Coito, filho do<br />

fundador do restaurante, não quisesse<br />

adiantar o volume de negócios<br />

anual, comentou que em 2009<br />

tiveram um decréscimo nas receitas,<br />

mas em 2010 a situação tem<br />

melhorado.<br />

De De África África à à Alemanha<br />

Alemanha<br />

Joaquim Coito nasceu em 1944,<br />

no Peso (Santa Catarina) e foi morar<br />

para Salir de Matos quando casou,<br />

em 1970.<br />

O seu primeiro emprego foi como<br />

aprendiz de padeiro nas <strong>Caldas</strong> da<br />

Rainha, aos 13 anos. Chegou a trabalhar<br />

na Quinta do Sanguinhal, no<br />

Bombarral, mas como não gostou<br />

muito da agricultura voltou a ser<br />

padeiro, mas desta vez em Lisboa.<br />

Em pouco tempo, como o patrão<br />

De 1968 a 1972 trabalhou nesse navio,<br />

até que decidiu deixar o mar<br />

porque se casou com Maria Beatriz<br />

e emigrou para Osnabrück, na Alemanha.<br />

Como no tempo da tropa aprendera<br />

inglês, começou a trabalhar<br />

como tradutor numa firma alemã<br />

de peças de automóvel que em 1973<br />

contratou cerca de 600 portugueses.<br />

“Eram Eram quatro quatro fábricas fábricas e e eu<br />

eu<br />

faziafazia de de intérprete intérprete para para para os os porpor-<br />

gostava muito dele, passou para a tugueses tugueses que que que lá lá trabalhavam<br />

trabalhavam”.<br />

trabalhavam<br />

caixa na padaria.<br />

Esteve dez anos nestas funções,<br />

“Mas Mas Mas a a minha minha ambição ambição era<br />

era mas ao mesmo tempo foi criando<br />

embarcar embarcar embarcar porque porque aqui aqui na na na zona<br />

zona os seus próprios negócios. Seis meandavaandava<br />

muita muita gente gente embarcaembarcases<br />

depois de ter chegado à Alema-<br />

diça diça”, diça conta. Depois de tirar a carta nha, já tinha aberto uma mercearia<br />

marítima, embarcou num barco de e ao fim de um ano investira num<br />

pesca como ajudante de<br />

restaurante. Entretanto trabalhava<br />

motorista e foi até África. também como gerente numa agên-<br />

Chegada a altura de fazer a trocia de viagens. E sobrou-lhe ainda<br />

pa, em 1966, esteve primeiro colo- tempo para ajudar a fundar uma<br />

cado em Portugal e acabou por se- colectividade de portugueses - a<br />

guir para a Guiné, onde esteve dois Associação Recreativa de Osnabrück.<br />

anos, durante a guerra colonial. Face aos bons resultados, deci-<br />

Quando regressou voltou a emdiu abrir mais um restaurante, de<br />

barcar, mas agora a sua nova ambi- primeira categoria, com a ajuda do<br />

ção era emigrar. “Consegui Consegui um<br />

um seu irmão como cozinheiro. Com<br />

passaporte passaporte turístico turístico e e fui fui para para<br />

para este estabelecimento já teve mais<br />

a a Holanda, Holanda, onde onde embarquei<br />

embarquei dificuldades porque fazia questão<br />

num num num navio navio americano americano americano”, americano contou. de apresentar produtos de elevada<br />

Sérgio Sérgio Sérgio (de (de chapéu chapéu chapéu branco) branco) e e e o o seu seu pai pai pai (à (à direita) direita) na na cozinha cozinha cozinha do do restaurante.<br />

restaurante.<br />

restaurante.<br />

qualidade. Todas as segundas-feiras<br />

deslocava-se a Paris para comprar<br />

os peixes, legumes e outros artigos<br />

que usava no restaurante. Foi<br />

também na capital francesa que Joaquim<br />

Coito frequentou um curso<br />

de molhos, no Instituto de Cozinha.<br />

Regresso Regresso a a Portugal<br />

Portugal<br />

Ao fim de dez anos a família<br />

decidiu voltar para Portugal por-<br />

que o filho, Sérgio, tinha terminado<br />

a quarta classe e a filha, Susana,<br />

ia iniciar o ensino primário, e os<br />

pais queriam que eles continuassem<br />

os estudos em Portugal. Para<br />

além disso, a sua mulher, que é<br />

filha única, quis vir ter com os pais.<br />

No final de 1982 vendeu os dois<br />

restaurantes, Tamar e Alberman,<br />

a um português casado com uma<br />

alemã e regressou. Ainda hoje os<br />

dois restaurantes existem, com os<br />

mesmos nomes.<br />

Já em Portugal, abriu uma espécie<br />

de mini-mercado gourmet – o<br />

Copacabana - junto à Praceta António<br />

Montez.<br />

“Até Até em em Lisboa Lisboa não não havia<br />

havia<br />

muitos muitos locais locais com com os os produtos<br />

produtos<br />

queque eu eu vendia, vendia, para para para uma uma cozicozicozi- nha nha nha mais mais sofisticada<br />

sofisticada”, sofisticada referiu<br />

Joaquim Coito. Vinham pessoas de<br />

vários lugares do país para se abastecerem.<br />

O segredo estava nos<br />

bons contactos que o empresário<br />

tinha e que lhe traziam produtos<br />

de qualidade de vários países, nomeadamente<br />

os queijos e os patês<br />

franceses.<br />

Manteve o mini-mercado durante<br />

cinco anos e em 1983, optou por<br />

investir de novo num restaurante.<br />

Há 26 anos que a família Coito explora aquele que é considerado um dos melhores restaurantes da<br />

região. A Lareira, no Alto do Nobre, é uma referência no domínio gastronómico das <strong>Caldas</strong> da Rainha e<br />

do Oeste, e o seu nome é conhecido não só pelo restaurante, mas também pelos serviços exteriores<br />

de catering em diversos eventos.<br />

O restaurante tem representado a gastronomia do Oeste em muitos certames e tem sido alvo de<br />

reportagem em várias publicações nacionais e internacionais.<br />

Do quadro da empresa fazem parte 13 funcionários (incluindo os sócios-gerentes), um número que<br />

aumenta quando é necessário responder a picos de trabalho.<br />

Actualmente há duas gerações gerações gerações gerações gerações que que que que que trabalham trabalham trabalham trabalham trabalham no no no no no restaurante: restaurante: restaurante: restaurante: restaurante: Joaquim Joaquim Joaquim Joaquim Joaquim Coito Coito Coito Coito Coito e e e e e o o o o o seu seu seu seu seu filho filho filho filho filho<br />

Sérgio Sérgio Sérgio. Sérgio Sérgio A transição de gestão já começou a ser feita e Sérgio Coito tem vindo a assumir cada vez<br />

mais protagonismo na empresa Joaquim Bernado do Coito Lda.<br />

A Lareira já existia desde a década<br />

de 70, explorada por Fernando Cavaco,<br />

junto ao campo de tiro aos<br />

pratos da empresa J. L. Barros, mas<br />

tinha encerrado entretanto. Joaquim<br />

Coito alugou então o espaço<br />

por 11 contos ao mês (55 euros),<br />

em sociedade com José Saraiva (ligação<br />

que durou apenas um ano).<br />

Nessa altura não havia pratica-<br />

mente nada no Alto do Nobre a<br />

não ser aquele campo de tiro. “As As<br />

pessoas pessoas diziam diziam que que nunca nunca iria<br />

iria<br />

conseguir conseguir conseguir singrar, singrar, mas mas mas em<br />

em<br />

pouco pouco tempo tempo começámos começámos a a<br />

a<br />

trabalhar trabalhar trabalhar muito muito bem bem”, bem bem contou.<br />

Começou com sete funcionários<br />

e uma aposta na cozinha internacional,<br />

mas também com pratos<br />

de cozinha portuguesa. Joaquim<br />

Coito acredita que o seu estabelecimento<br />

serviu de inspiração para<br />

muitos restaurantes que depois<br />

surgiram na região. Até porque<br />

muitos antigos funcionários estabeleceram-se<br />

por conta própria.<br />

“Eu Eu Eu nunca nunca escondi escondi nada nada a a nin- ninnin- guém guém e e ensinei ensinei muita muita gente.<br />

gente.<br />

Muitos Muitos ex-funcionários ex-funcionários estabe- estabeestabe- leceram-se leceram-se por por si si próprios próprios e<br />

e<br />

ainda ainda bem bem”, bem afirmou. A Lareira<br />

tornou-se assim uma “escola” para<br />

várias gerações.<br />

Em 1984, já a trabalhar sozinho,<br />

comprou o restaurante e há 15<br />

anos fez obras para alargar o edifício,<br />

de modo a ter mais capacidade<br />

e albergar eventos como casamentos<br />

e baptizados, entre outros.<br />

Antes disso já faziam serviço de<br />

catering em casamentos, mas só<br />

no exterior.<br />

“As As As pessoas pessoas pessoas já já já sabem sabem que que<br />

que<br />

tudo tudo tudo irá irá correr correr bem, bem, quando<br />

quando<br />

trabalham trabalham connosco connosco”, connosco considera<br />

Joaquim Coito.<br />

O empresário e cozinheiro, de<br />

excepcional simpatia e de elevada<br />

qualidade de serviço, sempre teve<br />

muito jeito para servir os clientes<br />

com aquilo que gostam, sem precisarem<br />

de dizerem o que querem.<br />

“Até Até Até quando quando preparamos preparamos as<br />

as<br />

ementas ementas ementas para para os os casamentos,<br />

casamentos,<br />

na na maior maior parte parte das das vezes vezes os<br />

os<br />

noivos noivos nem nem escolhem escolhem nada. nada. Eu<br />

Eu<br />

façofaçofaço várias várias várias sugestões sugestões sugestões e e e acaacaaca- bam bam sempre sempre por por decidir decidir pelo<br />

pelo<br />

que que eu eu eu sugiro sugiro”, sugiro exemplificou.<br />

Um dom que já vem do tempo<br />

dos restaurantes na Alemanha,<br />

quando muitos empresários estrangeiros<br />

se colocavam nas suas mãos<br />

para as refeições.<br />

Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

pantunes@gazetacaldas.com


pai<br />

A A família família Coito Coito Coito e e funcionários funcionários da da casa casa numa numa imagem imagem de de 1987 1987 e e aspecto aspecto actual actual da da entrada entrada do do restaurante. restaurante.<br />

O O recém-criado recém-criado jardim jardim fotográfico fotográfico fotográfico serve serve de de cenário cenário para<br />

para<br />

os os noivos noivos posarem posarem<br />

posarem<br />

Sérgio Coito - entre a Alemanha e Portugal<br />

Sérgio Coito nasceu em Salir de<br />

Matos e foi ter com os pais a Alemanha<br />

quando tinha seis anos.<br />

Toda a instrução primária foi feita<br />

naquele país e ao regressar a Portugal<br />

sentiu um grande choque<br />

cultural. “Fui Fui confrontado confrontado confrontado com<br />

com<br />

umauma cultura cultura e e e hábitos hábitos complecomple-<br />

tamente tamente diferentes, diferentes, apesar apesar de<br />

de<br />

passar passar passar sempre sempre as as férias férias de<br />

de<br />

Verão Verão em em Portugal Portugal”, Portugal contou.<br />

Era um adolescente quando os<br />

pais abriram A Lareira e desde o<br />

início se interessou pelo restaurante.<br />

. “Participava “Participava e e achava achava en- enen- graçado, graçado, mas mas naquela naquela altura altura<br />

altura<br />

nemnem sequer sequer pensava pensava que que aqueaque-<br />

le le iria iria ser ser o o meu meu futuro” futuro”, futuro” disse.<br />

Aos 16 anos já ajudava na Pensão<br />

Cristina (um restaurante selfservice),<br />

na travessa da Cova da<br />

Onça, e aos 18 ficou a gerir um restaurante<br />

em Leiria, o Solar do Alcaide.<br />

Ambos negócios em que o<br />

pai investiu, mas que foram vendidos<br />

porque Joaquim Coito decidiu<br />

apostar apenas na “Lareira” depois<br />

das obras de ampliação.<br />

Pouco tempo depois voltou à<br />

Alemanha para trabalhar num restaurante<br />

sem qualquer ligação à<br />

família. “Além Além da da vontade vontade de<br />

de<br />

voltarvoltarvoltar a a contactar contactar contactar com com a a cultuculturara<br />

profissional profissional alemã alemã e e de de quequeque- rer rer ganhar ganhar experiência, experiência, experiência, fui<br />

fui<br />

tambémtambém para para me me auto-afirauto-afir-<br />

mar mar”, mar mar explicou.<br />

Sérgio Coito quis provar que tinha<br />

as capacidades necessárias<br />

para gerir também o negócio de<br />

família e que era mais do que ser<br />

apenas o filho do dono. Ao fim de<br />

dois meses numa unidade hoteleira<br />

alemã já tinha funções de responsabilidade<br />

e percebeu que tinha<br />

mérito.<br />

O filho do fundador da empresa<br />

acredita que o facto de terem estado<br />

na Alemanha se reflecte na<br />

forma como trabalham, principalmente<br />

ao nível da organização.<br />

Em sua opinião, é mais fácil trabalhar<br />

com portugueses lá fora<br />

porque os emigrantes são mais<br />

esforçados. “Há Há empresas empresas ale- aleale- mãs mãs instaladas instaladas em em Portugal Portugal<br />

Portugal<br />

que que acham acham que que é é diferente diferente a<br />

a<br />

forma forma como como os os os portugueses<br />

portugueses<br />

trabalhamtrabalham lá lá fora fora e e como como o o o fafafa- zem zem cá cá”, cá referiu.<br />

“Se Se as as pessoas pessoas emigram emigram e e<br />

e<br />

regressam regressam às às suas suas origens, origens, é<br />

é<br />

porqueporque só só partiram partiram porque porque rere-<br />

almente almente tinham tinham necessidade,<br />

necessidade,<br />

mas, mas, na na verdade, verdade, gostam gostam de<br />

de<br />

estar estar cá cá em em Portugal Portugal”, Portugal considera.<br />

Um ano depois de ter ido para a<br />

Alemanha, já na década de 90, o<br />

pai desafiou-o a voltar a Portugal<br />

para o ajudar, porque nessa altura<br />

ia fazer obras para abrir os salões<br />

para eventos.<br />

Quando voltou criaram em 1995<br />

a sociedade entre pai e filho, com<br />

o nome Joaquim Bernado do Coito<br />

Lda, com um capital social de 5000<br />

euros que foi entretanto aumentado<br />

para 49.900 euros, devido à nova<br />

legislação.<br />

Sérgio Coito, que é auto-didacta,<br />

deu formação na Escola Hoteleira<br />

do Estoril durante três anos e<br />

alguns dos seus formandos dão<br />

agora formação na congénere desta<br />

escola nas <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

Recentemente investiu também<br />

numa loja de fotografias no Bairro<br />

Azul, Dimago Studio, que lhe dá<br />

apoio ao nível das reportagens fotográficas<br />

dos eventos no restaurante.<br />

Menos Menos casamentos<br />

casamentos<br />

A ampliação do restaurante deveu-se<br />

à grande procura de um<br />

espaço para casamentos, porque<br />

havia pouca oferta nesse ramo<br />

nesta zona. A maioria dessas cerimónias<br />

realizava-se em associações<br />

e outros espaços do género.<br />

“As As pessoas pessoas pessoas queriam queriam ter ter ter um<br />

um<br />

lugar lugar mais mais requintado, requintado, requintado, sem<br />

sem<br />

mesas mesas mesas compridas compridas compridas e e e bancos<br />

bancos<br />

corridos corridos”, corridos comentou Sérgio Coito.<br />

Agora, não só servem casamentos<br />

no restaurante, como também<br />

trabalham com algumas quintas da<br />

região no serviço de catering, como<br />

a Quinta dos Loridos e do Sanguinhal<br />

(ambas do Bombarral) e a da<br />

Ferraria (Rio Maior). Actualmente<br />

só servem dois casamentos fora<br />

de portas por dia “para parapoderpodermosmos continuar continuar a a garantir garantir a a nosnos-<br />

sa sa qualidade qualidade e e o o nosso nosso nome nome”. nome<br />

Nas instalações do restaurante<br />

podem fazer até quatro serviços, o<br />

mesmo número de salas disponíveis.<br />

No mesmo dia podem-se juntar<br />

ali até mais de 700 pessoas.<br />

Se antes conseguiam receber<br />

mais pessoas, a complexidade dos<br />

casamentos actuais faz com que<br />

tenham mais contenção no que aceitam.<br />

No entanto, Sérgio Coito lembra<br />

que o número de casamentos em<br />

Portugal reduziu-se drasticamente<br />

nos últimos anos. “As As pessoas<br />

pessoas<br />

têmtêm mais mais tendência tendência a a juntajunta-<br />

rem-se rem-se do do que que em em casarem casarem”, casarem<br />

referiu, embora a procura pelos<br />

seus serviços não tenha baixado<br />

assim tanto, porque têm mais quintas<br />

a procurarem pelos seus caterings.<br />

Começa também a ser raro fa-<br />

zerem-se casamentos de dois dias,<br />

como era tradição em Portugal, e<br />

cada vez há menos convidados. Há<br />

mais de 20 anos, chegaram a fazer<br />

serviços de três e quatro dias.<br />

As ementas começam a ser mais<br />

pensadas tendo em conta os custos.<br />

Uma das opções é reduzir o<br />

tempo que as pessoas passam no<br />

restaurante e assim ter disponibilizar<br />

menos comida.<br />

O orçamento mínimo por pessoa<br />

para um casamento é de 40<br />

euros (mais IVA) e o máximo standard<br />

é de 72 euros (mais IVA). Para<br />

quem não olha a custos, não há<br />

limites no que se gasta e há várias<br />

opções desde os melhores vinhos<br />

aos pratos mais elaborados.<br />

Aos domingos A Lareira recebe<br />

também algumas centenas de idosos<br />

que vêm em excursões de todo<br />

o país para os seus famosos almoços<br />

regionais. Estes encontros não<br />

estão abertos ao público e acontecem<br />

através de organizadores que<br />

marcam essas excursões até às<br />

<strong>Caldas</strong>. “Isso Isso também também nos nos tor- tortor- na na conhecidos conhecidos em em todo todo todo o o país<br />

país<br />

e e nos nos traz traz outros outros serviços serviços de<br />

de<br />

pessoas pessoas de de fora fora”, fora fora adiantou Sérgio<br />

Coito.<br />

Em 2006 e 2007 receberam o prémio<br />

de melhor restaurante dos programas<br />

Turismo e Termalismo Sé-<br />

Joaquim Joaquim Coito Coito com com a a a filha filha Susana Susana às às compras compras na na Praça<br />

Praça<br />

A A equipa equipa do do restaurante, restaurante, ainda ainda antes antes de de Beatriz Beatriz Coito Coito (na (na foto, foto, de de touca touca branca branca branca e e calças<br />

calças<br />

pretas) pretas) se se ter ter retirado. retirado. Sérgio Sérgio (de (de branco branco e e sem sem chapéu) chapéu) é é o o o quarto quarto a a a contar contar da da esquerda<br />

esquerda<br />

da da da Fruta Fruta numa numa foto foto dos dos anos anos anos 80<br />

80<br />

e e e Joaquim Joaquim Joaquim Coito Coito está está à à direita.<br />

direita.<br />

nior do Inatel. Ao longo dos anos A<br />

Lareira tem recebido vários prémios<br />

a nível nacional.<br />

Actualmente estão a fazer obras<br />

de remodelação, mas de estrutura<br />

e que são pouco visíveis aos clientes.<br />

Criaram também um “jardim<br />

fotográfico”, para que os noivos e<br />

convidados possam ter um lugar<br />

aprazível para fazerem as fotografias<br />

da cerimónia.<br />

Uma refeição no restaurante<br />

custa à volta dos 20 euros, se não<br />

for acompanhada por um vinho<br />

muito caro, e um casamento pode<br />

ficar entre os 40 e os 72 euros por<br />

pessoa.<br />

Segundo Sérgio Coito, os municípios<br />

da região não são os clientes<br />

que mais demoram a pagar,<br />

mas o mesmo não pode dizer em<br />

relação a outras entidades e empresas,<br />

onde nota que há cada vez<br />

mais atrasos nos pagamentos.<br />

“Não Não há há há mês mês nenhum nenhum que<br />

que<br />

não não tenhamos tenhamos 150 150 ou ou 200 200 mil<br />

mil<br />

euros euros para para receber receber”, receber referiu o<br />

empresário.<br />

P.A.<br />

P.A.<br />

CRONOLOGIA<br />

1974<br />

1974<br />

1974 – Joaquim Coito abre o<br />

restaurante Tamar em Osnabrück<br />

(Alemanha)<br />

1976 1976 1976 - Abertura do restaurante<br />

Alberman na mesma cidade<br />

1978 1978–<br />

Fernando Cavaco abre<br />

o restaurante A Lareira<br />

1982 – De regresso a Portugal,<br />

Joaquim Coito abre o minimercado<br />

Copacabana nas <strong>Caldas</strong><br />

da Rainha.<br />

1983 1983–<br />

Joaquim Coito arrenda<br />

A Lareira, que estava encerrada<br />

há alguns anos, por 11<br />

contos (55 euros) ao mês.<br />

1984 1984 – Joaquim Coito compra<br />

o restaurante.<br />

1995 1995 – Obras de ampliação<br />

para as salas de cerimónias.<br />

1995 1995–<br />

Criação da sociedade<br />

entre pai e filho “Joaquim Bernado<br />

do Coito Lda”.


24<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

10 | Setembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Auto Júlio, SA – o pequeno stand da Mitsubishi que se t<br />

Nasceu na Guarda há 59 anos, do montou a fábrica de blocos ee quando quando comprei comprei o o primeiprimei-<br />

veio para as <strong>Caldas</strong> com apenas de cimento. “Já “Já “Já vendia vendia Mitsu- Mitsu- Mitsu- ro ro ro computador computador computador tive tive que que ir<br />

ir<br />

quatro e até estabelecer a Auto bishi, bishi, era era um um bom bom vendedor<br />

vendedor fazerfazer formação formação para para para trabatraba-<br />

Júlio teve que percorrer um londadada marca marca e e estava estava integraintegra-<br />

lhar lhar com com com ele... ele... fazíamos<br />

fazíamos<br />

go caminho, mas nunca até hoje do.do. Ou Ou voltava voltava para para o o cimencimen-<br />

tudo” tudo” tudo”. tudo”<br />

virou a cara à luta, naquela que to, to, to, que que são são coisas coisas que que eu eu<br />

eu<br />

é, porventura, uma das suas percebo, percebo, ou ou seguia seguia o o sector<br />

sector EXPANSÃO EXPANSÃO ACONTECEU<br />

ACONTECEU<br />

principais características. dasdas camionetas camionetas e e dos dos tractractrac- POR POR NECESSIDADE<br />

NECESSIDADE<br />

Começou novo a trabalhar tores,tores, do do qual qual qual já já percebia percebia alal-<br />

com o pai, na fábrica Júlio Do- guma guma coisa” coisa”. coisa”<br />

Quando lançou a empresa,<br />

mingos Sousa e Filhos, Lda (si- É nesta altura, em 1987, que António Júlio estava bem constuada<br />

em S. Cristóvão e que decide ir ao Porto tentar a repreciente do risco que estava a to-<br />

mais tarde seria vendida à Rusentação da Mazda, que não conmar, dados os valores elevados<br />

betão), e apenas com 16 anos seguiu devido às exigências do em jogo. “Foi “Foi um um risco risco doido” doido”, doido”<br />

fez toda a instalação eléctrica importador. No mesmo dia insis- sublinha. Os 500 contos mensais<br />

na casa dos pais. Completou os tiu através da concessão de Lei- (2.500 euros) eram só para pa-<br />

estudos à noite, para concluir o ria, que lhe ofereceu a represengar a dívida ao importador, de-<br />

curso de electricista no antigo tação da Mitsubishi. Acabou por pois era preciso fazer face às<br />

5º ano, na Escola Industrial e aceitar, após duras negociações. despesas do dia-a-dia, mais os<br />

Comercial das <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

Foi depois da tropa que saiu<br />

Comprou a representação e<br />

tudo o que estava associado à<br />

salários e a aquisição das viaturas<br />

“que “que tinham tinham tinham que que ser ser pa- pa- pa-<br />

Bruno Bruno Júlio, Júlio, Júlio, 35 35 anos, anos, anos, António António Júlio, Júlio, 59 59 anos, anos, Luísa Luísa Fonseca Fonseca Sousa, Sousa, 52 52 anos, anos, e e Catarina<br />

Catarina<br />

Sousa, Sousa, 27 27 anos, anos, anos, sãos sãos oa oa oa administradores administradores os os Grupo Grupo Grupo Auto Auto Júlio<br />

Júlio<br />

da fábrica, por divergências. O marca ao antigo patrão pelo gasgas em em adiantado adiantado e e tínhatínha-<br />

anos, anos, fiquei fiquei com com o o negócio negócio e e<br />

e A empresa apostou numa António Júlio e hoje administra-<br />

destino foi Coruche, ainda nos valor da dívida à Mitsubishi: mos mos que que esperar esperar uma uma ou<br />

ou os os trabalhadores”<br />

trabalhadores”, trabalhadores” recorda. A nova marca em 1994 “quando<br />

“quando dor do Grupo Auto Júlio.<br />

cimentos, como gerente de uma 10.500 contos na altura (cerca de duas duas semanas semanas que que o o carro<br />

carro compra da Garagem <strong>Caldas</strong> per- chegámos chegámos à à à conclusão conclusão que<br />

que Três anos depois a Auto Júlio<br />

fábrica de pré-esforçados, a Vi- 52 mil euros) em 21 prestações chegasse chegasse chegasse à à à concessão... concessão... concessão... não não<br />

não mitiu a entrada no negócio da não não não podíamos podíamos podíamos ter ter ter todos todos todos os<br />

os chega ainda mais ao norte do<br />

gauto. Por lá ficou entre 1975 e de 500 contos, tendo os pais apareciam apareciam a a crédito, crédito, ou ou à<br />

à distribuição dos combustíveis. ovos ovos no no no mesmo mesmo mesmo cesto” cesto” cesto”. cesto” cesto” A distrito, a Pombal, onde o repre-<br />

1977, mas regressou às <strong>Caldas</strong> como fiadores. A Auto Júlio fi- consignação”<br />

consignação”.<br />

consignação”<br />

Mais tarde, para reforçar a pre- Hyundai estava disponível e, sentante local da Mitsubishi tam-<br />

para se estabelecer como fabrixava-se em São Cristóvão, jun- António Júlio considera ter sença no sector, o grupo foi tam- apesar de não ser muito conhebém estava mergulhado em dificante<br />

de blocos de cimento. to às bombas da BP, numas ins- tido alguma sorte porque os bém criando postos de combuscida na altura, tinha produtos culdades financeiras. António<br />

“As “As coisas coisas não não me me correram correram<br />

correram talações que pertenciam aos modelos da Mitsubishi “come- “come- “come- “come- “come- tíveis com imagem própria, ten- diferentes e o risco inerente Júlio compra uma fábrica de alu-<br />

nada nada nada bem, bem, acabei acabei por por vender vender<br />

vender pais. “Foi “Foi “Foi assim assim que que as as coi- coi- coi- çaramçaramçaram a a vir vir com com com mais mais qualiqualido<br />

actualmente seis, no Campo, acabou por ser controlado. Mais mínios que havia em Pombal,<br />

tudo tudo tudo para para para pagar pagar às às pessoas<br />

pessoas<br />

reconverte-a num complexo com<br />

a a quem quem quem devia” devia”, devia” diz António Jú- Começou a trabalhar no ramo dos cimentos ainda como adolescente, na fábrica do pai, e foi nessa<br />

as marcas que vendia e ficou aslio.<br />

Foi então que um jornal lhe<br />

mostrou outro caminho. “Vi “Vi um<br />

um<br />

anúncio anúncio a a a pedir pedir vendedor vendedor vendedor de de<br />

de<br />

tractores tractores e e disse: disse: nem nem é é é tarde tarde<br />

tarde<br />

nem nem é é cedo” cedo” cedo”. cedo” Viu o salário baixar<br />

de 25 contos para 11 (125 para<br />

55 euros), mas o passo atrás acabaria<br />

por compensar.<br />

actividade que deu os primeiros passos a solo, com uma empresa de fabrico de blocos que não resultou.<br />

Um anúncio num jornal levou-o a vender tractores na Geopeças, onde teve também o primeiro contacto<br />

com o sector automóvel. As dificuldades financeiras daquela empresa empurraram-no para uma nova<br />

tentativa como empresário, agora no ramo automóvel, e assim nasceu a Auto Júlio. Foram a persistência<br />

e espírito visionário que levaram António Júlio, hoje com 59 anos, a expandir o negócio e construir aquela<br />

que é hoje uma das maiores empresas do distrito, que actualmente gere em conjunto com a esposa,<br />

Luísa, e os filhos Bruno e Catarina.<br />

sim com a parte norte do distrito.<br />

“Foi “Foi também também uma uma belíssi- belíssi- belíssi- belíssi- belíssi-<br />

ma ma oportunidade”<br />

oportunidade”<br />

oportunidade”, oportunidade”<br />

oportunidade” refere.<br />

A presença no mercado automóvel<br />

foi ainda reforçada com<br />

uma empresa de comércio de<br />

usados e outra de rent a car,<br />

nascida da necessidade de ge-<br />

O destino foi a Geopeças.<br />

rir a frota interna. Hoje a Auto<br />

Começou pelos tractores, depois sas sas começaram”<br />

começaram”, começaram” relembra. dade dade e e e tiveram tiveram sucesso” sucesso” sucesso”. sucesso” Mes- Santa Catarina, Usseira, Pombal, recentemente, em 2006, o grupo Júlio Rent tem uma parque de<br />

o patrão comprou a representa- No primeiro mês, todos os mo assim as dificuldades eram Sobral de Monte Agraço e Leiria. adquiriu a representação de uma 300 carros e marca presença nas<br />

ção da Mitsubishi, passando a antigos colegas na Mitsubishi muitas “e “e “e comecei comecei a a ver-me<br />

ver-me<br />

terceira marca, sempre para fa- <strong>Caldas</strong>, Ericeira, Torres Vedras,<br />

vender também os furgões da foram trabalhar à experiência apertado, apertado, houve houve alturas alturas que<br />

que CHEGADA CHEGADA A A LEIRIA LEIRIA FOI FOI O<br />

O zer face “aos “aos custos custos muitos<br />

muitos Pombal, Peniche e Leiria.<br />

marca japonesa.<br />

para a nova empresa, assim chorei, chorei, desesperado”<br />

desesperado”. desesperado” Desis- GRANDE GRANDE IMPULSO<br />

IMPULSO grandes grandes que que tínhamos”<br />

tínhamos”. tínhamos” A “As “As duas duas marcas marcas de de auto- auto- auto- auto- auto-<br />

Foram as dificuldades finan- como o ex-patrão da Geopeças tir não era, contudo, opção e a<br />

Nissan “foi “foi muito muito importante<br />

importante móveis móveis que que se se juntaram, juntaram, a<br />

a<br />

ceiras da Geopeças que o leva- - que assegurou os salários des- fuga foi sempre para a frente. Também no mercado dos au- para para a a a estratégia estratégia do do grupo” grupo”, grupo” grupo” apostaaposta forte forte nos nos combustícombustíram<br />

a sair da empresa, primeiro se mês. “Eram “Eram 10, 10, 12 12 pesso- pesso- pesso- Comprou os armazéns do tomóveis a necessidade de ge- reconhece António Júlio. veis, veis, o o desenvolvimento desenvolvimento da<br />

da<br />

para continuar como comissio- as, as, depois depois depois escolhi escolhi os os que<br />

que Gama, em São Cristóvão - onde rar mais receita levou à expan- Mas ainda antes da represen- rent rent rent rent rent a a a a a car car car car car e e a a modificação modificação da<br />

da<br />

nista, depois para formar a sua queria, queria, ficaram ficaram quatro quatro ou<br />

ou hoje funcionam as oficinas -, que são, quer na representação de tação da Nissan, o Grupo Auto- política política de de usados usados fez-nos<br />

fez-nos<br />

própria empresa. “Foi “Foi posto posto lá<br />

lá cinco, cinco, dois dois dois deles deles deles ainda ainda ainda hoje hoje<br />

hoje comercializavam gás e depois novas marcas, quer na cobertura Júlio deu passos muito importan- crescer crescer crescer bastante. bastante. bastante. Não Não Não foi foi foi só só<br />

só<br />

umum doutor doutor formado formado em em ecoeco-<br />

trabalham trabalham trabalham comigo, comigo, os os outros<br />

outros soube que o posto Galp de São de uma maior área geográfica. tes. Em 1995, um ano depois de irir ao ao sabor sabor dos dos picos picos de de mermernomianomianomia<br />

para para resolver resolver resolver o o o probleprobleproble- voltaram voltaram para para a a Geopeças”<br />

Geopeças”.<br />

Geopeças” Cristóvão, junto aos armazéns, Quatro anos depois de fun- ganhar a representação da Hyun- cado” cado”, cado” sustenta Bruno Júlio. “Se<br />

“Se<br />

ma ma ma da da gestão, gestão, mas mas o o doutor<br />

doutor No início da vida da Auto-Jú- estava disponível, adquirindo-o dada, a empresa estende-se dai, surgiu uma oportunidade de calhar calhar a a Auto Auto Júlio Júlio está está hoje<br />

hoje<br />

nãonãonão percebia percebia nada nada nada de de negónególio<br />

não havia cargos específicos, também. É aqui que o negócio para Peniche, onde foi criado um ouro que António Júlio agarrou bembembem apesar apesar do do contexto contexto contexto ecoeco-<br />

cios, cios, entrámos entrámos em em ruptura ruptura e e<br />

e incluindo para o próprio empre- se alarga aos combustíveis. posto de venda Mitsubishi em com as duas mãos. “A “A “A Mitsubishi<br />

Mitsubishi nómico,nómico, devido devido devido ao ao que que fizefize-<br />

saí” saí”, saí” recorda o António Júlio. sário. “Vendia “Vendia carros, carros, fazia fazia a<br />

a No mesmo sector adquiriu sociedade com dois colaborado- quis quis vender vender as as instalações instalações instalações de<br />

de mos mos mos no no no passado, passado, passado, optimizar<br />

optimizar<br />

A decisão de continuar nos contabilidade, contabilidade, íamos íamos buscar<br />

buscar mais tarde a Garagem <strong>Caldas</strong>, res que lá tinha. António Júlio, Leiria, Leiria, fez fez uma uma proposta proposta proposta a a a um<br />

um ao ao ao máximo máximo cada cada negócio negócio do<br />

do<br />

automóveis foi tão simples como ososos carros, carros, lavávamo-los lavávamo-los anan-<br />

que vivia problemas financeiros. porém, acabaria mais tarde por concorrente concorrente meu, meu, mas mas não não<br />

não nosso nosso grupo grupo de de empresas”<br />

empresas”.<br />

empresas”<br />

a tomada uns anos antes, quan- tes tes de de os os entregar entregar ao ao cliente<br />

cliente “Fui “Fui pagando pagando durante durante cinco<br />

cinco comprar essa sociedade. chegaram chegaram a a consenso, consenso, então<br />

então Hoje o grupo representa um<br />

fizeram-me fizeram-me a a proposta” proposta”. proposta” A ex- universo de 11 empresas que<br />

pansão para a capital do distrito emprega cerca de 150 pessoas<br />

abria grandes perspectivas de de- em todo o distrito, tendo factusenvolvimento,<br />

aumentando de rado no ano passado 66 milhões<br />

forma exponencial o número de de euros. Bruno Júlio diz que tra-<br />

possíveis clientes, justificando o balhar no seio familiar por vezes<br />

forte investimento. A aquisição tem desvantagens: “às “às vezes<br />

vezes<br />

das instalações foi feita por 350 eu eu quero quero ir ir para para a a direita direita e e o<br />

o<br />

mil contos (cerca de 1,75 milhões meu meu pai pai para para a a esquerda,<br />

esquerda,<br />

de euros).<br />

masmas o o o que que é é certo certo é é que que quanquan-<br />

“Nessa “Nessa altura altura já já tínhamos<br />

tínhamos do do paramos paramos para para pensar pensar os<br />

os<br />

osos combustíveis, combustíveis, mas mas tratatrata-<br />

resultados resultados demonstram demonstram que<br />

que<br />

dododo como como um um segundo segundo segundo negónegó-<br />

cio, cio, e e a a instalação instalação de de Leiria<br />

Leiria<br />

fizemos fizemos fizemos uma uma uma boa boa boa dupla”<br />

dupla”. dupla”<br />

veio-nos veio-nos enriquecer enriquecer muito” muito”, muito” muito” Joel Joel Ribeiro Ribeiro<br />

Ribeiro<br />

O O posto posto da da Rua Rua Capitão Capitão Filipe Filipe de de Sousa Sousa já já já foi foi extinto extinto extinto e e e a a a Garagem Garagem Garagem <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> é é é hoje hoje uma uma loja loja de de de produtos produtos chineses<br />

chineses considera Bruno Júlio, filho de jribeiro@gazetacaldas.com


“O país precisava de vários António Júlio”<br />

"É "É uma uma pessoa pessoa de de muita muita di- di- di- nasnas férias férias e e não não me me fez fez mal mal nene-<br />

parece parece que que vão vão piorar" piorar" piorar". piorar" piorar"<br />

nâmica, nâmica, o o o país país precisava precisava de<br />

de nhum" nhum", nhum" diz Bruno Júlio, hoje com 35 A empresa atingiu em 2009 o pico<br />

vários vários António António Júlio" Júlio". Júlio" É assim que anos. "Aprendi "Aprendi o o funcionamen-<br />

funcionamen-<br />

funcionamen- do endividamento, devido às reestru-<br />

Luísa Fonseca de Sousa, de 52 anos, to to de de todas todas as as secções secções e e o o que<br />

que turações que foram sendo feitas. "In- "In"Incaracteriza o marido.<br />

hojehoje me me permite permite ter ter um um um conheconhe-<br />

vestimos vestimos um um milhão milhão de de euros euros em<br />

em<br />

O empresário diz que há diversos cimento cimento de de cada cada área" área", área" conta. Pombal Pombal e e em em Leiria, Leiria, gastámos<br />

gastámos<br />

aspectos que o conduziram pelos ca- Fez de tudo, desde estafeta, recep- muito muito dinheiro dinheiro no no no pólo pólo de de São São<br />

São<br />

minhos difíceis que teve que enconcionista de oficina, a lavador de car- Cristóvão, Cristóvão, acabámos acabámos de de de pagar<br />

pagar<br />

trar: "acreditar "acreditar no no que que estamos<br />

estamos ros. Só em 1995, depois de cumprir vários vários investimentos investimentos no no ano<br />

ano<br />

a a fazer, fazer, fazer fazer fazer contas, contas, contas, planear,<br />

planear, serviço militar, assumiu um cargo passado passado e e dentro dentro de de três três três anos<br />

anos<br />

ser ser ser exigente exigente exigente principalmente<br />

principalmente de chefia. A Auto Júlio tinha acabado nãonão teremos teremos teremos praticamente praticamente enen-<br />

consigo consigo próprio, próprio, mas mas também também<br />

também de chegar a Leiria e era preciso ter à dividamento, dividamento, dividamento, o o que que que nos nos torna<br />

torna<br />

com com os os outros, outros, e e e ser ser teimoso,<br />

teimoso, frente uma pessoa de confiança. "Eu<br />

"Eu confiantes"<br />

confiantes", confiantes" diz António Júlio.<br />

nunca nunca me me fico fico pelo pelo não, não, tenho<br />

tenho tinhatinhatinha estado estado na na Marinha Marinha Marinha e e abraabra-<br />

Mesmo em termos de volume de<br />

que que saber saber como como ultrapasso ultrapasso o<br />

o ceicei o o desafio, desafio, um um um pouco pouco emem-<br />

negócios, 2010 está melhor que 2009<br />

não, não, isso isso isso tem tem sido sido sido a a chave chave em<br />

em purrado,purrado, um um pouco pouco por por iniciainicia-<br />

e a perspectiva é que o grupo possa<br />

toda toda a a a minha minha vida" vida" vida". vida"<br />

tiva, tiva, porque porque gosto gosto gosto muito muito do<br />

do expandir-se mas… não em Portugal.<br />

Luísa Sousa acompanhou António sector sector automóvel automóvel e e tive tive que que me me<br />

me "Sinto "Sinto necessidade necessidade e e estou estou dis- dis- dis-<br />

Júlio em todo o processo de incuba- desenrascar"<br />

desenrascar", desenrascar" conta.<br />

ponívelponível para para isso, isso, isso, mas mas não não nesnesção,<br />

nascimento e crescimento da A irmã Catarina Sousa, hoje com 27 tete país, país, não não vejo vejo vejo saída, saída, foi foi cricri-<br />

empresa e, apesar de só há 10 anos anos, tinha quatro quando a Auto Júlio adaada uma uma cultura cultura de de de ver ver os os emem-<br />

ter saído da EDP - onde esteve 24 anos foi criada e ambas foram crescendo presários presários como como como os os maus maus da da fita<br />

fita<br />

- para assumir um cargo efectivo na lado a lado. Recorda ter aprendido a e e que que levaram levaram o o país país ao ao ao que<br />

que<br />

Auto Júlio, onde é responsável pela andar de bicicleta entre carros novos está" está". está"<br />

área financeira, desde sempre foi um "lembro-me "lembro-me perfeitamente perfeitamente de de de o o<br />

o A presença no estrangeiro já exis-<br />

apoio importante para o marido. meumeumeu pai pai me me largar largar e e e eu eu eu ir ir ir a a a pepete<br />

desde há quatro anos, refere o fi-<br />

A ajuda recaía em todos os cam- dalar dalar e e a a olhar olhar para para os os carros<br />

carros lho, Bruno Júlio, numa espécie de<br />

pos onde era possível. "Quando<br />

"Quando com com medo medo de de os os riscar, riscar, mas<br />

mas tubo de ensaio do que poderá ser uma<br />

adquirimos adquirimos o o o posto posto da da Galp, Galp, por<br />

por certo certo é é que que aprendi aprendi depressa"<br />

depressa".<br />

depressa" expansão futura.<br />

exemplo, exemplo, aconteceu aconteceu a a todos todos ter ter<br />

ter Aos 13 começou também a trabalhar O administrador da Auto Júlio In-<br />

que que fazer fazer fazer limpezas" limpezas" limpezas", limpezas" recorda. nas férias, como telefonista e recepvestimentos corrobora com o pai na<br />

Luísa Sousa adianta que foram cionista, mas mais tarde mudou de vontade de continuar a crescer:<br />

precisos muitos sacrifícios e dá rumo. Licenciou-se em gestão e esta- "mesmo "mesmo que que queiramos queiramos parar parar já<br />

já<br />

como exemplo o nascimento da filha giou na Sonae Sierra, depois de se for- não não conseguimos, conseguimos, temos temos que<br />

que<br />

mais velha, Catarina. O tempo de mar foi para o Grupo PT. Mas há precicrescercrescercrescer e e e nessa nessa nessa óptica óptica óptica o o o mermermer- gestação estava no fim, mas era presamente um ano sentiu vontade de cado cado cado nacional nacional nacional é é é pequeno, pequeno, mais<br />

mais<br />

ciso fazer um negócio e para não fi- voltar. "Quando "Quando uma uma pessoa pessoa cres- cres- cres- cres- cres- ano ano ano menos menos menos ano ano ano temos temos que que sair" sair". sair"<br />

car sozinha acompanhou o marido, ce ce ce num num num negócio negócio de de família família família um<br />

um A empresa marca presença com<br />

ficando em casa do cliente com a dia dia sente sente que que que tem tem que que que dar dar uma<br />

uma negócios imobiliários na Gâmbia e<br />

esposa deste. Voltaram para casa continuidade continuidade a a a esse esse trabalho" trabalho".<br />

trabalho" no Brasil desde há quatro anos.<br />

depois da meia noite e Catarina nas- António Júlio sente "orgulho"<br />

"orgulho"<br />

"orgulho" "Acreditamos "Acreditamos que que que o o o futuro futuro está<br />

está<br />

ceu logo poucas horas depois. por ter dois dos seus filhos já a lide- no no Brasil, Brasil, é é um um país país enorme,<br />

enorme,<br />

A decisão de largar um emprego rar a empresa e acredita nas possidosdos maiores maiores do do mundo. mundo. EnEn-<br />

de longa duração para abraçar o probilidades de ambos. "Têm "Têm carac- carac- carac- quantoquanto na na Europa Europa os os crescicrescijecto<br />

do marido não foi fácil. "Esta- "Esta- "Esta- terísticasterísticasterísticas diferentes, diferentes, complecomple-<br />

mentos mentos são são da da ordem ordem de de 1% 1% ou ou<br />

ou<br />

vava na na EDP EDP há há muitos muitos anos, anos, popo-<br />

tam-se tam-se um um ao ao outro" outro". outro"<br />

1,5%, 1,5%, no no no Brasil Brasil tem tem sido, sido, 7 7 a<br />

a<br />

dia dia não não não me me me adaptar adaptar e e por por vezes<br />

vezes<br />

8%, 8%, e e já já chegou chegou chegou a a ser ser de de dois<br />

dois<br />

não não é é saudável saudável saudável para para um um casal<br />

casal FUTURO PASSA PELO dígitos" dígitos", dígitos" dígitos" diz Bruno Júlio.<br />

trabalhartrabalhar junto, junto, mas mas para para mumu-<br />

ESTRANGEIRO<br />

Estes negócios funcionam como<br />

dar dar dar tinha tinha que que ser ser ser numa numa altura<br />

altura<br />

tubo de ensaio enquanto não é possíemem<br />

que que ainda ainda tinha tinha alguma alguma alguma coicoi-<br />

Mesmo com as contas elevadas vel uma estrutura permanente. "Um<br />

"Um<br />

"Um<br />

sa sa sa para para dar dar e e não não não estou estou nada<br />

nada para pagar na fase inicial, António negócio negócio no no exterior exterior não não não pode<br />

pode<br />

arrependida"<br />

arrependida"<br />

arrependida".<br />

arrependida"<br />

Júlio diz que nunca sentiu a empresa ser ser controlado controlado à à à distância"<br />

distância", distância" diz<br />

A entrada dos filhos na Auto Júlio em perigo. A resposta à pergunta de o empresário, que compara as acti-<br />

foi sendo gradual. Tanto Bruno Júlio quando sentiu maiores dificuldades, vidades preliminares no estrangei-<br />

como Catarina Sousa foram crescen- é respondida de forma pragmática: ro como um departamento de invesdo<br />

com a empresa, onde trabalhavam "é "é "é agora, agora, não não não pela pela minha minha em- em- em- em- em- tigação que mais tarde se transfor-<br />

nas férias.<br />

presa,presa, mas mas por por este este país país e e pepema<br />

numa empresa.<br />

"Hoje "Hoje "Hoje é é ilegal ilegal trabalhar trabalhar com<br />

com las las condições condições que que estão estão a a ser<br />

ser<br />

12, 12, 13 13 anos, anos, anos, mas mas mas eu eu trabalhei<br />

trabalhei criadas, criadas, criadas, as as coisas coisas estão estão estão mal mal e<br />

e<br />

J.R<br />

J.R<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

ransformou num grande grupo económico regional<br />

As primeiras instalações da empresa e uma das oficinas iniciais. São Cristóvão foi o berço deste grupo económico e o o local local onde onde este este este está está sedeado.<br />

sedeado.<br />

João Lourenço e Margarida Alexandre são<br />

colaboradores desde o primeiro dia<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

25<br />

10 | Setembro | 2010<br />

João João Lourenço Lourenço refere refere que que “sempre Margarida Margarida Alexandre Alexandre diz diz que que “não é fácil<br />

trabalhámos para ser uma empresa de estar 23 anos no mesmo emprego, mas por<br />

qualidade e forte”<br />

vezes também não é difícil”<br />

A Auto Júlio arrancou há 23 anos com quatro família,família,família, sempre sempre sempre trabalhámos trabalhámos para para ser ser uma uma emem-<br />

trabalhadores, para além do proprietário, e dois presa presa de de qualidade qualidade qualidade e e e forte" forte". forte"<br />

deles continuam a fazer parte da empresa desde o Também colaboradora desde o primeiro dia é<br />

primeiro dia. A estabilidade da empresa e o ambi- Margarida Alexandre, que quando começou a traente<br />

foram fazendo que ficassem, e já nenhum balhar na Auto Júlio tinha 22 anos.<br />

acredita que o futuro passe por outras paragens. Hoje trabalha na parte comercial das viaturas<br />

João Lourenço, de 54 anos, era colega de An- novas, mas no início, tinha que tratar de toda a<br />

tónio Júlio na Geopeças quando este lhe lançou burocracia inerente ao negócio: "fazia "fazia factura- facturafacturao desafio. "Fui "Fui ficando ficando sempre, sempre, sobretudo sobretudo pelo<br />

pelo çãoção da da da oficina, oficina, peças, peças, documentação documentação documentação dos dos carcargrupogrupo<br />

de de trabalho trabalho pois pois há há uma uma boa boa ligação ligação enen-<br />

ros" ros". ros" Na altura não havia computadores, recorda,<br />

tre tre patrões patrões e e funcionários"<br />

funcionários"<br />

funcionários", funcionários" conta.<br />

e tudo era mais complicado que hoje, "Fazíamos<br />

"Fazíamos<br />

Na empresa fez de tudo. "Cheguei "Cheguei "Cheguei a a a ser ser con- con- con- muitos muitos serões serões e e sábados" sábados", sábados" mas foi tudo por uma<br />

siderado siderado pela pela gerência gerência um um pronto-socorro"<br />

pronto-socorro", pronto-socorro" su- boa causa, sustenta. "Para "Para se se criar criar criar o o que que se se criou<br />

criou<br />

blinha. Para além das peças, passou pelas venéé preciso preciso alguém alguém se se predispor, predispor, predispor, porque porque sem sem trabatrabadas,<br />

pelos combustíveis e só passados sete anos lho lho não não se se se consegue consegue consegue nada" nada". nada"<br />

passou a ter um cargo fixo, voltando à secção Acabada de completar 23 anos de casa, tal como<br />

das peças, pelo qual é hoje responsável na Auto João Lourenço, diz que foi ficando "porque "porque fui<br />

fui<br />

Júlio <strong>Caldas</strong>.<br />

gostando, gostando, talvez talvez devido devido à à empresa empresa ter ter vindo vindo a<br />

a<br />

Um dos segredos do sucesso, acredita, é a evoluirevoluir e e o o ambiente ambiente de de trabalho trabalho ser ser sempre sempre agraagra-<br />

forma familiar como todos vestem a camisola. dável.dável. Não Não é é fácil fácil estar estar 23 23 anos anos no no mesmo mesmo emem-<br />

"A "A empresa empresa sempre sempre privilegiou privilegiou pela pela estabilida-<br />

estabilida-<br />

estabilida- prego, prego, mas mas às às vezes vezes também também não não é é difícil" difícil". difícil"<br />

de, de, de, começámos começámos com com poucos poucos e e fomos fomos fomos sendo sendo uma<br />

uma<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

1987 1987 - - António Júlio cria a Auto Júlio Lda nas <strong>Caldas</strong> destinada à venda de viaturas Mitsubishi<br />

1989 1989 - - A Auto Júlio Lda adquire o posto Galp em São Cristóvão<br />

1991 1991 - - É criada a Auto Júlio Peniche Lda, para comercializar viaturas Mitsubishi em Peniche<br />

1992 1992 1992 - - Aquisição da Garagem <strong>Caldas</strong>, passando a comercializar combustível a granel e a fazer transporte<br />

de combustíveis<br />

1994 1994 - - É criada a AJ Motor (<strong>Caldas</strong> Motor, SA) em <strong>Caldas</strong> da Rainha, representante da marca Hyundai<br />

1995 1995 - - É criada a Auto Júlio Leiria (Mitlei), representante da Mitsubishi em Leiria. O filho Bruno Sousa juntase<br />

ao pai na administração das empresas.<br />

1999 1999 - - Criação da Auto Júlio Rent, dedicada ao aluguer de viaturas. A administração das empresas passa<br />

a ser feita por António Júlio, Bruno Sousa e Luísa Fonseca<br />

2000 2000 - - O grupo soma mais três empresas: a AJ Ocasião, para comércio de viaturas usadas; a Auto Júlio<br />

Imobiliária, que faz a gestão de imóveis do grupo; e a AJ Investimentos SGPS, para a gestão das participações<br />

e administração do grupo<br />

2003 2003 - - Surge a AJ Imobiliária para a construção do Pólo de Pombal. A empresa fica encarregue também da<br />

gestão dos imóveis do grupo e pelo arrendamento de lojas em Pombal<br />

2004 2004 2004 - - A Auto Júlio passa a sociedade anónima, passando a agregar os negócios Mitsubishi, Posto Galp,<br />

Venda de Combustiveis a Granel, Hyundai, Galp Frota, Nissan e Posto BP. É criada a Auto Júlio Pombal,<br />

representante Mitsubishi<br />

2006 2006 - - A AJ Motor assume a representação da Nissan, enquanto a Auto Júlio Leiria passa a congregar as três<br />

marcas do grupo, Mitsubishi, Hyundai e Nissan. A Garagem <strong>Caldas</strong> adere ao sistema Cartão Solrred<br />

2007 2007 - - A Auto Júlio Imobiliária assume a construção do Pólo de São Cristóvão e fica responsável pelo<br />

arrendamento das lojas. A AJ Ocasião abre a oficina Bosch Car Service em São Cristóvão<br />

2008 2008 2008 - - É criada a AJ Consulting para gerir a Exchange no Pólo de São Cristóvão<br />

2009 2009 - - A AJ Peniche abre uma oficina Bosch Car Service


24<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

17 | Setembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Trofal – a qualidade como trunfo da sobrevivência do<br />

Os Os fundadores fundadores fundadores da da Trofal, Trofal, Manuel Manuel Marques Marques do do Couto Couto e e Maria Maria Celeste. Celeste. Celeste. Ele Ele faleceu faleceu em<br />

em<br />

1983, 1983, 1983, deixando deixando o o filho filho mais mais velho velho à à à frente frente do do negócio. negócio. Ela Ela continua continua a a fazer fazer parte parte da<br />

da<br />

administração, administração, mas mas não não de de forma forma executiva<br />

executiva<br />

Quando Manuel Marques do Couto<br />

nasceu, a 15 de Maio de 1935, já os sapatos<br />

eram o labor da família. Contar a<br />

história da empresa obriga, por isso<br />

mesmo, a saltar até aos primeiros anos<br />

do século XX.<br />

O seu pai, Júlio do Couto (1903-1990),<br />

tinha herdado a profissão escolhida pelo<br />

seu avô, António, que em 1903 deixou a<br />

agricultura para começar a fazer sapatos<br />

à mão, na freguesia vizinha de Santa<br />

Catarina. Nos finais dos anos 30, Júlio<br />

do Couto sai de Santa Catarina para ir para<br />

a Ribafria, na Benedita, para trabalhar<br />

com um primo, Adelino Rafael Serralheiro,<br />

que tinha montado a primeira pequena<br />

empresa das muitas que haviam de<br />

vir a ser criadas naquela localidade.<br />

Alguns anos depois, Júlio do Couto<br />

montou a sua própria oficina, onde além<br />

de vários sapateiros, trabalhava o seu<br />

filho Manuel. Quando Manuel regressa<br />

da tropa, em finais dos anos 50, eram<br />

tema de conversa as vantagens de criar<br />

pequenas fábricas, com alguns automatismos,<br />

que fizessem crescer as oficinas<br />

manuais existentes. Jovem, dinâmico<br />

e empreendedor, Manuel queria que<br />

o pai arriscasse numa fábrica, mas Júlio<br />

do Couto não quis. “Estava “Estava bem, bem,<br />

bem,<br />

não não queria queria queria confusões”<br />

confusões”, confusões” conta hoje o<br />

neto Luís.<br />

Mesmo assim, Manuel não desistiu<br />

e acabou por sair de negócio do pai para<br />

ir trabalhar para outra oficina, a do Toino<br />

Funcheira, no lugar de Fonte Quente,<br />

onde foi encarregado. É nesta altura que<br />

se casa com Maria Celeste, uma jovem<br />

do lugar de Taveiro (Benedita), e pouco<br />

tempo depois junta-se a um outro sapateiro,<br />

o Joaquim Adelino, e cria o seu<br />

próprio negócio de calçado. O primeiro<br />

filho, Luís, nasce em 1960. Um ano depois,<br />

nasce o segundo filho, António. A<br />

família ficou completa com as meninas,<br />

Clara e Maria da Luz.<br />

VONTADE DE CRESCER<br />

A vontade de querer mais de que ‘padecia’<br />

Manuel Couto, era um ‘mal’ de que<br />

sofriam muitos sapateiros da Benedita,<br />

que se uniram para criar aquela que<br />

Maria Maria da da Luz Luz e e Luís Luís Couto Couto garantem garantem garantem a a continuidade continuidade de de uma uma uma empresa empresa que que alia alia a<br />

a<br />

preocupação preocupação com com a a qualidade qualidade às às às preocupações preocupações ambientais<br />

ambientais<br />

haveria de ser a segunda maior fábrica rativo da Benedita<br />

se em novo negócio, desta feita a fazer ções, que mais não eram que um pavi- ta Luís Couto. E se os botins da Trofal<br />

de calçado do país, logo a seguir à Fábri- Mas a Fapocal foi apanhada no clima calçado na Rosarte, uma marroquinalhão, foi feita na Sexta-Feira Santa de eram inicialmente vendidos apenas na<br />

ca de Calçado Campeão Português, em da revolução, e o Verão Quente de 1975 ria na Ribafria, pertencente a Martinho 1979. Maria da Luz, que na altura tinha região, pouco depois chegavam aoNor-<br />

Guimarães. Nos primeiros anos da dé- trouxe consigo tempos conturbados que Gerardo. “Mas “Mas este este senhor senhor não não ti- ti- ti- ti- ti- 10 anos, lembra-se bem desses dias, até te, através de um agente da empresa.<br />

cada de 70 é criada a Fapocal, uma soci- acabariam por ditar o fim da empresa. nha nha filhos filhos e e não não não tinha tinha ambição<br />

ambição porque foram mais umas férias escola- “Aí “Aí “Aí já já se se podia podia pôr pôr uma uma uma margem<br />

margem<br />

edade anónima que junta seis oficinas, Embora miúdo, Luís Couto lembra-se dede evoluir evoluir muito muito muito mais mais mais que que aquiaquires<br />

interrompidas pelo trabalho no ne- comercial comercial comercial um um bocadinho bocadinho maior<br />

maior<br />

entre as quais a de Manuel do Couto, e bem desses tempos. ”Houve ”Houve ”Houve um um gru- gru- gru- gru- gru- lo” lo”, lo” enquanto Manuel Couto queria mais gócio dos pais. “Recordo-me “Recordo-me da da inau- inau- inau- porque porque porque não não havia havia concorrência”<br />

concorrência”.<br />

concorrência”<br />

vários accionistas individuais. Bem no popo apoiado apoiado apoiado pelo pelo Partido Partido ComuComu-<br />

para a sua família. Já a ambição de Luís, guração guração da da fábrica, fábrica, de de andarmos<br />

andarmos Em 1981, na altura em que a empresa<br />

centro da vila da Benedita, no local onde nista nista que que quis quis quis tomar tomar o o controlo controlo<br />

controlo na altura com 18 anos, era tirar um curaquiaqui a a fazer fazer a a a limpeza limpeza antes. antes. CresCres-<br />

começou a crescer, Manuel Couto ado-<br />

hoje estão o mercado e a Casa da Vila, dadada Fapocal Fapocal Fapocal e e começou começou a a despedespedespeso superior. “Então “Então o o o meu meu meu pai pai pôs- pôs- pôs- cemoscemos no no no meio meio de de sapatos, sapatos, sapatos, nunnuneceu<br />

e Maria Celeste, que era costurei-<br />

começa a laborar uma fábrica cuja di- dir dir os os os administradores”<br />

administradores”, administradores” conta, me me me entre entre a a espada espada e e e a a parede parede e e<br />

e ca ca tínhamos tínhamos férias férias férias pois pois quaisquer quaisquer<br />

quaisquer ra na Trofal, largou tudo para tratar do<br />

mensão é bem explanada pelo número acrescentando que o pai “dizia “dizia mui- mui- mui- disse-me: disse-me: se se quiseres quiseres avançar,<br />

avançar, queque elas elas fossem, fossem, assim assim que que a a eses-<br />

marido. Aos 20 anos, Luís ‘desunhava-<br />

de trabalhadores, que chegou aos 400. tas tas vezes vezes que que tinha tinha sido sido saneado<br />

saneado fazemosfazemos uma uma fábrica fábrica para para para a a fafa-<br />

cola cola acabava, acabava, acabava, vínhamos vínhamos para para aqui<br />

aqui se’ para prosseguir com o negócio, mas<br />

“O “O “O meu meu pai pai era era um um dos dos dos admi- admi- admi- admi- pelos pelos comunistas”<br />

comunistas”. comunistas”<br />

comunistas” Os trabalhadomília.mília. Se Se quiseres quiseres continuar continuar a a esesesajudar.ajudar. Só Só Só quando quando a a fábrica fábrica fefe-<br />

garante que hoje já não aguentava o es-<br />

nistradores nistradores nistradores e e o o responsável responsável por<br />

por res também se deixaram contagiar pelo tudar tudar vou vou criar criar porcos porcos – – que que na<br />

na chavachava para para para férias férias é é que que estávaestávaforço<br />

que era preciso naquela altura,<br />

todatodatoda a a área área de de de produção. produção. Na Na altualtualtu- espírito da época. “Paravam “Paravam tudo tudo a<br />

a altura altura era era o o que que dava dava dinheiro dinheiro – – e<br />

e mos mos mais mais livres, livres, e e e mesmo mesmo assim<br />

assim sobretudo para levar os botins a outros<br />

pontos do país.<br />

Na década de 80 a Benedita era uma freguesia onde a mão-de-obra disponível não chegava para a<br />

“Carregava “Carregava uma uma Ford Ford Transit<br />

Transit<br />

azáfama das mais de 50 fábricas de calçado e marroquinaria que ali existiam. Hoje, restam pouco mais<br />

pequena, pequena, com com os os pares pares de de cada<br />

cada<br />

cliente.cliente. A A minha minha mãe mãe alcançavaalcançava-<br />

de uma dezena das empresas que na altura dela faziam uma das freguesias mais industrializadas do me me os os atados, atados, muitas muitas vezes vezes a<br />

a<br />

país.<br />

chover,chover, e e púnhamos púnhamos tudo tudo por por orordem.dem.<br />

Às Às Às vezes vezes chegávamos chegávamos a a fafa-<br />

A Trofal – Fábrica de Calçado SA é uma das poucas que restam. Uma empresa que cedo percebeu que<br />

não podia dedicar-se a um único produto e que tinha que ir de encontro às necessidades do mercado.<br />

zerzer pilhas pilhas de de dois dois metros metros no no tejateja-<br />

dilho dilho dilho da da carrinha carrinha que que cobríamos<br />

cobríamos<br />

com com oleados” oleados”. oleados” Com a carga pronta, o<br />

Fundada em 1978 por Manuel Marques do Couto e pela sua mulher, Maria Celeste, a empresa está hoje<br />

a cargo de Luís Fialho do Couto e de Maria da Luz Caetano, dois dos quatro filhos do casal. Uma dupla<br />

filho dos donos da empresa saía por volta<br />

das 03h00 e só depois de uma viagem de<br />

seis horas chegava ao Norte e começa-<br />

que tem sabido apostar na qualidade e nos artigos ecológicos como garante da continuidade da<br />

va a dar a volta pelos clientes, acompanhado<br />

pelo agente da fábrica. “Chega- “Chega“Chegafábrica onde se fizeram gente grande.<br />

va va va normalmente normalmente às às 03h00 03h00 do do dia<br />

dia<br />

seguinte,seguinte,seguinte, porque porque só só só me me despadespa-<br />

ra ra ele ele ele até até fez fez um um empréstimo empréstimo à<br />

à meio meio meio da da tarde, tarde, tarde, agarravam agarravam nos<br />

nos hei-de hei-de dar-te dar-te condições condições e e aos<br />

aos havia havia havia sempre sempre qualquer qualquer qualquer coisa coisa para para<br />

para chava chava da da volta volta pelas pelas 19h00. 19h00. No<br />

No<br />

banca banca para para para investir investir mais mais e e e para para<br />

para carros carros da da empresa empresa empresa e e iam iam para para os os<br />

os teus teus irmãos irmãos para para continuarem continuarem a<br />

a fazer,fazer, todas todas todas as as as mãos mãos eram eram preciprecipreci- Inverno Inverno fazia fazia fazia isto isto uma uma vez vez por<br />

por<br />

aumentar aumentar a a percentagem percentagem dele,<br />

dele, comícios comícios comícios para para Alcobaça. Alcobaça. Eu Eu era<br />

era estudar” estudar”. estudar”<br />

sas”, sas”, recorda.<br />

semana. Deixava Deixava aqui o trabalho<br />

porque porque era era uma uma empresa empresa em em que<br />

que miúdo,miúdo, achava achava piada piada piada e e ia ia tamtam-<br />

Sendo o mais velho de quatro irmãos, E embora pequena, Maria da Luz aju- todo todo todo organizado organizado nos nos dias dias antes.<br />

antes.<br />

ele ele apostava apostava bastante” bastante”, bastante” conta Luís bém, bém, bém, em em vez vez de de estar estar agarrado<br />

agarrado e habituado a ganhar o seu “ordena- “ordena- “ordena- dava nas mesas da costura, a cortar as Porque Porque eu eu é é que que cosia, cosia, eu eu é é que<br />

que<br />

Couto, que começou a trabalhar nesta ao ao balancé balancé a a a trabalhar” trabalhar”. trabalhar” E aquela dozinho” dozinho” desde os 13 anos, Luís não linhas, entre outras pequenas tarefas. vergava,vergava,vergava, eu eu é é que que acertava. acertava. DeiDei-<br />

empresa com apenas 13 anos, quando que “era “era uma uma uma empresa empresa com com todas<br />

todas quis ser um peso e respondeu ao pai: “Lembro-me “Lembro-me de de uma uma uma altura altura que que à<br />

à xava xava tudo tudo preparado preparado para para poder<br />

poder<br />

acabou o ciclo.<br />

as as condições”<br />

condições”, condições”<br />

condições” acabou por não resis- “vamos “vamos para para a a frente” frente”. frente”<br />

sexta-feirasexta-feira eu eu e e a a a Clara Clara vínhavínha-<br />

ir ir nestas nestas viagens viagens de de 24 24 horas.<br />

horas.<br />

“Comecei “Comecei no no corte, corte, a a cortar cortar os<br />

os tir a toda a instabilidade que se criou.<br />

mos mos varrer varrer a a fábrica. fábrica. Primeiro<br />

Primeiro Aguentava Aguentava tudo” tudo”. tudo”<br />

restos restos dos dos dos desperdícios, desperdícios, passei<br />

passei “O “O meu meu meu pai pai saiu, saiu, saiu, mas mas tudo tudo o<br />

o A ERA DO BOTIM DE PRATELEIRA brincávamos brincávamos e e e depois, depois, quando<br />

quando Entretanto, começam a surgir na<br />

por por todas todas as as áreas. áreas. áreas. Aquilo Aquilo Aquilo era era<br />

era que que tinha tinha estava estava investido investido lá, lá, e<br />

e<br />

nos cansávamos, lá íamos varvar- zona de Felgueiras imitações dos boumaumauma<br />

empresa empresa grande, grande, nem nem sese-<br />

tinha tinha até até pedido pedido um um empréstimo<br />

empréstimo A 28 de Dezembro de 1978 é criada a rer” rer”, rer” conta entre risos.<br />

tins, mas coladas, o que implicava me-<br />

quer quer tinha tinha tinha contacto contacto com com com o o meu<br />

meu para para para poder poder investir investir mais. mais. Estava<br />

Estava Trofal, em nome de Manuel do Couto e Nos primeiros anos, apenas um pronos trabalho, menos tempo, um custo<br />

pai pai lá lá dentro. dentro. O O meu meu pai pai estava<br />

estava numa numa numa situação situação complicada complicada complicada e e não<br />

não Maria Celeste. A empresa começou a laduto saía da Trofal – os botins de prate- inferior. A Trofal deixou de conseguir<br />

num num topo topo e e eu eu no no outro. outro. No No meio<br />

meio sese vislumbrava vislumbrava saída saída para para aqueaqueborar<br />

no dia 2 de Janeiro de 1979, ainda na leira, que levavam muita gente da re- vender o seu produto com tanta faciliestavamestavamestavam<br />

os os encarregados encarregados e e totolala<br />

situação, situação, situação, até até porque porque houve houve alalal- Rosarte. As instalações no Algarão, onde gião à Benedita. De Verão, a produção ia dade e teve que encontrar alternativas<br />

dos dos os os os outros. outros. Foi Foi uma uma grande grande<br />

grande gumasgumas pessoas pessoas que que se se aproveiaprovei-<br />

ainda hoje se mantém a fábrica, estavam para os armazéns de revenda. “De “De In- In- In- para vingar.<br />

escola escola para para para mim, mim, essa essa empresa” empresa” empresa”, empresa” empresa” taram taram desta desta confusão” confusão”, confusão” recorda o a ser construídas, de acordo com o que verno verno vendíamos vendíamos vendíamos para para algumas<br />

algumas<br />

lembra. De dia trabalhava, à noite tirava empresário.<br />

foi planeado por Luís Couto.<br />

sapatarias sapatarias e e não não dávamos dávamos vazão<br />

vazão Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

o Curso Comercial no Externato Coope- Saído da Fapocal o pai volta a meter- A passagem para as novas instala- porque porque toda toda a a gente gente gente queria” queria”, queria” con- jfialho@gazetacaldas.com


calçado artesanal<br />

Na Na Trofal Trofal pode pode pode ver-se ver-se uma uma pintura pintura com com desenhos desenhos de de de Luís, Luís, Manuel Manuel e e Júlio Júlio Júlio Couto Couto a<br />

a<br />

trabalharem trabalharem na na oficina oficina deste deste último. último. Uma Uma imagem imagem imaginada, imaginada, dado dado que que que os os três três nunca nunca se<br />

se<br />

encontraram encontraram a a trabalhar trabalhar no no mesmo mesmo local.<br />

local.<br />

“Quando “Quando o o meu meu pai pai adoeceu,<br />

adoeceu,<br />

estávamosestávamos a a a começar começar a a desendesendesen- volver volver a a empresa, empresa, empresa, ainda ainda era<br />

era<br />

tudo tudo muito muito artesanal, artesanal, apenas<br />

apenas<br />

com com umas umas umas maquinetas. maquinetas. Afinal Afinal<br />

Afinal<br />

tínhamos tínhamos começado começado do do zero zero e<br />

e<br />

sem sem sem capital” capital”, capital” capital” aponta Luís Couto.<br />

A precisar de diversificar a sua oferta,<br />

a Trofal acabou por aderir ao<br />

projecto SIII – Sistema Integrado de<br />

Incentivos ao Investimento, que<br />

dava bonificações fiscais e nas taxas<br />

de juro dos créditos às empresas<br />

que quisessem investir e criar<br />

postos de trabalho. “Aderimos “Aderimos ao ao<br />

ao<br />

projectoprojecto e e e fizemos fizemos um um investiinvesti-<br />

mento mento para para comprar comprar comprar máquina máquinas máquina<br />

e e admitir admitir mais mais mais trabalhadores,<br />

trabalhadores,<br />

cercacerca de de dez dez pessoas. pessoas. QueríaQuería-<br />

mos mos organizar organizar a a empresa” empresa”, empresa” mas<br />

a missão foi dificultada pela doença<br />

prolongada do pai.<br />

Olhando para trás, Luís e Maria<br />

da Luz vêem quão fatídico para a<br />

sua família foi o ano de 1983. Em<br />

Janeiro, faleceu a irmã Clara, na<br />

sequência de um acidente de viação.<br />

Em Novembro é o pai que perde<br />

a luta contra a doença. A juntar<br />

às perdas, problemas com o banco<br />

fizeram com que as bonificações<br />

do SIII nunca chegassem. “Nessa<br />

“Nessa<br />

altura altura chegámos chegámos a a pagar pagar 40% 40%<br />

40%<br />

dede juros juros ao ao ano, ano, ano, pagos pagos à à cabecabe-<br />

ça, ça, foi foi muito muito complicado”<br />

complicado”. complicado”<br />

Apenas<br />

com 21 anos, e com os irmãos<br />

ainda na escola, Luís tinha que ser<br />

“pau “pau para para toda toda toda a a obra, obra, com- comcomprava,prava, vendia, vendia, entregava, entregava, entregava, recerece-<br />

bia bia e e geria geria a a parte parte da da fábrica” fábrica”. fábrica”<br />

O produto escolhido para aumentar<br />

a oferta da Trofal foi o sapato<br />

de luva em chevraux e mustang,<br />

peles de cabra para sapatos macios.<br />

Para iniciar a produção, a Trofal<br />

comprou uma grande quantidade<br />

de matéria-prima. Mas a 30 de Outubro,<br />

uma semana antes de se começarem<br />

a fazer os sapatos novos,<br />

a fábrica foi assaltada, e além de<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

25<br />

17 | Setembro | 2010<br />

A A fábrica, fábrica, construída construída no no no lugar lugar de de Algarão, Algarão, está está hoje hoje hoje bem bem bem diferente diferente do do pavilhão pavilhão onde<br />

onde<br />

em em 1979 1979 começaram começaram a a trabalhar trabalhar quatro quatro sapateiros<br />

sapateiros<br />

Do botim ao calçado técnico vendido em todo o mundo<br />

vário calçado acabado, desapareceram<br />

as peles. Mais um revés num<br />

ano que Luís e Maria da Luz dizem<br />

ter sido “mesmo “mesmo muito muito compli- complicompli- cado” cado”. cado”<br />

CERTIFICAÇÃO NA DÉCADA<br />

DE 90<br />

Maria da Luz entrou para a empresa<br />

em 1988, quando terminou o<br />

12º ano do curso Técnico-Profissional<br />

de Contabilidade e Gestão. A<br />

exportação dos produtos da Trofal<br />

era ainda muito residual. Para chegar<br />

à internacionalização, a Trofal<br />

começou a marcar presença na<br />

MOCAP – Mostra de Calçado Português.<br />

Hoje, cerca de 80% da produção<br />

da fábrica destina-se a França,<br />

Alemanha, Itália, Inglaterra e outros<br />

países, sobretudo da Europa.<br />

Para a conquista do mercado<br />

europeu concorreu a produção de<br />

artigos técnicos. A primeira aposta<br />

foi o calçado militar. “Estivemos<br />

“Estivemos<br />

alguns alguns anos anos muito muito dedicados<br />

dedicados<br />

aaa esta esta área, área, embora embora nunca nunca exexclusivamente,clusivamente,<br />

e e daí daí fomos fomos semsemprepre<br />

evoluindo evoluindo para para artigos artigos artigos téctéc-<br />

nicos” nicos”, nicos” para as áreas de golfe,<br />

motard, equitação e calçado técnico<br />

de bombeiro, “que “que temos temos vin- vinvin- do do a a aperfeiçoar aperfeiçoar cada cada vez vez mais<br />

mais<br />

ee que que continuamos continuamos a a fazer fazer muimuito,to,<br />

embora embora noutro noutro calçado calçado téctéc-<br />

nico nico já já se se tenha tenha apostado apostado mais,<br />

mais,<br />

quequeque isto isto agora agora agora com com a a concorconcorrênciarência<br />

da da Ásia Ásia é é muito muito muito complicompli-<br />

cado” cado”, cado” explica Luís Couto.<br />

Ao mesmo tempo que apostavam<br />

no calçado técnico, os administradores<br />

da Trofal perceberam<br />

que tinham que aperfeiçoar a componente<br />

de qualidade e começaram<br />

a dar os passos necessários à<br />

certificação da empresa. “Fomos<br />

“Fomos<br />

a a primeira primeira empresa empresa certificada<br />

certificada<br />

do do do sector sector do do calçado calçado em em 1995” 1995”, 1995”<br />

dizem orgulhosos. Mas para con-<br />

seguirem a certificação, foram ne- como o Goodyear, e em materiais animais ou que nos seus ingrecessários<br />

“cinco “cinco “cinco anos, anos, muito muito pa- pa- pa- ecológicos e naturais. Uma preocudientes ou processos de manupel,pel,pel,<br />

muitos muitos documentos, documentos, e e e muimuipação<br />

cada vez mais importante, factura incluam qualquer forma<br />

to, to, muito, muito, dinheiro, dinheiro, para para uma uma<br />

uma numa altura em que se começam a possível de exploração animal.<br />

coisacoisa que que que hoje hoje se se se faz faz em em poupou-<br />

fazer ouvir alertas sobre os impac- Trata-se de um nicho de mer-<br />

cos cos cos meses” meses” meses”. meses”<br />

tos que os couros tingidos com quícado para o qual a Trofal se co-<br />

A década de 90 foi de grande micos têm na saúde. Actualmente, meça agora a virar, com uma per-<br />

crescimento na empresa. De tal o químico usado é o Crómio 6, que centagem de produção ainda<br />

maneira, que vinham trabalhado- “encurta “encurta muito muito o o processo, processo, mas<br />

mas muito reduzida e para a qual reres<br />

de fora para assegurar a produ- tem tem um um senão senão - - é é altamente<br />

altamente correm a microfibras de alta<br />

ção quando havia mais encomen- cancerígeno”<br />

cancerígeno”, cancerígeno” e começam já a qualidade, principalmente italidas.<br />

O recurso ao outsourcing é, de aparecer problemas graves de saúanas, feitas de cânhamo, aloé<br />

resto, uma política que se mantém de por causa deste método de tin- vera, outras fibras vegetais, “que<br />

“que<br />

na empresa, “uma “uma maneira maneira de<br />

de gimento. É que não há nada mais até até podem podem ser ser melhores melhores melhores do<br />

do<br />

conseguirmos conseguirmos controlar controlar controlar os<br />

os natural que o suor dos pés e pernas que que as as peles peles curtidas” curtidas”. curtidas” Para<br />

custoscustos fixos, fixos, que que que também também ajuaju-<br />

quando se usa calçado fechado, e é já, a fábrica conta com um cliendada<br />

as as empresas empresas às às quais quais recorrecor-<br />

o suor que faz com que os químicos te em Inglaterra e outro em Es-<br />

remos” remos”. remos” Por isso, a Trofal tem 30 entrem na corrente sanguínea. panha para a linha Vegan. Em<br />

trabalhadores nos seus quadros, um Quando as primeiras preocu- breve espera lançar a sua pró-<br />

número que nunca foi ultrapassapações com o uso de químicos pria marca para vender online.<br />

do, apesar da fábrica estar equipa- começaram a surgir, a Trofal es- Ainda na área da ecologia, a<br />

da para receber mais de uma centava a tratar da sua certificação Trofal adopta “comportamen-<br />

“comportamen“comportamentena<br />

de operários.<br />

e começou desde logo a exigir tostos muito muito amigos amigos do do ambiambi-<br />

dos seus fornecedores couros ente,ente, investimos investimos muito muito muito na na rere-<br />

A AMEAÇA DA ÁSIA E O isentos de químicos, pelo que ciclagem ciclagem ciclagem dos dos dos materiais. materiais. materiais. Isto<br />

Isto<br />

PERIGO DOS QUÍMICOS teve que começar a importar cria-nos cria-nos só só custos, custos, ainda<br />

ainda<br />

muita da matéria, sobretudo da nãonão nos nos trouxe trouxe nenhum nenhum nenhum propro-<br />

A Trofal mantém a certificação, Itália. Um cuidado que, lançam veito,veito, mas mas pelo pelo menos menos sentisenti-<br />

e no ano passado foi distinguida o alerta, não está na ordem do mos mos que que estamos estamos estamos a a a fazer<br />

fazer<br />

como PME Líder. Na era da globali- dia para muitas marcas de cal- algo algo algo que que que deve deve deve ser ser ser feito”<br />

feito”. feito”<br />

zação, a aposta na qualidade é agoçado, que continuam a procurar Além das inovações, a emprera<br />

o grande trunfo da empresa. artigos mais baratos na Ásia. sa - que factura anualmente cer-<br />

“Para “Para indústrias indústrias como como a<br />

a<br />

ca de um milhão de euros - mannossa,nossa,<br />

de de mão-de-obra mão-de-obra inteninten-<br />

O FUTURO ESTÁ NOS tém a representação da marca Dod-<br />

siva, siva, é é muito muito difícil difícil combater<br />

combater PRODUTOS ECOLÓGICOS ge em Portugal e Espanha e detém<br />

salários salários salários escravos escravos como como os os que<br />

que<br />

os direitos de francesa Elite em Por-<br />

se se se praticam praticam praticam na na Ásia. Ásia. Como Como toda<br />

toda “Estamos “Estamos “Estamos a a tentar tentar ser ser o o<br />

o tugal, uma marca de calçado de mon-<br />

a a indústria indústria da da região, região, também<br />

também mais mais mais ecológicos ecológicos possível possível e<br />

e tanhismo que até já tem um clube de<br />

nós nós sentimos sentimos sentimos essa essa pressão” pressão”, pressão” diz esse esse é é o o n nnosso<br />

n osso trunfo” trunfo”, trunfo” diz Luís fãs no nosso país.<br />

Luís Couto. Os empresários estão Couto. E é por aí que os dois ir- Cientes de que as questões eco-<br />

convencidos de que a China está mãos acreditam que se faz o funómicas limitam muitas vezes a es-<br />

empenhada em ficar com o monoturo da empresa.<br />

colha do calçado por parte das pespólio<br />

da produção do calçado. Pro- É neste contexto que se enquasoas, Luís Couto e Maria da Luz gava<br />

disso, apontam, é o facto dos dra a mais recente aposta da Trorantem que um bom calçado é um<br />

chineses terem comprado no início fal, o calçado Vegan, que respei- autêntico investimento, e que os<br />

do ano “todo “todo “todo o o couro couro que que havia<br />

havia ta a filosofia de vida do veganis- sapatos e botas que ali se produ-<br />

disponível disponível no no mercado” mercado”. mercado” mo – que rejeita qualquer produzem duram “uma “uma “uma vida vida vida inteira” inteira”. inteira”<br />

Como se combate esta ameato de origem animal, alimentar<br />

ça? Apostando na qualidade, em ou de outra natureza, produtos Joana Joana Fialho Fialho<br />

Fialho<br />

sistemas de produção artesanais, que tenham sido testados em jfialho@gazetacaldas.com<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1903 1903 – António Couto começa<br />

a fazer sapatos à mão,<br />

em Santa Catarina<br />

Década Década de de 30 30 – Júlio do<br />

Couto (1903-1990), filho de António,<br />

vai para a Ribafria trabalhar<br />

no calçado<br />

Década Década de de 70 70 – Manuel<br />

Marques do Couto, filho de<br />

Júlio do Couto, é um dos accionistas<br />

da Fapocal, fábrica que<br />

resulta da fusão de várias oficinas<br />

1973 1973–<br />

Luís Couto, filho de<br />

Manuel do Couto (1935-1983),<br />

começa a trabalhar na Fapocal<br />

1975 1975 1975–<br />

Manuel Marques do<br />

Couto sai da Fapocal e regressa<br />

à Ribafria, onde começa a<br />

trabalhar por conta própria nas<br />

instalações da Rosarte<br />

1978 1978 – É criada a Trofal –<br />

Fábrica de Calçado Lda., tendo<br />

como sócios Manuel Marques<br />

do Couto e Maria Celeste.<br />

Em 2000 a Trofal passa a<br />

sociedade anónima com um<br />

capital social de 100 mil euros<br />

1979 1979–<br />

A Trofal inaugura a<br />

fábrica no Algarão, onde a empresa<br />

se mantém ainda hoje<br />

1983 1983 – Morre o fundador<br />

da empresa, Manuel Couto<br />

1988 1988 – A filha, Maria da<br />

Luz, entra para a empresa. A<br />

Trofal começa a exportar.<br />

Década Década de de 90 90 – Fase de<br />

grande crescimento na empresa,<br />

que se vê frequentemente<br />

obrigada a subcontratar mãode-obra<br />

para responder às encomendas.<br />

Aposta no calçado<br />

técnico e militar<br />

1995 1995 – A Trofal torna-se a<br />

primeira empresa do sector do<br />

calçado certificada<br />

2010 2010 2010–<br />

A empresa prepara<br />

o lançamento da sua própria<br />

marca Vegan, para vender na<br />

loja online


22<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

24 | Setembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Discoteca Green Hill – mãe e filho gerem uma casa q<br />

Luís Luís Romão, Romão, fundador fundador da da discoteca, discoteca, na na cabine cabine de de som som numa numa imagem imagem dos dos anos anos 80 80<br />

Filomena Filomena Félix Félix Félix com com o o filho, filho, Ricardo Ricardo Romão, Romão, e e as as netas, netas, Lara Lara e e e Carolina<br />

Carolina<br />

O SONHO DE LUÍS ROMÃO<br />

Filomena Félix nasceu em 1955<br />

na Foz do Arelho, onde continua a<br />

viver. Os seus pais (que já faleceram)<br />

eram os proprietários do restaurante<br />

Lagoa Bar, em frente ao Inatel,<br />

do qual fazia parte um posto de<br />

combustível.<br />

“Toda Toda a a gente gente conhecia conhecia a a<br />

a<br />

casacasa do do Zé Zé Félix. Félix. De De Julho Julho a a SeSe-<br />

tembro tembro passavam passavam diariamente<br />

diariamente<br />

milharesmilharesmilhares de de pessoas pessoas pessoas pelo pelo resres-<br />

taurante taurante”, taurante taurante lembrou. Filomena Félix<br />

começou a trabalhar no restaurante<br />

dos seus pais desde pequena, apesar<br />

de ter estudado até ao ensino superior.<br />

“Estive Estive no no ISLA ISLA e e e só só não não aca- acaaca- bei bei o o curso curso por por um um ano ano”, ano contou.<br />

