wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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Obviamente preten<strong>do</strong> me precaver contra este tipo de prática panfletária, embora não<br />
pretenda camuflar minhas convicções políticas e meu desacor<strong>do</strong> com um regime de<br />
exploração que claramente atravessa meu campo de pesquisa.<br />
Com estas considerações quero, por um la<strong>do</strong>, enunciar certos constrangimentos que,<br />
segun<strong>do</strong> me parece, a investigação proposta deverá sofrer e, por outro, iniciar a discussão<br />
sugerida para este tópico rejeitan<strong>do</strong> enfaticamente o chama<strong>do</strong> princípio de estranhamento.<br />
Ao declarar meu parentesco e lega<strong>do</strong> biográfico com a categoria operária aqui em foco<br />
quero, com isso, chamar a atenção (sobretu<strong>do</strong> talvez de mim mesmo) para o alerta de<br />
Bourdieu (1997: 708) sobre a necessidade da auto-objetivação <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r. Isto é, para a<br />
objetivação das estruturas sociais que condicionam a maneira pela qual o pesquisa<strong>do</strong>r ele<br />
mesmo conduz seu trabalho.<br />
Antes, pois, de falar <strong>do</strong>s constrangimentos sociais que incidem sobre o trabalho de<br />
campo em um contexto <strong>do</strong> qual eu fiz e faço parte; antes de falar desta re-entrada no campo<br />
eu gostaria de abordar a fase anterior de afastamento deste universo social, por ocasião de<br />
minha entrada na graduação. Começarei, portanto, este exercício seguin<strong>do</strong> o roteiro<br />
proposto pelo próprio Bourdieu. Isto é, com uma reflexão sobre o “campo” acadêmico no<br />
interior <strong>do</strong> qual me inseri, por ocasião de minha graduação.<br />
Antes de encetar o trabalho de campo meu tema de investigação referia-se à questão<br />
<strong>do</strong> lazer entre as costureiras de roupas íntimas de Nova Friburgo. A escolha deste tema <strong>do</strong><br />
lazer está intimamente relacionada com minha formação universitária inicial. Em<br />
decorrência de uma série de fatos desarticula<strong>do</strong>s entre si optei por ingressar no curso de<br />
Licenciatura em Educação Física da Universidade Federal Rural <strong>do</strong> Rio de Janeiro. Em<br />
primeiro lugar, por conta de um histórico de envolvimento com as práticas esportivas. Em<br />
seguida por desejar trabalhar no campo da educação. Este segun<strong>do</strong> fator talvez guarde<br />
relações tácitas com um envolvimento com o movimento estudantil secundarista, no<br />
interior <strong>do</strong> qual tive, pela primeira vez, contato com os debates referentes à política<br />
educacional, por exemplo.<br />
O ingresso em uma universidade cujo movimento estudantil era vigorosamente<br />
atuante, incluin<strong>do</strong> o Diretório Acadêmico de Educação Física, pôs-me rapidamente em<br />
contato com uma produção acadêmica, marginalizada no interior <strong>do</strong> campo, que bem<br />
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