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Rota da Cerveja em Santa Catarina

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<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

História Guia <strong>da</strong>s cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinações com pratos típicos


<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

História Guia <strong>da</strong>s cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinações com pratos típicos<br />

SECRETARIA DE ESTADO DE<br />

DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />

DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />

WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR


4<br />

<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

I – B<strong>em</strong>-vindo à terra <strong>da</strong> cerveja: uma nova rota <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> ........6<br />

O começo de tudo: colonos europeus iniciaram tradição ...................................... 10<br />

O renascimento: estado é expoente de nova geração de cervejarias .................... 16<br />

II – Alquimistas do Século XXI: os segredos dos mestres cervejeiros ....20<br />

O poder dos ingredientes: a lei <strong>da</strong> pureza os limita a quatro ............................... 22<br />

Acertando a mistura: o passo a passo <strong>da</strong> produção .............................................. 25<br />

Os tipos catarinenses: a diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cerveja no estado ................................... 27


III – Os roteiros: por dentro <strong>da</strong>s cervejarias catarinenses ......................36<br />

Vale do Itajaí ........................................................................................................... 40<br />

Norte ....................................................................................................................... 56<br />

Florianópolis e Sul.................................................................................................. 62<br />

Meio-Oeste .............................................................................................................. 65<br />

Chopes de outubro ................................................................................................ 68<br />

IV – Harmonização: a arte de combinar cervejas com pratos típicos.....70<br />

Sumário<br />

5


6<br />

A ci<strong>da</strong>de de Blumenau<br />

(acima), praia de<br />

Florianópolis e a estra<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />

Serra do Rio do Rastro, que<br />

dá acesso ao Planalto Serrano:<br />

cerveja artesanal é novo it<strong>em</strong><br />

<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de catarinense<br />

B<strong>em</strong>-vindo à


Diversi<strong>da</strong>de<br />

e quali<strong>da</strong>de<br />

são marcas<br />

registra<strong>da</strong>s de<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>,<br />

e a cerveja<br />

artesanal é o mais<br />

novo ingrediente<br />

<strong>da</strong> fórmula que<br />

diferencia o estado<br />

terra <strong>da</strong> cerveja<br />

7


8<br />

anta <strong>Catarina</strong> é um estado<br />

caracterizado pela<br />

diversi<strong>da</strong>de. O litoral de mais<br />

de 500 quilômetros exibe<br />

algumas <strong>da</strong>s praias mais<br />

bonitas do Brasil, disputadíssimas<br />

no verão, enquanto<br />

na Serra, mil metros acima do<br />

nível do mar, costuma nevar no inverno.<br />

A diversi<strong>da</strong>de cultural é notável: várias regiões<br />

foram coloniza<strong>da</strong>s por diferentes etnias,<br />

com destaque para italianos, al<strong>em</strong>ães<br />

e açorianos, mas incluindo também austríacos,<br />

belgas, poloneses, russos... Eles se<br />

juntaram aos portugueses e espanhóis dos<br />

t<strong>em</strong>pos do Brasil Colônia e aos negros e<br />

índios escravizados e espoliados, mas hoje<br />

integrados como peças fun<strong>da</strong>mentais ao<br />

mosaico cultural que notabiliza o estado.<br />

Nos últimos anos <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> cresceu<br />

muito, com destaque para os municípios<br />

<strong>da</strong> Grande Florianópolis, recebendo gente<br />

de to<strong>da</strong> parte. Apesar do avanço <strong>da</strong> urbanização,<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> é um dos estados<br />

brasileiros com maior população rural:<br />

cerca de 17% de seus seis milhões de habitantes<br />

viv<strong>em</strong> no campo, <strong>em</strong> pequenas<br />

proprie<strong>da</strong>des familiares. Tamanha varie<strong>da</strong>de<br />

geográfica, climática, étnica e cultural<br />

se concentra <strong>em</strong> apenas 95 mil quilômetros<br />

quadrados, o que é pouco mais que<br />

1% do território nacional. Mas ain<strong>da</strong> cabe<br />

muita novi<strong>da</strong>de no estado.<br />

Prova disso é que nos<br />

últimos anos desenvolveu-<br />

-se uma atração capaz de<br />

agra<strong>da</strong>r, e muito, o turista<br />

que visita <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> – e também seus<br />

moradores, porque ninguém é ferro. Trata-<br />

-se <strong>da</strong> cerveja, produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> dezenas de<br />

pequenas fábricas espalha<strong>da</strong>s pelo estado.<br />

Quase to<strong>da</strong>s as cervejarias artesanais<br />

segu<strong>em</strong> a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza<br />

edita<strong>da</strong> há quase 500 anos na Bavária e <strong>em</strong><br />

vigor até hoje na Al<strong>em</strong>anha, determinando<br />

que a cerveja só pode ter quatro ingredientes:<br />

água, lúpulo, malte (de ceva<strong>da</strong> ou de<br />

trigo) e fermento. Ou seja, na<strong>da</strong> de conser-<br />

Bar <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>ria<br />

Eisenbahn, de Blumenau:<br />

cerveja eleva<strong>da</strong> a<br />

produto sofisticado<br />

vantes ou cereais não maltados<br />

na mistura. Esse fato<br />

dá algumas pistas sobre a<br />

cerveja que se produz <strong>em</strong><br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. A primeira<br />

