wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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cem por cento. E, como temos a oportunidade de ler<br />
na seguinte fala de uma consultora de moda <strong>do</strong><br />
SENAI, <strong>do</strong> ponto de vista patronal este é o ideal que<br />
se ajusta ao princípio merca<strong>do</strong>lógico de<br />
“maximização <strong>do</strong>s lucros e redução <strong>do</strong>s custos”:<br />
“Existem fundamentalmente <strong>do</strong>is sistemas de produção: um que é<br />
o sistema de linha, que é o sistema individual – eu vou ganhar por<br />
aquilo que eu produzo, exclusivamente eu, não depen<strong>do</strong> de mais<br />
ninguém; e o sistema de célula que é a premiação em grupo. Então<br />
pra eu ganhar o salário X no final <strong>do</strong> mês eu depen<strong>do</strong> que você me<br />
abasteça, na produção. Então ou é a premiação individual ou é a<br />
premiação em equipe. Essa é a grande diferença. Individual aquelas<br />
que são as melhores, as mais rápidas não querem nem saber se<br />
você fez ou se você não fez, o importante é que no final <strong>do</strong> mês eu<br />
vou ganhar. Agora, isso pra empresa não é bom, ela tem três<br />
funcionárias muito boas e o restante não é bom. Então tem este<br />
esquema de célula que você premia o grupo. Então pra mim é<br />
importante que o pedi<strong>do</strong> da loja Líder esteja pronto. Não me<br />
interessa se alguma costureira não foi bem, eu quero que to<strong>do</strong><br />
mun<strong>do</strong> se esforce no mesmo limite. Então assim, umas a<strong>do</strong>ram;<br />
outras detestam. Porque aquela que ganhava cento e vinte por cento<br />
de produção, ela era acima da média, ela não gosta, porque ela teve<br />
que diminuir o ritmo dela pra ajudar a companheira que não era tão<br />
boa quanto ela, né. Então existe uns atritos assim”. (Grifos meus).<br />
Destarte, as alterações efetuadas nos sistemas de produção de lingerie tiveram por<br />
principal objetivo patronal, de um la<strong>do</strong>, o enxugamento, por assim dizer, das gratificações<br />
excedentes e, de outro, o aproveitamento efetivo de um sobre trabalho não aproveita<strong>do</strong> no<br />
sistema anterior. Assim uma costureira que dava cento e vinte por cento de produção e que<br />
recebia uma gratificação correspondente a esta produtividade teve que diminuir a produção<br />
em sua própria especialidade para ajudar na produção daquelas colegas mais vagarosas ou<br />
responsáveis por processos mais demora<strong>do</strong>s. No processo de premiação individual o<br />
montante de peças produzi<strong>do</strong> por uma costureira muito rápida não era aproveita<strong>do</strong><br />
imediatamente, mas somente na medida em que os demais processos fossem se<br />
completan<strong>do</strong>. Na célula, ao contrário, não existe possibilidade de exceder os cem por cento<br />
(e mesmo este percentual é muito difícil de alcançar) porque o cálculo de produtividade<br />
considera o coletivo e também porque freqüentemente uma costureira não executa apenas<br />
um processo, o que dificulta sua adaptação. De maneira que, na esteira uma costureira<br />
rápida recebia, por exemplo, cento e vinte por cento de produção; na célula ao contrário,<br />
seu sobre trabalho encarna<strong>do</strong> nos vinte por cento excedentes por um la<strong>do</strong>, não são<br />
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