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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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máquinas de ‘sanduíche’, de viés, são processos mais complica<strong>do</strong>s, a produção é mais<br />

difícil, ganha mais, mas é mais complica<strong>do</strong>” – continua.<br />

Não há uma costureira que seja que não faça uma leitura bastante crítica das<br />

condições sob as quais elas trabalham. Minha interlocutora de hoje expressou sua<br />

insatisfação com o fato de ficar sentada o dia to<strong>do</strong>. Suas declarações corroboram as críticas<br />

da presidente <strong>do</strong> sindicato <strong>do</strong> vestuários em relação aos riscos de LER que as condições de<br />

trabalho das costureiras as expõe.<br />

“Minha tia trabalhou uns quinze anos em confecção, aí começou a sentir<br />

<strong>do</strong>r nas costas, sentir <strong>do</strong>r nas costas e descobriu que estava com três<br />

hérnias na coluna. Entrou de INPS, ficou seis meses de licença e aí o<br />

INPS queria tirar a licença dela. Aí ela fez outro exame que mostrou que<br />

ela não podia trabalhar mais. É hérnia e tendinite sempre acontece.”<br />

(costureira de Travet, 23 anos).<br />

Ao fim desta dramática declaração, contu<strong>do</strong>, as duas meninas, como que tomadas<br />

por uma vontade instantânea de mudar o rumo da conversa, abordam inesperadamente o<br />

tema <strong>do</strong> lazer. Sem que eu tivesse formula<strong>do</strong> nenhuma questão a este respeito, minhas<br />

informantes mencionaram o que costumam fazer nos horários de almoço. “Às vezes,<br />

quan<strong>do</strong> está muito frio, agente vem aqui fora para o sol; às vezes agente fica lá dentro<br />

assistin<strong>do</strong> televisão; tem umas mesas de ‘totó’ lá dentro, às vezes as meninas jogam. É bom<br />

né? Um pouco de lazer, agente trabalha muito”.<br />

Aproveitan<strong>do</strong> o tema, perguntei se elas marcavam alguma coisa para fazer juntas.<br />

Disseram-me que, em geral, as solteiras marcam para sair juntas, etc. Mencionaram<br />

também as meninas que participam <strong>do</strong> time de futebol da fábrica. “Elas treinam lá no SESI<br />

de Lagoinha e jogam neste daqui (referin<strong>do</strong>-se ao segun<strong>do</strong> pólo <strong>do</strong> SESI <strong>do</strong> município que<br />

fica próximo à Gescri)”. “Se passar alguma menina <strong>do</strong> time aqui agente te apresenta ela.” E<br />

logo em seguida sai da fábrica uma das joga<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> time. “Aí vem ela” – diz uma –<br />

“Priscila, vem aqui? Ó este garoto ta fazen<strong>do</strong> uma pesquisa sobre a vida das costureiras e<br />

ele queria ver os jogos <strong>do</strong>s industriários, que dia vocês vão jogar?” “Você sabe que eu não<br />

sei ainda? Eu acho que os jogos começam no mês que vem. Me dá seu telefone – voltan<strong>do</strong>-<br />

se para mim – que quan<strong>do</strong> começar agente te liga.” Pergunto o que ela joga. “Eu jogo<br />

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