wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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como uma fralda, para esconder a região pubiana. Já na Grécia Antiga, as<br />
mulheres cobriam o púbis com um teci<strong>do</strong> triangular preso por fios<br />
amarra<strong>do</strong>s nos quadris. Com o passar <strong>do</strong> tempo, a roupa íntima teve suas<br />
idas e voltas, pre<strong>do</strong>minan<strong>do</strong> durante séculos o estilo complica<strong>do</strong> e<br />
aprisiona<strong>do</strong> no qual não existia conforto”. (Castro, 2006: 4, grifo meu).<br />
Abstraí<strong>do</strong> o fato de este não ser um texto propriamente historiográfico, no senti<strong>do</strong><br />
acadêmico, mas uma compilação de lugares comuns históricos reproduzi<strong>do</strong>s no interior <strong>do</strong><br />
campo da moda, o trecho revela que uma investigação sobre a homologia possível entre a<br />
noção de “moda íntima” e a “esfera privada”, tradicionalmente referida ao âmbito<br />
<strong>do</strong>méstico pode extrapolar o aspecto meramente semântico. O lingerie parece ser<br />
engendra<strong>do</strong> originalmente como um dispositivo de sexualidade marca<strong>do</strong> pela <strong>do</strong>minação de<br />
gênero. A esfera “privada”, ou <strong>do</strong>méstica, parece ser, em proporções maiores, o que a roupa<br />
“íntima” é em escala reduzida. A primeira representa, por assim dizer, um asilo e, em certas<br />
condições, uma prisão <strong>do</strong> corpo feminino; a segunda, por sua vez, constituiu, por alguns<br />
séculos, um segun<strong>do</strong> esconderijo deste corpo, uma cobertura, um sinto de castidade que<br />
servia também como um dispositivo de enquadramento corporal e moral das mulheres. E<br />
não deixava de representar similarmente um instrumento de auto-tortura e penitência –<br />
quem sabe da eterna culpa pelo peca<strong>do</strong> original!<br />
“Século XV ao XVII: A roupa íntima se tornou muito rígida. O<br />
corpete que modelava as curvas femininas era tão aperta<strong>do</strong> que ninguém<br />
seria capaz de vesti-lo sozinha, sen<strong>do</strong> necessária a ajuda de mais de uma<br />
pessoa. Mais de duas horas podiam ser perdidas para vestir uma única<br />
peça. Além disso, era muito comum encontrar mulheres que desmaiavam<br />
com a falta de ar provocada pelo espartilho. Havia ainda o Farthingale ou<br />
Vertingale, que consistia em uma armação de ferro ou madeira com fitas<br />
de algodão e um cinto que era amarra<strong>do</strong> na cintura. Tinha como<br />
finalidade armar as saias”. (Ibidem: 5).<br />
Mesmo durante o século XIX, por ocasião da consolidação da burguesia como nova<br />
classe <strong>do</strong>minante e a substituição da cosmologia cristã por uma concepção mais laica <strong>do</strong><br />
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