wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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Friburgo desempenharam e vem desempenhan<strong>do</strong> historicamente um papel fundamental na<br />
produção da riqueza <strong>do</strong> município.<br />
Por outro la<strong>do</strong>, precisamos também considerar seriamente o alerta de Rosalind<br />
Shaw, para quem a ênfase na agência humana não pode obliterar questões ligadas à<br />
distribuição assimétrica de poder, no interior <strong>do</strong>s vários campos de embates políticos. Vale<br />
a pena citar a brilhante formulação por meio da qual ela apresenta este ponto de vista:<br />
“This detachment of agency from power and structure seems to be in part a reaction<br />
against earlier analyses of the lives <strong>do</strong> human subjects as overdetermined. Yet this reaction<br />
is in many ways just as problematic as the analyses against which it is cast as a critique:<br />
currently, as Comaroff and Comaroff put it, ‘an almost Althusserian overdetemination has<br />
been replaced by a Derridean indeterminacy’ (1997: 15). At its most crude, this reaction<br />
takes the form of reiterations that people are not ‘passive objects’ but ‘actives subjects’, are<br />
not ‘victims’ but ‘agents’, and are not ‘subjugated’ but ‘authors of their own histories’.<br />
Such formulaic declarations are disturbingly resonant of a <strong>do</strong>minant North Atlantic<br />
discourse of unfettered individualism and free<strong>do</strong>m of choice – a discourse that ‘continually<br />
pulls us away from systemic understanding and inclines us toward constructions that<br />
emphasize individual free<strong>do</strong>m, choice, power, ability’ (bar<strong>do</strong>, 1993: 30).<br />
(...) It is, of course, crucial to recognize, for example, (…) that women inventively deploy<br />
patriarchal ideas and images for their own purposes (…). But if we stop there, we risk<br />
collapsing distinctions among contrasting kinds of agency that are associated with<br />
contrasting kinds of power”. (Shaw, 2002: 19).<br />
Nesse senti<strong>do</strong>, a “<strong>do</strong>mesticação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>” apresenta também, como<br />
contrapartida, uma “mercantilização <strong>do</strong> <strong>do</strong>méstico”. Ou mais precisamente, a extensão da<br />
exploração <strong>do</strong> trabalho pelo capital a uma esfera antes livre – no caso específico da<br />
indústria de lingerie de Nova Friburgo, saliente-se, e não no senti<strong>do</strong> genérico. É preciso<br />
dizer também que esta mesma esfera <strong>do</strong>méstica oferece, neste contexto, um refúgio ao<br />
capital que o protege da fiscalização <strong>do</strong> ministério público <strong>do</strong> trabalho, por exemplo.<br />
Destarte, a classe patronal friburguense fica livre para ampliar indiscriminadamente em até<br />
11 horas diárias a jornada de trabalho das costureiras da “facção <strong>do</strong>méstica” – lembremos,<br />
por exemplo, da jornada de trabalho de Ângela, a irmã de Vânia (que se inicia às 6:00 e<br />
termina, com freqüência, às 22:00 horas) mencionada na página 146 desta dissertação.<br />
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