wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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ases teóricas – “individualização” (Terrail, cita<strong>do</strong> por Weber, op. cit), “Privatização”<br />
(Schwartz, op. cit.), “Quebra da coesão social” ou “desfiliação” (Castel, op. cit.),<br />
“Desencaixe” (Giddens, 1991: 29; Bauman, 1998:30), “Desimpedimento” (MacIntyre,<br />
cita<strong>do</strong> por Bauman, op. cit: 30), “Deriva” (Sennett, op. cit.). De outro la<strong>do</strong>, encontram-se os<br />
que questionam a força deste processo e o poder que a nova versão <strong>do</strong> capitalismo teria de<br />
corroer a coesão social da classe operária (Weber, op. cit.; Beaud & Pialoux, 1999; Beynon,<br />
1995). Por fim, entre um la<strong>do</strong> e outro da controvérsia, há também posições intermediárias<br />
que identificam mudanças e permanências entre os hábitos culturais <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res<br />
(Hoggart, op. cit). Obviamente há que se considerar que nenhum destes autores parece<br />
defender posições extremas, mas reconhecem as ambigüidades de um e outro <strong>do</strong>s pontos de<br />
vista.<br />
Ao fim deste capítulo eu gostaria de abordar esta questão polêmica conquanto eu<br />
não tenha a pretensão de que meu material possa habilitar-me a opinar, de um mo<strong>do</strong><br />
definitivo a este respeito. Com efeito, creio mesmo que a ambigüidade deste debate está<br />
contemplada no material ao ponto dele poder ser emprega<strong>do</strong> para corroborar ambos os<br />
pontos de vista. Desta maneira limito-me a apresentá-lo e a indicar uma precária impressão<br />
pessoal, restrita ao âmbito de meu campo de investigação.<br />
No que diz respeito à Triumph International, o cotidiano das salas de costura foi,<br />
como vimos, profundamente abala<strong>do</strong> pelas alterações <strong>do</strong> processo produtivo perpetradas<br />
pelo sistema de “célula”. Na esteira de produção uma costureira recebia uma gratificação<br />
por produção correspondente ao que ela fazia individualmente. Sua produção individual<br />
não incidia, portanto, na remuneração de suas colegas. Uma eventual queda na produção<br />
individual de uma operária só afetaria seus próprios interesses e os interesses patronais.<br />
Este fato lhes conferia uma relativa autonomia no que diz respeito ao seu “cálculo<br />
econômico” (Leite Lopes, op. cit.) e, por conseguinte, uma certa liberdade para que ela<br />
pudesse conversar, “fofocar”, brincar de formas variadas – dentro <strong>do</strong>s limites da vigilância<br />
<strong>do</strong>s inspetores – com suas colegas posicionadas imediatamente atrás ou à sua frente.<br />
Ao contrário, no sistema de produção em “célula”, a coletivização das gratificações<br />
por produção fez com que aquela autonomia com relação ao “calculo econômico” das<br />
operárias fosse reduzida aos interesses <strong>do</strong> conjunto das costureiras da “célula”. Conforme<br />
menciona<strong>do</strong> anteriormente um corolário desta mudança – no caso específico da Triumph,<br />
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