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Missão religiosa e violência: Alto Alegre, 1901 - Nucleo de ...

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MISSÃO RELIGIOSA E VIOLÊNCIA: <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, <strong>1901</strong> *<br />

Izabel Missagia <strong>de</strong> Mattos **<br />

Resumo:O artigo aborda a revolta indígena ocorrida no al<strong>de</strong>amento missionário <strong>de</strong> <strong>Alto</strong><br />

<strong>Alegre</strong>, Maranhão, em <strong>1901</strong>, envolvendo os Tenetenhara e capuchinhos lombardos, por<br />

meio <strong>de</strong> sua contextualização histórica no âmbito das políticas indigenistas coetâneas.<br />

Palavras-chave: Capuchinhos. Indigenismo. Tenetehara.<br />

* Este artigo foi originalmente apresentado no Simpósio Temático: Guerras e Alianças<br />

na História dos Índios: perspectivas interdisciplinares, realizado no XXIII Simpósio<br />

Nacional <strong>de</strong> História (Londrina, 2005)<br />

** Doutora em Ciências Sociais (Área: Socieda<strong>de</strong>s Indígenas: etnologia, política e história)<br />

pela Unicamp e professora do Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Ciências da Religião da U<br />

niversida<strong>de</strong> Católica <strong>de</strong> Goiás. E-mail: belmissagia@gmail.com<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007 117


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Izabel Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

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O chamado “selvagem” foi sempre um brinquedo para o homem<br />

civilizado [...] fonte <strong>de</strong> emoções fortes na teoria. O selvagem foi<br />

sempre chamado para dar foros <strong>de</strong> autenticida<strong>de</strong> a essa ou<br />

àquela hipótese a priori, tornando-se, conforme o caso, cruel<br />

ou nobre, lascivo ou casto, canibalesco ou humanitário – em<br />

suma, o que melhor conviesse ao observador ou à teoria.<br />

(MALINOWSKI, 1983, p. 498)<br />

O sangrento massacre <strong>de</strong> quatro missionários capuchinhos italianos, seis<br />

missionárias capuchinhas italianas e uma brasileira, durante a missa matinal do<br />

dia 13 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> <strong>1901</strong> na missão <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado o<br />

emblema <strong>de</strong> uma revolta indígena <strong>de</strong> amplas dimensões, cujas repercussões ainda<br />

se fazem presentes tanto na memória social quanto nas relações <strong>de</strong> hostilida<strong>de</strong><br />

hoje existentes entre os povos conhecidos como Guajajara e a população<br />

regional do centro-sul maranhense.<br />

Uma reconstituição, segundo as representações dos missionários, foi realizada<br />

por Rodolfo Toso, baseada na extensa correspondência da Madre Francesca<br />

Rubatto (1844 - 1904), fundadora do Instituto das Irmãs Terciárias Capuchinhas:<br />

Os agressores estavam <strong>de</strong> tanga, com o corpo pintado. O Pe. Zacaria estava<br />

celebrando a missa e foi abatido com um tiro <strong>de</strong> espingarda no momento da<br />

elevação. As irmãs estavam com as meninas. Separadas as meninas que<br />

choravam, os atacantes mataram as irmãs que conseguiram pren<strong>de</strong>r, <strong>de</strong>golandoas<br />

ou esfacelando-lhes a cabeça (...).<br />

Consumada a chacina na igreja, os selvagens dirigiram-se para as casas dos<br />

missionários e das irmãs supérstites e com eles <strong>de</strong>safogaram com maior<br />

ferocida<strong>de</strong> a sua ira com fuzis, facões e bordunas.<br />

A causa imediata do inci<strong>de</strong>nte fora a prisão <strong>de</strong> Cauiré Imana, o Caburé,<br />

chefe Guajajara que mantinha contatos com políticos influentes da região e que<br />

realizara incursões à capital do Estado para formalizar, junto ao governador, <strong>de</strong>núncias<br />

contra os missionários. As insatisfações dos indígenas eram relativas,<br />

sobretudo, à separação compulsória das crianças <strong>de</strong> seus pais e dos castigos<br />

recebidos por praticarem antigos costumes, como a poligamia. A revolta resultou<br />

do esforço conjunto <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> povos que se aliaram e que reuniu cerca<br />

