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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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acabamento de maior prestígio entre os estilistas e<br />

compra<strong>do</strong>res, segue-se que a costureira de Colarete passa<br />

a ser “a menina <strong>do</strong>s olhos <strong>do</strong> <strong>do</strong>no da confecção”:<br />

“O valor social de cada costureira depende da tendência <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> da<br />

moda, de que tipo de modelo está em alta. Hoje em dia, a ‘menina <strong>do</strong>s<br />

olhos’ <strong>do</strong> <strong>do</strong>no de uma confecção é a costureira de Colarete”.<br />

(Consultora de moda íntima <strong>do</strong> SENAI).<br />

A costureira de Colarete trabalha sobre os modelos de<br />

lingerie que não levam elásticos. Portanto, há uma relação<br />

de status inversamente proporcional entre ela, por um<br />

la<strong>do</strong>, e as costureiras de Interlock, por outro. Em perío<strong>do</strong>s<br />

de grande valorização de modelos com acabamento em<br />

“sanduíche” estas últimas podem freqüentemente ser<br />

deslocadas para as máquinas de Overlock ou alguma outra<br />

função no interior da sala de costura.<br />

O trabalho da costureira de Colarete consiste em<br />

aplicar uma bainha de malha na peça. O teci<strong>do</strong> da bainha<br />

é <strong>do</strong>bra<strong>do</strong> sobre os <strong>do</strong>is la<strong>do</strong>s (interno e externo) das<br />

extremidades <strong>do</strong> lingerie lembran<strong>do</strong> o formato de um<br />

sanduíche, daí o nome com o qual este acabamento é<br />

batiza<strong>do</strong>. Conforme indica<strong>do</strong> nas linhas precedentes, as<br />

operárias de “moda íntima” tendem a enfatizar, em suas<br />

descrições <strong>do</strong>s processos produtivos, menos a<br />

complexidade da operação que sua maior velocidade ou<br />

morosidade na execução. O seguinte trecho constitui a<br />

resposta de uma costureira de Colarete à minha questão<br />

sobre a complexidade de seu trabalho.<br />

“Depois que se aprende, to<strong>do</strong> processo é a mesma coisa. Não tem um<br />

mais difícil que o outro. A Colarete, como a Três Pontos, tem suas<br />

dificuldades para se aprender. A Colarete não tem que colocar a caixa de<br />

bobina em baixo como a Três Pontos, mas tem que tomar cuida<strong>do</strong> para<br />

não franzir a peça contra a parede da máquina. Então você tem que ter<br />

uma mão boa para regular a costura certinho, né. Mas depois que se<br />

aprende não tem processo mais difícil que o outro. Tem processo mais<br />

demora<strong>do</strong>, como o Overlock, isso tem.” (Costureira da Filó, 45 anos).<br />

Vê-se, pois, que a forte “pressão” patronal por produtividade marca a maneira pela<br />

qual as costureiras interpretam seu próprio trabalho. Destarte, a complexidade constitui um<br />

problema reduzi<strong>do</strong> ao momento da aprendizagem <strong>do</strong> ofício, e deixa rapidamente de o ser<br />

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