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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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senti<strong>do</strong>, dificilmente poderemos encontrar casos de costureiras de “facção <strong>do</strong>méstica” nos<br />

quais os senti<strong>do</strong>s econômicos estejam absolutamente ausentes. Mesmo aquelas<br />

trabalha<strong>do</strong>ras aposentadas que afirmam trabalhar na “facção” apenas para se manter ativas<br />

vêem-se aprisionadas, com freqüência, pela “pressão” patronal por produção. Há, com<br />

efeito, um regime de exploração sub-reptício – porque basea<strong>do</strong> na dádiva (remeto o leitor à<br />

nota 27, na introdução desta dissertação) – incorpora<strong>do</strong> à “facção <strong>do</strong>méstica”. Trata-se da<br />

manutenção de uma dívida da costureira com a <strong>do</strong>na da confecção por meio <strong>do</strong> empréstimo<br />

da máquina de costura. Daí que, questionada sobre porque costurar durante to<strong>do</strong> o dia já<br />

que a “facção” seria uma mera fonte de satisfação pessoal, Vânia tenha formula<strong>do</strong> a<br />

seguinte justificativa:<br />

“Se a <strong>do</strong>na da confecção te empresta a máquina ela vai querer que<br />

você dê produção. Não importa se você quer trabalhar só meio turno. Se<br />

você não der conta das peças que ela traz, no tempo que ela determina, ela<br />

tira a máquina e dá para outra pessoa”. (Vânia).<br />

Temos, portanto, diante de nossos olhos, um mo<strong>do</strong> de <strong>do</strong>minação cuja dinâmica já é<br />

por demais conhecida. Seja nas várias formas de escravidão e semi-escravidão de<br />

trabalha<strong>do</strong>res rurais espalha<strong>do</strong>s pelo mun<strong>do</strong>; seja no trabalho servil de imigrantes<br />

endivida<strong>do</strong>s com os custos de passagem, habitação, etc.; seja na modalidade específica de<br />

trabalho <strong>do</strong>méstico que estou tentan<strong>do</strong> descrever, a história é sempre a mesma. O<br />

explora<strong>do</strong>r deixa uma parcela irrisória de seu capital à disposição <strong>do</strong> explora<strong>do</strong>, como meio<br />

de criar as condições de possibilidade da relação mesma de exploração. E está determinada<br />

a ininterrupta “pressão” produtivista sobre o trabalha<strong>do</strong>r por meio <strong>do</strong> evento funda<strong>do</strong>r que<br />

instaura a dívida – contrapartida da dádiva <strong>do</strong> capitalista.<br />

“Observou-se que os incentivos pessoais eram mais eficazes que os econômicos. Constantemente bemhumora<strong>do</strong>s,<br />

produziam mais se seus patrões também tivessem senso de humor e os encorajassem à mutua<br />

emulação”. (ibidem: 330).<br />

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