<strong>de</strong> 1000 indigenas que bloquearam os principais acessos ao local, cercaram fazendas<br />

e dizimaram mais <strong>de</strong> 200 moradores não-indígenas <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>.<br />

Interpretações divergentes sobre o massacre refletem diferentes posições<br />

no jogo <strong>de</strong> interesses configurado no período, transformando-se em uma<br />

série <strong>de</strong> versões da memória popular local, como a história da aluna branca do<br />

colégio, a Perpetinha, cuja vida teria sido poupada por ser bonita. Conta-se que<br />

por on<strong>de</strong> passava <strong>de</strong>ixava nas árvores a inscrição: “por aqui passou a infeliz<br />

Perpetinha”. Especulações diversas cercam o <strong>de</strong>stino da menina Maria Perpé-<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007


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tua dos Reis Moreira, que chegou a ser celebrizada em um romance <strong>de</strong> Carmo<br />

Bernar<strong>de</strong>s (1991).<br />

Além do fascínio exercido sobre a população local, diversos autores exploraram<br />

os acontecimentos e memórias da missão indígena, como o sertanista do<br />

Serviço <strong>de</strong> Proteção aos Índios no Maranhão, Olímpio Cruz (1982), que celebrizou<br />

a figura do lí<strong>de</strong>r Caiuré Imana. O martírio dos missionários, por sua vez, foi explorado<br />

pelo fra<strong>de</strong> capuchinho Adriano da Zanica (1946), a partir <strong>de</strong> ampla pesquisa<br />

documental realizada nos arquivos da Or<strong>de</strong>m. Há ainda que se consi<strong>de</strong>rar o excelente<br />

apanhado realizado pela missionária italiana Graziella Merlatti (2000), baseado<br />

sobretudo nas Crônicas das missionárias1 <strong>Missão</strong> <strong>religiosa</strong> e <strong>violência</strong><br />

, além dos historiadores da região,<br />

que se <strong>de</strong>tiveram sobre a temática (cf. Bran<strong>de</strong>s, 1994), que também entre os<br />

acontecimento. A antropóloga E. Coelho, ao explorar as questões <strong>de</strong> terra envolvendo<br />

os Guajajara, também aborda o Massare, assim como M. Gomes, em sua<br />

pesquisa sobre os Tenetehara. C. Zannoni (1998) realizou extensivos levantamentos<br />

das notícias publicadas no noticiário regional sobre o episódio.<br />

De acordo com os dados populacionais registrados na Diretoria Geral dos<br />

Índios da Maranhão, eram habitantes daquela Província, em 1887, cerca <strong>de</strong> 25 000<br />

índios, meta<strong>de</strong> dos quais, Guajajara. No final do século XIX, <strong>de</strong>vido às circunstâncias<br />

como a migração em massa <strong>de</strong> nor<strong>de</strong>stinos fugidos das secas, que ocasionou<br />

surtos epidêmicos e conflitos <strong>de</strong> terra, este número seria reduzido drasticamente.<br />

Centenas <strong>de</strong> indígenas, perseguidos ao longo <strong>de</strong> toda uma década após a revolta,<br />

também seriam dizimados. O “massacre” em questão po<strong>de</strong> ser situado na história<br />

do indigenismo em um momento extremamente crítico. Este período <strong>de</strong> transição<br />

para a República po<strong>de</strong> ser, ainda, analisado à luz das oscilantes relações entre o<br />

Estado e a Igreja, que mobilizava diversos setores da socieda<strong>de</strong> brasileira: o regime<br />

conhecido como Padroado, por exemplo, havia sido extinto por <strong>de</strong>creto <strong>de</strong><br />

autoria <strong>de</strong> Rui Barbosa, <strong>de</strong> sete <strong>de</strong> janeiro <strong>de</strong> 1890, oficializando a separação<br />

<strong>de</strong>finitiva entre o Estado brasileiro e a Igreja (WERNET, 1991).<br />

Concedido pelo Papa aos reis <strong>de</strong> Portugal e consolidado no Brasil ao longo<br />

do período imperial, consistia o Padroado em uma espécie <strong>de</strong> obrigações <strong>de</strong>vidas<br />

entre os po<strong>de</strong>res da Igreja e do Império. Esse acordo permitia ao governo, por<br />

exemplo, pagar um tipo <strong>de</strong> salário (‘côngrua’) aos padres ou construir igrejas. Por<br />

outro lado, o Padroado propunha que as nomeações das autorida<strong>de</strong>s eclesiásticas<br />

fossem realizadas apenas por indicação do rei, cuja autorização também se fazia<br />

necessária para que as próprias or<strong>de</strong>ns do papa pu<strong>de</strong>ssem ser executadas.<br />