Filomena chegou a pensar sair de<br />

Portugal para trabalhar na área do<br />

seu curso (Secretariado), mas quando<br />

se casou com Luís Romão, em<br />

1975, abandonou os estudos e decidiu<br />

ficar.<br />

Luís Romão é natural de Rio Maior,<br />

onde nasceu em 1954. O casal<br />

residia na Foz do Arelho e Luís insistia<br />

em concretizar o sonho de<br />

abrir uma discoteca. Chegaram a<br />

pensar avançar com o projecto na<br />

garagem da casa dos pais de Filomena<br />

Félix, mas como esta ficava<br />

mesmo no centro da Foz, mudaram<br />

de ideias.<br />

O edifício onde agora funciona<br />

a Green Hill era à época um pequeno<br />

armazém, que era utilizado<br />

pelo pai de Filomena para criação<br />

de galinhas e de porcos. A parte<br />

da frente tinha os frangos e na<br />

parte de trás funcionava a pecuária.<br />

Foi o próprio Luis Romão, com<br />

um pedreiro, quem fez as obras.<br />

Enquanto isso, Filomena Félix<br />

dedicava-se à parte burocrática.<br />

“Já Já Já naquela naquela naquela altura altura era era muito<br />

muito<br />

complicado complicado tratar tratar dos dos papéis<br />

papéis<br />

e e quem quem me me ajudou ajudou muito muito foi<br />

foi<br />

o o João João Santos, Santos, Santos, que que agora agora é é o o<br />

o<br />

secretário secretário do do do presidente presidente da<br />

da<br />

Câmara Câmara”. Câmara<br />

O investimento inicial na altura<br />

foi de cerca de dois mil contos (10<br />

mil euros). “O O meu meu meu irmão irmão estava<br />

estava<br />

nos nos Estados Estados Estados Unidos Unidos e e trouxe trouxe a<br />

a<br />

aparelhagem aparelhagem de de som som de de lá lá”, lá adiantou<br />

Filomena Félix.<br />

A empresária diz que deu voltas à<br />

cabeça antes de encontrar o nome<br />

certo para a discoteca. “Como “Como aqui- aqui- aquiaqui- lo lo era era uma uma zona zona verde verde verde e e eu eu sou<br />

sou<br />

sportinguista sportinguista e e e como, como, ainda ainda por<br />

por<br />

cima, cima, ficava ficava numa numa colina, colina, fui<br />

fui<br />

ao ao dicionário dicionário e e achei achei piada piada piada ao<br />

ao<br />

nome nome – – Green Green Hill” Hill”. Hill”<br />

Naquela altura a discoteca ficava<br />

“no meio das fazendas”, conta Mena.<br />

Ainda não havia a rotunda (hoje conhecida<br />

por rotunda do Green Hill)<br />

nem o acesso à praia pelo lado do mar<br />

e até a estrada Atlântica não estava<br />

toda alcatroada.<br />

O estabelecimento abre com a<br />

designação oficial de “bar dancing”<br />

e foram muitas as dificuldades<br />

para licenciar a casa. Trinta<br />

anos depois, Filomena continua<br />

a queixar-se de ter que enfrentar<br />

muita burocracia de cada vez que<br />

quer fazer alterações no edifício.<br />

A empresária não percebe por<br />

que há tantas casas do género que<br />

abrem de qualquer maneira e para<br />

a sua discoteca seja necessário<br />

apresentar tantos projectos de<br />

cada vez que precisa de fazer<br />

obras.<br />

UMA INAUGURAÇÃO<br />

ESTRONDOSA<br />

Quando a Green Hill abriu portas,<br />

a 30 de Maio de 1980, tinha uma pequena<br />

pista de dança, uma cabine de<br />

som e um bar. De todo o edifício, o<br />

balcão do vestiário é o único elemento<br />

que se mantém desde a inauguração.<br />

Antes da abertura ao público, na<br />

noite anterior, fizeram uma pré-inauguração<br />

com alguns amigos, mas no<br />

primeiro sábado tiveram logo casa<br />

cheia. “Parecia Parecia haver haver uma uma uma ne- nenecessidadecessidadecessidade enorme enorme de de um um espaespaçoço<br />

destes. destes. Foi Foi uma uma uma inaugurainaugura-<br />

dem dem dem agora agora agora 45 45 45 funcionários<br />

funcionários<br />

funcionários”, funcionários<br />

funcionários re-<br />

feriu.<br />

Entre 1991, quando se divorciou de<br />

Luís Romão, até 1997, Filomena Félix<br />

esteve afastada da Green Hill. Voltou<br />

um ano depois do assalto ao seu exmarido,<br />

na sequência do qual Luís Romão<br />

ficou incapacitado. O empresário<br />

sofreu graves lesões neurológicas ao<br />

ser agredido depois de oferecer resistência<br />

a um assalto, na madrugada de<br />

8 de Setembro.<br />

Este foi o episódio mais negro da<br />

história da discoteca e que ainda hoje<br />

é difícil de abordar por parte da família.<br />

Ricardo Romão tinha nessa altura<br />

ção ção estrondosa estrondosa e e e as as as pessoas<br />

pessoas 17 anos de idade e ficou a gerir a disco-<br />

nem nem cabia cabiam cabia todas todas”, todas lembrou. teca com Paula Coito, que na altura era<br />

Apesar do início auspicioso, os pri- casada com Luís Romão. “Foram Foram uns<br />

uns<br />

meiros anos foram difíceis. “Sempre Sempre<br />

tempos tempos muito muito muito complicados<br />

complicados” complicados e só<br />

fuifui muito muito selectiva selectiva selectiva à à porta, porta, mesmes-<br />

com a ajuda da família e de alguns for-<br />

mo mo quando quando tinha tinha a a casa casa vazia vazia”, vazia necedores é que conseguiu continuar<br />

disse a empresária, que durante muitos o negócio sem o seu pai.<br />

anos fez questão de estar à porta, logo a Entretanto, Ricardo Romão come-<br />

seguir ao porteiro.<br />

çou a assumir mais responsabilidades<br />

Com 25 anos, Mena continuava a tra- e, para além de ser um dos principais<br />

balhar no restaurante dos pais e manti- DJ da casa, trata também de outras<br />

nha o negocio da discoteca aos fins-desemana.<br />

questões da empresa.<br />

Na discoteca trabalhava com Luís AOS CINCO ANOS JÁ IA PARA A<br />

Romão (que era o DJ), um segurança,<br />

dois barmen e poucos mais funcioná-<br />

CABINE DE SOM<br />

rios. “Éramos Éramos meia meia dúzia dúzia e e aten- aten- aten- Nascido em 1976, Ricardo Romão<br />

díamosdíamos tanta tanta gente gente quanto quanto atenaten-<br />

tinha três anos quando a discoteca<br />

foi inaugurada. <strong>Das</strong> primeiras recordações<br />

que guarda é de ter ido brincar<br />

para a cabine de som. “Eu Eu lem- lem- lem- lembro-mebro-mebro-me<br />

de de ter ter partido partido as as aguagulhaslhas<br />

todas todas dos dos pratos pratos pratos dos dos disdis-<br />

cos cos cos de de vinil vinil e e e do do meu meu pai pai andar andar<br />

andar<br />

atrás atrás de de de mim mim”, mim recordou.<br />

Aos 12 anos teve a sua primeira<br />

noite como DJ da pista principal.<br />

“Faltou Faltou Faltou um um DJ DJ DJ e e e o o meu meu meu pai pai che- che- che- che- che-<br />

gou gou ao ao pé pé pé de de de mim mim mim e e disse disse disse que<br />

que<br />

tinhatinha chegado chegado a a a minha minha oportuoportu-<br />

nidade nidade”. nidade Nessa noite, que nunca<br />

mais esqueceu, chorou numa altura<br />

em que cerca de 10 pessoas saíram<br />

ao mesmo tempo da pista. “Fiquei Fiquei<br />

muito muito nervoso nervoso porque porque tive tive<br />

tive<br />

Trinta anos de actividade para uma discoteca como a Green Hill, na Foz do Arelho, representam<br />

milhares de histórias passadas ao som da música.<br />

Avós, pais e filhos já dançaram na mesma pista de dança, fosse ao som de um slow ou das<br />

batidas mais fortes da música electrónica.<br />

A Green Hill nasceu em 1980 na Foz do Arelho, numa aldeia que hoje é vila e tornou-se uma<br />

discoteca de nível nacional. Nestes 30 anos só houve um único fim-de-semana, no ano 2000, em<br />

que não funcionou (devido a trabalhos de remodelação).<br />

Para além dos muitos encontros e desencontros que aconteceram naquele espaço, a Green Hill é<br />

também a história de uma família.<br />

Luís Romão e Filomena Félix eram casados quando inauguraram a discoteca. Ricardo Romão, o<br />

único filho do casal, tinha três anos.<br />

Actualmente, e após várias vicissitudes e dramas familiares, mãe e filho gerem a discoteca em<br />

conjunto, tendo criado em 2005 a Félix & Romão Lda, com um capital social de cinco mil euros.<br />

medo medo que que a a pista pista pista esvaziasse<br />

esvaziasse”,<br />

esvaziasse<br />

lembrou. Como era a sua primeira<br />

vez, temeu que as pessoas não estivessem<br />

a gostar da música e que<br />

todos se fossem embora.<br />

Para o DJ, a profissão que escolheu<br />

pode não ser apenas pelo facto<br />

de ser filho dos proprietários de uma<br />

discoteca. “A A paixão paixão que que tenho tenho<br />

tenho<br />

dentrodentro de de de mim mim pela pela pela música música sese-<br />

ria ria igual igual igual”, igual igual salientou. “Desde Desde Desde mui- muimui- to to novo novo que que quis quis ser ser DJ DJ DJ”, DJ DJ garante.<br />

Os pais queriam que fosse para a<br />

universidade, mas acabou por sair<br />

da escola quando acabou o 9º ano.<br />

Como DJ Romão, ou no projecto<br />

Phonic Lounge (com Ricardo Tempero),<br />

tem alcançado sucesso interna-<br />

cional. Suíça, Holanda, Espanha e Estados<br />

Unidos têm sido alguns dos países<br />

por onde tem actuado. Só não<br />

aceita convites para actuar individualmente<br />

nas discotecas da região,<br />

por causa da associação do seu nome<br />

à Green Hill.<br />

Ao contrário do que acontece agora,<br />

quando começou a ser DJ a profissão<br />

não tinha nenhum “glamour”<br />

e os amigos perguntavam-lhe se não<br />

preferia estar do outro lado da cabine<br />

de som. “Agora Agora é é que que é é moda<br />

moda<br />

ser ser DJ, DJ, mas mas naqueles naqueles tempos<br />

tempos<br />

asasas pessoas pessoas não não ligavam ligavam nenhunenhu-<br />

ma ma”. ma<br />

Quando começou, os discos que<br />

punha a tocar eram de rock, com sucessos<br />

garantidos. Nessa altura as<br />

duas pistas tinham poucas diferenças<br />

na música que se tocava. “Os Os<br />

discos discos eram eram praticamente praticamente os<br />

os<br />

mesmos mesmos”, mesmos recorda.<br />

Um dia, no início da década de 90,<br />

Ricardo Romão convenceu o pai a<br />

apostar no som alternativo na pista<br />

dois, com bandas que não se ouviam<br />

em nenhuma discoteca do país, como<br />

era o caso, por exemplo, dos Pixies.<br />

O sucesso foi imediato e esta<br />

aposta marcou uma geração. São<br />

muitos os que ainda se recordam<br />

com nostalgia desses tempos, de tal<br />

forma que recentemente começaram<br />

a fazer festas de evocação dessas<br />

noites.<br />

Os tempos eram muito diferentes<br />

também em termos musicais, e no<br />

final dos anos 90 começaram a fazer-se<br />

experiências com a música<br />

electrónica. A partir das 4h30 da<br />

manhã era o som forte das batidas<br />

do techno que invadiam a pista dois.<br />

A partir de 2001 acabou-se o som<br />

alternativo e a música de dança reina<br />

na segunda pista, sendo que a primeira<br />

continua dedicada à música<br />

mais comercial.<br />

Inúmeras gerações já passaram<br />

pelo Green Hill e hoje já há netos dos<br />

primeiros frequentadores da casa<br />

que não falham um fim-de-semana<br />

na discoteca. A marca é conhecida<br />

em todo o país como uma das mais


Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

ue é referência para várias gerações de clientes<br />

Aspecto Aspecto da da discoteca discoteca nos nos anos anos 80 80 e e na na actualidade. actualidade. A A Green Green Hill Hill continua continua a a ser ser o o mais mais importante importante espaço espaço de de diversão diversão nocturna nocturna na na região.<br />

região.<br />

antigas do género e já recebeu programas<br />

de rádio e de televisão, bem<br />

como festas de todos os tipos. Há<br />

mais de dez anos obteve um número<br />

recorde de visitantes – 4500 clientes<br />

numa festa da revista Caras.<br />

DISCOTECA NUNCA PAROU DE<br />

CRESCER<br />

Ao longo destes 30 anos foram tantas<br />

as remodelações e ampliações<br />

que os gerentes já nem sabem quantas<br />

foram.<br />

A primeira terá sido em 1985, altura<br />

em que mudaram a cabine de<br />

som do lugar e criaram um novo espaço.<br />

Foi nesse local que chegaram<br />

a fazer uma noite de gala com Shegundo<br />

Galarza.<br />

A segunda pista de dança foi construída<br />

no final da década de 80, quando<br />

começaram a servir hambúrgueres<br />

e outros petiscos. “O O meu meu fã<br />

fã<br />

número número um um era era o o engenheiro<br />

engenheiro<br />

engenheiro<br />

Paiva Paiva e e Sousa Sousa (ex-presidente da<br />

Câmara das <strong>Caldas</strong>) queque ia ia semsem-<br />

pre pre lá lá com com os os amigos amigos comer comer as<br />

as<br />

sandes sandes que que eu eu eu fazia fazia”, fazia recorda<br />

Mena.<br />

Outras das principais ampliações<br />

foi o primeiro andar, com vista<br />

para a pista principal.<br />

Em 2001 Filomena Félix avançou<br />

com obras de remodelação e abriu a<br />

discoteca com um “staff” completamente<br />

novo, que incluía alguns concorrentes<br />

de “reality shows” (como<br />

o “Big Brother), músicos (Melão e<br />

Gonzo) e actores (Diogo Morgado).<br />

Actualmente nenhum “famoso” faz<br />

parte do pessoal da casa. “Alguns Alguns<br />

ainda ainda ainda aparecem aparecem às às vezes, vezes, mas<br />

mas<br />

como como amigos amigos”, amigos conta Mena.<br />

A empresária conta que desde há<br />

quatro anos começou a notar-se que<br />

há menos pessoas a sair à noite. O<br />

consumo de bebidas também desceu<br />

muito, principalmente desde 2007.<br />

“O O ano ano de de 2009 2009 foi foi uma uma coisa<br />

coisa<br />

terrível,terrível, mas mas em em 2010 2010 conseconse-<br />

guimos guimos recuperar recuperar um um pouco.<br />

pouco.<br />

Tenho Tenho feito feito feito tudo tudo tudo por por tudo tudo”, tudo afirmou<br />

a empresária.<br />

Embora saiba que os outros estabelecimentos<br />

comerciais deste<br />

ramo não estão melhor, salienta que<br />

a sua casa tem maiores custos por<br />

causa da sua dimensão.<br />

Isto apesar de não aumentarem<br />

os preços há quase 10 anos. Uma imperial<br />

continua a custar três euros,<br />

mas a bebida que se bebe mais actualmente<br />

é o vodka.<br />

O ano passado remodelaram completamente<br />

o antigo pub, para criar<br />

um clube para pessoas mais velhas<br />

e o investimento revelou-se ruinoso.<br />

“Ainda Ainda hoje hoje hoje estou estou à à espera espera que<br />

que<br />

asasas pessoas pessoas mais mais velhas velhas apareapare-<br />

çam<br />

çam”, çam<br />

ironizou. Acabou por começar<br />

a utilizar o espaço para festas privadas<br />

e jantares para grupos.<br />

Em breve o clube deverá voltar a<br />

sofrer transformações. Para Ricardo<br />

Romão, é importante que uma discoteca<br />

com uma dimensão tão grande<br />

crie espaços diferentes, para diferentes<br />

estilos.<br />

TRABALHAR EM FAMÍLIA<br />

Cada vez mais é o filho quem trata<br />

das relações com os fornecedores,<br />

algo que a mãe nunca gostou<br />

muito de ter a seu cargo. “Ele Ele tem<br />

tem<br />

23<br />

24 | Setembro | 2010<br />

Casa de encontros e desencontros<br />

muito muito muito mais mais mais à à à vontade vontade do do do que que<br />

que ia para outros locais divertir-se.<br />

eu eu eu para para para negociar negociar negociar”, negociar negociar afirma Filome- “Nunca Nunca senti senti os os holofotes holofotes em<br />

em<br />

na Félix. O seu filho passou também cima.cima. Sempre Sempre fiz fiz o o meu meu trabatraba-<br />

Fundada em 1980 por Luís Romão e Filomena Félix, a discoteca atravessou<br />

a ser responsável por tudo o que diz lho lho à à vontade vontade”, vontade disse.<br />

tempos conturbados, mas sobreviveu às maiores contrariedades. Actualmen-<br />

respeito à publicidade e ao pessoal Ricardo Romão também já é pai de te, Filomena Félix (mais conhecida como Mena) e o seu filho, Ricardo Romão,<br />

da casa.<br />

duas meninas - Lara (cinco anos) e comandam um “barco” que dá trabalho a 45 pessoas e que movimenta milha-<br />

Filomena Félix gosta de trabalhar Carolina (12 anos) - que só visitam a res de clientes todos os fins-de-semana.<br />

com o seu filho, embora às vezes sur- discoteca durante o dia. “Um Um dia dia<br />

dia As épocas mais fortes na Green Hill foram sempre os verões e o Carnaval.<br />

jam alguns conflitos que não aconteceriam<br />

se fosse com outra pessoa.<br />

“Temos Temos muita muita à à vontade vontade um<br />

um<br />

comcom o o o outro outro e e por por vezes vezes sursursur- gem gem gem aquelas aquelas discussões discussões entre<br />

entre<br />

mãe mãe e e filho filho filho”, filho revelou.<br />

O facto de o seu filho ter passado<br />

a adolescência com os pais a trabalhar<br />

numa discoteca acabou por ser<br />

positivo. “Aquilo Aquilo que que os os pais pais so- sosofremfrem com com com os os filhos filhos durante durante adoado-<br />

em em que que estejam estejam estejam à à minha minha frente frente<br />

frente<br />

na na pista pista e e eu eu a a passar passar música<br />

música<br />

vou vou achar achar um um piadão piadão”, piadão comentou.<br />

Embora não queira revelar o volume<br />

de negócios da Félix & Romão<br />

Lda., Ricardo Romão referiu que<br />

numa noite podem pagar 15 mil euros<br />

para um DJ famoso actuar sem<br />

que tenham prejuízo por isso.<br />

A família também esteve por de-<br />

No último fim-de-semana de Maio fazem a festa de aniversário, que é sempre<br />

um sucesso.<br />

Desde há cinco anos deixaram de abrir todos os dias da semana em Agosto,<br />

como acontecia antes. Desde 2008 que só abrem à quinta, sexta e sábado,<br />

durante o Verão. No resto do ano a discoteca funciona às sextas-feiras e sábados.<br />

“Somos Somos uma uma uma casa casa única, única, onde onde mesmo mesmo as as as pessoas pessoas que que vêm vêm de<br />

de<br />

fora fora se se sentem sentem bem bem bem desde desde a a a primeira primeira primeira vez vez”, vez considera Filomena Félix,<br />

que exige que todo o seu pessoal seja sempre simpático para os clientes.<br />

“Às Às vezes vezes as as as pessoas pessoas pessoas não não são são muito muito justas justas justas e e e dizem dizem muitas muitas coi- coicoi- sas sas da da da Green Green Hill, Hill, mas mas eu eu sempre sempre fiz fiz tudo tudo para para que que os os os clientes<br />

clientes<br />

fossem fossem bem bem tratados tratados tratados”, tratados comentou. Filomena Félix assume que muitas ve-<br />

lescên lescência, lescên cia, por por não não saberem saberem por<br />

por trás de outros negócios. Filomena zes é quase mãe de muitos jovens que frequentam a discoteca. “Há Há muitos<br />

muitos<br />

onde onde eles eles eles andam andam à à noite, noite, não<br />

não Félix explorou a loja de música “Ma- pais pais que que quando quando os os filhos filhos filhos começam começam a a a vir vir à à Green Green Hill Hill dizem-lhes<br />

dizem-lhes<br />

aconteceuaconteceu comigo. comigo. Ele Ele saía saía dadagic<br />

Som”, no centro comercial da Rua para para chamarem chamarem a a Mena Mena sempre sempre que que precisarem<br />

precisarem”, precisarem afirma orgulhosa.<br />

qui qui e e ia ia para para casa casa da da minha minha mãe<br />

mãe das Montras, durante 20 anos. Ricar- Embora exista o “Foz Bus by Night” (autocarro que faz a ligação entre as<br />

ao ao ao fim-de-semana<br />

fim-de-semana”, fim-de-semana salientou. do Romão também investiu numa loja <strong>Caldas</strong> da Rainha e a discoteca aos sábados), ainda há muitos pais que optam<br />

O único medo que tinha era rela- de música e roupa entre 1996 e 2000. por ir levar e buscar os seus filhos. “Se Se Se calhar calhar houve houve uma uma altura altura em em que<br />

que<br />

cionado com o consumo de qualquer<br />

tipo de droga e por isso “sempre sempre fiz<br />

fiz<br />

tudotudo o o o que que pude pude pude para para não não haha-<br />

ver ver disso disso aqui aqui na na Green Green Hill Hill”. Hill<br />

Para Ricardo Romão também foi<br />

bom porque assim conquistou a confiança<br />

dos pais e quando precisava<br />

O seu pai, Luís Romão, explorou o<br />

restaurante “Príncipe Perfeito” e os<br />

bares “Adega do Borlão” e “Frenético”,<br />

na década de 90.<br />

Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

pantunes@gazetacaldas.com<br />

os os pais pais davam davam demasiada demasiada liberdade liberdade aos aos filhos filhos e e agora agora voltaram voltaram a<br />

a<br />

preocupar-se preocupar-se mais mais”, mais considera.<br />

Filomena Félix tem sempre um carinho especial por alguns jovens das <strong>Caldas</strong><br />

de quem conhece as mães.<br />

Apesar disso, a relação entre os caldenses e a discoteca foi sempre “de de de<br />

amor amor e e ódio ódio” ódio porque há quem prefira sair para fora em vez de sair à noite<br />

mais perto de casa. Há noites em que a maior parte dos clientes da Green Hill<br />

são pessoas de fora.<br />

Mas são muitos os caldenses (já pais de família) que ao regressarem à<br />

Green Hill, depois de um jantar ou de uma festa, não conseguem evitar a nostalgia.<br />

“Muitas Muitas vezes vezes vêm vêm vêm ter ter ter comigo comigo e e e dizem dizem ter ter muitas muitas saudades<br />

saudades<br />

das das noites noites que que aqui aqui aqui passaram passaram passaram”, passaram referiu Mena. Há casais que começaram<br />

a namorar na Green Hill ou que deram ali seu primeiro beijo. Mas também já<br />

houve cenas de ciúme, que muitas vezes acabam mal.<br />

Ricardo Ricardo Romão Romão Romão tem tem uma uma uma carreira carreira carreira própria própria como como DJ DJ Romão Romão Romão e e no no duo duo Phonic Phonic Lounge<br />

Lounge<br />

P.A.<br />

P.A.<br />

CRONOLOGIA então com 17 anos, assume res-<br />

1980 1980 1980 – Luís Romão e Filomena<br />

Félix abrem a discoteca Green<br />

ponsabilidades na discoteca<br />

1997 1997-<br />

Filomena Félix regressa à<br />

Hill. A firma chama-se José Luís gestão do Green Hill que passa a<br />

da Silva Romão e era um estabe- ser detido pela sociedade unipeslecimento<br />

em nome individual.<br />

1991 1991 – Filomena Félix deixa a<br />

soal Maria Filomena Filipe Félix<br />

2000 2000 2000 – Remodelação total do<br />

gestão da Green Hill<br />

1996 1996–<br />

Luís Romão é vítima de<br />

pessoal da discoteca<br />

2005 2005–<br />

Criada a sociedade Félix<br />

um assalto e sofre danos neuro- & Romão Lda. (apelidos da mãe e<br />

lógicos incapacitantes<br />

do filho) com um capital social de<br />

1996 1996–<br />

O filho, Ricardo Romão, 5000 euros


24<br />

1| Outubro | 2010<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Proximidade do comércio tradicional e assistência técnic<br />

Vasco Vasco Oliveira Oliveira e e Maria Maria Maria Rosa Rosa Oliveira Oliveira Oliveira foram foram os os proprietários proprietários da da empresa empresa empresa durante durante durante 35 35 anos<br />

anos Pai Pai e e filha. filha. Elisa Elisa Oliveira Oliveira detém detém hoje hoje 90% 90% da da da quota quota quota da da da firma firma e e acumula acumula a a sua sua gestão<br />

gestão<br />

com com a a advocacia.<br />

advocacia.<br />

Quinze de Maio de 1971. A cida- este tempo embarcado, até por- dividiu com a mulher, Maria Rosa da da da de de de 40 40 40 frigoríficos frigoríficos frigoríficos do do do Super Super<br />

Super a pensar numa alternativa para a renças no comércio nos últimos 40<br />

de festejava o seu dia com concerque o jovem era um jogador de Oliveira.<br />

Sete Sete Sete e, e, em em duas duas semanas, semanas, ven- ven- ven- sua empresa. Necessitava de algo anos. “<strong>Caldas</strong> “<strong>Caldas</strong> “<strong>Caldas</strong> sempre sempre sempre foi foi uma<br />

uma<br />

tos e cerimónias públicas. Quem futebol promissor (viria a ser cam- O empresário recorda que o pri- di-os di-os di-os na na totalidade”<br />

totalidade”, totalidade” diz. Nesse de “consumo “consumo diário” diário” para fazer cidadecidadecidade comercial, comercial, mas mas as as grangran-<br />

passava pela Rua Engenheiro Dupeão nacional da terceira divisão) meiro electrodoméstico que ven- tempo, conta, não tinha sábados face à quebra do negócio imobili- des des des superfícies superfícies vieram vieram abalar<br />

abalar<br />

arte Pacheco encontrava no nú- e manteve sempre a sua paixão deu foi uma varinha de triturar a nem domingos pois passava-os a ário e das vendas dos electrodoumum pouco pouco o o pequeno pequeno comércomérmero<br />

23 uma montra engalanada pelo desporto rei. O próprio Cal- sopa, depois começou a vender vender e entregar frigoríficos. mésticos.<br />

cio cio tradicional”<br />

tradicional”, tradicional” salientou, acres-<br />

com candeeiros, pequenos elecdas Sport Clube arranjou-lhe um frigoríficos, fogões e muitos can- Na cidade, como tinha conheci- Passou a ser agente do gás Esso centando que com o crescimento<br />

trodomésticos, frigoríficos e fo- emprego na Rol para o afastar do deeiros.mentos<br />

com os grandes emprei- nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, há cerca de das cidades em redor também pergões,<br />

pronta para abrir as portas mar e o manter perto de casa e<br />

teiros, começou a trabalhar com 15 anos.<br />

deu alguma população aos fins-<br />

pela primeira vez no dia seguinte. dos treinos.<br />

“IA FAZER A INSTALAÇÃO eles, fazendo a parte eléctrica de Desde então foram evoluindo de-semana, que aqui vinham às<br />

Tratava-se de uma loja de elec- Na fábrica de Tornada trabalha- ELÉCTRICA E APROVEITAVA muitos dos edifícios caldenses, no gás e actualmente têm uma boa compras às <strong>Caldas</strong>.<br />

trodomésticos e reparações elécva como rectificador, tendo por lá PARA OFERECER O entre eles o do cinema Estúdio 1, representação de gás de garrafa. “Mas “Mas ainda ainda se se se nota nota que que o<br />

o<br />

tricas criada em sociedade por permanecido 18 meses. Entretan-<br />

FRIGORÍFICO”<br />

recorda o empresário que chegou “Quando “Quando fiquei fiquei com com o o o gás<br />

gás nossonosso comércio comércio de de fim-de-sefim-de-se-<br />

Vasco Oliveira e Alfredo Cera. Volto tinha casado e o primo José Fer-<br />

a ter 15 funcionários a trabalhar foram-me foram-me foram-me entregue entregue entregues entregue entregue 16 16 16 bilhas<br />

bilhas mana mana é é bom” bom”, bom” expressou.<br />

vidos seis meses, o segundo sócio nando, que era desenhador, ha- Vasco Oliveira passou a andar com ele.<br />

de de 13 13 quilos, quilos, seis seis de de de 11 11 e e três três<br />

três O electrodoméstico não é um<br />

desiste e Vasco Oliveira adquire a via-lhe oferecido o projecto de uma pelas freguesias e aldeias a fazer Perdem-se as contas aos quiló- ou ou quatro quatro de de de 45 45 45 quilos” quilos”. quilos” Passa- produto que se venda diariamen-<br />

sua metade, que entrega à espo- casa como prenda. Para construir instalações eléctricas e “aprovei- “aprovei- “aprovei- metros de fio eléctrico que utilido um mês já tinha duplicado a te, mas continua a vender-se, sosa,<br />

formando a empresa Vasco a moradia, Vasco Oliveira precisatavatavatava para para oferecer oferecer o o frigorífifrigorífizou<br />

nas instalações feitas desde a quantidade e depois o volume aubretudo o pequeno electrodomés-<br />

Oliveira Lda.<br />

tico, explica, adiantando que a<br />

Mas a ligação de Vasco Oliveira<br />

grande valia destas casas são a<br />

com o mundo da electricidade é Começou a fazer reparações eléctricas ainda menino na loja de electrodomésticos da mãe, no Bairro da<br />

proximidade com o cliente e a ga-<br />

“genética”. Nascido em Silves, vem Ponte, e seguiu a sua vocação na Escola Rafael Bordalo Pinheiro. Embarcado como oficial de electricidade, rantia pós venda. “A “A “A assistência<br />

assistência<br />

para as <strong>Caldas</strong> da Rainha com 10 correu mundo na Marinha Mercante até que se estabeleceu, por conta própria, em 1971 no centro da cidade. é é é de de grande grande importância importância para<br />

para<br />

anos, junto com a irmã (um ano<br />

mais velha), a mãe e o pai, que<br />

veio exercer o cargo de chefe dos<br />

electricistas dos serviços municipalizados.<br />

Prosseguiu os estudos na Escola<br />

Técnica Industrial e Comercial<br />

A história de Vasco Oliveira está ligada à electricidade, aos electrodomésticos e ao gás, até que passou, há<br />

quatro anos, o testemunho à filha, Elisa Oliveira, também advogada, que acumula a gestão da empresa<br />

familiar com a prática da advogacia.<br />

Pelo caminho ficam décadas de histórias de quem calcorreou praticamente todo o concelho a “levar luz” às<br />

pessoas e depois gás.<br />

A Vasco Oliveira Lda celebra em 2011 quatro décadas. Já este mês terá início uma remodelação da loja, com o<br />

o o ramo ramo dos dos electrodomésticos<br />

electrodomésticos<br />

e e e foi foi isso isso isso que que sempre sempre tivemos.<br />

tivemos.<br />

Damos Damos assistência assistência a a tudo tudo o o que<br />

que<br />

se se vende”<br />

vende”, vende”<br />

garante Vasco Oliveira.<br />

Além do futebol, da columbofilia<br />

e da vida empresarial, este cal-<br />

das <strong>Caldas</strong> da Rainha (hoje Secun- objectivo de mostrar mais a parte eléctrica e não só os electrodomésticos.<br />

dense por adopção resolve tamdária<br />

Bordalo Pinheiro) onde fez o<br />

bém meter-se na política. Em 1985<br />

curso comercial e, mais tarde, o<br />

concorre pelo PSD à Junta de Fre-<br />

curso nocturno de electricidade. va de ganhar mais dinheiro e vol- co, co, a a máquina máquina de de lavar, lavar, o<br />

o Foz do Arelho ao Landal. “Os ca- ca- ca-<br />

mentou muito mais. Depois, com guesia de Nossa Senhora do Pó-<br />

Nessa altura já passava os dias tou a embarcar, estando na Mari- aquecimento, aquecimento, as as varinhas varinhas varinhas e e o<br />

o minhos minhos eram eram difíceis difíceis e e eu eu tinha<br />

tinha a difusão do gás natural começapulo e é eleito. Nunca mais de lá<br />

a trabalhar em electricidade na loja nha Mercante até 1969, altura em ferro ferro eléctrico, eléctrico, e e as as pessoas<br />

pessoas umauma carrinha carrinha Austin, Austin, onde onde leleram<br />

a perder o mercado dos prédi- saiu.<br />

da mãe, Maria Paula Oliveira, no que regressou às <strong>Caldas</strong> para tra- reagiam reagiam reagiam muito muito bem” bem”, bem” lembra. vava vava vava um um ou ou dois dois empregados<br />

empregados os, começando a expansão pelas Nos primeiros tempos diz que<br />

Bairro da Ponte. Era uma casa de balhar como electricista na loja de Havia lugares que não tinham ain- e e o o material material que que precisávamos<br />

precisávamos freguesias, onde este tipo de ins- era fácil conciliar as duas activida-<br />

electrodomésticos e instalações e electrodomésticos e instalações da electricidade e quando a “luz” para para trabalhar” trabalhar”, trabalhar” conta, lembrantalação ainda não chegou. des - autarca e comerciante – por-<br />

reparações eléctricas, mas Vasco eléctricas Inácio Abegão. lá chegava, era uma festa e o resdo que entravam na loja às 8h00, “É “É um um nicho nicho de de mercado, mercado, te- te- te- que a burocracia da Junta não era<br />

Oliveira lembra que electrodomés- Dois anos depois, a 15 de Maio ponsável da instalação era visto depois seguiam para o local de mosmosmos representantes representantes nas nas várivári-<br />

muita.<br />

ticos haviam muito poucos. “Pou- Pou- Pou- Pou- de 1971, estabelece-se por conta como um “herói”. Vasco Oliveira destino e voltavam às 18h00 porasas freguesias, freguesias, que que abasteceabasteceabastece- Mas em 1996 deixou o estabele-<br />

co co mais mais era era que que um um frigor frigorífi- frigor fifi própria, formando uma sociedade aproveitava essa alegria e mosque às 7h30 Vasco Oliveira tinha mos mos com com os os nossos nossos veículos” veículos”, veículos” cimento para estar a tempo intei-<br />

co” co”, co” lembra do tempo dos seus 14 com o amigo Alfredo Cera. O trestrava as vantagens que se podiam treino de futebol.<br />

disse, falando na primeira pessoa ro na Junta de Freguesia. Ficou a<br />

anos, quando aprendeu o ofício passe da então loja de electrodo- ter através da energia. “Normal- Normal- Normal- Normal- “A “A vida vida naquele naquele tempo tempo era era<br />

era do plural, apesar de, tecnicamen- esposa a geri-lo e há quatro anos<br />

com o pai e os funcionários da loja. mésticos José Verdasca e Verdia- mente mente o o o ferro ferro eléctrico eléctrico eléctrico ficava<br />

ficava diferente, diferente, não não havia havia férias”,<br />

férias”, te, já não ser proprietário da casa. deu o estabelecimento à filha<br />

Depois de completar o curso, no à sociedade Vasco e Cera Lda logo, logo, logo, assim assim como como o o fogão fogão a<br />

a conta o empresário, que se repar- De acordo com Vasco Oliveira, mais velha, Elisa Oliveira (45 anos)<br />

Vasco Oliveira concorreu à Escola custou na altura 150 contos (750 gás” gás”, gás” conta, adiantando que nestia entre o negócio, o futebol e a o gás tem sido lucrativo, mas é um para o gerir. O filho, Vasco Olivei-<br />

da Marinha Mercante. Tinha 18 euros) divididos pelos dois sócios sa altura trabalhava muito com a columbofilia (uma outra das suas tipo de negócio em que é “preci- “preci- “preci- ra, também é electricista e reside<br />

anos e vontade de conhecer o e, passados seis meses, quando o firma Manuel J Monteiro, de Lis- paixões que ainda hoje mantém). so so muito muito cuidado cuidado porque porque as<br />

as em Inglaterra.<br />

mundo, o que veio a acontecer sócio desistiu do negócio, Vasco boa, que lhe fornecia toda a mer- O aparecimento das grandes margensmargens de de lucro lucro são são pequepeque-<br />

entre 1958 e 1963, como oficial elec- Oliveira pediu emprestado ao bancadoria. superfícies, na década de 80 do nas nas nas e e é é é preciso preciso ser ser muito muito bem<br />

bem Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

tricista da Marinha Mercante. co a metade necessária para ficar “Lembro-me “Lembro-me de de uma uma vez vez ter<br />

ter século passado, com preços muito gerido gerido para para dar dar rentabilidade”<br />

rentabilidade”.<br />

rentabilidade” fferreira@gazetacaldas.com<br />

No entanto, não esteve todo com toda a empresa, que depois ficadoficado com com uma uma contraparticontraparti-<br />

mais baixos, levou Vasco Oliveira O empresário vê grandes dife


a personalizada caracterizam a Vasco Oliveira Lda.<br />

Remodelação para destacar mais<br />

a componente eléctrica<br />

A Vasco Oliveira Lda. mantém<br />

a mesma firma, mas a responsável<br />

é agora a filha do fundador,<br />

Elisa Oliveira, que detém<br />

90% das quotas, e um familiar.<br />

Elisa acumula agora as funções<br />

de mãe de família, advogada<br />

e empresária.<br />

“Sempre “Sempre me me conheci conheci aqui.<br />

aqui.<br />

Saía Saía Saía da da escola escola primária primária primária e e vi- vi- vi- vi- vinhanha<br />

para para a a loja loja onde onde era era o o lolo-<br />

cal cal cal de de encontro encontro da da família” família”, família”<br />

lembra, acrescentando que<br />

acompanhou de perto as quase<br />

quatro décadas da firma.<br />

Nos seus tempos livres sempre<br />

colaborou com a empresa<br />

e apreciava particularmente da<br />

parte do comércio. “Gostava Gostava<br />

muito muito do do atendimento atendimento directo<br />

directo<br />

ao ao público, público, do do contacto contacto contacto com com as<br />

as<br />

pessoas”,<br />

pessoas”, pessoas”, recorda Elisa Oliveira.<br />

“E “E tinha tinha jeito” jeito”, jeito” acrescenta o<br />

pai, que diz não ter sido talhado<br />

para o negócio, pelo que a<br />

filha “puxou “puxou à à à mãe” mãe”, mãe” conta.<br />

A agora empresária já tinha<br />

uma experiência profunda do<br />

ramo porque quando terminou<br />

o 12º ano entendeu que queria<br />

trabalhar e foi para o escritório<br />

da empresa. Passado algum<br />

tempo surgiu a UAL nas <strong>Caldas</strong><br />

e a jovem decidiu prosseguir<br />

os seus estudos, licenciando-se<br />

em Direito.<br />

A empresa continua a vender<br />

material eléctrico, mas já<br />

não faz reparações. “Vende- Vende- VendeVendemosmos os os produtos produtos de de iluminailumina-<br />

ção, ção, electrodomésticos electrodomésticos e e gás,<br />

gás,<br />

sendo sendo sendo que que o o maior maior maior volume volume de de<br />

de<br />

negóciosnegóciosnegócios da da sociedade sociedade é é a a disdis-<br />

tribuição tribuição de de gás” gás” gás”, gás” gás” conta Elisa<br />

Oliveira.<br />

Os clientes actuais continuam<br />

a ser os da cidade. Vendem<br />

o electrodoméstico ao cliente<br />

fiel, muitas vezes até pelo<br />

telefone. “Ele “Ele telefona-nos telefona-nos telefona-nos e<br />

e<br />

perguntapergunta se se temos temos determinadetermina-<br />

do do tipo tipo tipo de de electrodoméstico electrodoméstico e e<br />

e<br />

depois depois combinamos combinamos e e hora hora hora e<br />

e<br />

vamos vamos vamos entregar” entregar”, entregar” conta, acres-<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

O casal Rodrigues trabalha na<br />

firma há mais de 30 anos<br />

25<br />

1 | Outubro | 2010<br />

Na Na década década de de noventa noventa o o o pagamento pagamento da da luz luz à à EDP EDP era era feito feito na na loja loja loja de de Vasco Vasco Vasco Oliveira, Oliveira, o<br />

o O O interior interior do do do estabelecimento estabelecimento estabelecimento não não mudou mudou muito muito desde desde a a sua sua inauguração. inauguração. Por Por isso,<br />

isso,<br />

que que explica explica estas estas filas filas de de espera.<br />

espera.<br />

Elisa Elisa Oliveira Oliveira prevê prevê remodelá-lo remodelá-lo muito muito em em breve<br />

breve<br />

centando se trata de um tipo te te da da iluminação iluminação iluminação e e do do material<br />

material<br />

de comércio baseado na confi- eléctrico eléctrico”, eléctrico eléctrico conta, expectante<br />

ança.<br />

a empresária, que aceitou a<br />

No resto do concelho têm es- gestão da empresa com o obsencialmente<br />

os clientes do cojectivo de dar continuidade ao<br />

mércio do gás, entre revende- negócio da família.<br />

dores e restaurantes.<br />

“É “É uma uma uma empresa empresa familiar,<br />

familiar,<br />

Os empresários pretendem pequenina,pequenina, que que tem tem tem que que ser ser gege-<br />

fazer uma remodelação da loja, rida rida com com muita muita cautela, cautela, quase<br />

quase<br />

que mantém em grande parte à à à pinça” pinça”, pinça” diz Elisa Oliveira,<br />

o aspecto inicial. “Vamos Vamos man- man- man- destacando a importância de<br />

terter a a estrutura estrutura de de loja, loja, recurecu-<br />

cumprir com os fornecedores,<br />

perandoperandoperando o o que que existe, existe, mas mas tenten-<br />

mantendo a “imagem “imagem de de cre- cre- cre- cre- cretartar<br />

mostrar mostrar mais mais a a parte parte eléceléc-<br />

dibilidade dibilidade e e confiança confiança que que os os<br />

os<br />

tricatrica – – da da iluminação iluminação e e matemate-<br />

rial rial eléctrico”<br />

eléctrico”, eléctrico” explica Elisa<br />

Oliveira, que pretende manter<br />

meus meus pais pais sempre sempre deram deram à<br />

à<br />

casa”.<br />

casa”.<br />

Apesar da solidez desta so-<br />

O O casal casal António António e e Conceição Conceição Rodrigues Rodrigues trabalha trabalha na na mesma mesma firma. firma. Ele Ele é é o<br />

o<br />

funcionário funcionário mais mais antigo antigo da da da casa<br />

casa<br />

também a linha branca dos<br />

electrodomésticos, mas não<br />

tão expostos.<br />

“Queremos “Queremos apostar apostar mais mais na na<br />

na<br />

área área que que poderá poderá rodar rodar rodar mais.<br />

mais.<br />

Hoje Hoje em em dia dia as as pessoas pessoas mu- mumuciedade por quotas, a empresária<br />

reconhece que o comércio<br />

tradicional em Portugal<br />

está a passar por grandes dificuldades.<br />

“A “A concorrência concorrência é<br />

é<br />

muita muita muita e, e, por por vezes, vezes, desleal”,<br />

desleal”,<br />

António Rodrigues, de 56<br />

anos, começou a trabalhar<br />

como aprendiz na Vasco Oliveira<br />

Lda em 1971, três meses<br />

depois desta firma abrir. Na al-<br />

foram foram feitos feitos por por nós” nós”, nós” recorda<br />

o funcionário, especificando que<br />

o primeiro foi um edifício de 10<br />

andares junto ao Largo do Vaccum.<br />

de 53 anos, também ali trabalha,<br />

a atender ao balcão na loja.<br />

Nestes últimos 30 anos muitas<br />

têm sido as mudanças na<br />

casa e Conceição Rodrigues co-<br />

dam, dam, com com facilidade, facilidade, a a parte<br />

parte diz, acrescentando que o petura tinha 17 anos e há três Os trabalhadores juntavam-se nheceu-as bem. “Vendíamos<br />

Vendíamos<br />

dada instalação instalação eléctrica eléctrica na na própróqueno<br />

negócio sente tudo isso que trabalhava na Fábrica de de manhã na loja e depois partia muito muito material material eléctrico, eléctrico, fio,<br />

fio,<br />

pria pria casa, casa, e e materiais materiais como como os<br />

os<br />

interruptoresinterruptoresinterruptores e e e tomadas tomadas tomadas já já já fafafazemzemzem parte parte parte da da própria própria própria decoradecora-<br />

ção” ção” ção”, ção” disse, acrescentando que<br />

vão também apostar na iluminação.<br />

na pele porque as despesas são<br />

as mesmas e as receitas é que<br />

vão sendo menores.<br />

A empresa Vasco Oliveira<br />

Lda. conta agora com quatro<br />

funcionários, um deles ainda<br />

Faianças Belo, situada na Rua<br />

da Fé. Simultaneamente andava<br />

a tirar o curso de montador<br />

electricista na Escola Comercial<br />

e Industrial das <strong>Caldas</strong> à<br />

cada um para a sua obra, carregando<br />

os rolos de fita e o resto<br />

do equipamento. Já quando iam<br />

fazer serviço para as aldeias do<br />

concelho, Vasco Oliveira trans-<br />

tubos, tubos, candeeiros, candeeiros, e e a a linha<br />

linha<br />

branca,branca,branca, enquanto enquanto que que agoagorarara<br />

são são mais mais pequenos pequenos elecelec-<br />

trodomésticos”<br />

trodomésticos”, trodomésticos” disse. A funcionária<br />

lembra mesmo um Na-<br />

O projecto está feito e o do início. A outros, Vasco Oli- noite.<br />

portava-os na carrinha.<br />

tal em que “desapareceram”<br />

upgrade da loja deverá ter iníveira “deu-lhes a mão”, ensi- “Gostava “Gostava muito muito da da parte<br />

parte “Foram Foram tempos tempos difíceis, difíceis,<br />

difíceis, todos os frigoríficos e arcas<br />

cio durante este mês.<br />

“Estamos “Estamos na na expectativa<br />

expectativa<br />

para para para ver ver como como os os clientes clientes clientes nos<br />

nos<br />

vãovãovão abordar abordar e e e aceitar aceitar a a mumudança.dança.<br />

Na Na prática prática vamos vamos volvoltartartar<br />

ao ao início, início, ao ao retomar retomar a a parparnando-lhe<br />

o ofício e actualmente<br />

são electricistas credenciados.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

eléctrica, eléctrica, não não sei sei se se era era por<br />

por<br />

morar morar no no no Bairro Bairro da da Ponte<br />

Ponte<br />

junto junto à à à Central Central Eléctrica Eléctrica e<br />

e<br />

serser influenciado influenciado pelos pelos elecelecelec- tricistas tricistas que que andavam andavam andavam por<br />

por<br />

mas mas foi foi bom. bom. Se Se eu eu mudasse<br />

mudasse<br />

agora agora não não não sabia sabia fazer fazer outra outra<br />

outra<br />

coisa” coisa”, coisa” diz António Rodrigues,<br />

que actualmente também ajuda<br />

o colega na distribuição do gás.<br />

congeladoras da loja.<br />

Actualmente vendem também<br />

muito para as aldeias,<br />

nomeadamente para os “mais<br />

“mais<br />

velhotes, velhotes, que que não não gostam<br />

gostam<br />

CRONOLOGIA<br />

1937 1937 1937–<br />

Vasco Oliveira nas-<br />

electrodomésticos e instalações<br />

eléctricas Inácio Abegão.<br />

1971 1971 1971 – Vasco Oliveira e Al-<br />

ali ali de de um um lado lado para para o o outro<br />

outro<br />

de de escadas escadas às às costas” costas”, costas” disse<br />

o montador electricista que vive<br />

realizado com a sua profissão.<br />

“Há “Há serviços serviços que que se se justifica<br />

justifica<br />

ir ir duas duas duas pessoas pessoas e e quando quando<br />

quando<br />

estou estou mais mais livre livre vou vou apoiar apoiar o<br />

o<br />

meu meu colega colega pois pois há há há pessoas<br />

pessoas<br />

de de ir ir ir ao ao centro centro comercial”<br />

comercial”.<br />

comercial”<br />

Estes preferem ir à loja de<br />

sempre, onde conhecem os<br />

proprietários e sabem que são<br />

ce em Silves<br />

1947 1947- 1947 Vem para as <strong>Caldas</strong><br />

fredo Cera abrem uma loja de<br />

electrodomésticos<br />

Dos primeiros tempos lembra<br />

da azáfama do trabalho,<br />

que que que pedem pedem duas duas botijas botijas botijas para para<br />

para<br />

um um terceiro terceiro terceiro andar andar e, e, sendo<br />

sendo<br />

bem aconselhados. “Ainda Ainda Ainda<br />

hoje hoje vendi vendi um um esquentador<br />

esquentador<br />

com a família porque o pai vem 1972 1972- 1972 Alteração da socie- pois eram poucos electricistas, dois, dois, dois, reparte-se reparte-se reparte-se o o o trabalho” trabalho”, trabalho” trabalho” a a um um senhor senhor que que chegou chegou e<br />

e<br />

trabalhar nos serviços municidade para Vasco Oliveira, Lda. e das distâncias que percorri- explica o funcionário que ali tra- perguntou perguntou pelo pelo senhor<br />

senhor<br />

palizados<br />

1955 1955 1955 - Ingressa na Escola<br />

que passa a ter como sócios,<br />

com quotas iguais, o fundador<br />

am na cidade, a pé e com o<br />

material às costas.<br />

balha há 39 anos.<br />

A Vasco Oliveira Lda além de<br />

Vasco” Vasco”, Vasco” exemplifica Conceição<br />

Rodrigues, que gosta mui-<br />

da Marinha Mercante e tornou- e a esposa, Maria Rosa Oliveira “Nós “Nós “Nós fizemos fizemos muita muita insta- insta- insta- ser uma empresa familiar na to do trabalho que faz, espese<br />

oficial electricista<br />

1969 1969–<br />

Começa a trabalhar<br />

2006 2006-<br />

Elisa Oliveira tornase<br />

a sócia gerente da Vasco Oli-<br />

lação lação de de raiz raiz em em prédios.<br />

prédios.<br />

Nas Nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> praticamente<br />

praticamente<br />

gerência, é-o também ao nível<br />

dos funcionários. A esposa de<br />

cialmente do contacto com as<br />

pessoas.<br />

como electricista na loja de veira Lda.<br />

todos todos os os prédios prédios grandes<br />

grandes António, Conceição Rodrigues,<br />

F.F.<br />

F.F.


22<br />

8| Outubro | 2010<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Família Sousa - do vinho a granel às garrafeiras Bag<br />

O vinho une três gerações da família<br />

Sousa. José de Sousa Júnior<br />

(1915-1973), natural de Sancheira<br />

Grande (Óbidos), foi motorista e conduzia<br />

grandes camionetas, carregadas<br />

de vinho de um familiar que o<br />

vendia para o Norte, tendo feito muitas<br />

viagens sobretudo à zona do grande<br />

Porto.<br />

“Lembro-me Lembro-me que que ele ele saía saía da- dada- qui qui à à à meia-noite meia-noite e e chegava chegava lá lá às<br />

às<br />

sete sete ou ou oito oito da da manhã manhã”, manhã conta o<br />

filho Alfredo Sousa, de 68 anos, acrescentado<br />

que só voltava a ver o pai no<br />

dia seguinte, quando ele regressava,<br />

por volta das cinco da tarde.<br />

Ao transporte do vinho José de<br />

Sousa Júnior conseguiu, nos anos 40,<br />

juntar o seu próprio negócio tendo<br />

aberto na sua terra natal e com a<br />

ajuda da esposa, Maria Salomé Sabino<br />

(hoje com 89 anos) uma mercearia,<br />

que incluía também uma barbearia<br />

e uma taberna.<br />

O O fundador fundador da da empresa, empresa, José José de de Sousa Sousa Júnior, Júnior, abriu abriu o<br />

o<br />

seu seu próprio próprio próprio negócio negócio nos nos anos anos 40 40 quando quando ainda ainda conduzia<br />

conduzia<br />

camionetas camionetas camionetas com com vinho<br />

vinho<br />

José José Manuel Manuel de de Sousa, Sousa, neto neto neto do do fundador, fundador, com com os os pais, pais, Alfredo Alfredo de de Sousa Sousa e e Maria<br />

Maria<br />

Helena Helena da da Costa Costa Sousa<br />

Sousa<br />

“Vendíamos Vendíamos ali ali de de tudo, tudo, até até os<br />

os se Alfredo Sousa. Na taberna, o tinto venda do vinho a granel. Decide, en- empresário, acrescentando que às nove já constituição futura de uma famento todo automatizado, con-<br />

comprimidos<br />

comprimidos”, comprimidos recorda Alfredo e o branco comercializava-se ao copo tretanto vender a mercearia-taber- estava de volta às <strong>Caldas</strong> para descarregar garrafeira.<br />

tras as quais a firma caldense não<br />

Sousa, acrescentando que enquan- e ao garrafão. Os próprios clientes na-barbearia na Sancheira Grande, o vinho nos depósitos do seu armazém.<br />

conseguia lutar.<br />

to o pai andava no transporte do vi- vinham aviar-se trazendo os garra- onde começara a sua vida de comer- José de Sousa Júnior toma ainda a deci- JOTESSE FOI A MARCA DA Alfredo Sousa deixa então de<br />

nho, era a mãe que tomava conta do fões que enchiam a partir das cartociante.são de começar a engarrafar o vinho que<br />

CASA<br />

vender a granel e de engarrafar e<br />

negócio.<br />

las (barris que levavam 200 litros) Finalizada a tropa em 1967, Alfre- adquiria em Alcoentre, Cercal, Manique do<br />

passa a apostar apenas na comer-<br />

Estabelecidos na Sancheira Gran- para os levar para casa. “Não “Não havia<br />

havia do de Sousa vem ajudar o pai no Intendente, Mata de Porto Mouro e Relvas. Entre 1967 e 1973 pai e filho cialização de vinhos engarrafados.<br />

de, e tendo em conta a sua experiên-<br />

Em 1979 constitui-se uma nova<br />

cia com o vinho, José de Sousa Júnior<br />

e Maria Salomé Sabino decidem tornar-se<br />

também armazenistas e nos<br />

anos 60 compram nas <strong>Caldas</strong> uma<br />

A família Sousa possui duas garrafeiras nas <strong>Caldas</strong> da Rainha – Bago D’Ouro e Vinhos & Néctares. São<br />

os únicos com casa aberta no centro da cidade a dedicarem-se à venda de bebidas alcoólicas. Quem<br />

visita a Bago d’Ouro, na Rua Sebastião de Lima, não adivinha que aquele espaço já foi um local de<br />

firma, a Costa & Sousa, Lda. com a<br />

esposa e mãe, Maria Helena Costa<br />

Sousa e Maria Salomé Sabino, respectivamente.<br />

A mulher de Alfredo<br />

casa com quintal na Rua Sebastião armazenamento e de engarrafamento de vinho onde trabalharam já três gerações da família.<br />

Sousa há muito que trabalhava com<br />

de Lima. Mandam o edifício abaixo e Os Sousa agora dedicam-se apenas à venda de garrafas e é através da grande diversidade de “nécta- o marido no negócio.<br />

constroem de raiz o armazém de vires”, do atendimento personalizado e da entrega ao domicílio, nas <strong>Caldas</strong> e arredores, que fazem<br />

Em 1983 abrem a garrafeira Bago<br />

nho e dois apartamentos para a fa- frente à concorrência das grandes superfícies.<br />

d’Ouro, aproveitando o facto do armília<br />

no primeiro e segundo andar.<br />

mazém ter uma boa frente para a<br />

Em simultâneo o casal compra<br />

Rua Sebastião de Lima.<br />

uma mercearia e taberna na esquidiasdiasdias de de descanso, descanso, trabalhavatrabalhava-<br />

negocio até porque, durante o servi- “Engarrafávamos “Engarrafávamos tudo tudo à à mão, mão, sob sob a a<br />

a vendiam garrafões de cinco “Esta Esta é é uma uma vida vida dedicada dedicada ao<br />

ao<br />

na da Rua do Sacramento com a Rua se se de de segunda segunda a a segunda” segunda”, segunda” conço militar, tirou a carta de pesados. marca marca Jotesse Jotesse [JS de José de Sousa].” Al- litros com a marca Jotesse e vinho vinho vinho e e tento tento estar estar por por dentro<br />

dentro<br />

Sebastião de Lima, muito próximo ta.<br />

Era pois vê-lo sair das <strong>Caldas</strong>, às seis fredo Sousa conta que vendia muito vinho nos final dos anos 70 também dosdosdos vários vários assuntos assuntos relacionarelaciona-<br />

do futuro armazém.<br />

O armazém do vinho fica pronto e meia da manhã, ao volante da ca- para a zona da Anadia e, em troca, come- passaram a engarrafar aguardosdos com com o o tema, tema, seja seja a a utilizautiliza-<br />

“Naquele Naquele tempo tempo vendia-se<br />

vendia-se em 1967 e possui uma capacidade de mioneta Bedford, de sete toneladas. çaram também a adquirir bebidas já endente - a Cantomar (branca) ção ção das das novas novas tecnologias, tecnologias, seja<br />

seja<br />

bem bem o o o vinho vinho vinho e e não não havia havia tanta<br />

tanta armazenamento de 150 mil litros. José “Íamos Íamos directamente directamente aos aos produ- produ- produ- garrafadas, num golpe de vista do patriar- e a Contente (amarela). as as as novas novas castas castas ou ou quais quais são<br />

são<br />

concorrência concorrência como como agora agora”, agora dis- de Sousa Júnior dedicava-se agora à tores tores acartar acartar o o vinho vinho”, vinho lembra o ca que abria, no fundo, caminho para a “Comprávamos “Comprávamos no no pro- pro- pro- pro- os os melhores melhores anos<br />

anos”, anos<br />

disse este em-<br />

dutor dutor e e engarrafava-se engarrafava-se cá,<br />

cá, presário que agora dá uma ajuda<br />

tal tal como como como fazíamos fazíamos com com o<br />

o ao filho na empresa.<br />

vinho vinho vinho branco branco branco e e e tinto tinto”, tinto tinto con- Alfredo Sousa acha que o sector<br />

ta. Diz que a zona das <strong>Caldas</strong> hoje “está está está mais mais parado parado parado pois pois as<br />

as<br />

era boa produtora de branbebidasbebidas não não são são artigos artigos de de pripricos,<br />

mas os tintos tinham que meira meira necessidade necessidade e e por por isso isso as as<br />

as<br />

vir do Manique do Intendente pessoas pessoas retraem-se<br />

retraem-se”. retraem-se Segundo<br />

ou de Alcoentre.<br />

este responsável, as vendas deve-<br />

“A “A qualidade qualidade sempre sempre foi<br />

foi rão ter decrescido nos últimos anos<br />

fundamental,fundamental, é é a a verdaverda-<br />

na ordem dos 10%.<br />

deira deira deira alma alma do do negócio negócio negócio”, negócio negócio Na sua garrafeira Bago d’Ouro<br />

contou o empresário, que hoje, aposta numa grande variedade de<br />

aos 68 anos, dá uma ajuda ao bebidas pois se não fosse essa diver-<br />

filho José de Sousa, que está sidade “não nãonão conseguiríamos conseguiríamos soso-<br />

à frente desta empresa fami- breviver” breviver”, breviver” acrescentou. Tentam<br />

liar.<br />

também ter os melhores preços para<br />

Em 1973 o patriarca, José os seus clientes pois como compram<br />

de Sousa Júnior, morre aos 58 tudo o que podem na origem (em<br />

anos em consequência de herdades alentejanas, por exemplo)<br />

uma trombose. Alfredo Sou- conseguem bons preços para o clisa<br />

e a mãe prosseguem o neente final.<br />

gócio, ficando agora a firma Qual é o segredo do negócio? “É<br />

designada José de Sousa Jú- trabalhar trabalhar com com seriedade seriedade e e não<br />

não<br />

nior Herdeiros.<br />

andar andar com com com trafulhices trafulhices”, trafulhices rematou<br />

Estava-se nos anos 80 e a<br />

concorrência era cada vez<br />

Alfredo Sousa.<br />

Alfredo Alfredo Sousa Sousa e e e Maria Maria Helena Helena Helena Costa Costa no no dia dia do do seu seu casamento, casamento, em em 7/02/1965, 7/02/1965, à à à porta porta do do armazém armazém onde onde realizaram<br />

realizaram<br />

realizaram maior pois havia empresas Natacha Natacha Narciso<br />

Narciso<br />

a a a boda boda boda e e e numa numa foto foto actual, actual, no no mesmo mesmo sítio, sítio, hoje hoje garrafeira garrafeira Bago Bago d’Ouro<br />

d’Ouro<br />

com o processo de engarra- nnarciso@gazetacaldas.com


o D’Ouro e Vinhos & Néctares<br />

Atendimento personalizado e entregas<br />

ao domicílio distinguem a casa<br />

José Manuel de Sousa tem 44 anos<br />

e dirige o negócio iniciado pelo avô.<br />

Guarda na memória as idas com o<br />

pai a localidades como Tagarro,<br />

Cercal e Manique do Intendente<br />

para fazer negócio com os produtores<br />

do vinho. Era aos domingos que<br />

fazia estas viagens, quando tinha<br />

10 anos e lembra-se quando as adegas<br />

não tinham bombas eléctricas<br />

e era preciso usar uma bomba manual<br />

para fazer a trasfega do vinho<br />

para a camioneta. Feito o trabalho,<br />

“havia havia sempre sempre um um lanchinho lanchinho lanchinho de<br />

de<br />

pão pão com com um um bom bom chouriço chouriço que<br />

que<br />

nosnos davam davam as as as pessoas pessoas das das alal-<br />

deias deias”, deias disse o empresário.<br />

Tal como pai, os estudos também<br />

não eram o seu forte e, apesar<br />

de ter tentado concluir o ensino secundário<br />

à noite, acabou por desistir<br />

e por se agarrar ao negócio da<br />

família. Entre os 16 e os 18 anos<br />

começou como ajudante na distribuição<br />

na empresa que hoje dirige.<br />

Ainda entre 1993 e 1997 teve, com<br />

a sua esposa, Alexandra Sousa, um<br />

bar no Painho (Cadaval), que fez na<br />

adega da casa que lhe deixou a avó.<br />

“Só Só Só trabalhávamos trabalhávamos ao ao fim fim de<br />

de<br />

semana semana”, semana contou sobre o Pipas Bar.<br />

José e Alexandra gostaram muito<br />

desta experiência e dizem que não<br />

está fora de questão regressarem<br />

um dia a um projecto deste tipo.<br />

Na garrafeira Bago d’Ouro vendem<br />

aguardentes velhas, whiskys,<br />

licores (ginja sai bem) e vinhos engarrafados<br />

do Douro, do Alentejo,<br />

do Ribatejo apesar dos Dãos e da<br />

região Oeste estarem muito em<br />

voga.<br />

“Uma Uma Uma das das áreas áreas mais mais fortes<br />

fortes<br />

é é o o vinho vinho vinho do do Porto” Porto” Porto”, Porto” disse o empresário,<br />

contando que a garrafa<br />

mais antiga que possui é de 1890 e<br />

custa cerca de 1300 euros.<br />

A revenda – para restaurantes e<br />

cafés - é uma parte importante do<br />

negócio da empresa representando<br />

70% do volume de negócios que<br />

José de Sousa prefere não revelar.<br />

“Vejo Vejo hoje hoje as as coisas coisas mais mais di- didifíceis,fíceis, não não só só por por causa causa da da muimuitata<br />

concorrência, concorrência, como como por por caucau-<br />

sa sa sa da da própria própria situação situação do do pais”,<br />

pais”,<br />

disse o empresário, que continua a<br />

ter clientes de Peniche, Nazaré ou<br />

S. Martinho.<br />

José de Sousa diz que têm bons<br />

preços para os seus clientes e que<br />

aposta no atendimento personalizado<br />

e nas entregas ao domicílio<br />

nas <strong>Caldas</strong> e arredores como elementos<br />

diferenciadores que lhes<br />

permite enfrentar a concorrência<br />

das grandes superfícies. “Somos<br />

“Somos<br />

também também muito muito procurados procurados por por<br />

por<br />

causacausa dos dos portos portos e e das das das aguaraguardentes.dentes.<br />

Aconselhamos Aconselhamos os os nosnossossos<br />

clientes clientes e e e temos temos sempre sempre sempre nono-<br />

vidades vidades vidades”, vidades contou José de Sousa.<br />

“Temos Temos clientes clientes com com quem<br />

quem<br />

trabalhamos trabalhamos há há mais mais de de 20 20 anos<br />

anos<br />

ee já já sabemos sabemos que que lote lote de de bebibebidasdasdas<br />

pretendem pretendem quando quando orgaorgaorga- nizam nizam uma uma festa festa”, festa contou o responsável,<br />

acrescentando que também<br />

organizam com regularidade<br />

jantares vínicos em restaurantes da<br />

cidade.<br />

O próximo projecto da Bago<br />

d’Ouro será a abertura de uma sala<br />

dedicada à prova de vinhos, em colaboração<br />

com os produtores, no<br />

local onde antes tinham os depósitos<br />

do vinho.<br />

A empresa Costa & Sousa assegura<br />

neste momento cinco postos<br />

de trabalho entre os sócios-gerentes,<br />

os vendedores e os distribuidores.<br />

Além Além do do vinho vinho também também a a aguardente aguardente era era engarrafada engarrafada naquele naquele naquele espaço espaço<br />

espaço<br />

com com as as marcas marcas Cantomar Cantomar e e Contente Contente<br />

Contente<br />

Vinho e produtos gourmet no coração da cidade<br />

CRONOLOGIA<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

23<br />

8 | Outubro | 2010<br />

A A família família família deixou deixou o o negócio negócio dos dos vinhos vinhos a a granel granel e e passou passou a a a dedicar-se dedicar-se à à à comercialização comercialização de de bebidas bebidas engarrafadas<br />

engarrafadas<br />

“Vinhos & Néctares” é como se designa a segunda garrafeira<br />

da firma Costa & Sousa, que é gerida por Alexandra, esposa de<br />

José de Sousa. A loja fica na rua Heróis da Grande Guerra onde<br />

anteriormente a empresária tinha uma loja de roupa. Além dos<br />

vinhos têm várias propostas gourmet como patés, massas ou<br />

azeites. A loja proporciona cabazes e ofertas em que o vinho é<br />

associado a outros produtos.<br />

“A “A comida comida sempre sempre esteve esteve associada associada associada ao ao ao vinho” vinho” vinho”, vinho” vinho” comentou<br />

a empresária, que já conta com a ajuda da sua filha mais<br />

velha para realizar os presentes.<br />

Há outro aspecto curioso. Alexandra Sousa tenta sempre ter<br />

produtos nacionais, desde os doces às conservas “até “até porque<br />

porque<br />

o o o que que que cá cá se se faz faz tem tem muita muita qualidade”<br />

qualidade”.<br />

qualidade”<br />

qualidade”<br />

A clientela é diversificada e no verão há muitos estrangeiros<br />

que gostam de conhecer os vinhos da região e também consomem<br />

produtos de gama média alta. “Há Há a a ideia ideia ideia de de que que ven- venvendemosdemos sobretudo sobretudo vinhos vinhos caros, caros, mas mas esta esta esta não não correscorres-<br />

ponde ponde à à à realidade realidade pois pois temos temos aqui aqui de de tudo tudo dos dos vários<br />

vários<br />

segmentos<br />

segmentos”, segmentos acrescentou a empresária. Tal como na Bago<br />

d’Ouro, esta garrafeira aposta forte na variedade dos vinhos<br />

do Porto “que “que “que temos temos para para para todos todos os os gostos gostos e e bolsas bolsas”, bolsas rematou.<br />

Alexandra Alexandra Sousa Sousa Sousa e e a a filha filha filha mais mais mais velha velha na na loja<br />

loja<br />

gourmet gourmet gourmet que que fica fica na na Rua Rua Heróis Heróis da da Grande Grande Grande Guerra<br />

Guerra<br />

N.N.<br />

N.N.<br />

Uma Uma das das primeiras primeiras garrafas garrafas com com a a marca marca Jotesse<br />

Jotesse<br />

pirogravada, pirogravada, usada usada no no tempo tempo do do pai pai de de de Alfredo Alfredo Sousa Sousa<br />

Sousa<br />

Anos Anos 40 40-<br />

José de Sousa Júnior abre mercearia,<br />

barbearia e taberna na sua terra natal.<br />

Como motorista, transporta vinho de um familiar<br />

para o Grande Porto.<br />

1960 1960 - Vendem o negócio na Sancheira e<br />

transferem-se para as <strong>Caldas</strong>, ficando com<br />

mercearia e taberna. Em simultâneo aposta<br />

na construção do armazém de vinho com capacidade<br />

para 150 mil litros. Passam também<br />

a engarrafar o vinho com a marca Jotesse.<br />

1973 1973 – Morre José de Sousa Júnior e a empresa<br />

passa a chamar-se José de Sousa Júnior<br />

Herdeiros<br />

1979 1979 – Constitui-se a firma Costa & Sousa<br />

Lda. que tem como sócios Alfredo Sousa, a<br />

mulher Maria Helena Rodrigues da Costa Sousa<br />

e a sua mãe Maria Salomé Sabino. Passam<br />

também a engarrafar as aguardentes Cantomar<br />

e Contente.<br />

1983 1983–<br />

Abertura da garrafeira Bago d’Ouro.<br />

2005 2005 – Entra para a empresa o filho José<br />

Manuel Rodrigues de Sousa que fica com a<br />

quota da avó. O capital social é de 5.486,77<br />

euros.<br />

2006 2006- 2006 2006 Abre a Vinhos & Néctares na Rua Heróis<br />

da Grande Guerra


22<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

15 | Outubro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Zé do Barrete – a história de uma família de Alvornin<br />

Os últimos clientes saem por<br />

volta das 23h00. É nessa altura<br />

que César Santos e a mulher<br />

abandonam a cozinham e se<br />

juntam ao irmão, José Luis, e à<br />

cunhada, que andaram a servir<br />

às mesas. É assim que repartem<br />

a tarefa: César procura dar<br />

seguimento à cozinha tradicional<br />

portuguesa que aprendeu<br />

com a mãe e José ocupa-se dos<br />

clientes.<br />

Ao fim da noite a pausa dura<br />

pouco. Uma garrafinha de água,<br />

um licor e ala que se faz tarde<br />

porque é preciso ainda arrumar<br />

o restaurante e deixá-lo preparado<br />

para o dia seguinte.<br />

Mas hoje o serão é para contar<br />

memórias. Os dois irmãos<br />

estão lado a lado e não enganam<br />

- são mesmo parecidos.<br />

Falam da Alvorninha onde nasceram,<br />

mas da qual guardam<br />

pouca memória porque vieram<br />

ainda crianças para as <strong>Caldas</strong>.<br />

Alvorninha, ano de 1946. Gracinda<br />

Maria Correia tem 16 anos<br />

e nunca tinha cozinhado para<br />

tanta gente. É o primeiro casamento<br />

que faz como cozinheira,<br />

tarefa que haveria de a arrancar<br />

ao trabalho do campo. Durante<br />

anos a fio, cozinha para<br />

casamentos e baptizados, que<br />

naquele tempo e naquele meio<br />

se realizavam sobretudo nas<br />

casas das pessoas, nas adegas<br />

e nas garagens. Virá a casar já<br />

tarde (sobretudo para os padrões<br />

da época) com quase 30<br />

anos, com um rapaz da sua idade,<br />

Raul dos Santos, tal como<br />

ela, nascido em 1930 e natural<br />

da mesma terra.<br />

Nos anos sessenta, em Alvorninha<br />

não havia muitas mais<br />

profissões e Raul é, como quase<br />

toda a gente, agricultor. Mas élhe<br />

detectada uma artrose, doença<br />

nada compatível com o trabalho<br />

do campo.<br />

O casal, já com três filhos (César,<br />

José Luís e Armando),<br />

muda-se para a cidade. E Gracinda<br />

aproveita para concretizar<br />

um sonho antigo – ter um<br />

restaurante onde possa cozinhar<br />

para os clientes, até porque<br />

nunca largara essa activi-<br />

Raul Raul e e Gracinda Gracinda com com os os os filhos filhos filhos José José Luís, Luís, Armando Armando Jorge<br />

Jorge<br />

e e César César Manuel<br />

Manuel<br />

dade e chegara até a montar<br />

uma tasquinha na feira da Rio<br />

Maior.<br />

Em 27 de Dezembro de 1966,<br />

por 40 contos (200 euros) Raul e<br />

Graciete tomam então de trespasse<br />

o Zé do Barrete, a já fa-<br />

Quem os conhece diz que se dão como irmãos. É uma redundância porque César e José são, de facto,<br />

irmãos. Mas mais do que isso, são amigos e sócios. Tomam conta de uma das mais antigas casas de<br />

restauração caldense, o mesmo negócio com que os pais ganharam o sustento para os criar e que eles<br />

agora mantém, adaptando-o a outros tempos. Esta é a história do Zé do Barrete, o restaurante que<br />

começou por ser uma taberna nos anos quarenta, quando José Faustino Leal, vindo de Vila Nova<br />

(Alvorninha) comprou a antiga carvoaria que havia na Travessa Cova da Onça. O estabelecimento<br />

haveria de sofrer vários trespasses até chegar às mãos de Raul dos Santos e Gracinda Correia, em 27<br />

de Dezembro de 1966, que por sua vez o legariam aos filhos em 1985.<br />

mosa taberna e casa de pasto<br />

da Travessa Cova da Onça. Não<br />

perdem tempo e fazem obras.<br />

Ampliam espaços, constróem<br />

um forno e dão um cunho pessoal<br />

ao projecto que abraçaram.<br />

A mulher trata da cozinha e o<br />

marido serve os clientes. Mas é<br />

ela a alma do negócio. Com 43<br />

anos completa a 4ª classe (num<br />

tempo em que não havia Novas<br />

Oportunidades e era mesmo<br />

necessário estudar-se para se<br />

passar no exame) e tira a carta<br />

de condução. Raul (que faleceu<br />

em 2003) apenas sabia assinar o<br />

seu nome, mas os clientes recordam-no<br />

como a face visível<br />

do Zé Barrete, um homem cheio<br />

de boa vontade e simpatia, um<br />

autêntico relações públicas.<br />

A par deste negócio, o casal<br />

aproveita tudo o que pode para<br />

arredondar os rendimentos. Aluga<br />

quartos aos aquistas que demandam<br />

o Hospital Termal, Graciete<br />

lava a roupa aos militares<br />

do RI 5 (hoje ESE) e Raul arranja<br />

um ocupação diária curiosa – vai<br />

O O restaurante restaurante sofreu sofreu sucessivas sucessivas modificações modificações e e hoje hoje nada nada resta resta resta da da da antiga antiga antiga casa casa de de pasto<br />

pasto<br />

José José Luís, Luís, Luís, Ana Ana Paula, Paula, Gracinda Gracinda Correia, Correia, César César e e Rymma Rymma Tupchiy<br />

Tupchiy<br />

numa motorizada ao quartel<br />

buscar as refeições ali cozinhadas<br />

para os reclusos da cadeia<br />

das <strong>Caldas</strong>.<br />

No dia 16 de Março de 1974,<br />

com o país à beira de uma revolução<br />

que abortou, o quartel das<br />

<strong>Caldas</strong> está cercado e não o deixam<br />

passar. Raul, que nada percebia<br />

de política, insistia em furar<br />

o cerco para ir buscar a comida.<br />

Dizia que os presos tinham<br />

de comer e teimava em dirigirse<br />

ao quartel. Impedido de o fazer,<br />

voltou para trás, foi falar com<br />

o director da cadeia e arranjou a<br />

solução. Naquele dia os reclusos<br />

comeram ovos estrelados com<br />

arroz e salsichas, tudo cozinhado<br />

no Zé do Barrete.<br />

“Ainda “Ainda “Ainda me me lembro lembro de de ver ver<br />

ver<br />

uns uns uns panelões panelões enormes enormes enormes com<br />

com<br />

essa essa comida comida nesse nesse dia. dia. dia. Eu<br />

Eu<br />

tinha tinha 11 11 anos…” anos…”, anos…” conta José<br />

Luís Santos.<br />

Os três irmãos crescem entre<br />

o bulício do restaurante e as<br />

brincadeiras na Travessa Cova<br />

da Onça. E seguem diferentes<br />

caminhos. Armando, o mais<br />

novo, partiu para os Estados<br />

Unidos, onde vive e tem dois filhos.<br />

César quer seguir a carreira<br />

militar e vai para a tropa para<br />

Lisboa. José Luís dá por si a trabalhar<br />

como mecânico-electricista<br />

na F.A. Caiado (a fábrica<br />

de tomate e conservas, entretanto<br />

fechada, que tinha instalações<br />

na Estrada da Tornada e<br />

no centro das <strong>Caldas</strong>).<br />

Em 1980 o casal, que até então<br />

pagava renda pelo restaurante,<br />

compra o edifício por 850<br />

contos (4.240 euros). A vida não<br />

corre mal, apesar do intenso trabalho<br />

diário.<br />

Há aqui um momento em que<br />

parece que ninguém vai pegar<br />

no negócio da família, mas vai<br />

ser José Luis – que na verdade<br />

sempre continuou ligado ao restaurante<br />

a ajudar os pais – que<br />

toma uma decisão importante<br />

logo a seguir ao seu casamento<br />

com Ana Paula Marques, em<br />

1984. Na fábrica ganhava pouco<br />

e resolve que seria no Zé do<br />

Barrete que iria buscar o sustento<br />

para a família.<br />

O irmão César acompanha-o<br />

na aventura. Diz adeus à farda<br />

de furriel em Lisboa e regressa<br />

às <strong>Caldas</strong>, iniciando uma sociedade<br />

que, diz quem os conhece,<br />

parece abençoada, tal é o grau<br />

de sintonia entre os dois irmãos.<br />

Progressivamente os pais<br />

afastam-se e cedem-lhes o lugar,<br />

situação que é formalizada<br />

em 1985 com a atribuição da gerência<br />

aos dois filhos (o mais<br />

novo, Armando, emigrara para<br />

os Estados Unidos onde ainda<br />

hoje vive). A casa sofre remodelações<br />

logo nesse ano. E também<br />

em 1989 e em 2005. Da antiga casa<br />

de pasto já hoje nada resta e o<br />

estabelecimento é actualmente<br />

um restaurante vulgar, que guarda,<br />

contudo, um nome sonante e<br />

memórias que se cruzam com a<br />

história da cidade.<br />

Os dois irmãos são sócio-gerentes<br />

da firma Restaurante Zé<br />

do Barrete, Lda., formalmente<br />

criada em 1998 e que tem hoje<br />

um capital social de 5000 euros.<br />

A empresa, que tem um volume<br />

de negócios anual que ronda os<br />

200 mil euros, é composta pelos<br />

dois sócios-gerentes irmãos e<br />

três empregados: as respectivas<br />

mulheres e mais uma funcionária.<br />

A sociedade, porém, paga<br />

uma renda à Gracinda Maria<br />

Correia – Sociedade Unipessoal,<br />

esta sim, a verdadeira proprietária<br />

do imóvel.<br />

Carlos Carlos Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com


ha que veio viver para a Travessa Cova da Onça<br />

José Faustino Leal - o fundador<br />

José Faustino Leal comprou nos anos<br />

quarenta a carvoaria que existia na Travessa<br />

Cova da Onça, uma artéria discreta<br />

do centro da cidade que durante<br />

anos concentrou tabernas e casas de<br />

pasto, local também de muita circulação<br />

de burros e carroças de quem demandava<br />

a Praça da Fruta e guardava<br />

as “viaturas” numa cocheira que ali<br />

existia.<br />

Deste homem, natural de Vila Nova,<br />

na freguesia de Alvorninha, sabe-se<br />

que durante uns tempos colocava um<br />

barrete na cabeça, divertindo clientes<br />

e amigos. Fazia-o na brincadeira, mas<br />

a alcunha pegou e deu nome ao estabelecimento,<br />

atravessando todo o século<br />

XX e os sucessivos proprietários<br />

da então taberna com casa de pasto e<br />

hoje restaurante.<br />

Não foi possível reconstituir os vários<br />

donos do Zé do Barrete. Maria Amélia<br />

Ramos Paulo e César Tempero já o<br />

tomaram de trespasse a outro dono que<br />

não o fundador da casa. E quando decidiram<br />

largar o negócio, deixaram-no<br />

a uma senhora, de nome Emília, de Alcobaça,<br />

que em 1966 viria a trespassálo<br />

aos pais dos irmãos Santos.<br />

Parece que desde cedo o nome Zé<br />

do Barrete foi aceite como uma marca<br />

que os seus quatro sucessivos proprietários<br />

quiseram manter. É um nome<br />

saloio, ligado ao mundo rural, com raízes<br />

num tempo em que os barretes<br />

eram usados pelos homens do campo,<br />

mas também associado a boa mesa, a<br />

uma gastronomia caseira e a um serviço<br />

personalizado.<br />

No seu livro “Continuação”, João Bonifácio<br />

Serra, descreve com grande<br />

precisão as suas memórias dos últimos<br />

Barretes nos anos cinquenta:<br />

“Eram pretos, compridos e tinham uma borla na ponta. Embora já não fossem<br />

usados pela maioria dos camponeses, constituíam um símbolo respeitado por<br />

muitos, em especial os mais velhos. Punham-no de Verão e de Inverno e raramente<br />

o tiravam (para assistir à missa, passar junto a um cemitério ou acompanhar<br />

um funeral, cumprimentar pessoas de respeito, entrar em casa alheia).<br />

Quase sempre quem os usava tinha direito ao epíteto de Ti, que denunciava a<br />

idade e o respeito que inspirava. De dentro podiam sair várias pequenas surpresas.<br />

Do do Ti João Franco ou do Ti João Seco saíam duas carecas completamente<br />

lisas e completamente alvas, em contraste violento com a cara tisnada pelo sol<br />

e enrugada pelo tempo. Mas também podiam sair um maço de mortalhas e um<br />

pacotinho de tabaco, uma moeda e, mais raramente, uma nota, uma carta recebida<br />

de um parente longínquo ou de um organismo público, trazida para pedir a<br />

quem soubesse ler que decifrasse o que lá vinha escrito”<br />

A família Tempero no Zé do Barrete<br />

Qual o segredo do êxito?<br />

“A “A “A tradição tradição e e e o o nome” nome”, nome” responde<br />

José Luis. “A “A “A cozinha cozinha tradicional, tradicional, que<br />

que<br />

segue segue a a a linha linha da da da minha minha mãe” mãe”, mãe” responde<br />

César Santos. A localização bem<br />

no centro da cidade também conta,<br />

apesar de alguns se queixarem da dificuldade<br />

em estacionar. E também os<br />

clientes que frequentam a casa há mais<br />

de 30 anos.<br />

As especialidades da casa passam<br />

pelos peixes frescos grelhados, o cozido<br />

à portuguesa das quartas-feiras e<br />

os filetes de pescada fresca às quintas.<br />

A clientela não falta e a recessão<br />

não parece afectar o negócio.<br />

É claro que já houve tempos melhores,<br />

mas isso não tem a ver com a crise<br />

económica mundial. Antes com a cidade<br />

e com o que ela já foi. Nos verões de<br />

há 15 anos os irmãos lembram-se de a<br />

casa encher por completo ao meio-dia,<br />

depois às 13h00 e depois às 14h00. Eram<br />

os aquistas que vinham mais cedo, os<br />

emigrantes, os turistas, os caldenses.<br />

Grande parte da clientela vinha do Alentejo,<br />

de Elvas, Évora, Alandroal, Moura,<br />

e vinham aos banhos às <strong>Caldas</strong>. Isso<br />

agora acabou.<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

23<br />

15 | Outubro | 2010<br />

Acabou-se o pico do Verão e a fraca procura<br />

no Inverno<br />

CRONOLOGIA<br />

O restaurante esteve durante alguns<br />

anos aconselhado no Guide du Routard<br />

e José Luís conta que, graças a isso,<br />

era raro o dia em que não apareciam<br />

clientes franceses. Ao ponto de ter decorado<br />

a ementa da casa em francês.<br />

“Agora “Agora estamos estamos estamos pior pior no no no Verão Verão e<br />

e<br />

melhormelhor no no Inverno. Inverno. Antes Antes trabalhatrabalhava-seva-seva-se<br />

três três três meses meses bons bons bons e e procuraprocurava-seva-se<br />

aguentar aguentar isto isto durante durante o o o resres-<br />

to to do do ano. ano. Agora Agora não não há há picos. picos. É<br />

É<br />

maismais ou ou menos menos igual igual o o ano ano inteiintei-<br />

ro” ro”. ro” É isso que constata José Luís.<br />

Raul dos Santos morreu em 2003. Gracinda<br />

Correia, hoje com 80 anos e doente,<br />

ainda há poucas semanas tentava<br />

descascar umas batatas e ajudar os<br />

filhos, mas passa grande parte do tempo<br />

num lar. Tem quatro netos em Portugal<br />

e dois nos Estados Unidos, com idades<br />

entre os três meses e os 22 anos.<br />

Alguns já trabalham. Mas mais do que<br />

um, particularmente sensibilizado com<br />

a história da família, já disse que “o<br />

“o<br />

Zé Zé do do do Barrete Barrete Barrete não não pode pode morrer” morrer”. morrer”<br />

Maria Amélia Ramos Paulo (1928-2004) e César Mota Tempero (1928-2005) numa imagem do início da década de cinquenta. O casal esteve<br />

à frente do Zé do Barrete entre 1957 e 1960. César era empregado do café Zaira e a esposa assegurava o funcionamento, durante o dia, da<br />

então taberna e casa de pasto. A filha, Ida Amélia, que hoje trabalha no Registo Civil das <strong>Caldas</strong>, nasceu em 1957 nessa mesma casa. Nas fotos<br />

tem três meses e está à porta do estabelecimento ao colo do irmão, César Tempero, que então tinha seis anos e viria a ser muitos anos depois<br />

presidente da Junta de Freguesia dos Vidais. A foto da direita, também com a bebé Ida, é uma das poucas imagens antigas onde se pode ver<br />

uma parte do interior da casa do Zé do Barrete.<br />

C.C.<br />

C.C.<br />

1930 1930 - Nascem Raul dos Santos e Gracinda Ferreira, futuros proprietários<br />

do Zé do Barrete<br />

1966 1966 - O casal toma de trespasse a então taberna e casa de pasto<br />

1980 1980-<br />

Raul e Gracinda compram o edifício por 850 contos (4240 euros)<br />

1985 1985 - Os irmãos César e José Luís entram formalmente na gerência da<br />

casa, sucedendo aos pais<br />

1989 1989-<br />

Remodelação interior do estabelecimento<br />

1998 1998-<br />

Criação da firma Zé do Barrete, Lda. pelos irmãos César e José Luís<br />

2005 2005-<br />

Última remodelação do estabelecimento


24<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

22 | Outubro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Família Barosa – pais, filhos e um primo num negócio<br />

Nascido nas <strong>Caldas</strong> a 1 de Junho<br />

de 1931, Manuel de Sousa Barosa<br />

acabaria por ter que sair da<br />

sua terra natal aos 20 anos. A Segunda<br />

Guerra Mundial tinha acabado<br />

há pouco tempo e o emprego<br />

não abundava. “Eu “Eu fiz fiz parte parte<br />

parte<br />

da da juventude juventude que que abandonou<br />

abandonou<br />

asas suas suas raízes raízes para para ir ir à à à procuprocu-<br />

ra ra de de uma uma actividade”<br />

actividade”, actividade” conta<br />

mais de meio século depois.<br />

A busca de uma vida melhor levou-o<br />

a Moçambique. Durante 21<br />

anos, Manuel Barosa trabalhou na<br />

Caixa Económica e Postal e depois<br />

no Banco de Crédito Comercial e<br />

Industrial. Andou por Vila Gouveia<br />

(hoje Catandica), Beira e Lourenço<br />

Marques (hoje Maputo), sempre<br />

acompanhado pela esposa,<br />

Cesaltina Rosário Filipe Barosa. As<br />

notícias da sua terra chegavam-lhe<br />

pela <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> das das das das das Cal- Cal- Cal- Cal- <strong>Caldas</strong>,<br />

das das das das que a sua mãe comprava<br />

e lhe enviava pelo correio.<br />

Duas décadas depois de ter partido,<br />

Manuel Barosa decidiu voltar.<br />

“Cheguei “Cheguei à à conclusão conclusão que<br />

que<br />

estava estava estava errado errado em em estar estar lá” lá” lá”, lá” e<br />

acabou por voltar a Portugal em<br />

1973. Na altura mal adivinhava que,<br />

dois anos depois, a maioria dos<br />

portugueses que viviam em Moçambique<br />

regressariam em condições<br />

trágicas após a independência.<br />

“Como “Como resultado resultado resultado da da minha<br />

minha<br />

estadia estadia por por lá, lá, lá, a a única única riqueza<br />

riqueza<br />

que que trouxe trouxe foram foram dois dois filhos” filhos” -<br />

Luíz, nascido em 1958, e Jorge, que<br />

nasceu em 1970.<br />

“Eu “Eu lá lá era era bancário, bancário, mas mas não<br />

não<br />

queria queria voltar voltar para para a a banca,<br />

banca,<br />

nãonão era era que que alguém alguém me me tratastratas-<br />

se se mal, mal, mas mas mas eu eu entendia entendia que<br />

que<br />

aquilo aquilo aquilo para para mim mim era era pouco.<br />

pouco.<br />

Então Então Então acabei acabei por por por abrir abrir abrir uma<br />

uma<br />

empresa empresa em em Lisboa, Lisboa, ligado ligado a a<br />

a<br />

umum empresário empresário de de MoçambiMoçambi-<br />

que que da da pesca pesca de de camarão”<br />

camarão”.<br />

camarão”<br />

camarão”<br />

Manuel Barosa geria a delegação<br />

portuguesa da empresa Produmar,<br />

que também estava representada<br />

em Joanesburgo e que comercializava<br />

a marca Seastar. Um ano<br />

após ter voltado de Moçambique,<br />

o caldense já sabia o que era ter<br />

sucesso nos negócios.<br />

“Quando “Quando dei dei por por mim mim era era um um<br />

um<br />

dosdosdos três três importadores importadores de de caca-<br />

marão marão deste deste país” país”, país” lembra. E naquela<br />

altura a procura pelo marisco<br />

era tanta que “quando “quando che- cheche- gava gava o o barco barco a a a Lisboa Lisboa com com as as<br />

as<br />

10 10 10 ou ou 15 15 toneladas toneladas toneladas de de cama- camacamarão, rão, rão, estava estava tudo tudo tudo vendido. vendido. Era<br />

