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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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complementa os demais processos de acabamento<br />

da maioria das peças. No primeiro caso, estamos<br />

lidan<strong>do</strong> certamente com uma função de reduzi<strong>do</strong><br />

valor social e, conseqüentemente, econômico, sob o<br />

ponto de vista <strong>do</strong>s critérios patronais apresenta<strong>do</strong>s.<br />

No último, seria coerente supor, com base nos<br />

mesmos critérios, que a referida operação de<br />

acabamento tenderia a ser gratificada com uma<br />

alíquota equivalente aos processos da montagem <strong>do</strong><br />

lingerie considera<strong>do</strong>s mais nobres. Ocorre que a<br />

lógica <strong>do</strong> Capital não obedece aos mesmos critérios<br />

de não-contradição que fundamentam a lógica<br />

clássica. Aqui uma mesma operação, sob certas<br />

condições e conforme os interesses patronais, pode<br />

ser, a um só tempo, nobre e grosseira.<br />

Nesse senti<strong>do</strong>, é o argumento da complexidade<br />

– que até aqui desempenhou um papel subsidiário<br />

(subordina<strong>do</strong> à exaltação estética que confere maior<br />

valor às atividades de acabamento) às demais<br />

justificativas patronais – o que justifica a<br />

desvalorização <strong>do</strong> trabalho da costureira de Travet.<br />

E isso tanto <strong>do</strong> ponto de vista da velocidade <strong>do</strong><br />

processo – isto é, de seu potencial produtivo –;<br />

quanto da perspectiva da socialização da operária –<br />

ou seja, de seu aprendiza<strong>do</strong>. Sob ambos os aspectos,<br />

o trabalho na máquina de Travet é considera<strong>do</strong> de<br />

relativa simplicidade no conjunto das operações que<br />

lhe são inerentes.<br />

Destarte, a lógica argumentativa sub-reptícia de<br />

justificação <strong>do</strong> baixo valor social da costureira de<br />

Travet não se coaduna com nenhuma das linhas de<br />

legitimação tácitas das hierarquias internas de uma<br />

sala de costura. Se, por um la<strong>do</strong>, não se trata aqui da<br />

responsabilidade que, por exemplo, confere um<br />

eleva<strong>do</strong> status ao ofício de corta<strong>do</strong>r, por outro, o<br />

risco de “comer a peça” não é menor entre as<br />

costureiras de Travet <strong>do</strong> que entre qualquer outra<br />

operária. Ademais, embora a aplicação de lacinho<br />

constitua um mero complemento <strong>do</strong>s processos de<br />

acabamento mais aprecia<strong>do</strong>s no campo da moda,<br />

nem por isso ela deixa de ser uma operação ligada à<br />

fase de acabamento da peça. Por outro la<strong>do</strong>, as<br />

baixas gratificações desta operária não acompanham<br />

a lógica da precarização <strong>do</strong> trabalho que parece<br />

equivalências de prestígio julguei que uma descrição da costureira da máquina de lacinho seria redundante<br />

neste relato.<br />

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