Os principais instrumentos da política imperial, relacionados ao “governo”<br />

dos índios, sob o regime do Padroado e relacionados à catequese missionária<br />

capuchinha, foram os Decretos 285 e 426 - <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1843 e <strong>de</strong> 24 <strong>de</strong><br />

julho <strong>de</strong> 1845, respectivamente (cf. MISSAGIA DE MATTOS, 2004).<br />

Enquanto o primeiro Decreto autorizava o governo a contratar especificamente<br />

missionários capuchinhos italianos e distribuí-los entre as Províncias<br />

em missões indígenas, conce<strong>de</strong>ndo-lhes um amplo controle sobre a política<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007 119


Izabel _________________________________________________________________<br />

Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

indigenista no II Reinado; o segundo, também conhecido como Regulamento<br />

das Missões, dispunha sobre o sistema administrativo da política indigenista,<br />

centrado na figura dos diretores gerais dos índios. Nomeados diretamente pelo<br />

Imperador para atuarem na estrutura administrativa provincial, esses diretores<br />

exerciam a função tutelar do Estado na mediação entre os indígenas e a socieda<strong>de</strong><br />

nacional, juntamente com os diretores parciais e <strong>de</strong> al<strong>de</strong>ias. Tal sistema<br />

tutelar, extinto com a proclamação da República (1989), apenas seria substituído<br />

com a criação do Serviço <strong>de</strong> Proteção aos Índios e Localização <strong>de</strong> Trabalhadores<br />

Nacionais (SPILTN) em 1910. Durante este período <strong>de</strong> vácuo da<br />

legislação indigenista e da ação do po<strong>de</strong>r central sobre as populações indígenas,<br />

a administração dos índios ficou sob o encargo (e aos <strong>de</strong>smandos) das<br />

esferas <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r regional e local. Neste período a intensificação da pressão<br />

territorial sobre os grupos indígenas fez-se notar em diversas regiões do país,<br />

notadamente em estados do nor<strong>de</strong>ste, su<strong>de</strong>ste e sul.<br />

Segundo o artigo 64 da constituição <strong>de</strong> 1891, o domínio sobre as terras consi<strong>de</strong>radas<br />

“<strong>de</strong>volutas” pela “Lei <strong>de</strong> Terras” <strong>de</strong> 1850, ou seja, “aquelas que não [estivessem]<br />

sob domínio <strong>de</strong> particulares, sob qualquer título legítimo, nem aplicadas a<br />

nenhum uso público”, passaria para os Estados da fe<strong>de</strong>ração. Estes, no entanto, em<br />

gran<strong>de</strong> parte dos casos, distorciam a concepção original do conceito <strong>de</strong> terra <strong>de</strong>voluta,<br />

passando a utilizá-lo para caracterizar as terras <strong>de</strong> ocupação tradicional dos índios, o<br />

que possibilitava, por exemplo, sua venda, ou servia para legitimar sua usurpação.<br />

A <strong>Missão</strong> <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong><br />

<strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong> havia sido fundada em 1896, com o objetivo expresso <strong>de</strong><br />

“civilizar” as “cida<strong>de</strong>las da barbárie” existentes naquelas matas <strong>de</strong> transição<br />

entre amazônia e cerrado, conhecida como pré-amazônia brasileira, segundo as<br />

palavras do fra<strong>de</strong> capuchinho Bartolameo da Monza, que visitou <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong><br />

após os trágicos acontecimentos <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> <strong>1901</strong>.<br />

A casa para a redução dos indígenas havia sido erigida em uma área <strong>de</strong><br />

aproximadamente 36 km 2 , que recebeu o nome <strong>de</strong> São José da Providência,<br />

comprada pelos capuchinhos da Província <strong>de</strong> Milão <strong>de</strong> um posseiro que havia<br />

migrado do Ceará e não cedida pelo governo, como nos tempos imperiais.<br />

Estimava-se a existência <strong>de</strong> 10 mil indígenas habitantes em torno <strong>de</strong> <strong>Alto</strong><br />

