wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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fiscalização – inclusive mediante inspeção mútua das costureiras entre si – é sem dúvida<br />
mais uma diferença comparativamente ao sistema genericamente chama<strong>do</strong> de pós-fordista,<br />
posto que “liberdade” é uma palavra de ordem deste novo modelo (Sennett, 2005; Boltanski<br />
& Chiapello, 2002). Trata-se, entretanto de uma “liberdade” que se inscreve no registro da<br />
“flexibilidade”, da “reinvenção descontínua de instituições” (Sennett, op. cit: 55), da crença<br />
empresarial segun<strong>do</strong> a qual a rotina é profundamente maléfica para os negócios. Este não é<br />
certamente o caso da Triumph International e, menos ainda, das confecções menores de<br />
roupas íntimas de Nova Friburgo. Ano após ano as costureiras – desde o rito de passagem<br />
<strong>do</strong> sistema de produção individualiza<strong>do</strong> para o sistema de “célula” presidi<strong>do</strong> pelos<br />
“sacer<strong>do</strong>tes” <strong>do</strong> SENAI – executam os mesmo pouco varia<strong>do</strong>s processos de confecção <strong>do</strong><br />
lingerie descritos no item anterior. A única diferença é que agora as cerca de dez a <strong>do</strong>ze<br />
costureiras de cada “célula” executam freqüentemente to<strong>do</strong>s os cinco ou seis processos<br />
indispensáveis à produção <strong>do</strong> lingerie.<br />
“Hoje estamos numa linha divisória na questão da rotina. A<br />
nova linguagem da flexibilidade sugere que a rotina está morren<strong>do</strong><br />
nos setores dinâmicos da economia. Contu<strong>do</strong>, a maior parte da<br />
mão-de-obra permanece inscrita no círculo <strong>do</strong> fordismo”. (Ibidem:<br />
50).<br />
De fato, a exigência por produtividade e qualidade amiúde se acompanha, no<br />
interior deste “novo capitalismo” por características bem diversas das acima apresentadas<br />
referentes às fábricas de “moda íntima” de Nova Friburgo, conforme podemos depreende-<br />
las <strong>do</strong> seguinte trecho:<br />
“En outre lê personnel ne se mobilise pas sur un projet ou sur une<br />
polique partiels, la mobilisation dans ses conditions et dans ses<br />
effets procède d’un attachement à l’entreprise comme totalité et<br />
découle tout autant, sinon plus, de la politique sociale que de la<br />
seule politique de production et de formation scientifique et<br />
technique. Lês politiques de l’emploi, des salaires, des conditions<br />
de travail et des horaires apparaissent tout à fait importantes<br />
comme facteurs d’implication ou de non-implication du personnel<br />
dans lês objectifs de l’entreprise.” (Dassa & Dominique, op. Cit:<br />
31).<br />
Estas novas marcas <strong>do</strong> capitalismo atual parecem<br />
ser intrinsecamente ambíguas – de um la<strong>do</strong> elas<br />
podem parecer, mesmo <strong>do</strong> ponto de vista operário,<br />
uma melhora das condições de vida <strong>do</strong>s<br />
trabalha<strong>do</strong>res, por outro, elas abrem espaço à auto<br />
exploração <strong>do</strong> trabalha<strong>do</strong>r –; trata-se, segun<strong>do</strong> a<br />
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