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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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No que diz respeito ao desemprego masculino, um indício forte deste fenômeno, no<br />

contexto friburguense, é o fato já menciona<strong>do</strong> da crescente ocupação por parte <strong>do</strong>s homens,<br />

<strong>do</strong>s postos de trabalho disponíveis nas salas de costura, como costureiros. Infelizmente a<br />

pesquisa aqui relatada não se ocupou desta parcela da categoria operária <strong>do</strong> vestuário<br />

friburguense, por questões de prazo para o seu encerramento. Abordar o trabalho <strong>do</strong>s<br />

homens na costura de lingerie implicaria em um conjunto diverso de entrevistas e,<br />

provavelmente, na análise de to<strong>do</strong> um outro universo de significação. De mo<strong>do</strong> que deixo<br />

esta questão reservada para outra pesquisa, num futuro próximo.<br />

No tocante à “empregabilidade” feminina vimos, no capítulo anterior que esta<br />

noção, típica <strong>do</strong> capitalismo em sua fase contemporânea, não apenas não significa<br />

“estabilidade” no emprego, como é também contrária a esta última. Se por um la<strong>do</strong>,<br />

dificilmente encontraremos alguma costureira de lingerie desempregada, por outro, são<br />

poucas aquelas operárias que conseguem se manter durante toda a vida, em uma única<br />

fábrica de roupas íntimas. Entretanto, no contexto familiar, esta posição, por assim dizer, de<br />

“empregáveis” conferem certamente à mulher um poder de decisão maior, nos assuntos<br />

<strong>do</strong>mésticos frente ao poder <strong>do</strong> Pater-Familias (freyre, op. cit.) – o poder advin<strong>do</strong> de sua<br />

posição de prove<strong>do</strong>ras <strong>do</strong> lar 113 .<br />

Entretanto, mesmo este poder é também ele ambíguo e pode, eventualmente,<br />

concorrer para reforçar certas relações patriarcais. Assim, não é incomum que as mulheres<br />

elas próprias, como forma de elevar a auto-estima <strong>do</strong> companheiro, reforcem a posição de<br />

“chefe da casa” de seus mari<strong>do</strong>s. Por outro la<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong> o controle sobre um fator<br />

importante de formação da identidade masculina – o controle sobre o papel de prove<strong>do</strong>r<br />

familiar –, no interior das relações conjugais, os homens podem, de maneira talvez pouco<br />

consciente, agarrar-se a um outro aspecto equaciona<strong>do</strong> com tal identidade, no contexto de<br />

uma tradição patriarcal mais difundida – sua condição de proprietário, de pater famílias<br />

(Freyre, op. cit.). De maneira que a manutenção da autoridade <strong>do</strong> homem sobre o “tempo<br />

livre” da mulher se reproduz no que pese a assunção desta ao governo financeiro da casa. É<br />

váli<strong>do</strong> lembrar a distinção que Oliver Schwartz (op. cit.:178) faz entre “governo” e<br />

113<br />

Não obstante, o caso friburguense não parece diferir substancialmente <strong>do</strong> caso javanês a este respeito.<br />

Conforme diz Brenner:<br />

“Scholars of Javanese society are generally quick to point out that while women have economic power and<br />

considerable control over household affairs, in the realm of prestige they fall far short of men”. (op. cit:<br />

140).<br />

159

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