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Albert Einstein Camila Welikson - CCEAD PUC-Rio

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<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

<strong>Camila</strong> <strong>Welikson</strong><br />

Este documento tem nível de compartilhamento de<br />

acordo com a licença 3.0 do Creative Commons.<br />

http://creativecommons.org.br<br />

http://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0/br/legalcode


<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

. 1 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

O Homem por trás do Mito<br />

Vários autores e diretores já reproduziram em filmes e livros cenas da vida de <strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong>, mas a<br />

maioria retrata o cientista já como um ícone da física. Vamos, aqui, nos permitir uma licença poética<br />

para imaginar um jovem <strong>Einstein</strong>, de olhos e cabelos escuros, debruçado sobre uma antiga máquina de<br />

escrever e tateando o próprio bigode enquanto tenta passar para o papel ideias que o afligem em<br />

relação às verdades estabelecidas pela ciência. Ciência esta que ainda não é capaz de provar suas<br />

teorias. Aliás, custosamente, alguém conseguiria acompanhar seu raciocínio, portanto, não é difícil<br />

imaginar a ansiedade deste homem na busca por explicações mais complexas sobre a vida e o universo.<br />

Talvez não tenha sido tão penoso assim chegar a conclusões que mudariam o mundo, mas num<br />

primeiro momento, a Teoria Geral da Relatividade, que imortalizou <strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong>, deve ter parecido,<br />

até para ele mesmo, uma ideia insana.<br />

Figura 1: <strong>Einstein</strong> durante uma aula em Viena em 1921. A foto é de Ferdinand Schmutzer (1870-1928) e está em<br />

domínio público. A imagem digital é encontrada em<br />

http://en.wikipedia.org/wiki/File:<strong>Einstein</strong>_1921_by_F_Schmutzer.jpg<br />

Antes de se tornar um gênio zombeteiro que posava com seu cabelo grisalho desgrenhado e com a<br />

língua para fora, <strong>Einstein</strong> foi um sonhador, que ousou construir uma nova lógica.


A Lenda do Aluno Repetente<br />

. 2 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

Nascido na cidade de Ulm, na Alemanha, em 1879, e filho de Hermann e Pauline, <strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong> se<br />

mudou com os pais para Munique ainda criança. De família judaica, mas não praticante, foi matriculado<br />

em uma escola católica e cursou o ensino médio na Luitpold Gymnasium, onde surgiu o interesse pela<br />

matemática. Quando Hermann e Pauline foram morar na Itália por força do trabalho, <strong>Einstein</strong><br />

permaneceu em Munique para concluir os estudos, mas abandonou o curso aos quinze anos e foi ao<br />

encontro da família. Nesta época, escreveu o primeiro trabalho científico intitulado “A Investigação do<br />

Estado do Éter em Campos Magnéticos”.<br />

Figura 2: Mapa da Alemanha mostrando Munique e Ulm<br />

Existe uma lenda de que o jovem <strong>Einstein</strong> era um péssimo estudante e chegou a ser reprovado na<br />

escola. Esta história nunca foi comprovada; pelo contrário, há indicações de que ele foi um excelente<br />

aluno, destacando-se em matemática. Uma passagem real que pode ter contribuído na construção<br />

desta lenda aconteceu em 1895, quando <strong>Einstein</strong> tentou ingressar na faculdade antes de terminar o<br />

ensino médio; para isso, prestou exames de admissão numa universidade suíça, mas não passou na<br />

prova de humanas. Terminou, então, a escola naquele país onde teve, pela primeira vez, contato com a<br />

Teoria Eletromagnética de Maxwell. Em 1900, recebeu o diploma de físico.