Era<br />

sósósó proceder proceder proceder à à entrega, entrega, factufactu-<br />

rar rar e e e esperar esperar pelos pelos prazos prazos de<br />

de<br />

pagamento”<br />

pagamento”.<br />

pagamento”<br />

Ainda que a empresa fosse em<br />

Lisboa, Manuel Barosa nunca perdeu<br />

a ligação às <strong>Caldas</strong>, onde voltava<br />

para fins-de-semana prolongados.<br />

Mas o 25 de Abril veio trocar<br />

as voltas ao empresário. “Com<br />

“Com<br />

toda toda a a trapalhada trapalhada trapalhada que que houve<br />

houve<br />

nesta nesta altura, altura, os os portugueses<br />

portugueses<br />

que que que estavam estavam em em Moçambique<br />

Moçambique<br />

vieram-sevieram-se embora embora e e esta esta emem-<br />

presa presa fechou. fechou. Na Na altura altura tinha tinha<br />

tinha<br />

Eugénio Eugénio Pego, Pego, Luíz, Luíz, Manuel, Manuel, Cesaltina Cesaltina e e Jorge Jorge Barosa Barosa no no dia dia em em que que foi foi foi criada criada a a Manuel Manuel Manuel de de Sousa Sousa Barosa, Barosa, Lda. Lda. e<br />

e<br />

numa numa imagem imagem imagem actual. actual. actual. Pais, Pais, filhos filhos e e um um primo primo mantêm-se mantêm-se à à à frente frente de de de um um negócio negócio que que ronda ronda os os 5 5 milhões milhões de de euros euros de<br />

de<br />

facturação<br />

facturação<br />

facturação<br />

seisseisseis arrastões arrastões de de pesca pesca de de caca-<br />

Cesaltina Cesaltina Cesaltina dava dava aqui aqui no no duro” duro”, duro” ca Olá na zona das <strong>Caldas</strong>. Enquan- Manuel Barosa. “Quando “Quando che- che- che- che- Pescados foi fundamental para que<br />

marão” marão”. marão”<br />

recorda o marido.<br />

to os vendedores da marca vendi- guei guei o o senhor senhor Barosa Barosa disse-me disse-me<br />

disse-me a empresa fosse cada vez mais<br />

Manuel ficou novamente sem Não foi preciso muito para que am aos comerciantes que tinham assim: assim: ‘Oh ‘Oh ‘Oh ‘Oh ‘Oh Pêgo, Pêgo, Pêgo, Pêgo, Pêgo, tens tens tens tens tens aqui aqui aqui aqui aqui um um um um um bem vista junto dos seus clientes.<br />

emprego. As portas da banca con- a garagem se tornasse pequena arcas da Olá, a família Barosa en- escritório’. escritório’ escritório’ escritório’ escritório’ . E E eu eu eu olhei olhei e e vi vi uma<br />

uma Paralelamente, a representação da<br />

tinuavam abertas, mas esta era demais para o negócio e Manuel carregava-se dos que não tinham. salinha salinha pequenina pequenina pequenina com com um<br />

um Olá também corria sobre rodas.<br />

uma opção que continuava a não Barosa decidiu fazer aquele que “O “O meu meu maior maior fornecedor fornecedor era,<br />

era, sofá sofá e e e pensei pensei ‘ele ‘ele ‘ele ‘ele ‘ele todo todo todo todo todo orgu- orgu- orgu- orgu- orgu- “Esta “Esta “Esta empresa empresa cresceu cresceu com<br />

com<br />

lhe agradar. Decidiu então valer- seria o primeiro armazém da gransimultaneamente,simultaneamente, o o meu meu maimai-<br />

lhoso lhoso lhoso lhoso lhoso com com com com com um um um um um escritório escritório escritório escritório escritório tão tão tão tão tão estasestasestas duas duas actividades actividades em em conconse<br />

dos conhecimentos que tinha de empresa que hoje se pode ver or or concorrente”<br />

concorrente”, concorrente” conta o pai Ma- pequenino, pequenino, pequenino, pequenino, pequenino, mas mas mas mas mas tudo tudo tudo tudo tudo bem, bem, bem, bem, bem, isto isto isto isto isto junto” junto” e à medida que o negócio<br />

granjeado no tempo que trabalhou no nº10 da Rua São João de Deus. nuel Barosa.<br />

funciona’”<br />

funciona funciona funciona funciona ’” ’”. ’”<br />

expandia, cresciam também as<br />

para a Produmar, “conhecimen-<br />

“conhecimen-<br />

“conhecimen- É também nessa altura que o filho Foi também neste ano que a em- Numa zona litoral um dos prin- instalações. Na altura, a Manuel<br />

tos tos tos a a nível nível internacional, internacional, do<br />

do mais velho decide ir trabalhar com presa deu início à transformação cipais obstáculos com que a em- de Sousa Barosa contava com sete<br />

mundo mundo dos dos congelados. congelados. Foi Foi aí<br />

aí os pais. “Eu “Eu queria queria estudar, estudar, mas<br />

mas de pescado congelado. “Fornecí- “Fornecí- “Fornecí- presa se deparou foi a aceitação trabalhadores. Era a D. Cesaltina<br />

quequeque aprendi aprendi onde onde é é que que estaesta-<br />

como como não não tinha tinha conseguido<br />

conseguido amos amos o o comércio comércio local local e e das das<br />

das dos clientes. “Não “Não “Não temos temos temos nada<br />

nada que orientava toda a parte de provamvam<br />

os os clientes, clientes, os os produtoprodutoproduto- entrar entrar na na na Faculdade Faculdade de de de Direito<br />

Direito redondezas redondezas e e já já na na altura altura altura com<br />

com a a ver ver com com o o peixe peixe de de de Peniche Peniche Peniche e<br />

e dução e facturação, o que aconte-<br />

res” res”. res” Voltou de vez para as Cal- dois dois anos anos anos seguidos… seguidos… Durante<br />

Durante uma uma grande grande diversidade diversidade de<br />

de Nazaré, Nazaré, nós nós recebemos recebemos o o pei- pei- pei- pei- ceu até que a empresa sentiu necessidade,<br />

em 1986, de implantar<br />

um sistema informático que agili-<br />

É numa garagem com cinco arcas frigoríficas que começa em 1975 a história de sucesso dos negócizasse todos os procedimentos.<br />

os da família Barosa. Regressado de Moçambique e após ter orientado em Lisboa uma empresa de “Quando Quando as as vendas vendas ultrapas- ultrapasultrapasimportação e venda de camarão, o caldense Manuel de Sousa Barosa decide arriscar um negócio por savam savam o o que que nós nós nós tínhamos<br />

tínhamos<br />

conta própria, tendo sempre ao seu lado a esposa, Cesaltina Barosa.<br />

No comando dos negócios juntam-se ao casal, 35 anos depois, os filho Luíz e Jorge, e o primo<br />

Eugénio Pêgo. E de uma pequena empresa em nome individual, o negócio dos Barosa transformouse<br />

num grupo de quatro empresas que factura anualmente cerca de cinco milhões de euros.<br />

embalado, embalado, embalado, tínhamos tínhamos que que fazer<br />

fazer<br />

serão. serão. Então Então eu eu eu ia ia para para casa<br />

casa<br />

fazer fazer jantar jantar para para todos todos e e só só<br />

só<br />

quandoquando se se se acabava acabava o o trabatrabalholho<br />

é é que que o o meu meu meu marido marido ia ia lelelevarvar as as raparigas raparigas que que trabalhatrabalhatrabalhadas e lançou-se num negócio de o o o Verão Verão pintei pintei o o armazém armazém armazém todo<br />

todo peixepeixe que que íamos íamos buscar buscar à à à GaGa-<br />

xe xe xe da da pesca pesca longínqua. longínqua. Mas<br />

Mas vam vam na na na embalagem embalagem a a casa, casa, às às<br />

às<br />

congelados. “Não “Não “Não havia havia nada<br />

nada sozinho sozinho e e e disse disse disse ao ao ao meu meu pai pai “eu “eu “eu “eu “eu fanhafanha da da Nazaré Nazaré e e a a importaimportaquandoquando<br />

íamos íamos oferecer oferecer o o nosnos-<br />

vezes vezes à à meia-noite, meia-noite, uma uma ou<br />

ou<br />

disto disto aqui” aqui”, aqui” lembra.<br />

vou vou vou vou vou trabalhar trabalhar trabalhar trabalhar trabalhar contigo”, contigo” contigo” contigo” contigo” conta dores dores de de Lisboa” Lisboa”. Lisboa” Peixe captu- so so peixe, peixe, os os os clientes clientes diziam:<br />

diziam: duas duas duas da da manhã” manhã”, manhã” lembra a mãe.<br />

Em Maio de 1975, Manuel de Luíz Filipe de Sousa Barosa, que rado na pesca longínqua, com esnãonãonão não não vale vale vale vale vale a a a a a pena pena pena pena pena que que que que que nós nós nós nós nós já já já já já rerererere- A década de 80 foi, de resto,<br />

Sousa Barosa regista-se como em- na altura tinha 20 anos.<br />

pecial destaque para a pescada. cebemos cebemos cebemos cebemos cebemos peixe peixe peixe peixe peixe de de de de de Peniche”, Peniche Peniche Peniche Peniche marcada por diversas obras. Conspresário<br />

em nome individual. O ne- “A “A “A partir partir partir daí daí as as coisas coisas mo- mo- mo- Luíz Barosa explica como se pro- lembra Manuel Barosa. “Demo- “Demo- “Demo- truíram-se mais câmaras e mais<br />

gócio começou na garagem da dificaram-se. dificaram-se. O O que que eu eu tinha<br />

tinha cessava a transformação, num rourou anos anos até até até que que os os nossos nossos clicli-<br />

pavilhões. Em 1987, a Manuel de<br />

casa do casal, um pequeno espa- era era uma uma brincadeira. brincadeira. brincadeira. Então, Então, fiz<br />

fiz processo que não difere muito do entesentes percebessem percebessem que que o o peipei-<br />

Sousa Barosa torna-se concessioço<br />

onde o empresário tinha cinco uma uma uma câmara câmara câmara frigorífica frigorífica com com 30<br />

30 método dos dias de hoje: “o “o peixe peixe<br />

peixe xexe que que os os penicheiros penicheiros lhes lhes venvennária<br />

oficial da Iglo/Olá “e “e dá-se<br />

dá-se<br />

arcas frigoríficas. Marido e mulher metrosmetrosmetros cúbicos cúbicos cúbicos de de de capacidacapacidacapacida- vinha vinha vinha em em blocos, blocos, congelado<br />

congelado<br />

congelado diam diam diam não não não era era era de de lá, lá, vinha vinha vinha do<br />

do um um um boom boom boom boom boom muito muito muito grande grande grande nas nas<br />

nas<br />

não tinham mãos a medir. Da ven- de de de e e e foi foi com com essa essa essa câmara câmara que que<br />

que emem alto alto mar mar mar em em em barcos-fábribarcos-fábri-<br />

mesmo mesmo sítio sítio que que que o o o nosso. nosso. nosso. É É É que que<br />

que vendas” vendas” vendas”, vendas” vendas” de tal forma que o emda,<br />

à entrega, passando pela em- arrancámos”<br />

arrancámos”. arrancámos”<br />

arrancámos” Uma câmara que ca. ca. Já Já Já aqui aqui era era desagregado,<br />

desagregado,<br />

desagregado, tirandotirando a a sardinha sardinha e e e o o o caracaracarapresário foi aconselhado a sepabalagem<br />

e facturação, tudo era as- ainda hoje existe, mas que está serrado, serrado, vidrado vidrado e e embalado.<br />

embalado. pau pau e e algum algum safio, safio, safio, eles eles não não têm têm<br />

têm rar juridicamente as duas vertensegurado<br />

pelos dois. E isto numa inactiva.<br />

Em Em 1979 1979 o o peixe peixe vendia-se vendia-se todo<br />

todo mais mais mais nada” nada”. nada”<br />

tes do seu negócio, o que aconte-<br />

altura em que “era “era “era tudo tudo tudo feito feito à<br />

à<br />

a a a granel” granel”. granel” E lembra-se do primei- Num país que é o terceiro do ce em 1988 com a entrada da mu-<br />

mão” mão”, mão” lembra Cesaltina Barosa, A CHEGADA DA OLÁ ro carro da empresa: uma carrinha mundo com o maior consumo de lher e dos filhos como sócios dos<br />

que se recorda bem das noites em<br />

Mini Ima.<br />

peixe per capita (apenas precedi- negócios. Tinha início uma nova<br />

que chegava a casa “às “às duas duas ou<br />

ou Em 1979 surge um convite que Quem também se recorda bem do pelo Japão e pela Islândia), “e “e<br />

“e era na empresa.<br />

trêstrês da da manhã, manhã, quando quando o o o tratra-<br />

iria definir o sucesso da empresa. destes tempos é Eugénio Viriato apesar apesar de de comermos comermos mais<br />

mais<br />

balho balho estava estava todo todo feito” feito”. feito” Os fi- A Manuel de Sousa Barosa foi de- Pêgo (nascido em 1946), um primo carne carne que que peixe” peixe”, peixe” salienta Luíz, Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

lhos ainda estudavam, e “a “a Dona Dona<br />

Dona safiada para ser a agente da mar- afastado que veio trabalhar com a qualidade dos produtos Barosa jfialho@gazetacaldas.com<br />

Manuel Manuel Barosa Barosa com com a a esposa esposa e e os os dois dois filhos, filhos, Jorge Jorge e<br />

e<br />

Luíz, Luíz, ainda ainda em em Lourenço Lourenço Marques Marques (hoje (hoje Maputo), Maputo), de de onde onde<br />

onde<br />

regressaram regressaram em em 1973<br />

1973<br />

As As instalações instalações actuais actuais da da empresa empresa familiar familiar estão estão estão longe longe da da pequena pequena pequena garagem garagem garagem onde onde tudo tudo começou começou começou há há 35 35 anos. anos. A<br />

A<br />

expansão expansão obedeceu obedeceu a a um um princípio princípio fundamental: fundamental: “primeiro “primeiro criam-se criam-se criam-se as as as necessidades, necessidades, depois depois investe-se”<br />

investe-se”<br />

investe-se”


de congelados que dura há 35 anos<br />

De um pequeno negócio a um grupo com quatro empresas<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

25<br />

22 | Outubro | 2010<br />

“Nós também contribuímos para o orgulho<br />

que é esta empresa”<br />

Treze anos depois de ter começado o seu pró- No conjunto das empresas da família Ba- Luíz. “Nós “Nós vendemos vendemos num num dia dia dia e e entre- entre- entreentreprio negócio na garagem da sua casa, em 1988, rosa conta-se um total de 42 trabalhadores. gamos gamos no no outro outro e e isso isso faz faz com com que que os os<br />

os<br />

Manuel Barosa é um empresário de sucesso. O E aqui está já incluído um neto, Francisco Banossosnossos clientes clientes nos nos vejam vejam vejam como como como parpar-<br />

êxito é partilhado com a família, a mulher Cesalrosa de 24 anos, que se vai inteirando dos ceiros ceiros de de negócio” negócio”. negócio”<br />

tina e os filhos Luíz e Jorge, que a par com o em- negócios ao mesmo tempo que se forma num E desde cedo perceberam que para que<br />

presário se tornam sócios da Manuel Barosa Lda, curso que tem tudo a ver com a actividade da isto fosse possível, teriam que se apoiar na<br />

criada especificamente para a comercialização família - Engenharia Alimentar.<br />

informática. “Fomos “Fomos os os primeiros primeiros a a apa- apaapade gelados. A transformação de pescado conti-<br />

recer recer no no mercado mercado com com pocket pocket pocket pocket pocket pc, pc pc pc pc , na<br />

na<br />

nuava a cargo da empresa em nome individual DEDICAÇÃO E OPTIMIZAÇÃO DE CUSTOS alturaaltura eram eram uns uns tijolos tijolos tijolos muito muito grangran-<br />

Manuel de Sousa Barosa.<br />

E PROCESSOS NA BASE DO SUCESSO des, des, os os vendedores vendedores não não gostavam<br />

gostavam<br />

Luíz já trabalhava com o pai há dez anos.<br />

nada nada daquilo, daquilo, mas mas nós nós ganhámos<br />

ganhámos<br />

ganhámos José José Franco Franco e e João João Pereira Pereira são são dois dois dos dos mais mais antigos<br />

antigos<br />

Jorge, com 18 anos nesta altura, estava a Em tempos de crise, o negócio da família muita muita muita rapidez rapidez e e muitas muitas horas horas de de sono” sono”, sono” sono” trabalhadores trabalhadores das das empresas. empresas. Dois Dois Dois membros membros de de uma uma equipa equipa de de 42<br />

42<br />

concluir o ensino secundário e só dois anos Barosa tem-se mostrado resistente. “Con- “Con- “Con- “Con- “Con- lembra o mais novo.<br />

colaboradores colaboradores que que lutam lutam por por um um só só objectivo<br />

objectivo<br />

mais tarde viria a integrar os quadros da<br />

empresa. O pai brinca: “ainda “ainda não não esta- estaesta- va va a a trabalhar trabalhar e e já já era era sócio, sócio, isto isto não<br />

não<br />

é é para para toda toda toda a a a gente” gente”. gente” Logo o filho replica:<br />

“não “não trabalhava trabalhava a a tempo tempo inteiro,<br />

inteiro,<br />

mas mas vinha vinha vinha para para cá cá nas nas férias férias desde<br />

desde<br />

os os 13 13 anos” anos”. anos”<br />

As duas empresas não param de crescer<br />

em dimensão e em volume de negócios. Já<br />

com Luíz e Jorge inteiramente dedicados ao<br />

negócio, surge uma nova empresa – a Manuel<br />

de Sousa Barosa Lda, criada em 1994 para<br />

a vertente de transformação e comercialização<br />

de pescado, que conta com os quatro<br />

membros da família Barosa e com Eugénio<br />

Pêgo como sócios. O primo torna-se, também<br />

neste ano, sócio da Manuel Barosa Lda.<br />

A Manuel de Sousa Barosa, com que tudo<br />

começou há 35 anos, nunca foi extinta. A empresa<br />

mantém-se no activo, alugando as câmaras<br />

frigoríficas às duas sociedades de<br />

responsabilidade limitada que integram os<br />

negócios da família. Em 2006 é criada uma<br />

nova empresa – a Gelados e Mimos, que dá<br />

nome à geladaria que a família tem em S.<br />

Martinho do Porto.<br />

As obras nas instalações das empresas<br />

foram-se fazendo sempre que havia necessidade.<br />

Hoje o grupo tem oito câmaras, a última<br />

das quais construída em 2008, o que lhes<br />

garante uma capacidade de 3.000 metros cúbicos<br />

de frio negativo. “Não “Não há há nada nada aqui<br />

aqui<br />

à à volta volta que que se se lhe lhe lhe compare” compare”, compare” compare” afiançam<br />

os responsáveis. E foi precisamente esta capacidade<br />

de frio que “permitiu “permitiu que que nos nos úl- úlúltinuamostinuamos a a honrar honrar os os nossos nossos comprocompro-<br />

missos, missos, a a pagar pagar a a trabalhadores trabalhadores e e a<br />

a<br />

fornecedores fornecedores a a tempo tempo e e horas horas e e não<br />

não<br />

estamos estamos dependentes dependentes dos dos bancos. bancos. A<br />

A<br />

bancabanca é é um um parceiro parceiro nosso, nosso, mas mas nunnun-<br />

ca ca foi foi nosso nosso sócio” sócio”, sócio” sócio” congratula-se Manuel<br />

Barosa.<br />

O sucesso das suas empresas é como um<br />

puzzle, composto por várias peças. Uma delas,<br />

a qualidade dos produtos. A outra, a referida<br />

independência da banca (a empresa<br />

cresceu quase sempre em auto-financiamento).<br />

Mas há outro aspecto fundamental:<br />

“a “a empresa empresa empresa capitaliza, capitaliza, não não distribui” distribui”,<br />

distribui”<br />

e os lucros foram-se acumulando, permitindo<br />

enfrentar os tempos mais difíceis com<br />

algum à vontade.<br />

Outra preocupação foi “estrangular<br />

“estrangular<br />

tudotudo o o que que eram eram custos custos - - foi foi tudo tudo rerenegociado,negociado,negociado,<br />

da da parte parte eléctrica eléctrica eléctrica aos aos serserserviçosviços que que contratamos, contratamos, dos dos combuscombustíveistíveis<br />

às às lâmpadas lâmpadas que que temos temos nas nas insinstalações.talações.<br />

E E isto isto não não acaba. acaba. É É um um eses-<br />

quema quema que que tem tem que que estar estar estar sempre sempre em<br />

em<br />

cima cima da da mesa” mesa”, mesa” mesa” salienta Jorge Barosa. E<br />

para salvaguardar o seu stock, a empresa é<br />

hoje auto-suficiente durante três dias, com<br />

geradores alimentados a combustível.<br />

Não menos importante que tudo isto é a<br />

dedicação e o empenho de todos os sócios<br />

“que “que servem servem a a empresa, empresa, e e não não o o o con- con- concon- trário” trário”. trário” Está sempre alguém da gerência<br />

presente e todos os processos são acompanhados<br />

de perto pelos responsáveis, que<br />

todos os dias são os primeiros a chegar e os<br />

Os dois irmãos são unânimes quando dizem<br />

que as empresas da família são muito<br />

bem vistas, tanto junto dos seus clientes como<br />

dos seus fornecedores, sobretudo no país vizinho,<br />

onde vão buscar muito do peixe que comercializam.<br />

“Em “Em Espanha Espanha somos somos con- concon- siderados, siderados, em em termos termos de de respeito,<br />

respeito,<br />

umas umas das das três três melhores melhores empresas empresas de<br />

de<br />

Portugal, Portugal, e e isso isso é é um um um motivo motivo motivo de de orgu- orguorgulholholho muito muito grande. grande. Não Não temos temos a a dimendimen-<br />

são são são que que outras outras têm, têm, mas mas em em termos termos de de<br />

de<br />

respeito respeito estamos estamos muito muito muito bem bem cotadas.<br />

cotadas.<br />

Vamos Vamos buscar buscar produtos produtos e e temos temos temos as<br />

as<br />

portas portas todas todas abertas” abertas”, abertas” garante Jorge.<br />

No seu próprio país, o reconhecimento do<br />

bom desempenho das empresas Manuel de<br />

Sousa Barosa, Lda. e Manuel Barosa, Lda. reflecte-se<br />

na distinção, pelo segundo ano consecutivo,<br />

como empresas PME Líder.<br />

“A “A “A verdade verdade verdade é é que que que 40 40 famílias famílias (al- (al(algunsguns casais) casais) dependem dependem desta desta empreempre-<br />

sa sa e e e sentem-se sentem-se seguros, seguros, e e e nós nós temos<br />

temos<br />

o o dever dever de de lhes lhes dar dar essa essa segurança<br />

segurança<br />

como como resposta” resposta”, resposta” diz Manuel Barosa. E o<br />

filho mais novo acrescenta: “todos “todos os os os tra- tratrabalhadoresbalhadores que que respeitam respeitam esta esta emempresapresa<br />

são são sempre sempre muito muito bem bem respeirespei-<br />

tados” tados”. tados” E é por isso que muitos colaboradores<br />

atingiram ali a idade da reforma e outros,<br />

que se mantêm, contam já com vinte<br />

anos ou mais de casa. . Nas empresas da família<br />

Barosa “toda “toda a a gente gente gente trabalha<br />

trabalha<br />

paraparapara o o bem bem comum comum e e ninguém ninguém trabatraba-<br />

lha lha sozinho” sozinho” sozinho”, sozinho” garante Luíz.<br />

Confiantes no futuro, os membros mais<br />

José Fernando Franco, de 54 anos,<br />

trabalha para a família Barosa há mais<br />

de 25. “Comecei “Comecei há há muitos muitos anos, anos, no<br />

no<br />

princípioprincípio era era uma uma empresa empresa pequepeque-<br />

na. na. Hoje Hoje tem tem outros outros alicerces, alicerces, mas<br />

mas<br />

continua continua a a ser ser uma uma família” família”, família” conta.<br />

Inicialmente, vendia e entregava.<br />

“Isto “Isto foi foi assim assim ainda ainda ainda durante durante al- alal- guns guns anos. anos. Era Era eu eu e e outro outro senhor.<br />

senhor.<br />

À À À segunda segunda e e terça terça vendíamos, vendíamos, vendíamos, à<br />

à<br />

quarta quarta quarta ficávamos ficávamos no no armazém, armazém, à à<br />

à<br />

quintaquinta e e sexta sexta íamos íamos fazer fazer fazer a a a entreentreentre- ga” ga”. ga” Agora dedica-se apenas à venda<br />

e há outros colegas para fazerem o trabalho<br />

que se segue. Uma prova do<br />

quanto a empresa cresceu, não só ao<br />

nível do negócio e do número de trabalhadores,<br />

mas também no que diz respeito<br />

às instalações. “O “O local local onde<br />

onde<br />

estamos estamos era era um um eucaliptal”<br />

eucaliptal”, eucaliptal” lembra.<br />

E o que explica, na sua opinião, o<br />

sucesso do negócio?<br />

“É “É trabalharmos trabalharmos todos todos para para para o o<br />

o<br />

mesmo.mesmo. E E a a gente gente não não falha, falha, o o propropro- duto duto que que se se vende vende é é entregue” entregue”. entregue” Além<br />

disso, “estamos “estamos “estamos sempre sempre a a evoluir, evoluir, evoluir, o<br />

o<br />

mercado mercado não não pára pára e e e nós nós temos temos que<br />

que<br />

acompanharacompanhar sempre sempre esta esta evoluevolu-<br />

ção”<br />

ção”<br />

A mesma opinião é partilhada por<br />

João Pereira, 51 anos, a trabalhar há 18<br />

anos para os Barosa. O vendedor sabe<br />

que já começa a ser raro que os trabalhadores<br />

se aguentem durante tanto<br />

tempo ao serviço da mesma empresa,<br />

e diz que isso é estranhado pelos mais<br />

novos. Mas esta é “uma “uma empresa empresa fa- fafa- miliar miliar que que tem tem vindo vindo a a crescer crescer com<br />

com<br />

o o apoio apoio de de todos, todos, nalguns nalguns casos<br />

casos<br />

comcom sacrifício sacrifício de de todos, todos, e e principrinci-<br />

palmente palmente com com muita muita dedicação”<br />

dedicação”.<br />

dedicação”<br />

Longe vai o tempo em que a família<br />

Barosa vendia apenas pescado e gelados.<br />

E João Pereira acompanhou toda<br />

a transformação que se deu ao nível<br />

dos produtos que as empresas comercializam,<br />

que permitiu combater, por<br />

exemplo, a sazonalidade da venda de<br />

gelados. “Neste “Neste momento momento momento somos somos<br />

somos<br />

capazescapazescapazes de de montar montar uma uma pastelapastelaria.ria.<br />

Há Há uns uns anos anos apenas apenas lá lá lá púnhapúnhapúnhamosmosmos a a arca arca de de gelados gelados e e os os gelagela-<br />

dos. dos. Hoje, Hoje, a a a nossa nossa oferta oferta vai vai do do pão<br />

pão<br />

aos aos salgados, salgados, salgados, e e se se for for preciso preciso preciso até<br />

até<br />

os os os fornos fornos lá lá pomos” pomos” pomos”, pomos” pomos” e acredita que<br />

se não fosse a crise, a evolução seria<br />

ainda maior.<br />

Acreditando que o futuro não é preocupante,<br />

João Pereira afirma que “é<br />

“é<br />

um um motivo motivo de de orgulho orgulho trabalhar<br />

trabalhar<br />

numa numa empresa empresa tão tão bem bem bem vista, vista, por<br />

por<br />

queque nós nós nós de de alguma alguma maneira maneira maneira fazefazefaze- mos mos parte parte disto, disto, contribuímos<br />

contribuímos<br />

paraparapara o o o orgulho orgulho orgulho que que que é é é esta esta esta empreempreempre-<br />

sa”<br />

sa”. sa”<br />

J.F.<br />

J.F.<br />

timostimos anos anos se se atingisse atingisse atingisse uma uma facturafactura-<br />

ção ção anual anual anual que que ronda ronda ronda os os os cinco cinco cinco milhões milhões<br />

milhões<br />

últimos a sair. “Temos “Temos que que ser ser ser muito<br />

muito<br />

bonsbonsbons e e e muito muito muito exigentes exigentes exigentes para para para não não não fafafa- novos da família trilham novos caminhos<br />

para os negócios. A exportação, iniciada este <strong>Cronologia</strong><br />

de de de euros” euros”, euros” acrescenta Manuel Barosa. lharmos lharmos lharmos na na na venda, venda, venda, na na na facturação, facturação, na na<br />

na ano, é um dos rumos a seguir. Outra aposta<br />

O que também contribuiu para os bons re- entrega, entrega, nas nas encomendas, encomendas, na na gestão<br />

gestão será na imagem da empresa, pelo que é bem 1952 1952 – – – Manuel Barosa vai para Moçambique<br />

sultados foi a criação de novas áreas de ne- de de stocks. stocks. Todos Todos estes estes processos processos têm<br />

têm provável que dentro de algum tempo as tão 1973 1973 – – Regressa a Portugal com a mulher, Cesaltina, e os dois filhos Luíz e<br />

gócio. Actualmente as empresas do grupo Ba- que que estar estar muito muito bem bem optimizados<br />

optimizados conhecidas ondas em tons de azul que acom- Jorge<br />

rosa têm muito mais para oferecer que gelaparapara que que nada nada falhe. falhe. E E uma uma uma das das rararapanham o logótipo com um peixe e uma cana 1974 1974 – – É gerente na delegação de Lisboa da Produmar<br />

dos Olá e peixe congelado. Operando com zõeszões do do nosso nosso sucesso sucesso é é nós nós conseconse-<br />

de pesca, dêem lugar a uma nova imagem, 1975 1975 1975 – – Estabeleceu-se como empresário em nome individual na garagem da<br />

cerca de mil referências, as empresas da fa- guirmos guirmos e e sabermos sabermos sabermos fazer fazer isto” isto” isto” subli- mais virada para o século XXI.<br />

sua casa nas <strong>Caldas</strong><br />

mília têm uma vasta gama de produtos do mar nha Jorge, que orgulhoso acrescenta: “nós<br />

“nós<br />

1978 1978 – – Constrói o primeiro pavilhão da empresa e o filho Luíz começa a<br />

(pescados, cefalópodes e crustáceos), salga- somos somos peixeiros peixeiros cinco cinco estrelas” estrelas” estrelas”. estrelas” estrelas”<br />

Joana Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

trabalhar com os pais<br />

dos, snacks (refeições prontas), pastelaria A eficiência é também salientada por jfialho@gazetacaldas.com<br />

1979 1979 1979 – – A empresa é agente da Olá<br />

pequena e grande e padaria, de marcas pró-<br />

1983 1983 e e 1987 1987 – – Novas obras aumentam a capacidade de frio da empresa<br />

prias – a Barosa Pescados e a Barosa Food<br />

1988 1988 – – É criada a Manuel Barosa, Lda (400 mil euros de capital social) para<br />

Service. A estas junta-se um vasto leque de<br />

comércio de gelados com os sócios Manuel, Cesaltina, Luíz e Jorge Barosa. A<br />

artigos de marcas tão conhecidas como Nes-<br />

empresa Manuel de Sousa Barosa mantém a transformação e comercializatlé,<br />

Knorr, Calvé, Heinz, Kellog’s, Vaqueiro,<br />

ção de pescado<br />

Azeites Gallo, entre muitas outras.<br />

1990 1990 – – Jorge termina os estudos e junta-se à família<br />

O negócio estende-se por três canais: o<br />

1994 1994 1994 – – É criada a Manuel de Sousa Barosa, Lda (100 mil euros de capital<br />

canal Horeca – Hotelaria, Restauração e Ca-<br />

social). Junta-se, como sócio, Eugénio Pêgo, que também entra para a Manufés,<br />

o canal tradicional (hiper e supermercael<br />

Barosa, Lda.<br />

dos) e o canal social (lares, cantinas, refeitó-<br />

2005 2005 – – Aposta em novas áreas de negócio com a marca Barosa Food Service<br />

rios escolares), em nove concelhos numa fai-<br />

2006 2006 2006 – – É criada a Gelados e Mimos, geladaria em S. Martinho do Porto<br />

xa que se estende da Lourinhã à Nazaré.<br />

2008 2008 2008 – – Construída a mais recente câmara frigorífica da empresa, com capa-<br />

O grupo está a apostar na internacionalicidade<br />

superior a 3000 metros cúbicos de frio<br />

zação das marcas próprias e já exporta al- Manuel Manuel Barosa Barosa mostra mostra uma uma das das oito oito câmaras câmaras frigoríficas frigoríficas da<br />

da<br />

2010 2010 – – Início da internacionalização das marcas Barosa com exportações<br />

guns produtos para Espanha.<br />

empresa. empresa. A A temperatura temperatura temperatura no no no local local local é é de de 28 28 28 graus graus negativos.<br />

negativos.<br />

para Espanha


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

29 | Outubro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Sai farinha gourmet da moagem José Félix Quitério,<br />

Joaquim Joaquim Rebelo Rebelo (1883-1960) (1883-1960) foi foi o o precursor<br />

precursor José José Félix Félix Félix Quitério Quitério Quitério (1924-2009), (1924-2009), genro genro de de Joaquim Joaquim Rebelo, Rebelo, pegou<br />

pegou<br />

de de uma uma actividade actividade que que já já leva leva 70 70 anos<br />

anos nos nos destinos destinos da da fábrica fábrica fábrica de de moagem moagem moagem em em 1976<br />

1976<br />

A necessidade aguça o engenho.<br />

O ditado é antigo e era levado<br />

à prática por Joaquim Rebelo<br />

(1883-1960), um carpinteiro das<br />

Gaeiras que, numa tentativa de<br />

melhorar a vida nos anos duros<br />

do início do séc. XX, construiu um<br />

moinho de pedra, com a ajuda da<br />

esposa, e começou a moer trigo<br />

para fazer farinha.<br />

A obra ficou pronta em 1920,<br />

altura em que houve um terramoto<br />

em Benavente e Joaquim<br />

Rebelo foi para lá trabalhar de<br />

carpinteiro, deixando a esposa,<br />

Luísa Rebelo (1889-1968) a tomar<br />

conta do moinho e da sua produção.<br />

“A “A minha minha minha mãe mãe mãe dormia dormia lá lá com<br />

com<br />

a a a minha minha irmã irmã e e trabalhava trabalhava no<br />

no<br />

moinho moinho toda toda a a a noite, noite, fazendo<br />

fazendo<br />

farinha farinha tal tal tal e e e qual qual como como o o o meu<br />

meu<br />

pai pai lhe lhe ensinara” ensinara” ensinara”, ensinara” ensinara” recorda a filha,<br />

Maria Luísa Rebelo Quitério,<br />

hoje com 84 anos.<br />

Regressado de Benavente o<br />

carpinteiro-moleiro Joaquim Rebelo<br />

continuou a produzir farinha<br />

e o negócio deve ter corrido bem<br />

porque, 20 anos depois, em 1940,<br />

constrói uma moagem no centro<br />

das Gaeiras (deixando o moinho<br />

arrendado ao seu fiel funcionário<br />

Manuel, a quem dera trabalho<br />

quando este tinha 14 anos).<br />

O casal Joaquim e Luísa Rebelo<br />

tem, entretanto duas filhas: Alice,<br />

nascida em 1921 (faleceu em<br />

2004), e Maria Luísa Rebelo, nascida<br />

em 1926. Esta recorda-se que<br />

a nova fábrica fazia sensação na<br />

aldeia das Gaeiras nos anos 40. A<br />

moagem utilizava aquilo que para<br />

a época eram novas tecnologias -<br />

mós francesas (uma novidade à<br />

época), seguindo-se a introdução<br />

de pneumáticos e cilindros, permitindo<br />

o aumento da produção<br />

da farinha de trigo.<br />

Alice e Maria Luísa casam, respectivamente,<br />

com Gil Palma e<br />

José Quitério (1924-2009), que acabariam<br />

por vir juntar-se à actividade<br />

da família.<br />

A filha mais nova de Joaquim<br />

Rebelo lembra-se que se casou<br />

com 18 anos (1944) e que o marido<br />

teve que ir assentar praça de seguida,<br />

levando-a para o Lumiar,<br />

em Lisboa, durante um ano. “O<br />

meumeu pai pai pai ia ia lá lá todos todos os os os domindomindomin- A empresa em nome individual José Félix Quitério – Farinha das Gaeiras foi criada em 1976, mas a sua<br />

história é bastante mais antiga e traduz-se numa paixão que une já três gerações.<br />

No início do século XX o carpinteiro Joaquim Rebelo (1883-1960) constrói um moinho nas Gaeiras e<br />

começa a produzir farinha. O negócio prospera e em 1940 constrói uma fábrica de moagem no centro<br />

da aldeia, onde também começam a trabalhar os seus dois genros.<br />

Divergências após a morte do patriarca levaram a fábrica quase à falência, até que é adquirida em<br />

1976 por um dos genros, José Félix Quitério, que volta a dar-lhe um novo fôlego. Hoje é o neto mais<br />

novo que está à sua frente e que pretende torná-la uma fábrica de futuro, mas assente nos valores da<br />

palavra e do conhecimento, cimentados em muitos anos de relações comerciais transmitidos pelo<br />

avô.<br />

A farinha das Gaeiras “feita “feita “feita “feita “feita 100% 100% 100% 100% 100% de de de de de trigo” trigo” trigo” trigo” trigo” tornou-se uma marca de qualidade e é comercializada<br />

por toda a região.<br />

gos gos gos ver-me ver-me ver-me e e perguntar perguntar do do que<br />

que<br />

precisava”<br />

precisava”, precisava” conta, acrescentando<br />

que logo que a tropa foi terminada<br />

regressaram às Gaeiras.<br />

Como José Quitério não tinha emprego,<br />

o sogro empregou-o na fábrica,<br />

junto com o cunhado.<br />

“Trabalhavam Trabalhavam lá lá os os dois,<br />

dois,<br />

mas mas o o meu meu pai pai era era a a trave<br />

trave<br />

mestra mestra que que orientava orientava aquilo aquilo<br />

aquilo<br />

tudo” tudo”, tudo” conta Maria Luísa Quitério,<br />

que desde pequena ajudava<br />

o pai com as contas.<br />

Além do patriarca e dos genros,<br />

trabalhavam na moagem<br />

mais quatro pessoas.<br />

Em 1960 Joaquim Rebelo morre<br />

e os dois genros herdam a fábrica,<br />

cuja administração passam a<br />

assumir, ficando Gil Palma responsável<br />

pela contabilidade. A relação<br />

entre dois é difícil, acentuando-se<br />

com o tempo, chegando<br />

ao ponto de praticamente não se<br />

falarem.<br />

Por esse motivo, José Quitério começa<br />

a afastar-se da moagem passando<br />

a dedicar-se à agricultura.<br />

CRIAÇÃO DE LOTES ESPECIAIS<br />

DÃO FAMA À FARINHA<br />

Devido à falta de uma verdadeira<br />

gestão, e sem rumo estra-<br />

tégico, em 1976 a fábrica encontra-se<br />

praticamente parada e com<br />

dívidas à EPAC (Empresa Pública<br />

de Abastecimento de Cereais).<br />

Maria Luísa descobre pelas folhas<br />

de caixa que o montante em dívida<br />

teria que ser pago nos próximos<br />

oito dias ou todo o património<br />

iria “à praça”.<br />

O casal opta por lutar pela posse<br />

da fábrica, dado que não conseguiu<br />

acordo com os familiares.<br />

A operação de venda em hasta<br />

pública decorre em 26 de Novembro<br />

de 1976. O preço base é de 10<br />

escudos (cinco cêntimos) e viria<br />

atingir 2500 contos (25 mil euros).<br />

Na noite em que se decidia o<br />

futuro da empresa, Maria Luísa<br />

permanece dentro do carro, à<br />

porta do escritório de um advogado,<br />

até às cinco horas da manhã à<br />

espera de saber o desfecho.<br />

“Chega “Chega o o meu meu marido marido e e diz<br />

diz<br />

a a a a a fábrica fábrica fábrica fábrica fábrica é é é é é nossa! nossa! nossa! nossa! nossa! Começo Começo de de<br />

de<br />

chorar chorar e e e a a a dizer dizer que que ele ele nos<br />

nos<br />

desgraçou desgraçou porque porque não não temos<br />

temos<br />

dinheiro” dinheiro”, dinheiro” recorda a octagenária,<br />

acrescentando que José Quitério<br />

logo a sossegou, dizendo que<br />

antes de ir para a licitação foi ao<br />

banco Totta & Açores (actual Santander)<br />

para pedir um empréstimo,<br />

que foi desde logo concedido.<br />

José Quitério entrega metade<br />

dos 2500 contos ao cunhado e fica,<br />

assim, senhor da empresa, apressando-se,<br />

também a pagar a dívida<br />

à EPAC.<br />

Filipe Filipe Quitério Quitério e e a a a avó, avó, avó, Maria Maria Maria Luísa, Luísa, são são hoje hoje a a face face visível visível de<br />

de<br />

um um negócio negócio de de várias várias gerações<br />

gerações<br />

“Ninguém “Ninguém tinha tinha tinha um um tostão,<br />

tostão, proprietários tivesse que ficar de no, o casal Quitério pode então<br />

não não sei sei como como sobrevivemos,<br />

sobrevivemos, noite a cuidar da fábrica. passear e Maria Luísa recorda hoje<br />

foi foi duro” duro”, duro” recorda Luísa Quité- José Quitério criou uns lotes es- as viagens que então fizeram ao<br />

rio, que passou a tomar conta do peciais de farinha, que começa- Brasil e Japão porque, “até até então<br />

então<br />

escritório. Mas as dificuldades foram a granjear fama na região, tinha tinha sido sido sido só só trabalhar” trabalhar”.<br />

trabalhar”<br />

Ainda hoje Maria Luísa, apesar<br />

dos seu 84 anos, continua a fazer<br />

a contabilidade da fábrica e a ajudar<br />

o novo gestor da moagem – o<br />

seu neto, Filipe Quitério.<br />

O que acontecera entretanto?<br />

José Quitério e Maria Luísa tiveram<br />

só um filho – Gil Quitério, nascido<br />

em 1945 - que acabaria por<br />

seguir um rumo diferente sendo<br />

hoje professor universitário no Instituto<br />

Superior de Engenharia de<br />

Lisboa.<br />

Aparentemente a família de<br />

moleiros estaria interrompida<br />

aqui, mas o filho de Gil, Filipe Quitério<br />

(28 anos), acabaria por seram-se<br />

atenuando e “aquilo “aquilo afi- afi- afi- vendendo não só para a as Calguir as pisadas dos avós e dos<br />

nal nal correu correu bem”, bem”, conta, recordas e Óbidos, como para os con- bisavós.<br />

dando que em dois apenas pagacelhos de Santarém, Peniche e<br />

ram a dívida ao banco.<br />

Alcobaça.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

Nos anos setenta, após a extinção<br />

da EPAC (que assegurava<br />

a distribuição de trigo pelas moagens<br />

do país) e com a liberalização<br />

do mercado dos cereais, houve<br />

muitas empresas que faliram.<br />

“Antes “Antes éramos éramos 70 70 e e agora agora agora de- dedevemosvemosvemos ser ser umas umas 20 20 ou ou 30 30 momo-<br />

agens agens a a funcionar”<br />

funcionar”, funcionar” revela,<br />

dando conta que a sua sempre<br />

sobreviveu porque é pequena e<br />

tem um carácter artesanal que<br />

hoje é uma mais-valia.<br />

“Há “Há ali ali um um sistema sistema muito<br />

muito<br />

manual manual que que faz faz a a farinha farinha tal tal e<br />

e<br />

qual qual como como nós nós queremos,<br />

queremos,<br />

maismais ou ou menos menos elástica, elástica, conconconsoantesoante se se destina destina a a pastelaripastelariasas<br />

ou ou à à transformação transformação aliali-<br />

mentar” mentar”, mentar” explica.<br />

Pouco tempo depois de serem<br />

proprietários da fábrica, contrataram<br />

um especialista que foi às<br />

Gaeiras alterar o processo produtivo,<br />

aumentado a produção para<br />

o triplo.<br />

“Começámos “Começámos a a moer moer cada<br />

cada<br />

vez vez mais mais e e e a a farinha farinha farinha começou<br />

começou<br />

Com a fábrica a produzir em ple- fferreira@gazetacaldas.com<br />

a a ter ter muita muita fama” fama”, fama” o que implicava<br />

que todos os dias, um dos<br />

José José José Félix Félix Quitério Quitério Quitério numa numa mostra mostra das das actividades<br />

actividades<br />

económicas económicas das das Gaeiras Gaeiras em em 2006<br />

2006


nas Gaeiras<br />

Uma empresa flexível que aprendeu a viver num mercado global<br />

Filipe Quitério nasceu em 1982,<br />

quase um século depois do seu<br />

bisavô e está agora a comandar<br />

os destinos da moagem José Quitério,<br />

dando continuidade à paixão<br />

dos avós e mantendo uma<br />

actividade que conta com 70 anos<br />

de existência.<br />

Criado em Lisboa com os pais<br />

(o professor universitário Gil Quitério<br />

e Maria Manuela Dias, actualmente<br />

presidente da Junta<br />

de Freguesia da Portela), onde<br />

estudou Gestão no ISEG, Filipe<br />

Quitério sempre andou pela fábrica<br />

das Gaeiras, nas visitas que<br />

fazia aos avós, mas nunca tinha<br />

colocado a hipótese de ali trabalhar.<br />

Mas quando já andava no segundo<br />

ano da faculdade, o avô<br />

Quitério procurou-o e incentivouo<br />

a continuar-lhe os passos. “Fui Fui<br />

A A velha velha fábrica fábrica de de 1940 1940 tem tem acompanhado acompanhado acompanhado o o progresso progresso tecnológico tecnológico tecnológico com<br />

com<br />

investimentos investimentos sucessivos sucessivos em em maquinaria<br />

maquinaria<br />

maquinaria<br />

sendosendo motivado motivado pela pela pela maneimanei-<br />

os padeiros já conseguem comcimento cimentado em muitos re, reconhecendo que esta pro-<br />

ra ra dele, dele, pelos pelos seus seus valores valores valores”, valores valores prar uma farinha mais barata e anos de relações comerciais. “Eu Eu<br />

dução de trigo não é lucrativa, o<br />

conta o jovem, que começou a depois retocá-la com conservan- ainda ainda compro compro trigo trigo com com um<br />

um que leva a que haja menos cere-<br />

aprender os “segredos” da moates. “A A nossa nossa é é farinha farinha 100%<br />

100% aperto aperto de de mão” mão”, mão” comenta o joal de origem nacional e, consegem<br />

do trigo há seis anos. trigo trigo e e tem tem quatro quatro quatro espécies<br />

espécies vem empresário.<br />

quentemente, com menos quali-<br />

Começou nas tarefas do quo- diferentes”<br />

diferentes”, diferentes” refere Filipe Quité- Filipe Quitério costuma até didade. O futuro deverá delineartidiano,<br />

em redor dos trabalhario, acrescentando que o segrezer aos seus clientes que o seu se ao nível da panificação, com o<br />

dores, a ver como faziam as farido está em comprar bom trigo. papel é relativamente fácil por- ajustamento dos químicos e ounhas,<br />

como funcionam as máqui- Usam cereal do Alentejo, de Esque o avô deixou tão bom nome, tras formas artificiais de substinas,<br />

e depois é que foi aprender panha, França e Alemanha, que que é bastante bem recebido no tuição da farinha.<br />

a fazer as compras do cereal. misturam entre eles. O cereal de meio. Na zona não há nenhuma “Isto “Isto será será a a minha minha vida” vida”, vida”<br />

“Em Em termos termos de de trigo, trigo, por<br />

por origem alemã, por exemplo, é fa- panificação que não conheça a conta agora Filipe Quitério, que<br />

exemplo,exemplo, não não assino assino contracontramoso<br />

por ser muito caro e me- moagem das Gaeiras.<br />

está a gerir a moagem desde que<br />

tos tos com com pessoas pessoas abaixo abaixo de<br />

de lhorador dos outros mais fracos. É o neto que define o avô como o avô faleceu, há um ano e meio.<br />

60 60 60 anos, anos, que que também também me me en- en- en- “A “A globalização globalização afectou afectou to- to- to- sendo “um “um homem homem bom” bom”, bom” des- Conta com a colaboração dos<br />

sinam sinam muito” muito”, muito” refere. dos dos e e os os grandes grandes grupos grupos dodotacando<br />

o seu envolvimento nos empregados, “que “que estão estão cá cá cá há<br />

há<br />

Filipe salienta que uma das mina mina minam mina m o o mercado” mercado”, mercado” explica, re- projectos das Gaeiras, onde uma uma uma vida” vida”, vida” e da avó, que conti-<br />

características desta fábrica é a alçando que as empresas mais pe- apoiou a construção de alguns nua a fazer a contabilidade, ago-<br />

sua maleabilidade e capacidade quenas, como é o caso da sua, têm equipamentos e foi dirigente asra em sua casa. Esta, em jeito de<br />

de adaptar-se aos tempos. que ter uma oferta diferenciada e sociativo. Em sintonia com esse brincadeira, remata: “passei passei a<br />

a<br />

“O O que que se se passa passa agora agora é é<br />

é reconhecida pelas pessoas. espírito solidários, a viúva, Mavidavida inteira inteira a a contar contar dinheidinhei-<br />

que que temos temos força força a a mais mais para<br />

para<br />

ria Luísa, doou à Junta de Fre- ro, ro, mas mas nunca nunca era era meu” meu”, meu” lem-<br />

a a necessidade necessidade do do mercado” mercado”,<br />

mercado” “EU “EU AINDA AINDA COMPRO COMPRO TRIGO<br />

TRIGO guesia o velho moinho construíbrando que tinha apenas 10 anos<br />

explica, precisando que o avô COM COM UM UM APERTO APERTO DE DE DE MÃO”<br />

MÃO” do pelo seu pai em 1920. quando o pai lhe entregou os di-<br />

sempre trabalhou num sistema<br />

O actual gerente destaca que nheiros e uma caixa que ela<br />

de produção que, embora sendo A passagem de testemunho foi a empresa não possui créditos aprendeu a gerir com o guarda-<br />

pequeno, “é “é “é muito muito afinadi- afinadi- afinadi- afinadi- relativamente fácil porque a avó pendentes. “O “O dinheiro dinheiro é é nos- nos- nos- livros que apoiava a fábrica. “ “ Ia Ia<br />

Ia<br />

nho” nho” nho”. nho” Actualmente estão com Luísa continuava a ser um ponto so so e e está está tudo tudo tudo pago” pago” pago”, pago” pago” diz, esaosaos bancos bancos bancos das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e toto-<br />

uma produção média de 15,5 to- de referência em termos de forcusando-se a divulgar o volume dos dos me me conheciam: conheciam: lá lá lá vem vem a<br />

a<br />

neladas de farinha por dia, em necedores e clientes. “Todos Todos<br />

de negócios da empresa. menina menina das das Gaeiras, Gaeiras, diziam” diziam” diziam”. diziam” diziam”<br />

10 horas de funcionamento. conhecemconhecemconhecem a a voz voz voz dela dela ao ao teleteletele- Uma das preocupações para o Há cerca de quatro meses<br />

Os clientes e a fidelidade à fone. fone. É É uma uma marca” marca” marca”, marca” marca” conta Fi- futuro é a falta de trigo. “Já Já di- di- di- compraram um camião cisterna,<br />

marca nunca faltaram, mas os lipe Quitério, acrescentando que zia zia o o meu meu avô avô que que que é é como como o<br />

o para fazer as entregas aos clien-<br />

costumes foram-se alterando. este é um sector onde ainda é vinho: vinho: o o trigo trigo trigo português português é<br />

é tes. “Vamos “Vamos atrás atrás do do futuro” futuro”, futuro”<br />

Esta é uma farinha tradicional e dado valor à palavra e ao conhe- muito muito mais mais saboroso saboroso e e este<br />

este conta o jovem gestor, que quer<br />

ano, ano, por por exemplo, exemplo, há há pouco<br />

pouco continuar com a informatização<br />

cereal cereal”, cereal explica o gestor da mo- da fábrica.<br />

agem das Gaeiras que armaze- Por agora, Filipe mora em Sana<br />

600 toneladas de trigo por cavém e desloca-se às Gaeiras<br />

ano, proveniente de terras lusas, todos os dias. Faz parte dos seus<br />

a que junta o espanhol, alemão planos vir morar nas Gaeiras por-<br />

e francês.<br />

que dirigir uma empresa implica<br />

Contudo, a escassez de trigo estar mais presente.<br />

que se tem registado nos países Entretanto, gosta do tempo<br />

considerados celeiro da Europa que despende no percurso:<br />

não lhe tira o sono, pois há sem- “para para cá cá cá pensa-se pensa-se no no que que se<br />

se<br />

pre alternativa, nomeadamente vaivai fazer fazer fazer e e no no regresso regresso penpenpen- com o fornecimento oriundo da<br />

América.<br />

sa-se sa-se no no que que se se fez” fez” fez”. fez”<br />

A fábrica produz diariamente 15,5 toneladas de farinha<br />

de trigo<br />

“Isto Isto acontece acontece porque porque não<br />

não<br />

há há gente gente nova nova nova no no trigo” trigo”, trigo” refe-<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

29 | Outubro | 2010<br />

João Silva esteve 40 anos ao serviço<br />

da fábrica<br />

“Sabia “Sabia se se a a fábrica fábrica estava estava a a trabalhar trabalhar bem bem ou ou mal<br />

mal<br />

só só pelo pelo som som que que emitia” emitia”, emitia” recorda João Silva que “viveu”<br />

na fábrica entre 1965 e 2005.<br />

Natural das Gaeiras, onde nasceu em 1940, João Silva começou<br />

a trabalhar na moagem com 25 anos. Vivia-se o ano de 1965<br />

e tinha acabado de cumprir o serviço militar em Angola. De<br />

regresso à terra natal começou a trabalhar à experiência por um<br />

mês e depois, “como “como era era uma uma pessoa pessoa pacata, pacata, que que que respeita- respeitarespeitava va va a a casa, casa, os os patrões patrões patrões entenderam entenderam que que eu eu eu era era a a pessoa<br />

pessoa<br />

indicada indicada indicada para para lá lá lá trabalhar”<br />

trabalhar”. trabalhar” E foi o que fez toda a vida, até<br />

que se reformou aos 65 anos e saiu, já lá vão quatro anos.<br />

João Silva foi trabalhar para a fábrica como ajudante e das<br />

funções faziam parte o carregamento e descarga do trigo, ensacar<br />

a farinha e carregá-la para os clientes. Depois começou a<br />

aprender como se fazia a farinha com José Quitério, que era o<br />

moleiro, e passou a tomar conta da fábrica na sua ausência,<br />

como encarregado.<br />

“Sabia “Sabia se se a a fábrica fábrica estava estava estava a a trabalhar trabalhar bem bem bem ou ou mal mal só só<br />

só<br />

pelo pelo pelo som som som que que emitia” emitia”, emitia” diz. Foi ajudante de moleiro, mas fazia<br />

o trabalho tão bem como se fosse moleiro e dá nota pública dos<br />

seus conhecimentos: via a água que o trigo tinha que levar,<br />

consoante o cereal era mais rijo ou mole, para que este ficasse<br />

bem peneirado.<br />

A boa farinha resulta de um bom trigo mas, segundo este<br />

antigo empregado da fabrica, também deve ser bem peneirada,<br />

de modo a dar interesse ao patrão e ao freguês. O braço direito<br />

de José Quitério na laboração da fábrica conta que nunca precisaram<br />

de um viajante para vender farinha pois são os próprios<br />

clientes que os procuram.<br />

“A “A “A nossa nossa farinha farinha era era e e é é falada falada por por por todo todo todo o o lado. lado. É É feita<br />

feita<br />

ao ao natural, natural, com com o o que que o o trigo trigo dá” dá”, dá” diz, pondo em contraponto<br />

a produzida pelas grandes fábricas onde é colocado fermento.<br />

O especialista explica ainda que a farinha para ser boa “não não<br />

precisa precisa ser ser muito muito branca, branca, mas mas mas um um bocadinho bocadinho trigueira.<br />

trigueira.<br />

Faz Faz bom bom pão pão e e não não deixa deixa deixa que que o o pão pão enrije enrije tão tão depressa”<br />

depressa”,<br />

depressa”<br />

afiança.<br />

Ainda hoje a esposa cose pão caseiro com a farinha José<br />

Quitério. “Assim Assim Assim sabemos sabemos sabemos que que estamos estamos estamos a a a comer comer pão pão natu- natu- natu- natu- natural,<br />

ral, ral, enquanto enquanto que que que no no padeiro padeiro a a farinha farinha já já tem tem aditivos” aditivos”, aditivos”<br />

explica.<br />

CRONOLOGIA<br />

F.F. F.F.<br />

F.F.<br />

1920 1920 – Joaquim Rebelo constrói um moinho nas Gaeiras e começa<br />

a moer trigo e a fazer farinha<br />

1924 1924 – Nasce José Félix Quitério, futuro genro de Joaquim Rebelo<br />

e futuro dono da fábrica de moagem de farinha denominada<br />

José Félix Quitério<br />

1940 1940 - Joaquim Rebelo constrói a fábrica de farinha nas Gaeiras<br />

1960 1960- 1960 Morre Joaquim Rebelo, ficando os dois genros (José Félix<br />

Quitério e Gil Palma) a gerir a moagem<br />

1976 1976–<br />

José Quitério e Maria Luísa compram a fábrica salvando-a<br />

da falência<br />

2004 2004–<br />

Filipe Quitério começa a trabalhar na fábrica com o avô<br />

2009 2009 – Morre José Félix Quitério e o neto, Filipe, assume a<br />

gestão da fábrica


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

5 | Novembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Gabinete de Contabilidade Rosa Barreto há 30 anos c<br />

Duas Duas fotos fotos de de família família em em diferentes diferentes contextos. contextos. Há Há 20 20 anos anos numa numa visita visita ao ao Cabo Cabo da da Roca Roca e e na na semana semana passada passada em em frente frente à à empresa. empresa. António António e e Rosa Rosa Barreto Barreto são são responsáveis<br />

responsáveis<br />

pela pela área área de de Gestão Gestão Laboral, Laboral, o o filho filho mais mais velho, velho, Eurico, Eurico, pelo pelo departamento departamento de de Contabilidade Contabilidade e e o o mais mais novo, novo, Euládio, Euládio, pela pela área área dos dos Seguros.<br />

Seguros.<br />

“Um Um gabinete gabinete gabinete de de de contabili- contabili- contabili- contabili- contabili- Ou seja, no Portugal de antes do 25 estrada de Tornada (onde hoje estão quequeque deu deu deu emprego emprego emprego a a a muita muita muita gengengen- A designação “Gabinete Rosa Bar- “Estávamos Estávamos numa numa sala sala mui- mui- mui- mui- mui-<br />

dade dade não não não deve deve fazer fazer apenas apenas a a<br />

a de Abril era mais fácil fugir do país as instalações do grupo Fonsecas). te te naquela naquela altura altura”, altura comenta, reto” surge em 1980, mas ainda em to to pequena pequena pequena e e precisávamos precisávamos de de<br />

de<br />

contabilidade. contabilidade. Deve Deve estar estar ao<br />

ao do que nele entrar voluntariamente. A sua futura mulher trabalhava no es- acrescentando que ainda se lembra nome individual. Há 30 anos atrás já mais mais espaço espaço espaço”, espaço espaço explicou António<br />

lado lado e e ajudar ajudar o o o cliente cliente porque<br />

porque António Barreto acabou por concritório e António nas oficinas. Um de colaborar na construção das ins- tinham cerca de 150 clientes, prati- Barreto<br />

comcom o o crescimento crescimento crescimento deles deles deles crescresseguir<br />

o passaporte no consulado de emprego provisório antes de partir talações da empresa. “Carregámos<br />

Carregámos<br />

Carregámos<br />

camente o mesmo número que têm No ano 2000 mudaram para insta-<br />

cemos cemos nós nós nós também também”, também afirma An- Biarritz, depois de aconselhado pela para o Ultramar.<br />

muitosmuitos baldes baldes de de de cimento cimento e e lelele- em 2010. Algum deles mantém-se lações na rua Visconde de Sacavém,<br />

tónio Barreto, o patriarca da família. polícia francesa. “Ainda “Ainda “Ainda bem bem bem que<br />

que<br />

que Poucos meses depois, em Ango- vantámos vantámos muitos muitos pilares pilares”, pilares dis- desde a criação da empresa. “Há Há<br />

onde estiveram até 2005, quando se<br />

Embora tenha nascido em Soure, tratei tratei dos dos papéis papéis porque porque no<br />

no la, recebe notícia do nascimento do se.<br />

clientes clientes cujas cujas famílias famílias famílias já já vão<br />

vão instalaram definitivamente na rua do<br />

desde bebé que António Barreto vive comboio comboio de de de regresso, regresso, e e ainda<br />

ainda filho, Eurico.<br />

Em 1978 António Barreto foi aju- na na terceira terceira terceira geração geração geração e e até até há<br />

há Funchal, 39-A. Remodelaram total-<br />

nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, de onde os<br />

mente o espaço e criaram um escri-<br />

seus pais são naturais. Tem 59 anos<br />

tório com condições para todos os<br />

e é sobrinho do professor Abílio Moniz<br />

Barreto, que foi director da Escola<br />

Comercial e Industrial Rafael Bordalo<br />

Pinheiro na década de 20 do século<br />

XX.<br />

Em 1968, com um meio irmão mais<br />

velho, foi para França a salto porque<br />

estavam contra a participação na<br />

A celebrar em 2010 o seu 30º aniversário, o Gabinete de Contabilidade Rosa Barreto é uma empresa<br />

familiar que vai na segunda geração, no qual toda a família assume funções distintas.<br />

O casal fundador da empresa - António e Rosa Barreto - é responsável pela área de Gestão Laboral, o<br />

filho mais velho, Eurico, pelo departamento de Contabilidade e o mais novo, Euládio, pela área de<br />

Seguros.<br />

Como os dois filhos têm uma diferença grande de idade (10 anos), é como se coexistissem no<br />

gabinete três gerações diferentes.<br />

funcionários. “Temos Temos investido<br />

investido<br />

sempre sempre sempre na na empresa empresa aquilo aquilo que<br />

que<br />

ganhamos<br />

ganhamos”, ganhamos adiantou António Barreto.<br />

Ao longo dos anos o trabalho foi<br />

sendo facilitado por novas ferramentas<br />

(principalmente os computadores),<br />

mas complicado com as novas<br />

guerra do Ultramar. Durante dois O trabalho que fazem é completo, desde o processo de criação de uma empresa, à gestão dos recur- regras do Estado.<br />

anos trabalhou em Saint-Maur numa sos humanos, ou até a área dos seguros.<br />

“Fomos Fomos o o primeiro primeiro gabinete<br />

gabinete<br />

empresa de montagem de compo-<br />

de de contabilidade contabilidade das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> a<br />

a<br />

nentes electrónicos, mas começou<br />

ter ter um um computador, computador, em em 1984.<br />

1984.<br />

a pensar no seu futuro e decidiu vol- em em em Espanha, Espanha, apareceu apareceu a a Pide Pide”. Pide Na altura em que ficou grávida do dar o negócio de sucata do sogro alguns alguns deles deles deles aos aos quais quais quais a a Gaze- Gaze- Gaze- Gaze- Gaze- Houve Houve colegas colegas nossos nossos que que vie- vievietar para Portugal em finais de 1970. Já em Portugal apresentou-se primeiro filho, Rosa Barreto sai das (junto ao local onde agora existe a ta ta ta ta ta já já fez fez esta esta reportagem<br />

reportagem”, reportagem refe- ram ram cá cá ver ver”, ver contou Rosa Barreto.<br />

“Fiquei Fiquei doente doente por por causa causa de<br />

de voluntariamente para fazer a tropa oficinas Bento e começa a trabalhar rotunda dos silos) e em 1980 juntouriu António Barreto.<br />

O computador Olivetti custou 700<br />

umum abcesso abcesso e e comecei comecei a a penpen-<br />

em atraso e não teve problemas por- no escritório de contabilidade de se à sua mulher no gabinete de con- “O O facto facto facto de de de sermos sermos uma uma em- em- em- contos (3.500 euros), mas com as im-<br />

sar sar no no que que seria seria seria de de mim mim se se me<br />

me que era considerado refractário e Maria Efigénia e Abílio da Silva, na tabilidade.presapresa<br />

familiar familiar é é também também também porporpressoras<br />

e o programa informáti-<br />

acontecesse acontecesse alguma alguma coisa coisa”, coisa re- não desertor. Fez a recruta em Santa rua Emídio de Jesus Coelho. “Ainda Ainda<br />

“No No dia dia que que eu eu fiz fiz 30 30 anos, anos, a<br />

a que que temos temos muita muita proximidade<br />

proximidade co, o investimento total foi de 1200<br />

cordou.<br />

Margarida, a especialidade no Porhojehoje lhes lhes estamos estamos gratos gratos porpor-<br />

23 23 de de de Novembro, Novembro, a a dona dona dona Efigé- Efigé- Efigé- com com com os os clientes clientes”, clientes diz o empresá- contos (5.100 euros).<br />

Curiosamente, acabou por ter to e seguiu para Angola, onde esteve queque lhe lhe deram deram emprego emprego mesmes-<br />

nia nia propôs-nos propôs-nos propôs-nos ficarmos ficarmos com com o<br />

o rio. E daí a necessidade de manter Se só havia nas <strong>Caldas</strong> um gabi-<br />

mais problemas para voltar a entrar 20 meses. “Vim Vim mais mais mais cedo cedo cedo por<br />

por momo estando estando grávida grávida e e e apoiaapoia-<br />

escritório escritório de de de contabilidade<br />

contabilidade”,<br />

contabilidade um número estável de clientes. nete de contabilidade com computa-<br />

em Portugal do que para sair. causacausa do do 25 25 de de de Abril, Abril, em em NoNoNo- ram-na ram-na sempre sempre sempre”, sempre sempre salientou Antó- contou o empresário. Fizeram um Quatro anos depois de assumidor, tal raridade era-o também ao<br />

“Quando Quando foi foi para para sair sair sair a a salto, salto,<br />

salto, vembro vembro de de 1974 1974”, 1974 referiu. nio Barreto.<br />

contrato vitalício, no qual passaram rem o gabinete, em 1984, mudam de nível das empresas pois dos mais de<br />

pagamospagamos a a alguém, alguém, mas mas no no no rere-<br />

Entretanto António conhecera Quando regressou do Ultramar, o a pagar uma renda mensal (que tem instalações para a rua Raul Proen- 100 clientes, só havia também em<br />

gresso gresso foi foi mais mais mais difícil difícil porque<br />

porque Rosa. Estava-se em 1971 e ambos futuro empresário começou por tra- vindo a ser actualizada) à antiga proça, ao lado do antigo edifício da Ga- Ga- Ga- Ga- Ga- 1984 uma empresa com essa nova<br />

não não não tinha tinha passaporte<br />

passaporte<br />

passaporte”, passaporte<br />

passaporte contou. trabalhavam nas oficinas Bento, na balhar na Condaço “uma uma fábrica<br />

fábrica prietária.<br />

zeta zeta zeta zeta zeta das das das das das <strong>Caldas</strong>. <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong><br />

ferramenta.<br />

Rosa Rosa Barreto Barreto em em 1974 1974 quando quando dava dava os os primeiros primeiros passos passos na na contabilidade, contabilidade, ainda ainda no no gabinete gabinete de de Maria Maria Efigénia Efigénia e e Abílio Abílio da da Silva, Silva, e e dez dez anos anos depois depois no no seu seu próprio próprio próprio escritório escritório na na R.<br />

R.<br />

Raul Raul Proença. Proença. À À À direita, direita, direita, a a jovem jovem Cidália Cidália Cidália a a escrever escrever à à máquina. máquina.<br />

máquina.


om as contas em dia<br />

A aposta nos computadores surgiu<br />

pela necessidade de fazer os<br />

mapas salariais e recibos dos ordenados,<br />

mas não para a contabilidade<br />

em si. “Os Os Os programas programas que que exis- exis- exis- exis- exis-<br />

tiam tiam para para para contabilidade contabilidade eram eram<br />

eram<br />

ainda ainda muito muito rudimentares<br />

rudimentares”, rudimentares explicou<br />

António Barreto, que ainda se<br />

recorda das velhinhas disquetes de<br />

5 ¼ (discos amovíveis com capacidade<br />

até 500 kb).<br />

Na década de 80 também ainda<br />

precisavam de se deslocar a Leiria<br />

por causa das questões relacionadas<br />

com a Segurança Social, inclusivamente<br />

para fazer os pagamentos<br />

das empresas e particulares.<br />

Rosa Barreto diz que hoje os clientes<br />

estão cada vez mais bem informados<br />

e exigentes quanto ao trabalho<br />

de um gabinete de contabilidade.<br />

“Antigamente Antigamente não não sabiam<br />

sabiam<br />

de de de nada nada e e agora agora têm têm acesso acesso a a<br />

a<br />

toda toda a a informação<br />

informação”, informação explica a empresária.<br />

“Às Às Às vezes vezes acabam acabam acabam por<br />

por<br />

dardar menos menos valor valor ao ao ao nosso nosso nosso tratra-<br />

balho balho porque porque pensam pensam que que as as<br />

as<br />

coisas coisas coisas são são simples, simples, mas mas não não<br />

não<br />

são são”, são considera.<br />

“PRINCIPAL CAPITAL SÃO OS<br />

FILHOS”<br />

Em 1995 criaram a sociedade<br />

Rosa Barreto – Contabilidade e Gestão,<br />

Lda, com capital social de 120<br />

mil euros, passando pais e filhos a<br />

serem sócios.<br />

Para António e Rosa Barreto, o<br />

seu principal “capital” são os filhos.<br />

Desde que eles eram adolescentes<br />

incentivaram-nos a seguir para a<br />

universidade e a frequentarem licenciaturas<br />

no sector de actividade da<br />

empresa.<br />

O casal está orgulhoso pelo facto<br />

dos seus filhos se terem integrado<br />

bem no gabinete e também por se<br />

darem todos muito bem. O irmão<br />

mais velho chegou a dar de biberão<br />

ao mais novo e até a mudar-lhe a<br />

fralda. “Era Era quase quase como como como pai pai<br />

pai<br />

dele dele dele”, dele dele referiu Rosa Barreto.<br />

Como cada um se especializou<br />

numa área dentro do gabinete, contribuem<br />

todos de igual forma. “Tra- Tra- TraTrabalhámos balhámos balhámos sempre sempre todos todos juntos<br />

juntos<br />

e e nunca nunca tivemos tivemos tivemos problemas<br />

problemas”,<br />

problemas<br />

afirmou a matriarca.<br />

No irmão mais velho, Eurico Barreto,<br />

desde cedo se notou que o seu<br />

futuro iria passar pelo gabinete de<br />

contabilidade e desde sempre pensou<br />

em trabalhar com a família.<br />

Aos 11 anos já ajudava os seus<br />

pais. “Ele Ele andava andava na na escola escola e e<br />

e<br />

depoisdepoisdepois vinha vinha para para para aqui aqui trabatraba-<br />

lhar lhar na na na máquina máquina de de escrever escrever”,<br />

escrever<br />

contou António Barreto.<br />

A primeira memória que Eurico<br />

Barreto tem é a de organizar o arquivo.<br />

“Recordo-me Recordo-me que que nas nas férias<br />

férias<br />

os os meus meus meus amigos amigos todos todos todos iam iam para para<br />

para<br />

a a praia praia e e e eu eu eu passava passava tardes tardes a a<br />

a<br />

arquivar arquivar papéis papéis”. papéis papéis Isto ainda no primeiro<br />

escritório, na rua Emídio de<br />

Jesus Coelho. “Era Era Era do do tamanho tamanho<br />

tamanho<br />

desta desta sala sala sala em em que que estamos estamos<br />

estamos<br />

agora agora agora e e e as as as escadas escadas escadas rangiam rangiam rangiam por<br />

por<br />

por<br />

todo todo o o lado lado”, lado recordou.<br />

Depois os pais convenceram-no<br />

também a trabalhar em part-time,<br />

sendo recompensado monetariamente<br />

por isso. “Essa Essa parte parte sabia<br />

sabia<br />

bem bem bem e e comecei comecei a a perceber perceber a<br />

a<br />

noção noção do do dinheiro. dinheiro. Comecei<br />

Comecei<br />

logo logo a a meter meter dinheiro dinheiro de de parte, parte,<br />

parte,<br />

talvez talvez pela pela minha minha tendência<br />

tendência<br />

economicista<br />

economicista”, economicista lembrou. Era num<br />

dos livros da colecção dos Três Mosqueteiros<br />

que guardava as notas,<br />

para ficarem direitas.<br />

Aos 11 anos achava “uma uma seca seca” seca<br />

fazer aquele trabalho, mas ao entrar<br />

na adolescência começou a ler jornais<br />

e a interessar-se pela actualidade.<br />

Tinha 16 anos quando Cavaco<br />

Silva, enquanto primeiro-ministro,<br />

foi para uma parte da sua geração<br />

“um um mentor mentor”. mentor mentor<br />

Embora não se interesse pela<br />

vida partidária, assume que ter um<br />

professor de Economia como primeiro-ministro<br />

numa conjuntura favorável<br />

era fascinante para um jovem que<br />

se interessava pela área económica.<br />

Mas hoje, em 2010, com 38 anos,<br />

já não dá muito crédito à política.<br />

Eurico Barreto licenciou-se em<br />

Economia na Universidade Autónoma<br />

de Lisboa, depois de ter iniciado<br />

o curso no pólo das <strong>Caldas</strong>.<br />

Embora admita que o curso de<br />

Gestão poderia ter sido mais prático<br />

para o trabalho que faz, entende<br />

que o facto de ser economista o ajuda<br />

a si e aos clientes. Até porque<br />

optou por especializações na área<br />

da Contabilidade Analítica e Fiscalidade.<br />

Em 1995, com 21 anos e ainda sem<br />

a licenciatura concluída, assume a<br />

responsabilidade do departamento<br />

de contabilidade da empresa. Para<br />

tal, fez o exame de admissão à Or-<br />

dem dos Técnicos Oficiais de Conta,<br />

à qual teria acesso directo mais tarde,<br />

por causa da licenciatura.<br />

Como responsável do departamento<br />

da contabilidade torna-se<br />

como uma das faces mais visíveis<br />

da empresa.<br />

Para Eurico Barreto a maior vantagem<br />

de uma empresa familiar é a<br />

confiança absoluta que existe entre<br />

os sócios. “Nós Nós Nós temos temos temos uma uma rela- relarela- ção ção muito muito próxima próxima”, próxima afirmou.<br />

Quase todos os dias almoçam juntos.<br />

Um hábito que mantiveram mesmo<br />

depois de Eurico Barreto se ter casado,<br />

há sete anos (tem um filho de<br />

dois anos e uma filha de cinco anos).<br />

Essa relação tem ajudado a que<br />

os papéis estejam bem definidos<br />

dentro da empresa.<br />

“Hoje Hoje os os meus meus filhos filhos é é que<br />

que<br />

decidemdecidem quase quase tudo, tudo, especialespecial-<br />

mente mente o o Eurico Eurico”, Eurico admite o pai. O<br />

casal continua a fazer o seu trabalho,<br />

mas os filhos assumem um papel<br />

cada vez mais preponderante.<br />

FILHO MAIS NOVO APOSTA<br />

NOS SEGUROS<br />

Euládio Barreto, o filho mais novo,<br />

nasceu em 1984, já depois da criação<br />

da empresa.<br />

As primeiras memórias são das<br />

brincadeiras que fazia. “Lembro- Lembro- LembroLembromeme de de chegar chegar ao ao gabinete, gabinete, totocarcar<br />

à à campainha campainha no no rés-dorés-do-<br />

chão chão e e subir subir até até ao ao ao primeiro<br />

primeiro<br />

andarandar de de gatas. gatas. Não Não viam viam ninninguémguém<br />

a a a subir subir subir e e depois depois eu eu já já apaapa-<br />

recia recia por por detrás detrás das das pessoas pessoas”, pessoas<br />

recordou, divertido.<br />

Aos 17 anos começou a trabalhar<br />

mais a sério no escritório, a dar<br />

apoio administrativo. Mais tarde<br />

passou também para a contabilidade.<br />

Embora o seu sonho fosse a área<br />

Eurico Eurico a a dar dar de de de biberão biberão biberão ao ao seu seu irmão irmão irmão mais mais novo,<br />

novo,<br />

Euládio.<br />

Euládio.<br />

do Desporto, os pais influenciaram-no<br />

a seguir a área de Economia<br />

no ensino secundário.<br />

Euládio Barreto, com 26 anos,<br />

foi jogador das camadas jovens do<br />

<strong>Caldas</strong> Sport Clube, do Sport União<br />

Alfeizerense e do Óbidos Sport<br />

Clube. “Os Os meus meus pais pais desmoti- desmotidesmoti- varam-me varam-me sempre sempre de de seguir<br />

seguir<br />

a a vida vida de de futebolista<br />

futebolista”, futebolista referiu.<br />

Concluído o 12º ano, Euládio<br />

Barreto foi para o Instituto Superior<br />

de Contabilidade e Administração<br />

de Lisboa, mas nunca chegou<br />

a concluir a licenciatura. “Não Não<br />

mememe adaptei adaptei facilmente facilmente à à cacapitalpital<br />

e e achei achei que que seria seria memelhorlhor<br />

vir vir trabalhar trabalhar para para o o gaga-<br />

binete binete”, binete explicou.<br />

Ao mesmo tempo que trabalhava<br />

na empresa nas <strong>Caldas</strong>, continuou<br />

a licenciatura em Contabilidade<br />

no Instituto Superior Politécnico<br />

do Oeste, em Torres Vedras.<br />

Mas ficou desiludido com o ensino<br />

superior, porque aquilo que se<br />

ensinava não tinha a ver com a prática<br />

do dia-a-dia.<br />

Durante dois anos esteve ligado<br />

ao sector da gestão financeira<br />

do gabinete, no qual teve um contacto<br />

directo com os bancos. Essa<br />

experiência fez com que começasse<br />

a interessar-se pela área dos<br />

seguros.<br />

Esteve dois meses a tirar o curso<br />

de mediador de seguros e agora<br />

assume este sector dentro da<br />

empresa. “É É É uma uma área área do do do qual<br />

qual<br />

gosto gosto muito, muito, pelo pelo contacto<br />

contacto<br />

comcom as as pessoas pessoas e e pelos pelos coconhecimentosnhecimentos<br />

que que se se adquiadqui-<br />

rem rem”. rem<br />

Euládio Barreto quer que o gabinete<br />

seja um dos maiores mediadores<br />

da região e espera um<br />

dia ultrapassar em volume de<br />

negócios as outras áreas da empresa.<br />

“Mais Mais do do que que razões<br />

razões<br />

monetárias, monetárias, é é uma uma ambição<br />

ambição<br />

dede fazer fazer crescer crescer esta esta emem-<br />

presa presa presa”, presa presa salienta, afastando<br />

qualquer hipótese de sair do negócio<br />

de família.<br />

“Um “Um dos dos pilares pilares para para para a<br />

a<br />

minhaminha formação formação como como como pespespes- soa soa e e como como empresário empresário é é o<br />

o<br />

meu meu pai. pai. É É por por ele ele que que que eu<br />

eu<br />

tenhotenho essa essa ambição ambição de de fafa-<br />

zer zer crescer crescer aquilo aquilo que que ele<br />

ele<br />

começoucomeçou com com com tantas tantas difidifi-<br />

culdades culdades”, culdades disse.<br />

Isto apesar de achar que<br />

existem mais desvantagens do<br />

que vantagens em trabalhar em<br />

família, por causa do desgaste<br />

que isso pode provocar na relação<br />

entre todos. Como é o mais<br />

novo, sente que precisa de estar<br />

sempre a provar o seu valor.<br />

Para já, tem tido bons resultados<br />

porque a área dos seguros tem<br />

crescido bastante dentro do gabinete.<br />

Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

pantunes@gazetacaldas.com<br />

Cidália Ribeiro foi a primeira<br />

funcionária desta casa e, 18 anos<br />

depois, ainda lá continua. Durante<br />

este tempo, Cidália Ribeiro foi<br />

aprendendo as suas funções na<br />

empresa onde foi parar “um<br />

“um<br />

pouco pouco por por acaso acaso”. acaso A principal<br />

diferença que nota no seu trabalho<br />

prende-se com a utilização dos<br />

computadores “que que tornou tornou tudo tudo<br />

tudo<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

PME Líder há dois anos<br />

19<br />

5 | Novembro | 2010<br />

De De uma uma pequena pequena sala sala a a empresa empresa empresa cresceu cresceu para para umas<br />

umas<br />

amplas amplas instalações<br />

instalações<br />

Com um volume de negócios 2010 houve três empresas clien-<br />

de quase 460 mil euros e dando tes que declararam insolvência<br />

emprego a 15 pessoas (incluindo e em 2009 nenhuma. “Nós Nós apoi- apoiapoios sócios), o Gabinete Rosa Baramosamos bastante bastante os os nossos nossos cliclireto<br />

é a única empresa deste entesentes e e e ajudamos ajudamos a a ultrapasultrapas-<br />

ramo no distrito de Leiria distinsarsar determinados determinados probleprobleprobleguida como PME Líder, que pre- mas mas”. mas<br />

meia as empresas com melho- Na sua opinião, o principal<br />

res desempenhos e perfis de ris- problema passa agora pela difico.culdade<br />

de acesso ao crédito.<br />

O estatuto é atribuído pelo “Há Há empresas empresas que que até até têm têm<br />

têm<br />

IAPMEI e Turismo de Portugal em negócios negócios bons bons e e ideias ideias ideias para<br />

para<br />

conjunto com os bancos parcei- implementar, implementar, mas mas querem<br />

querem<br />

ros, com base em notações de progredir progredir e e não não não conseguem<br />

conseguem<br />

conseguem<br />

rating e em critérios económicoporpor causa causa dessas dessas limitalimitafinanceiros.<br />

ções ções”, ções considera, lembrando<br />

Segundo Eurico Barreto, a cri- que a Microsoft nasceu numa<br />

se económica tem-se feito sen- garagem.<br />

tir nos seus clientes. “Nós Nós per- per- per- Outra dificuldade nas micro e<br />

cebemos cebemos cebemos bem bem as as as dificuldades<br />

dificuldades pequenas empresas é o facto de<br />

dos dos nossos nossos clientes. clientes. Somos<br />

Somos os empresários poderem ser<br />

os os os primeiros primeiros a a saber saber quando<br />

quando bons na sua área, mas depois<br />

as as coisas coisas estão estão mal mal mal”, mal revelou. têm limitações ao nível da ges-<br />

Apesar de tudo, entre os clitão do quotidiano. Por isso, Euentes<br />

têm sido poucas as insolrico Barreto defende que os<br />

vências. “Podem Podem não não ser ser mui- mui- mui- mui- empresários devem saber apoi-<br />

tas, tas, mas mas como como antes antes não<br />

não<br />

acontecia,acontecia, para para para nós nós já já é é é muimuiar-se<br />

devidamente.<br />

to to”, to comentou Eurico Barreto. Em<br />

P.A.<br />

P.A.<br />

A primeira funcionária continua na<br />

empresa<br />

Cidália Cidália Cidália Ribeiro Ribeiro Ribeiro está está no no gabinete gabinete há há 18 18 anos<br />

anos<br />

mais mais fácil fácil”. fácil<br />

A funcionária mais antiga do<br />

gabinete recorda-se de como<br />

começaram numas instalações<br />

pequenas e foi com agrado que<br />

assistiu às sucessivas mudanças<br />

e à evolução e consolidação da<br />

empresa.<br />

P.A.<br />

P.A.


