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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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exemplo, em 25 de fevereiro de 2005 diversas entidades empresarias, como o SEBRAE,<br />

FIRJAN, SENAI e o SINDVEST – NF (Sindicato patronal das Indústrias <strong>do</strong> Vestuário de<br />

Nova Friburgo), além da UERJ 12 – to<strong>do</strong>s integrantes <strong>do</strong> chama<strong>do</strong> “Conselho da Moda” <strong>do</strong><br />

município – assinaram um acor<strong>do</strong> para a formação de um “Arranjo Produtivo Local” (APL)<br />

de “Confecção” de Nova Friburgo. O objetivo era ampliar a produção e o comércio <strong>do</strong>s<br />

produtos de roupas íntimas de toda a Região Centro Norte Fluminense e, por conseguinte,<br />

as taxas de lucro de seus produtores. Desta APL de Confecção, cujo município principal é<br />

Nova Friburgo, fazem parte também as cidades contíguas de Bom Jardim, Cordeiro,<br />

Cantagalo e Duas Barras. A região contava, no mesmo ano, cerca de 700 empresas voltadas<br />

para o setor de “moda íntima”, sen<strong>do</strong> deste montante 500 formais e 200 informais. Também<br />

em 2005 os empresários deste setor, na Região Centro Norte Fluminense, eram detentores<br />

de 25% <strong>do</strong> merca<strong>do</strong> de lingeries nacional, sen<strong>do</strong> também responsáveis pela exploração da<br />

força de trabalho de cerca de 20.000 trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Há que se salientar a curiosa cooperação das esferas municipais, estaduais – como é<br />

o caso da UERJ, já citada como integrante <strong>do</strong> “Conselho da Moda” – e federais <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>,<br />

de algum mo<strong>do</strong> ligadas ao setor industrial e que freqüentemente constituem, por assim<br />

dizer, o braço estatal 13 da burguesia empresarial nacional e multinacional. No mesmo ano<br />

de 2005, por exemplo, foi noticia<strong>do</strong>, em 21 de Junho, pelo Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento,<br />

Indústria e Comércio Exterior, a implementação de um Projeto de Extensão Industrial<br />

Exporta<strong>do</strong>ra (PEIEx) no Arranjo Produtivo Local de Nova Friburgo. Trata-se, segun<strong>do</strong> as<br />

informações veiculadas na página <strong>do</strong> próprio ministério, de um projeto que visa formar<br />

consultores para auxiliar as indústrias <strong>do</strong> setor de moda íntima, na região, a “detectar<br />

dificuldades e fornecer soluções”. Muitas destas “dificuldades” parecem se referir ao<br />

declínio das taxas de lucro <strong>do</strong> Capital, no setor, em decorrência <strong>do</strong> crescimento de empresas<br />

12 As informações aqui registradas podem ser originalmente encontradas no site <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong><br />

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior: http://www.desenvolvimento.gov.br<br />

13 Esta cooperação entre Esta<strong>do</strong> e Capital não é, entretanto, tão curiosa assim, senão que ela parece ser<br />

imanente, ainda que sub-reptícia, ao próprio funcionamento <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> de produção capitalista. E mesmo a<br />

noção de um merca<strong>do</strong> “auto-regulável” que constitui a ideologia declarada deste sistema não pode<br />

prescindir deste suporte estatal:<br />

“Como Polanyi mostra em The Great Transformation, a emergência de merca<strong>do</strong>s nacionais não é o<br />

resulta<strong>do</strong> mecânico da extensão gradual das trocas, mas o efeito de uma política de Esta<strong>do</strong> deliberadamente<br />

mercantilista que visa aumentar o comércio interno e externo: ven<strong>do</strong> no desenvolvimento econômico o<br />

melhor apoio <strong>do</strong> seu poder, os Esta<strong>do</strong>s favoreceram a comercialização da terra, <strong>do</strong> dinheiro e <strong>do</strong> trabalho”.<br />

(Bourdieu, 2001: 277).<br />

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