Annus Mirabilis<br />

. 3 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

Em 1905, <strong>Einstein</strong>, com 26 anos, concluiu seu doutorado e no mesmo ano, publicou cinco trabalhos, três<br />

deles se tornaram fundamentais para a Física.<br />

Muitos afirmam que este ano foi o annus mirabilis para o cientista. Esta é uma referência ao ano do<br />

milagre de Isaac Newton. Em 1666, Newton desenvolveu a teoria gravitacional universal,<br />

revolucionando o mundo. Séculos mais tarde, cientistas decidiram nomear 1905 como o ano do milagre<br />

de <strong>Einstein</strong>. O reconhecimento se confirmou em 2005, quando as Nações Unidas declararam que aquele<br />

seria o Ano Mundial da Física em comemoração ao centenário do annus mirabilis do físico alemão.<br />

O que há de tão significante nos trabalhos de <strong>Einstein</strong> daquele ano? Em primeiro lugar, há que se<br />

considerar o fato dele ter, sozinho, publicado tantos estudos revolucionários em tão curto espaço de<br />

tempo. Ele provou a existência de átomos e moléculas, desenvolveu a lei do efeito fotoelétrico,<br />

lançando a ideia de que a luz vem em pequenas parcelas, posteriormente chamadas de fótons.<br />

Também defendeu a tese de que espaço e tempo eram fibras do mesmo tecido através da teoria da<br />

relatividade especial e enunciou a célebre fórmula desta teoria: E=MC2 , ou seja, energia é igual à massa<br />

vezes a velocidade da luz ao quadrado.<br />

Curiosamente, <strong>Einstein</strong> trabalhou apenas nos seus tempos livres, usando e abusando de uma<br />

irreverência até então desconhecida na ciência.<br />

Agora responda rápido: Por qual trabalho <strong>Einstein</strong> recebeu o Prêmio Nobel? Se você pensou na Teoria<br />

da Relatividade, errou. Esse é um engano frequente. Na realidade, ele foi agraciado com o Nobel da<br />

Física em 1921 pela Lei do Efeito Fotoelétrico que – é importante enfatizar – deu início aos fundamentos<br />

da mecânica quântica.<br />

Uma Explicação para a genialidade<br />

Em 1905, afirmar que a luz era feita de partículas era o mesmo que discordar de James Maxwell, então<br />

um fenômeno da Física. Este cientista havia provado que a luz era uma onda eletromagnética e ir contra<br />

suas ideias parecia ser, mais que audacioso, lunático.<br />

De fato, Maxwell estava certo ao afirmar que a luz é uma onda, mas também estava certo afirmar que a<br />

luz é uma partícula. Este paradoxo instigou <strong>Einstein</strong>. Ele não concordava com verdades absolutas e<br />

acreditava que o questionamento era essencial para alcançar grandes conquistas. “Acredito na intuição<br />

e na inspiração”, disse certa vez. Claramente, o grande ícone da Física creditava suas descobertas à<br />

imaginação e ao constante questionamento mais do que à inteligência simples e pura.


. 4 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

Em 1914, quando a Primeira Guerra Mundial estava prestes a estourar, <strong>Einstein</strong> voltou à Alemanha para<br />

trabalhar na Academia Prussiana de Ciências e dar aulas na Universidade de Berlim. Também assumiu a<br />

direção do Instituto Wilhelm de Física em Berlim.<br />

Foi no ano seguinte que apresentou sua teoria da relatividade geral e, em seguida, publicou o<br />

“Fundamento Geral da Teoria da Relatividade”. Segundo sua teoria, a gravidade não é uma força, como<br />

afirmava a Segunda Lei de Newton, mas sim, uma consequência da curvatura do espaço-tempo. A partir<br />

daí, cientistas puderam desenvolver pesquisas sobre cosmologia e começaram a compreender<br />

características do universo até então desconhecidas.<br />

Visita ao Brasil<br />

O Brasil teve uma importante participação na consagração de <strong>Einstein</strong>. Foi em Sobral, no Ceará, que sua<br />

teoria foi comprovada, durante o eclipse solar registrado por uma equipe de cientistas britânicos em<br />