<strong>Alegre</strong>, além <strong>de</strong> outros tantos situados nas proximida<strong>de</strong>s.<br />

Em suas Notas Históricas, redigidas em 1908, Frei Bartolameo relatava<br />

que, antes <strong>de</strong> constituir-se enquanto Vila, em 1855, Barra do Corda abrigava<br />

“selvagens” no estado <strong>de</strong><br />

120<br />

vida brutal, entregue à dissolução, à crápula, à mais terrível lascívia; fatal<br />

prerrogativa da humanida<strong>de</strong> corrompida que <strong>de</strong>sce abaixo do nível dos brutos<br />

privados <strong>de</strong> razão. Eles viviam num estado <strong>de</strong> antinatura e, antes que se<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007


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<strong>Missão</strong> <strong>religiosa</strong> e <strong>violência</strong><br />

elevassem, <strong>de</strong>caíam cada vez mais no embrutecimento, marca do pecado que<br />

não po<strong>de</strong> ser cancelado senão pela mão <strong>de</strong> Deus pelo ministério dos sacerdotes<br />

<strong>de</strong> sua santa religião (MONZA, 1908, p. 9).<br />

O capuchinho pô<strong>de</strong>, ainda, observar a relação existente entre os chamados<br />

diretores <strong>de</strong> índios locais e os povos por eles “protegidos”. Segundo suas<br />

notas, os diretores não eram “gente <strong>de</strong> coração”, mas “homens sem temor a<br />

Deus e sem consciência”. Relatou, por exemplo, o caso do João da Cunha Alcanfor<br />

que residia próximo a uma das al<strong>de</strong>ias dos Canelas e os obrigava aos serviços<br />

pesados na lavoura (MONZA, 1908, p. 11).<br />

As missionárias capuchinhas, convidadas pelo Ministro Geral da Or<strong>de</strong>m<br />

para integrarem-se ao trabalho com as “libérrimas índias”, chegaram a São José<br />

em 28 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1899, sendo calorosamente acolhidas inclusive pelos 40 meninos<br />

“selvagens do Instituto”, que as saudaram em seus uniformes e or<strong>de</strong>nados<br />

em duas fileiras, executando, com instrumentos musicais, peças aprendidas com<br />

Frei Francesco da Desio 2 . A superiora, Madre Rubatto, expressava, a respeito<br />

dos indígenas, a mesma opinião que seus confra<strong>de</strong>s: “Levam uma vida animalesca<br />

e nenhum conhecimento têm <strong>de</strong> Deus” – escreveria em suas Cartas -, “vivem<br />

da caça e se alimentam até mesmo com carne <strong>de</strong> cobra, que lá são muitas” 3 .<br />

A vida na <strong>Missão</strong> <strong>de</strong> São José <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong> assemelhava-se à das<br />

feitorias italianas dos séculos XIX e XX, on<strong>de</strong> também os padres trabalhavam<br />

diariamente. As famílias indígenas ou “cristãs” que foram lá se estabelecendo<br />

obe<strong>de</strong>ciam a rigorosas regras <strong>de</strong> conduta, expressas em regulamentos internos.<br />

O trabalho dos índios na missão, no entanto, concorria com o já estabelecido<br />

comércio dos Tenetehara com os chamados regatões, negociantes que, percorrendo<br />

os rios <strong>de</strong> barco, se valiam dos índios para a extração <strong>de</strong> recursos da<br />

floresta e como remeiros. Vale esclarecer que o termo nativo “tenetehara”<br />

significa “gente <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>” e é utilizado para a auto<strong>de</strong>signação dos Guajajara<br />

do Maranhão e os Tembé do Pará, que foram separados em meados do século<br />

XIX, em virtu<strong>de</strong> da política <strong>de</strong> al<strong>de</strong>amento imperial. Os Tenetehara conhecidos<br />

hoje como Tembé, por exemplo, negociavam com os regatões pelo sistema <strong>de</strong><br />

aviamento, ou seja, <strong>de</strong> adiantamento <strong>de</strong> mercadorias posteriormente pagas com<br />

produtos florestais. Engajando-se na extração do óleo <strong>de</strong> copaíba, diversas famílias<br />

extensas se <strong>de</strong>slocaram para novas áreas ainda não exploradas, na direção<br />

do alto Gurupi, on<strong>de</strong> ocorreu um grave conflito entre indígenas e regionais, em<br />

