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wecisley ribeiro do espirito santo-dissertaçao mestrado-ppgas-ufrj ...

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auto-estima e sentimento de valor próprio da classe trabalha<strong>do</strong>ra 81 . Vânia é uma<br />

interlocutora importante em minha pesquisa de campo. É efetivamente uma informante<br />

privilegiada. Com muitos anos de experiência como costureira de roupas íntimas, em Nova<br />

Friburgo, seu círculo de amizades é majoritariamente constituí<strong>do</strong> por colegas de profissão.<br />

Sua incrível sensibilidade a torna uma relatora muito detalhista da “microfísica da tortura”<br />

embutida no sistema de célula. Seus raciocínios são, por vezes, primorosos. Sua<br />

inteligência, extraordinária.<br />

No caso de Íris, embora eu não tivesse condições tão privilegiadas quanto eu<br />

dispunha na primeira história de vida, também não encontrei problemas em entrevistá-la.<br />

Somos, eu e ela, amigos há cerca de quatro anos. Nos conhecemos em um barzinho numa<br />

noite de fim-de-semana, no Centro de Nova Friburgo. Este barzinho se localiza na Rua<br />

Portugal, um importante ponto de encontro da boemia friburguense. Nos conhecemos por<br />

meio de amigos em comum que, por sua vez, freqüentam os mesmos locais de lazer que nós<br />

<strong>do</strong>is. Desde então, Íris e eu começamos freqüentemente a nos encontrar neste local e<br />

eventualmente em outros, de mo<strong>do</strong> que nossos laços de amizade se fizeram gradativamente<br />

mais estreitos. Íris trabalha na Lucitex. Na minha primeira visita a esta fábrica tive a grata<br />

surpresa de encontrá-la, por ocasião da hora <strong>do</strong> almoço. Conversamos largamente em<br />

diversas oportunidades acerca de seu trabalho e sobre as possibilidades e limitações que<br />

este punha diante dela e suas expectativas de vida, seus sonhos profissionais, etc. Um certo<br />

dia apresentei-lhe a proposta de escrever sua história de vida. Ela aceitou de bom gra<strong>do</strong>.<br />

Disse-me para telefoná-la quan<strong>do</strong> eu desejasse e então marcaríamos uma “cervejinha” para,<br />

como ela costuma dizer, “molhar a palavra” durante a entrevista.<br />

O leitor deverá depreender que minhas próprias redes de afinidade e amizade se<br />

confundem, portanto, com as de minhas duas informantes. Por motivos de espaço não<br />

entrarei mais em detalhes a este respeito. Também considero que o capítulo 1 tenha da<strong>do</strong><br />

conta minimamente de fornecer um contexto para as duas histórias aqui relatadas. Ou seja,<br />

o passa<strong>do</strong> recente e o presente <strong>do</strong> trabalho das fábricas de roupas íntimas em Nova<br />

81 “They recorded an improvement in the moral and intellectual state of the writer, and they reflected and<br />

helped to create the increasing self-confidence and self-respect of the working class community”. (Burnett,<br />

1984: xvi).<br />

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