1919. Foi nesse ano que a fama de ícone genial da física ganhou força. Até então, a Teoria da<br />

Relatividade era mera especulação. <strong>Einstein</strong> escreveu que o problema formulado por sua mente foi<br />

respondido pelo "luminoso céu do Brasil".<br />

Seis anos após este evento, o físico finalmente pisou em terras brasileiras como parte de uma viagem<br />

por países da América do Sul. Ele deu conferências científicas em universidades e instituições de<br />

pesquisas e além dos compromissos profissionais, passeou por pontos turísticos do <strong>Rio</strong> de Janeiro.<br />

Figura 3: <strong>Einstein</strong> em visita a Carlos Chagas e aos pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz em 1925. A foto digital<br />

está disponível em http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Carlos_chagas_e_albert_einstein.jpg está em domínio<br />

público. O registro da imagem está em http://www.bvschagas.coc.fiocruz.br/lildbi/docsonline/get.php?id=429 e<br />

ambos são de domínio público por fazerem parte da BVS – Biblioteca Virtual da Saúde, como pode ser visto em<br />

http://hpcs.bvsalud.org/php/level.php?lang=es&component=37&item=2.


. 5 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

A visita de <strong>Einstein</strong> contribuiu para que o governo brasileiro estabelecesse a pesquisa básica e a difusão<br />

de ideias da física moderna no país.<br />

Dois Casamentos e uma Polêmica<br />

Em 1903, <strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong> havia se casado com Mileva Maric, também estudante de física. Em 1919, ano<br />

em que sua teoria foi confirmada através do eclipse solar, <strong>Einstein</strong> divorciou-se de Mileva e casou com<br />

sua prima, Elsa.<br />

Do primeiro relacionamento, nasceram três crianças. A primeira, Lieserl, nascida antes do casamento, foi<br />

dada para adoção ou morreu ainda bebê, na realidade, nada se sabe sobre ela. O segundo, Hans,<br />

tornou-se um importante professor na Universidade da Califórnia e o terceiro, Edward, tinha problemas<br />

mentais.<br />

Além dos filhos, o primeiro casamento deixou também algumas dúvidas em relação ao maior trabalho<br />

de <strong>Einstein</strong>. Historiadores revisionistas sugeriram que Mileva contribuiu nos estudos sobre a Teoria da<br />

Relatividade ao lado do físico, mas ele omitiu esta participação.<br />

Esta alegação sobre a suposta participação de Mileva na autoria da Teoria da Relatividade nasceu com a<br />

descoberta de cartas que <strong>Einstein</strong> escreveu para ela enquanto ainda era estudante. Na correspondência,<br />

há discussões sobre questões científicas que a relatividade resolveria, além de detalhes da vida pessoal<br />

do gênio, incluindo o nascimento da filha ilegítima em 1902.<br />

<strong>Einstein</strong> e as Guerras Mundiais<br />

Quando Hitler ascendeu ao poder, em 1933, <strong>Einstein</strong> foi aconselhado por amigos a deixar a Alemanha.<br />

Ele renunciou pela segunda vez à cidadania alemã (a primeira, foi aos 17 anos, para fugir do alistamento<br />

no exército), e partiu para os Estados Unidos, seu novo lar a partir de então. <strong>Einstein</strong> já tinha destino e<br />

trabalho certos: um ano antes, havia recebido um convite para dar aulas de física teórica no Instituto de<br />

Estudos Avançados da Universidade de Princeton, em Nova Jersey.<br />

Lá, estudou durante quarenta anos os campos eletromagnético e gravitacional. Ele pretendia unir os<br />

dois numa única teoria chamada teoria do campo unificado, que se assemelhava à teoria de Maxwell<br />

sobre a união das forças elétricas e magnéticas. Suas pesquisas foram infrutíferas porque <strong>Einstein</strong> não<br />

incluiu em seus estudos as forças nucleares forte e fraca, que na época não eram compreendidas como<br />

forças separadas.