1861, em virtu<strong>de</strong> dos abusos e extorsões praticados pelos regatões, no qual sete<br />

Tenetehara mataram nove regionais (VALADÃO, 2001).<br />

Como represália, a força policial encarregada <strong>de</strong> apurar o conflito, além<br />

<strong>de</strong> espancar os índios, lhes tomou nove crianças. A Diretoria Geral dos Índios da<br />

Província do Grão-Pará reuniu os Tenetehara dispersos na região, agrupando-os<br />

em al<strong>de</strong>amentos no alto Gurupi, que <strong>de</strong>ram origem a configuração social dos<br />

atuais Tembé.<br />

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Izabel _________________________________________________________________<br />

Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

Se, para os Tenetehara, a exploração dos regatões po<strong>de</strong>ria parecer nefasta,<br />

não o seria também a presença <strong>de</strong>certo ininteligível dos missionários e<br />

missionárias, que vinham <strong>de</strong> tão longe para impor-lhes seus costumes?<br />

Pensamento contra-revolucionário e romanização<br />

122<br />

A charge ao lado, <strong>de</strong> Pereira Netto,<br />

simboliza o fim do Padroado no<br />

Brasil, através do gesto <strong>de</strong>sempenhado<br />

pela República (representada<br />

pela mulher com a espada)<br />

que se incumbe <strong>de</strong> separar o Estado<br />

(na figura do nativo sorri<strong>de</strong>nte<br />

e liberto) da Igreja (representada<br />

pelo bispo) 4 .<br />

O i<strong>de</strong>al da construção <strong>de</strong> nações e <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>s nacionais culturalmente<br />

“civilizadas” norteou a política <strong>de</strong> administração dos índios no Brasil ao longo<br />

<strong>de</strong> todo o período imperial e nas primeiras décadas do período republicano. A<br />

constituição <strong>de</strong> uma nacionalida<strong>de</strong> homogênea consistia, então, em uma das principais<br />

exigências para o ingresso na mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>. Neste sentido, a almejada<br />

dissolução das diferenças confun<strong>de</strong>-se com o próprio mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> “or<strong>de</strong>m” concebido<br />

como sustentáculo para o almejado “progresso” nacional. As imagens<br />

sobre os indígenas, em disputa sob os projetos políticos para a nação, se <strong>de</strong>senhavam<br />

naquele período marcado por episódios <strong>de</strong> intensas turbulências sociais.<br />

O trabalho dos missionários capuchinhos - especificamente incumbidos<br />

da catequese indígena no país sob o Regulamento das Missões <strong>de</strong>cretado por<br />

Pedro II - era fundamentado sob o pensamento e a ação, fundamentalmente,<br />

reacionários e baseados no pragmatismo político do controle e da manutenção<br />

da or<strong>de</strong>m social do i<strong>de</strong>ário da Restauração, dominante na Europa sobretudo nas<br />

primeiras décadas do século XIX.<br />

Com efeito, durante a Restauração, que teve lugar na Europa após os<br />

anos <strong>de</strong> convulsão revolucionária, os livros <strong>de</strong> Joseph <strong>de</strong> Maistre serviram <strong>de</strong><br />

inspiração para as forças sociais interessadas na <strong>de</strong>fesa dos valores tradicionalistas<br />

e no restabelecimento da or<strong>de</strong>m, ao longo <strong>de</strong> um período que se esten<strong>de</strong>u<br />

por todo o século XIX, atingindo ainda o início do XX. Desta maneira, seriam<br />

extraídos <strong>de</strong> seus textos os argumentos que serviam para criticar e exorcizar a<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007


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ameaça que a revolução representava para instituições como a Igreja Católica e<br />

a Monarquia, que viam no liberalismo e nas especulações filosóficas e científicas<br />

a sombra da <strong>de</strong>cadência moral.<br />

Os escritos dos missionários responsáveis pela catequese indígena no<br />

período analisado coinci<strong>de</strong>m com boa parte das idéias presentes no pensamento<br />

contra-revolucionário relativo ao “selvagem”, segundo o qual as diferenças entre<br />

os humanos eram tantas que a proposta <strong>de</strong> tratá-lo como igual soava ridícula.<br />