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

12 | Novembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

A. Flores Lda. é uma das mais antigas empresas das<br />

diversificação da sua actividade<br />

Abílio Abílio Flores Flores (1921-2004) (1921-2004) iniciou iniciou iniciou a a sua sua actividade<br />

actividade<br />

empresarial empresarial em em 1945. 1945. O O seu seu sucesso sucesso deveu-se, deveu-se, em em grande<br />

grande<br />

parte, parte, à à à capacidade capacidade de de de aproveitar aproveitar aproveitar os os produtos produtos produtos em em fase fase de<br />

de<br />

crescimento.<br />

crescimento.<br />

Abílio Flores nasceu em Santarém<br />

em 1921. Aos sete anos<br />

mudou-se para as <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

Nesta altura, a residência<br />

de Abílio Flores dependia de<br />

onde o pai, que era Sargento do<br />

Exército, estava acantonado. A<br />

mudança de quartel foi o que<br />

trouxe a família para as <strong>Caldas</strong>,<br />

de onde não mais sairia.<br />

Abílio Flores fez o seu percurso<br />

académico na Escola Comercial<br />

das <strong>Caldas</strong> da Rainha, onde<br />

se formou com o grau equivalente<br />

ao antigo quinto ano, em 1935.<br />

A aprendizagem seguiu nas Finanças,<br />

onde esteve à experiência,<br />

seguindo-se um emprego no<br />

Thomaz dos Santos, que durou<br />

até à altura de abrir o seu próprio<br />

negócio. Fê-lo à sociedade<br />

com dois bons amigos: Francisco<br />

Pereira Brazão, filho de um então<br />

reconhecido alfaiate caldense,<br />

e José Filipe de Sousa Campos.<br />

Estávamos em 1946.<br />

O nome da empresa foi escolhido<br />

apelando ao coração. Juntava<br />

as iniciais das namoradas<br />

de cada um. Clotilde era a namorada<br />

de Abílio Flores - professora<br />

primária com quem viria a<br />

casar e constituir família - e emprestou<br />

as três primeiras letras<br />

do nome para formar Clozaque.<br />

O ramo abraçado pelos três<br />

sócios foi o dos electrodomésticos<br />

- ao qual a empresa ainda<br />

hoje se mantém fiel -, que conheceu<br />

um período de grande<br />

expansão em meados do séc. XX.<br />

“Foi “Foi nessa nessa nessa altura altura altura que que se se<br />

se<br />

começou começou começou a a usar usar o o o gás gás em<br />

em<br />

casa casa e e a a a empresa empresa teve teve um<br />

um<br />

papel papel papel muito muito importante importante na<br />

na<br />

suasuasua introdução introdução nos nos lares lares calcal-<br />

denses” denses”, denses” diz Orlando Flores. Os<br />

fogões, quem os tinha, eram a<br />

lenha. A água era aquecida ao<br />

lume. O gás representava então<br />

uma grande simplificação do uso<br />

do fogo nos lares e apesar de ter<br />

esquentador em casa ser privilégio<br />

de poucos, afigurou-se uma<br />

importante alavanca para o arranque<br />

do negócio.<br />

A loja funcionava num pequeno<br />

escritório junto à Praça da Fruta,<br />

por cima do Pelicano, mas a<br />

sociedade não se manteve por<br />

muito tempo. Dos três sócios,<br />

Abílio Flores era o único que trabalhava<br />

a tempo inteiro na empresa<br />

e o único que dela dependia<br />

para gerar rendimentos e<br />

acabou por ficar sozinho. A sociedade<br />

desfez-se sem trauma.<br />

DIVERSIFICAÇÃO PERMITIU<br />

FAZER A EMPRESA CRESCER<br />

Em 1948 a empresa muda de<br />

Clozaque para Abílio Flores e<br />

conhece uma grande evolução<br />

com a diversificação da oferta. A<br />

segunda aposta recaiu sobre<br />

Orlando Orlando Flores Flores (nascido (nascido em em em 1950) 1950) começou começou na na empresa empresa empresa do do pai pai como como empregado empregado e e e tem tem hoje hoje a a a enorme<br />

enorme<br />

responsabilidade responsabilidade de de a a manter manter num num num tempo tempo de de profunda profunda crise crise económica<br />

económica<br />

outra indústria que ganhava<br />

enorme fôlego com o fim da II<br />

Grande Guerra: o automóvel.<br />

“Ele “Ele dizia-me dizia-me muitas muitas muitas vezes<br />

vezes<br />

que que o o pai pai dele dele dele deixou-lhe deixou-lhe as<br />

as<br />

ruas ruas ruas para para passear” passear”, passear” passear” conta Orlando<br />

Flores. “Era “Era “Era muito muito novo<br />

novo<br />

quando quando começou, começou, mas mas tinha<br />

tinha<br />

aqueleaquele espírito espírito espírito de de querer querer sinsin-<br />

grar grar na na na vida. vida. Era Era inteligente,<br />

inteligente,<br />

inteligente,<br />

perspicazperspicaz e e muito muito trabalhatrabalha-<br />

dor, dor, dor, apanhou apanhou apanhou as as novidades<br />

novidades<br />

todastodas a a aparecer aparecer e e teve teve luciluci-<br />

dez dez para para as as aproveitar. aproveitar. aproveitar. Isso<br />

Isso<br />

permitiu-sepermitiu-se solidificar solidificar a a emem-<br />

presa presa e e ganhar ganhar ganhar a a dimensão<br />

dimensão<br />

que que atingiu” atingiu”, atingiu” atingiu” acrescenta.<br />

A mudança deu-se no nome e<br />

na localização. O stand de automóveis,<br />

que manteve o nome<br />

Clozaque, nasceu na esquina das<br />

ruas Leão Azedo e Sangreman<br />

Henriques e conheceu a representação<br />

de várias marcas. Algumas<br />

chegaram aos dias de<br />

hoje, como a Mercedes, Peugeot<br />

ou Alfa Romeu. Outras já só se<br />

encontram nos museus, como a<br />

inglesa Austin (responsável pelo<br />

célebre Mini) a Packard, a americana<br />

Studebaker, a alemã Bor-<br />

gward, ou ainda os jipes Willys-<br />

Overland, entre outras.<br />

Durante a década de 50 o negócio<br />

conheceu várias ramifica-<br />

ções, embora sempre debaixo da<br />

mesma denominação. “Umas<br />

“Umas<br />

coisas coisas apareceram, apareceram, outras<br />

outras<br />

eleele foi foi à à procura. procura. Vieram Vieram ououtrastras<br />

representações representações e e as as coicoi-<br />

sas sas evoluíram evoluíram evoluíram rapidamente<br />

rapidamente<br />

nos nos anos anos 50 50 e e por por aí aí fora” fora”, fora” fora”<br />

sublinha Orlando Flores.<br />

Para além dos electrodomésticos<br />

e dos automóveis, a Abílio<br />

Flores comercializava nesta fase<br />

coisas tão distintas como máquinas<br />

de escrever, motorizadas,<br />

colchões e tractores agrícolas.<br />

Estes últimos eram também um<br />

importante suporte do negócio. A<br />

representação foi conseguida através<br />

das boas relações com o importador<br />

da Mercedes, que tinha<br />

relações familiares com o importador<br />

dos tractores Massey Fergusson.<br />

“Eram “Eram dos dos melhores<br />

melhores<br />

que que existiam existiam na na altura altura e e e foi foi um<br />

um<br />

negócionegócio bastante bastante bom bom enenen- quanto quanto a a agricultura agricultura durou…” durou…”, durou…”<br />

diz Orlando Flores. A representação<br />

durou cerca de 30 anos, até ao<br />

início da década de 80.<br />

Em 1954 a empresa dava novo<br />

passo importante, ao mudar-se<br />

para o edifício dos Capristanos<br />

(hoje estação rodoviária). O edifício<br />

sede da A. Flores, Lda. é propriedade<br />

da empresa desde 1995,<br />

mas na época fazia parte do próprio<br />

complexo dos Capristanos<br />

(mais tarde Claras, depois Rodoviária<br />

Nacional e hoje Rodovi-<br />

Estávamos em meados dos anos 40, no após II Guerra Mundial. As economias restabeleciam-se de<br />

vários anos de depressão, ao passo que novas tecnologias chegavam aos lares e o mercado<br />

automóvel afirmava-se como o mais importante do séc. XX. Janelas de oportunidade para um<br />

jovem de 25 anos, que aproveitou para lançar uma empresa que dura até aos dias de hoje.<br />

Clozaque pode não ser um nome familiar a muita gente, mas foi com esta designação que começou<br />

aquela que viria a tornar-se uma das mais bem sucedidas empresas caldenses - a A. Flores,<br />

Lda.<br />

Abílio Flores (1921–2004) foi o jovem empreendedor que a lançou, em 1946 (então com mais dois<br />

sócios). Hoje é o filho Orlando Flores, de 50 anos, que dá continuidade a esta empresa.<br />

ária do Tejo).<br />

Ali se concentraram a loja de<br />

electrodomésticos - onde ainda<br />

se mantém -, o stand de automóveis<br />

e nasceriam ainda a loja<br />

de peças multimarca - que se<br />

mudou para o Borlão em 1970 -, e<br />

mais tarde a agência de seguros<br />

Clozaque e uma papelaria.<br />

“O “O MEU MEU PAI PAI PAI FOI FOI FOI O O MEU<br />

MEU<br />

GRANDE GRANDE PROFESSOR PROFESSOR NESTA<br />

NESTA<br />

ACTIVIDADE”<br />

ACTIVIDADE”<br />

ACTIVIDADE”<br />

A década de 60 começa com a<br />

chegada de um novo membro à<br />

família, com o nascimento de<br />

Orlando Flores.<br />

Habituado a crescer lado a<br />

lado com a empresa do pai, Or-<br />

lando acompanhava-o muitas<br />

vezes nas deslocações de negócios,<br />

especialmente nas férias da<br />

escola. Passatempo de criança<br />

era também acompanhar os funcionários<br />

da casa nos serviços.<br />

“Ia “Ia aos aos aos mais mais diversos diversos sítios, sítios,<br />

sítios,<br />

na na distribuição distribuição do do gás, gás, na na<br />

na<br />

assistênciaassistência dos dos electrodoelectrodomésticos,mésticos,<br />

andava andava assim assim enen-<br />

tretido” tretido”, tretido” recorda.<br />

O gosto pelos automóveis foi<br />

crescendo com os anos. “Fui<br />

“Fui<br />

ganhando ganhando interesse, interesse, essas<br />

essas<br />

coisas coisas coisas solidificam, solidificam, ganham<br />

ganham<br />

uma uma dimensão, dimensão, e e depois depois de<br />

de<br />

serser o o gosto gosto pelos pelos carros, carros, paspassousou<br />

a a ser ser o o gosto gosto de de ter ter o o nene-<br />

gócio gócio em em si si e e transmitir transmitir esta<br />

esta<br />

paixão paixão paixão às às pessoas” pessoas”. pessoas”<br />

Orlando Flores estudou até ao<br />

12.º ano e chegou a frequentar o<br />

curso de Direito, mas desistiu e<br />

abraçou o negócio do pai em 1981.<br />

Começou por baixo, a trabalhar<br />

nas peças, e passou por vários<br />

sectores até chegar a assessor<br />

do pai. Seguiram-se alguns<br />

anos de gestão conjunta. “De- “De- “De- “De- “Depoispois<br />

foi-me foi-me passando passando as as paspastastas<br />

de de forma forma gradual, gradual, deixoudeixou-<br />

me me tomar tomar as as decisões decisões mais<br />

mais<br />

importantes importantes importantes e e e nos nos nos últimos últimos últimos 10<br />

10<br />

10<br />

anosanosanos de de vida vida ele ele foi foi um um concon-<br />

selheiro” selheiro”, selheiro” diz Orlando Flores. Um<br />

papel importantíssimo, sublinha,<br />

até porque ainda hoje tem em<br />

conta as ideias pelas quais Abílio<br />

Flores se regia. “No “No fundo<br />

fundo<br />

eleele foi foi o o o meu meu meu grande grande profesprofessorsor<br />

nesta nesta actividade, actividade, foi foi valivali-<br />

osíssimo” osíssimo”.<br />

osíssimo”<br />

Joel Joel Ribeiro Ribeiro<br />

Ribeiro<br />

jribeiro@gazetacaldas.com


<strong>Caldas</strong> e com maior Com<br />

Automóveis foram a âncora do negócio<br />

Quando em 1948 se iniciou no merca- agregado ao negócio da Peugeot e da te, depois de uma profunda reestrudo<br />

automóvel, conseguindo a represen- Honda.<br />

turação operada em 2007 para fazer<br />

tação da Peugeot e de outras marcas Nos anos 80, a Renault assumia uma face à crise, reduziu o seu quadro de<br />

que estavam associadas ao mesmo im- dimensão tal que obrigava, em 1983, à pessoal para 72 funcionários. “Fize- “Fize“Fizeportador, Abílio Flores construiu aque- criação de uma empresa dedicada. A mos mos economias economias onde onde podíamos<br />

podíamos<br />

la que seria a grande âncora da sua Florescar teve direito a casa nova na fazer, fazer, melhorámos melhorámos performances<br />

performances<br />

empresa.<br />

estrada Tornada, onde hoje se man- onde onde era era possível, possível, a a empresa empresa está<br />

está<br />

Apesar de nunca ter abandonado a tém, apesar de defender marcas difeequilibradaequilibrada e e se se as as coisas coisas melhomelho-<br />

ideia que deu origem à empresa com rentes. Em 1994 a intransigência da raremrarem podemos podemos evoluir evoluir significasignifica-<br />

os seus dois associados, no ramo dos Renault em fundir os representantes tivamente”<br />

tivamente”<br />

tivamente”, tivamente” diz Orlando Flores.<br />

electrodomésticos, foi o mercado au- nas <strong>Caldas</strong> e em Alcobaça resultou em Em 2008 o grupo atingiu uma factutomóvel<br />

que permitiu um considerável ruptura.<br />

ração de 12 milhões de euros, des-<br />

crescimento da A. Flores Lda.<br />

“Essa “Essa situação situação não não nos nos agradou agradou<br />

agradou cendo em 2009 para 11 milhões. Para<br />

“Na “Na altura altura havia havia muito muito poucos<br />

poucos ee como como a a Renault Renault colocou colocou as as coicoi-<br />

este ano estima-se um valor ligeira-<br />

automóveis automóveis nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e quando quando<br />

quando sas,sas, ou ou era era assim assim assim ou ou ou não não era, era, era, opopmente<br />

superior ao de 2008.<br />

ele ele ele passou passou passou a a ter ter ter representação representação representação das das<br />

das támostámostámos por por por dar dar dar o o o volte volte volte face face face à à quesquesques- Já quanto ao futuro, Orlando Flo-<br />

marcas marcas era era novidade”<br />

novidade”, novidade” diz Orlando tão: tão: encontrámos encontrámos a a a Volkswagen Volkswagen e<br />

e res está apreensivo. “A “A economia<br />

economia<br />

Flores. Uma novidade bem aceite e que então então dissemos dissemos não não à à Renault” Renault”, Renault” do do do país país está está está doente doente e e precisa precisa de<br />

de<br />

teve grande expansão. À Peugeot jun- conta Orlando Flores.<br />

um um período período de de cura cura que que vai vai ser<br />

ser<br />

taram-se várias marcas durante as dé- A mudança aconteceu em boa hora, difícil” difícil”, difícil” afirma. Essa cura é um cenácadas<br />

de 50 e 60.<br />

defende, porque apanhou a Renault em rio do qual a A. Flores, Lda não se<br />

Com o desaparecimento de marcas fase de quebra e a Volkswagen em as- exclui, “mas “mas se se o o contexto contexto melho- melhomelhomais efémeras, formou-se um núcleo censão. “O “O importador importador mudou, mudou, tinha<br />

tinha rar rar e e o o país país tomar tomar as as medidas medidas que<br />

que<br />

com o qual a A. Flores, Lda. passou a umauma ideia ideia de de grande grande desenvolvidesenvolviéé<br />

preciso preciso tomar, tomar, tomar, é é possível possível sobresobre-<br />

trabalhar: a Peugeot e a Renault eram mento, mento, e e e na na Alemanha Alemanha a a marca marca<br />

marca viverviver com com muito muito sacrifício sacrifício e e e caucau-<br />

as principais, apoiadas por Alfa Romeu também também estava estava estava em em reestruturação,<br />

reestruturação, tela” tela”. tela” tela”<br />

e Honda.<br />

com com mais mais vitalidade, vitalidade, com com uma uma<br />

uma Entretanto, é possível que a em-<br />

Para além da venda de viaturas e resgamagama maior maior maior e e com com um um reposicioreposicioreposiciopresa<br />

possa chegar a uma terceira<br />

pectiva assistência, o negócio expan- namento namento de de preços. preços. preços. Foi Foi na na melhor melhor<br />

melhor geração. O filho de Orlando Flores,<br />

diu-se, ainda nos anos 60, com ao ramo altura altura que que que fizemos fizemos a a mudança”<br />

mudança”.<br />

mudança” Afonso Flores, de 20 anos, está a ti-<br />

das peças multimarca. “Durante “Durante mui- mui- mui- Agregada à Volkswagen veio a Audi, rar a licenciatura em Gestão de Emtostos<br />

anos anos foi foi um um negócio negócio muito muito forfor-<br />

que era do mesmo importador, que copresas e apesar de não ser ainda cer-<br />

te, te, te, mas mas mas com com a a a evolução evolução evolução técnica técnica técnica dos<br />

dos meçou a ser comercializada com a deto que siga os passos do pai e do avô,<br />

automóveisautomóveisautomóveis o o negócio negócio das das pequepequenominação<br />

Lubriflores.<br />

Orlando Flores diz que vai fazer os<br />

nas nas oficinas oficinas começou começou a a fraquejar fraquejar fraquejar e<br />

e Cinco anos antes, a A. Flores, Lda possíveis para que isso aconteça.<br />

aa partir partir dos dos anos anos 90 90 deixou deixou de de justijusti-<br />

tinha abandonado também a Peugeot “Ainda “Ainda é é cedo cedo cedo para para para saber saber se se isso<br />

isso<br />

ficar” ficar”, ficar” explica Orlando Flores.<br />

e a Alfa Romeu, mantendo a Honda. vaivai acontecer, acontecer, mas mas mas era era uma uma terter-<br />

Em 1978 foi também criada uma ofi-<br />

ceira ceira geração geração a a trabalhar trabalhar nesta<br />

nesta<br />

cina especializada no serviço de chapa CRISE CRISE OBRIGOU OBRIGOU A A REESTRUTURAÇÃO<br />

REESTRUTURAÇÃO empresa. empresa. A A decisão decisão será será dele,<br />

dele,<br />

e pintura, com o nome Floresauto, que<br />

mas mas farei farei tudo tudo para para o o influenciar<br />

influenciar<br />

influenciar<br />

mais tarde viria a fundir-se com a em- A A. Flores, Lda chegou a dar em- nesse nesse nesse sentido”.<br />

sentido”.<br />

presa A. Flores, Lda., ficando o nome prego a 100 pessoas, mas actualmen-<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

Panfletos Panfletos publicitários publicitários da da empresa empresa e e dos dos produtos produtos que que mais mais mais vendia. vendia. vendia. Desde Desde os os automóveis automóveis (num<br />

(num<br />

prospecto prospecto de de 1954) 1954) aos aos colchões, colchões, aos aos esquentadores esquentadores (que (que só só se se massificaram massificaram em em meados meados do do séc. séc. XX) XX) até<br />

até<br />

ao ao material material de de escritório<br />

escritório<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

12 | Novembro | 2010<br />

Mário Freitas trabalhou com Abílio Flores<br />

durante 20 anos<br />

25 anos na A. Flores,<br />

Lda não é o funcionário com<br />

mais anos de casa, mas, para<br />

além de ter sido um dos braços<br />

direitos de Abílio Flores<br />

nos últimos 20 anos de actividade<br />

do empresário, Mário<br />

Freitas tem a particularidade<br />

de coleccionar artigos<br />

que se relacionam com a empresa.<br />

Chegou à A. Flores, Lda em<br />

1986, com 24 anos, para as<br />

vendas. Nessa altura já tinha<br />

“Abílio Abílio Flores Flores era era um um homem homem de de bom- bombomo gosto pelas coisas antigas<br />

senso, senso, todas todas as as decisões decisões decisões que que tomava<br />

tomava<br />

e a curiosidade levou-o a<br />

batiam batiam certo certo certo com com o o que que dizia”<br />

dizia”<br />

perguntar as raízes da empresa<br />

ao patrão. Abílio Flores não guardava arquivo de fotografias antigas, nem<br />

outros documentos (no que constituiu uma dificuldade na feitura desta reportagem),<br />

mas acedeu a contar-lhe a sua história, desde a origem até à criação da<br />

empresa e o seu desenvolvimento. Depois, por iniciativa própria, Mário Freitas<br />

pesquisou nos arquivos e nos armazéns. “Guardava “Guardava “Guardava tudo tudo o o que que encontrava encontrava de<br />

de<br />

antigo, antigo, ele ele achava achava piada piada e e e passou passou a a entregar-me entregar-me também também também as as coisas coisas que<br />

que<br />

encontrava”<br />

encontrava”, encontrava” conta.<br />

Ao fim de quatro anos, Mário Freitas passou a chefiar o departamento comercial<br />

da empresa, mas foi em 1994 que viveu um dos maiores desafios. A A. Flores, Lda<br />

tinha acabado de rescindir com a Renault para passar a representar a Volkswagen,<br />

mas durante um ano teve que manter as duas marcas. Mário Freitas ficou com a<br />

segunda marca juntamente com um vendedor e um mecânico, num espaço com<br />

condições limitadas na Rua Heróis da Grande Guerra, à espera que as instalações<br />

da Renault ficassem livres.<br />

Nessa altura Abílio Flores mostrava algum receio, devido aos preços mais elevados<br />

praticados pela marca e pelo desconhecimento que havia, porque não havia<br />

representação nas <strong>Caldas</strong> nessa altura. “Mas “Mas “Mas disse-lhe disse-lhe que que íamos íamos arrancar arrancar em em<br />

em<br />

forçaforçaforça e e inundar inundar as as <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> de de de Volkswagen Volkswagen e e foi foi uma uma surpresa surpresa muito muito grangran-<br />

de de porque porque o o o volume volume de de de negócios negócios foi foi muito muito muito superior superior superior ao ao da da Renault Renault com com 40<br />

40<br />

pessoas pessoas pessoas e e um um espaço espaço espaço muito muito muito maior” maior”. maior”<br />

Mário Freitas diz que, enquanto patrão, Abílio Flores era uma pessoa de bomsenso.<br />

“Ao “Ao longo longo dos dos dos 20 20 anos anos anos nunca nunca tivemos tivemos um um atrito, atrito, o o que que é é raro raro ou ou<br />

ou<br />

quasequase impossível impossível numa numa relação relação patrão patrão funcionário. funcionário. funcionário. Por Por vezes vezes não não não concon-<br />

cordávamos cordávamos e e manifestávamos manifestávamos opiniões opiniões contrárias, contrárias, mas mas ele ele aceitava-as<br />

aceitava-as<br />

perfeitamente”<br />

perfeitamente”.<br />

perfeitamente”<br />

Bom-senso que o ajudou nos negócios, acredita. “Todas “Todas as as decisões decisões que<br />

que<br />

tomava tomava batiam batiam certo certo certo com com o o o que que ele ele dizia” dizia”, dizia” recorda. A esta característica Mário<br />

Freitas junta lucidez e coragem pois ele “enfrentava os desafios sem receios e<br />

quando quando os os tinha, tinha, ninguém ninguém notava” notava”. notava”<br />

Enquanto cidadão, Mário Freitas sublinha o altruísmo de Abílio Flores, que independentemente<br />

de não ter nascido nas <strong>Caldas</strong>, sentia a cidade como sua terra natal<br />

e não hesitava em participar na vida activa da cidade. Foi, de resto, dirigente de várias<br />

associações, como a ACCCRO, a ANECRA, o <strong>Caldas</strong> Sport Clube, e do Rotary Club das<br />

<strong>Caldas</strong> - do qual foi sócio fundador e ao qual se juntaram, mais tarde, Orlando Flores<br />

e o próprio Mário Freitas. “Estava “Estava ligado ligado a a tudo tudo e e tinha tinha muita muita vontade vontade de<br />

de<br />

participar participar nas nas coisas, coisas, era era uma uma pessoa pessoa dinâmica” dinâmica”. dinâmica” dinâmica”<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1921 – Nasce Abílio Vicente Flores em Santarém<br />

1946 – Abílio Flores funda a Clozaque com os sócios Francisco Pereira Brazão e José<br />

Filipe Campos.<br />

1948 – Os dois sócios deixam o negócio que fica entregue a Abílio Flores, que passa<br />

também a ser a designação da empresa.<br />

1954 – Mudança de instalações para o edifício dos Capristanos, na Rua Heróis da<br />

Grande Guerra<br />

1960 – Nasce Orlando Flores.<br />

1968 – Inaugurado o stand de Alcobaça, que ainda hoje existe<br />

1975 – A empresa muda o nome para A. Flores, Lda.<br />

1978 – É criada a Floresauto, empresa que gere uma oficina de chapa e pintura.<br />

1980 – O nome Clozaque é reabilitado para designar a nova agência de seguros<br />

1981 – Orlando Flores começa formalmente a trabalhar na empresa do pai<br />

1983 – É criada a Florescar, para gerir o negócio da Renault, que se instala na<br />

estrada Tornada<br />

1990 – As marcas Peugeot e Alfa Romeu deixam de ser comercializadas pela A.<br />

Flores, Lda<br />

1994 – A Florescar abandona a representação da Renault e passa a comercializar as<br />

marcas Volkswagen e Audi<br />

1995 – Aquisição do prédio dos Capristanos à Rodoviária<br />

2004 – Morre Abílio Flores. A agência de seguros Clozaque encerra<br />

2006 – A loja de peças multimarca é transferida da Praça 25 de Abril, para a Estrada<br />

da Tornada. É construída a nova área de exposição automóvel para a Volkswagen<br />

e Audi


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19 | Novembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Empresa Sérgio Simões é uma das mais antigas e co<br />

Sérgio Sérgio Simões Simões e e a a esposa esposa Maria Maria Joana Joana Simões Simões com com as as filhas, filhas, Vanda Vanda e e Margarida Margarida fotografados fotografados em em 1979 1979 no no cais cais da da Foz Foz do do Arelho Arelho e e hoje hoje na na sede sede da da empresa empresa empresa de de de filatelia<br />

filatelia<br />

Vivia-se o início dos nos anos 50<br />

do século XX quando Sérgio Simões<br />

pediu autorização ao pai para arranjar<br />

um cantinho filatélico, na loja<br />

de tecidos e confecções. O pai, Abel<br />

Simões, era um entusiasta da filatelia<br />

e por isso Sérgio Simões, que<br />

nasceu em 1934, desde os 11 que<br />

também coleccionava selos, que por<br />

vezes vendia aos colegas da escola.<br />

A loja dos Simões ficava no Largo<br />

Heróis de Naulila, em frente ao<br />

Café Marinto e o cantinho filatélico<br />

surgia junto a uma das janelas do<br />

estabelecimento comercial.<br />

Tinha então 17 anos e ajudava o<br />

pai no negócio, depois de ter tirado<br />

o curso de Comércio na Escola Comercial<br />

e Industrial (hoje Escola Secundária<br />

Rafael Bordalo Pinheiro).<br />

Sérgio Simões recorda que não<br />

era fácil arranjar selos naquela altura<br />

mas “eu “eu conhecia conhecia várias<br />

várias<br />

pessoas pessoas que que coleccionavam coleccionavam e<br />

e<br />

que que que se se aproximavam aproximavam de de mim<br />

mim<br />

pois pois comecei comecei a a mandar mandar vir vir os os<br />

os<br />

selos selos selos de de fora fora fora “, disse.<br />

A maioria vinha de Lisboa, proveniente<br />

de diversas casas da es-<br />

pecialidade. O filatélico caldense<br />

começou por ganhar três a cinco<br />

tostões em cada venda o que lhe<br />

permitia, naqueles anos, “fazer “fazer um um<br />

um<br />

Sérgio Simões começou a vender selos em 1952 na loja do seu pai no centro das <strong>Caldas</strong> e mal podia<br />

imaginar que iria construir uma das mais conceituadas e hoje das mais antigas empresas de filatelia<br />

do país.<br />

Actualmente são as suas filhas, Margarida Roque e Vanda Morgado, que dirigem o negócio. O pai<br />

ainda dá uma ajuda, mas se antes se dedicava a escrever cartas e a fazer catálogos para os seus<br />

clientes, hoje constata que é através da internet que o negócio prospera.<br />

A empresa caldense é a representante de algumas marcas europeias de material de coleccionismo,<br />

área que representa uma parte importante do negócio.<br />

figurão! figurão!”, figurão! recordou o especialista.<br />

Sérgio Simões conheceu a sua<br />

esposa, Maria Joana (nascida em<br />

1947) no Orfeão Caldense. Os ensaios<br />

realizavam-se na época na<br />

Rua Leão Azedo.<br />

“Um Um dia dia abri abri a a porta porta do do local<br />

local<br />

dos dos ensaios ensaios e e e assim assim que que a a vi,<br />

vi,<br />

engracei engracei logo logo com com ela, ela, estava<br />

estava<br />

pois pois pois o o encanto encanto feito feito”, feito disse o coleccionador,<br />

que tinha então 21<br />

anos. Era barítono e a sua futura<br />

mulher, três anos mais nova, era<br />

contralto.<br />

Sérgio Simões foi inclusivamente<br />

um dos participantes da famosa<br />

deslocação do Orfeão Caldense a<br />

Abrantes, onde várias entidades<br />

caldenses foram calorosamente recebidas<br />

. “Fizeram-nos Fizeram-nos Fizeram-nos uma uma re-<br />

re- re-<br />

cepçãocepção tremenda tremenda e e houve houve enenentretretre as as pessoas pessoas das das duas duas localilocali-<br />

dades dades uma uma confraternização<br />

confraternização<br />

confraternização<br />

excelente excelente”. excelente<br />

Este empresário cedo percebeu<br />

que a sua vida seria ligada ao coleccionismo<br />

e começou então a alargar<br />

a sua rede de clientes. Passados<br />

poucos anos do início da activi-<br />

As As viagens viagens sempre sempre misturaram misturaram lazer lazer e e trabalho, trabalho, já já que que tinham tinham a a filatelia filatelia como como pano<br />

pano<br />

de de fundo. fundo. Actualmente Actualmente Actualmente Sérgio Sérgio e e e Maria Maria Joana Joana estão estão semi-reformados.<br />

semi-reformados.<br />

dade filatélica, já tinha coleccionadores<br />

de vários ponto do país.<br />

Em 1957 Sérgio Simões organiza<br />

a primeira grande exposição filaté-<br />

lica nas <strong>Caldas</strong>, no Grémio do Co- dos dos”. dos Até que lhe apareceu João<br />

mércio, onde hoje está instalado o Vieira Pereira, conhecido médico da<br />

Museu do Ciclismo. A grande mos- localidade que “fazia “fazia umas umas com- comcomtra serviu para assinalar o 30º ani- pras pras maiores” maiores” maiores”. maiores” maiores” Adquiriu-lhe uma<br />

versário da elevação das <strong>Caldas</strong> da colecção de valor superior a 200$00<br />

Rainha a cidade.<br />

(cerca de um euro), um elevado<br />

montante para a época. “Foi Foi Foi o o nos- nos- nos-<br />

“CASEI-ME COM ELE E COM OS so so so primeiro primeiro cliente cliente a a sério sério que que<br />

que<br />

SELOS”<br />

depois depois se se tornou tornou também também também um<br />

um<br />

amigo amigo amigo”, amigo contou. Desde então, foi<br />

Em 1962 Sérgio Simões e Maria Sérgio Simões que acabou por aju-<br />

Joana casaram, mas até a lua-dedar o médico a constituir e a valorimel,<br />

em Sevilha, decorreu com a zar a sua colecção filatélica.<br />

filatelia sob pano de fundo. Além O médico começou a frequentar<br />

de terem percorrido várias casa fi- exposições da especialidade e as<br />

latélicas à procura de selos ainda suas colecções chegaram a ser ga-<br />

visitaram um coleccionador espalardoadas com medalhas de prata.<br />

nhol, a quem compravam e tam- Sérgio Simões prometeu-lhe que o<br />

bém vendiam exemplares. ajudaria a adquirir a distinção má-<br />

“Casei-me “Casei-me com com ele ele e e com com os<br />

os xima (medalha de ouro). E assim<br />

selos” selos”, selos” conta Maria Joana Simões, foi, não só conseguiu distinções para<br />

recordando os idos tempos em que as suas colecções em Portugal e no<br />

foi ajudá-lo para a loja do seu so- estrangeiro.<br />

gro. Colocavam-se os dois no canto “Sempre Sempre tive tive gosto gosto gosto em em aju- ajuajuda loja a trabalhar nos selos: “ele ele<br />

dar dar os os os meus meus meus clientes clientes a a a adquirir<br />

adquirir<br />

escolhia-osescolhia-os e e e eu eu embrulhavaembrulhavaboasboasboas<br />

coisas coisas e e por por isso isso fiz fiz muimuiosos<br />

para para seguir seguir para para os os CorreiCorrei-<br />

tos tos amigos amigos ao ao longo longo longo da da vida vida”, vida<br />

os. os. Foi Foi assim assim o o início início da da nossa<br />

nossa disse Sérgio Simões. Com a sua<br />

empresa” empresa”, empresa” disse a matriarca da fa- esposa viajava pelo país para partimília<br />

Simões, que instigava o maricipar nos eventos e até chegaram a<br />

do a ter arrojo nas aquisições fila- constituir o que designavam pela<br />

télicas.<br />

família filatélica. “No No No Dia Dia do do Selo,<br />

Durante vários anos Sérgio Sijuntavam-sejuntavam-se sempre sempre muitos muitos cocomões<br />

foi o responsável pela Secleccionadoresleccionadores e e organizávaorganizávação<br />

Filatélica na <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> das das das das das Cal- Cal- Cal- Cal- Cal- mos mos grandes grandes grandes convívios” convívios”, convívios” conta<br />

das das das das das , iniciada em 1955 e que se Maria Joana Simões.<br />

estendeu ao longo dos anos 60 do A venda de material para colec-<br />

século passado.<br />

cionismo é algo que vem desde o<br />

“Eu Eu inicialmente inicialmente brincava<br />

brincava início da empresa. Antes era Sér-<br />

com com a a filatelia filatelia”, filatelia conta hoje Sérgio gio Simões que “ia ia à à origem origem e<br />

e<br />

Simões pois no início da sua carrei- comprava comprava no no estrangeiro estrangeiro o<br />

o<br />

ra apareciam primeiro “os os tais tais clicli-<br />

material material que que lhe lhe fazia fazia falta falta”, falta<br />

entesentesentes de de cinco cinco cinco e e de de de dez dez dez escuescu-<br />

enquanto que, na actualidade, são<br />

as marcas de material filatélico que<br />

seleccionam a empresa caldense<br />

para os representar no país. O material<br />

de apoio ao coleccionismo representa<br />

hoje cerca de 60% do negócio.<br />

A empresa das <strong>Caldas</strong> adquire-o,<br />

importa-o e também o revende.<br />

“ESTA CAUTELA TEM QUE SER<br />

PARA SI!”<br />

Vinha Sérgio Simões pela rua,<br />

em 1966, quando o conhecido cauteleiro<br />

Nunes o informou que tinha<br />

ali uma cautela e que esta “tem<br />

que ser para si!”. Lá acedeu e acabou<br />

por adquirir o bilhete. E eis que<br />

era premiado! Valeu-lhe 500 contos<br />

(2500 euros), uma verdadeira fortuna<br />

na altura e que era o preço de<br />

uma casa naquela época.<br />

“Nós Nós não não tínhamos tínhamos nada, nada, vi- vivivíamosvíamos apenas apenas do do nosso nosso tratra-<br />

balho! balho!”, balho! contou o casal, que não<br />

podia ter ficado mais satisfeito. Viviam<br />

então na Rua da Estação e<br />

apesar de Sérgio Simões pretender<br />

fazer uma surpresa à esposa,<br />

já não foi a tempo. Segundo Maria<br />

Joana Simões, nesse dia, “estava “estava<br />

“estava<br />

aa comprar comprar uns uns sapatos sapatos na na FéFé-<br />

lix lix [que ficava na Rua das Montras]<br />

eee logo logo logo alguém alguém me me disse disse que que títí-<br />

nhamos nhamos lotaria lotaria premiada” premiada”.<br />

premiada”<br />

O casal apressou-se a comprar<br />

uma máquina de costura, podendo<br />

a partir daí fazer roupinhas para as<br />

suas filhas.<br />

Questionado sobre se pagou um<br />

almoço ao cauteleiro Nunes, que<br />

tinha estabelecimento junto à Tália<br />

(hoje Foto Franco), Sérgio Simões,<br />

diz que não. Fez melhor:<br />

“comprei-lhe “comprei-lhe um um fato fato”, fato contou,<br />

agradecido pela insistência do cauteleiro<br />

em querer vender-lhe aquele<br />

bilhete de lotaria.<br />

Com o dinheiro do prémio a família<br />

construiu a sua vivenda, próxima<br />

da Escola D. João II, que estava<br />

pronta em 1969. “Mandámos<br />

Mandámos


nceituadas empresas de filatelia de Portugal<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

A importância da Internet e das feiras internacionais num negócio à escala global<br />

21<br />

19 | Novembro | 2010<br />

fazê-la fazê-la pensando pensando também também na na sede sede da<br />

da<br />

empresa empresa”, empresa explicaram Sérgio e Maria Joana<br />

Simões acerca do local que ainda hoje<br />

é a sede da firma.<br />

“Ele “Ele “Ele sempre sempre gostou gostou de de controlar<br />

controlar<br />

PRESENTE EM EVENTOS<br />

tudo,tudo, não não foi foi fácil fácil perceber perceber perceber que que eses-<br />

INTERNACIONAIS E MUNDIAIS<br />

ATÉ NO SERÃO DAS FÉRIAS SE tava tava na na hora hora de de passar passar o o negócio negócio negócio”, negócio<br />

CONTAVAM SELOS<br />

conta a esposa. Sérgio Simões foi sem-<br />

A empresa caldense Sérgio Simões<br />

pre o chefe e queria saber tudo o que se<br />

esteve na Exposição Mundial de Filate-<br />

Nos primeiros anos da vida do casal Si- passava na sua empresa. Hoje ainda vem<br />

lia que se realizou na FIL, no Parque das<br />

mões não era fácil tirar férias. “Eu Eu Eu ia ia com com<br />

com trabalhar um pouco. Já o tentaram colo-<br />

Nações, em Lisboa. O certame decorreu<br />

as as filhas filhas pequenas pequenas pequenas para para S. S. Martinho<br />

Martinho car ao computador, mas ainda é o res-<br />

durante 10 dias em Outubro e “foi “foi um<br />

um<br />

dodo Porto Porto e e o o o meu meu marido marido ia ia lá lá ter ter conconconponsável pela correspondência que é di-<br />

sucesso sucesso”, sucesso disse Vanda Morgado.<br />

nosco nosco à à noite noite”, noite recordou Maria Joana Sirigida à empresa por carta.<br />

A empresa caldense esteve presente<br />

mões. Nessas alturas levava um ficheiro Há ainda uma outra vertente que Sér-<br />

com material filatélico, numismático e<br />

para trabalharem todos ao serão, colocangio Simões dominava - o marketing.<br />

teve a visita dos directores das marcas<br />

do os selos nos respectivos catálogos. “Há Há<br />

Eram verdadeiras odes as que escrevia<br />

francesas e alemãs que representam.<br />

sempre sempre muito muito trabalho trabalho para para fazer,<br />

fazer, aos seus clientes. “São São cartas cartas de<br />

de<br />

No seu stand distribuíram por colec-<br />

coisas coisas para para pôr pôr pôr em em ordem, ordem, isto isto nunca<br />

nunca amor amor sobre sobre selos selos selos”, selos selos conta a esposa,<br />

cionadores e interessados canetas, ré-<br />

pára...” pára...”, pára...” disse a esposa, acrescentando que acrescentando que muitos clientes liguas,<br />

lupas ou mini classificadores o que<br />

houve tempos em que o seu marido chegavam a perguntar quando é que lhe Na Na exposição exposição mundial, mundial, em em Outubro Outubro deste deste ano, ano, a a a empresa empresa caldense<br />

caldense fez com que muita gente se dirigisse à<br />

gou a ter um ano de correspondência atra- escreviam mais uma carta sobre o tema. foi foi uma uma das das mais mais visitadas<br />

visitadas<br />

representação da empresa das <strong>Caldas</strong>.<br />

sada.<br />

Numa primeira fase só a mãe é que laborava<br />

na casa do casal pois Sérgio Simões<br />

continuava a trabalhar com o seu pai. “Cus- “Cus- “Cus- “Cus- “Custava-lhetava-lhetava-lhe<br />

deixá-lo deixá-lo deixá-lo pois pois era era era muito muito apeape-<br />

gado gado à à família” família”, família” disse a esposa. Mais tarde<br />

tomou as rédeas do seu negócio.<br />

“Sou Sou Sou coleccionador coleccionador na na medida medida em em<br />

em<br />

quequeque tenho tenho selos selos para para os os meus meus clienclienclien- tes tes”, tes ironiza o empresário, que afinal até<br />

tem duas colecções que não vende: uma<br />

sobre as Ilhas Virgens e outra sobre os<br />

Estados da Igreja.<br />

Tudo corria sobre rodas e a crescer, sobretudo<br />

com os coleccionadores que a empresa<br />

tinha nas ex-colónias. Sérgio Simões<br />

recorda que era considerável o volume de<br />

negócios nas antigas colónias, já que o coleccionismo<br />

era um dos principais passatempos<br />

de pessoas, sobretudo profissionais<br />

liberais. A empresa caldense vendia<br />

para lojas, mas a maioria dos selos eram<br />

enviados a coleccionadores privados.<br />

“Tínhamos “Tínhamos muitos muitos clientes clientes sobretu- sobretu- sobretu- sobretudo<br />

do do em em em Angola Angola Angola e e e Moçambique, Moçambique, Moçambique, era era era uma<br />

uma<br />

uma<br />

coisa coisa louca” louca”, louca” recorda o empresário. Só<br />

que o 25 de Abril de 1974 “foi foi como como uma uma<br />

uma<br />

bomba bomba no no no nosso nosso negócio… negócio… deitou-nos<br />

deitou-nos<br />

tudo tudo abaixo abaixo”. abaixo E o que para muitos foi<br />

“uma “uma maravilha” maravilha”, maravilha” para esta empresa “fofo ram ram sobretudo sobretudo sobretudo maus maus momentos momentos”, momentos recordou.<br />

Sérgio Simões teve que aguentar o barco<br />

e, devagar, “conseguimos conseguimosconseguimosreerguerreerguer- nos nos nos”. nos Depois as coisas melhoraram, até<br />

porque muitos coleccionadores regressaram<br />

a Portugal.<br />

Outro período menos feliz foi o que se<br />

viveu em 2002 com a introdução do euro,<br />

em que a família Simões começou a notar<br />

que durante a época de transição os coleccionadores<br />

passaram a comprar menos.<br />

“As “As pessoas pessoas pessoas deixam-se deixam-se deixam-se influenciar<br />

influenciar<br />

pelo pelo próprio próprio número número e e acabam acabam acabam por<br />

por<br />

fazer fazer menos menos compras compras que que antes antes”, antes contou<br />

Maria Joana Simões.<br />

Também têm notado um decréscimo do<br />

interesse dos jovens. Antes eram vários os<br />

que saíam da escola e se dirigiam à empresa<br />

para adquirir selos, mas vêem que agora<br />

há novos interesses e muitas vezes trocam<br />

o coleccionismo pelas novas tecnologias<br />

e electrónica.<br />

Era também o responsável pelos boletins<br />

filatélicos. Hoje produzem-se conteúdos<br />

para o site da firma, tentando<br />

ter sempre a informação actualizada.<br />

E qual é o segredo do negócio e de<br />

longevidade da firma? “Sérgio “Sérgio Simões<br />

Simões<br />

sempre sempre sempre foi foi impecável impecável nas nas nas contas contas e e<br />

e<br />

nos nos nos pagamentos<br />

pagamentos<br />

pagamentos”, pagamentos<br />

pagamentos contou a sua mulher.<br />

Além do mais é histórica a forma<br />

calorosa como recebe bem os seus clientes<br />

nas <strong>Caldas</strong>, tradição que ainda<br />

hoje seguem. “Até “Até pode pode levar levar um um pou- poupou- co co mais mais caro, caro, mas mas serve serve bem bem”, bem disse<br />

Maria Joana Simões.<br />

A fama de competência do patriarca,<br />

estende-se por todo o país e até<br />

chega ao estrangeiro. Recentemente um<br />

responsável dos CTT foi ao Reino Unido<br />

e ao ter contactado com uma empresa<br />

filatélica inglesa, imediatamente lhe referiram<br />

o nome de Sérgio Simões e da<br />

sua firma nas <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

O casal Simões desde sempre estabeleceu<br />

relações pessoais com os clientes,<br />

chegando a frequentar as suas casas.<br />

Foram convidados para casamentos,<br />

sobretudo no Norte, onde o volume<br />

de negócios era maior. “Tínhamos<br />

Tínhamos<br />

mais mais amigos amigos fora fora das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> do do que<br />

que<br />

cá cá e e ainda ainda hoje hoje é é assim. assim. Sabe, Sabe, os<br />

os<br />

selos selos aproximam aproximam as as as pessoas pessoas pessoas”, pessoas contam.<br />

E se antes marido e mulher faziam<br />

catálogos de selos para enviar por correio<br />

aos seus clientes, as suas filhas<br />

hoje enviam newsletters pela Internet.<br />

Actualmente o negócio da filatelia<br />

está bem entregue às suas filhas, Vanda<br />

Morgado e Margarida Roque, que<br />

continuam a vender selos, mas apostaram<br />

fortemente na diversificação de<br />

material de coleccionismo, algo que não<br />

foi difícil pois bastou continuar o trabalho<br />

do seu pai.<br />

Hoje são representantes das mais fortes<br />

marcas de material filatélico a nível<br />

mundial, assim como editores de catálogos<br />

de vários pontos do globo. São,<br />

por exemplo, os únicos representantes<br />

nacionais da marca alemã Lindner.<br />

A IMPORTÂNCIA DO MATERIAL DE<br />

COLECCIONISMO<br />

Vanda Morgado (44 anos é formada<br />

em Gestão) e veio em 1994 de Lisboa,<br />

onde trabalhava numa grande empresa<br />

de telecomunicações , para tomar conta<br />

do negócio da família. A sua irmã,<br />

Margarida Roque, de 46 anos, é advogada<br />

e trata das questões legais e contenciosas<br />

da firma.<br />

Já vão longe os dias em que eram<br />

miúdas e vinham ajudar o pai a descolar<br />

os selos “e e nós nós brincávamos brincávamos com com com eles<br />

eles<br />

atirando-os atirando-os ao ao ao ar” ar”. ar” Cresceram acompanhadas<br />

pelos selos e mesmo quando<br />

andavam na faculdade vinha ajudar no<br />

que era preciso recordando que, tal<br />

como hoje, “trabalhamos “trabalhamos muito muito por<br />

por<br />

correspondência”<br />

correspondência”.<br />

correspondência”<br />

correspondência”<br />

Uma das tarefas era carimbar impressos<br />

do correio e, segundo Vanda Morgado,<br />

a continuidade da empresa está<br />

assegurada pois as suas filhas hoje também<br />

ajudam naquela tarefa. A empresária<br />

tem cinco filhas com idades entre<br />

os cinco e os 23 anos.<br />

Já os filhos da sua irmã, Margarida<br />

Roque, dedicam-se às ciências. O filho<br />

estuda no estrangeiro Engenharia Biomédica<br />

e a filha quer seguir Genética.<br />

Mas o marido, Paulo Roque, 51 anos,<br />

professor de Biologia, dá uma ajuda na<br />

empresa. Uma colaboração iniciada em<br />

1989, altura em que veio montar o sistema<br />

informático da firma.<br />

Se em tempos o “core business” da<br />

empresa era a venda de selos, hoje é o<br />

material de coleccionismo que representa<br />

cerca de 60% do negócio. Além da<br />

venda a particulares, também se dedicam<br />

à revenda e já exportam para o<br />

Brasil.<br />

Neste tipo de material contam-se rolhas<br />

de garrafas, caixas para bolas de<br />

golfe, pinças, lupas, relógios, álbuns,<br />

classificadores e material filatélico e numismático.<br />

Os destinos mais distantes de clientes<br />

da filatélica caldense são Taiwan,<br />

China, Japão e Austrália.<br />

No ano passado o volume de negócios<br />

de Sérgio Simões Filatelia rondou os<br />

200 mil euros. Além dos quatro sóciosgerentes<br />

trabalham nesta empresa, há<br />

cerca de 30 anos, duas funcionárias.<br />

Vanda Morgado explica que hoje em<br />

dia “os “os coleccionadores coleccionadores de de selos<br />

selos<br />

frequentamfrequentam os os eventos, eventos, eventos, vendem vendem exexcedentescedentes<br />

com com preços preços baixos baixos e e é é é dididifícilfícil a a a sustentabilidade sustentabilidade das das empreempre-<br />

sas sas que que só só se se dediquem dediquem dediquem à à à filatelia filatelia filatelia”. filatelia<br />

Apesar de várias vicissitudes - como<br />

a que se viveu em 2005 e 2006 quando<br />

uma fraude com selos ao nível da Península<br />

Ibérica acabou por ter repercussões<br />

no negócio -, agora vivem-se dias<br />

tranquilos.<br />

O desenvolvimento do negócio está<br />

ligado à Internet e no futuro pensam<br />

mesmo em abrir uma filial em Lisboa.<br />

Mas a sede da firma continuará nas<br />

<strong>Caldas</strong>.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1952 1952 – – Sérgio Simões inicia o cantinho<br />

filatélico na loja de tecidos do seu pai,<br />

Abel Simões, no Largo Heróis da Naulila<br />

1962 1962 – – Casa com Joana Simões e vão<br />

em lua de mel para Sevilha por causa<br />

dos selos<br />

1969 1969 1969 – – Estabelecem-se em casa própria<br />

com área preparada para o negócio<br />

na Rua Dr. Artur Figueiroa Rego, 25<br />

1974 1974 – – – Perdem o importante mercado<br />

Já em 1998 realizou-se uma grande<br />

exposição internacional na qual esta<br />

empresa também participou. “O “O mais<br />

mais<br />

importanteimportanteimportante são são os os contactos contactos direcdirectoto<br />

com com clientes clientes clientes e e e fornecedores fornecedores e e ainain-<br />

da da da a a publicidade publicidade que que se se faz faz faz à à casa casa”, casa<br />

contou a gestora.<br />

Na exposição mundial participaram<br />

representações de Espanha, Iraque,<br />

Cabo Verde, Macau, Marrocos, Nova<br />

Zelândia e entidades como a Casa da<br />

Moeda, a Biblioteca Nacional, o Metro,<br />

a Carris ou a Associação Portuguesa de<br />

Filatelia. Empresas portuguesas do ramo<br />

que não fossem de Lisboa, só esteve a<br />

filatelia de Sérgio Simões.<br />

Foram também emitidos selos para<br />

este evento e houve um passaporte filatélico<br />

que consistia na aquisição de um<br />

documento para colocação dos selos respectivos<br />

de cada administração postal presente.<br />

No total estiveram no certame 32<br />

representações de países e empresas e<br />

cada uma poderia colocar também um<br />

carimbo por cima do selo. O tema deste<br />

passatempo foi “Boa viagem através dos<br />

selos, coleccionar também é descobrir!” .<br />

Do evento fez parte a colecção filatélica<br />

Real Inglesa com o primeiro selo<br />

denominado Penny Black, datado de<br />

1840. Esta colecção é considerada a melhor<br />

e mais abrangente do mundo. Também<br />

no mesmo stand estava a colecção<br />

de SAS o Príncipe do Mónaco. Cerca de<br />

4000 quadros de exposição preencheram<br />

o pavilhão da FIL junto com comerciantes<br />

portugueses e estrangeiros, administrações<br />

postais e associações filatélicas<br />

nacionais e internacionais.<br />

N.N<br />

N.N<br />

nova, entra formalmente para a empresa<br />

para trabalhar na gestão e na parte<br />

financeira<br />

1997 1997 1997 - -Sérgio<br />

Simões foi eleito comerciante<br />

do ano pela Associação Filatélica<br />

Alentejana<br />

2002 2002 – – – A introdução do euro induz uma<br />

redução pontual no volume de vendas<br />

2005 2005 – – – Constituição da sociedade por<br />

quotas Filatelia Sérgio Simões, Lda. tendo<br />

como sócios-gerentes o casal fundador<br />

e as filhas Vanda e Margarida. O ca-<br />

Natacha Natacha Narciso Narciso<br />

Narciso<br />

nnarciso@gazetacaldas.com A A empresa empresa conta conta com com duas duas funcionárias, funcionárias, Zulmira Zulmira Zulmira Duarte Duarte (atrás) (atrás) e<br />

e<br />

Florbela Florbela Mendes, Mendes, que que nela nela trabalham trabalham há há cerca cerca de de 30 30 anos<br />

anos<br />

das colónias e registam uma quebra<br />

muito acentuada<br />

1994 1994 – – Vanda Morgado, a filha mais<br />

pital social é de cinco mil euros.<br />

2006 2006 2006 – – – Passa a ser representante nacional<br />

da marca alemã Lindner


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

26 | Novembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Mercearia “O Ferreira” - O tradicional e o gourmet ju<br />

Luís Ferreira (1896–1975) é recordado<br />

pelo neto Romeu como<br />

“um “um homem homem de de pulso” pulso”. pulso” E foi<br />

esta firmeza do beneditense de<br />

gema que ajudou ao sucesso dos<br />

dois negócios que abriu em 1926<br />

e que se traduziam num estabelecimento<br />

muito normal na<br />

época - uma taberna e uma mercearia,<br />

divididas apenas por uma<br />

porta.<br />

Do primeiro negócio restam<br />

apenas as memórias dos seus<br />

filhos e netos, e dos muitos homens<br />

que ao domingo, antes da<br />

missa, por lá passavam para beber<br />

os “pirolitos”, pequenos copos<br />

de aguardente a que chamavam<br />

de “mata-bicho”, dadas<br />

as suas comprovadíssimas propriedades<br />

na protecção contra<br />

doenças e maleitas diversas.<br />

Já a mercearia ainda hoje é<br />

uma referência no comércio tradicional<br />

da vila, mantendo clientes<br />

que há décadas ali se abastecem.<br />

E há de tudo naquelas<br />

prateleiras.<br />

Do casamento com Ana Maria Ana Ana Maria Maria Bernardina Bernardina Ferreira Ferreira e e Luís Luís Luís Ferreira<br />

Ferreira Pais Pais Pais e e filho. filho. Romeu Romeu Ferreira Ferreira projecta projecta para para o o futuro futuro o o o negócio negócio iniciado iniciado iniciado pelo pelo avô avô avô e e que que os os pais<br />

pais<br />

Bernardina Ferreira (1898–1987) em em em 1920, 1920, seis seis anos anos antes antes da da abertura abertura da<br />

da geriram geriram durante durante mais mais de de três três décadas<br />

décadas<br />

nasceram quatro filhos: Maria, mercearia mercearia e e da da taberna<br />

taberna<br />

António, Joaquim e Ana. Os ra- eram produtos que ali levavam lhes lhes lhes o o biberão biberão biberão na na boca, boca, e e eles<br />

eles bretudo a partir da década de 80, suas queixas e desabafos, hoje prateleiras da loja.<br />

pazes desde cedo acompanha- muita gente. O bacalhau, sembebiambebiam sozinhos, sozinhos, que que que eu eu titi-<br />

garante de emprego, muitos tudo é bem diferente. “Ninguém “Ninguém<br />

“Ninguém Os clientes, que habitualmenram<br />

os negócios do pai, e quanpre de boa qualidade e que os nha nha nha que que vir vir vir atender atender clientes” clientes” clientes”, clientes” clientes” eram os que pagavam as suas refilava,refilava, as as as pessoas pessoas pessoas andaandate<br />

aos fins-de-semana iam à<br />

do António, o mais velho, iniciou donos da loja iam propositada- conta.<br />

contas apenas quando recebiam vamvam mais mais calmas, calmas, tudo tudo espeespe-<br />

praça aviar-se de frutas e legu-<br />

a sua própria família, ficou com mente buscar à Figueira da Foz, Olhando para trás, Ana Ferrei- o ordenado. “Quando “Quando por por por ve- ve- ve- rava rava na na sua sua vez, vez, ninguém<br />

ninguém mes, começaram a pedir que se<br />

a taberna a seu cargo, manten- é também uma das referências ra Luís garante que as diferenzeszes não não recebiam recebiam recebiam logo logo vivivi- atropelava atropelava ninguém. ninguém. Agora<br />

Agora vendessem estes artigos na<br />

do-a aberta até à década de 80. do estabelecimento.<br />

ças entre aquela altura e os dias nham nham cá cá e e pediam pediam ‘Oh ‘Oh senhor<br />

senhor os os os clientes clientes clientes vêm vêm todos todos com com<br />

com mercearia. E quantos jovens<br />

A divisão dos negócios levou Do património da mercearia de hoje são abismais. “Traba- “Traba- “Traba- Joaquim, Joaquim, posso posso pagar pagar daqui<br />

daqui muita muita pressa” pressa”, pressa” diz D. Ana. adultos não se lembram de, ain-<br />

a uma mudança dos estabeleci- ainda fazem parte a balança usa- lhou-se lhou-se lhou-se muito muito naquele naquele tempo,<br />

tempo, por por mais mais oito oito dias dias ou ou ou quinze<br />

quinze Já o filho, Romeu, lembra-se da crianças, irem ‘ao Ferreira’<br />

mentos, e na década de 60 a da na altura, com uma tabela que não não tínhamos tínhamos tínhamos empregados<br />

empregados dias?’.dias?’. Há Há outros outros que que espetaespeta-<br />

“das “das sacas sacas de de açúcar açúcar louro<br />

louro comprar rebuçados? Aos produ-<br />

mercearia “O Ferreira” muda-se dava logo o preço de cada pro- para para nada. nada. nada. Era Era Era só só eu eu e e o o o meu<br />

meu ramram o o calote, calote, nunca nunca mais mais papaqueque<br />

traziam traziam uns uns grãos grãos prepretos<br />

tradicionais foram-se jun-<br />

para o local onde ainda hoje se duto, as bombas que se usavam marido” marido” marido”. marido” marido” O facto de viverem por garam” garam”, garam” lembra D. Ana. tos, tos, da da da humidade humidade do do açúcar. açúcar.<br />

açúcar. tando as novidades que iam<br />

encontra, na Rua da Serradinha. para retirar o petróleo dos bi- cima da loja fazia com que a vida Hoje acabaram-se os livros e Davam-nos Davam-nos esses esses grãos grãos e<br />

e aparecendo no mercado e a<br />

E foi na mercearia que Joaquim dões de 50 litros em que estes familiar e o trabalho se mistu- o hábito de vender fiado. Mas eram eram os os os nossos nossos caramelos”<br />

caramelos”.<br />

caramelos” mercearia encheu-se de produ-<br />

Luís Ferreira (nascido em 1929)<br />

tos alimentares, artigos de hi-<br />

trabalhou desde sempre. “O<br />

“O<br />

giene pessoal e de limpeza, co-<br />

meu meu pai pai trabalhou trabalhou aqui aqui toda<br />

toda<br />

a a vida. vida. A A profissão profissão dele dele é<br />

é Data de 1926 a fundação da mercearia “O Ferreira”, a mais antiga da Benedita e uma das poucas que<br />

mida para animais, ganchos e<br />

redes para os carrapitos das<br />

marceneiro,marceneiro, foi foi um um dos dos marmar-<br />

resiste numa vila onde nos últimos anos se fixaram quatro supermercados e hipermercados. Hoje, a senhoras, bilhas de gás.<br />

ceneiros ceneiros da da igreja igreja daqui,<br />

daqui, pequena loja é gerida por Romeu Ferreira, neto do fundador, Luís Ferreira.<br />

Nos anos 80 e 90 a mercearia<br />

mas mas com com vinte vinte e e poucos<br />

poucos Bem longe dos tempos em que ali tudo era vendido avulso, há um sem número de produtos para<br />

lutou para sobreviver, quando<br />

anosanosanos começou começou começou a a a tomar tomar tomar concontatata<br />

do do negócio, negócio, tal tal como como dede-<br />

pois pois aconteceu aconteceu aconteceu comigo” comigo” comigo”, comigo” comigo” conta<br />

Romeu Ferreira.<br />

descobrir pelas prateleiras, dos mais antigos e tradicionais aos mais sofisticados, sempre com uma<br />

elevada aposta na qualidade. Esta é uma das razões pelas quais a mercearia tem conseguido fidelizar<br />

muitos clientes e enfrenta o futuro de cabeça erguida e sem medo.<br />

começaram a aparecer na vila os<br />

supermercados. E a aposta, que<br />

se mostrou acertada, foi na qualidade<br />

dos produtos como factor<br />

Em 1969 Joaquim Ferreira casa<br />

diferenciador. É em 2002 que Ro-<br />

com Ana Rebelo Ferreira Luís<br />

meu Ferreira se junta aos pais no<br />

(nascida em 1943) e, tal como chegavam à loja e uma máquina rassem quase sempre. Depois os por vezes, e sendo a proximida-<br />

negócio da família. Formado em<br />

tinha acontecido com o seu ir- registadora que funcionava à filhos foram crescendo e comede na relação entre vendedores DA VENDA AVULSO AOS Sistemas de Informação Geográmão<br />

António, assume o negócio manivela quando a luz eléctrica çaram a ajudar. A mãe recorda e clientes uma característica úni- PRODUTOS EMPACOTADOS fica o jovem, na altura com 28<br />

do pai. D. Ana, como todos os falhava.<br />

que muitas vezes os filhos iam ca do comércio tradicional, por<br />

anos, não conseguiu trabalho na<br />

clientes a tratam, lembra-se bem D. Ana lembra-se, quando “a “a<br />

“a ajudar a pesar os produtos ao vezes ainda acontece que fique Na década de 80 foi proibida a sua área e decide que é preciso<br />

desses tempos. “Eu “Eu vim vim para para<br />

para casa casa era era muito muito pequenina pequenina e<br />

e sábado.<br />

na caixa um ou outro papelito venda avulso e dá-se uma enor- sangue novo para que o negócio<br />

aqui aqui trabalhar trabalhar passados passados passados três<br />

três tinha tinha um um balcãozinho balcãozinho e e as as<br />

as<br />

que é pago mais tarde.<br />

me mudança na oferta da mer- iniciado pelo seu avô resista no<br />

meses meses de de me me me casar” casar”, casar” conta. E pessoas pessoas não não passavam passavam para<br />

para NO TEMPO EM QUE SE Da altura, restam não só as cearia “O Ferreira”, onde passou tempo. Dois anos depois, um aci-<br />

tudo era diferente. Se hoje se dentro, dentro, pediam pediam tudo tudo do do lado<br />

lado COMPRAVA FIADO recordações mas também mui- a vender-se tudo devidamente dente afasta o pai do trabalho na<br />

vende devidamente empacotado, de de de fora. fora. Não Não era era como como agora, agora,<br />

agora,<br />

tos clientes. Uns iam lá na altura embalado. Pouco a pouco fo- loja e foi nessa altura que o rapaz<br />

na altura tudo era vendido avul- que que que são são as as pessoas pessoas que que que se<br />

se Uma das principais diferen- e mantêm-se fiéis à casa. Outros ram-se também introduzindo se torna gerente da mercearia. A<br />

so. “Pesava-se “Pesava-se o o açúcar, açúcar, açúcar, a a<br />

a servem” servem”. servem” servem” Lembra-se de quando ças era a forma como os clien- iam com os pais ‘ao Ferreira’ fa- novos produtos, como o pão, mãe diz que “é “é pena, pena, porque porque<br />

porque<br />

massa,massa, o o arroz arroz em em pacotipacoti-<br />

levava para junto de si os filhos tes pagavam o que compravam. zer as compras para casa e hoje, feito pelos melhores padeiros istoisto é é muito muito cansativo, cansativo, trabatrabanhosnhos<br />

de de papel, papel, uns uns pacotipacoti-<br />

ainda bebés – Joaquim António O fiado ditava a regra e “era<br />

“era homens e mulheres feitos, con- da terra, ou os tão afamados lha-selha-se muito muito e e ganha-se ganha-se poupou-<br />

nhos nhos de de bico” bico” bico” que se lembra de Luís Ferreira (nascido em 1970) e tudo tudo para para para o o livro” livro”. livro” As pessoas tinuam a gostar de ali ir. Mas se sabonetes e águas de colónia co co e e e é é é muita muita chatice” chatice”. chatice” O filho<br />

passar horas a fazer.<br />

Romeu Luís Rebelo Ferreira (nas- iam aviar-se e o que levavam era há umas décadas o merceeiro da Ach Brito, artigos que hoje garante que “é “é um um gosto” gosto”. gosto”<br />

Além destes produtos, o azeicido em 1974). “Criei “Criei os os meus<br />

meus apontado num livro. As contas “era “era “era o o segundo segundo padre padre da da fre- fre- fre- fre- fre- se usam nas mais luxuosas cate,<br />

o petróleo para as lamparifilhosfilhos aqui. aqui. Tinha Tinha ali ali uma uma coco-<br />

eram feitas à semana, ao mês, guesia” guesia” guesia” e tinha sempre uma sas do país e da Europa (vendi- Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

nas - quando a electricidade para zinha,zinha, trazia-os trazia-os para para lá, lá, deidei-<br />

como se combinasse. Numa ter- palavra para dar aos seus cliendos a peso de ouro em muitos jfialho@gazetacaldas.com<br />

muitos era ainda um privilégio -, tava-os, coitadinhos, coitadinhos, punhara<br />

onde as fábricas foram, sotes e um tempinho para ouvir as locais) e que ainda povoam as


ntos num negócio com 84 anos na Benedita<br />

O O filho filho filho mais mais mais velho velho de de de Ana Ana Ana e e Joaquim Joaquim Ferreira, Ferreira,<br />

Ferreira,<br />

apanhado apanhado em em 1985 1985 com com a a mão mão mão dentro dentro do do boião boião dos<br />

dos<br />

rebuçados<br />

rebuçados<br />

“As grandes superfícies já não nos fazem mal”<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

26 | Novembro | 2010<br />

Durante muitos anos, a mer- cada cada e e tem tem que que estar estar tudo<br />

tudo<br />

cearia “O Ferreira” não teve muito muito bem bem organizado” organizado” e<br />

qualquer toldo ou placa que a isso implica uma selecção cui-<br />

identificasse como estabelecidada dos produtos que ali se<br />

mento comercial. A projecção vendem. A aposta é, assim, fei-<br />

de uma imagem para o exterior ta em “produtos “produtos de de grande<br />

grande<br />

foi uma das grandes diferen- qualidade qualidade e e principalmente<br />

principalmente<br />

ças introduzidas por Romeu marcas marcas nacionais”<br />

nacionais”. nacionais” E é isto<br />

Ferreira no negócio dos pais e que tem contribuído para man-<br />

do avô, que escolheu como lema ter os clientes ano após ano.<br />

“Desde 1926 para o Bem Ser- Os vinhos são um bom exemvir”.plo.<br />

O gerente da mercearia ga-<br />

Mas quem não conhece a rante que na garrafeira da loja<br />

mercearia por dentro, está lon- se podem encontrar 200 vinhos<br />

ge de imaginar que numa área diferentes, “entre “entre os os quais quais os<br />

os<br />

com cerca de 80 metros qua- 50 50 50 melhores melhores do do país” país”. país” Às medrados<br />

se pode encontrar um lhores marcas nacionais jun-<br />

total de cerca de seis mil refetam-se artigos conhecidos inrências,<br />

dos artigos mais traditernacionalmente, como os chás<br />

cionais aos agora tão em voga da marca inglesa Twinings.<br />

produtos gourmet e biológicos. Uma aposta recente, mas que<br />

No mesmo espaço, onde se começa já a dar que falar, uma<br />

pode comprar granulado para vez que se contam pelos dedos<br />

coelhos ou o sabão azul e bran- de uma mão os locais onde a<br />

co tão conhecido das donas de<br />

casa, encontra-se também ca-<br />

marca está à venda no país.<br />

“Quem “Quem conhece conhece chá, chá,<br />

chá,<br />

Joaquim Joaquim Ferreira Ferreira Ferreira e e Ana Ana Ana Luís Luís na na sua sua sua mercearia mercearia em em 1984 1984 1984 e e e na na na semana semana semana passada passada<br />

passada<br />

viar, mel em cortiço, trufas e quem quem gosta gosta mesmo mesmo e e quem<br />

quem mercearia, que só vende bolos vantagens das grandes super- superfícies superfícies superfícies nunca nunca sabem<br />

sabem “há “há menos menos menos tentação tentação tentação para para se<br />

se<br />

até o molho de melaço com que se se interessa interessa um um um bocadinho<br />

bocadinho e doces frescos. “Sou “Sou “Sou o o pri- pri- pri- fícies e aponta três factores quem quem quem é é é que que que os os vai vai atender” atender”, atender” comprarcomprarcomprar o o o que que que não não não é é é preciprecipreci-<br />

se comem as panquecas norte- pela pela sua sua história história fica fica adm adm admi- adm adm i<br />

meiro meiro a a dizer dizer ao ao cliente cliente cliente que<br />

que para o seu sucesso. Em primei- diz Romeu. Outra coisa que leva so so em em casa” casa”, casa” garante.<br />

americanas e que muito dificil- rado rado por por ver ver o o Twinings Twinings à<br />

à o o o bolo bolo é é é do do dia dia dia anterior, anterior, o<br />

o ro lugar, “é “é porque porque porque é é uma<br />

uma as pessoas a optarem pelo pe- E mais uma vez a qualidade,<br />

mente se encontra até nos maivendavenda aqui. aqui. Aconteceu Aconteceu nounouclienteclientecliente<br />

só só só o o o compra compra se se quiquimodamoda<br />

que que surgiu surgiu em em PortuPortuqueno<br />

comércio é “saberem<br />

“saberem sobretudo nos produtos aliores<br />

hipermercados.<br />

trotrotro dia dia estarem estarem umas umas senhosenho-<br />

ser, ser, mas mas mas fica fica avisado. avisado. Acho<br />

Acho galgal aí aí há há 15 15 15 anos anos e e e foi foi imimimqueque se se se tiverem tiverem algum algum propromentares,<br />

marca a diferença.<br />

“Quando “Quando fazemos fazemos o o ba- ba- ba- ras ras lá lá fora fora e e quando quando viram viram o o<br />

o que que a a casa casa casa vence vence mais mais mais por<br />

por portada portada de de de fora” fora” fora”, fora” depois é blema blema que que seja, seja, há há alguém alguém<br />

alguém Há quatro anos foi implemenlançolançolanço<br />

anual anual anual é é que que percebepercebecháchá<br />

na na montra montra montra ficaram ficaram adadestaesta<br />

honestidade honestidade e e sincerisinceri-<br />

inegável a mais-valia que é o que que os os ouve, ouve, e e nos nos nos outros<br />

outros tado na mercearia o sistema<br />

mosmos a a quantidade quantidade de de produprodu-<br />

miradíssimas. miradíssimas. miradíssimas. Entraram,<br />

Entraram, dade dade com com o o cliente cliente e e e pelo<br />

pelo parque de estacionamento dos lados lados não. não. O O merceeiro merceeiro é é é o<br />

o HACCP, que garante a seguran-<br />

tos tos que que temos temos aqui” aqui”, aqui” diz Ro- compraram compraram logo logo umas umas latas<br />

latas atendimento atendimento personalizado<br />

personalizado hipermercados. Por último, segundo segundo segundo padre padre na na terra” terra”. terra” ça dos alimentos, tanto ao nímeu,<br />

que prefere não divulgar e e acharam acharam fascinante fascinante uma<br />

uma que que mantemos mantemos já já há há há muitos<br />

muitos acredita que em espaços maio- E quem acha que o comércio vel da sua produção como da<br />

o volume de negócios da mer- loja loja de de de província província ter ter ter este<br />

este anos” anos”, anos” explica.<br />

res “as “as pessoas pessoas não não se se sen- sen- sen- tradicional tem os dias conta- sua comercialização. Um passo<br />

cearia, cujo capital social é de chá” chá”, chá” chá” conta.<br />

tem tem tão tão vigiadas vigiadas e e não não têm<br />

têm dos, desengane-se. Romeu Fer- “fundamental” “fundamental” numa casa<br />

10 mil euros. E o que torna o Os chás são, de resto, um dos CLIENTES VOLTAM AO tanta tanta vergonha vergonha de de escolher<br />

escolher reira diz que se há uns anos ti- “aberta “aberta há há 86 86 anos anos que que nun- nun- nun- nun- nuninventário<br />

exequível é a infor- produtos em que a mercearia COMÉRCIO TRADICIONAL os os os produtos produtos mais mais baratos,<br />

baratos, veram que lutar contra as grancaca teve teve um um problema problema alimenalimenmatização<br />

do sistema, sinal da aposta mais. À Twinings junta-<br />

ainda ainda que que piores” piores”. piores”<br />

des superfícies, hoje têm o seu tar” tar” tar”. tar” E além de Romeu e da<br />

modernização que projecta a se a marca Lipton e uma gran- Quando perguntamos a Romeu No extremo oposto estão as lugar bem definido e aos clien- mãe, o estabelecimento dá ain-<br />

loja para o futuro. Um futuro de diversidade de chás mais es- Ferreira se o futuro é encarado com mercearias, locais onde toda a tes fiéis juntam-se agora aqueda trabalho a uma engenheira<br />

que se faz também através da pecíficos para bem-estar e saú- optimismo, o “sim” “sim” “sim” reforçado três gente se conhece. Um facto que les que começam a perceber alimentar. Nesse aspecto, a fa-<br />

Internet e de uma loja online de, como problemas de fígado vezes não deixa margens para dú- é simultaneamente uma des- que “nos “nos “nos supermercados<br />

supermercados mília Ferreira foi sempre muito<br />

da mercearia (em ou estômago, diabetes ou vidas. “O “O nosso nosso mercado mercado é é mui- mui- mui- vantagem e uma vantagem das nem nem nem todos todos os os produtos produtos são<br />

são rigorosa: “preferimos “preferimos perder<br />

perder<br />

www.merceari aoferreira.c om), transtorno do sono. “Neste “Neste mo- mo- mo- toto específico específico e e é é muito muito pequepeque-<br />

pequenas lojas. É que há quem maismais baratos baratos que que que no no comércomér-<br />

dinheiro dinheiro a a vender vender algo algo que<br />

que<br />

utilizada sobretudo por clien- mento mento temos temos aí aí uns uns 30 30 chás chás<br />

chás nininho, nininho, para para para termos termos medo<br />

medo não troque o atendimento per- cio cio tradicional”<br />

tradicional”. tradicional” E dá o exempossapossa já já não não estar estar nas nas memetes<br />

de Lisboa e Algarve. diferentes diferentes na na nossa nossa casa”<br />

casa”, casa”<br />

das das das grandes grandes superfícies. superfícies. superfícies. Eles Eles<br />

Eles sonalizado por nada. “Aqui, “Aqui, se se<br />

se plo: “nos “nos frescos frescos frescos e e na na fruta, fruta,<br />

fruta, lhores lhores condições. condições. condições. Primeiro Primeiro Primeiro as<br />

as<br />

Mas como se consegue ter afiança o gerente.<br />

comem-se comem-se uns uns aos aos outros, outros, a<br />

a asas pessoas pessoas têm têm têm alguma alguma coicoi-<br />

os os os nossos nossos nossos preços preços são são são mais<br />

mais pessoas, pessoas, pessoas, depois depois o o o dinheiro” dinheiro”. dinheiro”<br />

tanta coisa num espaço tão pe- Já nos produtos de pastela- nós nós não não nos nos fazem fazem já já mal. mal. Já<br />

Já sasa a a reclamar reclamar vêm vêm falar falar didibaixos,baixos,<br />

além além de de que que os os os proproqueno?<br />

“As “As nossas nossas pratelei- pratelei- pratelei- ria, há um pasteleiro da zona a fizeram, fizeram, agora agora não” não”, não” diz. rectamente rectamente com com o o dono dono dono da da<br />

da dutos dutos são são melhores”<br />

melhores”. melhores” Além Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

ras ras só só têm têm um um um produto produto produto de de<br />

de produzir diariamente para a Romeu sabe bem quais as loja, loja, enquanto enquanto nas nas nas grandes<br />

grandes disso, no pequeno comércio jfialho@gazetacaldas.com<br />

A A imagem imagem imagem externa externa da da loja loja é é uma uma das das apostas apostas de de Romeu Romeu Ferreira, Ferreira, que<br />

que<br />

também também investiu investiu numa numa loja loja online<br />

online<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1896 1896 – Nasce Luís Ferreira na Benedita<br />

1926 1926 – – Luís Ferreira abre a mercearia, juntamente<br />

com uma taberna<br />

Década Década de de 60 60 – – Dá-se a divisão dos dois<br />

negócios e a mercearia muda para as instalações<br />

onde ainda hoje se encontra<br />

1929 1929 – – Nasce o filho, Joaquim Ferreira<br />

1969 1969 1969 – – Joaquim Ferreira casa-se com Ana<br />

Luís e fica com a mercearia<br />

1970 1970 – – – Nasce o filho mais velho, Joaquim<br />

Ferreira, que optaria por ser professor<br />

1974 1974 – – Nasce Romeu Ferreira, que viria a<br />

ser o sucessor do negócio da família<br />

2002 2002 – – – Romeu Ferreira começa a trabalhar<br />

com os pais a tempo inteiro<br />

2004 2004 – – Romeu assume a gestão do negócio


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

3 | Dezembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Gilberto Santos fundou a Ourivesaria Beto e legou a<br />

Gilberto Gilberto Santos Santos e e os os filhos filhos nas nas nas <strong>Caldas</strong><br />

<strong>Caldas</strong><br />

quando quando regressaram regressaram de de de Angola<br />

Angola<br />

Gilberto Santos, mais conhecido<br />

por Beto, nasceu em 1939 no<br />

Bairro da Ponte, nas <strong>Caldas</strong> da<br />

Rainha, no seio de uma família<br />

humilde. Estudou até aos 10 anos,<br />

cumprindo a antiga quarta classe<br />

na escola da Praça do Peixe<br />

antiga. Foi na escola que descobriu<br />

que tinha capacidades de artesão.<br />

Com apenas sete anos, andava<br />

na escola do Campo, teve<br />

contacto com a olaria e impressionou<br />

o professor com o resultado<br />

de uma pequena peça. Mas o<br />

futuro iria levá-lo para outro ofício.<br />

Quando saiu da escola, ainda<br />

trabalhou como polidor de móveis,<br />

na oficina do Ramalho, na Praça<br />

da Fruta - onde mais tarde se instalaram<br />

os Móveis Ferreira - e também<br />

trabalhou nos mármores.<br />

Mas o gosto pelos relógios já<br />

estava a nascer e começou a desenvolver-se<br />

quando os pais se<br />

mudaram das <strong>Caldas</strong> para a Serra<br />

D’el Rei. Começou a arranjar relógios<br />

para os vizinhos, numa taberna<br />

em Ferrel. “Levava “Levava as as mi- mimi- nhas nhas ferramentas ferramentas e e tinha tinha que<br />

que<br />

esperaresperar que que os os homens homens acaacasoubessesoubesse<br />

de de de alguém alguém que que prepre-<br />

passo a sério no mundo dos reló- tudo” tudo”. tudo”<br />

bassem bassem de de jogar jogar às às cartas<br />

cartas cisasse, cisasse, me me indicava”, indicava”, conta. gios. Estávamos em 1956.<br />

Esteve no Alcino até 1962. Mas<br />

parapara ter ter a a mesa mesa livre livre para para para fafa-<br />

Augusto dos Santos era colcho- “Ainda “Ainda me me lembro lembro do do pri- pri- pri- obteve da Ourivesaria Sebastião<br />

zer zer de de bancada” bancada”, bancada” conta Beto. eiro na empresa de João Ramos, meiro meiro dia dia - - - ele ele ele entregou-me entregou-me um<br />

um uma oferta de emprego em que<br />

Os consertos já lhe rendiam uns onde fazia colchões de palha - na relógiorelógio pequenino pequenino todo todo desdes-<br />

ganhava mais 100 escudos (50 cên-<br />

trocados, mas rendimentos muito altura muito requisitados pelos montado montado e e e o o meu meu trabalho trabalho era<br />

era timos) por mês, o que na altura<br />

pequenos, pelo que a Augusto médicos para quem sofria da co- montá-lo… montá-lo… e e e consegui” consegui” consegui”, consegui” consegui” recor- era muito dinheiro. Gilberto acei-<br />

Santos não agradava muito que o luna - e foi para lá que Agostinho da. O primeiro salário foi de 60 tou e foi trabalhar com Sebastião<br />

filho seguisse aquele ofício. Foi por telefonou, cerca de seis meses de- escudos (30 cêntimos de euro). do Coito Caramelo na Rua Henri-<br />

isso à sua revelia que, quando a pois, com uma proposta de traba- Beto lembra Alcino Pereira de que Sales.<br />

A história da Ourivesaria Beto é mais do que a história de uma empresa que passou de uma geração<br />

para outra. É a história de como a paixão pelos relógios moldou a vida de um homem, Gilberto Santos<br />

(Beto), desde os 12 anos de idade, e que contagiou os filhos. Foi em 1977 que Gilberto Santos fundou<br />

a Relojaria Beto, então com 38 anos, mas a história começa mais de 20 anos antes, quando, ainda<br />

criança, começou a arranjar relógios numa taberna em Ferrel. Hoje em dia a Ourivesaria Beto é gerida<br />

pelos dois filhos, Gilberto e Paulo Santos, virando-se para um ramo onde há uma grande falta de<br />

especialistas: os relógios antigos.<br />

família regressou às <strong>Caldas</strong>, Beto<br />

se dirigiu à oficina de conserto de<br />

relógios Agostinho, junto aos Capristanos,<br />

para pedir emprego.<br />

A resposta foi negativa, mas a<br />

iniciativa não foi em vão. “Disse- “Disse“Disse- me me que que a a loja loja era era pequena, pequena, não<br />

não<br />

dava dava para para ter ter ter empregados,<br />

empregados,<br />

mas mas garantiu garantiu que que quando<br />

quando<br />

Gilberto Gilberto Gilberto Santos Santos na na Ourivesaria Ourivesaria Sebastião, Sebastião, onde onde trabalhou trabalhou trabalhou entre<br />

entre<br />

1962 1962 e e 1965 1965<br />

1965<br />

Gilberto Gilberto filho, filho, Gilberto Gilberto pai pai e e Paulo Paulo Santos. Santos. O O mais mais velho velho está está em<br />

em<br />

Inglaterra Inglaterra Inglaterra a a trabalhar trabalhar no no mesmo mesmo ramo<br />

ramo<br />

lho para Gilberto. “Ele “Ele “Ele até até se se zan- zanzangou, gou, gou, não não não sabia sabia sabia que que que eu eu eu tinha<br />

tinha<br />

tinha<br />

ido ido pedir pedir trabalho” trabalho”, trabalho” relembra<br />

Gilberto Santos.<br />

A oferta era para a Relojoaria<br />

Alcino, que se situava na Rua Leão<br />

Azedo, hoje Rua Montepio Rainha<br />

D. Leonor, naquele que, aos 17<br />

anos, seria para Beto o primeiro<br />

Barros, aquele que considera o seu<br />

grande mestre, com enorme estima.<br />

“Era “Era “Era uma uma pessoa pessoa extraor- extraorextraordinária,dinária, com com uma uma grande grande sensen-<br />

sibilidade, sibilidade, escrevia escrevia e e recitava<br />

recitava<br />

poesia, poesia, era era uma uma pessoa pessoa muito<br />

muito<br />

queridaquerida nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e até até chechegougou<br />

a a ser ser presidente presidente presidente dos dos PimPim-<br />

pões, pões, foi foi ele ele que que me me ensinou<br />

ensinou<br />

O O fundador fundador fundador da da Ourivesaria Ourivesaria Beto Beto ao ao lado lado lado dos dos seus<br />

seus<br />

sucessores: sucessores: o o filho filho Paulo Paulo e e a a a nora, nora, nora, Fátima Fátima Santos<br />

Santos<br />

Em 1964 casou com Maria Antonieta,<br />

mãe dos seus dois filhos,<br />

tendo Sebastião como padrinho<br />

de casamento. Mas a relação patrão<br />

funcionário não era das melhores<br />

e Beto resolveu voltar para<br />

a Relojoaria Alcino, um ano depois.<br />

A A Relojoaria Relojoaria Alcino, Alcino, na na Rua Rua Leão Leão Azedo, Azedo, onde onde Gilberto Gilberto Gilberto aprendeu aprendeu o o<br />

o<br />

ofício<br />

ofício<br />

LUANDA FOI TERRA DE<br />

OPORTUNIDADES<br />

Foi no Alcino que conheceu Mário<br />

de Campos - que ainda hoje é<br />

proprietário de três ourivesarias<br />

em Leiria -, um agente dos relógios<br />

Tissot e dono de várias ourivesarias,<br />

uma delas em Luanda, para<br />

onde convenceu Beto a ir traba-<br />

lhar.<br />

“Eu “Eu “Eu não não não tinha tinha vontade vontade de de ir,<br />

ir,<br />

nemnemnem precisava precisava em em termos termos fifinanceiros.nanceiros.<br />

Disse Disse ao ao ao meu meu papa-<br />

trão trão que que se se me me desse desse mais mais 200<br />

200<br />

escudos escudos (1 (1 euro) euro) ficava, ficava, mas mas o<br />

o<br />

senhorsenhor Alcino Alcino não não não me me quis quis corcor-<br />

tar tar a a sorte sorte e e disse-me disse-me para<br />

para<br />

aproveitar aproveitar aproveitar porque porque era era novo novo e<br />

e<br />

era era uma uma boa boa oportunidade”<br />

oportunidade”,<br />

oportunidade”<br />

conta Gilberto Santos, que antes<br />

já tinha recusado ir trabalhar para<br />

a Suíça.<br />

Foi então para Luanda, em Junho<br />

de 1970. Sozinho, de avião, deixando<br />

para trás a esposa e os dois<br />

filhos, Gilberto, de seis anos, e Paulo,<br />

de dois anos, que só seguiriam<br />

viagem seis meses mais tarde.<br />

Em Luanda conheceu vários empregos,<br />

até porque as solicitações<br />

eram muitas. Começou na Ourivesaria<br />

Campos, mas depressa angariou<br />

outros clientes, arranjando<br />

em casa relógios para várias ourivesarias.<br />

Uma delas, a Ourivesaria<br />

Brasília, estava para fechar e o<br />

dono referenciou-o para as oficinas<br />

da Omega e da Tissot. Era uma<br />

grande oportunidade para conhecer<br />

alguma maquinaria de desenvolvimento<br />

de relojoaria suíça, que<br />

só lá podia encontrar.<br />

Nas oficinas, geridas por um italiano,<br />

os processos de trabalho<br />

eram bastante restritos. “Só “Só se<br />

se<br />

podia podia podia arranjar arranjar dois dois dois relógios<br />

relógios<br />

por por dia, dia, dia, se se se arranjássemos arranjássemos arranjássemos três<br />

três<br />

eraera porque porque porque estavam estavam mal mal arranarran-<br />

jados” jados”, jados” recorda. Mas o trabalho<br />

de Beto mereceu reconhecimento<br />

e, apesar de só ter ficado cerca de<br />

seis meses nessa firma, foi suficiente<br />

para ser promovido.<br />

Mas em 1973, três anos depois<br />

de ter partido, regressa à então<br />

Metrópole (Portugal). Gaspar, um


os filhos uma profissão de que eles se orgulham<br />

dos moços de recados da Omega,<br />

natural de Moçambique e com<br />

quem Gilberto mantinha uma relação<br />

de amizade, avisou-o: “a “a re- rere- volução volução vai vai rebentar rebentar rebentar em em 73 73 ou<br />

ou<br />

74, 74, vai-te vai-te embora” embora”. embora” embora”<br />

E sem avisar mais ninguém para<br />

além do amigo, regressou com a<br />

família para as <strong>Caldas</strong>, em 1973, a<br />

bordo do navio Pátria.<br />

RELOJOARIA BETO NASCEU<br />

POR IMPOSIÇÃO<br />

Quando regressou às <strong>Caldas</strong>, a<br />

Relojoaria Alcino tinha as vagas<br />

preenchidas, mas havia outro local<br />

para regressar. Um dos seus<br />

antigos patrões, Sebastião Caramelo,<br />

tinha falecido em 1971. A<br />

viúva, Maria da Luz, ficara com a<br />

loja, mas não tinha quem fizesse<br />

o trabalho de oficina, pelo que convidou<br />

Beto a voltar, para salvaguardar<br />

o concerto dos relógios.<br />

Ao fim de quatro anos, em 1977,<br />

Maria da Luz ofereceu-lhe a oficina.<br />

Homem humilde, Beto nunca<br />

encarou a sua profissão para lá<br />

da bancada e o investimento num<br />

estabelecimento próprio não fazia<br />

parte dos seus planos. Mas a<br />

forma como a patroa colocou a<br />

questão, ou aceitava ficar com a<br />

oficina, ou deixava de poder trabalhar<br />

ali, foi o impulso necessário<br />

para que nascesse a Relojoaria<br />

Beto.<br />

A oficina ficava na Rua Miguel<br />

Bombarda, nas traseiras da ourivesaria<br />

Sebastião e nem tinha porta,<br />

pelo que teve de se abrir uma<br />

através de uma janela.<br />

O relojoeiro era proprietário e<br />

único funcionário da casa… até os<br />

seus filhos começarem a trabalhar.<br />

“O “O meu meu meu pai pai sempre sempre teve teve a a sua<br />

sua<br />

bancada bancada em em casa casa e e no no nosso<br />

nosso<br />

dia-a-dia dia-a-dia sempre sempre lidámos lidámos com com<br />

com<br />

relógios, relógios, estiveram estiveram sempre sempre lá<br />

lá<br />

nana nossa nossa infância infância e e começácomeçácomeçámosmos desde desde muito muito cedo cedo a a a meme-<br />

xer, xer, xer, mesmo mesmo mesmo por por por iniciativa iniciativa iniciativa do do<br />

do<br />

meu meu pai” pai”, pai” conta Paulo Santos.<br />

Foi aos 16 anos (Gilberto em 1980,<br />

Paulo em 1984) que os dois iniciaram<br />

a actividade profissionalmente.<br />

Por opção, ambos passaram a<br />

estudar à noite - Gilberto na Escola<br />

Raul Proença, Paulo na Rafael Bordalo<br />

Pinheiro - para poderem abraçar<br />

o ofício do pai na Relojoaria Beto.<br />

Gilberto, o filho, lembra-se de ir<br />

miúdo para a loja com o pai. “Não<br />

“Não<br />

brinquei brinquei muito muito porque porque ia ia com<br />

com<br />

o o meu meu pai pai para para a a loja, loja, mas mas ia<br />

ia<br />

comcom gosto gosto gosto porque porque aquilo aquilo fasfas-<br />

cinava-me, cinava-me, queria queria queria ser ser como como<br />

como<br />

ele” ele”. ele”<br />

Paulo comungava também da<br />

vontade de seguir as pisadas do<br />

pai. “Reprovei “Reprovei de de propósito propósito um<br />

um<br />

ano ano porque porque o o meu meu pai pai pai disse disse que<br />

que<br />

se se se reprovasse reprovasse ia ia estudar estudar de de<br />

de<br />

noite noite e e o o o que que que eu eu queria queria era era ir<br />

ir<br />

trabalhar” trabalhar” trabalhar”, trabalhar” conta Paulo Santos.<br />

Gilberto seguiu a especialidade<br />

do pai - os relógios mecânicos tra-<br />

dicionais. “Estive “Estive dois dois anos anos pra- prapra- ticamente ticamente só só a a a ver ver como como o o meu<br />

meu<br />

paipai fazia fazia porque porque é é um um procesproces-<br />

so so so muito muito demorado, demorado, estamos estamos<br />

estamos<br />

sempre sempre a a aprender aprender e e e ainda ainda hoje hoje<br />

hoje<br />

continuo” continuo”, continuo” continuo” sublinha.<br />

Paulo também começou com os<br />

relógios de corda, mas nessa altura<br />

começaram a surgir os relógios<br />

de pilha e foi para esses que direccionou<br />

a aprendizagem em forma<br />

de autodidacta. “Foi “Foi por por tentati- tentatitentati- va va erro, erro, explorando explorando relógios<br />

relógios<br />

estragados, estragados, fui fui perguntando perguntando a<br />

a<br />

quem quem percebia percebia de de electrónica<br />

electrónica<br />

electrónica<br />

noutras noutras áreas, áreas, porque porque cursos<br />

cursos<br />

não não havia…” havia…”, havia…” recorda.<br />

PASSAGEM DE TESTEMUNHO<br />

O negócio sofre, no entanto,<br />

uma grande mudança. Como a loja<br />

vivia essencialmente do conserto,<br />

a venda era muito pouco explorada<br />

e foi-se tornando cada vez mais<br />

difícil tirar dali rendimento para<br />

três pessoas.<br />

Em 1990, Beto e Maria Antonieta<br />

divorciaram-se e relojoeiro aposentou-se,<br />

passando a loja aos filhos.<br />

Mas perante a impossibilidade de<br />

tirar rendimento para duas famílias,<br />

Paulo deixa o irmão mais velho<br />

ficar com Relojoaria Beto e procura<br />

outro emprego, até porque tinha<br />

casado nesse mesmo ano.<br />

Apesar de mudar de ramo, Paulo<br />

Santos manteve-se no ofício.<br />

Em casa montou a sua própria<br />

bancada, onde, depois de um dia<br />

de trabalho, aproveitava as últimas<br />

horas do dia para arranjar relógios<br />

para várias ourivesarias da<br />

cidade.<br />

Só no Natal toda a família se<br />

voltava a juntar na loja, altura de<br />

maior movimento, mas no acto da<br />

separação os irmãos fizeram um<br />

pacto: “acordámos “acordámos que que um um dia<br />

dia<br />

nosnos voltaríamos voltaríamos a a juntar juntar na na emem-<br />

presa” presa”, presa” diz Paulo Santos.<br />

E voltaram. Em 2000 os dois irmãos<br />

adquiriram as instalações da<br />

antiga Ramalho e Branco, passando<br />

a loja a denominar-se Ourivesaria<br />

Beto. Para além de manterem a<br />

reparação, reforçam a componente<br />

da venda de artigos em ouro e<br />

prata e igualmente de relógios.<br />

Chegaram também a ter uma parte<br />

de mediação imobiliária, que entretanto<br />

cessou actividade.<br />

Hoje trabalham na loja Paulo<br />

Santos e a esposa Fátima Santos -<br />

Gilberto está em Inglaterra desde<br />

2006 a fazer uma especialização em<br />

relógios de gama alta. Beto, aos 71<br />

anos, continua em casa a fazer o<br />

que sempre fez: sentar-se à bancada<br />

para reparar relógios.<br />

A Ourivesaria Beto é uma sociedade<br />

unipessoal e em tempos já<br />

chegou a ter dois empregados. Os<br />

seus responsáveis não quiseram divulgar<br />

a sua facturação anual.<br />

Joel Joel Joel Ribeiro<br />

Ribeiro<br />

jribeiro@gazetacaldas.com<br />

Arranjar uma máquina é<br />

uma satisfação enorme<br />

A A relojaria relojaria relojaria é é uma uma arte arte arte como como as as outras, outras, embora embora sem<br />

sem<br />

o o mesmo mesmo mesmo reconhecimento reconhecimento e e visibilidade<br />

visibilidade<br />

Por muito simples que pareça, simplicidade é tudo o que arranjar<br />

um relógio não tem. Primeiro são as características de<br />

cada marca - e os fabricantes são incontáveis - e modelo, depois<br />

a singularidade de cada avaria, o tamanho quase microscópico<br />

das peças que é preciso substituir, por vezes com a espessura de<br />

um fio de cabelo, sendo que nos relógios antigos já nem existem<br />

peças para substituição e têm que ser feitas à mão.<br />

Isto torna a relojoaria uma arte como tantas outras, embora<br />

sem o mesmo reconhecimento e visibilidade.<br />

Mas, para quem arranja um relógio, ver uma peça antiga<br />

danificada voltar a ganhar vida é qualquer coisa que não tem<br />

preço. “Dá-me “Dá-me um um prazer prazer enorme enorme arranjar arranjar um um relógio,<br />

relógio,<br />

pelapelapela minúcia minúcia que que exige, exige, e e quanto quanto maior maior for for for a a complexicomplexi-<br />

dade, dade, maior maior maior é é a a vontade vontade de de abraçar abraçar o o desafio” desafio”, desafio” diz Beto.<br />

