wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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educação física deveria aban<strong>do</strong>nar o discurso utilitarista e investir em uma teoria e uma<br />
prática <strong>do</strong>/para o lazer. Um texto fundamental aqui foi particularmente A busca da<br />
excitação 46 , onde a opção por um “tema menor” 47 , muito característica da obra de Norbert<br />
Elias, é justificada à luz <strong>do</strong> utilitarismo supostamente presente na produção sociológica<br />
filiada ao estrutural funcionalismo de Talcott Parsons 48 .<br />
Pesquisa<strong>do</strong>res como Victor Melo investiram, a partir da década de 1990, em<br />
pesquisas filiadas à escola <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s cultural studies (Melo, op. cit.), e na formulação<br />
de propostas de “animação cultural” em educação física e lazer 49 . Foi precisamente a partir<br />
de meu contato com o professor Victor Melo, e de meu ingresso no grupo “ANIMA –<br />
Lazer, Animação Cultural e Estu<strong>do</strong>s Culturais”, em 2004, que comecei a me interessar pela<br />
pesquisa antropológica em lazer. Por conseguinte, eu diria que este primeiro contato com<br />
uma teoria <strong>do</strong> lazer, por ocasião de minha graduação, pode ser aponta<strong>do</strong> como uma das<br />
raízes genealógicas de meu tema inicial de pesquisa.<br />
Ocorre que este tema <strong>do</strong> lazer não assumiu, na fala nativa, a centralidade que eu lhe<br />
concedi por ocasião da elaboração <strong>do</strong> projeto da pesquisa ora relatada. Ao longo da<br />
investigação, os indícios de um mo<strong>do</strong> de vida centra<strong>do</strong> na urgência e a centralidade que o<br />
trabalho foi ocupan<strong>do</strong> nos depoimentos recolhi<strong>do</strong>s me obrigaram, senão a uma mudança de<br />
itinerário, pelo menos a tomar o caminho mais longo – iniciar a investigação (e o relato)<br />
pelos fenômenos liga<strong>do</strong>s ao processo produtivo e, eventualmente, os aspectos articula<strong>do</strong>s<br />
com a sociabilidade operária. Com efeito, as práticas de sociabilidade e de lazer não se<br />
encontram ausentes nem da vida das costureiras elas próprias, nem de meu relato sobre<br />
elas. Ocorre que a pesquisa de campo etnográfica obrigou-me a visualizar o complexo<br />
intrincamento existente entre estas duas esferas da vida das operárias – o trabalho e o lazer<br />
– além de outras, é claro. Por conseguinte, pareceu-me que a categoria lazer, além de<br />
constituir um elemento alienígena ao universo social investiga<strong>do</strong>, era também <strong>do</strong> ponto de<br />
vista das ciências sociais uma abstração.<br />
46 Dunning, Eric & Elias, Norbert. 1992.A busca da excitação. Lisboa: Memória e sociedade.<br />
47 Leite Lopes, J. S. “Esporte, emoção e conflito social” In Mana: estu<strong>do</strong>s de antropologia social. Rio de<br />
janeiro: contra-capa, 1995. 1(1), ISSN 0104-9313. p. 141-165.<br />
48 Para uma crítica de Elias à Talcott Parsons ver particularmente a Introdução de 1968 in Elias, Norbert.<br />
1994. O processo civiliza<strong>do</strong>r. volume 1: uma história <strong>do</strong>s costumes.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed.<br />
49 Ver a este respeito a página virtual <strong>do</strong> grupo ANIMA – lazer, animação cultural e estu<strong>do</strong>s culturais, na<br />
seguinte página: http://www.lazer.eefd.<strong>ufrj</strong>.br.<br />
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