A influência do pensamento contra-revolucionário sobre a politica indigenista<br />

imperial po<strong>de</strong> ser, inclusive, <strong>de</strong>preendida da própria elaboração do Regulamento<br />

das Missões, <strong>de</strong> 1845, estabelecido sobre o papel <strong>de</strong> centralida<strong>de</strong> dos capuchinhos<br />

italianos para a administração dos indígenas.<br />

Destoando inteiramente da concepção rousseauniana do “selvagem”, o<br />

pensamento reacionário jamais conceberia um “antropófago” como uma boa<br />

criatura. Consi<strong>de</strong>rando, por <strong>de</strong>finição, os humanos enquanto seres <strong>de</strong>caídos <strong>de</strong>vido<br />

ao “pecado original”, os selvagens constituíam a porção mais <strong>de</strong>generada<br />

da humanida<strong>de</strong>: “se a socieda<strong>de</strong> é tão antiga como o homem,” - dizia De Maistre<br />

– “logo o selvagem só é e só po<strong>de</strong> ser um homem <strong>de</strong>gradado e punido” (De<br />

Maistre apud Motta, 2001, p. 138). A “punição” do indígena, <strong>de</strong>sta forma naturalizada<br />

enquanto <strong>de</strong>sígnio divino para seres <strong>de</strong>gradados, <strong>de</strong> fato encontra-se<br />

presente no pensamento dos missionários capuchinhos do período como um dos<br />

principais instrumentos pedagógicos.<br />

O potencial “revolucionário” representado pelos indígenas segundo o<br />

i<strong>de</strong>ário europeu reacionário/capuchinho era freqüentemente realizado nos<br />

al<strong>de</strong>amento, quando os catecúmenos se rebelavam contra o sistema autoritário<br />

dos administradores capuchinhos.<br />

Em 1893, 2000 Botocudos “civilizados” pelos Freis Serafim <strong>de</strong> Gorizia e<br />

Ângelo <strong>de</strong> Sassoferato ao longo <strong>de</strong> 20 anos, tentaram assassinar os diretores, no<br />

próspero al<strong>de</strong>amento missionário <strong>de</strong> Itambacuri, Minas Gerais, com o intento <strong>de</strong><br />

“se apropriarem do estabelecimento” 55<br />

<strong>Missão</strong> <strong>religiosa</strong> e <strong>violência</strong><br />

Vencidos e muito reduzidos, após seis meses <strong>de</strong> revolta retornaram para o<br />

al<strong>de</strong>amento, transformado, segundo o regime republicano, em “Colônia Mista”.<br />

Por outro lado, observa-se, no mesmo período, a reação da Igreja ao<br />

sistema do Padroado, que, ao atrelá-la ao Estado, tornava-a susceptível ao seu<br />

controle político-administrativo. Este movimento, <strong>de</strong>nominado Romanização, visava<br />

recolocar a Igreja latino-americana mais diretamente ligada ao Papa, processando-se<br />

efetivamente a partir do pontificado <strong>de</strong> Pio IX (1846-1878).<br />

Ao confrontar as imagens dos missionários sobre os indígenas com o<br />

discurso nacionalista e republicano, percebe-se o <strong>de</strong>lineamento <strong>de</strong> uma nova<br />

concepção do nativo: ao invés <strong>de</strong> “<strong>de</strong>gradação” com que eram retratados pelo<br />

pensamento contra-revolucionário, passam a emergir como “excelentes homens,<br />

naturais donos espoliados <strong>de</strong>ste belo País” cujo “sangue nobre”, correndo em<br />

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Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

suas veias, lhe <strong>de</strong>spertava “a alma clamando por Justiça” (DALTRO, 1920).<br />