Aos 71 anos, continua a ter a mesma paixão que o levou a<br />

começar, há 54 anos atrás e ainda hoje é procurado pelas suas<br />

qualidades.<br />

Arranjar um relógio requer uma grande tranquilidade, pelo<br />

que, agora, é de madrugada que desenvolve a actividade. “Há<br />

“Há<br />

muito muito mais mais silêncio silêncio e e é é preciso preciso ter ter um um controlo controlo muito<br />

muito<br />

grandegrandegrande sobre sobre sobre os os os movimentos. movimentos. Durante Durante Durante o o o dia dia basta basta basta paspaspas- sar sar um um um carro carro na na na rua rua para para perturbar perturbar a a concentração”<br />

concentração”,<br />

concentração”<br />

explica.<br />

J.R. J.R.<br />

J.R.<br />

Paulo Paulo Santos Santos ainda ainda adolescente adolescente na na ourivesaria<br />

ourivesaria<br />

do do pai<br />

pai<br />

Ao longo de 54 anos de carreira,<br />

Beto construiu importante<br />

legado como especialista de<br />

recuperação de máquinas de relógios.<br />

Uma arte que os filhos<br />

herdaram e que querem aproveitar<br />

o melhor possível, até<br />

porque hoje há muita falta de<br />

conhecimento na área e de gente<br />

que queira seguir a profissão.<br />

À Ourivesaria Beto vêm muitos<br />

coleccionadores arranjar os<br />

seus relógios antigos. Alguns<br />

são da região Oeste, mas também<br />

vêm clientes da zona de<br />

Lisboa, onde, diz Paulo Santos,<br />

a mensagem tem passado sobretudo<br />

no passe a palavra.<br />

Apesar de ter criado uma<br />

base de sustentação com o comércio<br />

de artigos de ourivesaria,<br />

novos e usados, a aposta<br />

na diferença faz-se pela especialização<br />

no conserto de relógios,<br />

nomeadamente os antigos.<br />

Com as marcas a chamarem<br />

cada vez mais a si o conserto<br />

dos relógios, ora na fábrica, ora<br />

nos agentes autorizados, “não<br />

“não<br />

dãodão oportunidade oportunidade de de um um rere-<br />

lojoeiro lojoeiro como como havia havia antes<br />

antes<br />

arranjar arranjar um um relógio relógio relógio deles.<br />

deles.<br />

Mas Mas como como existem existem muitos<br />

muitos<br />

relógios relógios antigos, antigos, com com com 50, 50, 100<br />

100<br />

anosanosanos e e mais, mais, e e o o o grande grande grande obob-<br />

jectivo jectivo desta desta casa casa é é atrair<br />

atrair<br />

coleccionadorescoleccionadorescoleccionadores e e apreciaapreciadoresdores<br />

destes destes relógios relógios antianti-<br />

gos gos para para aqui aqui consertarem<br />

consertarem<br />

as as suas suas suas máquinas”<br />

máquinas”<br />

máquinas”, máquinas” explica<br />

Paulo Santos.<br />

Outra especialidade é a relojoaria<br />

de alta gama, que apesar<br />

de ser bastante rara no nosso<br />

país, é um mercado a explorar.<br />

Foi nesse sentido que Gilberto<br />

tentou a sorte, em 2006. Aproveitando<br />

a mudança da mãe,<br />

Maria Antonieta, para Londres,<br />

Gilberto teve hipótese de ingressar<br />

numa empresa de refe-<br />

CRONOLOGIA<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

3 | Dezembro | 2010<br />

O futuro está… no passado<br />

rência de Inglaterra no ramo<br />

da relojoaria de alta gama,<br />

onde trabalha com “as “as melho- melhomelho- res res marcas marcas do do mundo” mundo”, mundo” frisa.<br />

Para se ter uma ideia, Gilberto<br />

conta que o primeiro relógio<br />

com que lidou foi um<br />

Frank Muller de valor superior<br />

a 210 mil euros.<br />

Pelas suas mãos passam,<br />

igualmente, muitas outras<br />

marcas que em Portugal são<br />

praticamente desconhecidas,<br />

como a Hublot, Audemars-Piguet,<br />

Piaget, Rolex, Cartier,<br />

entre muitas outras. Na empresa<br />

inglesa, Gilberto é, aos 46<br />

anos, o funcionário mais novo<br />

reconhece a mais valia de trabalhar<br />

e aprender com aqueles<br />

que considera os seus grandes<br />

mestres, Eddy, de origem<br />

iraquiana, e o português Joel<br />

Ferreira, referências de várias<br />

destas marcas.<br />

“É “É uma uma especialização<br />

especialização<br />

que que pode pode demorar demorar 10 10 10 anos,<br />

anos,<br />

todostodos os os dias dias aparecem aparecem sisi-<br />

tuações tuações tuações novas” novas”, novas” sustenta. Na<br />

empresa, Gilberto tem formação<br />

contínua com deslocações<br />

frequentes à Suíça, para aprender<br />

mais sobre uma marca específica.<br />

Esta é uma aprendizagem<br />

importante para o futuro, tanto<br />

a nível pessoal, como da empresa.<br />

“Não “Não existe existe muito muito este<br />

este<br />

tipo tipo de de serviço serviço em em Portugal,<br />

Portugal,<br />

mas mas um um dia dia quando quando voltar,<br />

voltar,<br />

se se me me aparecer aparecer aparecer este este tipo tipo de<br />

de<br />

marcas marcas marcas estarei estarei preparado.<br />

preparado.<br />

E E se se não não houver houver trabalho trabalho em<br />

em<br />

Portugal, Portugal, Portugal, no no estrangeiro estrangeiro há<br />

há<br />

grande grande solicitação solicitação porque<br />

porque<br />

há há uma uma falta falta enorme enorme de<br />

de<br />

pessoal pessoal especializado”<br />

especializado”.<br />

especializado”<br />

Quando Gilberto Santos terminar<br />

a sua formação, é vontade<br />

do irmão, Paulo, seguir<br />

também esta especialização.<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

1939 1939–<br />

Nasce Gilberto Augusto Jorge dos Santos, “Beto”, no<br />

Bairro da Ponte<br />

1952 1952–<br />

Com 13 anos é admitido na Relojoaria Alcino<br />

1963 1963–<br />

Gilberto Santos muda-se para a Ourivesaria Sebastião<br />

1964 1964–<br />

Nasce Gilberto Santos, o primeiro filho<br />

1965 1965–<br />

Regressa à Relojoaria Alcino<br />

1968 1968–<br />

Nasce Paulo Santos, o segundo filho<br />

1970 1970 1970 – Parte para Angola, onde chega a trabalhar para a<br />

Omega e a Tissot<br />

1973 1973–<br />

Regressa às <strong>Caldas</strong> para a Ourivesaria Sebastião<br />

1977 1977 – Gilberto Santos funda a Relojoaria Beto, em nome<br />

individual<br />

1980 1980–<br />

Gilberto Santos, filho, inicia a sua actividade na Relojoaria<br />

Beto<br />

1984 1984–<br />

O filho mais novo, Paulo Santos, inicia também a sua<br />

actividade na Relojoaria Beto<br />

2000 2000 – A Relojoaria Beto passa a Ourivesaria Beto pela mão<br />

dos irmãos Gilberto e Paulo Santos


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

10 | Dezembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Duas gerações transformaram a loja caldense Decor<br />

DA COSTURA À DECORAÇÃO<br />

incomodarincomodarincomodar os os meus meus desedese-<br />

nhos nhos nhos animados animados animados”, animados animados brinca.<br />

Idalina Marques nasceu na<br />

Já quando a mãe trabalhava<br />

freguesia de Alvorninha em 1947,<br />

em casa começou a ajudá-la.<br />

casou com Armindo Marques em<br />

“Segurava Segurava Segurava nos nos nos tecidos tecidos tecidos para<br />

para<br />

para<br />

1969 e está a viver nas <strong>Caldas</strong> da<br />

medir, medir, aturava aturava o o barulho barulho da<br />

da<br />

Rainha há 38 anos. Já fazia tra-<br />

maquina maquina e e as as pessoas pessoas em<br />

em<br />

balhos em costura quando come-<br />

casa casa”, casa escreveu.<br />

çou a trabalhar na fábrica Mat-<br />

Só a partir dos 16 anos, em<br />

tel em Cristovão. “A A partir partir dos<br />

dos<br />

1986, passou a ser funcionário a<br />

14 14 anos anos comecei comecei a a fazer fazer tra- tra- tra-<br />

tempo inteiro da empresa, mas<br />

balhos balhos de de costura costura porque porque a a<br />

a<br />

antes disso chegou a fazer al-<br />

minha minha mãe mãe também também fazia fazia fazia”, fazia<br />

guns serviços de montagem e<br />

contou.<br />

também tratava dos recados,<br />

Como era costureira, a sua in-<br />

como o seu irmão mais novo vitenção<br />

era fazer bonecas naquela<br />

ria a fazer.<br />

empresa, mas entretanto a Mat-<br />

Na loja fez de tudo, do atenditel<br />

passou a ser Euroaudio, dedimento<br />

ao público, à ajuda na escando-se<br />

à produção de cassecolha<br />

dos tecidos, mas também<br />

tes pelo que Idalina Marques<br />

encomendas, execução das mon-<br />

acabou por trabalhar num ramo<br />

tras e consultoria, decoração e<br />

que não esperava.<br />

arquitectura de interiores. Fez<br />

Doze anos depois, em 1976, Armindo Armindo e e Idalina Idalina Marques Marques com com os os filhos, filhos, Nelson Nelson e e Ricardo Ricardo (ao (ao colo) colo) no no Jardim Jardim Zoológico Zoológico em em 1977. 1977. Actualmente Actualmente o o<br />

o também escolha de colecções e<br />

saiu da empresa quando foram filho filho mais mais novo novo dirige dirige dirige a a empresa empresa fundada fundada fundada pela pela mãe mãe em em em 1978.<br />

1978.<br />

colaborou na administração da<br />

negociadas as indemnizações<br />

loja.<br />

para cessão de contratos. Com Os gostos dos clientes é que fundo, fundo, faz faz tudo tudo parte parte de de mim mim”, mim Marques, tem 39 anos e desde cessitassavamcessitassavam de de cortinacortinacortina- Nelson Marques recorda-se da<br />

esse dinheiro decidiu abrir uma também mudaram. “Antiga- Antiga- Antiga- Antiga- disse Idalina Marques. A empre- criança começou a ajudar a mãe. dos. dos. dos. Começou Começou a a fazer fazer fazer para<br />

para forma como o negócio foi pros-<br />

loja em 1978. “Sempre Sempre Sempre gostei<br />

gostei mentemente fazia-se fazia-se fazia-se aqueles aqueles aqueles folhifolhisa<br />

é fruto do seu trabalho e dos Até há um ano e meio manteve a uma uma depois depois para para outra outra e e foi foi<br />

foi perarando ao longo dos anos.<br />

de de trabalhar trabalhar em em costura costura e e foi foi<br />

foi nhos nhos e e pregas pregas pregas nos nos cortinados.<br />

cortinados. seus filhos, por isso foi com sa- ligação com a empresa, embora evoluindo evoluindo para para as as as vizinhas,<br />

vizinhas, “De De De início início as as clientes clientes compra- compracompra- uma uma boa boa boa oportunidade<br />

oportunidade<br />

oportunidade”, oportunidade<br />

oportunidade con- Acabava Acabava por por ser ser mais mais com- com- com- tisfação que viu o mais novo as- tenha criado um negócio próprio amigas, amigas, tendo tendo tendo ganho ganho uma<br />

uma vam vam os os tecidos tecidos e e a a minha minha mãe<br />

mãe<br />

ta. O seu marido, que era empreplicadoplicadoplicado porque porque era era tudo tudo tudo muimuisumir<br />

o desafio de ficar à frente em 2006, mas actualmente está carteiras carteiras carteiras de de clientes clientes”, clientes contou apenas apenas apenas fornecia fornecia a a mão mão de<br />

de<br />

gado da Rol, incentivou-a nesse to to mais mais trabalhado<br />

trabalhado”, trabalhado recorda. do negócio de família. “É É É bom<br />

bom<br />

bom em Angola a trabalhar no mes- Nelson Marques por escrito, atraobraobra o o o gosto gosto e e ideias, ideias, e e pepe-<br />

projecto.<br />

quenos quenos quenos materiais materiais”.<br />

materiais<br />

Uns anos antes, quando se ca-<br />

Ainda se lembora do dia da<br />

sara, Idalina Marques fez os cortinados<br />

para a sua casa, um trabalho<br />

que terá sido tão perfeito<br />

que suscitou o entusiasmo de<br />

amigas e familiares. Ainda antes<br />

de abrir a loja foi contratada<br />

para fazer os cortinados e as col-<br />

Há 32 anos, quando ainda não se falava em empreendedorismo, Idalina Marques, nascida em 1947,<br />

ficou desempregada e resolveu transformar o seu talento para a costura para num negócio próprio.<br />

Em 1978 abriu a primeira loja na rua Henriques Sales, com o nome comercial Decorações Lina. Era um<br />

espaço pequeno, com cerca de 25 m2, onde Idalina Marques recebia os clientes. A maior parte do<br />

trabalho de costura era feito em casa. Em 1984 mudou de instalações para a actual loja na rua Miguel<br />

Bombarda.<br />

inauguração da loja na rua Miguel<br />

Bombarda quando, depois<br />

de trabalhar até de madrugada,<br />

deu por ele, descalço, a empurrar<br />

o carro porque o automóvel<br />

ficou sem combustível e não havia<br />

postos de abastecimento<br />

chas da Pousada do Castelo em Em 2006 Idalina Marques deu lugar ao seu filho mais novo, Ricardo Marques, então com 30 anos, que abertos. “Recordo Recordo também<br />

também<br />

Óbidos. “Mas Mas não não não gostava gostava de de<br />

de aliou à sua formação nesta área uma vontade de fazer algo mais moderno criando a DL Ambientes. que que os os os materiais materiais executados<br />

executados<br />

ficar ficar em em casa casa a a trabalhar trabalhar” trabalhar e “Quisemos Quisemos Quisemos Quisemos Quisemos aproveitar aproveitar aproveitar aproveitar aproveitar o o o o o ‘know-how’ ‘know-how’ ‘know-how’ ‘know-how’ ‘know-how’ das das das das das Decorações Decorações Decorações Decorações Decorações Lina Lina Lina Lina Lina e e e e e criar criar criar criar criar algo algo algo algo algo de de de de de diferente, diferente, diferente, diferente, diferente, mais mais mais mais mais dede grande grande volume, volume, cortinacortina-<br />

preferiu ter um estabelecimento actual actual actual actual actual e e e e e ajustado ajustado ajustado ajustado ajustado às às às às às necessidades necessidades necessidades necessidades necessidades do do do do do mercado mercado mercado”, mercado mercado explicou Ricardo Marques.<br />

dos,dos, colchas colchas e e sanefas sanefas às às veve-<br />

com porta aberta, o que viria a<br />

acontecer em 1978.<br />

Foram anos e anos a costurar<br />

e a trabalhar directamente com<br />

os seus clientes, muitos dos quais<br />

ainda se mantêm. “Já Já fiz fiz corti- corti- corticortinados nados nados para para os os pais, pais, para para os<br />

os<br />

A DL Ambientes tem uma actividade mais abrangente do que apenas a decoração de interiores,<br />

realizando também serviços de decoração para eventos, virtual merchadising (dinamização de<br />

interiores para espaços comerciais) e vitrinismo, entre outros.<br />

Na empresa, para além de Ricardo Marques, trabalham mais quatro funcionários no atendimento,<br />

costura e entregas. A sua mãe continua também a ajudá-lo, mas não é funcionária da empresa. A DL<br />

Ambiente conta ainda com um atelier de costura e armazém<br />

zeszes com com três três de de comprimencomprimen-<br />

to, to, eram eram transportadas transportadas num<br />

num<br />

Fiat Fiat 127 127”, 127 lembrou.<br />

A mãe recorda-se também do<br />

sucesso obtido pelo trabalho que<br />

Nelson Marques fez na decoração<br />

da albergaria Josefa<br />

filhos filhos filhos e e já já estou estou estou a a fazer fazer para<br />

para<br />

d’Óbidos.<br />

os os netos netos”, netos netos contou.<br />

“Ajudei Ajudei a a criar criar criar e e crescer crescer a<br />

a<br />

Através do seu trabalho acom- Os tecidos mais escolhidos tam- vermos vermos a a continuação continuação do<br />

do mo ramo.<br />

vés do correio electrónico. loja, loja, loja, como como braço braço direito direito da<br />

da<br />

panhou muitos casamentos porbém eram outros, apesar da nosso nosso trabalho trabalho”, trabalho afirmou. “A A primeira primeira recordação<br />

recordação Ainda se recorda como os corminha mãe, tendo uma granque,<br />

como diz o ditado popular, seda continuar a ter muita pro-<br />

que que tenho tenho é é da da da minha minha mãe mãe ter<br />

ter tinados eram confeccionados na dede parte parte do do meu meu suor suor e e dedidedi-<br />

“quem casa quer casa”. Agora cura “mas mas com com padrões padrões difedifedife- DESDE PEQUENO ficadoficado desempregada desempregada da da anan-<br />

sala e na mesa da cozinha de cação,cação, onde onde cresci cresci como como hoho-<br />

há menos casamentos “e e os os jojojo- rentes rentes”. rentes<br />

A AJUDAR A MÃE tiga tiga tiga Mattel Mattel e e ter ter começado começado a<br />

a casa. “A A máquina máquina de de costura<br />

costura mem mem”, mem concluiu.<br />

vens vens também também não não têm têm têm muito muito<br />

muito Embora não tenha um vínculo<br />

fazer fazer trabalhos trabalhos trabalhos de de costura<br />

costura ficava ficava mesmo mesmo mesmo em em frente frente à à TV<br />

TV Em Angola, Nelson Marques<br />

dinheirodinheirodinheiro para para gastar gastar na na na dede-<br />

profissional à DL Ambientes “no no<br />

O filho mais velho, Nelson paraparapara várias várias primas primas que que nene-<br />

e e fazia fazia um um barulho barulho horrível horrível a a<br />

a trabalha actualmente na empre-<br />

coração coração”. coração<br />

sa de produtos de interiores<br />

Na década de 90 tiveram tam-<br />

“Pêra Angola”, como técnico esbém<br />

durante alguns anos uma<br />

pecialista em fabricação e mon-<br />

loja na rua Raul Proença, que entagem<br />

de estores de rolo e decotretanto<br />

encerrou.<br />

Idalina Marques acha que muito<br />

mudou neste ramo nos últiração<br />

de interiores.<br />

mos anos. “Eu Eu tinha tinha sempre<br />

sempre<br />

FILHO MAIS NOVO<br />

muita muita variedade variedade de de produtos<br />

produtos<br />

parapara as as pessoas pessoas poderem poderem eses-<br />

CONTINUOU O NEGÓCIO<br />

colher colher” colher e actualmente utilizam-<br />

Nascido em 1976, o filho mais<br />

se mais os catálogos. Do que não<br />

novo, Ricardo Marques, ainda se<br />

prescinde é da qualidade da con-<br />

recorda do primeiro estabelecifecção<br />

pois “sempre sempre tivemos<br />

tivemos<br />

mento comercial da mãe na rua<br />

uma uma confecção confecção muito muito boa boa e e<br />

e<br />

continuamos continuamos continuamos a a a mantê-la mantê-la”, mantê-la diz.<br />

Idalina Idalina Marques Marques nos nos anos anos sessenta sessenta quando quando trabalhava trabalhava na na antiga antiga Mattel Mattel e e anos anos anos mais mais tarde tarde quando quando já já era<br />

era<br />

proprietária proprietária do do do seu seu próprio próprio negócio<br />

negócio<br />

Henriques Sales. “Lembro-me<br />

Lembro-me<br />

de de de um um banco banco que que que ainda ainda temos<br />

temos


ações Lina em DL Ambientes<br />

Mãe Mãe Mãe e e filhos filhos numa numa exposição, exposição, em em 2003, 2003, 2003, numa numa altura altura em em que que os os os três três três trabalhavam<br />

trabalhavam<br />

juntos<br />

juntos<br />

e e do do balcão. balcão. No No atelier atelier em<br />

em Rossio Rossio e e íamos íamos até até às às Amo- Amo- Amo- Amo- designação de DL Ambientes (o<br />

casacasa eu eu eu brincava brincava com com os os tetete- reiras reiras”, reiras<br />

recordou.<br />

DL é de Decorações Lina). “Qui- Qui- Qui- QuiQui- cidos cidos e e a a minha minha minha mãe mãe ralhava<br />

ralhava O facto de ser motorista de semos semos manter manter a a a identidade identidade e<br />

e<br />

comigo comigo comigo”, comigo comigo recordou.<br />

um coronel do Exército também características características que que que tínhamos tínhamos<br />

tínhamos<br />

Os primeiros trabalhos que fez foi vantajoso. “Era Era Era uma uma vida vida<br />

vida até até aqui aqui”, aqui aqui explicou o empresá-<br />

para a mãe, a partir dos 12 anos, santa. santa. Ia Ia buscá-lo buscá-lo a a casa casa e<br />

e rio.<br />

foram recados, como ir ao banco levá-los levá-los às às às reuniões. reuniões. reuniões. Tinha<br />

Tinha Em substituição da Decora-<br />

ou buscar linhas. “Mesmo Mesmo du- du- du- um um horário horário horário e e ordenado ordenado fixo fixo fixo”, fixo fixo ções Lina (que funcionava em<br />

rante rante as as aulas aulas aulas conseguia<br />

conseguia comentou.<br />

nome individual) Ricardo Marconciliarconciliar<br />

os os os estudos estudos e e e as as brinbrin-<br />

No entanto, rapidamente cheques criou a Mind.Room - Ambi-<br />

cadeiras cadeiras com com algum algum trabalho trabalho<br />

trabalho gou à conclusão de que não era entes Personalizados, Unipesso-<br />

na na loja loja loja”, loja contou Ricardo Mar- esta a vida que queria e decidiu al Lda, com um capital social de<br />

ques. “Os Os Os meus meus pais pais sempre<br />

sempre sair da vida militar para apostar 5000 euros, do qual é o único sómeme<br />

educaram educaram educaram que que todos todos titi-<br />

na sua própria formação. cio. A mãe continua a apoiá-lo,<br />

nham nham de de contribuir contribuir para para o<br />

o Em 2001 concluiu o curso de mas é agora o filho mais novo<br />

bem-estar bem-estar bem-estar da da família família família”. família<br />

especialização profissional de vi- quem assume a gestão da em-<br />

Quando era mais novo Ricartrinismo e visual merchandising presa.do<br />

Marques dizia sempre que o na Escola de Comércio de Lisboa “A A minha minha mãe mãe estava estava can- cancanseu futuro não seria na loja de e foi estagiar para o grupo El sadasadasada de de toda toda aquela aquela aquela activiactivi-<br />

decorações, mas alguns anos Corte Inglés em Madrid. dadedade da da loja, loja, loja, mas mas mas ainda ainda concon-<br />

mais tarde descobriu que a sua No final desse ano regressou tinua tinua a a ajudar-me ajudar-me muito muito”, muito ex-<br />

vocação estava nesta activida- a Portugal para colaborar na plicou. Idalina Marques disse-lhe<br />

de. “Eu Eu dizia dizia sempre sempre que que a<br />

a abertura do El Corte Inglés de que gostaria que um dos filhos<br />

decoraçãodecoração era era para para as as mumu-<br />

Lisboa. “O O estágio estágio que que fiz fiz em<br />

em ficasse à frente do negócio, por-<br />

lheres lheres e e que que não não tinha tinha nada<br />

nada Espanha Espanha era era para para fazer fazer par- par- par- que senão iria encerrar a loja e<br />

aa ver ver comigo, comigo, mas mas mas depois depois coco-<br />

te te da da da primeira primeira equipa equipa da da da loja<br />

loja Ricardo achou por bem voltar<br />

meceimecei a a descobrir descobrir que que gostagostaqueque<br />

viria viria a a abrir abrir em em PortuPortu-<br />

para as <strong>Caldas</strong>.<br />

va va desta desta área área área”, área área contou. Primei- gal gal”, gal explicou. Quando regres- Em 2006 Ricardo Marques ainro<br />

interessou-se pelo vitrinismo, sou a Portugal ficou a morar nas da era sócio da loja de decora-<br />

ao fazer a decoração da montra <strong>Caldas</strong> e fazia a viagem de ida e ção Interfusões, tendo acumula-<br />

da loja. “Eram Eram umas umas umas brinca- brinca- brinca- brinca- brinca- volta para Lisboa todos os dias. do a gestão dos dois estabeleci-<br />

deiras, deiras, mas mas recebia recebia elogios<br />

elogios Só trabalhou naquela emprementos durante seis meses.<br />

dos dos clientes clientes”, clientes disse.<br />

sa espanhola durante três me- Actualmente está apenas à<br />

Acabou por seguir a área de ses, porque em 2002 teve uma frente da loja das <strong>Caldas</strong>, mas é<br />

Artes na Escola Secundária Raul proposta para abrir uma loja de também, desde há sete anos,<br />

Proença e depois de concluído o decoração de interiores em Lis- formador de vitrinismo e visual<br />

12º ano, em 1996, cumpriu o serboa, perto da avenida de Roma. merchadising na Escola de Coviço<br />

militar obrigatório e acabou “Queria Queria poder poder ter ter a a possibili- possibili- possibili- possibili- possibili- mércio de Lisboa.<br />

por ficar no Exército durante um dade dade de de fazer fazer fazer um um trabalho<br />

trabalho “Eu Eu sentia sentia que que a a loja loja da da mi- mimiano. “Fui Fui para para para lá lá lá contrariado,<br />

contrariado, maismais criativo criativo e e por por isso isso aceiaceiacei- nha nha mãe mãe estava estava a a precisar precisar de<br />

de<br />

masmas depois depois cheguei cheguei à à concluconclu-<br />

tei tei tei o o desafio desafio”, desafio disse.<br />

umauma grande grande grande mudança mudança porporsãosão<br />

de de que que até até gostava gostava dada-<br />

Na loja de decorações Interqueque estava estava a a ficar ficar desajustadesajusta-<br />

quilo quilo”, quilo referiu. Como era o confusões (entretanto encerrada) da da em em relação relação ao ao que que são são as<br />

as<br />

dutor de um oficial e estava em acabou por ter a certeza de que necessidades necessidades do do consumidor<br />

consumidor<br />

Lisboa, confessa que gostou da- o gosto pela decoração “está está está no no<br />

no actualactualactual na na na decoração decoração decoração de de de inteinteintequela<br />

vida durante algum tem- sangue sangue sangue”. sangue sangue<br />

riores riores”, riores referiu Ricardo Marques.<br />

po. “Foi Foi uma uma altura altura da da minha<br />

minha<br />

Sempre que vinha de Lisboa e<br />

vidavida em em que que precisava precisava precisava mesmes-<br />

DAS DECORAÇÕES LINA PARA visitava a loja da mãe, achava<br />

mo mo de de sair sair das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e de<br />

de<br />

DL AMBIENTES que era preciso fazer algo de di-<br />

conhecer conhecer outras outras realidades<br />

realidades”,<br />

realidades<br />

ferente, porque senão o futuro<br />

disse.<br />

Em 2006 Ricardo Marques cor- não seria risonho.<br />

“Já Já desde desde a a minha minha adoles- adoles- adoles- responde a um pedido da mãe, Depois de obras de remodela-<br />

cência cência cência gostava gostava de de ir ir ir com com os<br />

os que não queria continuar o neção e já com nova imagem, deimeusmeus<br />

amigos amigos a a Lisboa. Lisboa. ApaApaApagócio, e aposta na reformulação xaram de apenas ter vocação<br />

nhávamos nhávamos o o comboio comboio até até ao<br />

ao da empresa, que passou a ter a para a área têxtil e passaram a<br />

ter projectos de decoração integrais,<br />

englobando o mobiliário,<br />

papéis de parede, iluminação e<br />

outros elementos.<br />

“Nós Nós Nós fazemos fazemos um um serviço<br />

serviço<br />

dede consultoria consultoria em em que que o o clicli-<br />

ente ente ente diz-nos diz-nos o o que que quer quer e e nós<br />

nós<br />

desenvolvemos desenvolvemos um um um projecto<br />

projecto<br />

integral. integral. No No caso caso de de de o o cliente<br />

cliente<br />

preferir, preferir, esse esse projecto projecto pode pode<br />

pode<br />

ser ser feito feito feito por por fases fases e e não não todo<br />

todo<br />

de de uma uma só só só vez vez”, vez explicou. Tudo<br />

pode ser escolhido através de catálogos,<br />

desde a mobília aos<br />

acessórios. Essa é a parte que<br />

mais gosta na sua actividade profissional.<br />

“Eu Eu gosto gosto mesmo mesmo é<br />

é<br />

de de criar criar criar”, criar criar revelou.<br />

OS AROMAS DA CASA<br />

Recentemente criaram uma<br />

nova marca, a Aroma Living, dedicada<br />

aos aromas e fragrâncias<br />

para a casa, desde as velas aos<br />

ambientadores, mas também papel<br />

de forro de gavetas com aroma<br />

e sabonetes da Saboaria Portuguesa.<br />

“Nós Nós queremos queremos que<br />

que<br />

tudo tudo tudo o o o que que que esteja esteja esteja dentro dentro dentro da da<br />

da<br />

casa casa tenha tenha sempre sempre um um bom bom<br />

bom<br />

aroma aroma”, aroma adiantou Ricardo Marques,<br />

que considera muito importante<br />

esta componente não<br />

só em residências, mas também<br />

em estabelecimentos comerciais.<br />

“É É importante importante que que ao ao en- enentrar trar trar num num espaço, espaço, além além do<br />

do<br />

cheirocheiro a a limpo, limpo, exista exista um um aroaro-<br />

ma ma agradável agradável”, agradável disse.<br />

O empresário tem procurado<br />

sempre inovar, tendo também<br />

sensibilidade ambiental. Por<br />

exemplo, os produtos mais pequenos<br />

que sejam adquiridos nas<br />

lojas podem ser embrulhados<br />

com pequenos sacos confeccionados<br />

no atelier com sobras de<br />

tecido. “Reutilizamos “Reutilizamos as as so- soso- bras bras que que não não serviriam serviriam para<br />

para<br />

nada, nada, aproveitando aproveitando o o nosso<br />

nosso<br />

atelieratelieratelier de de de costura costura especializaespecializa-<br />

do” do”, do” explicou.<br />

Ricardo Marques defende a<br />

reciclagem de materiais, sempre<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

10 | Dezembro | 2010<br />

Recentemente Recentemente foi foi criada criada uma uma uma nova nova nova marca, marca, a a Aroma Aroma Living, Living, dedicada dedicada aos aos aromas aromas e<br />

e<br />

fragrâncias fragrâncias para para a a casa<br />

casa<br />

que com isso se consigam tamve na mão” e imobiliárias. “Cri- Cri- CriCribém bons resultados em termos ámos ámos ámos muitas muitas muitas sinergias sinergias sinergias e e e isso isso<br />

isso<br />

estéticos. Também por isso re- traz traz traz bons bons resultados<br />

resultados”, resultados defencentemente<br />

contribuíram com aldeu.gumas peças de decoração para A crise económica trouxe tam-<br />

o projecto Olha-te, que tem como bém algumas condicionantes ao<br />

objectivo promover actividades negócio, apesar do empresário<br />

para doentes oncológicos. “Deu- Deu- Deu- Deu- não se queixar de falta de tra-<br />

me me muito muito prazer prazer saber saber que que<br />

que balhos. “As As As pessoas pessoas sentem- sentemsentemaquelesaqueles produtos produtos que que que estaestaestasese um um pouco pouco retraídas retraídas porpor-<br />

vam vam arrumados arrumados a a um um canto canto<br />

canto queque não não não são são são artigos artigos artigos de de pripri-<br />

no no armazém armazém vão vão ganhar<br />

ganhar meira meira necessidade, necessidade, mas<br />

mas<br />

vida vida”. vida<br />

como como cada cada cada vez vez vivemos vivemos mais<br />

mais<br />

Desde a reformulação realiza- tempo tempo nas nas nossas nossas casas,<br />

casas,<br />

da em 2006 o mercado da decora- procuramos procuramos mais mais conforto conforto”, conforto<br />

ção de interiores tem tido tam- referiu.<br />

bém várias evoluções e Ricardo Por outro lado, teme o que<br />

Marques procura acompanhar as poderá acontecer com o aumen-<br />

principais tendências. Começam to do IVA em 2011. “Até Até é é visí- visívisía existir cada vez mais produtos vel vel o o facto facto de de de haver haver clientes<br />

clientes<br />

específicos e até os designers de que que que estão estão a a comprar comprar agora<br />

agora<br />

moda começam a ter a sua pró- por por por causa causa do do aumento aumento do<br />

do<br />

pria linha de decoração.<br />

IVA IVA”, IVA comentou.<br />

A carteira de clientes (cerca Começaram também a ter<br />

de 2000) tem crescido também por uma maior concorrência por<br />

causa dos estrangeiros que com- parte das grandes superfícies,<br />

pram casa na região. A firma dá que vendem alguns dos produ-<br />

trabalho a cinco pessoas, entre tos comercializados pela DL<br />

eles Ricardo Marques (que é ge- Ambientes. “Isso Isso também também nos<br />

nos<br />

rente), duas costureiras, uma co- obriga obriga obriga a a apostar apostar apostar ainda ainda ainda mais mais<br />

mais<br />

mercial e uma técnica de monta- na na qualidade qualidade”, qualidade concluiu, saligens.<br />

O responsável não divulentando que encara sempre a<br />

gou o volume de vendas da empresa.<br />

sua vida de forma positiva.<br />

A DL Ambientes tem parcerias Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

com empresas de materiais da<br />

construção para projectos “cha-<br />

pantunes@gazetacaldas.com<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1947 1947–<br />

Nasce Idalina Marques<br />

1964 1964 – Vai trabalhar na fábrica Mattel em S. Cristóvão<br />

1969 1969–<br />

Casa com Armindo Marques<br />

1978 1978–<br />

Abertura da loja Decorações Lina na rua Henriques Sales<br />

1984 1984 - Mudança de instalações para a actual loja na rua Miguel<br />

Bombarda<br />

1986 1986–<br />

O filho mais velho, Nelson Marques, torna-se funcionário da<br />

empresa<br />

1993 1993–<br />

Ricardo Marques, o filho mais novo, torna-se também funcionário<br />

Década Década de de 90 90–<br />

Loja de cortinados na rua Raul Proença<br />

2006 2006–<br />

Criação da DL Ambientes com a firma Mind.Room - Ambientes<br />

Personalizados, Unipessoal Lda<br />

2008 2008–<br />

Nelson Marques parte para Angola para trabalhar no mesmo<br />

ramo<br />

2010 2010 – É criada a marca Aroma Living


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

17 | Dezembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

O café mais antigo da freguesia de Santo Onofre tem<br />

Aduíno Aduíno Coito Coito com com o o pai pai Diamantino Diamantino Couto Couto Couto (1914-1978) (1914-1978) em em em frente frente ao ao café café café nos nos anos<br />

anos<br />

cinquenta cinquenta<br />

cinquenta<br />

À terceira foi de vez. No mundo<br />

dos negócios nem sempre se<br />

acerta à primeira. Diamantino<br />

Couto (1914-1978) instala-se em<br />

1935 no Bairro Além da Ponte<br />

com a mulher, Ema Pilar Leal<br />

(1923-2006) e arrenda uma casa<br />

no Largo Frederico Ferreira Pinto<br />

Bastos (à época Largo da<br />

Mina) para montar a sua barbearia.<br />

A coisa não resultou e cinco<br />

anos depois abre uma taberninha<br />

no mesmo espaço. Mas tabernas<br />

já havia muitas nas <strong>Caldas</strong><br />

e em 1945 Diamantino arrisca<br />

transformar o seu estabelecimento<br />

num café.<br />

Para a época pareceu uma decisão<br />

um pouco arrojada, mas a<br />

verdade é que não havia nada<br />

do género naquilo que é hoje a<br />

freguesia de Sto. Onofre e o Café<br />

Bordalo acabou por se revelar<br />

um sucesso. O próprio nome foi<br />

escolhido num tempo em que<br />

Rafael Bordalo Pinheiro não era<br />

a figura tão conhecida e estudada<br />

como hoje. Resultou de<br />

uma coincidência: Zé do Coito,<br />

o pai do jovem barbeiro e agora<br />

dono de um café, tinha trabalhado<br />

na fábrica de faianças de<br />

Bordalo e de lá trouxera um busto<br />

do artista que ainda hoje figura<br />

numa parede do café e que<br />

esteve na origem do seu nome.<br />

O casal Diamantino e Ema<br />

acabaram assim por se iniciar<br />

numa actividade que hoje já vai<br />

na terceira geração. Ou na quarta,<br />

se considerarmos que os bisnetos<br />

João, de 13 anos, e a Joana,<br />

de sete, também já ajudam<br />

a tirar uns cafés e a limpar as<br />

mesas no velho - mas já por<br />

duas vezes remodelado - Café<br />

Bordalo.<br />

Apesar do sucesso do café,<br />

Ema Pilar Leal, descendente de<br />

espanhóis e nascida justamente<br />

em S. Bartolomeu dos Galegos<br />

(Lourinhã), trabalha nos balneários<br />

do Hospital Termal e<br />

ajuda o marido no negócio, substituindo-o<br />

quando este vai para<br />

os treinos. Diamantino joga futebol.<br />

É jogador do Sporting<br />

Club das <strong>Caldas</strong> e mais tarde do<br />

<strong>Caldas</strong> Sport Club, onde fez uma<br />

carreira que ainda hoje é recordada.<br />

Da Da esquerda esquerda para para a a direita: direita: João, João, Aduíno Aduíno Coito, Coito, Pilar Pilar Leal, Leal, Leal, Joana, Joana, Sandra Sandra Coito Coito e e Jorge Jorge Reis.<br />

Reis.<br />

Um Um avô, avô, filhas, filhas, netos netos e e genro genro representam representam três três gerações gerações que que dão dão continuidade continuidade ao ao café café Bordalo.<br />

Bordalo.<br />

Em 1940 nasce o único filho<br />

do casal. Aduíno Manuel Leal do<br />

Coito, hoje com 70 anos, cresce<br />

no café que era também a sua<br />

casa. Frequenta a escola primária<br />

na antiga Delegação Escolar<br />

(perto do actual Vivaci) e ainda<br />

“inaugura”, como aluno, a es-<br />

cola primária do Bairro da Ponte.<br />

Emergindo de uma família<br />

remediada, não se fica pela 4ª<br />

classe e prossegue os estudos,<br />

à noite, na Escola Industrial e<br />

Comercial das <strong>Caldas</strong> da Rainha,<br />

no edifício que é hoje o do<br />

Conselho de Administração do<br />

Centro Hospitalar, mas acaba<br />

por não concluir o curso Comercial.<br />

“Por “Por causa causa disso disso só só só fui<br />

fui<br />

cabocabo na na na tropa, tropa, quando quando popo-<br />

dia dia dia ter ter ter sido sido sido furriel” furriel”, furriel” diz Aduíno<br />

Coito. Mas na altura já trabalhava,<br />

sentia-se na obrigação<br />

E um dos cafés mais antigos das <strong>Caldas</strong> e foi o primeiro a abrir portas no Bairro Além da Ponte, em<br />

1945. O mesmo espaço já tinha sido barbearia e taberna, mas foi como café que chegou até ao século<br />

XXI ao longo de três gerações, ou até mesmo quatro, se considerarmos que os bisnetos do seu<br />

fundador, Diamantino Couto, já ajudam as mães e o avô nas lides do balcão e das mesas.<br />

Aduíno Coito, filho de Diamantino tem hoje 70 anos e é o patriarca da família que nasceu e cresceu<br />

neste estabelecimento do Largo Frederico Ferreira Pinto Bastos. “Dantes “Dantes “Dantes “Dantes “Dantes só só só só só se se se se se vendiam vendiam vendiam vendiam vendiam copos copos copos copos copos de de de de de<br />

leite, leite, leite, leite, leite, garotos, garotos, garotos, garotos, garotos, pirolitos, pirolitos, pirolitos, pirolitos, pirolitos, gasosas gasosas gasosas gasosas gasosas e e e e e rebuçados. rebuçados. rebuçados. rebuçados. rebuçados. E E E E E meia meia meia meia meia dúzia dúzia dúzia dúzia dúzia de de de de de bolos. bolos. bolos. bolos. bolos. Hoje Hoje Hoje Hoje Hoje vendemos vendemos vendemos vendemos vendemos entre entre entre entre entre<br />

80 80 80 80 80 a a a a a 100 100 100 100 100 bolos bolos bolos bolos bolos por por por por por dia” dia” dia”, dia” dia” conta acerca dos hábitos de consumo de várias gerações de caldenses.<br />

de ajudar os pais no café e também<br />

começara a namorar cedo,<br />

aos 17 anos, com uma jovem caldense,<br />

Manuela Silvestre (1942-<br />

2002), com quem viria a casar. O<br />

comércio foi quase sempre a sua<br />

actividade: primeiro na loja de<br />

roupa de José Luís Campos (na<br />

Praça 5 de Outubro), depois na<br />

Nobela (Rua das Montras), a seguir<br />

na Casa Ramiro e mais tarde,<br />

como administrativo, no<br />

Hospital Termal, onde também<br />

trabalhava a sua mãe.<br />

Até que em Janeiro de 1961 é<br />

chamado para a tropa. Assenta<br />

praça em Castelo Branco e seis<br />

meses depois está a bordo do<br />

Vera Cruz a caminho de Angola.<br />

“Andei “Andei debaixo debaixo debaixo de de fogo, fogo, sim” sim”, sim”<br />

conta. Dezanove meses no mato<br />

em aquartelamentos frágeis,<br />

sujeitos a ataques e correndo<br />

riscos quando as colunas sofriam<br />

emboscadas. De Portugal,<br />

perdão, da Metrópole, chegamlhe<br />

cartas da família e da namorada,<br />

muitas vezes acompanhadas<br />

de fotografias tiradas<br />

no Café Bordalo. Um conjunto<br />

de imagens que hoje constitui<br />

um precioso espólio da família.<br />

Sobrevive e regressa em Novembro<br />

de 1963, fazendo o percurso<br />

habitual ao de milhares<br />

de jovens que, regressados da<br />

tropa e da guerra, casam. Tro-<br />

Meio Meio século século separam separam estas estas fotos, fotos, tiradas tiradas do do mesmo mesmo ângulo ângulo do do café. café. Em Em 1959 1959 o o Bordalo Bordalo possui possui uma uma das das primeiras primeiras televisões televisões das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e o o café café enchia-se, enchia-se, sobretudo sobretudo quando<br />

quando<br />

havia havia futebol, futebol, filmes filmes portugueses, portugueses, teatro, teatro, Natal Natal dos dos Hospitais, Hospitais, Festival Festival da da Cancão Cancão e e as as Misses. Misses. Hoje Hoje o o futebol futebol ainda ainda leva leva muitos muitos convivas convivas ao ao café.<br />

café.


65 anos e reúne três gerações ao balcão<br />

cou alianças em 1965, mas já uns<br />

meses antes começara a trabalhar<br />

com o futuro sogro, António<br />

Verdiano Silvestre, que tinha<br />

uma loja de produtos alimentares<br />

(Vardasca & Veridiano,<br />

Lda) na Rua da Electricidade.<br />

A primeira filha, Maria Pilar<br />

do Coito, nasce em 1966 e a segunda,<br />

Sandra Cristina, em 1970.<br />

Manuela Silvestre reparte agora<br />

as atenções do café e dos clientes<br />

com as filhas, que, tal<br />

como o pai, crescem no Café<br />

Bordalo, em torno do qual gira a<br />

história da família.<br />

Em 1970 Aduíno muda de emprego.<br />

O sogro embarca numa<br />

Sandra Coito (40 anos) e Pilar<br />

Leal (44 anos) são a terceira<br />

geração atrás do balcão<br />

do Café Bordalo. As duas filhas<br />

de Aduíno e Manuela Silvestre<br />

cresceram e brincaram<br />

no estabelecimento dos avós<br />

e que posteriormente ficou<br />

para os pais. Em frente, o Largo<br />

Frederico Ferreira Pinto<br />

Bastos ainda não tinha muitos<br />

carros. A vizinhança era<br />

conhecida e o Bairro da Ponte<br />

era naquele tempo ainda quase<br />

como uma aldeia dentro da<br />

cidade. Mas à medida que<br />

cresciam as duas irmãs encararam<br />

com normalidade a<br />

ajuda que era preciso dar aos<br />

pais e cedo começaram a trabalhar<br />

no café quando vinham<br />

das aulas e durante as férias.<br />

“É “É como como como o o João João e e a a Joana” Joana”, Joana”<br />

dizem, referindo-se aos filhos,<br />

que são os bisnetos de<br />

Diamantino Coito e que tam-<br />

aventura que consistiu em unir<br />

grande parte dos armazéns de<br />

produtos alimentares das <strong>Caldas</strong><br />

numa só empresa, a Unical,<br />

que para isso constrói um pavilhão<br />

na Estrada da Tornada (hoje<br />

parcialmente aproveitado pelo<br />

Pingo Doce). O genro acompanha-o<br />

como empregado de escritório<br />

durante os 16 anos que<br />

o projecto dura.<br />

“Fui “Fui dos dos últimos últimos a a sair, sair, to- toto- dos dos deram deram à à sola sola quando<br />

quando<br />

aquilo aquilo começou começou a a correr<br />

correr<br />

mal” mal”, mal” conta. A falência da empresa,<br />

em 1986, acaba por se<br />

transformar numa oportunidade.<br />

“Comecei “Comecei a a pensar pensar em em re- re- re- re-<br />

modelar modelar isto isto e e ganhar ganhar aqui<br />

aqui<br />

a a a minha minha vida vida vida e e e em em boa boa hora<br />

hora<br />

o o o fiz. fiz. Só Só Só tenho tenho pena pena de de não não o o<br />

o<br />

ter ter feito feito antes. antes. Na Na verdade verdade<br />

verdade<br />

eu eu nunca nunca tinha tinha gostado gostado de<br />

de<br />

ser ser empregado empregado de de escritório.<br />

escritório.<br />

Preferi Preferi sempre sempre o o contacto<br />

contacto<br />

com com as as pessoas” pessoas” pessoas”. pessoas” pessoas”<br />

NO CAFÉ A TEMPO INTEIRO<br />

A primeira coisa que faz é uma<br />

remodelação total. O café dos<br />

anos quarenta dá origem a um<br />

estabelecimento moderno, com<br />

vitrines, mas mantendo, mesmo<br />

assim parte das mesas que o pai<br />

de Aduíno tinha comprado ao<br />

Café Nicola, em Lisboa. São mesas<br />

pesadas, de ferro e mármo-<br />

“Mais do que uma profissão, trabalhar aqui é um modo de vida”<br />

bém já vêem o café como uma<br />

extensão das suas casas.<br />

Em rigor só Sandra Coito e o<br />

marido, Jorge Reis, são actualmente<br />

funcionários do Café<br />

Bordalo – Sociedade Unipessoal.<br />

É lá que passam a maior<br />

parte do seu tempo – de manhã,<br />

à tarde e à noite – num<br />

negócio familiar, cuja facturação<br />

preferiram não revelar, e<br />

que prescinde de empregados.<br />

A irmã Pilar pertenceu à geração<br />

que aproveitou a vinda do<br />

ensino superior para as <strong>Caldas</strong><br />

e foi no antigo pólo da UAL<br />

que tirou Direito, exercendo<br />

hoje advogacia. Mas nem por<br />

isso perdeu o vínculo ao café<br />

da família e tem até uma escala<br />

de duas manhãs e duas<br />

noites por semana, nas quais<br />

deixa no escritório as questões<br />

judiciais e vem para o café<br />

mais antigo do Bairro da Ponte<br />

servir bicas e galões, tos-<br />

tas, sumos e bolos.<br />

A irmã mais nova, Sandra<br />

Coito, não chegou a concluir a<br />

licenciatura em Gestão, foi<br />

trabalhar para a Futur Kids<br />

(uma escola de informática<br />

caldense já desaparecida),<br />

mas entendeu que se o Café<br />

Bordalo foi o ganha pão do seu<br />

avô e do seus pais, então também<br />

poderia ser o dela e da<br />

família.<br />

“Mais “Mais do do que que uma uma profis- profisprofis- são, são, trabalhar trabalhar trabalhar aqui aqui aqui é é um<br />

um<br />

modomodo de de de vida. vida. Não Não há há hoho-<br />

rários, rários, nem nem nem fins-de-semana<br />

fins-de-semana<br />

completos completos nem nem nem tempo tempo para<br />

para<br />

ir ir jantar jantar fora. fora. É É É vivermos<br />

vivermos<br />

aqui aqui dentro” dentro” dentro”, dentro” dentro” diz Sandra. O<br />

café só fecha ao domingo.<br />

As filhas do senhor Aduíno<br />

assistiram também a algumas<br />

transformações nos hábitos<br />

dos clientes do café. Dantes a<br />

sala enchia-se ao serão até à<br />

hora do fecho, mas agora as<br />

re, seguramente com mais de<br />

90 anos de existência e que estão<br />

para durar outros tantos.<br />

Diamantino só viu o princípio<br />

da remodelação. Morre em 1987.<br />

Mas dir-se-ia que tinha esperado<br />

pela concretização de um velho<br />

sonho – ver o filho a tempo<br />

inteiro à frente do Café Bordalo.<br />

A remodelação revelou-se<br />

uma aposta certa e Aduíno deuse<br />

conta que afinal aquele negócio<br />

dava para viver sem precisar<br />

de mais nenhuma emprego.<br />

“Ultrapassou “Ultrapassou todas todas as as<br />

as<br />

expectativas”<br />

expectativas”, expectativas” conta.<br />

Nos finais da década de oitenta<br />

a cidade conhece um sur-<br />

pessoas já não passam tanto<br />

tempo nestes espaços sociais.<br />

Tomam a bica, bebem uma<br />

água ou uma cerveja e vão para<br />

casa. Há alguns resistentes,<br />

que são quase da família. E há<br />

também as excepções – a televisão<br />

já não é uma novidade,<br />

mas nas noites de futebol<br />

este café de bairro enche-se.<br />

É que ver um jogo da selecção<br />

ou um Sporting-Benfica em<br />

grupo cria um ambiente mais<br />

festivo e tem muito mais piada<br />

do que assistir à partida em<br />

casa. “E “E as as mulheres mulheres prefe- prefepreferem rem rem ver ver a a telenovela”<br />

telenovela”, telenovela” acrescenta<br />

Aduíno Coito, que conhece<br />

os hábitos e motivações<br />

dos clientes.<br />

Curiosamente, o edifício não<br />

é pertença da família, tendo o<br />

então jovem Diamantino acordado<br />

com o proprietário, seu<br />

amigo, o pagamento de uma<br />

renda mensal. Naquele tempo<br />

to de forte construção e cresce<br />

(também) para o Bairro da Ponte.<br />

Durante algum tempo o Bordalo<br />

foi o único café do bairro.<br />

Hoje contam-se várias dezenas<br />

em toda aquela zona da cidade<br />

(bairros da Ponte e dos Arneiros),<br />

mas nada que afecte o café<br />

mais antigo.<br />

Também os hábitos de consumo<br />

mudaram. Aduíno diz que an-<br />

tigamente havia poucas coisas<br />

para vender num café. “Vendi- “Vendi“Vendiam-seam-seam-se copos copos de de leite, leite, garogarotos,tos,<br />

pirolitos, pirolitos, gasosas, gasosas, reburebuçados.çados.<br />

E E meia meia dúzia dúzia dúzia de de bobo-<br />

los. los. Hoje Hoje vendemos vendemos entre entre 80<br />

80<br />

a a 100 100 bolos bolos por por dia” dia”, dia” conta.<br />

Durante décadas perdurou a ve-<br />

bastava a palavra dada para ser<br />

cumprida e só em 1970 é que<br />

há um documento escrito no<br />

qual Diamantino se compromete<br />

a pagar 500$00 de renda por<br />

mês. Sim, na moeda de hoje só<br />

2,5 euros. Mas actualmente a<br />

renda é de 57 euros. Aduíno re-<br />

CRONOLOGIA<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

17 | Dezembro | 2010<br />

lha máquina de café de saco,<br />

que viria a ser substituída por<br />

outra que necessitava de uma<br />

alavanca para tirar as bicas.<br />

Hoje o café expresso sai, quente,<br />

de uma moderna máquina<br />

Mercury.<br />

Fiel à tradição do que entende<br />

ser um café, o seu proprietário<br />

vai resistindo a nele vender<br />

pão e mini-refeições, como<br />

o fazem tantos outros. “O “O café<br />

café<br />

deve deve deve funcionar funcionar como como um<br />

um<br />

café” café”, café” café” resume.<br />

Carlos Carlos Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com<br />

conhece que é barato e insiste<br />

que não perdeu a esperança<br />

de comprar o rés-de-chão<br />

onde nasceu e onde viveu toda<br />

a família.<br />

C.C.<br />

1935 1935–<br />

Diamantino Couto abre uma barbearia no edifício que é<br />

hoje o nº 12 do Lg. Frederico Ferreira Bastos<br />

1940 1940–<br />

Muda de ramo. Converte a barbearia em taberna.<br />

1945 1945–<br />

Muda novamente de ramo e inaugura o Café Bordalo, o<br />

primeiro da actual freguesia de Sto. Onofre<br />

1970 1970–<br />

Assinatura do primeiro documento de arrendamento no<br />

qual o dono do Café Bordalo paga 500 escudos (2,5 euros) de<br />

renda por mês ao proprietário<br />

1986 1986 – O filho Aduino Coito pega formalmente no negócio da<br />

família<br />

1987 1987–<br />

Morre Diamantino Couto<br />

1987 1987–<br />

O Café Bordalo sofre uma remodelação<br />

2002 2002 - Sandra Coito, neta de Diamantino, entra formalmente<br />

para o Café Bordalo - Sociedade Unipessoal<br />

2008 2008-<br />

O marido Jorge Reis também entra para a empresa<br />

A A imagem imagem mais mais antiga antiga do do Café Café Bordalo Bordalo nos<br />

nos À À esquerda esquerda Manuela Manuela Silvestre, Silvestre, então então namorada namorada de de Aduíno, Aduíno, com com com os os os futuros futuros sogros, sogros, Diamantino Diamantino e e e Ema Ema Ema Pilar Pilar Leal. Leal. Leal. Na Na imagem imagem da<br />

da<br />

anos anos 40<br />

40<br />

direita direita Manuela Manuela está está sentada sentada sentada e e os os proprietários proprietários do do café café estão estão atrás atrás do do balcão.<br />

balcão.


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

24 | Dezembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Três gerações de luso-galegos fizeram da Pastelaria<br />

O O Casal Casal Perez Perez em em 1991 1991 ladeado ladeado pelos pelos empregados empregados de de então, então, António António Maria, Maria, Patrícia Patrícia Anjos Anjos e e Fernando Fernando Vieira. Vieira. À À direita, direita, Peregrina Peregrina Molares Molares à à entrada entrada da da Pastelaria Pastelaria Machado Machado na<br />

na<br />

passada passada passada segunda-feira.<br />

segunda-feira.<br />

A fundação da casa remonta ao<br />

século XVIII e as suas memórias<br />

são agora contadas com sotaque<br />

espanhol, da D. Peregrina Molares,<br />

a actual proprietária da casa,<br />

que gere com os seus filhos Marina<br />

(50 anos), Santiago (51 anos) e<br />

Miguel (49 anos).<br />

As irmãs Fausta eram doceiras<br />

e terão começado a sua actividade<br />

ao lado do Hospital Termal, em<br />

meados de 1800 mas depois mudaram-se<br />

para a Rua de Camões,<br />

onde ocuparam uma cocheira aí<br />

existente que viria a ser a actual<br />

pastelaria Machado, apelido de um<br />

empregado da casa (Joaquim Machado)<br />

que viria a ser o proprietário<br />

depois das irmãs terem decidido<br />

abandonar o negócio.<br />

Joaquim Machado continuará a<br />

arte doceira tradicional caldense,<br />

sobretudo na primeira década do<br />

séc. XX, trabalhando na pastelaria<br />

com a sua família.<br />

No início do anos 20 este comerciante<br />

dá sociedade a José<br />

Perez, um galego natural de Vigo,<br />

que viera para Lisboa com o intuito<br />

de emigrar para os Estados Uni-<br />

A história da pastelaria Machado funde-se com a história da própria cidade. Ponto de referência na<br />

doçaria regional, os seus bolos reis são presença habitual nas mesas de consoada.<br />

Aquela que é uma das casas mais antigas das <strong>Caldas</strong> ainda em actividade, remonta ao século XVIII<br />

com a Casa Fausta, cujas responsáveis, duas irmãs, contribuíram para a manutenção dois verdadeiros<br />

ex-libris gastronômicos da cidade: as cavacas e as trouxas-de-ovos.<br />

José Fernandes Perez (1928 – 2000), um apaixonado pela doçaria, deu um impulso grande à casa,<br />

criando muitos dos mais de 60 bolos que diariamente são colocados nas prateleiras.<br />

A Pastelaria Machado é actualmente gerida por Peregrina Molares, viúva de José Fernando Perez, e os<br />

seus três filhos Santiago, Marina e Miguel.<br />

dos, mas que se quedou por Lisboa<br />

onde trabalhou na Pastelaria<br />

Benard (Rua Garrett).<br />

A aprendizagem da doçaria serlhe-ía<br />

depois muito útil quando,<br />

nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, começa a<br />

trabalhar com Joaquim Machado,<br />

de quem se tornou amigo, para<br />

além de sócio.<br />

Em 1944 o neto de José Perez é<br />

mais um dos muito imigrantes ga-<br />

legos que fogem daquela província<br />

pobre de Espanha, tentando a<br />

sorte em Portugal, neste caso, nas<br />

<strong>Caldas</strong> da Rainha, junto do avô que<br />

lhe dá protecção e emprego na<br />

Pastelaria.<br />

A A Cavacaria Cavacaria Machado Machado em em 1907, 1907, quando quando ainda ainda era era gerida gerida por por por Joaquim Joaquim Machado Machado Machado e<br />

e<br />

uma uma imagem imagem actual actual do do do estabelecimento estabelecimento estabelecimento na na Rua Rua Luís Luís de de Camões Camões (o (o centro centro histórico histórico<br />

histórico<br />

aguarda aguarda ainda ainda ainda por por um um plano plano que que que restrinja restrinja restrinja a a circulação circulação automóvel).<br />

automóvel).<br />

Nessa altura José Fernandez Peres<br />

(1928-2000) tem 16 anos e mal<br />

imaginava o papel importante que<br />

viria a ter nesta casa, uma vez que<br />

vai suceder ao avô e ao sócio, que<br />

morrem, respectivamente, em 1954<br />

e 1950.<br />

Os galegos são como os portugueses.<br />

Sentimentais e nostálgicos.<br />

E por isso o jovem José Fernandes<br />

Perez nunca deixou de visitar<br />

a sua terra natal. É numa dessas<br />

visitas que conhece Peregrina<br />

Molares (nascida em 1935), filha<br />

de um padeiro de Vigo.<br />

O namoro tinha tudo para dar<br />

certo porque até as profissões<br />

eram similares. Mas não foi fácil o<br />

pasteleiro convencer a filha do<br />

padeiro a partir para o sul, para a<br />

distante cidade das <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

“Criei-me “Criei-me num num clima clima de<br />

de<br />

medomedomedo por por causa causa da da guerra guerra cicici- vil” vil”, vil” recorda hoje Peregrina Molares,<br />

acrescentando que quando<br />

José Fernandes Perez lhe propôs<br />

namoro não sabia o que responder<br />

porque não queria ir deixar a<br />

sua terra natal.<br />

Acabaram por casar na Galiza<br />

em 1958, mas logo de seguida vieram<br />

para Portugal. No início Peregrina<br />

ainda passava algumas tem-<br />

poradas na sua terra natal, onde<br />

viria a dar à luz os seus filhos mais<br />

velhos, Santiago e Marina.<br />

A primeira impressão que Peregrina<br />

Molares teve das <strong>Caldas</strong><br />

da Rainha, em Março de 1958, foi a<br />

uma cidade bucólica em que as<br />

“árvores “árvores estavam estavam nuas nuas e e achei<br />

achei<br />

a a cidade cidade cidade um um um bocado bocado tristonha” tristonha” tristonha”. tristonha” tristonha”<br />

Meses depois, com o Verão, o<br />

burgo ganhou nova vida e Peregrina<br />

passou a sentir-se melhor, até<br />

porque, como referiu, o mar, o<br />

mesmo Atlântico que banha a sua<br />

Galiza natal, também estava muto<br />

próximo das <strong>Caldas</strong>.<br />

MAIS DE 60 VARIEDADES DE<br />

BOLOS POR DIA<br />

José Fernandes Perez aprendera<br />

com o avô a arte da pastelaria.<br />

Tinha uma verdadeira paixão pelos<br />

doces, o que o levou, por várias<br />

vezes, a França, Suíça e Alemanha<br />

a fim de acompanhar as novidades.<br />

Também comprava livros para<br />

estar actualizado no seu métier.<br />

“Antes “Antes a a casa casa não não fabrica- fabricafabricava va va muitas muitas coisas, coisas, todos todos estes<br />

estes<br />

doces doces que que que agora agora conhecemos<br />

conhecemos<br />

foram foram pesquisas pesquisas pesquisas que que que o o meu<br />

meu<br />

marido marido fez fez e e pôs pôs em em prática” prática”, prática” prática”<br />

conta hoje Peregrina Molares.<br />

Na década de 60 trabalhavam<br />

cerca de 15 pessoas com o casal<br />

Perez - duas na copa e o resto na<br />

fábrica. E vendiam praticamente<br />

tudo o que produziam na loja, que<br />

atraía pessoas dos concelho vizinhos,<br />

onde poucas pastelarias existiam.<br />

“Quando “Quando vim vim para para cá cá cá moía- moíamoíamos mos mos a a a amêndoa amêndoa à à à mão” mão”, mão” lem-<br />

bra a D. Peregrina. A massa para<br />

as cavacas demoravam duas a três<br />

horas a amassar pois não existiam<br />

amassadoras e o trabalho tinha<br />

que ser feito manualmente.<br />

Ao longo dos anos foram sempre<br />

desenvolvendo a sua própria<br />

pastelaria. Fernando Perez começou<br />

a criar, fez coisas novas e deu<br />

um impulso muito grande porque<br />

a casa era pequena e estava a ficar<br />

velha. Entre as novidades estão<br />

as “Florestas”, um doce com<br />

amêndoa, cuja receita descobriu<br />

na Alemanha e que originalmente<br />

tinha o nome de “Floresta Negra”.<br />

Actualmente os clientes continuam<br />

a procurar muito este doce,<br />

assim como o bolo russo, as línguas<br />

de gato e os ossos de roer.<br />

A remodelação, que deu o aspecto<br />

que a casa ainda mantém<br />

data de 1962. Há cerca de uma década<br />

foram feitos alguns melhoramentos,<br />

mas os clientes pediram<br />

para não mexer na decoração,<br />

que inclui um painel de cobre<br />

e as madeiras exóticas.<br />

A casa ao longo dos anos foi<br />

alcançando muito prestigio. Inicialmente<br />

fornecia a Casa Real de<br />

Lisboa, no reinado de D. Carlos (os<br />

doces iam para a capital pelo caminho<br />

de ferro). Por ali passaram<br />

também figuras públicas como os<br />

anteriores Presidentes da República<br />

Américo Thomaz, Mário Soares,<br />

e personalidades ligadas à


Machado uma referência nas <strong>Caldas</strong> e no país<br />

cultura como Vasco Graça Moura<br />

ou Eduardo Prado Coelho. Paulo<br />

Rodrigues, um caldense (falecido<br />

em 2010) que foi secretário de Salazar,<br />

levava doces da Pastelaria<br />

Machado para o velho ditador.<br />

O atendimento e a qualidade<br />

dos produtos continuam a fazer o<br />

nome da casa, que actualmente<br />

tem oito funcionários, além da família<br />

(mãe e três filhos), que ali<br />

trabalham diariamente.<br />

Os fins-de-semana são os dias<br />

de maior movimento e a Páscoa e<br />

o Natal são épocas altas para a<br />

pastelaria. O seu bolo rei é presença<br />

em muitas consoadas, e<br />

Peregrina Molares garante que<br />

este continua a ser feito da mesma<br />

maneira tradicional que o seu<br />

sogro já fazia, embora reconheça<br />

que desta forma o lucro é menor.<br />

O segredo do bolo rei da pastelaria<br />

Machado é ser feito com<br />

“produtos “produtos tradicionais”<br />

tradicionais”<br />

tradicionais”, tradicionais”<br />

tradicionais” como<br />

a manteiga, ovos (em vez de essência)<br />

e fermento de padeiro. “A<br />

“A<br />

massa massa demora demora demora oito oito horas horas a<br />

a<br />

levedar” levedar”, levedar” explica a responsável. É<br />

por isso que às vezes o bolo rei<br />

não chega para a procura porque<br />

“não “não “não se se pode pode fazer fazer à à à lalala la laminuminuminuminuminu- te”. te te te te<br />

No dia de Natal chegam a vender<br />

600 quilos de bolo. “É É a a a altura<br />

altura<br />

mais mais trabalhosa trabalhosa porque porque porque toda toda<br />

toda<br />

a a gente gente gosta gosta de de levar levar para<br />

para<br />

casa casa um um bolinho bolinho rei” rei”, rei” diz, acrescentando<br />

que na Páscoa, por<br />

exemplo, já não há tanta procura.<br />

“Esta “Esta história história de de vender<br />

vender<br />

amêndoas amêndoas baratas baratas e e de de de má<br />

má<br />

qualidade qualidade já já tirou tirou a a vontade vontade às<br />

às<br />

pessoaspessoas de de de comprar comprar amêndoamêndoas.as.<br />

As As nossas nossas são são são de de chocolachocola-<br />

te te e e torradas torradas e e são são sempre<br />

sempre<br />

boas” boas”, boas” garante.<br />

Todos os dias a prateleira com<br />

mais de 60 variedades de bolos é<br />

reposta, e ao fim-de-semana em<br />

maior número. A azáfama começa<br />

cedo e acaba tarde, com os pasteleiros<br />

a entrar às 5h30 da manhã<br />

para começar a fazer os bolos. A<br />

pastelaria recebe encomendas de<br />

bolos de aniversário, a maioria<br />

para particulares, mas por vezes,<br />

também para restaurantes.<br />

Actualmente trabalham naquele<br />

estabelecimento - cuja firma é<br />

uma sociedade por quotas designada<br />

Pastelaria Machado, Lda. -<br />

oito funcionários, juntamente com<br />

os quatro responsáveis (mãe e três<br />

filhos), que não quiseram divulgar<br />

nenhuma ordem de grandeza acerca<br />

do volume de vendas.<br />

À pergunta “o que é preciso para<br />

manter o negócio tantos anos?”<br />

peregrina Molares só tem uma resposta:<br />

perseverança e um bocadinho<br />

de dinamismo. E a fórmula tem<br />

dado resultado.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

“A pastelaria é uma soma de<br />

pormenores que vão ditar se é uma<br />

coisa excelente ou medíocre”<br />

Santiago Santiago Molares, Molares, 51 51 51 anos, anos, com com a a empregada empregada Fernanda Fernanda Ribeiro. Ribeiro. Ribeiro. Santiago Santiago nasceu<br />

nasceu<br />

na na Galiza, Galiza, mas mas é é caldense caldense de de toda toda a a vida vida e e é é hoje hoje o o pasteleiro pasteleiro da da casa. casa. Os Os irmãos irmãos<br />

irmãos<br />

Miguel Miguel e e Marina Marina não não estiveram estiveram estiveram disponíveis disponíveis para para colaborar colaborar neste neste trabalho.<br />

trabalho.<br />

Santiago Molares, o filho<br />

mais velho do casal José e<br />

Peregrina, seguiu naturalmente<br />

as pisadas paternas na pastelaria<br />

e é ele, com o seu irmão<br />

mais novo, Miguel, que<br />

confeccionam diariamente<br />

uma doçaria de excelência.<br />

Com 51 anos, Santiago recorda-se<br />

que fez o seu primeiro<br />

bolo com cinco para comemorar<br />

o aniversário do pai.<br />

“Fui “Fui ao ao livro livro de de receitas receitas dele<br />

dele<br />

e e e escolhi escolhi escolhi um um pão-de-ló pão-de-ló que<br />

que<br />

quis quis amassar amassar como como se<br />

se<br />

amassa amassa massa massa folhada” folhada”, folhada”<br />

conta, adiantando que era assim<br />

que via o seu pai trabalhar.<br />

Apesar da boa intenção,<br />

o resultado do seu primeiro<br />

bolo não foi brilhante, recorda,<br />

rindo-se.<br />

Depois de ter feito o ensino<br />

secundário, Santiago começou<br />

a trabalhar na pastelaria. Tinha<br />

18 anos quando teve o seu<br />

primeiro contrato de trabalho<br />

nesta casa. Depois foi tirando<br />

cursos em Portugal, Espanha<br />

e Itália e aprendendo também<br />

com o seu pai e as pessoas<br />

que ali trabalhavam.<br />

Considera que actualmente<br />

os pasteleiros são uns “lords”<br />

porque muitos dos materiais<br />

que utilizam já estão<br />

transformados, deixando-lhes<br />

mais tempo para a criação e a<br />

feitura de bolos mais refinados.<br />

Esta facilidade também tem<br />

um reverso, contribuindo em<br />

parte para a descaracteriza-<br />

Cavacaria Machado<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

19<br />

24 | Dezembro | 2010<br />

Era a antiga Casa Fausta (Rua de Camões – 41-47), cujas origens se<br />

perdem no século XVIII.<br />

Gertrudes Fausta de Sousa citada em 1883 como moradora na rua Nova –<br />

foi, muito provavelmente, uma das célebres irmãs Fausta. Parece ter sido<br />

uma das conserveiras de maior fama em que mais contribuiu para a manutenção<br />

de uma actividade emblemática das <strong>Caldas</strong>: as cavacas.<br />

A par das trouxas de ovos, as cavacas são (também) segredos doces que<br />

passaram através de muitas gerações. A família real e as elites do final do<br />

século XIX e do início do século XX vinham no verão às <strong>Caldas</strong> mergulhar num<br />

mundo de canastras de cavacas, pastelinhos de Marvão, queijinhos do céu,<br />

castanhas de ovos, lampreias, pão-de-ló de nata, lagartos, raivas, suspiros,<br />

esquecidos, queijadas e trouxas.<br />

Nesse tempo, eram ainda confeccionados alguns doces tradicionais, hoje<br />

ignorados, tais como o “Manjar de Tornada” e os célebres “Cacos”.<br />

As irmãs Fausta foram contemporâneas, no final do século XIX, da cavacaria<br />

das Mendricas (na actual Praça da República) onde se reuniam Rafael<br />

Bordalo Pinheiro, Manuel Gustavo Bordalo Pinheiro, Columbano, Lopes de<br />

Mendonça, António de Andrade (então tenor em início de carreira), o Padre<br />

António (de Almeida) de Óbidos (conhecido pela sua bela voz de barítono,<br />

bem como pelas pescarias e caçadas que organizava), Gomes de Avelar<br />

(editor dos Cavacos das <strong>Caldas</strong> e ceramista local), os maestros do Club de<br />

Recreio (Gaspar e depois Taborda), e Mariano Pina. Por vezes também<br />

cavaqueavam no café da Adelaidinha da rua Direita - onde mais tarde ficaria<br />

a pastelaria Gato Preto.<br />

Nesta época, havia ainda as seguintes casas e ou conserveiras: a Maria<br />

Carolina de Albuquerque (Já existia em 1887), a Cavacaria Pires (abriu em<br />

1892) e a Cavacaria Central (abriu em 1897) - ambas no largo das Gralhas<br />

(actual largo Dr. José Barbosa); a Gertrudes e a Mariana Rodrigues Valada<br />

(também citada em 1883 por Silvano Lopes) ambas na rua Nova; a Cecília<br />

Santos na rua Direita; a Viúva Nunes, a Cesária Coelho e a Mariana César já<br />

tinha casa aberta em 1884) - todas na então praça Maria Pia; a Jesuína Garcia<br />

na rua General Queirós; o Pedro Prudêncio (emblema do Gato Preto) na rua<br />

do jardim nº 52 - premiado na Exposição de Paris de 1900; e a Cavacaria<br />

Conde, situada primeiro na Praça Maria Pia e depois na rua Direita (actualmente<br />

rua da Liberdade), que desde 1895 anunciava um doce que já não se<br />

prova nos dias de hoje - os Pastéis de D. Leonor.<br />

As Irmãs Fausta influenciaram as gerações seguintes de doceiras que<br />

fizeram época sobretudo no 1º quartel do século XX, tais como: as Carneirinhas:<br />

a Jade: a Adelaide Augusta do Café Sport na praça da Republica; a Flor<br />

de Liz na Rua Heróis da Grande Guerra - depois na Av. da Independência<br />

Nacional e, nos anos 30, na praça da República; O Africano de Francisco<br />

António dos Santos - na Rua Almirante Cândido dos Reis; a Maria Regina<br />

Garcia Pereira - e mais tarde a sua filha Regina - no largo do Conselheiro José<br />

Filipe; e o Joaquim Machado, na rua Camões, que herdaria a tradição da<br />

antiga casa Fausta.<br />

Joaquim Machado desenvolveu a sua arte da doçaria, sobretudo, na primeira<br />

década do século XX (vendia as suas famosas trouxas a meio tostão<br />

cada), sendo dessa altura o BPI.<br />

A Cavacaria Machado, como ficou a denominar-se o estabelecimento, foi<br />

tomada de trespasse, em Maio de 1927, pela sociedade de Tiago Leopoldo<br />

Perez, que em Maio de 1928 adquiriu a denominação Tiago e Perez Lda..<br />

Ainda hoje existe e é gerida por um neto deste último.<br />

ção das pastelarias. “A “A fruta fruta do<br />

do problemas comuns a todos os<br />

bolo-rei bolo-rei é é é igual igual igual em em todo todo todo o<br />

o estabelecimentos comerciais.<br />

lado” lado”, lado” exemplifica o pastelei- Lembra que antes, quando a<br />

ro, que acha que as coisas terão Estrada Nacional que ligava<br />

que mudar.<br />

Lisboa ao Porto passava pelas<br />

O futuro da pastelaria terá <strong>Caldas</strong>, muitas pessoas para-<br />

que passar por uma estratificavam na cidade para descansar<br />

ção maior entre o que é o fabri- das longas horas de viagem.<br />

co tradicional, com as casas a “A “A história história das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e<br />

e<br />

trabalhar com produtos clássidestadesta pastelaria pastelaria modificoumodificoucos,<br />

e o industrial, com glutasese muito muito desde desde que que foi foi consconsmatos<br />

de sódio e gorduras hi- truída truída a a A1 A1 que que fez fez com com as as<br />

as<br />

drogenadas.<br />

<strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> deixasse deixasse de de ser ser uma<br />

uma<br />

O pasteleiro, que diariamen- passagem passagem passagem obrigatória”<br />

obrigatória”, obrigatória” rete<br />

começa a trabalhar pelas corda.<br />

5h30, tem feito várias invenções, O pasteleiro diz mesmo que<br />

entre elas os bombons praline, quando tinha 10 anos estava<br />

que “as “as pessoas pessoas não não vão vão en- en- en- convencido que as “<strong>Caldas</strong><br />

“<strong>Caldas</strong><br />

contrarcontrarcontrar em em em mais mais mais lado lado lado nenene- iria iria iria ultrapassar ultrapassar ultrapassar Leiria Leiria em<br />

em<br />

nhum” nhum” nhum”, nhum” nhum” garante. É que este pronotoriedade,notoriedade,notoriedade, dado dado o o seu seu seu dededefissional teve em conta, e ten- senvolvimento”<br />

senvolvimento”<br />

senvolvimento”. senvolvimento” Era uma ilutou<br />

colmatar, todas as falhas são, porque entretanto deixou In Bilhete Postal Ilustrado das <strong>Caldas</strong> da Rainha, de Vasco Trancoso<br />

que encontrava nos bombons de ser um ponto de passagem<br />

existentes, criando um de excelência.<br />

e “não “não foram foram feitas feitas iniciati- iniciatiiniciati- vas vas que que compensassem,<br />

compensassem, <strong>Cronologia</strong><br />

“A A pastelaria pastelaria é é é uma uma soma<br />

soma<br />

de de pormenores pormenores que, que, no no no fim,<br />

fim,<br />

vãovão ditar ditar se se se é é uma uma coisa coisa exex-<br />

celente celente ou ou medíocre”<br />

medíocre”<br />

medíocre”, medíocre” disse.<br />

Os seus segredos irão passar<br />

para o filho, actualmente com<br />

10 anos, se este quiser seguir as<br />

pisadas do pai, ou então irão,<br />

um dia, ser publicados em livro.<br />

Para Santiago, o paradigma<br />

do bolo continua a ser o pastel<br />

de nata de Belém. “Quando<br />

“Quando<br />

conseguir conseguir fazer fazer uma uma coisa<br />

coisa<br />

comocomo aquela aquela atingi atingi a a perfeiperfei-<br />

ção” ção”, ção” conta, garantindo que<br />

anda lá muito perto.<br />

Dos tempos actuais, Santiago<br />

diz que a casa atravessa os<br />

tornando tornando as as <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> como<br />

como<br />

um um objectivo objectivo final, final, como<br />

como<br />

poderiam poderiam ser ser as as termas” termas”. termas”<br />

Santiago Perez defende que a<br />

dinamização do termalismo,<br />

assim como as faianças, poderiam<br />

ajudar em muito o sector<br />

comercial.<br />

Os irmãos de Santiago - Marina<br />

e José Miguel Molares –<br />

também trabalham na Pastelaria<br />

Machado, mas não quiseram<br />

dar o seu testemunho<br />

para esta reportagem.<br />

Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

1840 1840 – As irmãs Fausta começam<br />

a trabalhar em doçaria junto<br />

ao Hospital Termal, transferindo-se<br />

depois para a R. Luís de<br />

Camões<br />

Inícios do século XX - Joaquim<br />

Machado fica com a pastelaria,<br />

onde antes era empregado das<br />

irmãs Fausta<br />

Década de 20 – José Perez entra<br />

na sociedade da Pastelaria Machado<br />

com uma quota de 30%<br />

1927 1927–<br />

Nasce José Fernando Perez<br />

em Gondomar (Galiza), neto<br />

de José Perez, que viria a ser proprietário<br />

da Pastelaria Machado<br />

1935 1935 – Nasce Peregrina Molares<br />

em Vigo que viria a casar com<br />

José Fernando Perez<br />

1944 1944–<br />

José Fernando Perez vem<br />

de Espanha para as <strong>Caldas</strong> e junta-se<br />

ao avô na pastelaria<br />

1950 1950 1950–<br />

Morre Joaquim Machado<br />

1954 1954–<br />

Morre José Perez, avô de<br />

José Fernando Perez<br />

Década de 50 – José Fernando Perez<br />

compra parte na sociedade<br />

1958 1958 1958 - José Fernando Perez e<br />

Peregrina Molares casam<br />

1964 1964 1964–<br />

José Fernando Perez torna-se<br />

o único dono da pastelaria<br />

2000 2000 2000–<br />

Morre José Fernando Perez.<br />

Viúva e filhos dividem entre<br />

si as quotas da sociedade.


