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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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apresenta certos aspectos que parecem contradizer o<br />

crescente processo de controle das emoções. Os<br />

atuais meios de comunicação de massa, de um<br />

mo<strong>do</strong> privilegia<strong>do</strong> a televisão, parecem ter<br />

concorri<strong>do</strong> para um arrefecimento deste controle por<br />

via da mercantilização (e, por conseguinte, da<br />

exposição publicitária) de tu<strong>do</strong> que em dizen<strong>do</strong><br />

respeito ao sexo, ao longo <strong>do</strong> processo civiliza<strong>do</strong>r,<br />

foi oculta<strong>do</strong>. Bauman chama este processo de<br />

“barbarização secundária” (ibidem:34).<br />

Destarte, o corpo feminino parece ser, neste contexto, um elo de ligação entre a<br />

“esfera privada” <strong>do</strong> âmbito <strong>do</strong>méstico – arquétipo <strong>do</strong> ocultamento, <strong>do</strong> enclausuramento<br />

feminino, ao longo <strong>do</strong> processo civiliza<strong>do</strong>r –; e a “moda íntima” – inicialmente um segun<strong>do</strong><br />

esconderijo <strong>do</strong> sexo feminino, hoje símbolo da transformação dialética <strong>do</strong> ocultamento em<br />

exposição mercantil. Mas se no passa<strong>do</strong> as roupas íntimas assumiam um caráter de<br />

distinção social em decorrência da exaltação <strong>do</strong> luxo das peças no ocultamento mesmo <strong>do</strong><br />

corpo feminino, hoje a exaltação estética <strong>do</strong> luxo constitui um complemento da exaltação<br />

estética deste corpo ele próprio. Aqui também a construção <strong>do</strong> corpo, segun<strong>do</strong> um<br />

determina<strong>do</strong> padrão hegemônico de estética, incorpora a mesma dinâmica de distinção<br />

social 100 . Nesse senti<strong>do</strong>, se há um etnocentrismo próprio da visão machista de mun<strong>do</strong><br />

incorpora<strong>do</strong> no enclausuramento da mulher no interior da esfera <strong>do</strong>méstica; há, além disso,<br />

uma segunda ordem de etnocentrismo incidin<strong>do</strong> sobre a identidade feminina encarnada no<br />

padrão de corpo eleva<strong>do</strong> a modelo de beleza feminina pela mídia e pelas várias variações<br />

industriais organizadas em torno da mercantilização <strong>do</strong> corpo. No caso de Nova Friburgo,<br />

as mulheres estão cotidianamente confrontadas com este padrão etnocêntrico de corpo, no<br />

contato diário com as inumeráveis imagens publicitárias <strong>do</strong>s out<strong>do</strong>ors da indústria de<br />

“moda íntima”. A este respeito a ironia das operárias da indústria de lingerie parece<br />

constituir uma crítica nativa interessante ao padrão de corpo hegemônico, conforme se pode<br />

ver no seguinte trecho de minhas anotações em caderno de campo <strong>do</strong> dia 30 de Maio de<br />

2008:<br />

“Há também com muita freqüência brincadeiras que apelam para<br />

uma dimensão da feminilidade própria das operárias. Este parece ser um<br />

100 Ver a este respeito o quadro sobre a produção <strong>do</strong> corpo, segun<strong>do</strong> a lógica da distinção social por meio da<br />

disposição estética, da página 233 de La distinction de Bourdieu (op. cit.).<br />

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