wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...
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Professor Jamil El-Jaick, uma instituição conhecida por seu ensino de qualidade dentre as<br />
escolas públicas da cidade.<br />
Foi precisamente por esta ocasião, quan<strong>do</strong> Íris estava se preparan<strong>do</strong> para ingressar<br />
na faculdade, que nos conhecemos. Nos aproximamos em grande medida em função de<br />
nossas afinidades em relação ao gosto pela História e também por freqüentarmos o mesmo<br />
grupo de amigos. Sua mudança de planos em relação ao curso de História parece dever-se<br />
menos a uma questão de gosto <strong>do</strong> que a questões mais objetivas, ligadas à configuração<br />
específica <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> trabalho em Nova Friburgo, bem como a uma expectativa de<br />
continuidade profissional com ascensão social e econômica.<br />
O interesse repentino de Íris em cursar modelagem e estilismo faz coro com um<br />
número significativo de costureiras com as quais pude conversar. As operárias da mesma<br />
geração de Íris alimentam com regular freqüência um sonho semelhante. Na própria Lucitex<br />
eu tive oportunidade de conhecer pelo menos quatro meninas que estavam se preparan<strong>do</strong><br />
para o vestibular em algum <strong>do</strong>s cursos liga<strong>do</strong>s à moda. Mesmo entre as costureiras de<br />
gerações mais antigas, não é incomum encontrar alguma aspiração homóloga. A diferença<br />
aqui é menos de sonhos <strong>do</strong> que de expectativas realistas, calcadas nas possibilidades<br />
concretas que as estruturas objetivas subjacentes à vida destas trabalha<strong>do</strong>ras determinam.<br />
Assim, estas últimas encaram sua profissão de costureiras como permanentes, relegan<strong>do</strong><br />
suas esperanças em tornarem-se estilistas ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s sonhos; as operárias de gerações<br />
mais recentes, por sua vez, vêem amiúde seu trabalho na costura de lingerie como<br />
temporário – como condição de possibilidade para cursar uma graduação, por exemplo.<br />
Diante da regularidade das opções por cursos, superiores ou técnicos, de algum<br />
mo<strong>do</strong> vincula<strong>do</strong>s ao campo da produção de roupas íntimas, e mais fundamentalmente<br />
ainda, à categoria nativa de “moda íntima”, como interpretar tais aspirações de vida? Em<br />
primeiro lugar, tenho a impressão de que, de um ponto de vista mais objetivo, isso se deve<br />
ao fator fundamental das amplas possibilidades de emprego que o campo oferece de<br />
maneira crescente, na região. As iniciativas recentes <strong>do</strong> setor patronal no senti<strong>do</strong> da<br />
expansão econômica <strong>do</strong> setor a que fiz referência na introdução deste trabalho – como a<br />
formação <strong>do</strong> Arranjo Produtivo Local de Confecções (APL), <strong>do</strong> “Conselho da Moda”, as<br />
iniciativas <strong>do</strong> Ministério <strong>do</strong> Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, com a<br />
implementação de um Projeto de Extensão Industrial Exporta<strong>do</strong>ra (PEIEx) na APL de Nova<br />
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