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

31 | Dezembro | 2010<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Em Óbidos a família Martinho nunca deixou de ampliar a<br />

A 14 de Dezembro de 1984 era<br />

inaugurada a Albergaria Josefa<br />

d’Óbidos. A primeira albergaria da<br />

vila nasceu da visão e persistência<br />

de António Silvério Martinho (1930-<br />

2000) que, por passar bastante tempo<br />

em Óbidos, foi-se apercebendo<br />

que chegavam muitos autocarros<br />

com turistas que ali não permaneciam<br />

por não haver alojamento.<br />

António Silvério Martinho nasceu<br />

na Usseira em 1930 e ficou órfão<br />

de pai aos nove anos, altura<br />

em que teve que deixar a escola<br />

primária para começar a trabalhar<br />

para ajudar a mãe. Casou em 1954<br />

com Maria Emília Rebelo, natural<br />

da Capeleira, e trabalhava como<br />

padeiro, contando com a ajuda da<br />

esposa no seu ofício.<br />

Entretanto abriu também uma<br />

loja de pesticidas junto à farmácia,<br />

à entrada de Óbidos, acumulando<br />

as duas funções. Mas como<br />

era um homem muito aventureiro,<br />

lutador e muito pouco satisfeito<br />

com a vida, António Silvério Martinho<br />

começou a pensar noutras formas<br />

de fazer negócio e também<br />

dar um futuro melhor aos seus dois<br />

filhos, Carlos e Zélia Martinho,<br />

actualmente com 55 e 44 anos, respectivamente.<br />

Depressa se apercebeu da potencialidade<br />

turística da vila. E se<br />

recusou uma primeira proposta de<br />

sociedade para fazer um hotel na<br />

“casa assombrada”, à entrada de<br />

Óbidos, ficou-lhe o interesse pela<br />

possibilidade de criação de uma<br />

unidade hoteleira.<br />

Um terreno com um quintal, uma<br />

casa de madeira e uma adega antiga<br />

à entrada da vila, pareceu-lhe<br />

o ideal para concretizar o sonho.<br />

Falou com a esposa e filhos sobre<br />

o projecto e foi contactar com o<br />

proprietário, o tenente-coronel<br />

Justino Moreira a propor-lhe a<br />

compra.<br />

Justino Moreira viria a procurálo<br />

na sua loja de pesticidas onde<br />

lhe disse que “a “a sua sua atitude atitude ti- titi- nha nha sido sido louvável louvável porque porque era<br />

era<br />

uma uma obra obra que que ia ia dignificar dignificar a<br />

a<br />

vila vila e, e, e, como como tal, tal, iria iria vender vender vender pela<br />

pela<br />

primeiraprimeira vez vez vez na na vida vida vida um um terreterre-<br />

no” no”, no” recorda hoje Carlos Martinho.<br />

As negociações começaram em<br />

1980 e seis meses depois é feita a<br />

compra. António Silvério Martinho<br />

adquiriu o terreno por 400 contos<br />

(perto de dois mil euros) e em<br />

Dezembro de 1984,abriram ao público<br />

as portas da albergaria.<br />

Os dois filhos estão na casa desde<br />

a sua abertura. Zélia, na altura<br />

com 18 anos, deixara de estudar e<br />

tinha ido trabalhar na recepção de<br />

um complexo de apartamentos em<br />

S. Martinho do Porto, para ganhar<br />

experiência no ramo, e viria a ser a<br />

primeira recepcionista da casa.<br />

Carlos Martinho tinha ido trabalhar<br />

para a Suíça para um casino<br />

(onde esteve durante dois anos)<br />

mas o pai, em 1980, foi chamá-lo<br />

para integrar o projecto.<br />

“Não “Não fazia fazia ideia ideia ideia nenhuma nenhuma da<br />

da<br />

dimensãodimensãodimensão que que iria iria ter, ter, mas mas dedediquei-mediquei-me<br />

a a isto isto porque porque é é nosnos-<br />

so so so e e foi foi o o meu meu pai pai que que fundou” fundou”, fundou”<br />

conta agora Zélia Martinho, adiantando<br />

que é importante dar continuidade<br />

a este trabalho. Recorda<br />

que a hotelaria era uma área que<br />

desconhecia, mas que mesmo assim<br />

foram logo às agências de viagem<br />

dar a conhecer a albergaria.<br />

Zélia reconhece também que naquela<br />

época tudo era mais fácil.<br />

“Ag “Agora “Ag “Agora<br />

ora não não era era possível possível”,<br />

possível<br />

conta, destacando as exigências<br />

que são necessárias para a abertura<br />

de uma unidade, como a<br />

existência de um director hoteleiro.<br />

Foram-se especializando com<br />

o trabalho e agora conhecem António António Silvério Silvério Martinho Martinho (1930-2000) (1930-2000) foi<br />

foi<br />

muita gente no meio. “Há, “Há, in- in- in- o o fundador fundador da da Albergaria Albergaria Josefa Josefa d’Óbidos<br />

d’Óbidos<br />

clusive, clusive, clusive, colegas colegas que que nos nos vêm<br />

vêm<br />

pedir pedir a a opinião” opinião”, opinião” contam os irsa os proprietários perceberam que<br />

mãos.<br />

a capacidade de oferta era peque-<br />

A mãe, Maria Emília, (actualna para a procura por parte das<br />

mente com 74 anos) fazia o tra- agências de viagem. “E E não não con- conconbalho de limpeza da casa e tam- seguíamos, seguíamos, com com este este número<br />

número<br />

bém ajudava na cozinha. “Tra- “Tra- “Tra- dede quartos quartos quartos rentabilizar rentabilizar rentabilizar o o invesinves-<br />

tei tei sempre sempre desta desta albergaria<br />

albergaria<br />

albergaria timento” timento”, timento” timento” conta Carlos Martinho,<br />

como como cuidava cuidava da da minha minha<br />

minha adiantando que foi então que de-<br />

casa” casa”, casa” diz a matriarca da famícidiram ampliar as instalações, de<br />

lia Martinho, adiantando que maneira a poderem ter no mínimo<br />

esta sempre foi a sua segunda capacidade para alojar os passa-<br />

casa e que isso mesmo é sentido geiros de um autocarro.<br />

pelos clientes, que ali se sentem Compraram então uma parcela<br />

bem.<br />

de terreno ao lado da albergaria, a<br />

A Albergaria Josefa d’Óbidos (situada na Rua D. João de Ornelas) soprou 26 velas a semana passada. A<br />

empresa familiar, que nasceu em 1984 fruto da vontade de António Silvério Martinho, é actualmente<br />

gerida pelos filhos Carlos e Zélia Martinho, mas sempre com o apoio da mãe, Maria Emília Rebelo.<br />

Presentemente, os 1100 metros quadrados cobertos que compreendem o hotel, restaurante, bar e sala<br />

de reuniões, fazem dela a maior unidade hoteleira da vila de Óbidos.<br />

Na década de 90 a discoteca D’Ayala, que funcionava no piso inferior, junto ao restaurante, fez furor na<br />

região. Exemplo disso foram as passagens de ano que atraíram muita gente de fora, para se divertir ao<br />

som de disc-jockeys vindos de Lisboa.<br />

Os seus responsáveis continuam a adaptar o hotel às necessidades dos clientes, sendo disso exemplo<br />

as recentes remodelações, e também estão a iniciar-se no sector imobiliário, tendo já iniciado junto à<br />

vila a construção de quatro apartamentos turísticos para alugar.<br />

A DISCOTECA<br />

DE “SAPATINHO DE VERNIZ”<br />

A Albergaria abriu com 14 quartos<br />

e um bar de apoio. Mas depres-<br />

X<br />

João Rodrigues (proprietário da<br />

agência funerária Tarzan), onde<br />

investiram em mais 22 quartos. A<br />

albergaria Josefa d’Óbidos ficava<br />

assim com um total de 34 quartos e<br />

com a sala de pequenos almoços<br />

ampliada.<br />

Da parte de baixo do edifício<br />

existia uma garagem e, António<br />

Silvério Martinho, como era um<br />

bom cozinheiro, transformou-a em<br />

restaurante.<br />

Zélia Martinho recorda que este<br />

começou a funcionar de forma<br />

muito rudimentar. O piso ainda era<br />

de cimento e os pilares foram pintados<br />

com riscas amarelas e colocados<br />

vasos de flores, o tecto forrado<br />

com corticite das câmaras fri-<br />

gorificas e as mesas feitas com as<br />

tábuas das cofragens da construção<br />

do edifício.<br />

“Durante “Durante alguns alguns anos anos anos funci- funci- funci- funci- funcionouonou<br />

assim assim até até que que foi foi melhomelho-<br />

Maria Maria Emília Emília (viúva (viúva de de António António Martinho), Martinho), e e os os filhos filhos Carlos Carlos e e Zélia,<br />

Zélia,<br />

dão dão continuidade continuidade ao ao negócio negócio iniciado iniciado há há há 26 26 anos<br />

anos<br />

rado” rado”, rado” recorda Zélia Martinho,<br />

acrescentando que as remodelações<br />

foram sendo feitas progressivamente,<br />

consoante as possibilidades.<br />

O pai, que viria a falecer em<br />

2000, foi o primeiro cozinheiro da<br />

Adega da Josefa d’Óbidos e ali permaneceu<br />

durante cerca de três<br />

anos. Mas depois, como o trabalho<br />

era muito, optaram por contratar<br />

um cozinheiro e António Silvério<br />

Martinho passou a ocupar-se, entre<br />

outras coisas, das compras para<br />

a casa.<br />

Mal a albergaria abriu as suas<br />

portas, Carlos Martinho começou<br />

a incutir no pai o “bichinho” que<br />

uma discoteca poderia ser uma<br />

boa aposta, porque a entrada de<br />

Óbidos Óbidos Óbidos no no início início início do do séc. séc. XX. XX. A A Albergaria Albergaria Josefa Josefa d’Óbidos d’Óbidos seria seria erguida erguida 80 80 80 anos anos depois depois no no no local local local assinalado.<br />

assinalado.<br />

dinheiro era imediata. A ideia começou<br />

a ganhar forma e viria a<br />

concretizar-se em 1985, com a abertura<br />

da D’Ayala. Esta viria a funcionar,<br />

sempre aos fins-de-semana,<br />

durante 14 anos, até Maio de<br />

1999.<br />

“Ajudou-nos “Ajudou-nos substancial-<br />

substancialsubstancialmentemente<br />

do do ponto ponto de de vista vista vista ecoeco-<br />

nómico” nómico”, nómico” conta o responsável<br />

acerca do espaço nocturno que<br />

fez furor durante a década de 90<br />

e que chegou a empregar 11 pessoas.<br />

A D’Ayala atraiu muita gente<br />

durante o seu funcionamento.<br />

“Tivemos Tivemos Tivemos noites noites de de rodar<br />

rodar<br />

mais mais mais de de de mil mil pessoas” pessoas” pessoas”, pessoas” pessoas” recorda<br />

Carlos Martinho, destacando que<br />

este espaço funcionava mais<br />

como uma discoteca de hotel.<br />

Era a única na região que tinha<br />

raios laser e disc-jockeys,<br />

normalmente vindos de Lisboa,<br />

e com conhecimentos musicais<br />

diferenciados.<br />

Era na discoteca que faziam a<br />

passagem de ano. Esta estava<br />

ligada ao restaurante e as pessoas<br />

podiam escolher a forma de<br />

brindar ao novo ano - quem queria<br />

as músicas mais calmas para dançar<br />

a dois, ficava no restaurante, e<br />

quem queria “abanar o capacete”


albergaria criada por António Silvério<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

31 | Dezembro | 2010<br />

Josefa é nome de bolo e bebida<br />

da casa<br />

As Josefas, pequenos bolos semelhantes a pasteis de feijão,<br />

foram uma criação da casa, logo nos seus inícios. Maria<br />

Emília lembra que os clientes perguntavam porque não criavam<br />

um bolo e, com a ajuda de um antigo funcionário, Álvaro<br />

Silva (actualmente um dos proprietários do Restaurante Alcaide)<br />

inventaram o doce. Durante alguns anos foi a marca da<br />

a ser 22. “A “A crise crise força-nos força-nos a a<br />

a<br />

isso” isso”, isso” dizem os irmãos, que passaram<br />

a ter um horário maior na<br />

casa que começou por ser uma<br />

empresa em nome individual, denominada<br />

Albergaria Josefa<br />

d’Óbidos de António Silvério Martinho.<br />

Em 1996 formaram uma so- casa que levavam para as feiras em caixas com o logótipo da<br />

ciedade por quotas, entre os qua- Albergaria. “Vendemos Vendemos milhares milhares milhares de de Josefas, Josefas, mas mas depois<br />

depois<br />

tro familiares, que apelidaram Jo- acabámos acabámos acabámos por por desistir desistir porque porque havia havia muito muito trabalho trabalho trabalho e<br />

e<br />

sefa d’Óbidos Empreendimentos não não tínhamos tínhamos disponibilidade disponibilidade para para ir ir para para as as feiras” feiras”, feiras”<br />

Turísticos Lda. A mãe é actualmente lembra Carlos Martinho.<br />

a sócia maioritária e “nada “nada se se faz<br />

faz O empresário recorda ainda um certame de doçaria que<br />

sem sem o o consentimento consentimento dela” dela”, dela” di- decorreu na FIL, em Lisboa, em que logo no primeiro dia venzem<br />

os filhos, que preferiram não deram todo o stock que tinham previsto para os três dias e<br />

revelar qual o montante de factu- tiveram que fazer mais.<br />

ração.<br />

Josefa, nome da pintora obidense dá o nome à albergaria,<br />

A sociedade aposta agora numa foi também utilizado para baptizar a bebida da casa, um co-<br />

outra vertente - a construção. Escktail que ainda hoje “sai “sai muito muito bem” bem”, bem” bem” diz Zélia Martinho,<br />

António António Silvério Silvério Martinho Martinho Martinho foi foi durante durante muitos muitos anos anos o o o dono dono da da albergaria albergaria e e o o cozinheiro<br />

cozinheiro<br />

do do restaurante<br />

restaurante<br />

tão a construir quatro apartamentos<br />

para alugar junto a Óbidos.<br />

“Estamos “Estamos a a fazer fazer devagar, devagar, sem<br />

sem<br />

escusando-se a revelar os segredos que o compõem.<br />

A bebida foi também criada por Álvaro Silva, com a ajuda de<br />

Carlos Martinho. A dupla foi ainda responsável por uma outra<br />

ia para a discoteca.<br />

çavam para entrar na discoteca. de empreendedora do pai. Por recurso recurso a a empréstimos”<br />

empréstimos”, empréstimos” expli- bebida - a D’Ayala - feita de propósito para a discoteca.<br />

A primeira noite de passagem É que ali era condição entrar de exemplo, na altura em que foi neca Carlos Martinho, adiantando que Sobre o funcionário Álvaro Silva que esteve na base destas<br />

de ano foi feita em 1986 e conse- sapato e como não se podia encessário ir ao Fundo de Turismo continuam a aplicar os velhos prin- criações, Zélia Martinho lembra que este começou a trabalhar<br />

guiram encher o espaço com 340 trar de ténis, até lhe chamavam para pedir apoios para a albergacípios do pai, isto é, investir sem- na albergaria logo na sua construção, como servente de pe-<br />

pessoas a divertirem-se ao som de a discoteca do “sapatinho de verria, “ele ele acabou acabou acabou por por arranjar<br />

arranjar pre com capital próprio para não dreiro porque depois queria ficar a trabalhar no espaço como<br />

um disc-jockey. “Foi “Foi um um um êxito” êxito”, êxito” niz”.<br />

amigos amigos pois pois achavam achavam curiosa curiosa<br />

curiosa ficar a dever nada a ninguém. barman até inícios da década de 90. “Ele “Ele era era era um um um bom bom profis- profisprofisrecordam os irmãos Martinho, adi- Só na sua recta final, e com a aa sua sua sua tenacidade tenacidade e e a a persistênpersistên-<br />

Na albergaria são recebidos sional” sional”, sional” acrescenta a mãe, Maria Emília.<br />

antando que nos anos seguintes, agressividade da concorrência cia cia de de de querer querer vingar” vingar”, vingar” vingar” destacam. clientes de todo o mundo e du-<br />

F.F.<br />

F.F.<br />

entre outros convivas, atraíram<br />

pessoas como José Mourinho, que<br />

durante três anos seguidos ali pas-<br />

da GreenHill, é que começaram<br />

a facilitar a entrada, de modo a<br />

não perder clientes.<br />

O patriarca da família, porque<br />

não tivera oportunidade de estudar<br />

em pequeno, viria a fazer o<br />

rante todo o ano. No entanto<br />

destacam que nos últimos tempos<br />

têm atraído muitos grupos<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

sou o reveillon com a família e<br />

amigos.<br />

Carlos Martinho conta ainda que<br />

na última passagem de ano que o<br />

actual treinador do Real Madrid ali<br />

passou, veio propositadamente de<br />

um jogo que tivera em Coimbra<br />

para se juntar aos familiares que<br />

já lá estavam.<br />

A discoteca ficou conhecida em<br />

toda a região pelos eventos originais<br />

que promovia, tais como as<br />

passagens de modelos e noites<br />

de gala. Carlos Martinho lembra<br />

que ali decorreu, pela primeira<br />

vez na região, um desfile de modelos<br />

em lingerie, “mas mas com com<br />

com<br />

umum respeito respeito e e dignidade dignidade inin-<br />

crível” crível”, crível” fez notar.<br />

O mentor da discoteca tem<br />

amigos que ainda hoje lhe dizem<br />

que traziam os sapatos engraxa-<br />

APOSTA RECENTE NA<br />

CONSTRUÇÃO DE<br />

APARTAMENTOS<br />

Em 1992, quando foi terminada<br />

a segunda fase da albergaria,<br />

o edifício foi avaliado em 600 mil<br />

contos (cerca de três milhões de<br />

euros). “Foi “Foi um um grande grande inves- invesinves- timento timento e e muito muito doloroso<br />

doloroso<br />

para para nós” nós”, nós” disse Carlos Martinho,<br />

lembrando que na altura o<br />

juro estava a 35%. A sua irmã<br />

lembra que o investimento foi feito<br />

no ano em que o FMI esteve em<br />

Portugal para dizer que foi um ano<br />

de crise mas também de oportunidades.<br />

António Silvério Martinho mal<br />

sabia escrever o nome, mas era<br />

muito bom nas contas, lembram<br />

exame da quarta classe à noite em<br />

1956 numa época em que não havia<br />

Novas Oportunidades. Tinha<br />

então 26 anos.<br />

Há dois anos o restaurante da<br />

Josefa D’Óbidos, com capacidade<br />

para 250 pessoas, sofreu a última<br />

remodelação e em Fevereiro<br />

deste ano,foi a vez de dar um<br />

novo ar à recepção e a 10 quartos.<br />

“Temos Temos que que inovar inovar para para<br />

para<br />

não não saturarmos”<br />

saturarmos”, saturarmos” dizem.<br />

Os clientes também gostaram<br />

da mudança e têm-no feito sentir<br />

aos proprietários. Recentemente<br />

também alteraram a forma<br />

de confecção culinária, adoptando<br />

a “nouvelle cuisine”, mas<br />

com mais quantidade.<br />

No início, em 1984, trabalhavam<br />

na albergaria a família e mais três<br />

empregados. Actualmente são 18<br />

de japoneses, russos e brasileiros,<br />

além dos portugueses. Nesta<br />

casa há várias épocas altas ao<br />

longo do ano, e o Natal é uma<br />

delas. Os eventos que se realizam<br />

em Óbidos também têm ajudado<br />

na procura de alojamento.<br />

O Festival do Chocolate e a Vila<br />

Natal “vieram “vieram trazer trazer uma uma mais mais<br />

mais<br />

valia valia à à ocupação ocupação em em Óbidos” Óbidos” Óbidos”, Óbidos” Óbidos”<br />

dizem, mas a crise também já se<br />

começa a reflectir e agora notase<br />

mais a afluência ao fim-desemana.<br />

Cada um dos irmãos Martinho<br />

tem duas filhas. Ainda são pequenas,<br />

mas Carlos diz que gostaria<br />

que estas dessem continuidade à<br />

casa e que a família Martinho continuasse<br />

na hotelaria.<br />

Fátima Fátima Ferreira Ferreira<br />

Ferreira<br />

1930 1930–<br />

Nasce António Silvério Martinho, que irá construir a<br />

Albergaria Josefa d’Óbidos<br />

1980 1980 1980 – Começam as negociações e é feita a aquisição do<br />

terreno à entrada de Óbidos, pertença do tenente-coronel<br />

Justino Moreira<br />

1984 1984 – A 14 de Dezembro é inaugurada a albergaria Josefa<br />

d’Obidos<br />

1985 1985 – Abertura da discoteca D’Ayala, que funcionou aos<br />

fins-de-semana até Maio de 1999<br />

1992 1992 1992 – Termina a construção da segunda fase da albergaria,<br />

dotando-a de um total de 34 quartos<br />

1996 1996 1996 – Os filhos Carlos e Zélia Martinho integram formalmente<br />

a empresa, que passa a chamar-se Josefa d’Óbidos<br />

Empreendimentos Turísticos Lda<br />

2008 2008 – Ultima remodelação do restaurante, na ordem dos<br />

75 mil euros<br />

2010 2010–<br />

Conclusão da mais recente remodelação da unidade<br />

hoteleira, com a redecoração da recepção e dez quartos num<br />

investimento de cerca de 20 mil euros<br />

2010 2010–<br />

Construção dos primeiros quatro apartamentos para<br />

alugar junto à vila<br />

dos dentro do carro e só os cal- os filhos, destacando a capacida- os trabalhadores, mas já chegaram fferreira@gazetacaldas.com<br />

A A discoteca discoteca D’Ayala D’Ayala foi foi foi uma uma referência referência nos nos anos anos 90 90 90 e e e era era famosa famosa também também pelas pelas suas<br />

suas<br />

passagens passagens de de ano.<br />

ano.<br />

Aspecto Aspecto do do restaurante. restaurante. Hoje Hoje a a albergaria albergaria albergaria ocupa ocupa mais mais de de de mil mil metros metros quadrados<br />

quadrados<br />

cobertos cobertos e e é é composta composta por por hotel, hotel, restaurante, restaurante, restaurante, bar bar bar e e e sala sala de de reuniões reuniões<br />

reuniões


20<br />

7 | Janeiro | 2011<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

A. Marques, Lda – a carroça do António transformou-se n<br />

Maria Maria da da Nazaré Nazaré e e o o marido, marido, António António Marques Marques foram foram os os fundadores fundadores da da firma firma<br />

Teresa Teresa Marques Marques (nora (nora dos dos fundadores) fundadores) e e Vítor Vítor Marques Marques Marques (filho) (filho) presidem presidem agora agora aos<br />

aos<br />

destinos destinos da da empresa<br />

empresa<br />

Apesar da A. Marques, Lda trás. “Se “Se algum algum estivesse estivesse na<br />

na Depois de casar, António Mar- e foi esse o valor que José Dias seguia comprar a primeira mo- os os emprestados emprestados para para deixar<br />

deixar<br />

apenas ter sido oficialmente esfazendafazenda eu eu continuava continuava a a volvolques<br />

mudou-se para o Bairro dos pediu para se fazer o negócio. torizada, com um atrelado, que a a carroça carroça e e uma uma bicicleta<br />

bicicleta<br />

tabelecida como empresa em ta ta e e regressava regressava depois” depois”, depois” con- Arneiros, mais tarde para a Rua “Mais “Mais que que isso isso tinha tinha eu eu a a re- re- re- permitia não só aumentar as dis- para para para ir ir ter ter a a aula” aula”, aula” conta.<br />

1990, a sua história confunde-se ta.<br />

Formosa e em 1962 fixou-se na ceber ceber das das das comissões, comissões, mas<br />

mas tâncias percorridas, como o vo- Conseguiu a carta à terceira<br />

com a do seu próprio fundador, Cada dia tinha um percurso di- Rua Henrique Sales.<br />

nãonãonão tinha tinha coragem coragem de de lho lho lho didilume<br />

de produtos transportado tentativa e em 1970 comprou o<br />

António Marques. Com apenas ferente. Para além dos clientes Foi ali que começou o proces- zer zer e e e foi foi a a minha minha mulher mulher que<br />

que em relação à bicicleta.<br />

primeiro furgão, uma Volkswa-<br />

11 anos de idade, deixou o pe- na cidade, havia voltas pelas diso de separação do patrão para lhe lhe fez fez ver ver as as coisas” coisas”, coisas” conta Dos tempos em que utilizou a gen “pão de forma”, na qual pasqueno<br />

lugar de Segade, no conversas aldeias do concelho das começar a trabalhar por conta António Marques.<br />

motorizada, conta que só teve sou a fazer as voltas da venda<br />

celho de Miranda do Corvo, onde <strong>Caldas</strong> da Rainha, mas também própria. Arrendou uma casa - que Resolvido este assunto entre um acidente mais grave, em Óbi- porta a porta, abandonando as-<br />

nascera em 1937, para aprender<br />

sim a carroça e a mula.<br />

no Oeste a profissão de vende-<br />

O automóvel permitiu aumendor<br />

ambulante de azeite e petróleo.<br />

A A. Marques, Lda é uma das empresas de distribuição de bebidas de referência na região Oeste e é a<br />

tar as vendas, o que por sua vez<br />

aumentou o poder negocial com<br />

José Dias, natural da mesma maior distribuidora do país das bebidas do grupo Sumol + Compal, estando presente em 15 conce- os fornecedores. Com preços<br />

freguesia, era distribuidor de lhos dos distritos de Leiria, Lisboa e Santarém. Esta empresa conta com mais de 2.600 clientes e tem mais competitivos e um leque de<br />

azeite e estava há alguns anos um volume de negócios que ascende aos 6 milhões de euros. Mas tudo começou com uma carroça e produtos cada vez mais abran-<br />

estabelecido nas <strong>Caldas</strong> da Rai- uma mula, há 52 anos atrás. António Marques, de 71 anos, foi o fundador e dá nome à empresa que gente, passou não só a vender a<br />

nha e foi quem trouxe António<br />

Marques, não para as <strong>Caldas</strong>,<br />

hoje é gerida pelo filho, Vítor Marques, de 46 anos, e a esposa, Teresa Marques, de 47 anos.<br />

retalho, no porta a porta, como a<br />

fazer venda por grosso para ca-<br />

mas para o Bombarral.<br />

fés e mercearias.<br />

Naquele tempo quase não ha- nos concelhos vizinhos. Chegava servia de habitação e armazém - empregado e patrão, é em 1962 dos, na curva dos Arrifes. “Vi- “Vi- “Vi- “Vi- António Marques recorda ainvia<br />

automóveis e a venda era fei- a ir à Delgada, Baraçais, Olho em seu próprio nome, o que de- que António Marques começa o nha nha da da da volta, volta, por por isso isso trazia<br />

trazia da o primeiro negócio maior que<br />

ta numa carroça puxada por uma Marinho, Atouguia da Baleia, sagradou a José Dias. “Ele “Ele que- que- que- seu próprio negócio, em nome osos garrafões garrafões vazios, vazios, o o atreatreatre- fez: “foi “foi uma uma camioneta camioneta de de sal<br />

sal<br />

mula. Nos primeiros meses An- Paínho.<br />

ria ria que que que eu eu eu tivesse tivesse arrendado<br />

arrendado individual, contando com a aju- lado lado lado soltou-se soltou-se e e e foi foi bater bater num num<br />

num em em caixas caixas de de 30 30 30 quilos, quilos, foi foi um<br />

um<br />

tónio Marques andou acompa- Desses tempos guarda a con- a a casa casa em em nome nome dele. dele. Levava<br />

Levava da da esposa, Maria da Nazaré. carro.carro. Partiu-se Partiu-se tudo, tudo, mas mas fefe-<br />

instante instante enquanto enquanto as as vendi” vendi”. vendi”<br />

nhado, ou por um colega, ou pelo fiança que havia entre as pesso- por por semana semana 200 200 a a 300 300 contos<br />

contos António continuava nas voltas a lizmente lizmente lizmente ninguém ninguém ninguém se se magoou<br />

magoou Para estes negócios de com-<br />

próprio patrão, mas ao fim de as: “as “as cozinhas cozinhas cozinhas estavam<br />

estavam [1.000 a 1.500 euros] dodotrabatraba- vender porta a porta pelas aldei- e e os os os estragos estragos estragos foram foram pagos<br />

pagos pras em grande quantidade, a<br />

menos de um ano ganhou a con- sempre sempre abertas, abertas, eu eu eu entrava,<br />

entrava, lho lho que que eu eu fazia, fazia, mas mas nunca<br />

nunca as e pela cidade, agregando mais pelo pelo seguro” seguro”, seguro” conta.<br />

esposa tinha um papel fundafiança<br />

de José Dias, passando a recolhiarecolhia o o garrafão garrafão de de petrópetró-<br />

chegava chegava a a altura altura de de fazer fazer as<br />

as alguns produtos de mercearia ao<br />

mental, sublinha. “Ela “Ela sempre<br />

sempre<br />

andar sozinho nas voltas. leoleo e e a a garrafa garrafa de de azeite, azeite, deidei-<br />

contas contas da da minha minha comissão”<br />

comissão”,<br />

comissão” rol transportado na carroça. A PRIMEIRO AUTOMÓVEL foi foi muito muito poupada, poupada, punha punha de<br />

de<br />

A aprendizagem estava com- xava xava lá lá e e sabia sabia que que depois<br />

depois conta António Marques. esposa ficava no armazém, a PERMITIU EXPANDIR O parte parte algum algum dinheiro dinheiro como como se<br />

se<br />

pleta, mas já não voltou para a eleseleseles pagavam, pagavam, criei criei uma uma concon-<br />

Em início de vida de casado o preparar as coisas da volta e a<br />

NEGÓCIO<br />

fosse fosse o o ordenado ordenado dela dela e<br />

e<br />

terra. Os 13 anos de idade foram fiança fiança fiança muito muito grande grande grande com com as as<br />

as atraso nos pagamentos era, no vender ao público no lugar de fruquandoquando<br />

precisava precisava de de comcom-<br />

feitos nas <strong>Caldas</strong> da Rainha onde, pessoaspessoas e e hoje hoje tenho tenho tenho grangran-<br />

mínimo, desagradável para Antas e hortaliças criado também À moto seguiu-se a necessi- prar prar quantidades quantidades quantidades grandes grandes<br />

grandes<br />

entretanto, passou a morar na des des des amizades amizades por por isso” isso”. isso” tónio Marques, até porque das no número 48 da Rua Henrique dade de comprar um carro… e parapara ter ter bom bom preço, preço, pergunpergun-<br />

Rua 31 de Janeiro, tendo ali co- Dias de descanso também não várias voltas que fazia, apenas Sales. “A “A minha minha mulher mulher farta- farta- farta- farta- tirar a respectiva carta de contava-lhetava-lhe se se se ela ela tinha tinha e e ela ela ararmeçado<br />

o negócio da sua vida. havia. Os sábados, feriados e duas lhe foram dadas pelo pa- va-se va-se de de trabalhar, trabalhar, tinha tinha uma uma<br />

uma dução.<br />

ranjava ranjava o o dinheiro” dinheiro”. dinheiro”<br />

O dia começava às 5 horas da dias santos eram iguais aos outrão. “As “As voltas voltas dos dos outros<br />

outros clientela clientela boa, boa, se se arranjámos<br />

arranjámos Como era sozinho nas voltas, Em 1973 António Marques e<br />

manhã para dar de comer à mula tros. Ao domingo a única coisa dias dias fui fui fui eu eu que que as as as arranjei, arranjei, arranjei, a<br />

a alguma alguma coisa coisa na na altura altura foi<br />

foi não podia parar de trabalhar Maria da Nazaré então já com os<br />

e preparar a carroça. Às 7 horas que mudava era a volta: pegava clientela clientela clientela era era minha” minha” minha”, minha” sublinha. graças graças a a ela” ela”, ela” realça António para ter as aulas. “Quando “Quando an- an- an- dois filhos, Ana Marques e Vítor<br />

estava a caminho, quer o sol bri- numa carroça diferente e ia ven- Foi em conversa civilizada em Marques.<br />

davadava nas nas aldeias aldeias pedia pedia pátipáti-<br />

Marques (na altura respectivalhasse,<br />

quer estivesse a chover. der azeitona.<br />

volta de uma mesa - depois de A presença na cidade também<br />

“Não “Não me me lembro lembro de de ter ter deixa- deixa- deixa- deixa-<br />

uma ida ao Campo da Mata para permitiu alargar horizontes.<br />

do do uma uma volta volta por por fazer fazer por<br />

por POR CONTA PRÓPRIA EM assistir a um jogo de futebol - Aproveitando a proliferação de<br />

causa causa causa do do mau mau tempo” tempo”, tempo” recor- 1962, NA RUA HENRIQUE que as coisas se resolveram. A tabernas na altura, António Marda<br />

António Marques. A carroça<br />

SALES<br />

relação de amizade e a gratidão ques começou a explorar esse<br />

não lhe dava protecção para a<br />

de António Marques por José Dias potencial, para onde vendia não<br />

chuva “e “e “e os os os Invernos Invernos eram<br />

eram Quando casou com Maria da - “devo-lhe “devo-lhe muito, muito, porque porque se<br />

se só bebidas espirituosas, como<br />

muito muito muito maiores maiores maiores do do que que estes” estes”, estes” Nazaré, em 1961, António Mar- foram foram os os meus meus pais pais que que me<br />

me produtos de limpeza.<br />

acrescenta.<br />

ques continuava a trabalhar para criaram,criaram, foi foi ele ele que que que me me ensiensi-<br />

A volta na cidade começou com<br />

Para o caminho levava uma bu- José Dias, mas à comissão. Já ti- nou nou a a ser ser comerciante” comerciante” - im- uma bicicleta pasteleira equipacha<br />

e ração para o animal, até nha um armazém, ainda na Rua pediam-no de confrontar o pada com duas albardas onde con-<br />

porque o dia era longo e havia 31 de Janeiro, em frente ao Thotrão e por isso foi Maria da Naseguia colocar 10 garrafões. “A<br />

“A<br />

muitos quilómetros para percormaz dos Santos. O espaço era zaré quem tomou a iniciativa. roda roda da da frente frente até até até levantava”<br />

levantava”,<br />

levantava”<br />

rer e clientes para visitar. O re- dividido com um colega, Alfredo, As voltas que António Mar- recorda.<br />

gresso era já noite dentro, porque<br />

não deixava ninguém para<br />

que também trabalhava para o<br />

mesmo patrão.<br />

ques tinha angariado foram avaliadas<br />

em 75 contos [375 euros],<br />

Com a evolução do negócio,<br />

em 1967 António Marques con-<br />

O O stand stand da da firma firma nas nas feiras feiras da da Expoeste Expoeste no no início início dos<br />

dos<br />

anos anos anos noventa<br />

noventa


Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

o maior distribuidor da Sumol + Compal em Portugal<br />

mente com 11 e 8 anos) e mudam-se<br />

para o Avenal. Tal como<br />

na Rua Henrique Sales, a nova<br />

casa serve de habitação, armazém<br />

e lugar de frutas e hortaliças.<br />

Dois anos mais tarde, depois<br />

de adquirirem o lote em frente,<br />

abrem um café e melhoram a<br />

mercearia, aproveitando o crescimento<br />

do bairro. Ambos os estabelecimentos<br />

ainda hoje existem<br />

e estão na família.<br />

À medida que os tempos foram<br />

evoluindo, também o negócio<br />

foi mudando. O mercado<br />

grossista começou a ganhar maior<br />

relevo face às vendas a retalho<br />

no sistema porta a porta, que<br />

foram decaindo com o surgimento<br />

de mercearias um pouco por<br />

todo o lado e também pela crescente<br />

facilidade de deslocação<br />

das pessoas. Esta vertente acabou<br />

mesmo por ser abandonada<br />

em 1989.<br />

Também a família se foi inte-<br />

grando cada vez mais no negócio,<br />

com o crescimento dos filhos.<br />

Ana e Vítor Marques sempre aproveitaram<br />

todos os tempos livres<br />

para ajudar os pais no negócio e<br />

integraram-no em definitivo<br />

quando concluíram o 12.º ano de<br />

escolaridade. Quando Ana Marques<br />

casou, Carlos Rebelo, o marido,<br />

também integrou o negócio.<br />

No que a produtos diz respeito,<br />

a oferta continuou a alargar.<br />

“Comecei “Comecei a a negociar negociar em em tudo: tudo:<br />

tudo:<br />

papel papel higiénico, higiénico, caixas caixas de<br />

de<br />

azeite, azeite, bebidas bebidas espirituosas,<br />

espirituosas,<br />

bacalhau, bacalhau, detergentes”<br />

detergentes”, detergentes” enumera<br />

António Marques.<br />

CONCORRÊNCIA DAS<br />

COOPERATIVAS LEVOU À<br />

ESPECIALIZAÇÃO<br />

Foi na segunda metade da década<br />

de 80, com o surgimento das<br />

cooperativas, como a Coopercaldas,<br />

nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, e a<br />

Coopermonte, no Cadaval, que<br />

a família Marques teve que tomar<br />

uma decisão: ou continuava<br />

com o comércio por grosso, mas<br />

num local fixo montando um<br />

cash and carry; ou especializava-se<br />

numa área de negócio.<br />

Foi esta segunda via a escolhida,<br />

até porque António Marques<br />

já estava de olho na distribuição<br />

dos produtos da Sumolis<br />

(as bebidas Sumol e 7 Up).<br />

“Sabia “Sabia que que que o o distribuidor<br />

distribuidor<br />

parapara <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> da da Rainha Rainha e e ÓbiÓbidosdos<br />

estava estava a a passar passar por por difidifi-<br />

culdades culdades culdades e e ia ia ter ter que que fechar,<br />

fechar,<br />

contacteicontacteicontactei a a Sumolis Sumolis Sumolis e e eles eles enentregaram-metregaram-me<br />

a a representarepresenta-<br />

ção ção em em 1987” 1987”, 1987” conta António<br />

Marques.<br />

Este foi um grande ponto de<br />

viragem do negócio da A. Marques.<br />

Apesar de continuar a trabalhar<br />

em nome individual, António<br />

Marques chamou o filho<br />

Vítor Marques (então já com 22<br />

anos) para gerir a representação<br />

da Sumolis, passando a dedicar-se<br />

a outros produtos, como<br />

os vinhos e bebidas espirituosas.<br />

“E “E foi foi assim assim que que a a empresa<br />

empresa<br />

cresceu,cresceu, com com o o nosso nosso esforesfor-<br />

ço” ço”, ço” sustenta António Marques.<br />

Para receber a Sumolis, foi<br />

preciso criar novas condições. O<br />

armazém que tinha em casa era<br />

demasiado pequeno e por isso<br />

foram compradas duas lojas no<br />

Casal da Cruz, no Avenal, que<br />

depressa se revelavam igualmente<br />

pequenas. Em 1988 alugaram<br />

um armazém ao cimo da<br />

ladeira dos Calços, na Lagoa Parceira,<br />

e dois anos depois, em<br />

1990, eram construídos armazéns<br />

próprios na Lagoa Parceira, onde<br />

ainda hoje a empresa se encontra,<br />

com uma área coberta de<br />

1.000 metros quadrados e 1.500<br />

metros quadrados de parque.<br />

O ano de 1990 foi também o da<br />

criação da empresa A. Marques,<br />

Representação da Sumol foi enorme passo para a empresa<br />

Lda. como sociedade por quotas,<br />

com os sócios António Marques,<br />

a esposa Maria da Nazaré, o filho<br />

Vítor Marques e o genro Carlos<br />

Rebelo. A empresa aglutinava todos<br />

os negócios da família: a representação<br />

da Sumol, o mini<br />

mercado e o café.<br />

Até aos dias de hoje a sociedade<br />

sofreu algumas alterações.<br />

Em 1997 fez-se a separação das<br />

actividades. A A. Marques, Lda<br />

passou a fazer apenas distribuição<br />

de bebidas, tendo por sócios<br />

António Marques, Maria da Nazaré<br />

e Vítor Marques, sendo criada<br />

a empresa Calisto Marques,<br />

Lda, de António Marques, Maria<br />

da Nazaré e Ana Marques, para<br />

gerir o café, o mini mercado e a<br />

distribuição do café Nicola.<br />

Em 2009, António Marques e<br />

Maria da Conceição cederam as<br />

quotas das respectivas empresas<br />

aos filhos e hoje a A. Marques,<br />

Lda tem como sócios Vítor Mar-<br />

Quando em 1987 António Marques<br />

conseguiu convencer a Sumolis<br />

a entregar-lhe a representação,<br />

estava longe de imaginar<br />

a dimensão que o seu negócio<br />

viria a atingir no futuro.<br />

É o próprio que o afirma:<br />

“nunca “nunca pensei pensei que que chegás- chegáschegás- semos semos a a ter ter o o património património e<br />

e<br />

asas representações representações que que tetete- mos, mos, mos, é é um um orgulho orgulho muito<br />

muito<br />

grande,grande, tanto tanto pela pela parte parte parte cocomercial,mercial,<br />

como como por por ter ter a a fafa-<br />

mília mília que que tenho” tenho”. tenho”<br />

Nestes 23 anos, tem havido uma<br />

grande evolução da empresa, em<br />

diversos campos, tanto nos produtos,<br />

como na área de actuação e<br />

ainda na forma de actuar.<br />

A A sede sede da da empresa empresa tem tem dimensões dimensões modestas, modestas, mas mas a a frota frota dá dá uma uma ideia ideia da<br />

da<br />

importância importância da da actividade actividade distribuidora.<br />

distribuidora.<br />

mo mo destas destas bebidas bebidas estava<br />

estava significaria para a A. Marques, os 6 milhões em 2010.<br />

ainda ainda pouco pouco desenvolvida<br />

desenvolvida Lda a perda de 50% do seu volu- Apesar das vendas relaciona-<br />

porque porque a a oferta oferta era era muito<br />

muito me de facturação, mas o novo das com aquele grupo represenpouca,pouca,<br />

mas mas foi-se foi-se desenvoldesenvol-<br />

grupo decidiu manter, e mestarem 80 por cento da factura-<br />

vendo vendo com com o o o tempo” tempo”, tempo” conta mo reforçar, a confiança na emção da A. Marques, a empresa<br />

ques.<br />

A Xavier Marques foi-se desenvolvendo<br />

à mesma medida<br />

da A. Marques, no que a território<br />

diz respeito, contando já<br />

com 230 máquinas espalhadas<br />

pelos mesmos concelhos, dando<br />

emprego a cinco pessoas.<br />

Nesta área a empresa conta<br />

com a Nestlé como principal<br />

parceiro de negócio, tendo-se<br />

especializado não só em máquinas<br />

de moedas, como em máquinas<br />

de chocolate quente e<br />

capuccino para pastelarias,<br />

área na qual tem representação<br />

exclusiva da Nestlé na sua<br />

área de actuação.<br />

A empresa começou a trabalhar<br />

em regime de auto-venda,<br />

com três trabalhadores: Vítor<br />

Marques, o cunhado Carlos Re-<br />

Vítor Marques.<br />

De forma gradual, a empresa<br />

foi também expandindo o seu<br />

território. Começou em 1987 nos<br />

presa caldense.<br />

“O “O estudo estudo indicava indicava que<br />

que<br />

todotodotodo o o o litoral litoral litoral e e e grandes grandes grandes cencencentrostros<br />

deveria deveria ser ser ser feito feito feito direcdirecdirec- preocupou-se em completar a<br />

oferta com outras bebidas. “Te- “Te“Temosmos parceiros parceiros como como a a CarCarCarvalhelhos,valhelhos,valhelhos, com com com quem quem quem trabatraba-<br />

FILHOS PODEM DAR<br />

CONTINUIDADE A UM<br />

NEGÓCIO DE FAMÍLIA<br />

belo e um colaborador. “Levá- “Levá- “Levá- “Levá- “Levá-<br />

vamos vamos as as coisas coisas no no carro carro carro e e<br />

e<br />

vendia-se vendia-se o o que que estava estava na<br />

na<br />

carrinha,carrinha, fomos fomos os os primeiprimei-<br />

ros ros na na região região região nesta nesta nesta área área área de<br />

de<br />

negócionegócio a a trabalhar trabalhar em em prépréprévenda,venda, com com pessoas pessoas especiespeci-<br />

alizadas alizadas na na venda venda e e serviço<br />

serviço<br />

de de entrega” entrega” entrega”, entrega” entrega” conta Vítor Marques.<br />

Foi em 1990 que este sistema<br />

foi introduzido, seguindose,<br />

dois anos depois, a introdução<br />

de aparelhos PDA , no qual<br />

foram também pioneiros.<br />

Também a gama de produtos<br />

associados à Sumolis foi crescendo.<br />

Em 1987 a gama era ainda<br />

reduzida. Além das garrafas<br />

de 25 centilitros e de 1 litro de<br />

tara retornável de Sumol e 7 Up,<br />

começavam também a surgir<br />

estas bebidas em lata e também<br />

os primeiros néctares, da<br />

concelhos de <strong>Caldas</strong> e Óbidos e<br />

mais tarde a Sumolis foi entregando<br />

à A. Marques, Lda a distribuição<br />

noutros concelhos. Primeiro<br />

Peniche, depois Rio Maior,<br />

Bombarral, Lourinhã e Cadaval,<br />

mais tarde Cartaxo e Azambuja.<br />

“Houve “Houve uma uma evolução<br />

evolução<br />

normal,normal, foram-nos foram-nos entreganentregan-<br />

do do mais mais território território território fruto fruto do do<br />

do<br />

trabalhotrabalho que que fomos fomos desendesen-<br />

volvendo volvendo e e também também de de coisas<br />

coisas<br />

que que que correram correram menos menos bem<br />

bem<br />

com com outros outros distribuidores<br />

distribuidores<br />

que que actuavam actuavam em em territórios<br />

territórios<br />

contíguos contíguos ao ao ao nosso” nosso” nosso”, nosso” nosso” explica<br />

Vítor Marques.<br />

É no final de 2008 que a empresa<br />

sofre a maior transformação,<br />

por força da fusão entre a<br />

Sumol e a Compal. Curiosamente,<br />

na altura da fusão um estudo<br />

apontou como melhor estraté-<br />

tamente tamente por por por eles, eles, mas mas mas o o que que<br />

que<br />

ééé certo certo certo é é que que nos nos convidaconvidaconvida- ram ram para para fazer fazer parte parte deste<br />

deste<br />

projecto projecto novo novo novo e e e foi foi uma<br />

uma<br />

grande grande grande prova prova de de confiança<br />

confiança<br />

eee também também também um um grande grande grande desadesafiofio<br />

que que temos temos vindo vindo a a agaragar-<br />

rar” rar”, rar” considera o empresário.<br />

Não só a A. Marques, Lda é a<br />

única empresa do litoral e grandes<br />

centros a ter a representação<br />

da Sumol + Compal, como<br />

recebeu mais território que antes<br />

era feito por estas empresas,<br />

nomeadamente Alcobaça,<br />

Nazaré, Santarém, Carregado,<br />

Alenquer e Torres Vedras.<br />

O peso desta fusão na vida<br />

da A. Marques reflecte-se na diferença<br />

dos números de 2008 e<br />

2009. Os funcionários aumentaram<br />

de 27 para 38, passando a<br />

35 em 2010. A facturação aumenlhamoslhamos<br />

há há 20 20 anos, anos, ou ou ou a a a ParParParmalat,malat,malat, e e tivemos tivemos a a preocupapreocupa-<br />

ção ção de de criar criar um um portfolio<br />

portfolio<br />

com com vinhos vinhos da da cada cada cada região<br />

região<br />

demarcada demarcada para para ter ter uma<br />

uma<br />

oferta oferta mais mais completa completa para para<br />

para<br />

os os nossos nossos clientes” clientes”. clientes”<br />

Apesar do cenário de recessão,<br />

as perspectivas de Vítor<br />

Marques são que os resultados<br />

de 2010 se possam manter,<br />

“através “através da da consolidação consolidação de<br />

de<br />

clientes clientes e e referenciando referenciando mais<br />

mais<br />

artigos artigos aos aos nossos nossos clientes” clientes”. clientes”<br />

Aproveitando as sinergias<br />

criadas pela A. Marques, Lda,<br />

em 1998 Vítor Marques e Teresa<br />

Marques lançaram a empresa<br />

Xavier Marques, de exploração<br />

de máquinas de venda directa.<br />

“Foi “Foi uma uma oportunidade oportunidade de<br />

de<br />

negócio negócio que que se se ligava ligava com com a<br />

a<br />

Com três filhos, João, Diogo<br />

e Mariana, todos ainda estudantes,<br />

Vítor Marques acredita<br />

que o futuro desta empresa terá<br />

continuidade na família.<br />

“Haverá “Haverá sempre sempre uma uma uma pers- pers- pers- pers-<br />

pectiva pectiva de de algum algum deles deles vir vir a<br />

a<br />

fazer fazer parte parte parte da da da empresa empresa empresa e<br />

e<br />

agarrar agarrar os os seus seus seus destinos,<br />

destinos,<br />

porque porque empresas empresas familiares<br />

familiares<br />

são são isso isso mesmo, mesmo, mas mas com com a<br />

a<br />

consciência consciência que que o o caminho<br />

caminho<br />

terá terá que que ser ser escolhido escolhido por<br />

por<br />

eles eles e e não não imposto imposto imposto por por nós<br />

nós<br />

pais” pais”. pais”<br />

Dos três, Diogo Marques, de<br />

20 anos, que estuda Gestão, é o<br />

que está numa área que melhor<br />

se enquadra ao trabalho da empresa.<br />

João, de 23 anos, estuda<br />

Bioquímica e Mariana, com 12<br />

anos, está no 7º ano.<br />

Compal e da Frami, em latas de<br />

6 oz (125 mililitros). “O “O consu- consuconsugia uma abordagem directa ao<br />

mercado, o que, a confirmar-se,<br />

tou de 3,55 milhões de euros<br />

para 5,7 milhões, subindo para<br />

nossa nossa área área e e decidimos<br />

decidimos<br />

avançar”<br />

avançar”, avançar” conta Vítor Mar-<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

21<br />

7 | Janeiro | 2011<br />

ques, a esposa Teresa Marques<br />

e os filhos João, Diogo e Mariana<br />

Marques.<br />

Nos 23 anos de representação<br />

da Sumol, a empresa aumentou<br />

de três trabalhadores para 40 e<br />

tem uma frota de 30 carros. Fechou<br />

2010 comercializando 350<br />

referências de bebidas, que são<br />

entregues em 24 horas a uma<br />

lista de 2.600 clientes activos, e<br />

registou uma facturação recorde<br />

de 6 milhões de euros, que<br />

faz da A. Marques, Lda o maior<br />

distribuidor da Sumol + Compal<br />

no país.<br />

Um estatuto que Vítor Marques<br />

atribui “ao “ao esforço esforço e e de- dededicaçãodicação de de todas todas as as pessopesso-<br />

as as que que colaboram colaboram connosco<br />

connosco<br />

e e que que contribuíram contribuíram para para que<br />

que<br />

a a empresa empresa chegasse chegasse onde<br />

onde<br />

hoje hoje está” está”. está”<br />

Joel Ribeiro Ribeiro<br />

jribeiro@gazetacaldas.com<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

1937 1937–<br />

Nasce António Marques<br />

em Segade (Miranda do<br />

Corvo)<br />

1948 1948- 1948 António Marques<br />

vem para o Bombarral aprender<br />

o ofício de vendedor ambulante<br />

1962 1962- 1962 Estabelece-se em<br />

nome individual como vendedor<br />

porta a porta, com armazém<br />

e lugar de frutas na Rua<br />

Henrique Sales<br />

1973 1973- 1973 Passa para o Avenal,<br />

também com armazém e lugar<br />

de frutas e hortícolas<br />

1975 1975- 1975 O lugar de frutas<br />

passa a mini-mercado e abre<br />

um café (actualmente designado<br />

Café 2001)<br />

1987 1987 1987- 1987 1987 António Marques garante<br />

a representação da Sumolis.<br />

Aluga duas lojas no Casal<br />

da Cruz, Avenal, como armazém.<br />

1988 1988- 1988 Aluga um armazém<br />

maior na Ladeira dos Calços<br />

(Lagoa Parceira)<br />

1989 1989- 1989 A venda porta a porta<br />

em retalho é abandonada<br />

1990 1990- 1990 É criada a sociedade<br />

por quotas A. Marques, Lda,<br />

tendo como sócios António<br />

Marques, Maria da Nazaré, Vítor<br />

Marques e Carlos Rebelo.<br />

É construído um novo armazém<br />

na Lagoa Parceira<br />

1997 1997- 1997 O café e o mini-mercado<br />

saem da gestão da A.<br />

Marques , Lda. e pasa a depender<br />

de nova sociedade formada<br />

por António Marques,<br />

Maria da Nazaré e Vítor Marques<br />

1998 1998 1998- 1998 Vítor Marques e Teresa<br />

Marques criam a Xavier<br />

Marques, Lda<br />

2009 2009- 2009 António Marques e<br />

Maria da Nazaré cedem as quotas<br />

ao filho Vítor Marques. A<br />

A. Marques, Lda passa a ter<br />

como sócios Vítor Marques,<br />

Teresa Marques, João Marques,<br />

Diogo Marques e Mariana<br />

Marques


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

14 | Janeiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

O advogado João Frade e a cabeleireira Maria do Na<br />

que o pai e marido construiu<br />

João João Jesus Jesus Jesus Frade Frade (1952-2008) (1952-2008) foi foi o o relojoeiro relojoeiro que que fundou fundou fundou a a a ourivesaria ourivesaria e e e joalharia joalharia Frade Frade Maria Maria Maria do do Nascimento Nascimento e e e o o seu seu filho filho João João Pedro Pedro Frade Frade Frade asseguram asseguram asseguram a a a continuidade continuidade do<br />

do<br />

negócio, negócio, embora embora não não exerçam exerçam exerçam a a actividade<br />

actividade<br />

Em 2011 a ourivesaria e relojoaria<br />

Frade celebra o seu 29º<br />

aniversário, mas já não é o seu<br />

fundador, João Jesus Frade, que<br />

está à frente do negócio. Depois<br />

da morte do relojoeiro e<br />

ourives, em 2008, a família assumiu<br />

os destinos da loja, com<br />

a designação social João Jesus<br />

Frade Herdeiros, mantendo assim<br />

viva a sua memória.<br />

Desde 1991 que a relojoaria<br />

e ourivesaria está no número 1<br />

do Largo Heróis de Laulila, mas<br />

a primeira loja abriu em 1981, a<br />

poucos metros, na rua da Nazaré.<br />

Durante algum tempo as<br />

duas lojas funcionaram lado a<br />

lado, mas o primeiro estabelecimento<br />

acabaria por fechar<br />

quando o relojoeiro morreu.<br />

João Jesus Frade nasceu em<br />

Mira (distrito de Coimbra) em<br />

1952. Depois de terminar o cur-<br />

so de relojoaria, veio trabalhar<br />

para as <strong>Caldas</strong> da Rainha no final<br />

da década de 70, como relojoeiro.<br />

“Nessa Nessa altura altura hou- hou- hou-<br />

ve ve uma uma grande grande migração migração migração de de<br />

de<br />

relojoeiros relojoeiros e e ourives ourives da da zona<br />

zona<br />

Centro Centro Centro para para a a nossa nossa re- rere- gião gião”, gião gião recorda o filho, João<br />

Pedro Frade.<br />

João Jesus e Maria do Nasci-<br />

mento conheceram-se pouco<br />

depois do jovem técnico ter vindo<br />

para as <strong>Caldas</strong>, através de<br />

amigos comuns. Casaram-se<br />

em 1975 e em 1982 João Jesus<br />

Frade decidiu abrir a sua própria<br />

relojoaria na rua da Nazaré,<br />

num local onde antes existia<br />

uma barbearia de Manuel<br />

Faca. “Era Era Era o o sonho sonho dele dele dele ter ter ter a<br />

a<br />

sua sua própria própria casa, casa, casa, e e por por isso<br />

isso belecimento belecimento onde onde estava estava<br />

estava<br />

ficou ficou muito muito contente contente”, contente recor- antes antes era era pequeno pequeno e e ele ele ele já<br />

já<br />

dou a mulher, embora saliensese sentia sentia um um pouco pouco apertaapertatando<br />

que o seu marido era uma do, do, até até porque porque começou começou a<br />

a<br />

Em 1981 João Jesus Frade, natural de Mira, abriu nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, a sua primeira relojoaria na<br />

rua da Nazaré. Dez anos depois abria a poucos metros, no largo Heróis de Naulila, a ourivesaria e<br />

joalharia Frade, onde continuou a exercer a sua arte e passou também a vender peças em ouro e<br />

prata.<br />

Depois do seu falecimento, em 2008, seria o filho mais velho, João Pedro, e a sua mãe, Maria do<br />

Nascimento, a assumirem o negócio, embora tenham contratado um funcionário para estar na loja.<br />

Apesar de ser advogado, João Pedro Frade foi quem sempre se interessou pela relojoaria e em<br />

criança chegava a desmontar e montar relógios às escondidas. Mas a sua irmã, Ana Sofia, também<br />

sabe fazer algumas das tarefas mais simples.<br />

pessoa muito reservada. vender vender também também algumas<br />

algumas<br />

Só quando decidiu mudar o peças peças em em prata prata e e ouro ouro ouro”, ouro ouro con-<br />

estabelecimento para o largo tou Maria do Nascimento Fra-<br />

Heróis de Laulila, em 1991, é de.<br />

que a loja passou a ser tam- A primeira loja esteve algum<br />

bém uma ourivesaria. “O O O esta- esta- esta- esta- esta- tempo fechada, até que João<br />

A A família família depois depois da da cerimónia cerimónia da da benção benção das das fitas fitas da da filha filha mais mais nova nova em em Faro Faro e e na na foto foto ao ao lado lado num num fim-de-semana fim-de-semana em em Peniche Peniche durante durante a a década década de de 80<br />

80<br />

Jesus acabou por contratar uma<br />

funcionária para a reabrir, preservando<br />

a memória da antiga<br />

relojoaria e a arte que era a<br />

sua grande paixão. “Vinham Vinham<br />

pessoas pessoas de de toda toda a a região<br />

região<br />

aqui aqui aqui porque porque a a qualidade qualidade do<br />

do<br />

trabalhotrabalhotrabalho dele dele dele era era reconhereconhe-<br />

cido cido”, cido recorda Maria do Nascimento<br />

Frade.<br />

A loja original fecharia definitivamente<br />

com a morte de<br />

João Jesus Frade, mas o mais<br />

recente estabelecimento comercial<br />

mantém essa maior vocação<br />

para a relojoaria do que<br />

para a ourivesaria, apesar de<br />

terem também algumas peças<br />

preciosas à venda e de fazerem<br />

também compra de objectos<br />

em ouro. “A A nossa nossa espe- espeespecialidadecialidadecialidade é é sem sem dúvida dúvida a a rere-<br />

lojoaria lojoaria”, lojoaria garante o herdeiro.<br />

No entanto, com a abertura


scimento garantem a continuidade da relojoaria<br />

O mundo dos relógios<br />

Há dois anos e meio João Santos,<br />

que era proprietário de uma<br />

sapataria que entretanto encerrou,<br />

foi convidado por João Frade<br />

para trabalhar na ourivesaria<br />

e joalharia.<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

14 | Janeiro | 2011<br />

de vários estabelecimentos de- grande grande parte parte dos dos trabalhos<br />

trabalhos relojoaria.relojoaria. Acho Acho piada piada à à forfor-<br />

pilhas dos relógios. Ao fim de com o falecimento do pai, aca- violentos continuem, as ourivedicados<br />

à compra de ouro, esta voltaram voltaram a a a ser ser feitos feitos aqui aqui na<br />

na mama como como pegamos pegamos num num rere-<br />

algum tempo começou também bou por se dedicar em parte a sarias terão que se adaptar e<br />

última vertente perdeu algum ourivesaria<br />

ourivesaria”, ourivesaria garantiu João lógiológio que que não não funciona, funciona, desdesdes- a fazer trabalhos mais comple- esta actividade e procurado funcionar com ainda mais se-<br />

interesse. “O O preço preço do do do ouro<br />

ouro Pedro Frade.<br />

montamos montamos e e conseguimos<br />

conseguimos xos nos relógios.<br />

também aprender mais sobre o gurança, nomeadamente atraestáestá<br />

tabelado, tabelado, mas mas como como fafa-<br />

que que ele ele comece comece a a a trabalhar<br />

trabalhar A relojoaria é uma paixão de ofício, tendo até adquirido alvés de cofres de abertura rezemzem<br />

uma uma publicidade publicidade agresagres-<br />

“Pegamos “Pegamos num num relógio<br />

relógio outra outra vez vez vez”, vez referiu.<br />

família e João Pedro Frade tem guns livros da especialidade tardada para objectos mais va-<br />

siva siva as as as pessoas pessoas optam optam por<br />

por queque não não funciona, funciona, desmondesmon-<br />

A sua mãe também se lem- uma colecção de relógios de para serem consultados pelo liosos e restrições no acesso ao<br />

esse esse esse tipo tipo de de casas casas”, casas comen- tamos tamos e e conseguimos conseguimos que<br />

que bra da forma como João Pedro bolso antigos em casa, alguns funcionário da loja.<br />

seu interior. “Esperemos Esperemos que<br />

que<br />

tou João Pedro Frade, que não eleele comece comece a a trabalhar trabalhar trabalhar ouou-<br />

levava para casa, às escondi- dos quais recuperados pelo pai. “Como Como não não temos temos o o o co- co- co- não não não seja seja preciso preciso chegar chegar tão<br />

tão<br />

acredita na viabilidade de to- tra tra vez vez” vez<br />

das, alguns relógios para des- A filha de João Jesus e Maria nhecimento nhecimento que que o o meu meu pai<br />

pai longe,longe, mas mas mas caso caso seja seja necesnecesdos<br />

estas casas dedicadas à<br />

montar e “fazer fazer os os seus seus ararar- do Nascimento Frade, Ana So- tinha, tinha, tivemos tivemos tivemos de de inovar inovar e<br />

e sáriosário os os próprios próprios comercicomerci-<br />

compra daquele metal.<br />

A mulher de João Jesus Fra- ranjos ranjos”. ranjos<br />

fia, nasceu no mesmo ano em procurar procurar procurar as as técnicas técnicas mais<br />

mais antes antes serão serão capazes capazes de de se<br />

se<br />

Depois de terem feito publide, Maria do Nascimento, nas- João Pedro Frade começou a que a o pai abriu a relojoaria e recentes recentes”, recentes disse. Têm aposta- adaptar adaptar adaptar”, adaptar defende.<br />

cidade na <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> <strong>Gazeta</strong> das das das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> ceu em Alvorninha em 1952 e ajudar o pai na ourivesaria du- é educadora de infância no Aldo na modernização dos equi- No caso da ourivesaria Frade<br />

a anunciar que compravam ar- tem um salão de cabeleireiro. rante umas férias de Verão, garve. “O O meu meu pai pai sempre sempre me<br />

me pamentos. “Ainda Ainda esta esta esta sema- sema- sema- essa preocupação não é tão<br />

tigos em ouro e relógios anti- Depois de ter trabalhado nou- quando ainda estava na escola puxoupuxou mais mais a a mim mim para para para eses-<br />

na na comprámos comprámos uma uma nova<br />

nova grande porque não têm objecgos,<br />

foi em relação aos relógitros salões nas <strong>Caldas</strong>, abriu, primária porque queria juntar tar tar na na ourivesaria, ourivesaria, mas mas ela<br />

ela máquinamáquina de de limpeza limpeza limpeza por por ulultos<br />

de muito valor, tendo em<br />

os que houve mais pessoas in- com uma sócia, o seu próprio dinheiro para comprar um com- também também ajudava ajudava”, ajudava contou tra-sons tra-sons”.<br />

tra-sons<br />

conta que estão especializados<br />

teressadas em vender. “Nas Nas Nas<br />

estabelecimento em 1983. O putador (numa altura em que João Pedro Frade. “A A A minha minha minha fi- fi- fi- fi- É em representação da ouri- na relojoaria.<br />

<strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> há há dois dois ou ou três três co- co- co- Salão Azul funciona desde a sua esta ferramenta ainda não es- lha lha lha sempre sempre teve teve teve mais mais jeito jeito<br />

jeito vesaria que João Pedro Frade<br />

leccionadoresleccionadoresleccionadores que que dão dão vava-<br />

abertura na rua Heróis da Grantava ao alcance de toda a gen- para para atender atender atender as as pessoas. pessoas.<br />

pessoas. ocupa actualmente o cargo de Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

lor lor a a estas estas peças, peças, mas mas esse<br />

esse de Guerra.<br />

te). “Fiz Fiz um um um acordo acordo com com o<br />

o Vinha Vinha Vinha para para para aqui aqui aqui muitas muitas muitas ve-<br />

ve- ve- ve- presidente da Associação Co- pantunes@gazetacaldas.com<br />

ééé um um um mercado mercado mercado que que que tem tem estaesta-<br />

do do parado parado devido devido devido à à crise crise”, crise<br />

comentou o filho do fundador<br />

A mulher sempre ajudou o<br />

seu marido na ourivesaria, tratando<br />

do aspecto da montra e<br />

meu meu pai, pai, que que me me dava dava algum algum<br />

algum<br />

dinheiro dinheiro dinheiro por por por cada cada dia dia dia que que<br />

que<br />

estivesse estivesse na na na loja loja loja”, loja mas como<br />

zeszeszes aos aos sábados sábados e e nas nas fériféri-<br />

as as”, as acrescentou a mãe, adiantando<br />

que Ana Sofia também<br />

mercial dos Concelhos das <strong>Caldas</strong><br />

da Rainha e Óbidos (ACC-<br />

CRO), já no segundo mandato.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

da relojoaria. Também a venda<br />

de peças em ouro e prata tiveram<br />

uma grande quebra nas<br />

vendas.<br />

Quando João Jesus Frade faleceu,<br />

em 2008, a sua mulher e<br />

filhos decidiram continuar com<br />

a ourivesaria e relojoaria a funcionar.<br />

O filho mais velho, João<br />

Pedro Frade, chegou a estar algum<br />

tempo com a ourivesaria,<br />

mas como é advogado passou<br />

apenas a gerir o negócio em<br />

conjunto com a sua mãe. Contrataram<br />

um funcionário, João<br />

Santos, que tem vindo a aprender<br />

os procedimentos necessários,<br />

para além de recorrerem<br />

a outras pessoas especializadas.<br />

“Mas Mas neste neste momento momento<br />

momento<br />

da limpeza da loja. Na altura<br />

do Natal também ajudava no<br />

atendimento ao público, como<br />

toda a família.<br />

Nascido em 1977, João Pedro<br />

Frade desde pequeno que se<br />

lembra do estabelecimento comercial<br />

do seu pai para onde ia<br />

quando regressava da escola<br />

primária da Encosta do Sol.<br />

“Lembro-me Lembro-me de de vir vir com com os<br />

os<br />

meus meus amigos amigos até até cá cá abaixo<br />

abaixo<br />

e e depois depois a a seguir seguir ia ia almoçar<br />

almoçar<br />

a a casa casa com com com os os meus meus pais pais”, pais<br />

recordou.<br />

Logo desde criança começou<br />

a achar curioso observar o pai<br />

enquanto ele desmontava e arranjava<br />

relógios. “Fiquei Fiquei sem- sem- sem- sem- sem-<br />

pre pre com com com esse esse interesse interesse pela<br />

pela<br />

era criança, apenas fazia companhia<br />

e tratava de alguns recados.<br />

A partir da adolescência passou<br />

a trabalhar mais a sério na<br />

ourivesaria ao fim-de-semana<br />

e nas férias da escola. Principalmente<br />

na altura no Natal,<br />

quando havia mais movimento<br />

na loja. Mesmo quando foi estudar<br />

Direito para Lisboa continuou<br />

a ajudar o pai ao sábado.<br />

“Ele Ele sempre sempre sempre quis quis fazer- fazerfazermeme ver ver como como era era ter ter de de de tratra-<br />

balhar, balhar, mas mas também também passei<br />

passei<br />

aqui aqui bons bons momentos<br />

momentos”, momentos<br />

momentos disse.<br />

Para além de ajudar no atendimento,<br />

João Pedro Frade<br />

aprendeu a fazer pequenas tarefas<br />

como trocar braceletes e<br />

sabe executar algumas tarefas<br />

simples da actividade de relojoeiro.<br />

OURIVESARIA PRESIDE À<br />

ASSOCIAÇÃO COMERCIAL<br />

O filho do fundador da ourivesaria<br />

licenciou-se em Direito<br />

na Universidade Lusíada em<br />

Lisboa e é actualmente advogado.<br />

Terminada a licenciatura<br />

em 2003, estagiou em Coimbra<br />

e Lisboa, tendo trabalhado em<br />

duas sociedades de advogados.<br />

João Pedro Frade nunca se<br />

interessou pela possibilidade<br />

de se formar na área da relojoaria<br />

e o próprio pai nunca o incentivou<br />

a isso. No entanto,<br />

“As As ourivesarias ourivesarias ourivesarias e e relojoa- relojoarelojoariasrias são são sectores sectores que que não não foforamramram<br />

afectados afectados pelas pelas grangrangran- des des superfícies, superfícies, superfícies, embora embora já já<br />

já<br />

existamexistam alguns alguns centros centros coco-<br />

merciais merciais com com lojas lojas destas destas”, destas<br />

comentou.<br />

A principal preocupação do<br />

sector acaba por ser a segurança.<br />

Por causa do valor das peças<br />

que comercializam, estas<br />

lojas têm sido um dos alvos preferenciais<br />

dos ladrões e da criminalidade<br />

violenta. “É É por<br />

por<br />

issoissoisso que que são são dos dos estabeleciestabeleciestabeleci-<br />

mentos mentos comerciais comerciais com<br />

com<br />

maismais segurança, segurança, como como a a vivi-<br />

deovigilância deovigilância e e as as grades grades de<br />

de<br />

protecção<br />

protecção<br />

protecção”, protecção referiu. Para João<br />

Pedro Frade, caso os assaltos<br />

1952 1952 – Nascem João Jesus e<br />

Maria do Nascimento Frade<br />

Início da década de 70 – João<br />

Jesus Frade vem para as <strong>Caldas</strong><br />

para trabalhar como relojoeiro<br />

1975 1975-<br />

João Jesus e Maria do<br />

Nascimento Frade casam-se<br />

1977 1977 – Nasce o filho do casal,<br />

João Pedro<br />

1982 1982–<br />

Abre a relojoaria Frade,<br />

na rua da Nazaré<br />

1982 1982 – Nasce a filha do casal,<br />

Ana Sofia<br />

1991 1991 – A ourivesaria e relojoaria<br />

Frade abre no largo Heróis<br />

de Naulila<br />

2008 2008 – Falecimento de João<br />

Jesus Frade<br />

João João Santos Santos Santos trabalha trabalha na na joalharia joalharia há há dois dois anos anos e e meio meio meio Os Os relógios relógios relógios são são são a a especialidade especialidade da da empresa empresa familiar<br />

familiar<br />

“Conhecia-o Conhecia-o da da da direcção<br />

direcção<br />

da da Associação Associação Comercial Comercial e<br />

e<br />

tinha tinha confiança confiança no no senhor<br />

senhor<br />

João João”, João explicou o filho mais velho<br />

do fundador da loja.<br />

A princípio João Santos, de 53<br />

anos, só aprendeu a fazer trabalhos<br />

mais simples, como colocar<br />

uma pilha nova num relógio,<br />

mas a pouco e pouco foi<br />

aprendendo o ofício.<br />

“Faço Faço todo todo o o o tipo tipo de de arran- arran- arran-<br />

josjosjos nos nos relógios relógios com com mecameca-<br />

nismo nismo quartz quartz e e também também em<br />

em<br />

alguns alguns mecânicos<br />

mecânicos”, mecânicos explicou.<br />

Só nos casos dos relógios mais<br />

antigos é que recorrem a um<br />

serviço externo. “Há Há muita<br />

muita<br />

gente gente que que nos nos procura procura procura para<br />

para<br />

esse esse tipo tipo de de trabalho trabalho e e e que que<br />

que<br />

nos nos trazem trazem relógios relógios até até com<br />

com<br />

100 100 anos anos”, anos referiu o funcionário.<br />

Para João Santos a relojoaria<br />

é uma área muito interessante<br />

e curiosamente há 25 anos tinha<br />

aprendido a mexer nos mecanismos.<br />

P.A.<br />

P.A.


18<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21 | Janeiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Amaro da Silva, Lda. – O resultado de “uma vida inte<br />

Amaro Amaro da da Silva, Silva, Fernanda, Fernanda, Maria Maria dos dos Anjos, Anjos, uma uma amiga amiga da da família família e e esposa esposa Maria Maria Luísa Luísa numa numa foto foto durante durante a a década década de de cinquenta. cinquenta. Ao Ao lado lado uma uma imagem imagem do do pai pai e e das das filhas<br />

filhas<br />

(tirada (tirada na na segunda-feira) segunda-feira) que que presidem presidem hoje hoje aos aos destinos destinos da da firma.<br />

firma.<br />

Nascido em 1925 na Amadora,<br />

foi por terras da capital que<br />

Amaro da Silva se afirmou como<br />

jogador de futebol. Mas nos<br />

tempos da sua juventude as habilidades<br />

com a bola não eram<br />

pagas a peso de ouro, como<br />

hoje. “Se “Se calhar calhar nasci nasci cedo<br />

cedo<br />

demais” demais” demais”, demais” diz. Por isso, Amaro<br />

da Silva começou a trabalhar<br />

cedo numa empresa de frio, a<br />

Ártico, Lda., que hoje já não existe.<br />

Foi nesta altura que trabalhou<br />

com um engenheiro alemão<br />

que diz ter sido “um “um mestre mestre no<br />

no<br />

trabalho trabalho do do frio” frio”, frio” frio” não só para<br />

si, mas para muitos outros que<br />

fizeram desta área a sua profissão.<br />

É no frio e no futebol que<br />

se torna homem, aliando sempre<br />

o trabalho ao desporto. E<br />

foi pelo desporto que há quase<br />

58 anos deixa Lisboa para trás e<br />

ruma à cidade termal, para jogar<br />

no <strong>Caldas</strong>.<br />

Amaro Amaro Amaro da da Silva Silva Silva quando quando era era jogador jogador do<br />

do<br />

<strong>Caldas</strong>.<br />

<strong>Caldas</strong>.<br />

Consigo trouxe a família,<br />

mulher e duas filhas que ainda<br />

hoje acompanham o pai nas lides<br />

do frio, à frente da Amaro<br />

da Silva, Lda.<br />

Maria dos Anjos, a filha mais<br />

Foi pelo futebol que Amaro da Silva veio parar às <strong>Caldas</strong>, em 1953. Aos 28 anos, aceitou o convite de<br />

Artur Capristano, na altura director do <strong>Caldas</strong> e seu “segundo “segundo “segundo “segundo “segundo pai” pai” pai”, pai” pai” para vir para a cidade termal a fim<br />

de jogar à bola acompanhado pela família, a esposa Maria Luísa e as filhas Maria dos Anjos e Fernanda<br />

(a mais nova tinha apenas um mês de vida).<br />

Além das habilidades dentro das quatro linhas, Amaro da Silva trazia consigo a experiência de mais de<br />

uma década a trabalhar no frio. E assim que aqui chegou começou a trabalhar sozinho, dando início<br />

àquela que hoje é uma empresa com mais de meio século de existência, que é uma referência a nível<br />

nacional no que ao frio industrial diz respeito, com obra espalhada por todo o país, – a Amaro da Silva,<br />

Lda.<br />

velha (nascida em 1950), tinha<br />

três anos quando chegou às<br />

<strong>Caldas</strong>. Fernanda nasceu em<br />

1953 e tinha apenas um mês. Foi<br />

nas <strong>Caldas</strong> que cresceram, estudaram,<br />

constituíram família e<br />

se tornaram empresárias de sucesso.<br />

Por isso mesmo hoje di-<br />

zem que se sentem “comple- “comple“comple- tamente tamente caldenses”<br />

caldenses”.<br />

caldenses”<br />

Assim que chegou, Amaro da<br />

Silva começou a trabalhar sozinho,<br />

criando ‘A Reparadora de<br />

Frigoríficos das <strong>Caldas</strong> da Rai-<br />

nha’. E lembra-se bem desses<br />

tempos em que, sem um carro<br />

para se deslocar, sempre que era<br />

preciso “agarrava “agarrava na na mala mala da<br />

da<br />

ferramenta ferramenta e e ia ia à à bilheteira<br />

bilheteira<br />

dos dos Capristanos Capristanos buscar buscar um<br />

um<br />

bilhete bilhete branco branco branco para para para viajar viajar<br />

viajar<br />

nas nas camionetas” camionetas” para onde o<br />

As As As filhas filhas Fernanda Fernanda e e Maria Maria dos dos Anjos Anjos em<br />

em<br />

crianças<br />

crianças<br />

serviço o chamava. Cerca de três<br />

anos depois, o então presidente<br />

do <strong>Caldas</strong> deu-lhe um carro.<br />

“Um “Um Ford Ford Anglia Anglia preto” preto” preto”, preto” preto” lembra.<br />

O trabalho ficou mais fácil,<br />

depois de alguns anos a deslo-<br />

car-se em camionetas.<br />

Sozinho, Amaro da Silva percorria<br />

a zona Oeste, a reparar<br />

frigoríficos domésticos, balcões<br />

e vitrinas. “Depois “Depois comecei comecei a<br />

a<br />

ser ser conhecido conhecido e e e conforme conforme conforme os os<br />

os<br />

anos anos foram foram passando passando passando fui<br />

fui<br />

aumentando aumentando o o serviço. serviço. Como<br />

Como<br />

já já já não não não dava dava dava conta conta conta do do do recado recado<br />

recado<br />

sozinho,sozinho, meti meti meti um um um empregaemprega-<br />

do, do, depois depois dois”<br />

dois”, dois”<br />

conta o empresário,<br />

enquanto recorda<br />

“uma “uma vida vida inteira inteira inteira dedicada<br />

dedicada<br />

a a fazer fazer frio” frio” frio”. frio” frio”<br />

É na Rua do Cais, numa pequena<br />

oficina, que a empresa dá<br />

um passo importante. Às reparações<br />

que ocuparam os primeiros<br />

anos de actividade, vem então juntar-se<br />

a construção de armários,<br />

frigoríficos, balcões. Em 1967 Amaro<br />

da Silva muda o nome à sua<br />

empresa, para Frimóvel.<br />

Aliada à sua vida profissional, o<br />

empresário nunca deixou o mundo<br />

desportivo. Quando deixou de jogar,<br />

tornou-se treinador e não só<br />

treinou o clube que o acolheu nas<br />

<strong>Caldas</strong> (onde também chegou a<br />

membro da direcção) como também<br />

alguns clubes da região, como<br />

o Mirense ou o Marrazes. Mais do<br />

que da actividade profissional do<br />

pai, a que hoje dão continuidade, é<br />

desta vida ligada ao desporto que<br />

as filhas mais se recordam.<br />

“Recordo-me “Recordo-me perfeitamente<br />

perfeitamente<br />

dedede ver ver o o o meu meu pai pai jogar jogar no no CalCal-<br />

das. das. Naquela Naquela altura altura as as coisas<br />

coisas<br />

eramerameram vividas vividas de de maneira maneira maneira difediferente,rente,<br />

todas todas as as pessoas pessoas se se junjun-<br />

tavam tavam para para puxar puxar pela pela equipa<br />

equipa<br />

ee ao ao ao domingo domingo a a minha minha mãe mãe lele-<br />

vava-me vava-me vava-me ao ao futebol” futebol”, futebol” lembra<br />

Maria dos Anjos. Embora mais<br />

nova, Fernanda também guarda<br />

muitas memórias dessa altura.<br />

“Lembro-me “Lembro-me de de irmos irmos para para o<br />

o<br />

Pavilhão Pavilhão da da firma firma montado montado no no Parque Parque D. D. Carlos Carlos I I quando quando quando a a Feira Feira da da Fruta Fruta ali ali se<br />

se<br />

realizava realizava nos nos anos anos anos oitenta<br />

oitenta


ira dedicada a fazer frio”<br />

cafécafé dos dos Capristanos Capristanos ao ao dodo-<br />

sempre ouvi dizer que quando<br />

mingo, mingo, depois depois da da bola. bola. bola. E E para<br />

para acabasse acabasse o o curso curso comercial comercial<br />

comercial<br />

aa ‘Caseta’, ‘Caseta’, na na na Estrada Estrada de de de TorTorTor- viria viria para para para a a empresa” empresa”, empresa” empresa” conta a<br />

nada, nada, íamos íamos jantar, jantar, conviver<br />

conviver filha mais nova. Admite que a procomcom<br />

as as famílias famílias dos dos outros outros jojofissão<br />

que gostaria de ter tido pasgadoresgadores<br />

e e dirigentes, dirigentes, e e eu eu adoradoradorsava pelo contacto com o público e<br />

mecia mecia lá lá muitas muitas vezes” vezes”. vezes” não pelo trabalho à secretária, mas<br />

Do trabalho do pai têm recorda- “ao “ao “ao vir vir vir para para para a a empresa empresa sabia<br />

sabia<br />

ções vagas, mas lembram-se “do<br />

“do que que os os estava estava a a ajudar ajudar e e e nunca<br />

nunca<br />

pai pai a a trabalhar trabalhar numa numa divisão<br />

divisão pensei pensei ir ir embora embora e e deixá-los” deixá-los”. deixá-los”<br />

da da da casa casa casa na na Rua Rua Fonte Fonte Fonte Pinheiro, Pinheiro,<br />

Pinheiro, A sociedade da Amaro da Silva, Lda.<br />

numa numa oficina oficina muito muito modesta, modesta,<br />

modesta, fica completa com a mãe, Maria<br />

com com o o o primeiro primeiro empregado, empregado, o o<br />

o Luísa, embora esta nunca tenha<br />

Zé, Zé, nos nos prédios prédios do do Viola” Viola”. Viola” efectivamente trabalhado na em-<br />

O ‘Zé’ foi o primeiro de muitos presa.<br />

empregados que passaram pela Hoje, as filhas garantem que não<br />

empresa. “Todos “Todos os os que que mexem<br />

mexem se arrependem da opção que to-<br />

no no frio frio passaram passaram por por aqui. aqui. Isto<br />

Isto maram já lá vão umas décadas.<br />

foi foi a a casa-mãe, casa-mãe, uma uma escola. escola. E<br />

E Maria dos Anjos diz que se entrega<br />

passou passou por por aqui aqui muita muita gente” gente”, gente” à empresa “de “de corpo corpo e e alma” alma”. alma” E<br />

afiança o empresário, que diz ser logo acrescenta: “aliás, “aliás, temos<br />

temos<br />

“uma “uma das das pessoas pessoas mais mais velhas<br />

velhas todos todos todos dado dado o o nosso nosso nosso melhor,<br />

melhor,<br />

em em Portugal Portugal a a trabalhar trabalhar trabalhar no<br />

no uma uma uma empresa empresa familiar familiar não não se se<br />

se<br />

frio” frio”. frio” Afinal já lá vão mais de 60 aguentaaguentaaguenta se se não não puxarmos puxarmos toto-<br />

anos desde que começou a traba- dos dos para para o o o mesmo mesmo mesmo lado” lado” lado”. lado” lado”<br />

lhar em Lisboa. “Nunca “Nunca conheci<br />

conheci À união junta-se um outro asoutrooutro<br />

ofício, ofício, ofício, dediquei-me dediquei-me semsemsempecto importante: muito trabalho<br />

pre pre ao ao frio” frio”, frio” vinca.<br />

e muita dedicação. “Toda “Toda “Toda a a a vida<br />

vida<br />

trabalhei trabalhei muito” muito”, muito” afirma Amaro<br />

FILHAS DEIXARAM SONHOS DE da Silva, e o trabalho obrigou-o<br />

LADO PARA AJUDAREM O PAI muitas vezes a levantar-se durante<br />

a noite para dar resposta aos<br />

É nos finais dos anos 60 que a pedidos. Numa vida inteira de de-<br />

filha mais velha, Maria dos Anjos, dicação só se recusou a fazer dois<br />

começa a trabalhar com o pai. “No “No<br />

“No serviços. Um era trabalho que im-<br />

início início lá lá ia ia eu eu na na camioneta<br />

camioneta plicasse andar de barco. “Fui “Fui cha- cha- cha- cha- cha-<br />

dos dos Capristanos Capristanos e e não não era<br />

era mado mado duas duas vezes vezes vezes para para ir ir às<br />

às<br />

precisopreciso ter ter um um gestor gestor de de concon-<br />

Berlengas, Berlengas, mas mas jurei jurei para para nun- nunnun- ta ta nem nem nem ninguém. ninguém. Metia Metia tudo<br />

tudo ca ca mais” mais”, mais” e enquanto se lembra<br />

na na cabecinha cabecinha e e pronto, pronto, nem<br />

nem da peripécia garante até se<br />

haviahavia facturas facturas naquele naquele temtem-<br />

agoniar com a memória. “Es- “Es- “Es- “Espopo<br />

nem nem nada, nada, nem nem tive tive grangran-<br />

tive tive mesmo mesmo perto, perto, mas mas o<br />

o<br />

desdes problemas problemas para para para recerecerece- mar mar estava estava tão tão mau mau que que<br />

que<br />

ber” ber” ber”, ber” conta Amaro da Silva. não não consegui consegui e e voltei voltei para<br />

para<br />

Quando Maria dos Anjos aca- trás. trás. Dizia Dizia muitas muitas vezes<br />

vezes<br />

ba o Curso Geral de Comércio na queque podia podia ser ser o o melhor melhor nene-<br />

Escola Rafael Bordalo Pinheiro, gócio, gócio, e e mesmo mesmo assim assim assim eu<br />

eu<br />

o negócio do pai trabalhava já não não queria” queria”. queria”<br />

com números maiores e a filha foi A segunda nega teve a ver<br />

ajudar com os papéis e as contas. com a manutenção das câma-<br />

“Vim, “Vim, sempre sempre na na expectativa expectativa de<br />

de ras de conservação das morqueque<br />

não não era era bem bem isto isto que que quequegues.<br />

“Ainda “Ainda estava estava em em Lis- LisLisria” ria” ria”, ria” ria” lembra Maria dos Anjos, que boa boa boa e e e fui fui chamado chamado chamado à à mormor<br />

na altura ainda alimentava o so- gue gue de de um um um hospital, hospital, também também<br />

também<br />

nho de ser assistente de bordo. jureijurei para para nunca nunca nunca mais. mais. MesMes-<br />

“Acabei “Acabei por por por pensar pensar mais mais com<br />

com momo agora, agora, agora, e e com com todo todo o o o dededeoo coração coração do do que que com com a a cabecabe-<br />

vido vido respeito, respeito, ninguém ninguém aqui aqui<br />

aqui<br />

ça ça e e fiquei” fiquei”, fiquei” conta.<br />

se se mostra mostra mostra disponível disponível para<br />

para<br />

Uns anos depois de Maria dos<br />

Anjos, Fernanda torna-se o novo<br />

fazer fazer esse esse esse trabalho” trabalho”.<br />

trabalho”<br />

reforço da empresa de Amaro da Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

Silva. “Quase “Quase vim vim por por arrasto,<br />

arrasto, jfialho@gazetacaldas.com<br />

CRONOLOGIA<br />

CRONOLOGIA<br />

1953 1953 – – Amaro da Silva vem para as <strong>Caldas</strong> para jogar à bola e<br />

cria ‘A Reparadora de Frigoríficos das <strong>Caldas</strong> da Rainha’<br />

1967 1967 – – A empresa inicial dá lugar à ‘Frimóvel’. Pouco tempo<br />

depois a filha mais velha, Maria dos Anjos, começa a trabalhar com<br />

o pai<br />

1970 1970 – – Empresa muda-se da Rua do Cais para a Rua da Caridade,<br />

onde se mantém durante 39 anos. Cerca de um ano mais tarde,<br />

Fernanda junta-se ao pai e à irmã<br />

1976 1976 – – – Amaro da Silva dá sociedade à esposa e filhas e é criada<br />

a Amaro da Silva, Lda., capital social de 50 mil euros<br />

2009 2009 – – – A Amaro da Silva, Lda. muda as suas instalações para a<br />

Zona Industrial das <strong>Caldas</strong> da Rainha<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

Crescimento sustentado, colaboradores e clientes na base do sucesso<br />

Na década de 80 a empresa<br />

chegou a ter 30 empregados.<br />

Eram tempos diferentes. Por um<br />

lado, os armários frigoríficos<br />

eram feitos em madeira, o que<br />

obrigava a ter trabalhadores de<br />

carpintaria. Por outro, estes foram<br />

tempos áureos no sector da<br />

agricultura e fruticultura, sector<br />

que foi sempre um importante<br />

cliente de Amaro da Silva.<br />

“Só “Só em em 1982 1982 a a Amaro Amaro da da Sil- SilSil- va, va, Lda. Lda. montou montou 92 92 câmaras<br />

câmaras<br />

frigoríficas frigoríficas para para para fruta” fruta”, fruta” garante<br />

o empresário.<br />

Com o passar dos anos, as<br />

exigências do mercado mudaram,<br />

o que levou a alterações<br />

na empresa. O fim dos trabalhos<br />

em madeira tornou dispensável<br />

a colaboração de profissionais<br />

de carpintaria. Além disso,<br />

os pequenos produtores começaram<br />

a agrupar-se em cooperativas<br />

e associações e a<br />

Amaro da Silva, Lda. passou a<br />

apostar em grandes câmaras,<br />

em vez das tradicionais pequenas<br />

câmaras frigoríficas.<br />

A viragem para o frio industrial<br />

é um momento marcante<br />

na história da empresa. Hoje, a<br />

Amaro da Silva, Lda. trabalha<br />

sobretudo para grandes projectos,<br />

com “todo “todo o o género género de<br />

de<br />

friofrio e e de de grandes grandes dimendimen-<br />

sões” sões” sões”, sões” sões” em todo o território nacional,<br />

continente e regiões autónomas,<br />

e em África. Mas porque<br />

os sectores da agricultura e<br />

fruticultura são os seus maiores<br />

clientes, o grosso do trabalho<br />

da empresa realiza-se na<br />

região Oeste e nas Beiras. Trabalhos<br />

de maiores dimensões<br />

obrigaram, também, a instalações<br />

maiores. Por isso a empresa<br />

está hoje num armazém da<br />

Zona Industrial, para onde mudou<br />

em 2009, depois de 39 anos<br />

na Rua da Caridade, no centro<br />

da cidade.<br />

Hoje, a Amaro da Silva conta<br />

com 14 colaboradores, uma<br />

“peça “peça fundamental fundamental para para o<br />

o<br />

sucesso sucesso da da da empresa” empresa”, empresa” garantem<br />

os gerentes. “Esta “Esta é é uma<br />

uma<br />

Uma Uma das das modernas modernas instalações instalações de de frio frio que que a a Amaro Amaro da da Silva, Silva, Lda. Lda. instalou.<br />

instalou.<br />

19<br />

21 | Janeiro | 2011<br />

actividadeactividade de de pessoal pessoal espeespeespe- as as as coisas coisas coisas nos nos ultrapassam<br />

ultrapassam<br />

ultrapassam nossosnossosnossos governantes governantes governantes e e a a BanBan-<br />

cializado” cializado”, cializado” defende o fundador, temostemos que que pedir pedir ajuda ajuda ajuda e e roro-<br />

ca apoiem os projectos que<br />

acrescentando que a empresa dearmo-nosdearmo-nos de de pessoas pessoas comcom-<br />

estão estão em em em cima cima a a mesa mesa para<br />

para<br />

tem colaboradores que se man- petentes petentes para para para poder poder vencer vencer<br />

vencer quequeque possa possa possa haver haver desenvolvidesenvolvitêm<br />

na casa há muitos anos. “A<br />

“A nesteneste mercado mercado mercado que que que é é é bastanbastanbastan- mento mento mento do do sector” sector” sector”, sector” sector” diz Maria dos<br />

empresa empresa está está na na vanguarda<br />

vanguarda te te competitivo”<br />

competitivo”, competitivo” explica Maria Anjos.<br />

dodo sector sector sector frio, frio, frio, mas mas este este susu-<br />

dos Anjos acrescentando que, Em 2010 a facturação da em-<br />

cesso cesso não não se se se deve deve apenas apenas à<br />

à além da empresa holandesa, a presa rondou os 2 milhões de<br />

gerência, gerência, gerência, mas mas também também aos aos<br />

aos Amaro da Silva se apoia também euros, um valor ligeiramente<br />

nossos nossos colaboradores”<br />

colaboradores”<br />

colaboradores”,<br />

colaboradores”<br />

colaboradores” num gabinete de engenharia e mais baixo que o registado em<br />

acrescenta Maria dos Anjos. num director financeiro. 2009. “Actualmente “Actualmente esta esta esta é é uma uma<br />

uma<br />

“Sabemos “Sabemos que que podemos podemos con- con- con- Mas a inovação de pouco ser- empresa empresa salutar, salutar, com com com alguns<br />

alguns<br />

tartar com com os os os nossos nossos colaboracolaborave<br />

se a empresa não contasse altos e baixos, mas mas isto é quaquadores,dores, e e isso isso isso também também nos nos ajuaju-<br />

com um historial de sucesso e se se se como como caminhar caminhar em em cima<br />

cima<br />

da da a a crescer” crescer”. crescer”<br />

com clientes que se mantêm há de de de água, água, com com cuidado, cuidado, sem<br />

sem<br />

À competência e qualidade do muitos anos. “Um “Um “Um dos dos lemas lemas da<br />

da correr correr grandes grandes riscos” riscos”. riscos”<br />

serviço prestado junta-se, como empresaempresa é é trabalhar trabalhar com com hoho-<br />