Denúncias contra a catequese missionária foram encaminhadas à imprensa por<br />

opositores do trabalho dos capuchinhos, como Leolinda Daltro (1920), que os<br />

consi<strong>de</strong>rava expatriados estrangeiros que teciam uma verda<strong>de</strong>ira “campanha”<br />

contra o regime da República”.<br />

A revolta e o <strong>de</strong>stino dos índios<br />

Para os Guajajara, se seus ancestrais não houvessem se rebelado e assassinado<br />

os missionários, provavelmente não teriam, hoje, assegurado o domínio<br />

da área atualmente <strong>de</strong>marcada sobre o local da antiga missão. Com efeito,<br />

em outras localida<strong>de</strong>s on<strong>de</strong> se estabeleceram missões capuchinhas que adotaram<br />

métodos semelhantes, o <strong>de</strong>stino das terras indígenas foi sofrer um gradativo<br />

processo <strong>de</strong> dispersão, em virtu<strong>de</strong>, por exemplo, da prática da mestiçagem<br />

implementada enquanto política pública imperial, exemplarmente <strong>de</strong>senvolvida<br />

na missão capuchinha <strong>de</strong> Itambacuri.<br />

Se, para os Guajajara, o massacre é rememorado como sinal <strong>de</strong> sua resistência<br />

e valentia, <strong>de</strong>certo que a população regional, contrariamente, discrimina<br />

os indígenas como “hereges” pelo assassinato dos missionários, figurados<br />

como mártires na fachada da catedral da cida<strong>de</strong> maranhense <strong>de</strong> Barra do Corda,<br />

erigida como um monumento antiindígena na praça central da cida<strong>de</strong>, alimentando<br />

as relações <strong>de</strong> animosida<strong>de</strong> existentes entre índios e “cristãos” após <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>corridos mais <strong>de</strong> cem anos do fatal episódio.<br />

Se <strong>de</strong>tivermos nossa atenção nos relatos indígenas recolhidos entre os<br />

mais velhos habitantes das al<strong>de</strong>ias, perceberemos que o interesse em dizimar os<br />

missionários não parecia pertencer exclusivamente aos Guajajara. Ao contrário,<br />

o intento do Cauiré Imana só pô<strong>de</strong> se realizado porque políticos influentes forneceram<br />

os armamentos necessários para que os índios - revoltados com os<br />

castigos sofridos na missão - praticassem “serviço sujo” como assassinatos que<br />

interessavam à elite local, na medida em que liberavam o território e a mão <strong>de</strong><br />

obra indígena para a extração dos produtos da floresta que embarcavam no<br />

porto <strong>de</strong> São Luís.<br />

Os membros <strong>de</strong>sta elite intelectual que <strong>de</strong>tinha o po<strong>de</strong>r local ocupavam<br />

cargos como os <strong>de</strong> Juizes <strong>de</strong> Direito e <strong>de</strong> Promotores <strong>de</strong> Justiça e publicavam no<br />

Jornal “O Norte” (1898-1934) artigos que revelam seu i<strong>de</strong>ário “positivista” e<br />

ilustrado, paradoxalmente comprometido com a legitimação das ações e interesses<br />

confrontantes com a existência <strong>de</strong> grupos indígenas. Algumas <strong>de</strong>ssas famílias<br />

haviam se internado naqueles sertões após violentos episódios <strong>de</strong> revolta popular<br />

que se generalizaram na região em meados do século XIX, nos quais os<br />

próprios li<strong>de</strong>res Guajajara haviam participados como combatentes.<br />

Depoimentos recolhidos entre os indígenas sustentam a versão <strong>de</strong> que,<br />

124<br />

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<strong>Missão</strong> <strong>religiosa</strong> e <strong>violência</strong><br />

nos horários <strong>de</strong> menor vigilância, comerciantes, prejudicados pelo monopólio das<br />

transações comerciais dos missionários, dirigiam-se às al<strong>de</strong>ias para negociar com<br />

os índios, instigando-os a <strong>de</strong>struir <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>.<br />

Apesar das evidências no sentido da co-participação <strong>de</strong> po<strong>de</strong>rosos interesses<br />

econômicos e políticos como motrizes do massacre, ainda hoje, no entanto,<br />

os próprios Guajajara arcam com a herança maldita <strong>de</strong> serem consi<strong>de</strong>rados<br />

os únicos culpados <strong>de</strong>sta história trágica. Esta herança, por sua vez, serve para<br />

justificar, os estigmas e maus-tratos por eles vividos nas relações interétnicas.<br />

RELIGIOUS MISSION AND VIOLENCE: <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, <strong>1901</strong><br />

Abstract: This article approaches the indigenous revolt which happened in the missionary<br />

village of <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, Maranhão, in <strong>1901</strong>, involving Tenetenhara and Lombardic friars,<br />

through its historical context in the extent of the indigenist policies.<br />

Key-words: Friars. Indigenous policies. Tenetehara.<br />

MISIÓN RELIGIOSA Y VIOLENCIA: <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, <strong>1901</strong><br />

