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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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salas de costura, trabalha<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>mésticas, etc. Temos, pois, diante de nós, um regime de<br />

exploração da força de trabalho das costureiras de lingerie sub-dividi<strong>do</strong> em três<br />

modalidades. 1 – A “pressão” por produtividade e qualidade exercida sobre as costureiras,<br />

no interior das “células” de produção, por suas próprias fronteiras. Ou seja, sobre aquelas<br />

operárias com contrato trabalhista formal, em carteira de trabalho. 2 – A exploração da mão<br />

de obra mais barata da China – mas também, segun<strong>do</strong> relatos <strong>do</strong> Sindicato <strong>do</strong>s<br />

trabalha<strong>do</strong>res têxteis de Nova Friburgo, de outros países asiáticos, como o Vietnã –<br />

perpetrada não apenas pela multinacional Triumph International, mas também por outras<br />

empresas de porte mediano. 3 – Por fim, o regime de exploração informal das costureiras<br />

isoladas em suas residências, por meio <strong>do</strong> sistema de “facção <strong>do</strong>méstica”, inclusive<br />

mediante características típicas <strong>do</strong> trabalho semi-escravo – chantagem patronal e “pressão”<br />

por uma produtividade exacerbada, mediante o empréstimo da máquina de costura.<br />

O que tentei aqui representar foram os novos contornos assumi<strong>do</strong>s pela indústria de<br />

lingerie de Nova Friburgo, depois das transformações da década de 1990. Estas<br />

transformações foram experimentadas de um mo<strong>do</strong> bastante dramático, pelas costureiras<br />

que vivenciaram o cotidiano tradicional de uma sala de costura, bem como a cultura<br />

operária que lhe era inerente. Conforme tentei demonstrar, às suas formulações críticas<br />

acerca <strong>do</strong> novo regime de exploração (que freqüentemente se revelavam sob a forma de<br />

uma evocação idealizada <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>) seguiram-se novas alternativas de trabalho fora <strong>do</strong><br />

âmbito, por assim dizer, esquizofrênico da célula. A abertura de pequenas “confecções”,<br />

por parte daquelas operárias atingidas pelas demissões massivas <strong>do</strong>s anos 1990, bem como,<br />

o trabalho na “facção <strong>do</strong>méstica”, constituíram algumas destas alternativas.<br />

Por um la<strong>do</strong>, a produção destas alternativas pode ser caracterizada como um<br />

processo de “<strong>do</strong>mesticação <strong>do</strong> merca<strong>do</strong>” (Brenner, op. cit) – isto é, a transformação de um<br />

merca<strong>do</strong>, antes unilateralmente explora<strong>do</strong>r, em algo sob controle e converti<strong>do</strong> em valor<br />

para a família. (De fato, há casos de costureiras que, sen<strong>do</strong> proprietárias de uma máquina de<br />

costura, conseguem manter sob controle a exigência de produção das empresas<br />

fornece<strong>do</strong>ras de facção, porquanto encontram-se livres das chantagens patronais em torno<br />

<strong>do</strong> empréstimo da máquina de costura.) E não apenas para a família. Sem dúvida, a<br />

exemplo das mulheres de Solo, estudadas por Brenner, também as mulheres de Nova<br />

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