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O QUE É A FILOSOFIA?

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O que este livro nos oferece é a compreensão do que há de vertiginoso na filosofia — mas também, e<br />

seguindo o mesmo movimento de pensamento, do que há de vertiginoso na ciência e na arte. Filosofia,<br />

ciência e arte são planos irredutíveis, mas podem ser explorados segundo uma mesma estratégia; às três<br />

instâncias da instauração filosófica, corresponderão instâncias simétricas da instauração artística e científica:<br />

"plano de imanência da filosofia, plano de composição da arte, plano de referência ou de coordenação da<br />

ciência; forma do conceito, força da sensação, função de conhecimento; conceitos e personagens<br />

conceituais, sensações e figuras estéticas, funções e observadores parciais".<br />

Ao abrir este livro, caro leitor, você poderá descobrir, com alegria, que a filosofia está viva e não<br />

consiste apenas em objeto de interesse filológico.<br />

O <strong>QUE</strong> <strong>É</strong> A <strong>FILOSOFIA</strong>?<br />

Introdução - Assim Pois a Questão ............... 7<br />

I. <strong>FILOSOFIA</strong><br />

O que é um Conceito? ............... 25<br />

O Plano de Imanência ............... 49<br />

Os Personagens Conceituais ............... 81<br />

Geo-filosofia ............... 111<br />

II. <strong>FILOSOFIA</strong>, CIÊNCIA LÓGICA E ARTE<br />

Functivos e Conceitos ............... 151<br />

Prospectos e Conceitos ............... 175<br />

Percepto, Afecto e Conceito ............... 211<br />

Conclusão - Do Caos ao Cérebro ............... 257<br />

Introdução Assim Pois a Questão...<br />

Bento Prado Jr.<br />

Talvez só possamos colocar a questão O que é a filosofia? tardiamente, quando chega a velhice, e a<br />

hora de falar concretamriile. I )e lato, a bibliografia e muito magra. Esta é uma questão que enfrentamos numa<br />

agitação discreta, à meia-noite, quando nada mais resta a perguntar. Antigamente nós a formulávamos, não<br />

deixávamos de formulá-la, mas de maneira muito indireta ou oblíqua, demasiadamente artificial, abstrata<br />

demais; expúnhamos a questão, mas dominando-a pela rama, sem deixar-nos engolir por ela. Não<br />

estávamos suficientemente sóbrios. Tínhamos muita vontade de fazer filosofia, não nos perguntávamos o que<br />

ela era, salvo por exercício de estilo; não tínhamos atingido este ponto de não-estilo em que se pode dizer<br />

enfim: mas o que é isso que fiz toda a minha vida? Há casos em que a velhice dá, não uma eterna juventude<br />

mas, ao contrário, uma soberana liberdade, uma necessidade pura em que se desfruta de um momento de<br />

graça entre a vida e a morte, e em que todas as peças da máquina se combinam para enviar ao porvir um<br />

traço que atravesse as eras: Ticiano, Turner, Monet(1). Velho, Turner adquiriu ou conquistou o direito de<br />

conduzir a pintura por um caminho deserto e sem retorno que não se distingue mais de uma última questão.<br />

Talvez a Vie de Rance marque ao mesmo tempo a velhice de Chateaubriand e o início da literatura<br />

moderna(2). O cinema também nos oferece por vezes seus dons da terceira idade, onde Ivens, por exemplo,<br />

mistura seu riso com o da bruxa no vento solto. O mesmo ocorre na filosofia, a Crítica do juízo de Kant é uma

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