. 6 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

Em 1941, portanto já durante a Segunda Guerra Mundial, os EUA deram início ao desenvolvimento de<br />

uma bomba atômica através do projeto Manhattan. <strong>Einstein</strong> escreveu uma carta ao então presidente<br />

americano Roosevelt apoiando a organização de experiências de grande envergadura para o estudo e<br />

realização da bomba atômica. Ele acreditava que era necessário estar à frente dos alemães nesta<br />

corrida. Sobre isso, escreveu mais tarde:<br />

"Assumi minhas responsabilidades. E, no entanto, sou apaixonadamente um pacifista e minha maneira<br />

de ver não é diferente diante da mortandade em tempo de paz. Já que as nações não se resolvem a<br />

suprimir a guerra por uma ação conjunta, já que não superam os conflitos por uma arbitragem pacífica<br />

e não baseiam seu direito sobre a lei, elas se vêem inexoravelmente obrigadas a preparar a guerra."<br />

<strong>Einstein</strong>, portanto, apoiou a construção da bomba atômica acreditando que assim seria possível vencer<br />

o nazismo, mas logo em seguida, lutou arduamente pelo desarmamento nuclear e a favor de um<br />

governo mundial.<br />

A imagem do Mito<br />

A teoria da relatividade tornou <strong>Einstein</strong> mundialmente famoso. Nenhum cientista jamais conseguiu<br />

alcançar sua fama e sucesso na cultura popular. Tanto que seu rosto é o único a enfeitar camisetas,<br />

xícaras de café, calendários, pôsteres etc.<br />

A revista Time o elegeu pessoa do século e em 2005, cem físicos o elegeram o mais memorável físico de<br />

todos os tempos. Em seu tributo foi criada a unidade usada na fotoquímica, o einstein. Além disso, o<br />

nome do elemento químico einstênio foi dado em sua homenagem.<br />

O gênio faleceu em 1955, aos 76 anos, após um aneurisma. Antes, doou seus escritos e direitos autorais<br />

à Universidade Hebraica de Jerusalém, em Israel. Todos os seus artigos e cartas estão lá e cópias de<br />

grande parte desses documentos são mantidas em arquivos na Universidade de Princeton e<br />

Universidade de Boston.<br />

Seu corpo foi cremado, não sem antes retirarem seu cérebro para pesquisas, sem permissão. O que<br />

encontraram foi a mesma massa cinzenta e enrugada que há em todo o ser humano, apenas um pouco<br />

menor que a média, provavelmente devido à idade da sua morte.<br />

Em 1999, a neurocientista Sandra Witelson, da McMaster University, em Ontário, publicou um estudo<br />

afirmando que em <strong>Einstein</strong>, a área do cérebro relacionada com o raciocínio matemático, o lobo parietal,<br />

era 15% maior que o de uma pessoa normal.<br />

Há inúmeras hipóteses sobre sua genialidade. Apenas hipóteses, o que deixa cientistas e leigos ainda<br />

mais intrigados.


. 7 .<br />

Linha do Tempo<br />

<strong>Albert</strong> <strong>Einstein</strong><br />

Este mistério em torno de <strong>Einstein</strong> que tanto atiça a curiosidade de todos provavelmente o deixaria em<br />

êxtase, afinal, era o mistério que o movia. Como ele mesmo disse, “a coisa mais bela que podemos<br />

experimentar é o mistério. É a emoção fundamental que está no berço da verdadeira arte e da<br />

verdadeira ciência”.<br />

Figura 4: Pôster de divulgação do Museu de <strong>Einstein</strong> em Berna, na Suíça, cidade onde o cientista enunciou a sua<br />

famosa equação relacionando energia, massa e velocidade da luz. A imagem é pública para ser baixada, podendo<br />

ser encontrada a partir de http://www.bhm.ch/en/news_04.cfm.

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