Prontos para encarar o futu-<br />

ingrediente para o sucesso, “a<br />

“a nestidadenestidade e e servir servir bem, bem, aciaciro,<br />

os três gerentes da Amaro da<br />

transparênciatransparência com com que que semsem-<br />

ma ma de de de tudo” tudo”, tudo” diz a filha mais Silva, Lda. dizem que o cresci-<br />

pre pre lidámos lidámos com com com os os nossos<br />

nossos velha. “E “E nesta nesta casa casa o o cliente<br />

cliente mento da empresa terá que con-<br />

clientes clientes ao ao longo longo de de todos<br />

todos é é é rei” rei”. rei”<br />

tinuar a ser sustentado, como até<br />

estes estes anos” anos”. anos” E depois, a aposta Manter os clientes é muito aqui, “tendo “tendo sempre sempre em em conta<br />

conta<br />

na inovação. “Apostamos “Apostamos for- for- for- importante para os gerentes, que a a nossa nossa dimensão”<br />

dimensão”. dimensão” Um cuida-<br />

te te na na atmosfera atmosfera controlada,<br />

controlada, não descuram, no entanto, a do que muitas vezes se traduz<br />

emem que que o o frio frio é é rigorosamenrigorosamen-<br />

procura de novos clientes. “A<br />

“A na subcontratação de serviços de<br />

te te igual igual mas mas na na qual qual se se retira retira<br />

retira nossa nossa maior maior publicidade publicidade tem<br />

tem outras empresas quando o tra-<br />

todo todo o o oxigénio oxigénio das das câmaras<br />

câmaras sido sido o o ‘boca ‘boca a a boca’ boca’ e e para<br />

para<br />

balho aperta, o que depois per-<br />

frigoríficas”<br />

frigoríficas”. frigoríficas” Uma vertente do nós nós essa essa é é a a melhor melhor e e e mais mais<br />

mais mite à empresa manter todos os<br />

frio virada para a fruticultura, baratabaratabarata publicidade publicidade que que que podepodepode- postos de trabalho quando há<br />

que permite que a fruta não res- mos mos mos ter” ter”. ter”<br />

menos procura.<br />

pire e, por isso mesmo, se con- Pai e filhas são unânimes ao À frente da empresa já há alserve<br />

inalterada durante muito defenderem que estes aspectos guns anos, e sem ninguém da<br />

tempo.<br />

têm sido fundamentais para ven- família a inclinar-se para dar con-<br />

Para esta aposta a Amaro da cer a crise. Mas também recotinuidade ao seu trabalho, as<br />

Silva conta com o apoio de uma nhecem que “a “a grande grande sorte<br />

sorte duas irmãs começam agora a<br />

empresa holandesa. “Quando<br />

“Quando destadesta empresa empresa é é estar estar no no secsec-<br />

pensar em quem agarrará na<br />

tortor alimentar, alimentar, que que é é de de primeiprimei-<br />

empresa quando de quiserem<br />

rarara necessidade, necessidade, além além de de de eseses- reformar. O pai ri-se e diz: “eu<br />

“eu<br />

tartar muito muito bem bem situada situada geogeo-<br />

também também também dizia dizia que que aos aos 65<br />

65<br />

graficamente”<br />

graficamente”. graficamente”<br />

graficamente” Além disso, anos anos já já não não fazia fazia mais mais nada,<br />

nada,<br />

“também “também conta conta a a nossa nossa ho- ho- ho- mas mas cá cá vou vou vou andando” andando”. andando”<br />

nestidade nestidade e e o o o historial historial historial de de<br />

de Mas Maria dos Anjos logo ata-<br />

uma uma empresa empresa que que que dá dá dá sempre<br />

sempre lha: “eu “eu gostaria gostaria de de me me refor- reforreforaaa cara, cara, que que sempre sempre deu deu deu muimui-<br />

mar mar aos aos 65 65 anos, anos, anos, não não me me<br />

me<br />

ta ta atenção atenção atenção à à proximidade proximidade ao ao<br />

ao imagino imagino a a a trabalhar trabalhar trabalhar aos aos 85<br />

85<br />

cliente cliente e e à à maneira maneira maneira como como este<br />

este anos, anos, como como o o o meu meu pai” pai”. pai” E de-<br />

é é é tratado” tratado” tratado”. tratado” tratado”<br />

pois? “Logo “Logo se se há-de há-de ver. ver. Por<br />

Por<br />

Numa altura em que tanto se agoraagora estamos estamos todos todos disposdispos-<br />

fala da importância de revitalitostos a a dar dar continuidade continuidade à à ememzar<br />

a agricultura nacional, a presa” presa”, presa” garante.<br />

A A atmosfera atmosfera controlada, controlada, em em que que é é retirado retirado da da câmara<br />

câmara<br />

todo todo o o oxigénio oxigénio é é a a aposta aposta recente recente recente da da firma, firma, que que ajuda ajuda a<br />

a<br />

manter manter a a fruta fruta inalterada<br />

inalterada<br />

Amaro da Silva espera que o ano<br />

de 2011 seja um bom ano para o<br />

sector. “Só “Só esperamos esperamos que que que os os<br />

os<br />

Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

jfialho@gazetacaldas.com


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

28 | Janeiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Já em 1898 Manuel Felizardo vendia máquinas de co<br />

chegou com o seu bisneto ao século XXI<br />

Da Da esquerda esquerda para para a a direita: direita: Mário Mário Felizardo Felizardo (1912-1964), (1912-1964), filho filho de de Manuel Manuel Felizardo Felizardo (de (de quem quem não não existem existem fotos) fotos) herdou herdou o o negócio negócio do do pai pai e e era era um um entusiasta entusiasta da da Foz Foz do do Arelho, Arelho, no<br />

no<br />

qual qual se se pode pode ver, ver, na na foto foto seguinte, seguinte, acompanhado acompanhado da da mulher mulher Sara Sara (1913-2010) (1913-2010) e e do do filho filho Francisco. Francisco. Este Este último, último, que que viveu viveu entre entre 1942 1942 e e 2004) 2004) foi foi um um continuador continuador do do do ramo ramo da da família,<br />

família,<br />

tendo-se tendo-se especializado especializado na na mecânica mecânica das das máquinas máquinas de de costura. costura. A A quarta quarta foto foto foto mostra mostra o o mais mais novo novo membro membro do do clã clã empresarial<br />

empresarial, empresarial , Mário Mário Felizardo Felizardo Felizardo (nascido (nascido em em 1965), 1965), bisneto bisneto do<br />

do<br />

primeiro primeiro vendedor vendedor de de de máquinas máquinas de de costura costura das das <strong>Caldas</strong>.<br />

<strong>Caldas</strong>.<br />

O caldense Mário Felizardo<br />

(nascido em 1965) é o herdeiro<br />

da Casa Felizardo, fundada em<br />

1898 pelo seu bisavô Manuel Felizardo,<br />

que é actualmente a<br />

representante exclusiva da marca<br />

de máquinas Bernina comercializadas<br />

em todo o território<br />

nacional.<br />

“Vendemos “Vendemos o o top top das das má- mámá- quinas quinas de de costura costura costura e e damos<br />

damos<br />

cursoscursoscursos sobre sobre o o o seu seu funciofuncio-<br />

namento namento namento em em todo todo o o país,<br />

país,<br />

apoiando apoiando apoiando assim assim os os nossos nossos<br />

nossos<br />

clientes” clientes”, clientes” disse Mário Felizardo,<br />

que vai guiar-nos pela história<br />

da sua empresa, apesar de<br />

pouco ou nada saber sobre o seu<br />

bisavô fundador, pois não ficou<br />

para a História qualquer registo<br />

de como seria Manuel Felizardo<br />

e como afinal começou a história<br />

da ligação desta família às<br />

máquinas de costura. De qualquer<br />

forma, Mário Felizardo crê<br />

que o seu familiar terá aberto a<br />

loja nas proximidades da actual,<br />

na Rua General Queirós. Dedicava-se<br />

à venda de máquinas<br />

de costura e, por facturas<br />

que ainda existem, pode apenas<br />

confirmar que a fundação<br />

da empresa decorreu em 1898.<br />

Quem herdou o negócio foi o seu<br />

avô, Mário Felizardo (1912-1964),<br />

de quem também herdou o<br />

nome. Apesar de não o ter conhecido,<br />

diz que “foi foiverdadeiverdadeiverdadei- ramente ramente empreendedor empreendedor empreendedor e<br />

e<br />

creio creio que que teve teve que que dar dar um<br />

um<br />

novo novo novo arranque arranque arranque ao ao negócio<br />

negócio<br />

que que o o seu seu pai pai (e (e meu meu bisavô)<br />

bisavô)<br />

criou” criou”. criou”<br />

O avô do actual responsável<br />

mudou a instalação da loja em<br />

1937, para um pouco mais abaixo<br />

da localização inicial da sede<br />

actual da firma. Hoje estão no<br />

nº 35 e antes estiveram no nº 26<br />

da Rua General Queirós.<br />

“O O negócio negócio negócio que que o o o pai pai lhe<br />

lhe<br />

deixou,deixou, correu-lhe correu-lhe correu-lhe bem, bem, apeape-<br />

sar sar da da concorrência concorrência apertar<br />

apertar<br />

um um pouco pouco já já já na na na altura altura”, altura conta<br />

o neto Mário Felizardo, acrescentando<br />

que naquela época,<br />

nas <strong>Caldas</strong>, existia outro vendedor<br />

de máquinas alemãs, o<br />

João Valeriano, “que que que eram eram de de<br />

de<br />

longelonge tecnicamente tecnicamente superiosuperio-<br />

res res às às da da Oliva<br />

Oliva” Oliva<br />

mas ainda<br />

assim, “o o meu meu avô avô Mário Mário venven-<br />

deu deu deu milhares milhares milhares de de de máquinas máquinas máquinas”.<br />

máquinas máquinas<br />

A avó, Sara Felizardo (1913-<br />

2010), era o braço direito do<br />

marido que, enquanto viajava de<br />

terra em terra para vender as<br />

máquinas da marca Oliva, se<br />

ocupava de dar os cursos de<br />

bordados e também de corte e<br />

costura, explicando assim como<br />

se poderia usar as máquinas<br />

acabadas de vender. As formações<br />

também decorriam nas aldeias<br />

um pouco por todo o concelho<br />

e também nos concelhos<br />

vizinhos.<br />

O trabalho do casal de comerciantes<br />

foi tal que a marca acabou<br />

por os reconhecer e, mais<br />

tarde, “o “o avô avô acabou acabou por por fi- fifi- car car com com a a concessão concessão a a nível<br />

nível<br />

regional” regional” regional”. regional” Trabalhava em exclusivo<br />

com a marca portuguesa<br />

Oliva, que possuía fábrica em<br />

S. João da Madeira, após ter tido<br />

uma primeira experiência com<br />

a Singer, menos bem sucedida.<br />

“O “O “O meu meu avô avô foi foi um um grande<br />

grande<br />

homemhomem e e também também teve teve semsemsem- pre pre pre uma uma grande grande mulher mulher ao ao<br />

ao<br />

seu seu lado” lado”, lado” diz hoje o neto e<br />

continuador do negócio familiar.<br />

Para Mário Felizardo, a Foz do<br />

Arelho “era era tudo tudo”, tudo conta hoje<br />

o neto explicando que o seu avô<br />

passava vários meses na localidade<br />

balnear. “Ficava Ficava em em casa<br />

casa<br />

dos dos compadres compadres e e comadres<br />

comadres<br />

e e arranjava arranjava maneira maneira de de lá lá<br />

lá<br />

passar passar passar metade metade do do ano ano”, ano disse<br />

o neto, que agora mora na<br />

localidade predilecta do avô.<br />

Este ainda fez alguns negócios<br />

imobiliários tendo construído<br />

dois prédios nas <strong>Caldas</strong>, o último<br />

dos quais pouco antes de<br />

falecer, em 1964.<br />

“O “O “O meu meu avô avô era era um um defen- defendefen- sor sor de de causas causas sociais sociais sociais”, sociais sociais disse<br />

Mário Felizardo explicando que<br />

o seu familiar chegou a integrar<br />

a Junta de Freguesia das <strong>Caldas</strong><br />

e colaborou no Montepio. “Foi<br />

“Foi<br />

ooo primeiro primeiro radiologista radiologista quanquan-<br />

do do a a a máquina máquina máquina veio veio para para a<br />

a<br />

instituição<br />

instituição”, instituição contou o neto,<br />

acrescentando que o avô era<br />

também amigo do prestigiado<br />

médico Vieira Pereira.<br />

O casal teve um filho, Francisco<br />

Felizardo (1942-2004) que<br />

acabou por ser o continuador do<br />

negócio da família. “O O meu meu avô<br />

avô<br />

mandou mandou o o meu meu pai pai durante<br />

durante<br />

três três três anos anos anos trabalhar trabalhar para para a<br />

a<br />

fábrica fábrica da da Oliva Oliva em em S. S. João<br />

João<br />

dada Madeira, Madeira, o o que que lhe lhe permipermi-<br />

tiu tiu ficar ficar ficar com com um um know know know know know how how how how how<br />

muitomuito bom bom ao ao nível nível da da mecâmecâ-<br />

nica nica nica”, nica contou Mário Felizardo,<br />

acrescentando que “nunca “nunca co- co- co- co- co-<br />

nheci nheci tão tão tão bom bom mecânico mecânico de<br />

de<br />

máquinas máquinas de de costura costura como<br />

como<br />

o o meu meu pai pai”. pai<br />

E enquanto o avô Mário era<br />

sobretudo um comercial e a avó<br />

dava formação profissional<br />

(para usar um termo de hoje),<br />

“o “o meu meu pai pai continuou continuou o o o ne- nenegócio,gócio, vendeu vendeu muita muita máquimáqui-<br />

na, na, mas mas mas apostou apostou sobretudo<br />

sobretudo<br />

sobretudo<br />

na na reparações”<br />

reparações”<br />

reparações”, reparações”<br />

reparações” contou. Mário<br />

Felizardo acompanhava o seu<br />

pai Francisco a eventos internacionais<br />

do sector, sobretudo na<br />

Alemanha e era ele que aferia a<br />

qualidade dos materiais. “Ele Ele<br />

eraera um um mecânico mecânico formidáformidá-<br />

vel vel”, vel recorda.<br />

Francisco Felizardo casou em<br />

1962 com Manuela Felizardo<br />

(1942-1965) e têm no ano seguinte<br />

a primeira filha, Cristina Felizardo.<br />

Esta tem hoje 47 anos e é<br />

professora na Escola Secundária<br />

Raul Proença não tendo enveredado<br />

pelo “métier” famili-<br />

ar. Dois anos depois nascia Mário<br />

Felizardo, o actual continuador<br />

do negócio familiar. A sua<br />

mãe viria a falecer, vítima de<br />

acidente de viação, quando este<br />

tinha apenas 28 dias.<br />

Não terão sido tempos fáceis<br />

para Francisco Felizardo os anos<br />

de 1964 e 1965 pois primeiro<br />

morre o seu pai e, no ano se-<br />

Já são quatro as gerações da família Felizardo que se dedicam à venda de máquinas de costura. E se<br />

antes o bisavô Manuel e o avô Mário corriam as terras da região para vender as então inovadoras<br />

máquinas de costurar, hoje Mário Felizardo patrocina eventos onde dá a conhecer a sua máquina<br />

Bernina que, com as coordenadas certas, até borda sozinha. É o admirável mundo da electrónica<br />

aplicado a estes equipamentos que esta empresa caldense vende e dos quais é a única representante<br />

no país.<br />

O O jovem jovem Francisco Francisco com com os os pais pais (ambos (ambos à à direita)<br />

direita)<br />

acompanhado acompanhado de de de três três três funcionárias funcionárias da da loja loja Oliva<br />

Oliva<br />

guinte, a esposa. Sozinho, toma<br />

as rédeas do negócio e conta<br />

com ajuda de Henrique Garcia,<br />

irmão da sua avó Sara, para gerir<br />

a empresa.<br />

Entre 1965 e 1970 a casa chega<br />

a ter quatro funcionários,<br />

todos da região.<br />

E se o avô Mário se dedicava<br />

em exclusivo à Oliva o seu pai,<br />

mais tarde, acaba por expandir<br />

o negócio às marcas Bernina e<br />

Pfaff. “Mais “Mais tarde tarde tarde acabámos<br />

acabámos<br />

por por deixar deixar a a Oliva Oliva pois pois a<br />

a<br />

marca deixou de fabricar as<br />

máquinasmáquinasmáquinas em em em Portugal, Portugal, Portugal, preprepreferindoferindo começar começar a a importáimportálaslas<br />

de de outros outros países países com com com imimimplicaçõesplicações graves graves na na qualidaqualida-<br />

de” de” de”, de” de” explicou Mário Felizardo.<br />

Começaram então a vender Pfaff<br />

e Bernina, mas neste momento<br />

apenas trabalham com esta última,<br />

sendo os seus representantes<br />

nacionais.<br />

CASA FELIZARDO<br />

PARTICIPAVA NA FEIRA<br />

DO 15 DE AGOSTO<br />

Mário Felizardo vinha para a<br />

loja ajudar o pai e lembra-se de<br />

pintar os pedais das máquinas<br />

de costura. Antes vendiam-se as<br />

máquinas com as respectivas<br />

secretárias enquanto que hoje<br />

é um equipamento portátil. “Na Na<br />

alturaaltura fazia fazia parte parte das das reparepa-<br />

rações rações tirar tirar tirar a a ferrugem ferrugem e<br />

e<br />

voltar voltar a a pintar” pintar”, pintar” disse Mário<br />

Felizardo, contando que havia<br />

nas instalações um tanque com<br />

soda cáustica onde “eram “eram mer- mermer- gulhadas gulhadas as as máquinas máquinas para<br />

para<br />

se se tirar tirar as as velhas velhas tintas tintas e e a<br />

a<br />

ferrugem ferrugem”. ferrugem Um dia, claro está,<br />

e apesar dos múltiplos avisos<br />

para que tivesse muito cuidado<br />

“escorreguei escorreguei e e mergulhei mergulhei o<br />

o<br />

Uma Uma imagem imagem dos dos anos anos anos cinquenta cinquenta cinquenta onde onde onde se se vêem vêem duas<br />

duas<br />

empregadas empregadas da da firma firma firma e e uma uma típica típica típica máquina máquina de de costura costura da da época<br />

época


stura num negócio que<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

28 | Janeiro | 2011<br />

“Enquanto houver roupa, haverá sempre<br />

máquinas de costura”<br />

José Bernardino, de 26 anos, não se atra- avaria? “Geralmente Geralmente parte parte a a linha,<br />

linha,<br />

palha neste mundo de agulhas, lançadeifazfaz ponto ponto corrido, corrido, ou ou pontos pontos falfalras<br />

ou caixas de bobine. A mecânica de sos.sos. É É É comum comum comum também também também fazer fazer roro-<br />

uma máquina de costura não tem segre- lhões lhões de de linha linha ou ou dar dar lassadas lassadas por<br />

por<br />

pé pé no no no tanque, tanque, tendo tendo ficado<br />

ficado<br />

aflitoaflito só só só que que o o ácido ácido ácido já já estaesta-<br />

va va pouco pouco reactivo reactivo e e nada<br />

nada<br />

aconteceu, aconteceu, apesar apesar do do susto” susto”. susto”<br />

Ainda hoje Mário Felizardo<br />

guarda muitos decalques que se<br />

destinavam a colocar nas máquidos<br />

para este funcionário que desde os 17 baixo” baixo”, baixo” especificou o mecânico.<br />

trabalha na Casa Felizardo.<br />

As máquinas que mais gosta de re-<br />

É natural do Barreiro, mas desde os seis parar são as mais antigas, até porque<br />

anos que veio viver para as <strong>Caldas</strong>. “As<br />

“As considera que as novas “se “se limitam limitam a a<br />

a<br />

notasnotas na na na escola escola não não eram eram grande grande coicoicoi- copiar copiar as as mais mais velhas velhas e e depois<br />

depois<br />

sa, sa, começava começava a a pesar pesar na na carteira carteira carteira dos<br />

dos acrescentam-lhes acrescentam-lhes a a electrónica”<br />

electrónica”.<br />

electrónica”<br />

nas então reparadas, serviço<br />

meusmeus pais pais e e por por isso isso vim vim procurar procurar tratra-<br />

Os equipamentos de antigamente não<br />

que ajudava o pai a fazer. O ac-<br />

balho”, balho”, disse o único funcionário, além têm comparação sobretudo “pela pelaquaquatual empresário ainda se lem-<br />

do proprietário Mário Felizardo, que tralidadelidade dos dos materiais materiais antes antes usausausabra de irem buscar as máquinas<br />

de costura que chegavam às<br />

<strong>Caldas</strong> no comboio e de como<br />

eram transportadas numa carroça<br />

até à loja, na Rua General<br />

Queirós.<br />

Recorda-se igualmente da parbalha<br />

a tempo inteiro para esta firma. dos dos”, dos acrescentou. As marcas que José<br />

“Disseram-me Disseram-me que que o o patrão patrão da da casa,<br />

casa, Bernardino mais gosta de trabalhar são<br />

queque costumava costumava estar estar estar à à à porta porta precisaprecisaprecisa- a Oliva, uma marca portuguesa e tam-<br />

va va de de um um funcionário. funcionário. Vim Vim Vim cá, cá, gostei gostei e e<br />

e bém destacou a Pfaff e a Singer, refe-<br />

fiquei fiquei até até hoje... hoje...”, hoje... conta enquanto acaba rindo-se sempre aos modelos mais an-<br />

o conserto de uma máquina. Toca o teletigos.ticipação da empresa em feiras<br />

fone, era uma cliente para saber se a sua Sobre Francisco Felizardo, o pai de<br />

como a do 15 de Agosto, quando<br />

máquina já estava reparada. “Já sim, se- Mário, não esconde palavras de admi-<br />

esta se fazia na mata.<br />

nhora, está pronta! Pode vir buscar quanração: “O “O “O senhor senhor senhor Francisco Francisco era era al- al- al-<br />

A partir dos anos 70 a venda Mário Mário Felizardo Felizardo é é o o actual actual responsável responsável por por uma uma empresa, empresa, cujas<br />

cujas<br />

de máquinas de costura decres- máquinas máquinas de de costura costura já já são são hoje hoje autênticos autênticos computadores<br />

computadores<br />

ceu bastante, mas as reparações<br />

foram sempre algo constante e que se manteve até dá dá para para fazer fazer fazer tudo, tudo, até até até bordados bordados tradicionais”<br />

tradicionais”<br />

tradicionais”,<br />

tradicionais”<br />

tradicionais”<br />

hoje. De qualquer modo o decréscimo nas vendas fez com acrescentou o responsável. Nos últimos cinco anos, a<br />

que as marcas apostassem na inovação.<br />

Casa Felizardo promove ainda workshops de pac-<br />

Em 1990, Mário Felizardo vem para a empresa e o seu pai, tchwork (técnica de produzir trabalhos com retalhos<br />

do puder”, responde José Bernardino do guémguém muito muito amigo, amigo, gostava gostava de de ajuaju-<br />

lado de cá da linha telefónica.<br />

dar dar e e e era era prestável. prestável. prestável. Dizia Dizia que que o o seu<br />

seu<br />

No próximo mês de Março completa 10 berço berço berço tinha tinha tinha sido sido um um um caixote caixote cheio<br />

cheio<br />

anos de casa e não se vê para já a fazer de de máquinas máquinas de de costura” costura” costura”. costura” costura”<br />

outra tarefa. “Gosto “Gosto do do que que faço faço faço e e como<br />

como “Além “Além “Além de de patrão, patrão, Mário Mário Felizar- FelizarFelizar- dizia dizia o o meu meu patrão patrão Francisco Francisco trata-se<br />

trata-se do do é é também também também meu meu amigo amigo amigo e e uma uma<br />

uma<br />

Francisco, passa a dedicar-se mais às relações públicas, além de tecido) e “só sósó o o fazemos fazemos com com formadores formadores desdes-<br />

de de um um trabalho trabalho de de mecânica mecânica fina fina que que<br />

que pessoa pessoa muito muito acessível”<br />

acessível”, acessível”<br />

disse este<br />

de se manter sempre ligado à assistência técnica.<br />

ta ta ta área área área que que que possuem possuem percurso percurso internacional”<br />

internacional”,<br />

internacional” é é interessante interessante e e no no final final final até até é é simples” simples”, simples” funcionário que tem notado que há al-<br />

O jovem Mário gostava principalmente de jogar à bola,<br />

ficando os estudos para segundo plano. Vai trabalhar a tempo<br />

inteiro com o pai, sem ter terminado o ensino secundário,<br />

mas vai fazendo uma completa aprendizagem das máquinas<br />

que sempre deram o sustento à família. Mário Felizardo<br />

tem-se deslocado à Suíça, à sede da marca Bernina, sempre<br />

que há novas máquinas para fazer cursos de aprendizagem<br />

ao nível de mecânica.<br />

contou Mário Felizardo. Este ano, em Maio, regressará<br />

às <strong>Caldas</strong> a especialista australiana Jenny Bowker.<br />

A digressão desta formadora em patchwork<br />

começará por Espanha e depois de Portugal ainda<br />

passará por cidades como Bruxelas, Amesterdão ou<br />

Frankfurt.<br />

Estas máquinas podem custar entre os mil e os<br />

seis mil euros. E se tiverem a electrónica aplicada<br />

disse o funcionário, que é o braço direito gumas clientes que vêm à loja pedir<br />

de Mário Felizardo no que diz respeito às para reparar a máquinas que eram da<br />

reparações. “Ás “Ás vezes vezes basta basta uma uma uma moli- moli- moli- moli- avó, para poder confeccionar as suas<br />

nha nha nha estar estar fora fora do do sítio sítio para para provocar<br />

provocar próprias roupas.<br />

a a avaria” avaria”, avaria” conta o jovem enquanto ter- Atentos a este mercado, proporciomina<br />

a reparação de uma máquina. nam na loja cursos de iniciação ao cor-<br />

Dependendo da avaria, consegue repate e costura. Para José Bernardino “en- “en- “en-<br />

Agora as máquinas que a Bernina cria já trazem softwa- aos sistemas de costura e de bordar, chegam a ser rar entre três a quatro equipamentos duquantoquantoquanto houver houver roupa roupa haverá haverá semsemre<br />

que permite às utilizadoras dar as medidas correctas – designadas por computadores de costura. Este é um rante uma manhã. “Esta, Esta, por por exemplo,<br />

exemplo, pre pre máquinas máquinas de de costura. costura. Mesmo<br />

Mesmo<br />

como se fosse um computador - e saírem os moldes perfeitos<br />

ou, simplesmente, dadas as coordenadas certas, conseguem<br />

bordar sozinhas. Se Se o o meu meu meu avô avô avô hoje hoje tivesse tivesse opor- opor- oporoportunidadetunidadetunidade de de de ver ver como como as as coisas coisas evoluíram evoluíram teria teria imenimenimen- sa sa sa curiosidade curiosidade em em perceber perceber perceber como como é é que que hoje hoje hoje estas<br />

estas<br />

máquinas máquinas trabalham trabalham”, trabalham<br />

trabalham disse o actual proprietário. Em 2004<br />

Francisco Felizardo faleceu, vítima de doença e fica o filho<br />

negócio destinado a nichos de mercado. Além de um<br />

segmento de mulheres interessadas em realizar as<br />

suas roupas ou os seus trabalhos manuais, neste momento<br />

“já “já temos temos alguns alguns designers designers de de moda moda que<br />

que<br />

já já estão estão estão a a trabalhar trabalhar trabalhar com com as as nossas nossas máquinas<br />

máquinas”,<br />

máquinas<br />

disse Mário Felizardo.<br />

O empresário tem um colaborador a trabalhar con-<br />

está está quase quase reparada. reparada. Estava Estava presa,<br />

presa, que que de de vez vez vez em em quando quando o o negócio<br />

negócio<br />

agora agora é é só só preciso preciso experimentar experimentar para<br />

para fraqueje, fraqueje, enquanto enquanto houver houver uma<br />

uma<br />

verificarverificar que que está está está tudo tudo bem, bem, uma uma uma prápráprá- coisa coisa coisa haverá haverá haverá sempre sempre a a outra” outra”. outra”<br />

ticatica que que se se faz faz sempre sempre no no fim fim de de de reparepa-<br />

ração” ração”, ração” disse José Bernardino.<br />

N.N.<br />

N.N.<br />

E o que faz uma máquina que sofre uma<br />

Mário Felizardo a tomar conta dos destinos da empresa. sigo nas <strong>Caldas</strong> (ver caixa) e “cin “cinco “cin co pessoas pessoas em<br />

em<br />

várias várias zonas zonas zonas do do país país que que que colaboram colaboram connosco connosco em<br />

em<br />

“O FUTURO É MESMO A ELECTRÓNICA”<br />

áreasáreas como como as as vendas vendas vendas das das máquinas máquinas ou ou na na formaforma-<br />

ção” ção”, ção” contou o empresário.<br />

A Casa Felizardo possui inúmeras máquinas de costura. A Outra parte importante do negócio continua a ser a<br />

loja tem dois espaços de armazém, um para as máquinas reparação das máquinas e “damos “damos assistência assistência às às vári- várivárinovas (electrónicas), e um outro onde estão as máqui- as as marcas marcas de de máquinas máquinas de de costura costura”, costura contou o emprenas<br />

antigas de onde se extraem peças “que que muitas<br />

muitas sário acrescentando que vendem igualmente os acessóri-<br />

vezes vezes vezes já já não não não existem existem no no no mercado mercado mercado”, mercado mercado disse Mário Felios para estes equipamentos. Na verdade reparam máquizardo,<br />

que também colecciona estes equipamentos. Alnas desde o Porto ao Algarve e dão assistência técnica por<br />

gumas estão em exposição na própria loja e outras na todo o país, chegando inclusivamente a enviar peças para<br />

sua casa.<br />

os seus clientes. É através da publicidade que fazem em<br />

O empresário tem notado que há um novo interesse revistas da especialidade e principalmente através do site<br />

por esta área por parte de pessoas mais novas. “Como “Como<br />

“Como da empresa que os clientes chegam à Casa Felizardo.<br />

hojehoje a a a roupa roupa é é mais mais barata barata e e anda anda quase quase tudo tudo vesves-<br />

Cerca de 80% do negócio destina-se à revenda para lojas<br />

tidotido de de de igual, igual, há há sempre sempre sempre quem quem se se queira queira diferencidiferenci-<br />

de todo o país. Negociam com estabelecimentos de Lisarar<br />

e e aposte aposte por por fazer fazer alterações alterações na na própria própria própria rourourouboa, Cascais, Setúbal, Algarve, Porto Braga, Viseu e tam-<br />

pa pa”. pa<br />

E se Francisco Felizardo apostava nas feiras a nível<br />

bém nos Açores.<br />

Segundo o empresário, a empresa sente necessidade<br />

José José Bernardino, Bernardino, que que aprendeu aprendeu a a profissão profissão com com Francisco<br />

Francisco<br />

Felizardo, Felizardo, rodeado rodeado de de centenas centenas de de máquinas máquinas de de costura costura<br />

costura<br />

local, o seu filho Mário actualmente participa nos even- de alterações. E isto porque a área da reparação necessitos<br />

nacionais. “Este “Este ano ano estivemos estivemos na na FIL FIL – – FIA FIA que<br />

que<br />

se se realizou realizou na na FIL FIL em em Lisboa Lisboa e e e também também na na Fatacil,<br />

Fatacil,<br />

no no no Algarve” Algarve” Algarve”, Algarve” contou explicando que são sempre óptimas<br />

oportunidade para contactos e sobretudo para divulgação<br />

dos serviços desta empresa caldense.<br />

“Estamos Estamos Estamos a a patrocinar patrocinar em em exclusivo exclusivo a a Academia<br />

Academia<br />

da da Costura, Costura, uma uma iniciativa iniciativa da da revista revista Burda Burda onde<br />

onde<br />

se se promovem promovem cursos cursos de de corte corte e e costura costura”, costura disse Mário<br />

Felizardo que assim tem um canal onde dá a conheta<br />

de mais espaço e está a usurpar o espaço que se destina<br />

ao atendimento dos clientes. “Na Na verdade verdade este este esta- estaestabelecimentobelecimento é é mais mais uma uma oficina oficina do do que que propriamenpropriamen-<br />

te te uma uma loja loja loja”, loja loja diz o empresário, que pretende passar a<br />

oficina para outras instalações que possui.<br />

“Temos “Temos que que reformular reformular a a nossa nossa nossa organização organização organização e<br />

e<br />

provavelmente provavelmente colocar colocar colocar mais mais gente gente”, gente disse este responsável,<br />

que prefere não revelar o volume de negócios<br />

Casa Felizardo – Empresa em nome individual, cujo capi-<br />

<strong>Cronologia</strong>:<br />

1898 1898 1898–<br />

Manuel Felizardo, bisavô de Mário<br />

Felizardo, instala na Rua General Queirós uma<br />

loja de máquinas de costura<br />

1937 1937 – O seu filho Mário Felizardo (1912-<br />

1964) continua no negócio na mesma rua com a<br />

sua esposa Sara Felizardo (1913-2010)<br />

1960 1960 –Mário Felizardo passa a coordenar<br />

1990 1990 1990–<br />

Mário Felizardo (bisneto do fundador)<br />

vem para a empresa trabalhar com o<br />

pai, Francisco Felizardo. Este último, além<br />

da assistência técnica passa a dedicar-se<br />

também às relações públicas da empresa<br />

1995 1995–<br />

A Casa Felizardo torna-se importadora<br />

da marca Bernina ficando com o excer<br />

a potenciais clientes todas as vantagens das suas tal social é de cinco mil euros.<br />

também uma loja da marca Oliva que primeiro se clusivo da sua comercialização a norte do<br />

máquinas electrónicas Bernina.<br />

”O O O futuro futuro é é mesmo mesmo mesmo a a electrónica<br />

electrónica”, electrónica conta o empre-<br />

E quanto ao futuro da Casa Felizardo? “Esse Esse só só a<br />

a<br />

Deus Deus pertence...”<br />

pertence...”, pertence...” rematou Mário Felizardo, pai de dois<br />

instala na Praça da Fruta e mais tarde na Rua Capitão<br />

Filipe de Sousa. O seu filho, Francisco Felizar-<br />

Tejo.<br />

2000 2000–<br />

A empresa caldense torna-se resário,<br />

que destacou também a garantia alargada (cinco<br />

anos a nível mecânico e dois anos na electrónica) destes<br />

equipamentos que fazem parte sobretudo do univer-<br />

filhos, a Mariana que tem 17 anos e o Gonçalo, com 12.<br />

Natacha Natacha Narciso Narciso<br />

Narciso<br />

do passa a trabalhar com o pai.<br />

1964 1964 1964 - Morre o avô Mário Felizardo, ficando<br />

o filho Francisco a gerir a empresa com a ajuda do<br />

presentante exclusiva da marca para Portugal.<br />

2005 2005–<br />

Mário inicia os workshops espeso<br />

feminino. “Sabendo “Sabendo trabalhar trabalhar com com o o software,<br />

software, nnarciso@gazetacaldas.com<br />

seu tio Henrique Garcia, irmão da avó Sara. cializados, investindo em nichos de mercado


16<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

4 | Fevereiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

José Soares de Oliveira & Filhos, Lda. – a arte do rest<br />

José José Soares Soares Soares de de Oliveira Oliveira (1901-1975), (1901-1975), fundador fundador da<br />

da<br />

empresa<br />

empresa<br />

Foi na Escola Comercial e Industrial<br />

(hoje Secundária Rafael<br />

Bordalo Pinheiro), que José<br />

Soares de Oliveira aprendeu,<br />

ainda jovem, a desenhar e a talhar<br />

a madeira. Mestre Elias foi<br />

um dos professores do jovem<br />

caldense que, com cerca de 21<br />

anos e regressado da tropa, decidiu<br />

que não queria seguir as<br />

pisadas do pai, que trabalhava<br />

na cerâmica.<br />

Nascido em 1901, o rapaz começou<br />

a trabalhar no mobiliário<br />

com pouco mais de 20 anos.<br />

Pouco tempo depois junta-se a<br />

Luís Pardal e decide criar uma<br />

sociedade e levar o negócio mais<br />

a sério. A José Oliveira o que<br />

interessava mesmo era o mobiliário<br />

de linhas antigas, clássico.<br />

O colega, por sua vez, queria<br />

dedicar-se aos móveis contemporâneos.<br />

Os dois acabariam por<br />

se separar pouco tempo depois.<br />

É assim que José Soares de<br />

Oliveira decide, em 1927, aventurar-se<br />

sozinho no mundo dos<br />

negócios, com uma empresa em<br />

nome individual. Uma activida-<br />

de desenvolvida na Rua Miguel<br />

Bombarda, no edifício onde ainda<br />

hoje se mantém a loja da<br />

empresa e onde, naquela altura,<br />

se encontrava a oficina, a loja<br />

e a habitação da família. Inácio<br />

Conhecida pelo mobiliário de linhas clássicas e pelo restauro de móveis e talhas douradas de<br />

diversas igrejas, a firma José Soares de Oliveira & Filhos, Lda. nasceu em 1927. Na loja da Rua Miguel<br />

Bombarda, nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, as cadeiras, mesas e desenhos, entre muitas outras peças, são<br />

elementos de um passado em que a história da família se mistura com a história da empresa, hoje<br />

orientada por dois filhos, Inácio e Vasco, e um neto do seu fundador, José Heitor.<br />

À arte de trabalhar madeiras exóticas e de dar nova vida a artigos envelhecidos, juntam-se as memórias<br />

daquela que foi “uma “uma “uma “uma “uma verdadeira verdadeira verdadeira verdadeira verdadeira escola escola escola escola escola de de de de de marceneiros”<br />

marceneiros”<br />

marceneiros”. marceneiros”<br />

marceneiros” Uma casa de onde saíram mobílias<br />

para vários pontos do mundo e que tem resistido à evolução dos tempos e dos gostos.<br />

Oliveira, que há anos desenha<br />

os móveis fabricados pela empresa,<br />

diz que “a “a maior maior pro- propro- dução dução do do Sr. Sr. José José Soares Soares de<br />

de<br />

Oliveira Oliveira foi foi seis seis filhos” filhos”: filhos” Frederico,<br />

Adelino, Beatriz, Inácio,<br />

Vasco e José.<br />

Todos, como ‘manda a lei’,<br />

com uma média de dois anos<br />

entre si. “Não “Não havia havia televisão,<br />

televisão,<br />

nãonão havia havia planeamento planeamento planeamento fafa-<br />

miliar” miliar”, miliar” diz, a rir, Inácio, hoje<br />

Da Da esquerda esquerda para para a a direita direita José José Heitor, Heitor, Inácio Inácio Inácio e e e Vasco, Vasco, o o neto neto e e os os os dois dois filhos filhos que que que dão dão dão continuidade continuidade à à empresa empresa<br />

empresa<br />

criada criada criada em em 1927<br />

1927<br />

com 76 anos. E todos eles pastriz talvez se tenha esquivado à<br />

saram pela empresa do pai. madeira, mas garante não ter<br />

“Crescemos “Crescemos entre entre móveis” móveis” móveis”, móveis” móveis” ficado “a “a dever dever nada” nada” ao tra-<br />

conta. Com a habitação da fabalho. “Uma “Uma “Uma rapariga rapariga no no meio<br />

meio<br />

mília, onde chegou a nascer o de de seis seis rapazes, rapazes, o o o que que que é é que que<br />

que<br />

filho mais novo, mesmo em cima se se espera?” espera?”, espera?” lembra.<br />

da oficina, não havia como os<br />

petizes escaparem ao labor.<br />

Além disso, o pai tinha um trato<br />

com eles: todos iriam estudar<br />

para a Escola Comercial de dia.<br />

Caso perdessem o ano, iriam<br />

trabalhar na mobília e estudar<br />

à noite, o que acabou por acontecer<br />

com muitos deles.<br />

Numa família de homens com<br />

uma actividade maioritariamente<br />

talhada para homens, Bea-<br />

A A família família (José (José Soares Soares de de Oliveira Oliveira Oliveira é é o o terceiro terceiro a a contar contar da da esquerda) esquerda) esquerda) e e os<br />

os<br />

trabalhadores trabalhadores da da empresa, empresa, em em 1942, 1942, nas nas instalações instalações da da Rua Rua Miguel Miguel Bombarda, Bombarda, onde onde se<br />

se<br />

encontrava encontrava a a habitação, habitação, a a oficina oficina e e a a loja loja<br />

loja<br />

O mesmo aconteceu com a<br />

mãe. Dona Laurinda passou<br />

muitas horas a fazer os abatjours<br />

dos candeeiros que ali se<br />

fabricavam, exemplares que<br />

durante anos puderam ser apreciados,<br />

por exemplo, na Casa da<br />

Cultura, ou nos antigos Paços<br />

do Concelho caldenses. Empalhar<br />

cadeiras era outra tarefa<br />

da mãe. “Ninguém “Ninguém sabia<br />

sabia<br />

comocomo se se fazia, fazia, mas mas apanhouapanhou-<br />

se se se aí aí aí uma uma cadeira, cadeira, cadeira, deram-se deram-se<br />

deram-se<br />

aoao trabalho trabalho de de a a a desmandesman-<br />

char char char toda toda para para ver ver como como era<br />

era<br />

feita feita feita e e e depois depois começou começou ela ela ela a a<br />

a<br />

empalhar”<br />

empalhar”, empalhar” conta a filha.<br />

Os trabalhadores, muitos dos<br />

quais iam para ali trabalhar ainda<br />

crianças eram também considerados<br />

verdadeiros membros<br />

da família de José Soares de Oliveira.<br />

Ainda hoje é conversa recorrente<br />

o facto de um antigo<br />

funcionário da empresa, contar<br />

muitas vezes que saiu da escola<br />

com sete anos, poucos dias depois<br />

do pai o ter matriculado na<br />

1ª classe, e que foi naquela oficina<br />

que aprendeu a ler e escre-<br />

ver, ensinado pela única filha do<br />

patrão.<br />

Nas fotografias que testemunham<br />

o passado da empresa, os<br />

laços que uniam o patrão aos<br />

trabalhadores são facilmente<br />

comprovados. Muitos dos retratos<br />

são de convívios que juntavam<br />

todos à mesa. O neto, José<br />

Heitor, que aparece ainda jovem<br />

em muitos deles, lembra-se<br />

bem que o 1º de Maio, Dia do<br />

Trabalhador, era sempre assinalado<br />

(mesmo antes do 25 de Abril)<br />

“à “à beira beira da da Lagoa, Lagoa, com com uma<br />

uma<br />

caldeirada caldeirada feita feita ali ali mesmo” mesmo”. mesmo”<br />

E esta empresa de cariz verdadeiramente<br />

familiar deu também<br />

origem a novas famílias.<br />

Um exemplo é a filha do patrão,<br />

Beatriz, que acabaria por se casar<br />

com um empregado do pai.<br />

“UMA FUNDAÇÃO RICARDO<br />

ESPÍRITO SANTO EM<br />

MINIATURA”<br />

É com memórias e com as<br />

autênticas relíquias que se<br />

amontoam na loja da Rua Mi-<br />

José José Soares Soares de de Oliveira Oliveira (ao (ao centro, centro, de de de chapéu) chapéu) no no meio meio meio de de de toda toda toda a a família família (filhos (filhos e<br />

e<br />

netos) netos) netos) em em em 1964<br />

1964


auro e do mobiliário antigo desde 1927<br />

Resistir na época do “mobiliário de plástico”<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

17<br />

4 | Fevereiro | 2011<br />

guel Bombarda que se recupera<br />

a história daquela que Inácio e<br />

José Heitor garantem ser uma<br />

das mais antigas empresas das<br />

<strong>Caldas</strong>. Uma firma que “foi “foi sem- semsem- pre pre uma uma escola, escola, que que formou<br />

formou<br />

centenas centenas centenas de de marceneiros marceneiros e<br />

e<br />

artistas, artistas, que que vinham vinham para<br />

para<br />

aquiaqui aprender aprender ainda ainda miúmiú-<br />

dos” dos” dos”. dos”<br />

O restauro foi sempre uma<br />

importante vertente da empresa,<br />

responsável pela recuperação<br />

da talha dourada que ainda<br />

hoje se vê em muitos altares de<br />

várias igrejas da região. José<br />

Soares de Oliveira dedicava-se<br />

também à recuperação de móveis<br />

antigos. “Sem “Sem falsas falsas mo- momo- déstias, déstias, somos somos capazes capazes de de<br />

de<br />

ser ser uma uma Fundação Fundação Ricardo<br />

Ricardo<br />

Espírito Espírito Santo Santo em em miniatura.<br />

miniatura.<br />

Somos Somos capazes capazes de de fazer fazer o<br />

o<br />

quequeque eles eles fazem, fazem, sem sem subsídisubsídisubsídiososos nenhuns, nenhuns, antes antes pelo pelo concon-<br />

trário” trário”, trário” diz, orgulhoso, José<br />

Heitor.<br />

O trabalho de restauro trouxe<br />

à empresa caldense alguns<br />

dos mais requintados exemplares<br />

de mobiliário clássico. “O<br />

“O<br />

grande grande ensinamento ensinamento ensinamento desta<br />

desta<br />

casa casa casa foram foram as as as peças peças antigas antigas<br />

antigas<br />

que que que passaram passaram passaram por por por aqui aqui para<br />

para<br />

serem serem recuperadas recuperadas e e e que<br />

que<br />

nos nos nos deram deram uma uma grande grande lição<br />

lição<br />

de de arte arte arte e e e de de estilos” estilos”, estilos” afiança<br />

Inácio. Peças de pessoas ligadas<br />

à nobreza e às grandes famílias<br />

que permitiram à empresa<br />

ficar com os modelos para<br />

reproduzir.<br />

“Muitas “Muitas “Muitas das das grandes grandes ca- caca- sas sas no no Alentejo Alentejo têm têm móveis<br />

móveis<br />

nossos nossos ou ou recuperados recuperados por<br />

por<br />

nós” nós” nós”, nós” dizem Inácio e José Heitor,<br />

acrescentando que a maior<br />

parte dos clientes da empresa se<br />

situavam, principalmente, em Lisboa.<br />

Os descendentes de José<br />

Soares de Oliveira garantem que<br />

O O edifício edifício da da Rua Rua Miguel Miguel Bombarda Bombarda resume-se resume-se hoje hoje à à loja loja da da empresa, empresa, onde onde onde se se multiplicam multiplicam peças peças de de mobiliário mobiliário e<br />

e<br />

ferramentas ferramentas a a fazerem fazerem lembrar lembrar outros outros tempos<br />

tempos<br />

A José Soares de Oliveira & sa, contavam-se ali cerca de 60 deitar deitar fora fora e e é é o o IKEA IKEA que que que eles<br />

eles lho ser feito à mão. Há uma ser-<br />

Filhos, Lda. sempre apostou em trabalhadores, muitos dos quais escolhem”<br />

escolhem”, escolhem” lamenta José Heira eléctrica e mais algumas fer-<br />

mobiliário “de “de “de qualidade”<br />

qualidade”, qualidade” fei- começavam a trabalhar ainda tor, que diz que a empresa temramentas que facilitam o labor,<br />

to com madeiras exóticas. Mais miúdos e por ali ficavam até à se sentido em grande medida mas a atenção ao detalhe, a<br />

que simples peças de mobiliá- idade da reforma. As encomen- com “a “a alteração alteração de de gostos gostos e<br />

e arte e o engenho necessários<br />

rio, dali saem verdadeiras obras das eram mais que muitas. comportamentos...comportamentos... são são époépo-<br />

mantêm-se inalterados.<br />

de arte, onde todos os porme- “Chegámos “Chegámos “Chegámos a a a ter ter uma uma lista<br />

lista cas!” cas!”. cas!”<br />

A qualidade das madeiras<br />

nores são cuidados. “Há “Há aí aí uma<br />

uma de de espera espera de de 12 12 e e e 13 13 meses” meses”, meses” Por isso mesmo, nos tempos com que se trabalha, vindas so-<br />

cama cama que que que fazemos fazemos fazemos que que que só<br />

só diz o neto do fundador, recor- que correm a empresa é sobrebretudo do Brasil e de África,<br />

para para embutir embutir o o painel painel são<br />

são dando que os avós “correram<br />

“correram tudo procurada para o trabalho continua a ser uma garantia<br />

precisos precisos quatro quatro meses” meses”, meses” o o país país a a trabalhar, trabalhar, e e sempre<br />

sempre de restauro e recuperação. “Os<br />

“Os dada pela empresa. “Sempre “Sempre<br />

“Sempre<br />

aponta José Heitor, dando um na na furgoneta furgoneta furgoneta da da empresa” empresa”.<br />

empresa” chineseschineses ainda ainda não não restaurestau-<br />

tivemos tivemos um um stock stock muito muito bom bom<br />

bom<br />

exemplo da minúcia a que po- Em meados da década de 90 ram ram móveis, móveis, o o IKEA IKEA também<br />

também dedede madeiras, madeiras, madeiras, nunca nunca trabatrabadem<br />

chegar os móveis da sua a José Soares de Oliveira & Finão,não, e e ainda ainda se se vai vai recuperecupelhámoslhámos<br />

a a madeira madeira madeira no no imediimedi-<br />

empresa.<br />

lhos, Lda. viu-se mesmo obriga- rando”.<br />

rando”.<br />

atoato para para não não haver haver probleproble-<br />

Ora, os clientes da empresa da a mudar de novo de instalamas.mas.mas.<br />

Nesta Nesta empresa empresa empresa a a a mama-<br />

sempre foram “pessoas “pessoas com<br />

com ções, desta vez para a Zona In- A ARTE DO TRABALHO FEITO deira deira sempre sempre esteve esteve à à chuva<br />

chuva<br />

algum algum poder poder de de compra compra e e<br />

e dustrial.<br />

À MÃO<br />

e e ao ao ar ar livre livre durante durante um um ano<br />

ano<br />

gosto” gosto”, gosto” entre os quais o desta- “Hoje “Hoje os os os jovens jovens aderiram<br />

aderiram<br />

e e só só só depois depois era era trabalhada,<br />

trabalhada,<br />

que vai, nos tempos iniciais, àà comida comida de de plástico plástico plástico e e tamtam-<br />

Mas se os tempos são outros, parapara podermos podermos dar dar garantigaranti-<br />

dificuldade em encontrar matérias<br />

primas quando alguns dos<br />

seus principais fornecedores<br />

começaram a fechar. “Por “Por en- enenquantoquantoquanto não não sentimos sentimos escasescas-<br />

sez, sez, também também também precisamos precisamos de de<br />

de<br />

muito muito menos menos madeira madeira que que a<br />

a<br />

que que precisávamos precisávamos há há uns<br />

uns<br />

anos” anos”, anos” aponta José Heitor.<br />

A maioria dos clientes continua<br />

a ser de Lisboa. “Filhos “Filhos e<br />

e<br />

netos netos de de primeiros primeiros clientes<br />

clientes<br />

que que mantêm mantêm a a ligação ligação à à casa<br />

casa<br />

ou ou conhecidos conhecidos destes destes que<br />

que<br />

vêem vêem vêem as as nossas nossas peças” peças”, peças” explica<br />

o neto do fundador.<br />

A empresa, que nos últimos<br />

dois anos registou uma facturação<br />

média na ordem dos 120 mil<br />

euros, está hoje reduzida a sete<br />

trabalhadores, entre os quais<br />

Inácio, que se dedica especialmente<br />

ao desenho das peças de<br />

mobiliário, Vasco, “um “um verda- verdaverda- deiro deiro artista” artista” artista” a trabalhar a<br />

madeira, e José Heitor. “Isto “Isto é<br />

é<br />

tudo tudo muito muito bonito, bonito, sentir sentir a<br />

a<br />

camisola camisola camisola é é muito muito agradável”<br />

agradável”,<br />

agradável”<br />

diz o mais novo. E chega? “Não<br />

“Não<br />

vai vai chegando. chegando. O O mercado<br />

mercado<br />

está está diferente, diferente, diferente, as as exigências<br />

exigências<br />

são são são muitas” muitas”, muitas” lamenta.<br />

À semelhança dos gerentes,<br />

muitos dos empregados que se<br />

mantêm também ali estão há<br />

vários anos. Além disso, José<br />

Heitor foi o único neto a dar seguimento<br />

às pisadas do avô.<br />

“Nas “Nas férias férias todos todos passavam<br />

passavam<br />

por por aqui, aqui, mas mas ninguém ninguém fez fez<br />

fez<br />

disto disto vida vida vida profissional”<br />

profissional”.<br />

profissional”<br />

Uma pergunta se impõe:<br />

quem vai dar continuidade à<br />

empresa? “Por “Por enquanto enquanto não<br />

não<br />

se se sabe” sabe”, sabe” diz, garantindo manter-se<br />

optimista quanto ao futuro.<br />

“esta esta firma firma era era motivo motivo de de tratrazerzer<br />

muita muita gente gente às às <strong>Caldas</strong>. <strong>Caldas</strong>. ViVi-<br />

nha nha muita muita gente gente de de fora fora cá, cá,<br />

cá,<br />

para as famílias aristocráticas,<br />

depois para membros de diferentes<br />

governos, fosse em Por-<br />

bém bém bém aos aos móveis móveis móveis de de de plástico. plástico.<br />

plástico.<br />

Hoje Hoje não não se se se pensa pensa na na quali- qualiquali- dade, dade, é é dois dois dois ou ou três três anos anos anos e e<br />

e<br />

há muita coisa que se mantém<br />

inalterada na empresa, como o<br />

facto de grande parte do traba-<br />

as” as” as”, as” as” e foi isso que permitiu que<br />

a José Soares de Oliveira & Filhos,<br />

Lda. não sentisse grande<br />

Joana Joana Joana Fialho Fialho<br />

Fialho<br />

jfialho@gazetacaldas.com<br />

que” que” que”, que” invariavelmente, “almoça- “almoça“almoçavava por por aí, aí, ia ia ao ao mercado mercado e e dedetugal,<br />

fosse no Ultramar. Quando<br />

o país aderiu à CEE (agora<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

pois pois à à Pastelaria Pastelaria Machado” Machado”.<br />

Machado” União Europeia), “muitos “muitos “muitos dos dos<br />

dos<br />

1901: 1901: 1901: Nasce José Soares<br />

À medida que o passa pala- clientes clientes foram foram trabalhar<br />

trabalhar<br />

de Oliveira, fundador da emvra<br />

torna a empresa numa refeparapara Bruxelas Bruxelas e e levaram levaram dadapresarência<br />

e a procura aumenta, as qui qui muito muito mobiliário”<br />

mobiliário”<br />

mobiliário”, mobiliário” conta<br />

1927: 1927: José Soares de Oli-<br />

instalações da Miguel Bombar- José Heitor, acrescentando que<br />

veira começa a trabalhar em<br />

da tornam-se pequenas e a ofi- as peças da sua empresa podem<br />

nome individual<br />

cina é mudada para junto dos<br />

prédios do Viola, na Rua Fonte do<br />

Pinheiro o que aconteceu em meados<br />

da década de 60. Na Rua Miguel<br />

Bombarda mantém-se a loja.<br />

Em 1969 foi dada sociedade aos<br />

filhos, criando-se a José Soares de<br />

Oliveira & Filhos, Lda. Seis anos<br />

depois o fundador da empresa viria<br />

a falecer e foram os seus descendentes<br />

que garantiram a continuidade<br />

do seu legado.<br />

Joana Joana Fialho<br />

Fialho<br />

jfialho@gazetacaldas.com<br />

ainda ser encontradas em França,<br />

Espanha, Inglaterra, Canadá,<br />

Estados Unidos, antigas colónias<br />

e até em Macau.<br />

Por cá, eram muitas as vezes<br />

que José Soares de Oliveira, e<br />

depois os filhos, arrancavam de<br />

madrugada para Lisboa, “com<br />

“com<br />

uma uma garrafita garrafita de de vinho vinho e e a<br />

a<br />

merenda merenda feita feita pela pela mãe<br />

mãe<br />

numa caixa de madeira” e ali<br />

passavam o dia, a montar as<br />

peças de mobiliário, regressando<br />

só à noite.<br />

Nos tempos áureos da empre-<br />

Desenhos Desenhos originais originais de de cadeiras cadeiras clássicas, clássicas, feitos feitos por por Inácio Inácio Oliveira Oliveira a a tinta tinta da da da China,<br />

China,<br />

que que ainda ainda hoje hoje hoje se se preservam preservam com com todos todos os os cuidados<br />

cuidados<br />

Década Década de de 60: 60: A produção<br />

da empresa muda-se<br />

para um terreno da família,<br />

junto aos prédios do Viola<br />

1969: 1969: 1969: O fundador dá sociedade<br />

aos filhos e é criada<br />

a José Soares de Oliveira &<br />

Filhos, Lda. com um capital<br />

social de 98.766 euros<br />

1975: 1975: Morre José Soares<br />

de Oliveira<br />

1995: 1995: 1995: A oficina é transferida<br />

para as actuais instalações<br />

na Zona Industrial


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

11 | Fevereiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Clínica Veterinária S. Francisco d’ Assis foi a primeir<br />

já vai na segunda geração<br />

Manuel Gama Lourenço nasceu<br />

em Óbidos em 1952. Estudou nas<br />

<strong>Caldas</strong>, no Externato Ramalho Ortigão<br />

até ao terceiro ano, de onde<br />

seguiu para Lisboa, onde concluiu<br />

o antigo sétimo ano, em 1972, no<br />

Colégio Manuel Bernardes.<br />

Filho de médico, sempre mostrou<br />

apetência para as questões<br />

da saúde, mas garante que não<br />

sofreu influência de qualquer espécie<br />

para seguir medicina veterinária.<br />

“Quando “Quando somos somos estudantes<br />

estudantes<br />

não não sabemos sabemos ao ao ao certo certo o o que<br />

que<br />

queremos,queremos, pelo pelo menos menos foi foi asassimsim<br />

comigo comigo e e penso penso que que é é asas-<br />

sim sim sim com com a a maioria” maioria”, maioria” considera.<br />

Por esse motivo, só na altura de<br />

escolher um curso superior é que<br />

optou pela medicina veterinária.<br />

“Achava “Achava que que era era era uma uma área área<br />

área<br />

bastante bastante curiosa curiosa e e e não não estou<br />

estou<br />

O O O casal casal Gama Gama Lourenço Lourenço com com com os os dois dois filhos, filhos, Margarida Margarida e e Manuel Manuel Manuel Maria, Maria, ainda ainda pequenos, pequenos, em em em 1987, 1987, e e pai pai e e filha, filha, hoje, hoje, ambos ambos colegas colegas<br />

colegas<br />

arrependido”<br />

arrependido”<br />

arrependido”, arrependido”<br />

arrependido” conta.<br />

tratava animais de companhia. os os animais animais sejam sejam rentáveis rentáveis à<br />

à Fróis por 20 contos (100 euros), “o “o<br />

“o parte do encorajamento, quer no ri ri mais mais mais espaço, espaço, mas mas também<br />

também<br />

Entrou em 1972 para a Escola São dois universos bem distin- empresa; empresa; no no no outro outro outro existe existe um<br />

um quequeque na na na altura altura altura era era era muito muito muito dinheidinheidinhei-<br />

próprio trabalho, como o próprio equipamento equipamento equipamento tecnológico tecnológico de<br />

de<br />

Superior de Medicina Veterinária, tos, considera. “Num “Num existe existe um<br />

um aspectoaspectoaspecto afectivo afectivo afectivo muito muito marcamarcaro...ro...<br />

para para se se ter ter uma uma ideia ideia rere-<br />

veterinário faz questão de sublidiagnósticodiagnóstico que que hoje hoje é é deterdeter-<br />

a única no país que leccionava este<br />

minante minante minante para para desempenhar desempenhar o<br />

o<br />

curso na altura. Em 1977 estava<br />

formado.<br />

O primeiro emprego foi como<br />

professor na Escola Secundária<br />

O veterinário Manuel Gama Lourenço, hoje com 58 anos, abriu em 1984 a Clínica Veterinária S.<br />

Francisco d’ Assis. Trabalhava, na altura, em animais de grande porte na cooperativa leiteira das<br />

<strong>Caldas</strong>, mas era a área dos animais de companhia que mais interesse lhe despertava. Por isso<br />

trabalho trabalho com com com mais mais qualidade”<br />

qualidade”.<br />

qualidade”<br />

Numa primeira fase juntou mais<br />

um gabinete, mais tarde uma sala<br />

dedicada em exclusivo à cirurgia.<br />

Rafael Bordalo Pinheiro, onde es- arriscou e abriu aquela que foi a primeira clínica veterinária nas <strong>Caldas</strong> da Rainha. Funcionava duas Em 1999 alargou o espaço com a<br />

teve seis meses, mas em Abril de horas por dia, a seguir ao horário de trabalho na cooperativa, mas o projecto foi singrando e em<br />

aquisição da loja do lado, onde fez<br />

1978 foi convidado para exercer a 1989 o volume de clientes justificou que abraçasse o projecto a tempo inteiro.<br />

um escritório e uma sala para exa-<br />

sua profissão na ProPinto, uma<br />

empresa de exploração avícola que<br />

funcionava na Serra D’el Rei. Quatro<br />

anos depois mudou para a Co-<br />

Hoje, 27 anos passados, a sua clínica veterinária é também o local de trabalho da filha mais velha,<br />

Margarida Gama Lourenço, também veterinária de profissão, que desde pequena se habituou a<br />

ajudar o pai e vê aquele projecto como sendo da família.<br />

mes com Raio X. Em 2005 adquiriu<br />

a loja que até ali estava arrendada<br />

e em 2010 a clínica voltou a sofrer<br />

remodelações, para ser criaoperativa<br />

de Produtores de Leite<br />

da uma sala de recobro e um es-<br />

que existia então nas <strong>Caldas</strong> da interesseinteresse puramente puramente comercicomerci-<br />

do, do, com com o o que que isso isso tem tem de de bom<br />

bom cebiacebia 40 40 contos contos na na cooperaticooperatinhar:<br />

“ela “ela foi foi uma uma grande grande dina- dina- dina- paço próprio para banho e tosqui-<br />

Rainha. Mas nas horas vagas já al, al, o o objectivo objectivo objectivo é é fazer fazer fazer com com que<br />

que e e de de de mau” mau”. mau” Apesar de gostar e de vava e e metade metade era era para para a a renrenmizadoramizadora<br />

da da clínica, clínica, ajudavaajudavaas.<br />

ver interesse técnico em ambas, da…” da…”, da…” recorda Manuel Gama Lou- me me em em tudo, tudo, inclusivamente<br />

inclusivamente A evolução da clínica acompa-<br />

acabou por optar pelos animais de renço.<br />

nas nas cirurgias, cirurgias, das das mais mais mais fáceis<br />

fáceis nha também o desenvolvimento da<br />

companhia pela mais simples das O espaço era grande, mas só às às mais mais complicadas”<br />

complicadas”.<br />

complicadas” própria actividade, realça Manuel<br />

razões: “era “era a a que que gostava<br />

gostava tinha um consultório, uma casa de O arranque da clínica teve mo- Gama Lourenço. “Hoje “Hoje é é uma<br />

uma<br />

mais” mais”. mais”<br />

banho e uma sala de espera tão mentos difíceis, em que o rendi- profissão profissão mais mais exigente exigente do do<br />

do<br />

Abriu a clínica para poder exer- grande como vazia. “Só “Só tinha<br />

tinha mento que tirava pouco mais dava que que que era era há há 30 30 anos, anos, mas mas com<br />

com<br />

cer a sua profissão porque até ali, umas umas umas cadeiras cadeiras cadeiras que que que trouxe trouxe de de<br />

de do que para pagar a renda. “Foi “Foi<br />

“Foi muitomuitomuito mais mais meios. meios. meios. Quando Quando Quando coco-<br />

na falta de instalações próprias, casa, casa, porque porque os os meios meios meios não<br />

não comcomcom muito muito empenho empenho e e vontavonta-<br />

mecei mecei mecei era era era uma uma uma profissão profissão profissão difícil<br />

difícil<br />

difícil<br />

os animais eram tratados, uns eram eram muitos muitos e e não não não sabia sabia sabia se se a<br />

a de de que que conseguimos conseguimos crescer,<br />

crescer, devido devido à à falta falta falta de de recursos recursos e<br />

e<br />

numa garagem na casa dos pais, clínica clínica clínica ia ia resultar” resultar”, resultar” diz. trabalhando trabalhando aos aos sábados sábados e<br />

e também também de de colegas colegas em em quem<br />

quem<br />

em Óbidos, outros mesmo na rua, Chamou-lhe S. Francisco d’ As- aos aos aos domingos domingos quando quando era era<br />

era nosnos apoiarmos, apoiarmos, mas mas hoje hoje fefe-<br />

à porta das pessoas. “Por “Por “Por muita<br />

muita sis por ser este o santo protector preciso, preciso, preciso, e e de de noite noite chegámos<br />

chegámos lizmente lizmente para para para nós nós e e para para para os<br />

os<br />

competência competência que que se se tenha, tenha, sem sem<br />

sem dos animais, e a clínica ficava sob a a deixar deixar os os os filhos filhos filhos em em casa casa a<br />

a utentes utentes utentes evoluiu evoluiu muito” muito”. muito”<br />

meios meios técnicos técnicos técnicos não não é é possível<br />

possível alçada da empresa com o mesmo dormir dormir para para vir vir fazer fazer cirurgias<br />

cirurgias Ao fim de 27 anos de Clínica Ve-<br />

prestar prestar um um bom bom serviço” serviço”, serviço” sus- nome, Clínica Veterinária S. Fran- complicadas, complicadas, mas mas em em tudo tudo tudo é<br />

é terinária S. Francisco d’ Assis, o<br />

tenta.cisco<br />

D’ Assis, Lda., uma sociedaprecisopreciso fazer fazer sacrifícios sacrifícios sacrifícios porporpor- que dá mais gosto a Manuel Gama<br />

A criação de um estabelecimende por quotas cujos sócios são ain- que que a a a vida vida não não é é fácil” fácil”, fácil” subli- Lourenço é ter muitos clientes fito<br />

era um passo fundamental para da hoje Manuel Gama Lourenço e nha.éis<br />

há muitos anos, que são já mais<br />

melhorar a assistência aos animais a esposa, Filomena Gama Louren- Porém, ao fim de cinco anos o amigos do que clientes. “Fazem<br />

“Fazem<br />

de companhia, dando-lhes mais ço.<br />

movimento justificava que aban- parte parte do do do nosso nosso currículo currículo essas<br />

essas<br />

atenção, mas principalmente pos- No arranque, o veterinário tidonasse em definitivo a coopera- pessoas pessoas com com quem quem criamos<br />

criamos<br />

sibilitava um conjunto de meios nha que acumular os dois trabativa dos produtores de leite para uma uma ligação ligação ligação mais mais forte forte e e é é uma<br />

uma<br />

técnicos que permitiam tratar silhos, na cooperativa e na clínica. se dedicar em exclusivo à clínica, satisfaçãosatisfação saber saber que que que acrediacredituações<br />

mais complicadas, como Por isso, esta funcionava apenas que passa a funcionar todos os tam tam em em nós, nós, pessoas pessoas que que por<br />

por<br />

casos em que era necessário re- duas horas por dia, quando Manu- dias úteis em horário de expedi- vezes vezes nem nem nem vivem vivem cá, cá, mas mas que<br />

que<br />

correr à cirurgia.<br />

el Gama Lourenço terminava o traente. nos nos procuram procuram nem nem que que seja<br />

seja<br />

Assim, em 1984 resolveu arrisbalho na cooperativa.<br />

Daí em diante a clínica sofreu para para perguntar perguntar se se está está tudo<br />

tudo<br />

car a abertura daquela que seria a Sem meios para ter funcionári- várias evoluções, tanto em termos bem” bem”. bem”<br />

primeira clínica veterinária nas os, era a própria Filomena, profes- físicos, como em termos tecnoló-<br />

<strong>Caldas</strong> da Rainha. Arrendou uma sora do ensino secundário, o grangicos. “Felizmente “Felizmente veio veio sempre<br />

sempre Joel Joel Joel Ribeiro<br />

Ribeiro<br />

Manuel Manuel Lourenço Lourenço há há cerca cerca de de 20 20 anos anos com com uma uma jovem<br />

jovem<br />

cliente cliente cujo cujo cachorro cachorro acabara acabara de de ser ser tratado<br />

tratado<br />

loja no número 27 da Rua Vitorino de apoio para o marido, quer na evoluindoevoluindo e e crescendo. crescendo. AdquiAdqui-<br />

jribeiro@gazetacaldas.com


a a estabelecer-se nas <strong>Caldas</strong> e<br />

“É uma profissão que exige uma grande dedicação”<br />

Margarida Margarida Lourenço Lourenço numa numa foto foto de de quando quando andava andava a a estudar estudar veterinária veterinária e e na na passada passada passada terça-feira terça-feira após após uma uma operação operação cirúrgica cirúrgica a a um um “paciente”.<br />

“paciente”.<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

11 | Fevereiro | 2011<br />

Em 2007 Manuel Gama Lou- Para Margarida Gama Louren- são são são mas mas mas não não não do do do curso, curso, curso, não<br />

não<br />

não por por isso isso e e esforçar-me esforçar-me para<br />

para sáveis e obrigam à eutanásia. acrescentando que se surgisse<br />

renço passou a ter na filha Março, integrar a clínica do pai foi havia havia uma uma cadeira cadeira de de que<br />

que fazer fazer andar andar este este projecto<br />

projecto “É É difícil difícil porque porque não não há há con- con- con- uma proposta “sentir-me-ia<br />

sentir-me-ia<br />

garida, hoje com 29 anos, uma algo que cresceu com ela pró- gostasse gostasse gostasse e e desisti” desisti”. desisti”<br />

mais mais 25 25 anos” anos”. anos” anos”<br />

solo solo solo possível possível para para o o dono, dono, dono, e<br />

e tentadatentada a a dividir dividir dividir o o meu meu meu temtem-<br />

colega de trabalho. O filho mais pria. “Eu “Eu cresci cresci aqui, aqui, aqui, não não vim<br />

vim Acabou por conseguir entrar Dos três anos de experiência é é difícil difícil porque porque temos temos que que<br />

que po po po entre entre uma uma coisa coisa e e e outra,<br />

outra,<br />

novo, Manuel Maria Gama Lou- para para cá cá enganada. enganada. É É uma<br />

uma em medicina veterinária em que Margarida Gama Lourenço reconhecerreconhecer que que não não conseconse-<br />

mas mas mas não não é é fácil fácil porque porque na<br />

na<br />

renço, de 26 anos, é gestor e por profissão profissão que que exige exige uma<br />

uma Coimbra, formou-se em 2007 e leva na actividade, o que acha guimosguimos resolver resolver resolver aquele aquele propronossanossa<br />

zona zona não não não há há muito muito tratra-<br />

isso não integrou a clínica em grande grande dedicação dedicação e e espírito<br />

espírito começou a trabalhar na Clínica mais complicado é lidar com a blema, blema, que que até até pode pode pode nem nem nem ter<br />

ter balho balho nessa nessa área” área”. área”<br />

termos profissionais. Mas os dede sacrifício sacrifício pois pois pois em em qualqual-<br />

S. Francisco d’ Assis.<br />

ligação, por vezes demasiado solução, solução, mas mas mas é é uma uma vida vida vida que<br />

que<br />

dois irmãos foram presença as- quer quer quer altura altura podemos podemos ter ter que<br />

que Continuar o trabalho que o pai forte, que as pessoas criam com está está em em jogo jogo e e vai vai ser ser tirada<br />

tirada<br />

J.R.<br />

J.R.<br />

sídua, ajudando no que podiam largarlargar o o que que estamos estamos estamos a a fafa-<br />

começou é algo que encara o seu animal de estimação. por por nós” nós”. nós”<br />

nas horas vagas, nos fins-dezerzer para para vir vir resolver resolver um um propro-<br />

como uma grande responsabili- “O “O “O animal animal deve deve deve ser ser mais<br />

mais Tendo dirigido a sua formasemana,<br />

ou nas férias da escola.<br />

blema, blema, mas mas sabia sabia para para para o o que<br />

que<br />

vinha vinha e e gosto gosto muito muito do do que<br />

que<br />

dade, até porque “não “não imagi- imagiimagi- no no esta esta clínica clínica sem sem nós nós cá<br />

cá<br />

um um membro membro da da da família, família, mas<br />

mas<br />

porpor vezes vezes as as pessoas pessoas estaestação<br />

para os animais de companhia,<br />

Margarida sente alguma <strong>Cronologia</strong><br />

Para o pai, ter a filha como<br />

colega é uma satisfação, tanto<br />

como progenitor, como em termos<br />

profissionais. “Ela “Ela é é uma<br />

uma<br />

óptima óptima companhia companhia e e é é muito<br />

muito<br />

importante importante introduzir introduzir gente<br />

gente<br />

faço” faço”, faço” refere.<br />

Ao contrário do pai, Margarida<br />

sempre teve uma forte inclinação<br />

para seguir medicina veterinária,<br />

“não “não que que fosse fosse uma<br />

uma<br />

grandegrande paixão, paixão, como como as as as pespes-<br />

estarmos”<br />

estarmos”, estarmos”<br />

estarmos” afirma.<br />

Margarida tem consciência<br />

que existe hoje muita competitividade<br />

no meio e, tal como os<br />

seus pais fizeram, também ela<br />

vai ter que fazer sacrifícios para<br />

belecem belecem com com ele ele uma uma relação<br />

relação<br />

demasiado demasiado forte” forte”, forte” o que por<br />

vezes condiciona quando é preciso<br />

lidar com uma situação de<br />

doença.<br />

Difícil de lidar é também<br />

curiosidade em trabalhar com<br />

grandes animais, área onde o<br />

pai começou e com a qual a veterinária<br />

tomou algum contacto<br />

durante o curso superior. “O<br />

“O<br />

trabalho trabalho trabalho no no no campo, campo, campo, embora<br />

embora<br />

1984- 1984-Manuel<br />

Gama Lourenço<br />

abre a Clínica Veterinária<br />

S. Francisco D’ Assis na Rua<br />

Vitorino Fróis sob o nome comercial<br />

de S. Francisco D’ Asnovanova<br />

com com outras outras ideias, ideias, ouou-<br />

soas soas costumam costumam dizer, dizer, mas<br />

mas manter a clínica, mas com uma quando os problemas de saúde muito muito muito duro, duro, duro, é é muito muito bom bom<br />

bom sis, Lda. cujos sócios são o<br />

tra tra formação formação e e outra outra atitude<br />

atitude porque porque sabia sabia que que iria iria gostar<br />

gostar vantagem: “não “não tive tive que que co- co- co- dos animais não são ultrapas- para para para quem quem gosta” gosta”, gosta” refere, casal Manuel e Filomena<br />

perante perante perante a a a vida vida vida e e e o o o trabalho, trabalho,<br />

trabalho, disto” disto” disto”. disto” disto” Mas não foi fácil entrar meçar meçar meçar sozinha, sozinha, sozinha, ultrapassar<br />

ultrapassar<br />

ultrapassar<br />

Gama Lourenço<br />

é é uma uma lufada lufada de de ar ar fresco<br />

fresco<br />

quequeque renova renova renova a a nossa nossa mentalimentalimentali- na universidade. Chegou mesmo<br />

a tentar outro curso: terapia<br />

aquelas aquelas dificuldades dificuldades iniciais,<br />

iniciais,<br />

eles eles já já o o fizeram fizeram por por por mim mim e<br />

e Animais exóticos já vão aparecendo 1989- 1989- Manuel Gama Lou-<br />

dade” dade” dade”, dade” dade” considera.<br />

da fala. “Gostava “Gostava da da profis- profis- profis- tenho tenho que que dar dar dar graças graças a a a Deus<br />

Deus<br />

Os cães e os gatos continuam<br />

a ser os principais animais<br />

tido ainda oportunidade de fazer<br />

uma formação aprofundada<br />

renço assume a clínica a tempo<br />

inteiro.<br />

de companhia, e também os<br />

que de forma mais comum con-<br />

nesta área, procura partilhar conhecimentos<br />

com outros cole- 1999- 1999- A clínica expandetinuam<br />

a frequentar o veterigas que trabalham mais em anise para a loja do lado e passa<br />

nário. No entanto, os animais mais exóticos “para “para poder poder li- li- li- a ter equipamento de Raio X<br />

exóticos começam também a dardar com com com o o que que aparece, aparece, porporpor- aparecer, o que constitui um queque é é difícil difícil progredir progredir progredir em em dede-<br />

2005- 2005- É adquirida a loja<br />

desafio para os profissionais da terminadaterminada área área área se se o o trabatraba-<br />

que estava arrendada, pas-<br />

saúde veterinária.<br />

lho lho que que temos temos é é pouco” pouco”. pouco” sando as instalações da clíni-<br />

Manuel Gama Lourenço adi- A veterinária sublinha, no ca a pertencer por inteiro à<br />

anta que já começam a aparecer<br />

coelhos, aves, alguns rép-<br />

entanto, que os donos deste tipo<br />

de animais têm cada mais inte-<br />

empresa.<br />

teis, mas ainda em número reduzido.<br />

Mesmo assim, isso obriga<br />

a uma constante aprendizagem,<br />

“é “é um um dos dos encantos encantos da<br />

da<br />

profissão”<br />

profissão”.<br />

profissão”<br />

resse pelo bem-estar dos seus<br />

bichos. “Cada “Cada vez vez mais mais tra- tra- tratrazemzemzem o o seu seu coelho, coelho, o o seu seu porporquinhoquinho<br />

da da Índia Índia Índia para para vacivaci-<br />

nar, nar, ou ou só só para para ver ver se se está<br />

está<br />

2007- 2007- 2007- Margarida Gama<br />

Lourenço, filha do casal, junta-se<br />

ao pai como veterinária<br />

da clínica<br />

A A Clínica Clínica Veterinária Veterinária S. S. Francisco Francisco Francisco D’ D’ Assis, Assis, Lda. Lda. começou começou por por ser ser apenas apenas apenas a a parte parte da<br />

da<br />

direita direita na na Rua Rua Vitorino Vitorino Fróis Fróis e e alargou-se alargou-se em em 1999 1999 ao ao lado lado esquerdo.<br />

esquerdo.<br />

Para Margarida Gama Lourenço,<br />

estes animais são mesmo<br />

um aliciante, “gosto “gosto imen- imenimen- so” so”, so” afirma. Apesar de não ter<br />

tudo tudo bem, bem, coisa coisa que que que há há uns<br />

uns<br />

anos anos era era impensável”<br />

impensável”.<br />

impensável”<br />

J.R. J.R.<br />

J.R.<br />

2010- 2010- É criada uma sala<br />

de recobro para os animais recém-operados


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

18 | Fevereiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Henrique Querido, SA – o estucador que chegou a em<br />

com o filho<br />

A A família família Querido Querido numa numa foto foto de de 1982 1982<br />

Ricardo Ricardo Querido Querido Querido e e e o o pai. pai. O O O irmão irmão irmão Vítor, Vítor, Vítor, que que chegou chegou a a participar participar participar na na gestão gestão gestão da da da empresa, empresa, empresa, morreu morreu morreu em em em 1992<br />

1992<br />

“Andei “Andei a a dar dar dar serventia serventia na- na- na- na- na- cas cas pessoas pessoas sabiam sabiam fazer fazer fazer -<br />

- comprarcomprarcomprar terrenos terrenos e e e a a conscons-<br />

O objectivo era criar uma grandos.dos. Nunca Nunca o o fiz. fiz. EmbrenheiEmbrenheilho<br />

pudesse trabalhar à vontade,<br />

quelequelequele prédio prédio prédio onde onde onde o o Abílio Abílio FloFlo-<br />

aquelas aquelas flores flores todas todas no no tecto<br />

tecto truirtruir apartamentos apartamentos para para venvende<br />

empresa de construção civil nas me me de de de tal tal forma forma no no trabalho<br />

trabalho pois também a construção civil tem<br />

res res tinha tinha a a a loja loja de de peças peças [junto emem estuque, estuque, tudo tudo tudo ao ao pormeporme-<br />

der. der. Foi Foi aí aí aí que que convidei convidei o o Júlio<br />

Júlio <strong>Caldas</strong>. “Foi “Foi uma uma brincadeira.<br />

brincadeira.<br />

brincadeira. que que quando quando cheguei cheguei aos aos aos 22 22<br />

22 que saber atacar o mercado.<br />

à igreja] comcom uma uma uma lata lata de de de masmas-<br />

nor. nor. nor. Hoje Hoje já já não não sei sei fazer” fazer”, fazer” con- Fialho Fialho para para fazermos fazermos uma uma<br />

uma Almoçávamos Almoçávamos todas todas as as as quar- quar- quar- anosanosanos optei optei por por por agarrar agarrar comcomcom- O filho explica as suas razões:<br />

sa sa sa às às às costas. costas. Naquele Naquele tempo<br />

tempo ta o empreiteiro.<br />

sociedade”<br />

sociedade”.<br />

sociedade”<br />

tas-feirastas-feiras juntos. juntos. Depois Depois penpen-<br />

pletamente pletamente a a a empresa” empresa”, empresa” conta. “O “O “O mercado mercado da da construção<br />

construção<br />

era era muito muito duro” duro” duro”, duro” duro” conta Henri- No início da década de setenta A empresa constituída pelos sámossámos em em comprar comprar um um terreterre-<br />

Três anos depois, Ricardo Quericivilcivil se se calhar calhar ainda ainda é é consiconsique<br />

Querido. Depois, há cerca de forma uma empresa em nome dois construtores chegou a dar nono na na Foz Foz do do Arelho. Arelho. ConstruiConstruido<br />

fica a cem por centro na emderadoderadoderado um um mercado mercado margimargi-<br />

40 anos atrás, o hoje empresário individual – a Henrique Bernardi- emprego a 50 pessoas. Já havia se se um um prédio prédio de de 12 12 12 andares, andares,<br />

andares, presa, deixando para trás o sonal.nal. O O construtor construtor civil civil está está está eses-<br />

foi destacado para as obras no no Querido – e torna-se empresá- betoneiras eléctricas que mistucada um ficou com com um aparaparnho da Arquitectura e a música, tereotipado tereotipado como como o o fulano<br />

fulano<br />

Hospital das <strong>Caldas</strong>. As funções rio. Chega a ter 35 homens a traravam areia, pedra e cimento para tamento tamento e e vendemos vendemos outros<br />

outros (chegou a ser viola baixo na ban- que que vai vai enganar. enganar. Se Se nós<br />

nós<br />

continuavam a ser as de servenbalhar por sua conta, numa épo- fazer betão. Uma novidade para quatro. quatro. De De toda toda essa essa malta, malta, o o<br />

o da Declínios).<br />

transmitirmos transmitirmos uma uma imagem<br />

imagem<br />

te. Mas é aí que Henrique Querica em os meios tecnológicos não a época. “Amassavam “Amassavam um um me- me- me- único único que que ainda ainda tem tem lá lá um<br />

um “Ao Ao princípio princípio trabalhava<br />

trabalhava séria, séria, estável estável e e organizada,<br />

organizada,<br />

do recebe uma proposta irrecu- eram os mesmos de hoje e a fortrotro de de betão betão de de cada cada vez. vez. AgoAgo-<br />

apartamento apartamento sou sou eu” eu”, eu” dá con- junto junto dos dos clientes clientes a a a escolher escolher<br />

escolher dará dará certamente certamente confiança confiança ao<br />

ao<br />

sável. “Quando “Quando acabaram acabaram acabaram as<br />

as ça humana era a “máquina” da ra ra já já não não trabalham trabalham trabalham com com elas.<br />

elas. ta o empreiteiro.<br />

materiais”<br />

materiais”. materiais” Daí à direcção de consumidor”<br />

consumidor”.<br />

consumidor”<br />

obras, obras, o o patrão patrão convidou-me<br />

convidou-me construção.<br />

Hoje Hoje faz-se faz-se um um prédio prédio muito<br />

muito Da Edificaldas sai um dos mai- uma obra foi um passo. Começou Hoje, aos 35 anos, Ricardo Que-<br />

para para para Lisboa Lisboa a a a fim fim de de de tomar<br />

tomar “As “As “As pessoas pessoas tinham tinham que<br />

que maismaismais rápido. rápido. Num Num dia dia encheencheores<br />

empreendimentos da altu- por substituir o pai nos seus perírido ocupa o lugar de director-<br />

conta conta da da da construção construção de de um<br />

um dar dar ao ao cabedal. cabedal. Não Não é é como como<br />

como se se os os pilares pilares todos” todos”, todos” declara ra: os prédios da Avenida 1º de odos de férias. “Quando “Quando che- che- che- geral de uma empresa que em<br />

prédio prédio de de seis seis andares. andares. Eu Eu<br />

Eu<br />

2009 passou a sociedade anóni-<br />

disse: disse: Oh Oh Oh Oh Oh senhor senhor senhor senhor senhor engenheiro,<br />

engenheiro,<br />

engenheiro,<br />

engenheiro,<br />

engenheiro,<br />

vou vou vou vou vou para para para para para lá lá lá lá lá tomar tomar tomar tomar tomar conta conta conta conta conta de de de de de<br />

homens homens homens homens homens que que que que que têm têm têm têm têm idade idade idade idade idade para para para para para<br />

ser ser ser ser ser meus meus meus meus meus pais. pais pais pais pais . E E ele: ele: Não Não Não Não Não te- te- te- te- tenha<br />

nha nha nha nha medo”. medo medo medo medo Henrique Querido<br />

Foi no final da década de 50 que Henrique Querido entrou como empresário no ramo da construção<br />

civil. Quase sempre foi patrão. Mas antes de o ser, este empreiteiro, natural do Carvalhal Benfeito,<br />

passou pela árdua tarefa de ser servente, numa época em que o imobiliário nas <strong>Caldas</strong> despontou de<br />

forma galopante.<br />

ma (ver cronologia). Garante que<br />

nunca pensou em desistir, mesmo<br />

quando se assustava com os<br />

valores das compras dos terrenos<br />

do pai.<br />

aceitou, claro.<br />

O gosto de ver um prédio a er-<br />

Mudou-se, então, de malas e agora agora agora em em que que a a grua grua pode pode ter ter<br />

ter Henrique Querido. Como tudo tem Maio que fazem confluência com guei,guei, as as pessoas pessoas pessoas já já me me me conheconheguer-se<br />

deu-lhe coragem para<br />

bagagens para Lisboa. Finda a uma uma lança lança de de 30 30 a a 60 60 metros<br />

metros um fim, os dois sócios acabaram a Rua Raul Proença. Contudo, e ciam ciam ciam desde desde miúdo. miúdo. Tal Tal como<br />

como continuar a sua missão. “Temos<br />

“Temos<br />

obra, como a experiência correra de de comprimento comprimento e e que que chega<br />

chega por separar-se, em 1986 e Henri- com tantos construtores, come- o o meu meu pai, pai, também também tive tive algum<br />

algum umauma relação relação de de trabalho trabalho muimuimui- bem, o jovem empreendedor vai a a todo todo o o lado. lado. lado. O O pessoal pessoal tinha tinha<br />

tinha que Querido fica com a quota de çaram os conflitos, e Henrique receio: receio: Então Então Então Então Então agora agora agora agora agora também também também também também toto boa. boa. Contam-se Contam-se pelos pelos dedede- “comandar” mais uma pequena de de de andar andar com com o o balde balde pela<br />

pela Júlio Fialho. Mas um ano antes, o Querido sai da mega-empresa em vou vou vou vou vou mandar mandar mandar mandar mandar nesta nesta nesta nesta nesta gente?”, gente? gente? gente? gente? dosdos de de de uma uma mão mão as as desavendesaven-<br />

construção para a Costa de Ca- escada escada acima. acima. Demorava Demorava dias<br />

dias empresário já tinha constituído a finais dos anos 80 para se dedicar questionava-se, pensando na sua çasças que que tivemos. tivemos. Há Há diferendiferenparica.<br />