Resumen: Este artículo hace un abordaje sobre la revuelta indígena ocurrida en la al<strong>de</strong>a<br />

misionaria <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, Maranhão, en <strong>1901</strong>, envolviendo los Tenetenhara y capuchinos<br />

lombardos, por medio <strong>de</strong> su contextualización histórica en el ámbito <strong>de</strong> las políticas<br />

indigenistas coetáneas.<br />

Palabras clave: Capuchinos. Indigenismo. Tenetehara.<br />

Notas:<br />

1 As cartas e relatórios dos missionários po<strong>de</strong>m ser encontrados no Arquivo da Cúria<br />

Geral Capuchinha <strong>de</strong> Madre Rubatto, com se<strong>de</strong> em Gêneva e no Arquivo Provincial dos<br />

Capuchinhos Lombardos, em Milão.<br />

2 GESU, Maria Francesca di (Anna Maria Rubatto). Lettere. Genova, 1895, n. 83<br />

3 Ibi<strong>de</strong>m, n. 117<br />

4 Fonte: Nossa História Ano 1/N. 12, outubro <strong>de</strong> 2004, p. 66.<br />

5 Em 1893, o al<strong>de</strong>amento do Itambacuri (1872-1911), dirigido pelos capuchinhos Serafim<br />

<strong>de</strong> Gorízia (1829-1918) e Ângelo <strong>de</strong> Sassoferato (1846-1926) gozava <strong>de</strong> uma situação <strong>de</strong><br />

prosperida<strong>de</strong> e boa reputação junto aos governos central e provincial do Império brasileiro,<br />

segundo a correspondência da Diretoria Geral dos Índios da Província <strong>de</strong> Minas:<br />

“O al<strong>de</strong>amento do Itambacuri, talvez o mais importante <strong>de</strong>ste país, tem prosperado <strong>de</strong><br />

maneira tal, que possui hoje uma gran<strong>de</strong> população que impulsiona uma imensa lavoura,<br />

talvez a primeira daquela zona que é por excelência agrícola. Em seu seio contam-se 42<br />

engenhos movidos a bois, além do engenho <strong>de</strong> ferro, acima mencionado. Estes engenhos<br />

fabricam gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> rapadura, açúcar e agruar<strong>de</strong>nte que abastece a cida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Teófilo Otoni que por sua ves exporta gran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>stes produtos para a estrada <strong>de</strong><br />

ferro “Bahia e Minas”. A cultura <strong>de</strong> cerais é mportantíssima, pois é o Itambacuri o<br />

inesgotável celeiro da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Teófilo Otoni.” (Relatório do diretor geral dos índios,<br />

Antônio Alves Pereira da Silva, ao secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas<br />

do Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. 04 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 1893. SG 25, pp. 84v-85. Arquivo Público<br />

Mineiro).<br />

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Izabel _________________________________________________________________<br />

Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

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126<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007


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<strong>Missão</strong> <strong>religiosa</strong> e <strong>violência</strong><br />

Irmãs que embarcaram<br />

para a América<br />

Latina em 8 <strong>de</strong> outubro<br />

<strong>de</strong> 1898. Entre<br />

elas, a Ir. Natalina<br />

(quarta da esquerda)<br />

e a Ir. Eufêmia (a oitava),<br />

mortas em<br />

<strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong><br />

As irmãs <strong>de</strong> <strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong> (TOSSO,<br />

Rodolfo, 2002 [1992])<br />

<strong>Alto</strong> <strong>Alegre</strong>, 1900: As irmãs com os<br />

pequenos indígenas (TOSO,<br />

Rodolfo, 2002 [1992])<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007 127


Izabel _________________________________________________________________<br />

Missagia <strong>de</strong> Mattos<br />

Igreja em homanegem aos mártires<br />

(Barra do Corda - MA)<br />

Foto: Isabel Missagia, 2003<br />

128<br />

Cacimba on<strong>de</strong> foram jogados<br />

os corpos das<br />

missionárias (TOSO,<br />

Rodolfo, 2002 [1992])<br />

Ciências Humanas em Revista - São Luís, V. 5, n.1, julho 2007

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