Mas decide voltar às Cal- a a encher encher uma uma laje” laje” laje”, laje” laje” afirma. sua própria empresa - a Henrique à Henrique Querido Lda. Curiosa- idade perante pessoas mais vetestes opiniões, opiniões, mas mas a a nossa nossa esesdas.<br />

“Estava “Estava fora fora da da família família e<br />

e Com o 25 de Abril dá-se tam- Querido Lda. que começa agora mente, a Edificaldas, que mudou lhas.tratégiatratégiatratégia<br />

enquadra-se enquadra-se na na junjun-<br />

tinha tinha saudades”<br />

saudades”, saudades” explica. Henbém uma revolução na empresa laborar. A empresa tem por sóci- várias vezes de sócios, só seria A juventude e o dinamismo de ção ção de de gerações. gerações. Mas Mas se se em<br />

em<br />

rique Querido tinha casado em de Henrique Querido. Durante o os o casal Henrique e Maria Filo- extinta em 2008.<br />

Ricardo Querido ajudou à moder- 1995 1995 me me perguntasse: perguntasse: Ricar- Ricar- Ricar- Ricar- Ricar-<br />

1965 com Maria Filomena e opta chamado PREC (Período Revolumena e o filho Vítor Querido (ennização<br />

da construtora. Questões do do do do do esta esta esta esta esta é é é é é sua sua sua sua sua primeira primeira primeira primeira primeira opção? opção? opção? opção? opção?<br />

por regressar, ainda que isso recionário em Curso) as coisas não tão com 20 anos e que faleceria PAI PAI NA NA OBRA, OBRA, FILHO FILHO NA<br />

NA como o marketing, imagem em- Eu Eu diria diria claramente claramente que que não” não”, não”<br />

presentasse deixar de ser encar- estão de feição para quem é pa- seis anos depois num acidente de IMAGEM IMAGEM DA DA EMPRESA<br />

EMPRESA presarial e sistema informático afirma. “Complementamo-<br />

“Complementamo“Complementamoregado<br />

de obra e voltar a trabatrão e Henrique Querido resolve a viação).<br />

não estavam assim tão presen- nos” nos” nos”, nos” nos” acrescenta Henrique Quelhar<br />

apenas como estucador. coisa de forma pragmática – des- O espírito empreededor de Ricardo Querido, filho mais tes na Henrique Querido Lda. rido, definindo assim obra cons-<br />

“Antigamente “Antigamente ganhava ganhava o<br />

o pede todos os trabalhadores. Em Henrique Querido não se fica por novo do empreiteiro (nasceu em “Em “Em 1994 1994 1994 estavam estavam a a a aparecer aparecer<br />

aparecer truída entre pai e filho.<br />

dinheiro dinheiro que que queria” queria” queria”, queria” diz com 1978, em vez de empresário em aqui. Nos anos 80, aventura-se 1975) entra na empresa com 20 osos grandes grandes grandes softwares softwares de de de gesges-<br />

satisfação. “O “O ordenado ordenado nor- nor- nor- nome individual, junta-se a Júlio numa nova sociedade - a Edifical- anos. Tinha terminado o 12º ano tão tão que que foram foram necessários<br />

necessários<br />

necessários A A EXPANSÃO EXPANSÃO PARA PARA O<br />

O<br />

mal mal era era de de de 50 50 50 escudos escudos [25 cên- Fialho e forma a Querido & Fialho, das, desta vez com mais sete há dois e o seu sonho era tornarimplementar.implementar. Gastou-se Gastou-se alal-<br />

ALGARVE<br />

ALGARVE<br />

timos] e e eu eu já já ganhava ganhava três três a<br />

a Lda, a primeira das várias socie- empresários: António Vibaldo, se arquitecto, mas, como o irmão gum gum dinheiro, dinheiro, mas mas criou-se<br />

criou-se<br />

quatro quatro quatro vezes vezes mais. mais. É É certo certo que que<br />

que dades por quotas que faria ao Abílio Pedro, António Leitão, Jú- falecera três anos antes, decide uma uma uma imagem” imagem”, imagem” imagem” conta.<br />

Já por si, o Algarve é sinónimo<br />

muitas muitas vezes vezes não não me me me deitava<br />

deitava longo da sua vida empresarial. lio Fialho, Silvino Costa e José e ajudar o pai na firma.<br />

O pai admite que nunca esteve de empreendimento. E foi isso que<br />

porpor estar estar a a trabalhar, trabalhar, mas mas fafafa- “Quando “Quando “Quando parei parei de de fazer fazer es- es- es- Luís Norte (estes últimos pai e fi- “Ao “Ao mesmo mesmo tempo, tempo, sempre sempre<br />

sempre tão vocacionado para a imagem levou Henrique Querido a expanziazia<br />

com com com gosto gosto aquilo aquilo que que poupou-<br />

tuque tuque tuque e e pinturas, pinturas, comecei comecei a<br />

a lho).penseipensei<br />

que que acabava acabava os os os estuestu-<br />

da firma, mas permitiu que o fidir-se para sul, mais exactamen-


presário e detém hoje uma sociedade anónima<br />

te para a zona das Açoteias (concelho<br />

de Albufeira). Em 1992 deram-se<br />

os primeiros passos.<br />

“A “A escolha escolha do do do Algarve Algarve em<br />

em<br />

termos termos económicos económicos é é quase<br />

quase<br />

óbvia. óbvia. O O O Algarve Algarve vendia vendia muito<br />

muito<br />

e e bem. bem. As As margens margens margens de de lucro<br />

lucro<br />

eram eram muito muito grandes” grandes”, grandes” afirma<br />

Ricardo Querido.<br />

Pai e filho ainda hoje falam com<br />

orgulho no prédio que construíram<br />

nos Olhos d’ Água (concelho<br />

de Albufeira). Está erguido a 15<br />

metros do mar, tem 50 apartamentos,<br />

com uma piscina no quarto<br />

andar e com seis pisos debaixo<br />

de terra. Contempla 555 lugares<br />

de estacionamento. “Foi “Foi a a obra<br />

obra<br />

que que me me deu deu mais mais gozo gozo fazer.<br />

fazer.<br />

Custou Custou Custou dez dez dez milhões milhões milhões de de de euros. euros.<br />

euros.<br />

É É a a a obra obra obra particular particular particular mais mais cara cara<br />

cara<br />

de de sempre sempre sempre desta desta empresa” empresa”, empresa” diz<br />

Ricardo Querido.<br />

Todavia a crise também chegou<br />

ao Algarve. O director-geral<br />

da construtora declara que as<br />

vendas são esporádicas, embora<br />

garanta que o mercado lá não<br />

parou. “O “O grande grande cliente cliente cliente do do Al- Al- AlAlgarvegarve era era o o o inglês inglês e e o o irlanirlan-<br />

dês. dês. A A Irlanda Irlanda Irlanda está está no no no estado<br />

estado<br />

em em que que está. está. Neste Neste momento<br />

momento<br />

é é muito muito difícil difícil a a um um britânico<br />

britânico<br />

conseguir conseguir um um financiamento<br />

financiamento<br />

financiamento<br />

em em Portugal. Portugal. Assim Assim sendo, sendo, o<br />

o<br />

mercado mercado que que volta volta a a existir<br />

existir<br />

comcom força força é é é o o mercado mercado de de pripri-<br />

meira meira habitação”<br />

habitação”, habitação”<br />

habitação” afirma.<br />

A obra da Henrique Querido<br />

S.A. mostra-se em empreendimentos<br />

na cidade das <strong>Caldas</strong>, na<br />

Foz do Arelho, em Salir de Matos,<br />

Rio Maior e na Marinha Grande.<br />

Contudo, o empreiteiro diz<br />

preferir a construção privada.<br />

“Embora “Embora estejam estejam [para privados]<br />

a a vender vender vender mal, mal, nas nas obras<br />

obras<br />

públicaspúblicaspúblicas ganha-se ganha-se ganha-se muito muito poupoucoco<br />

dinheiro dinheiro e e pagam pagam pagam tardiatardia-<br />

mente” mente” mente”, mente” mente” afirma Henrique Querido.<br />

Uma queixa comum a muitos<br />

empresários acerca dos atrasos<br />

dos pagamentos do Estado.<br />

“Mas “Mas somos somos muito muito fiéis fiéis às às<br />

às<br />

<strong>Caldas</strong>”, <strong>Caldas</strong>”, acrescenta Ricardo Querido.<br />

“Somos “Somos das das poucas poucas em- emem- presas presas que que podemos podemos dizer dizer que<br />

que<br />

temos temos algumas algumas algumas coisas coisas por<br />

por<br />

vender,vender, mas mas mas também também também nos nos sussus-<br />

tentámos. tentámos. Fomos Fomos fazendo fazendo à<br />

à<br />

medidamedida que que o o cliente cliente foi foi foi apaaparecendo,recendo,<br />

apostando apostando na na qualiquali-<br />

dade dade e e em em em bons bons sítios” sítios” sítios”, sítios” sítios” remata.<br />

Hoje, a Henrique Querido S.A.<br />

já contempla cem prédios na cidade.<br />

É obra.<br />

Tânia Tânia Marques<br />

Marques<br />

tania.marques@gazetacaldas.com<br />

Carlos Carlos Cipriano Cipriano<br />

Cipriano<br />

cc@gazetacaldas.com<br />

Se há 40 anos o trabalho duro da<br />

construção civil era o esforço humano,<br />

hoje é duro tratar de toda a<br />

documentação para se conseguir fazer<br />

um prédio. Desde o dia da compra<br />

de um terreno até ao dia da construção<br />

dos apartamentos podem<br />

passar largos meses ou anos. A estrutura<br />

burocrática é grande e morosa<br />

e não há empresário da construção<br />

civil que dela não se queixe.<br />

“As “As aprovações aprovações nas nas Câma- CâmaCâma- ras ras são são le lentas. le ntas. A A nossa nossa estrutuestrutu-<br />

ra ra é é cega cega ao ao investimento investimento e e à<br />

à<br />

boaboa saúde saúde financeira financeira da da empreempre-<br />

sa. sa. Por Por Por isso isso é é que que que se se vai vai criando<br />

criando<br />

mais mais documentos documentos para para tratar. tratar.<br />

tratar.<br />

Devia Devia dar-se dar-se dar-se um um passo passo atrás<br />

atrás<br />

paraparapara que que as as as obras obras e e edifícios edifícios edifícios fosfos-<br />

sem sem seguidos seguidos por por projectos projectos que que<br />

que<br />

já já existem” existem” existem”, existem” existem” diz Ricardo Querido.<br />

Aliada à burocracia das legalizações<br />

dos empreendimentos, a<br />

crise teima em não largar o sector<br />

imobiliário e para isso há que procurar<br />

novas estratégias para a solidez<br />

da Henrique Querido S.A.. Solução?<br />

A empresa pretende expandir-se<br />

no mercado turístico, comércio<br />

e serviços. E a firma até está<br />

constituída desde 2002: H&Q, Empreendimentos<br />

Turísticos, Lda. “É<br />

“É<br />

umum olhar olhar para para o o futuro futuro um um bo- bo- bo-<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

21<br />

18 | Fevereiro | 2011<br />

Combate à crise passa pelo mercado turístico, comercial<br />

e de serviços<br />

Da construção civil para a presidência do<br />

<strong>Caldas</strong> SC<br />

Para além da construção civil,<br />

Henrique Querido dedicouse<br />

também a outra paixão: o<br />

<strong>Caldas</strong> SC. Na época 1982-83 tornou-se<br />

director do clube. No ano<br />

seguinte foi para director das<br />

instalações desportivas e no<br />

terceiro ano chegou a presidente,<br />

cargo que ocupou – alternadamente<br />

– durante oito anos,<br />

até à época 1999-2000. Tal como<br />

na construção civil, o filho também<br />

quis acompanhar o pai nas<br />

lides desportivas. Ricardo Querido<br />

esteve ligado ao futssal e é<br />

ainda vice-presidente do <strong>Caldas</strong>,<br />

mas saiu a meio da época passada<br />

por falta de disponibilidade<br />

para o clube. É sócio há 25<br />

anos. “Não “Não fui fui um um presidente<br />

presidente<br />

dodo <strong>Caldas</strong>, <strong>Caldas</strong>, fui fui fui um um empregaemprega-<br />

do do do do <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> quase quase a a tempo<br />

tempo<br />

inteiro” inteiro”, inteiro” resume Henrique Querido.<br />

“Deixei “Deixei lá lá muita muita obra obra fei- feifeita,ta, por por por exemplo exemplo o o arrelvaarrelva-<br />

mento mento mento do do campo campo da da mata.<br />

mata.<br />

Trabalhei Trabalhei muito muito nessa nessa altu- altu- altualtu- ra ra porque porque o o dinheiro dinheiro não<br />

não<br />

cadocadocado cauteloso, cauteloso, cauteloso, mas mas conveniconveni-<br />

ente.” ente.”, ente.” explica Ricardo Querido. A<br />

empresa possui terrenos em Mortágua,<br />

perto da barragem da Aguieira<br />

e no Alandroal, perto da barragem<br />

do Alqueva. Os motivos são<br />

óbvios: fazer ali alguma coisa relacionado<br />

com o turismo rural ou agroturismo.<br />

Mas o momento actual é<br />

de pura expectativa.<br />

A sociedade tem 22 funcionários<br />

incluindo encarregados, engenheiros,<br />

motoristas, pessoal de escritório<br />

e operários. Mas ainda há um<br />

mês havia mais de 120 homens a<br />

trabalhar para a empresa, mas em<br />

regime de subempreitada. Pai e filho<br />

dizem que hoje em dia, num<br />

prédio médio, 20 a 30% da obra é<br />

feita em outsoursing.<br />

Grande parte dos trabalhadores<br />

por empreitada são do Leste Europeu<br />

e brasileiros. “Existem “Existem “Existem tam- tamtam- bém bém alguns alguns portugueses, portugueses, mas<br />

mas<br />

o o trabalho trabalho da da obra obra ninguém ninguém ninguém o<br />

o<br />

Uma Uma construção construção da da firma firma no no centro centro centro das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> na na década década de de de noventa. noventa.<br />

noventa.<br />

quer” quer”, quer” afirma Ricardo Querido, persiste Henrique Querido. “Estão<br />

“Estão bar?” bar?” bar?”, bar?” questiona.<br />

dando a conhecer que no empremilharesmilhares formados formados no no desemdesem-<br />

Ambos concordam que forma- CRONOLOGIA<br />

endimento nos Olhos d’ Água contabilizaram<br />

homens de 24 nacionalidades<br />

(desde paquistaneses, senegaleses<br />

eaté indianos).( “Nin- “Nin“Nin- guém guém o o quer, quer, mas mas qualquer qualquer dia<br />

dia<br />

também também têm têm que que o o gramar” gramar”, gramar”<br />

prego. prego. Se Se nós nós continuamos continuamos a<br />

a<br />

formar formar mais mais jovens... jovens... Para Para quê?<br />

quê?<br />

Para Para irem irem irem para para para o o Modelo Modelo avi- aviavi- ar? ar? Se Se Se não não querem querem ir ir para para a<br />

a<br />

agricultura,agricultura, nem nem para para para a a consconstrução,trução,trução,<br />

o o o que que que vão vão vão fazer? fazer? fazer? Rou-<br />

Rou- Roução<br />

na área da construção civil seria<br />

fundamental para incentivar os<br />

jovens a “construir” melhor o seu<br />

futuro.<br />

T.M. T.M.<br />

T.M.<br />

1941 1941-<br />

Nasce Henrique Querido<br />

1965 1965 - Casa com Maria Filomena<br />

1966 1966 1966-<br />

Nasce o primeiro filho,<br />

Vítor Querido<br />

1975 1975-<br />

Nasce Ricardo Querido<br />

1978 1978–<br />

Henrique Querido cria<br />

a sua primeira sociedade - a<br />

Querido & Fialho Lda.<br />

Início Início Início dos dos anos anos 80 80 80 – Henrique<br />

Querido junta-se a mais<br />

lembra esses anos, Henrique sete empresários caldenses e<br />

Querido não esquece a tristeza criam a Edificaldas<br />

de nunca ter sido agradecido 1985 1985 – Constituição da Henri-<br />

pela “obra” que deixou ao cluque Querido, Lda. tendo como<br />

Henrique Henrique Querido Querido quando quando presidia presidia ao ao <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> Sport<br />

Sport<br />

Club Club entrega entrega a a a chave chave de de um um um carro carro sorteado<br />

sorteado<br />

be. “Prejudiquei “Prejudiquei “Prejudiquei muito muito as as mi- miminhasnhasnhas empresas, empresas, empresas, a a a minha minha minha fafafa-<br />

mília, para para dar dar o o máximo de<br />

apoio apoio ao ao ao <strong>Caldas</strong>. <strong>Caldas</strong>. Nunca Nunca Nunca fui<br />

fui<br />

agradecido.agradecido. Gastei Gastei muito muito didinheironheiro<br />

e e quando quando vinha vinha emem-<br />

bora, bora, passavam passavam passavam aquilo aquilo a a<br />

a<br />

meia meia dúzia dúzia de de patacos” patacos”, patacos” patacos” diz.<br />

Quando saiu a última vez da presidência,<br />

dois anos depois convidavam-no<br />

para retomar o cargo,<br />

mas já não aceitou.<br />

Ainda assim, o empresário<br />

sócios o casal Herique e Filomena<br />

Querido<br />

1986 1986 1986 – Júlio Fialho sai da sociedade<br />

Querido & Fialho e<br />

Henrique Querido fica com a<br />

sua quota<br />

1992 1992 – Vítor Querido morre<br />

num acidente de viação<br />

1995 1995 – O irmão, Ricardo, entra<br />

para a firma<br />

2002 2002 – Nasce a H&Q, Empreendimentos<br />

Turísticos<br />

2009 2009 – A empresa Henrique<br />

Querido passa a Sociedade<br />

não se arrepende do que fez Anónima com um capital sociabundava.abundava.<br />

Tínhamos Tínhamos Tínhamos um um oror-<br />

Questões financeiras aparte, pelo clube. “As “As “As pessoas pessoas mu- mu- mu- mu- mu- al de 1,3 milhões de euros.<br />

çamento çamento çamento de de 5800 5800 contos contos contos [28 o empreiteiro fala com orgulho dam, dam, mas mas mas a a colectividade colectividade fica.<br />

fica.<br />

mil euros]. . . A A Câmara Câmara Câmara tinha- tinha- tinha- da boa equipa que o <strong>Caldas</strong> SC O O <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> não não tem tem nada nada para<br />

para Ano<br />

Ano Facturação<br />

Facturação<br />

nos nos nos prometido prometido que que dava<br />

dava<br />

quatro quatro mil mil contos contos [20 mil euros]<br />

e e era era preciso preciso preciso arranjar arranjar os<br />

os<br />

oito oito mil, mil, a a pedra pedra e e centenas<br />

centenas<br />

de de camiões camiões de de areia. areia. Passei<br />

Passei<br />

noitesnoites inteiras inteiras sem sem me me deidei-<br />

tar” tar” tar”, tar” conta.<br />

tinha. “Andávamos “Andávamos nos nos luga- lugaluga- res res cimeiros” cimeiros”. cimeiros” E também das<br />

actividades para angariar fundos<br />

para o clube. “Fazíamos<br />

“Fazíamos<br />

“Fazíamos<br />

noites noites de de fados, fados, jantares jantares e e<br />

e<br />

até até sorteios sorteios de de carros, carros, todos todos<br />

todos<br />

os os meses” meses”. meses” Porém, quando re-<br />

dar dar a a ninguém, ninguém, as as pessoas pessoas pessoas é<br />

é<br />

que que têm têm de de dar dar ao ao <strong>Caldas</strong>” <strong>Caldas</strong>”, <strong>Caldas</strong>”<br />

concluí.<br />

T.M. T.M.<br />

T.M.<br />

2005 4,7<br />

2006 10,7<br />

2007 8,5<br />

2008 11,5<br />

2009 12,9<br />

2010 7,74<br />

(em milhões de euros)


20<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

25 | Fevereiro | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

, , VV<br />

GG<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

Casa Galinha há 55 anos na rua Leão Azedo a vender<br />

António António Galinha Galinha Galinha (1913-1990) (1913-1990) foi foi o o fundador fundador da da loja loja que que leva<br />

leva<br />

o o seu seu apelido<br />

apelido<br />

Sete anos depois, Maria José<br />

Galinha decidiu passar o negócio<br />

para o seu irmão e sobrinha. A 19<br />

de Dezembro de 1997 foi constituída<br />

a sociedade irregular “Casa Galinha<br />

de José Maria Marques e Maria<br />

Zita Marques Mateus Silva dos<br />

Santos”. Tio e sobrinha, que dedicaram<br />

toda a sua vida profissional<br />

à loja, passaram a ser os dois únicos<br />

sócios.<br />

O ramo de actividade oficial é a<br />

venda de solas, cabedais, peles e<br />

artigos para manutenção e restauro<br />

de calçado e de peles, como a<br />

graxa e as tintas para mudar de<br />

cor. Para além disso, vendem cintos,<br />

colas, coleiras de cães, calçadeiras<br />

e palminhas, entre outros artigos.<br />

Há produtos que ainda fazem<br />

sucesso, como os de tratamento<br />

para sofás de couro, ou os utilizados<br />

para impermeabilizar botas e<br />

casacos ensebados.<br />

Ao longo da sua existência só<br />

trabalharam naquele estabeleci-<br />

Zita Zita Santos Santos ladeada ladeada pelos pelos tios tios que que a a criaram criaram criaram no<br />

no<br />

dia dia do do seu seu casamento, casamento, em em 1977<br />

1977<br />

José José Marques Marques e e a a sobrinha sobrinha Zita Zita Santos Santos à à porta porta da<br />

da<br />

Casa Casa Galinha, Galinha, Galinha, que que se se mantém mantém mantém inalterada inalterada durante durante durante 55 55 anos.<br />

anos.<br />

mento os dois cunhados António era caixeiro-viajante de uma loja Leão Azedo, mesmo junto à cen- UNICAL.<br />

va va que que que não não era era por por por fazer<br />

fazer<br />

Galinha e José Marques, bem como que vendia solas e cabedais em tral de camionagem dos Capris- Embora o primeiro contrato obras obras que que iríamos iríamos vender vender<br />

vender<br />

as respectivas sobrinhas de ambos, Coimbra - a Faria Oliveira & C.ª, tanos, que tinha sido inaugura- da Casa Galinha com os senho- mais mais”, mais comentou.<br />

Zita Santos e Fernanda Raimundo. Lda, que ainda hoje existe. da seis anos antes.<br />

rios date de 1957, Zita Santos A maior parte dos materiais<br />

Esta última foi trabalhar para a Casa Na altura, um outro comerci- O prédio, propriedade de Car- garante que a loja abriu em 1955. utilizados ainda são os mesmos<br />

- a balança que está no balcão<br />

para as gramas ou as balanças<br />

Fundada em 1955, a Casa Galinha é um dos estabelecimentos comerciais mais antigos das <strong>Caldas</strong> da decimais (uma para grandes<br />

Rainha, com a particularidade de nunca ter sofrido qualquer remodelação. Instalada na rua Leão<br />

quantidades e outra para pesos<br />

Azedo, começou por ser um local de peregrinação das centenas de sapateiros que existiam na<br />

menores), mas também uma<br />

região, que ali se abasteciam de cabedais, solas e outros artigos necessários para o seu ofício.<br />

ferramenta de corte de peles<br />

O fundador, António Galinha, foi proprietário do estabelecimento até que morreu, a 10 de Fevereiro que terá mais de 100 anos e que<br />

de 1990, com 77 anos. Nessa altura a mulher, Maria José Marques Ferreira Galinha, herdou a loja que foi comprada em segunda mão.<br />

passou a ser gerida pelo seu irmão, José Marques, e por uma sobrinha, Zita Santos. “Ela Ela Ela Ela Ela nem nem nem nem nem<br />

sequer sequer sequer sequer sequer precisava precisava precisava precisava precisava de de de de de vir vir vir vir vir aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, porque porque porque porque porque confiava confiava confiava confiava confiava totalmente totalmente totalmente totalmente totalmente em em em em em nós nós nós”, nós nós refere hoje a sobrinha,<br />

que tem 55 anos.<br />

Em 2004 houve uma novidade<br />

na decoração da loja. Incentivados<br />

pelo discurso do então seleccionador<br />

nacional Scolari, colocaram<br />

à frente do balcão uma<br />

Galinha aos 18 anos, mas emigraria ante de Coimbra convenceu Anlos Tomaz (já falecido) e da sua “Está Está tudo tudo tudo igual igual desde<br />

desde bandeira nacional, que ainda se<br />

para os Estados Unidos algum temtónio Galinha a investir na sua mulher, Adelina Tomaz (que ain- essa essa essa altura, altura, não não se se mexeu mexeu em<br />

em mantém no lugar.<br />

po depois, onde ainda reside. própria loja de solas e cabedais da hoje mora por cima da loja), nada. nada. Nunca Nunca fizemos fizemos fizemos uma<br />

uma<br />

nas <strong>Caldas</strong>. A cidade tinha po- tinha sido construído em 1950 e obra obra”, obra explicou Zita Santos. Há DE SAPATEIRO A<br />

DE CAIXEIRO-VIAJANTE A tencial devido à estação de com- o espaço já fora arrendado pela cerca de sete ou oito anos o tio<br />

COMERCIANTE<br />

COMERCIANTE boios, um transporte que pode- União Caldense, um armazém quis fazer obras, mas a sobriria<br />

ser utilizado para receber de mercearias, cujos sócios nha insistiu em manter tudo José Marques, nascido em<br />

A loja foi fundada em 1955 por mercadoria. Também não foi por eram António Rego e Eduardo como está. “Eu Eu sou sou muito muito muito con- con- con- con- 1930, trabalha na Casa Galinha<br />

António Ferreira Galinha, que acaso que se instalaram na rua Carvalho, e que deu origem à servadoraservadoraservadora e e e também também achaacha-<br />

desde que esta abriu. Cunhado<br />

Na Na loja loja também também também se se fazem fazem furos furos nos nos cintos cintos cintos das das calças calças<br />

José José Marques Marques na na loja loja com com dois dois clientes<br />

clientes


peles e artigos para manutenção de calçado<br />

José José Marques Marques com com uma uma ferramenta ferramenta de de corte corte de de peles peles que que terá terá mais mais de de 100 100 anos anos e e que<br />

que<br />

foi foi comprada comprada em em segunda segunda mão.<br />

mão.<br />

Zita Zita Santos Santos continua continua a a pesar pesar pregos pregos como como o o fazia fazia há há 40 40 anos<br />

anos<br />

de António Galinha, foi convi- soas soas soas deixaram deixaram de de querer<br />

querer Casa Galinha às nove da manhã “Vinha Vinha sempre sempre aqui aqui às<br />

às que começou a trabalhar oficidado<br />

a vir trabalhar para as Calmetermetermeter as as mãos mãos onde onde onde os os ououou- e fechava às 19h00. À noite ia <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> passar passar férias férias com com com os<br />

os almente na loja a 1 de Outubro<br />

das porque tinha experiência tros tros tros metiam metiam os os pés pés”, pés ironiza tratar dos porcos e nunca che- meus meus meus quatro quatro quatro irmãos. irmãos. Os Os<br />

Os de 1966, tinha então 13 anos.<br />

como sapateiro em Freires (Be- José Marques.<br />

gou a contratar nenhum funcio- meus meus tios tios não não tinham tinham filhos<br />

filhos “Ainda Ainda era era era pequenita<br />

pequenita”, pequenita conedita).<br />

Desde os 13 anos que “Hoje Hoje Hoje são são são poucos poucos os os sapa- sapa- sapa- nário para o ajudar.<br />

e e a a minha minha tia tia fez fez questão questão que<br />

que mentou, agora mais bem-dis-<br />

se dedicava ao ofício de sapateirosteiros que que que existem existem nas nas CalCalCal- Manteve a pecuária durante eu,eu, que que era era a a mais mais velha, velha, viviviposta.teiro e tinha por isso já alguma das das”, das comentou Zita Santos, 26 anos, até que o negócio co- esse esse morar morar com com eles eles aos<br />

aos A comerciante lembra-se<br />

experiência no ramo.<br />

mas segundo o seu tio chegameçou a dar prejuízo. Vendeu-a nove nove anos, anos, mas mas continuei<br />

continuei também quando os sapateiros<br />

O pai de José Marques era poram a ser uma centena. Alguns e com esse dinheiro comprou um sempre sempre sempre a a relacionar-me relacionar-me relacionar-me bem<br />

bem faziam fila à segunda-feira para<br />

lícia em Angola, a então colónia desses sapateiros caldenses, bar na Cidade Nova que é geri- com com os os meus meus pais pais”, pais contou comprarem o material de que<br />

portuguesa para onde a mãe do como José Domingos, são cliendo por um dos seus filhos há Zita Santos.<br />

precisavam para o seu ofício.<br />

comerciante nunca quis ir. “Ela Ela<br />

tes desde sempre e mantêm-se cerca de 17 anos.<br />

Logo nessa altura começou a “Tinha Tinha 13 13 anos anos e e ficava ficava mui- muimui- tinha tinha medo medo de de ir ir para para lá lá lá e e por<br />

por em actividade. “O O melhor melhor melhor sa- sa- sa- José Martins reformou-se aos frequentar a loja, mas apenas to to irritada irritada irritada porque porque o o meu meu tio<br />

tio<br />

isso isso acabámos acabámos por por nunca<br />

nunca pateiropateiro das das das <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> é é o o sese-<br />

65 anos, mas não quis deixar a para passar tempo. “Tanto Tanto eu,<br />

eu, punha-mepunha-me a a pesar pesar os os pequepequepeque- mais mais saber saber nada nada dele dele dele”, dele dele recor- nhor nhor Abílio, Abílio, um um verdadeiro<br />

verdadeiro loja e todos os dias às nove da comocomo outras outras pessoas pessoas que que que vivi-<br />

nos nos pregos pregos e e depois depois ralhava<br />

ralhava<br />

dou José Marques.<br />

artista. artista. Sabe Sabe restaurar restaurar tudo<br />

tudo manhã está a abrir-lhe a porta. nhamnham para para aqui aqui brincar brincar adoado-<br />

comigo comigo comigo a a a dizer dizer que que eu eu não<br />

não<br />

Desde novo dedicou-se aos e e faz faz artesanato artesanato em em peles peles peles”, peles É ele também quem encerra o ravam ravam mexer mexer nas nas peles. peles. Os Os<br />

Os sabiasabia pesar. pesar. Mas Mas tenho tenho muimui-<br />

sapatos, numa oficina em Frei- adiantou a comerciante. estabelecimento todos os dias netos netos do do meu meu tio tio também<br />

também tastas saudades saudades desses desses temtemres,<br />

onde trabalhava com outro Ao longo do tempo tiveram às sete da tarde. Desde que foi brincarambrincaram todos todos aqui. aqui. As As cricri-<br />

pos pos”, pos disse.<br />

cunhado, acabando por se mu- que se adaptar e começar a ven- criado o Toma a sua sobrinha ançasanças rebolavam rebolavam nos nos coucou-<br />

A comerciante é casada com<br />

dar para as <strong>Caldas</strong> para responder outro tipo de artigos. apanha o autocarro que passa ros ros”, ros recordou.<br />

um empresário que tem uma fáder<br />

ao convite de António Gali- “Como Como quase quase quase não não há há sapa- sapa- sapa- em frente à Rodoviária às 18h20 Até ao dia do seu casamento, brica de sapatos na Benedita,<br />

nha de quem ficou empregado. teiros, teiros, os os nossos nossos principais<br />

principais para ir para casa. “Ainda Ainda bem<br />

bem em 1977, Zita Santos morou sem- lamentando-se que também<br />

Nos primeiros anos, quando clientes clientes são são as as senhoras senhoras que<br />

que que que o o o meu meu meu tio tio continua continua aqui,<br />

aqui, pre com os seus tios, junto ao esse negócio esteja a sofrer<br />

havia muitos sapateiros, a loja procuramprocuram os os nossos nossos produprodu-<br />

porque porque sempre sempre vai vai estando<br />

estando Tribunal das <strong>Caldas</strong>.<br />

muito com a crise.<br />

teve um grande sucesso pois, tos tos”, tos adiantou Zita Santos. entretido. entretido. entretido. Os Os homens homens homens não<br />

não Os tempos eram outros e Zita Quanto à Casa Galinha, “só só<br />

para além dos das <strong>Caldas</strong>, vi- Há até clientes da zona de Lis- servem servem para para ficar ficar em em casa casa”, casa Santos lembra-se que oito dias conseguimos conseguimos manter manter a a loja<br />

loja<br />

nham abastecer-se à Casa Galiboa que ao sábado de manhã gracejou a sua sobrinha. antes de se casar, a tia não a abertaaberta porque porque a a renda renda é é muimuinha<br />

pessoas de toda a região aproveitam uma visita às <strong>Caldas</strong> “Tenho Tenho amor amor amor a a isto. isto. Se Se fa- fa- fa- deixou ir com o actual marido to to barata. barata. Isto Isto já já nem nem sequer<br />

sequer<br />

Oeste.<br />

para comprar artigos que dizem lho lho um um dia dia em em vir vir cá cá parece<br />

parece comer uma caldeirada a Penidádá para para tirarmos tirarmos um um ordeorde-<br />

José Marques nessa altura de- não encontrar em mais lado ne- que que já já já não não não ando ando bem bem”, bem expliche. nado nado daqui daqui”, daqui lamenta.<br />

dicava alguns dias para sair à nhum, ou então que são muito ca o comerciante.<br />

Quando andou a estudar à<br />

estrada como caixeiro-viajante, mais baratos na Casa Galinha. Recentemente José Marques noite para fazer o curso comer- A primeira renda foi de 450<br />

visitando várias centenas de<br />

voltou a fazer pequenos servicial, na Escola Secundária Rafa- escudos [2,2 euros] e actual-<br />

oficinas, não só na região, mas PELO MEIO, UMA PECUÁRIA ços como sapateiro. “Havia Havia<br />

el Bordalo Pinheiro, a sua tia mente pagam 150 euros. Sem<br />

até na zona da Grande Lisboa.<br />

pessoaspessoaspessoas que que que pediam pediam e e comecome-<br />

também foi sempre muito rigo- quererem adiantar números em<br />

“Quando Quando fazia fazia essa essa zona<br />

zona Há cerca de 30 anos, José Marceicei a a colocar colocar capas capas nos nos sasarosa.<br />

“Eu Eu saía saía daqui daqui às às às sete sete e<br />

e relação às vendas, vão dizendo<br />

costumava costumava pernoitar pernoitar numa<br />

numa ques estava descontente com a patos patos”, patos explicou. Pedem-lhe as as aulas aulas começavam começavam às às às sete<br />

sete que cada vez vendem menos. É<br />

pensão pensão em em Vila Vila Franca Franca de<br />

de sua vida financeira e decidiu ar- também muitas vezes para fa- e e meia. meia. meia. Ia Ia a a correr correr para para casa,<br />

casa, que, apesar de sempre irem ten-<br />

Xira Xira”, Xira recordou. As primeiras riscar num outro negócio. “Ga- “Ga- “Ga- “Ga- zer mais um ou dois furos nos jantava jantava e e depois depois ia ia para para as<br />

as do vários clientes ao longo do<br />

viagens fazia-as num Austin A40 nhava nhava pouco pouco e e comecei comecei a a a ter<br />

ter cintos das calças.<br />

aulas, aulas, que que acabavam acabavam às<br />

às dia, são sempre compras de bai-<br />

e depois foi preciso comprar muitos muitos filhos” filhos”, filhos” explicou. Diri-<br />

22h50. 22h50. Mas Mas se se eu eu não não estives- estives- estives- xo valor.<br />

uma carrinha, da mesma margiu-se ao Banco de Portugal na ZITA SANTOS TRABALHA se se em em casa casa às às 11 11 horas, horas, ela<br />

ela<br />

ca, porque fazia entregas de Praça da República e pediu um DESDE OS 13 ANOS NA LOJA ia ia à à minha minha procura procura”, procura recor- DESCENDENTES NÃO<br />

grandes quantidades de mate- empréstimo de 50 contos (250<br />

da-se.<br />

QUEREM CONTINUAR<br />

rial. “Eu Eu chegava chegava a a ir ir duas<br />

duas euros). Com um ordenado na al- Zita Santos nasceu em 1953, Ainda surgem algumas lágri-<br />

NEGÓCIO<br />

vezesvezes no no no mesmo mesmo dia dia à à BeneBenetura<br />

de 800 escudos (quatro eu- na Benedita, dois anos antes da mas quando Zita Santos se re-<br />

dita dita para para para entregar entregar entregar fardos fardos de<br />

de ros) e sem nada em seu nome, loja do seu tio António Galinha corda como a tia tinha sempre o José Marques tem quatro fi-<br />

cabedal cabedal”, cabedal salientou.<br />

teve de convencer o gerente e abrir portas. Aos nove anos foi jantar na mesa quando regreslhos e oito netos. Nenhum deles<br />

Esses foram os tempos áure- arranjar dois fiadores para con- morar com os seus tios José sava do trabalho e precisava de está interessado em um dia conos<br />

da Casa Galinha, “apesar apesar de de<br />

de seguir o empréstimo. Montou Marques e António Galinha que se despachar para a escola. “Ela Ela<br />

tinuar o ofício que o ocupa há<br />

haver haver muito muito caloteiro caloteiro”, caloteiro mas então uma pecuária e conseguiu a criaram. Antes disso, ainda é é que que me me criou. criou. Os Os Os meus meus tios<br />

tios mais de meio século.<br />

ao longo dos anos os sapateiros pagar o empréstimo.<br />

morou com os seus pais em Rio trataram trataram sempre sempre de de mim mim”, mim Zita Santos tem um filho com<br />

foram desaparecendo. “Apare- Apare- Apare- Apare- Os dias de trabalho eram in- Maior, até terminar a quarta conta, emocionada.<br />

17 anos que está no 12º ano, mas<br />

ceramceram as as fábricas fábricas e e e as as pespestermináveis.<br />

Abria a porta da classe.<br />

Zita Santos também recorda também não tem nenhum inte-<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

21<br />

25 | Fevereiro | 2011<br />

resse em poder vir a trabalhar<br />

na Casa Galinha.<br />

O projecto de regeneração urbana<br />

da Câmara das <strong>Caldas</strong> prevê<br />

que a rua Leão Azedo passe<br />

a ser pedonal. Tio e sobrinha<br />

têm opiniões diferentes sobre o<br />

que isso pode fazer pelo negócio<br />

deles.<br />

Zita Santos teme que o cal-<br />

cetamento da rua afaste ainda<br />

mais as pessoas. “Tenho Tenho mui- muimuitoto receio, receio, receio, porque porque porque muitas muitas veve-<br />

zes zes zes os os clientes clientes clientes vêm vêm vêm aqui aqui de<br />

de<br />

carrocarro de de propósito. propósito. UltimaUltima-<br />

mente mente nem nem nem pessoas pessoas se se se vêem<br />

vêem<br />

na na na rua rua”, rua opinou. Na sua opinião,<br />

desde que construíram o CCC e<br />

o prédio ao lado, acabando com<br />

o estacionamento à superfície<br />

existente, as pessoas deixaram<br />

de passar na rua do Jardim.<br />

De qualquer forma, tem esperança<br />

que as obras sejam benéficas<br />

para o comércio.<br />

Para José Marques será melhor<br />

que se encerre a rua ao trânsito.<br />

“Isto Isto Isto agora agora é é só só carros<br />

carros<br />

por por todo todo todo o o lado lado”, lado critica, esperançado<br />

que a circulação de<br />

pessoas venha a aumentar depois<br />

das obras feitas.<br />

Pedro Pedro Antunes<br />

Antunes<br />

pantunes@gazetacaldas.com<br />

1913 1913 – Nasce António Galinha,<br />

fundador da loja<br />

1930 1930 - Nasce José Maria<br />

Marques<br />

1953 1953–<br />

Nasce Zita Santos<br />

1955 1955 – É fundada a Casa<br />

Galinha na rua Leão Azedo<br />

1966 1966 – Zita Santos começa<br />

a trabalhar na Casa Galinha<br />

1990 1990 – Morre António Galinha,<br />

fundador da loja<br />

1997 1997- 1997 Constituída a sociedade<br />

irregular “Casa Galinha<br />

de José Maria Marques e<br />

Maria Zita Marques Mateus<br />

Silva dos Santos”


18<br />

4 | Março | 2011<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

Carnes Moreira – produção própria garante 80% da<br />

O O casal casal António António António Moreira Moreira Moreira e e Maria Maria José José Moreira Moreira partilharam partilharam uma uma vida vida de de trabalho, trabalho, cujo<br />

cujo<br />

legado legado é é mantido mantido pelos pelos filhos.<br />

filhos.<br />

Falar das Carnes Moreira é<br />

falar da vida de António Moreira,<br />

o jovem aprendiz de barbeiro<br />

que se transformou em empresário,<br />

chegando a ter um<br />

milhar de animais nas suas herdades<br />

do Alentejo, cuja carne<br />

depois comercializa nos dois<br />

talhos das <strong>Caldas</strong> da Rainha.<br />

António Moreira nasceu em<br />

1938 na aldeia de Salir do Porto.<br />

Ainda gaiato, com os seus 15, 16<br />

anos, veio para as <strong>Caldas</strong> aprender<br />

o ofício de barbeiro, chegando<br />

a trabalhar na barbearia do<br />

Quintas, situada perto do Chafariz<br />

das Cinco Bicas. Entretanto<br />

também aprendera a tocar<br />

acordeão e, sempre que podia,<br />

animava os bailes da região com<br />

a sua presença.<br />

Mas a vida de barbeiro não o<br />

entusiasmou e, aos 20 anos,<br />

embarca no paquete Angola,<br />

onde permanece durante 12 anos<br />

a trabalhar como ajudante de<br />

pasteleiro.<br />

Em 1970 regressa à terra natal.<br />

Está então com 32 anos, altura<br />

em que começou a dedicar-se<br />

à lavoura e aos animais. O<br />

dinheiro que trouxe da vida no<br />

mar, cerca de 105 contos (524 euros),<br />

gastou-o na compra de um<br />

tractor, com o qual começou a trabalhar<br />

para ter “dinheiro “dinheiro para<br />

para<br />

comer” comer”, comer” lembram hoje os filhos,<br />

António e Miguel Moreira.<br />

António Moreira começou<br />

então a trabalhar na agricultura<br />

e prestar de serviços de la-<br />

voura com o tractor para outros<br />

agricultores. Com o dinheiro que<br />

começou a amealhar, comprou<br />

uma vaca, que na altura custava<br />

entre quatro a cinco contos<br />

(20 a 25 euros).<br />

“O “O meu meu pai pai trabalhava<br />

trabalhava<br />

trabalhava<br />

umaumauma semana semana e e arranjava arranjava arranjava didi-<br />

nheiro nheiro para para para comprar comprar uma<br />

uma<br />

vaca” vaca”, vaca” lembra o filho Miguel<br />

Moreira, actualmente com 37<br />

anos, que acompanhava o pai<br />

nas suas idas à segunda-feira<br />

Miguel Miguel e e António António insistem insistem na na na “produção “produção natural” natural” como como garante garante da da qualidade. qualidade. A A mãe, mãe, já<br />

já<br />

reformada, reformada, ainda ainda é é uma uma boa boa conselheira conselheira no no no negócio negócio negócio da da família<br />

família<br />

Caso único na região e um dos poucos a nível nacional, os talhos Moreira produzem 80% da carne que<br />

vendem aos clientes, na sua maioria de vaca.<br />

A história de sucesso das Carnes Moreira, que engloba dois talhos nas <strong>Caldas</strong> da Rainha e uma<br />

herdade de produção de carne no Alentejo, pode ser resumida na visão empreendedora de António<br />

Moreira, um natural de Salir do Porto que se recusou a ser barbeiro, ofício para o qual o mandaram<br />

aprender em gaiato.<br />

“Começou “Começou “Começou “Começou “Começou com com com com com uma uma uma uma uma vaca vaca vaca vaca vaca em em em em em inícios inícios inícios inícios inícios da da da da da década década década década década de de de de de 70 70 70 70 70 e e e e e chegou chegou chegou chegou chegou a a a a a ter ter ter ter ter mais mais mais mais mais de de de de de mil” mil” mil”, mil” mil” contam,<br />

orgulhosos, os filhos, António e Miguel, sobre o percurso do progenitor.<br />

Actualmente são eles que dão continuidade ao negócio, dividindo-se entre os talhos nas <strong>Caldas</strong> e<br />

Alter do Chão, onde continuam a criar bovinos, suínos e borregos, sempre tendo por lema “produzir o<br />

mais puro possível”.<br />

ao mercado das <strong>Caldas</strong> para<br />

comprar animais.<br />

O agora agricultor sempre<br />

que tinha algum dinheiro disponível<br />

comprava vacas, às quais<br />

depois retirava o leite para vender.<br />

Nos anos 80 chegou a ter<br />

200 vacas a dar leite, em Salir<br />

do Porto.<br />

A ajudá-lo tinha a esposa,<br />

Maria José Moreira (com quem<br />

casou em 1962), e os seus filhos,<br />

Isabel, António e Miguel, actualmente<br />

com 47, 44 e 37 anos,<br />

respectivamente.<br />

Maria José Moreira recorda<br />

que até então não tinha tido<br />

grande contacto com animais<br />

pois apenas tinha tratado de um<br />

ou dois porcos que os pais tinham<br />

para consumo doméstico.<br />

Teve que se habituar à nova vida<br />

e não foi tarefa fácil. Levantava-se<br />

pelas 6h00 da manhã, ainda<br />

o sol não era nascido, para<br />

começar a ordenha. Depois, era<br />

“tratar, tratar, limpar, limpar, limpar, voltar voltar a a oror-<br />

denhar” denhar”, denhar” num ciclo que nunca<br />

tinha fim.<br />

“Era “Era muito muito o o trabalho” trabalho” trabalho”, trabalho” trabalho” recorda<br />

hoje Maria José, com 69<br />

anos, fazendo notar que naquela<br />

altura pouca maquinaria existia<br />

e o trabalho, desde a apanha<br />

da comida para o gado no<br />

campo, à ordenha e limpeza dos<br />

estábulos, era todo feita manualmente.<br />

Em 1989 António Moreira<br />

comprou o primeiro talho, na<br />

Rua José Filipe Neto Rebelo,<br />

onde ficou a trabalhar o filho<br />

António, enquanto que o Miguel<br />

ajudava o pai e a mãe com a<br />

criação dos animais.<br />

Nesta altura ia com frequência<br />

ao Alentejo comprar palha e<br />

também animais, e num almoço<br />

num restaurante em Alter encontrou<br />

João Saraiva, das <strong>Caldas</strong>,<br />

que lhe propôs vender a<br />

herdade que possuía em Chança<br />

ou concelho de Alter do Chão.<br />

Foram de seguida visitá-la e o<br />

negócio consumou-se, corria o<br />

ano de 1993.<br />

Inicialmente começaram por<br />

levar para lá as vacas de carne que<br />

tinham em Salir do Porto, cerca de<br />

uma dezena, e foram aumentando<br />

o número, até que chegaram a<br />

ter mil cabeças de gado.<br />

Esta aquisição no Alentejo,<br />

juntamente com a crise que se<br />

verificou ao nível do leite (em<br />

que o preço pago por litro era<br />

muito baixo), levou os Moreira<br />

a deixar de apostar nesta área,<br />

para se dedicar em exclusivo ao<br />

gado de carne para venda nos<br />

talhos.<br />

Mas os primeiros tempos no<br />

Alentejo não foram fáceis. António<br />

Moreira tinha aplicado todas<br />

as suas poupanças na aquisição<br />

da propriedade e, nos dias<br />

em que tinha de lá ficar, dormia<br />

dentro da camioneta.<br />

Mais tarde, em 1998, comprou<br />

ao Estado uma fábrica de transformação<br />

de tomate que tinha<br />

falido – com uma área de sete<br />

hectares, dos quais 30 mil metros<br />

eram cobertos - onde instalou<br />

a parte de engorda dos<br />

animais.<br />

Quatro anos mais tarde<br />

abrem um novo talho nas <strong>Caldas</strong>,<br />

desta vez junto à praça de<br />

touros e, em 2005 compraram<br />

outra herdade no Alentejo, junto<br />

à primeira, perfazendo um<br />

total de 500 hectares de terreno.<br />

Este último investimento foi<br />

de um milhão de euros.<br />

António Moreira de pouco se<br />

viria a gozar deste seu património<br />

pois faleceu em 2006, com 68<br />

anos. São agora os dois filhos,<br />

António e Miguel, que continuam<br />

o negócio do pai, sempre<br />

acompanhados pela mãe.<br />

Junto dos filhos, Maria José<br />

recorda que a sua vida foi dedicada<br />

ao trabalho e que nunca<br />

teve férias. “Não “Não conheço conheço<br />

conheço<br />

nada” nada” conta, lembrando que, no<br />

início não tinham empregados e<br />

tinham que alimentar os animais<br />

e tirar-lhes o leite, e depois o trabalho<br />

foi sempre adensando-se.<br />

Na última década esteve, juntamente<br />

com o marido, grande<br />

parte do tempo na herdade do<br />

Alentejo, onde este se dedicava<br />

à criação dos animais e ela tomava<br />

conta da casa, que entretanto<br />

lá construíram.<br />

A família Moreira tem duas<br />

empresas. Os talhos, com o<br />

nome António Gregório Moreira,<br />

são agora geridos pelos herdeiros<br />

(os três filhos e a esposa).<br />

Já a exploração do Alentejo,<br />

denominada Sociedade Agrícola<br />

Moreiras, foi formada em<br />

1994 e é uma sociedade por cotas,<br />

divididas entre os irmãos<br />

António e Miguel e a mãe, Maria<br />

José Moreira.<br />

O ano passado o volume de<br />

facturação das duas empresas<br />

foi de 1,157 milhões de euros.<br />

Fátima Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

Ferreira<br />

fferreira@gazetacaldas.com<br />

António António Moreira Moreira a a tocar tocar acordeão acordeão numa numa imagem imagem da da década década de de cinquenta cinquenta e e noutra noutra quando quando esteve esteve embarcado embarcado no no navio navio Angola. Angola. Com Com as as suas suas poupanças poupanças comprou comprou um um tractor tractor que que<br />

que<br />

marcou marcou o o início início início da da sua sua sua vida vida de de empresário.<br />

empresário.<br />

empresário.


s vendas nos dois talhos que detém nas <strong>Caldas</strong><br />

“Produzimos como se produzia há 30 anos, com produtos naturais”<br />

A vida dos Moreira é agora funcionários distribuídos entre dalo das “vacas loucas” a esta-<br />

passada entre os talhos nas as duas lojas e a herdade do ção de televisão SIC entrou em<br />

<strong>Caldas</strong> e o Alentejo. O filho An- Alentejo.<br />

contacto com eles para saber<br />

tónio Moreira, actualmente com Já Miguel Moreira, actual- porque é que as suas vendas não<br />

44 anos, é o responsável pelos mente com 37 anos, deixou os caíram, tal como aconteceu com<br />

dois talhos que têm na cidade, estudos aos 14 para ir trabalhar a maioria dos outros talhos. A<br />

passando ali grande parte do directamente com o pai. “Fui<br />

“Fui resposta estava na confiança<br />

seu tempo.<br />

sempre sempre mais mais agarrado agarrado à<br />

à que as pessoas tinham em com-<br />

Lembra-se de em pequeno parte parte da da criação criação de de gado” gado”, gado” prar carne de animais que eram<br />

ajudar os pais a tratar dos ani- diz, recordando que quando saiu criados pelos próprios.<br />

mais e conta que toda a sua vida da escola foi trabalhar para a Foi também nessa altura que<br />

tem sido relacionada com esta vacaria do leite, na altura em ganharam novos clientes, mui-<br />

actividade. Quando era miúdo que estava a produzir em pleno. tos da região e alguns de fora.<br />

levantava-se bastante cedo e, “Sempre “Sempre “Sempre produzimos produzimos muito<br />

muito Entre eles uma senhora de Co-<br />

antes de ir para a escola, ainda bem” bem”, bem” conta, destacando que imbra que, depois de ver a re-<br />

limpava os estábulos dos ani- foram os únicos produtores de portagem na televisão, dirigiumais.<br />

Quando regressava das leite da região a vender para a se às <strong>Caldas</strong> para lhes comprar<br />

aulas ia ajudar a tirar o leite a Vigor. Os carros da empresa de carne. Desde então costuma<br />

apanhar o pasto para o gado. lacticínios vinham directamen- aviar-se nos talhos Moreira duas<br />

“Os “Os meus meus colegas colegas colegas ficavam<br />

ficavam te de Sintra a Salir do Porto bus- vezes por ano.<br />

contentes contentes por por ter ter férias, férias, mas mas<br />

mas car o leite, que era de bastante “A “A “A carne carne que que eu eu como como é é a a<br />

a<br />

eueu não, não, pois pois era era nessa nessa altualtu-<br />

qualidade. “O “O meu meu pai pai sempre<br />

sempre mesma mesma que que vendo vendo aos aos meus<br />

meus<br />

ra ra ra que que ainda ainda trabalhava<br />

trabalhava foi foi uma uma pessoa pessoa muito muito antiga<br />

antiga clientes” clientes” clientes”, clientes” diz António Moreira,<br />

mais” mais” mais”, mais” recorda o empresário, nana forma forma de de produzir produzir as as coicoi-<br />

destacando que sempre se são<br />

dos tempos da Escola Secundá- sas” sas”, sas” salientou Miguel, adian- conhecidos casos de problemas<br />

ria Bordalo Pinheiro, que fretando que nas carnes o proces- com animais, aumentam os cliquentou<br />

até ao 10º ano. so continua a ser igual: “pro- “pro- “pro- entes nos seus talhos.<br />

Em 1989 começa a trabalhar duzimos duzimos como como se se produzia<br />

produzia “Não “Não damos damos produtos produtos ar- ararno talho que o pai tinha com- há há 30 30 anos, anos, com com produtos<br />

produtos tificiais tificiais aos aos animais. animais. animais. Éramos<br />

Éramos<br />

prado. Nunca tirou qualquer cur- naturais” naturais” naturais”. naturais” naturais”<br />

nósnósnós que que que produzíamos produzíamos produzíamos a a a rararaso de especialização e o que A qualidade é o garante da ção,ção,ção, mas mas mas agora agora já já não não o o fafafa- sabe aprendeu-o com um em- continuidade e sucesso desta zemos zemos zemos porque porque porque não não não temos<br />

temos<br />

pregado que tinha na altura e empresa. António Moreira lem- pessoal” pessoal”, pessoal” adianta António, res-<br />

que possuía experiência no bra que, há cerca de uma décasalvando que o lema da casa é<br />

ramo. Actualmente são 14 os da, quando “explodiu” o escân- comercializar o produto o mais<br />

puro possível.<br />

viam viam viam o o o talho talho talho e e e acabavam<br />

acabavam<br />

acabavam<br />

A crise actual também se tem por por entrar entrar entrar para para comprar” comprar”, comprar”<br />

feito notar “um “um bocadinho”<br />

bocadinho” conta António, destacando<br />

nestes primeiros meses do ano, que, além de chamar clientes<br />

fazendo-se notar que as pesso- para a loja, o objectivo passou<br />

as estão sem dinheiro. “O “O ano<br />

ano por trazer um serviço que fa-<br />

passado passado foi foi espectacular, espectacular, o<br />

o zia falta aquela zona da cida-<br />

Natal Natal e e Ano Ano Ano Novo Novo possivel- possivel- possivel- possivel- de.<br />

mente mente até até foi foi melhor melhor que que os<br />

os Sobre o pai, António e Mi-<br />

anteriores”<br />

anteriores”, anteriores”<br />

anteriores” referem, reconheguel, só tecem elogios. “Era Era<br />

cendo que este início de ano umauma pessoa pessoa muito muito empreempre-<br />

está a ir mais devagar, mas os endedora, endedora, endedora, que que começou começou do<br />

do<br />

meses de Janeiro e Fevereiro nada, nada, mas mas também também também era<br />

era<br />

são sempre mais fracos. muito muito rigoroso rigoroso rigoroso e e poupado” poupado”,<br />

poupado”<br />

Neste momento, na herdade dizem, acrescentando que que-<br />

do Alentejo possuem cerca de rem continuar as suas pisadas<br />

1200 cabeças de gado, a maioria e tentar que as coisas andem<br />

bovinos, mas também suínos e para a frente.<br />

borregos. Produzem 80% da carne “Todos “Todos os os dias dias me me levan- levanlevanque vendem nas suas duas lojas tototo a a pensar pensar que que quero quero fafa-<br />

que possuem nas <strong>Caldas</strong>, (com- zer zer mais mais mais e e melhor, melhor, ou ou pelo<br />

pelo<br />

prando apenas as aves, assim menos menos manter manter o o que que que ele ele nos<br />

nos<br />

como alguma carne de porco). Por deixou” deixou”, deixou” diz António Moreira,<br />

isso, as Carnes Moreira são um destacando que essa é a “me-<br />

“me“mecaso único na região Oeste e um lhor lhor lhor homenagem homenagem que que lhe<br />

lhe<br />

dos raros do país a produzir a car- podemos podemos prestar prestar”. prestar prestar<br />

ne que gastam nos talhos.<br />

Entretanto, os filhos de am-<br />

Há cerca de oito anos decidibos, com idades compreendiram<br />

colocar uma caixa multidas entre os nove e os 11 anos,<br />

banco no talho situado na Rua já começam a seguir as pisa-<br />

José Filipe Neto Rebelo, uma vez das da família e a ligação ao<br />

que não havia nenhuma naquela<br />

zona. Os frutos fizeram-se<br />

campo e aos animais.<br />

notar na altura. “As “As “As pessoas<br />

pessoas Fátima Fátima Fátima Ferreira<br />

Ferreira<br />

vinham vinham levantar levantar dinheiro,<br />

dinheiro, fferreira@gazetacaldas.com<br />

A A carne carne que que é é vendida vendida nos nos dois dois talhos talhos é, é, na na esmagadora esmagadora maioria, maioria, maioria, de de produção produção própria. própria. Só Só compram compram aves aves e e alguma alguma carne carne carne de de porco<br />

porco<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

António António Moreira Moreira com com familiares familiares na na Herdade Herdade das das Quintas Quintas nos nos anos anos noventa. noventa. A A empresa empresa tem tem mais mais de de mil mil cabeças cabeças de de gado gado que que faz faz questão questão de de criar criar em em ambiente ambiente natural.<br />

natural.<br />

<strong>Cronologia</strong><br />

19<br />

4 | Março | 2011<br />

1938 1938–<br />

Nasce António Moreira<br />

1955 1955–<br />

Aprende o oficio de<br />

barbeiro nas <strong>Caldas</strong> e toca<br />

acordeão como nos bailes<br />

1957 1957–<br />

António Moreira embarca<br />

no paquete Angola,<br />

onde permaneceu cerca de<br />

uma década<br />

1967 1967 – Começa a dedicarse<br />

à lavoura e compra o primeiro<br />

tractor agrícola<br />

Inicio Inicio da da década década de de 70<br />

70<br />

– Compra os primeiros animais<br />

e começa a vender leite<br />

1989 1989–<br />

Abre o primeiro talho<br />

nas <strong>Caldas</strong>, situado na Rua<br />

José Filipe Neto Rebelo<br />

1993 1993 – Compra a primeira<br />

herdade no Alentejo, a Herdade<br />

das Quintas, em Chança,<br />

concelho de Alter do Chão.<br />

1994 1994 - É formada a sociedade<br />

Agrícola Moreiras, para<br />

gerir a exploração de produção<br />

de carne<br />

1996 1996–<br />

Compra uma fábrica<br />

devoluta no Alentejo que<br />

adapta para engorda dos animais<br />

2002 2002–<br />

Abre o segundo talho<br />

nas <strong>Caldas</strong> da Rainha, na<br />

Rua Praça de Touros<br />

2005 2005 – Compra a segunda<br />

herdade, contígua à que já<br />

possuíam, perfazendo um total<br />

de 500 hectares


22<br />

11 | Março | 2011<br />

UUUUUMA MA MA MA MA EE<br />

EE<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

, , VV<br />

EMPRESA MPRESA MPRESA MPRESA MPRESA, , , VÁRIAS VV<br />

ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS ÁRIAS GERAÇÕES GG<br />

ERAÇÕES ERAÇÕES ERAÇÕES<br />

ERAÇÕES<br />

Farmácias Rosa, Caldense e de Sta. Catarina – a neta<br />

expandir o negócio do avô<br />

ticaram ticaram pois pois achavam achavam que que não<br />

não veis veis nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong>”. <strong>Caldas</strong><br />

fechar os postos de medicamentos<br />

iria iria ser ser bem bem sucedido sucedido”, sucedido contam. Quando seguem rumo à capital que, ou passavam a ser farmácias -<br />

Volvidos quase 60 anos, não po- deixam para trás a frequência no Ve- se cumprissem um certo numero de<br />

deria ter feito melhor opção e hoje, rão de S. Martinho e da Foz do Arelho, itens - ou teriam que encerrar. “Hoje “Hoje<br />

“Hoje<br />

ao contrário daqueles tempos, é a estâncias que trocam pela Costa da é é é uma uma farmácia farmácia que que é é nossa nossa que<br />

que<br />

Farmácia Rosa que tem mais movi- Caparica.<br />

inaugurámos inaugurámos há há há um um ano ano”, ano dissemento.<br />

Eduarda Rosa tira o curso de Farram as irmãs Margarida e Eduarda.<br />

Primeiro a farmácia Rosa esteve mácia, apesar de nunca ter trabalha- As herdeiras das três farmácias<br />

na Rua Fonte do Pinheiro, num ex-ardo na sua profissão porque envere- contam que José Correia Rosa era<br />

mazém de uma drogaria, onde era sudou pela carreira universitária - foi “uma uma pessoa pessoa pessoa bem-disposta,<br />

bem-disposta,<br />

posto estar um ano, mas acabou por professora na Faculdade de Farmá- conversadora, conversadora, simpática simpática e<br />

e<br />

estar uma década. Depois passou cia na área da Química Orgânica, muitomuito cavalheiro cavalheiro e e bem bem eduedu-<br />

para a Rua Raul Proença e, em 1983, depois de ter tirado o seu doutora- cado. cado. cado. Era Era um um optimista optimista”.<br />

optimista<br />

“é é que que passámos passámos para para a a Av. Av. 1º<br />

1º mento em Inglaterra. A sua irmã Mar- José Rosa era um homem de es-<br />

de de Maio, Maio, primeiro primeiro num num local local<br />

local garida ainda tentou e frequentou o querda, membro do Partido Comunis-<br />

muito muito mais mais pequeno pequeno”, pequeno contaram primeiro ano do curso de Farmácia, ta e a família “era “era um um pouco pouco dife- dife- dife-<br />

Margarida e Eduarda.<br />

mas acabou por desistir pois, na verrenterente porque porque porque não não éramos éramos relireli-<br />

Desde cedo, José Rosa começa a dade, o que mais gostava era de Le- giosos giosos giosos e e não não íamos íamos à à missa missa”, missa<br />

dar emprego e é conhecido por ser tras.<br />

lembram as filhas. Era uma pessoa<br />

O O fundador fundador José José Correia Correia Rosa Rosa (1917-1999). (1917-1999). Ao Ao lado, lado, a a filha filha mais mais mais velha, velha, Margarida Margarida Rosa<br />

Rosa generoso nos pagamento dos salári- Além da sua profissão e dos seus muito respeitada e que ajudava os ou-<br />

Tacanho Tacanho e e a a neta, neta, neta, Catarina Catarina Rosa Rosa Tacanho, Tacanho, que que é é a a actual actual gestora gestora das das três três três farmácias<br />

farmácias os dos seus funcionários.<br />

negócios, José Rosa era activo. Foi tros. São várias as clientes que ainzes<br />

as pessoas, que vinham de todo<br />

o concelho, sobretudo à segunda-feira.<br />

Depois das compras na Praça do<br />

Peixe iam sempre aviar-se à farmácia.<br />

A Farmácia Caldense, na Praça do<br />

Peixe, torna-se uma das principais<br />

da cidade, em conjunto com a Farmácia<br />

Central (na Praça da Fruta), a Farmácia<br />

Freitas (na Rua da Liberdade)<br />

garida lembra-se de ir ao cinema, de<br />

passear no parque e de ir aos bailes<br />

do Casino. A irmã Eduarda é mais<br />

nova e por isso não se lembra de tais<br />

vivências.<br />

Como os negócios iam de feição<br />

na movimentada Praça do Peixe,<br />

José Correia Rosa decide expandir a<br />

sua actividade. É em 1958 que vai<br />

abrir a sua segunda farmácia, com o<br />

FAMÍLIA MUDA-SE PARA<br />

LISBOA E ALUGA FARMÁCIAS<br />

CALDENSES<br />

As duas jovens acabam por ir estudar<br />

para Lisboa e os pais decidem<br />

acompanhá-las. “O “O nosso nosso pai pai ar- arar- ranjou ranjou emprego emprego em em Lisboa Lisboa nos<br />

nos<br />

Laboratórios aboratórios Azevedo Azevedo”, Azevedo contam as<br />

rotário e chegou a ser governador de<br />

tal grupo em 1966.<br />

Enquanto trabalhou em Lisboa, durante<br />

algum tempo e quando precisava<br />

de vir às <strong>Caldas</strong> ficava em casa<br />

de amigos, “até até até que que se se fartou,<br />

fartou,<br />

tendo tendo por por isso isso isso adquirido adquirido um<br />

um<br />

andar andar no no no Largo Largo da da Vacuum Vacuum”, Vacuum relembram<br />

as filhas. José Rosa sofre<br />

um enfarte em 1971 mas graças aos<br />

da hoje se emocionam ao recordar<br />

como em alturas mais difíceis das<br />

suas vidas o Dr. Rosa as deixava levar<br />

medicamentos para os filhos<br />

permitindo que pagassem mais tarde.<br />

Recordam-se também que os pais<br />

viajavam muito, aproveitando a realização<br />

de conferências ligadas à<br />

farmácia noutros países.<br />

Já nos anos 90, José Correia tem<br />

Há no concelho das <strong>Caldas</strong> três farmácias que pertencem à família Rosa: a farmácia Caldense, a Rosa<br />

e a de Sta. Catarina. Foram fundadas por José Correia Rosa (1917-1999), farmacêutico empreendedor<br />

que deixou os estabelecimentos às filhas Margarida e Eduarda. Estes são geridos pela neta, a farmacêutica<br />

Catarina Rosa Tacanho (filha de Margarida) desde 2003, que tem expandido o negócio para<br />

80 anos e vai deixando aos poucos a<br />

gestão das farmácia. O patriarca faleceu<br />

em 1999, aos 82 anos, passando<br />

o testemunho às suas filhas. “A<br />

“A<br />

nossa nossa nossa mãe mãe mãe ajudou-o ajudou-o muito, muito, mas<br />

mas<br />

novas áreas como a cosmética biológica e o espaço animal. As três farmácias empregam 25 pessoas ele ele é é é que que que era era o o andarilho andarilho”. andarilho Tanto<br />

e, em dois anos, é a segunda vez que a Farmácia Rosa é alvo de obras de expansão. Reabre em breve que apesar de se ter apercebido que<br />

com mais 110 metros quadrados de área de atendimento com o objectivo de “servir “servir “servir “servir “servir melhor melhor melhor melhor melhor os os os os os<br />

já não ia trabalhar com a informatiza-<br />

nossos nossos nossos nossos nossos clientes clientes clientes”. clientes clientes<br />

ção, foi dos primeiros a adquirir computadores<br />

e apressava-se a dizer aos<br />

seus empregados que para funcionar,<br />

bastava carregar no botão.<br />

Hoje quando a responsável Catarina<br />

Rosa Tacanho fala aos seus funcionários<br />

em mudanças - robots ou<br />

novos programas - eles sorriem e<br />

relembram o fundador: “Já sabemos,<br />

é só carregar no botão!”.<br />

José Constantino Correia Rosa<br />

(1917-1999) nasceu em Alenquer, filho<br />

do boticário Gregório da Silva<br />

Rosa (1881-1972) que já possuía a<br />

sua farmácia Rosa naquela localidade.<br />

Tirou o curso de Farmácia em<br />

Lisboa e arranjou o seu primeiro emprego<br />

nas <strong>Caldas</strong>, na Farmácia Branco<br />

Lisboa. Veio morar para a cidade<br />

termal em Agosto de 1944, recémcasado<br />

com Maria dos Anjos Costa<br />

Rosa (nascida em 1921). A sua carametade<br />

é de Tomar mas conheceram-se<br />

em Alenquer, localidade onde<br />

a jovem tinha familiares e ia passar<br />

férias. “E “E “E como como não não houve houve tem- tem- temtem- po po de de de arranjar arranjar arranjar casa, casa, os os nossos<br />

nossos<br />

paispais instalaram-se instalaram-se no no Hotel Hotel LisLis-<br />

bonense bonense”, bonense recordam as duas filhas<br />

Margarida Rosa Tacanho (de 65<br />

anos) e Eduarda Rosa (62 anos),<br />

acrescentando que ali viveram durante<br />

seis meses.<br />

Nessa altura tiveram a oportunidade<br />

de conviver com muitos refugiados<br />

estrangeiros, “gente gente muito<br />

muito<br />

chique chique com com quem quem quem sobretudo sobretudo sobretudo a<br />

a<br />

nossa nossa mãe mãe acabou acabou por por privar privar”, privar<br />

recordam as filhas que actualmente<br />

vivem em Lisboa.<br />

A vida correu bem a José Correia<br />

Rosa pois cinco anos depois de estar<br />

trabalhar na Farmácia Branco<br />

Lisboa, estabelece-se por conta própria,<br />

adquirindo a Farmácia Caldense,<br />

na Praça 5 de Outubro, revelando<br />

desde logo olho para o negocio pois<br />

o seu estabelecimento usufruía do<br />

grande movimento da Praça do Peixe.<br />

“A A aquisição aquisição não não foi foi fácil, fácil, o<br />

o<br />

nosso nosso pai pai teve teve teve que que que pedir pedir ajuda<br />

ajuda<br />

financeira financeira a a a familiares familiares familiares de de modo<br />

modo<br />

a a concretizar concretizar o o negócio negócio”, negócio disseram<br />

Margarida Rosa Tacanho e<br />

Eduarda Rosa, recordando inclusivamente<br />

que eram os próprios novos<br />

proprietários que faziam os inventários,<br />

as análises e até a limpeza.<br />

“Vendia-se Vendia-se de de tudo tudo na na far- farfar- mácia mácia”, mácia mácia contam, recordando que<br />

eram vendidos até produtos de<br />

veterinário.”Quero ”Quero ”Quero cinco cinco tostões<br />

tostões<br />

de de pó pó pó de de Maio” Maio”, Maio” Maio” diziam muitas ve-<br />

GG<br />

e a Branco Lisboa (Rua das Montras).<br />

Do Hotel Lisbonense decidiram<br />

depois mudar-se para a primeira<br />

casa nas <strong>Caldas</strong>, na Rua Sangreman<br />

Henriques nº 9 -1º em frente à Farmácia<br />

Maldonado. Vai ser neste novo<br />

lar que já nascem as suas filhas, com<br />

a ajuda do médico Mário de Castro.<br />

E que memórias guardam “as filhas<br />

do Sr. doutor?”<br />

“Recordo-me “Recordo-me bem bem bem de de vir<br />

vir<br />

para para a a Farmácia Farmácia Caldense Caldense e e<br />

e<br />

brincarbrincar com com alguns alguns dos dos funciofuncionáriosnários<br />

mais mais novos. novos. E E isto isto porpor-<br />

que que que muitos muitos começaram começaram como como<br />

como<br />

meninos meninos dos dos recados recados recados aos aos 12 12<br />

12<br />

anos anos e e ainda ainda hoje hoje hoje cá cá estão estão estão e<br />

e<br />

são são quase quase da da família” família”, família” conta<br />

Margarida Rosa Tacanho. Lembrase<br />

também de como o seu pai se aborrecia<br />

pois havia vendedeiras que<br />

ocupavam os passeios laterais à<br />

Praça a vender galinhas e “quase quase<br />

que que que não não não se se conseguia conseguia entrar entrar na na<br />

na<br />

farmácia farmácia”, farmácia acrescentou. Achavam<br />

o máximo o facto da farmácia dar<br />

para a Praça do Peixe e do outro lado<br />

para a Rua das Vacarias, onde o farmacêutico<br />

chegou também a ter um<br />

armazém.<br />

As irmãs Rosa ainda frequentaram<br />

o Teatro Pinheiro Chagas. Mar-<br />

seu sobrenome, tal como o seu pai tinha<br />

feito em Alenquer. Contam as filhas<br />

que não foi fácil, não só devido à<br />

apertada legislação, como pela concorrência<br />

que já existia na cidade.<br />

“O O O nosso nosso pai pai tinha tinha olho olho para<br />

para<br />

o o negócio negócio e e queria queria ir ir sempre<br />

sempre<br />

mais mais além além”, além além contam, acrescentando<br />

que José Rosa desde cedo tinha<br />

vontade de abrir um espaço na zona<br />

onde hoje é a Avenida 1º de Maio e<br />

que nos anos 50 não era nada desenvolvida.<br />

Veio sozinho e “até até o o o cricri-<br />

irmãs, acrescentando que nessa altura<br />

e até ao 25 de Abril as duas farmácias<br />

caldenses ficaram a ser administradas<br />

pela Sociedade Industrial Farmacêutica,<br />

uma empresa de Lisboa que<br />

ficou encarregue da sua gestão.<br />

As filhas contam que o pai gostou<br />

muito de exercer o cargo Laboratórios<br />

Azevedo pois era “uma umapespessoasoasoa curiosa curiosa curiosa e e muito muito interessainteressainteressa-<br />

da da que que que acabou acabou acabou por por ir ir aprender<br />

aprender<br />

coisascoisascoisas que que não não seriam seriam possípossí-<br />

cuidados da esposa - que lhe impõe<br />

rigores na alimentação e o faz dar<br />

passeios - que se manteve saudável<br />

até passar dos 80 anos.<br />

José Rosa regressa às <strong>Caldas</strong> no<br />

pós-25 de Abril onde viverá até ao final<br />

da sua vida a tomar conta das suas<br />

farmácias. Em Novembro de 1976<br />

passou a funcionar em Sta. Catarina<br />

um posto de medicamentos, sob responsabilidade<br />

da Farmácia Caldense.<br />

A certa altura o governo mandou<br />

“SE FORES PARA FARMÁCIA<br />

DOU-TE UM CARRO!”<br />

Catarina Rosa Tacanho (nascida<br />

O O casal casal casal fundador, fundador, José José Constantino Constantino Correia Correia Rosa Rosa (1917-1999) (1917-1999) e e Maria Maria dos dos dos Anjos Anjos Costa Costa Rosa Rosa (nascida (nascida em em 1921)<br />

1921)<br />

conheceram-se conheceram-se conheceram-se em em Alenquer Alenquer e e viveram viveram nas nas <strong>Caldas</strong> <strong>Caldas</strong> e e em em Lisboa.<br />

Lisboa.


do Dr. Rosa soube consolidar e<br />

A A equipa equipa que que actualmente actualmente actualmente trabalha trabalha na na na Farmácia Farmácia Rosa<br />

Rosa<br />

A A farmacêutica-gestora farmacêutica-gestora farmacêutica-gestora Catarina Catarina Rosa Rosa Tacanho Tacanho no<br />

no<br />

corredor corredor de de de armazenamento armazenamento de de de medicamentos<br />

medicamentos<br />

em 1976) é filha única de Margarida ca alguns dos ensinamentos do seu específicos, em especial “porque porque<br />

A empresa Correia Rosa Lda,<br />

Tacanho e lembra-se em pequena de avô que são “o “o aprovisionamen-<br />

aprovisionamen-<br />

aprovisionamen- temostemostemos que que ter ter uma uma consciênconsciên-<br />

uma sociedade por quotas, é a de-<br />

ir às farmácias do avô e de o ver ven- to to racional racional e e dimensionado dimensionado e<br />

e cia cia ecológica”<br />

ecológica”.<br />

ecológica”<br />

tentora das três farmácias e tem<br />

der pasta medicinal Couto.<br />

nós nós ainda ainda hoje hoje damos damos damos muita<br />

muita Nas suas farmácias vendem-se um capital social de 15 mil euros.<br />

Apesar de quando era jovem diatençãoatenção ao ao nosso nosso stock, stock, tenten-<br />

linhas de cosméticos biológicos Os sócios são Catarina Rosa<br />

zer que queria ser jornalista, na al- tando tando ter ter o o que que as as pessoas<br />

pessoas certificados, almofadas feitas de Tacanho (sócia-gerente) e Robin<br />

tura da Faculdade o avô José Rosa precisam precisam ”. Acha que o seu avô trigo para aliviar dores muscula- Rosa Burgess, ambos netos do fun-<br />

disse-lhe: “Se fores para Farmácia foi um excelente gestor e aproveires, ou ainda produtos para lavar a dador e filhos únicos das suas<br />

dou-te um carro!”. Foi algo que ajutando a base decidiu também orga- roupa e a louça que são biológicos filhas,respectivamente, Margaridou<br />

a decidir-se a seguir o destino nizar e inovar nas suas farmácias. e que quando usados permitem pouda e Eduarda.<br />

da família e nem se importou pois Mantém também a norma de que pança de água. Recentemente foi Em 2010 a empresa gerou um vo-<br />

até tinha boas notas a Química. um funcionário contente trabalha criado o espaço animal onde venlume de negócios de cerca de 5 mi-<br />

Tirou o curso na Faculdade de muito melhor e paga acima da médem produtos de higiene e bem-eslhões de euros.<br />

Farmácia do Porto e dois anos dedia, tal como o seu avô.<br />

tar para os animais, além de vári- Em breve, a Farmácia Rosa reapois<br />

de terminar a licenciatura, em Alguns dos funcionários sempre as rações específicas para bichos bre ao público ampliada pois foi<br />

2003, veio para as <strong>Caldas</strong> gerir o a viram como a “neta do senhor dou- que sofrem de alergias ou de pro- possível alugar a loja ao lado do es-<br />

negócio familiar. Possui uma póstor” pois há gente que trabalha nas blemas de pele. “Proporcionamos<br />

Proporcionamos<br />

Proporcionamos<br />

tabelecimento, que vai permitir<br />

graduação em Gestão Farmacêuti- três farmácias do grupo com 30 e aos aos clientes clientes contacto contacto com com um<br />

um aumentar de 110 para 191 metros<br />

ca e não descura acções de forma- até com 40 anos de casa. “Metade Metade<br />

veterinário veterinário 24 24 horas horas por por dia dia”, dia quadrados a área de atendimento.<br />

ção na área da Gestão e dos Recur- da da da equipa equipa é é é antiga antiga e e e a a outra outra<br />

outra disse a responsável, acrescentan- Na prática aumentará sobretusos<br />

Humanos. Tenta estar actuali- metade metade nova” nova”, nova” disse a farmacêudo que tem funcionário a ter formado a área subterrânea, que vai perzada,<br />

até porque gerir pessoas nuntica e gestora, explicando que os ção nesta área “para para melhor melhor resresmitir<br />

a criação de novos serviços<br />

ca foi fácil “e “e nós nós já já somos somos mui- mui- mui- mais velhos passam aos mais no- ponder ponder às às pessoas pessoas pessoas”. pessoas pessoas<br />

ligados por exemplo com a fisiote-<br />

tos tos”. tos Ao todo as três farmácias emvos “o o o amor amor à à camisola camisola”.<br />

camisola<br />

Foi também criado há pouco um rapia. Tal como na remodelação de<br />

pregam 25 pessoas: 12 na Farmá-<br />

cartão de pontos que permite aos 2009, esta nova ampliação custou<br />

cia Rosa, 11 na Caldense e duas na APOSTAS EM COSMÉTICA clientes usar em qualquer das três 200 mil euros à empresa.<br />

de Sta. Catarina.<br />

BIOLÓGICA E NO ESPAÇO farmácias e que está a ter muito su- Catarina Tacanho - que tem uma<br />

Uma das primeiras dificuldades<br />

ANIMAL<br />

cesso, similiar àquele que se pra- filha, Beatriz, com 15 meses – acre-<br />

que enfrentou quando chegou foi a<br />

tica nas gasolineiras.<br />

dita que as farmácias, tal como o<br />

grande rivalidade entre as duas Estabilizada a estrutura, Cata- Catarina Rosa Tacanho tem 34 restante comércio tradicional, de-<br />

farmácias Caldense e Rosa “que que<br />

rina Tacanho apostas noutras áre- anos e consigo está assegurado o vem tirar partido de saber o nome<br />

eu eu tenho tenho tentado tentado amenizar amenizar”.<br />

amenizar as. Organiza caminhadas, distri- futuro da empresa. “Apesar Apesar de de já<br />

já dos seus clientes e de inovar em<br />

A primeira perdeu movimento para bui preservativos no dia 1 de Denãonão ter ter a a a mesma mesma rentabilidarentabilida-<br />

áreas como o horário ou em novos<br />

a segunda e “não não fazia fazia sentido<br />

sentido zembro (Dia Mundial da Sida) e de de de que que no no tempo tempo do do meu meu avô,<br />

avô, produtos. Até porque esta farmaesteesteeste<br />

sentimento sentimento sentimento entre entre farmáfarmáfarmá- desde 2008 que faz distribuição de espero espero espero que que possa possa possa prosseguir<br />

prosseguir<br />

prosseguir cêutica-gestora acredita que as<br />

cias cias da da mesma mesma família família”. família<br />

medicamentos ao domicilio para e, e, se se possível, possível, possível, continuar continuar continuar na<br />

na farmácias têm um papel chave na<br />

Catarina Tacanho reconhece aqueles que não se podem deslo- família família”, família disse a gestora. Para a promoção da saúde e prevenção da<br />

que herdou - com o seu primo Rocar às farmácias. Organiza tam- responsável o facto de dar empre- doença.<br />

bin Rosa Burgess, filho único da bém workshops de áreas como o go a 25 pessoas “vale vale vale muito e nós<br />

sua tia Eduarda - uma empresa bem aleitamento materno e está atenta não não podemos podemos olhar olhar só só para para os<br />

os Natacha Natacha Narciso Narciso<br />

Narciso<br />

organizada e como tal, segue à ris- aos novos produtos para públicos números números”.<br />

números<br />

nnarciso@gazetacaldas.com<br />

São São São frequentes frequentes os os convívios convívios entre entre funcionários funcionários das das três três farmácias. farmácias. farmácias. À À esquerda, esquerda, uma uma imagem imagem após após um um almoço almoço nos<br />

nos<br />

anos anos anos oitenta oitenta no no Guisado, Guisado, local local onde onde também também se se reuniram reuniram reuniram na na foto foto mais mais mais recente recente (à (à direita) direita) em em Fevereiro<br />

Fevereiro<br />

Centrais Centrais Centrais Centrais Centrais<br />

23<br />

11 | Março | 2011<br />

José Faria, dedicou meio século à<br />

Farmácia Rosa<br />

“Sou “Sou do do tempo tempo em em que que apa- apa- apa- “Sou Sou o o o primeiro primeiro móvel móvel desta<br />

desta<br />

reciam reciam coisas coisas sensacionais<br />

sensacionais casa. casa. Estive Estive cá cá 50 50 anos!” anos!”, anos!” diz<br />

comocomocomo as as vitaminas vitaminas ou ou ou as as sulfasulfa-<br />

sorrindo, o farmacêutico que come-<br />

midas midas”. midas São palavras de José Ferçou a trabalhar em farmácias aos 14<br />

reira Faria, 86 anos, que trabalhou em e só as deixou quando completou os<br />

farmácias desde os 14 anos e só se 70. Hoje ainda visita o seu local de<br />

reformou aos 70.<br />

trabalho e sente-lhe a falta. “Fazia<br />

“Fazia<br />

Entrou para a Farmácia Caldense de de tudo tudo”, tudo conta o experiente mani-<br />

em Dezembro de 1955 e dois anos e pulador, com trabalho reconhecido<br />

meio depois transitou para a Farmá- pelos seus pares, médicos e utencia<br />

Rosa. Quando começou a sua tes.<br />

carreira nas <strong>Caldas</strong>, sob as ordens Foi também um braço direito do<br />

de José Rosa, “ele ele deu-me deu-me um um oror-<br />

seu patrão e amigo e chega a emocidenadodenado<br />

que que inflacionou inflacionou a a mimionar-se<br />

quando o recorda. Tem um<br />

nha nha profissão profissão aqui aqui no no no distrito distrito”, distrito enorme apreço pela família deten-<br />

disse.<br />

tora da farmácia que ajudou a cons-<br />

José Faria tem consciência que truir. É com carinho que lembra o que<br />

“não não era era era um um um mau mau balcão balcão”, balcão mas lhe disse José Rosa, quando ainda<br />

onde se sentia mais à vontade era no estava na Caldense: “Estamos aqui<br />

laboratório a manipular substânci- dois homens a estorvar-nos um ao<br />

as. Fez de tudo: supositórios, loções outro. Ou o senhor se vai embora ou<br />

e pomadas, mas também produtos de fica aqui para eu abrir outra farmá-<br />

beleza. É famoso um leite de limpecia”. Na verdade o que acabou por<br />

za que o José Faria criou e foi usado acontecer foi José Faria ter transi-<br />

por muitas clientes daquela farmátado para a Farmácia Rosa e o procia.prietário<br />

ter ficado na Caldense com<br />

É natural de Ferrel e antes de che- outro funcionário.<br />

gar às <strong>Caldas</strong> iniciou o seu percurso José Faria ali laborou durante<br />

profissional em 1938, numa farmá- meio século e era um dos rostos<br />

cia na Atouguia da Baleia pelo facto<br />

de ser única extra-concelho de Peni-<br />

mais conhecidos desta farmácia.<br />

che. Ainda passou por outra farmácia<br />

no Bombarral.<br />

N.N.<br />

N.N.<br />

José José Ferreira Ferreira Faria Faria trabalhou trabalhou na na Farmácia Farmácia Rosa<br />

Rosa<br />

durante durante durante quase quase 50 50 anos anos anos e e e ainda ainda ainda hoje hoje visita visita com<br />

com<br />

frequência frequência o o seu seu antigo antigo local local local de de de trabalho trabalho<br />

trabalho<br />

CROLONOGIA<br />

1917 1917 1917–<br />

Nasce José Constantino Correia Rosa em Alenquer<br />

1944 1944–<br />

O casal José e Maria dos Anjos Correia Rosa vêm morar<br />

para as <strong>Caldas</strong> e instalam-se no Hotel Lisbonense<br />

1949 1949 1949–<br />

José Rosa adquire a Farmácia Caldense que pertencia a<br />

Manuel Pontes.<br />

1958 1958-<br />

Instala a sua segunda farmácia na Rua Fonte do Pinheiro<br />

e designa-a Farmácia Rosa. Mais tarde passa-a para a Raul<br />

Proença e finalmente para a Avenida 1º de Maio<br />

1964-1975 1964-1975 – Farmácias são alugadas e administradas pela Sociedade<br />

Industrial Farmacêutica SA<br />

1976 1976-<br />

Em Novembro de 1976 passou a funcionar em Sta. Catarina<br />

um posto de medicamentos<br />

2003 2003 2003–<br />

Os três estabelecimentos passam a ser geridos por Catarina<br />

Tacanho<br />

2008 2008 - Primeira ampliação da Farmácia Rosa<br />

2010 2010 – Inaugura a farmácia de Sta. Catarina<br />

2011 2011–<br />

A sociedade por quotas Correia Rosa Lda. (que anteriormente<br />

possuía Sta. Catarina e Caldense) passa a agora a deter<br />

também a Farmácia Rosa. Os sócios são Catarina Rosa Tacanho<br />

e Robin Rosa Burgess, netos do fundador

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