delas é a quali<strong>da</strong>de. Aliás, como <strong>em</strong> tudo<br />

o que é produzido no estado, a quali<strong>da</strong>de<br />

é uma marca registra<strong>da</strong>. Basta olhar para<br />

a indústria, um dos pilares <strong>da</strong> economia<br />

catarinense, que exporta para quase todos<br />

os países do mundo produtos alimentícios,<br />

cerâmicos, eletromecânicos, têxteis, de madeira<br />

e muitos outros. Nossa cerveja não<br />

foge à regra: é muito boa, pode ter certeza!<br />

A lei al<strong>em</strong>ã segui<strong>da</strong> à risca no estado<br />

também dá pistas sobre qual região é


a mais cervejeira. Não poderia mesmo ser<br />

outra senão o Vale Germânico, como também<br />

é conhecido o Vale do Itajaí. Ali os<br />

traços <strong>da</strong> colonização al<strong>em</strong>ã são notáveis,<br />

seja na arquitetura, nos jardins, na gastronomia,<br />

nos olhos claros e cabelos loiros<br />

de boa parte <strong>da</strong> população. E na cerveja,<br />

que começou a ser produzi<strong>da</strong> ain<strong>da</strong><br />

no século XIX. Blumenau, a maior ci<strong>da</strong>de<br />

do Vale, realiza desde os anos 1980 a<br />

segun<strong>da</strong> maior festa al<strong>em</strong>ã do mundo, a<br />

Oktoberfest, que só perde para a versão<br />

original <strong>da</strong> celebração <strong>da</strong> cerveja realiza<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> Munique. Portanto, nunca faltou<br />

tradição cervejeira no Vale. O que faltava<br />

era elevar a cerveja a um produto sofisticado,<br />

com quali<strong>da</strong>de, sabor e varie<strong>da</strong>de,<br />

que fugisse do lugar-comum <strong>da</strong> cerveja<br />

tipo Pilsen industrial, produzi<strong>da</strong> aos milhões<br />

de litros para ser bebi<strong>da</strong> tão gela<strong>da</strong><br />

a ponto de anestesiar o pala<strong>da</strong>r do consumidor<br />

e disfarçar a falta de quali<strong>da</strong>de.<br />

Não foi por acaso, portanto, que quando<br />

o mercado pediu cerveja de quali<strong>da</strong>de a<br />

resposta surgiu no Vale do Itajaí, onde<br />

hoje se encontra a maior concentração de<br />

cervejarias artesanais do país, <strong>em</strong> ci<strong>da</strong>des<br />

como Blumenau, Brusque e Pomerode,<br />

que conformam o eixo principal do Roteiro<br />

<strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s, um dos mais novos e<br />

apreciados roteiros turísticos de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />

Nele a bebi<strong>da</strong>, <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua varie-<br />

<strong>da</strong>de, pode ser harmoniza<strong>da</strong> com pratos<br />

típicos <strong>da</strong> culinária europeia.<br />

Mas engana-se qu<strong>em</strong> pensa que cerveja<br />

é assunto só dos descendentes de<br />

al<strong>em</strong>ães. A primeira cervejaria do estado,<br />

aliás, é de Joinville, no Norte catarinense,<br />

e foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por suíços <strong>em</strong> 1852. Hoje o<br />

Norte é um roteiro essencial do novo ciclo<br />

cervejeiro, com destaque para as ci<strong>da</strong>des<br />

de Joinville, Jaraguá do Sul e Canoinhas.<br />

O litoral também conta com boas<br />

cervejarias, assim como o Sul do estado.<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

Municípios: 293<br />

...e cerveja<br />

20 <strong>Cerveja</strong>rias<br />

20 Tipos de cerveja produzidos<br />

Até na região Oeste abun<strong>da</strong>m marcas de<br />

quali<strong>da</strong>de – sejam <strong>em</strong> municípios de colonização<br />

austríaca, como Treze Tílias, ou<br />

de cultura italiana, como Chapecó e Concórdia.<br />

Em todos esses cantos as possibili<strong>da</strong>des<br />

de combinar boas cervejas com a<br />

varia<strong>da</strong> gastronomia são infinitas. Por isso,<br />

conhecer as belezas de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

tendo como eixo o Roteiro <strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s<br />

é uma experiência inigualável e inesquecível<br />

e este livro deve ser lido como um<br />

convite. Ein prosit!<br />

Terra de sol, mar, neve...<br />

Território: 95,4 mil km²<br />

População: 6 milhões<br />

Turistas: 8 milhões/ano<br />

Litoral: 561 km


10<br />

O começo de tudo<br />

A cerveja tornou-se uma tradição europeia por<br />

meio dos monges <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média e chegou a <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong> pelas mãos dos colonos no século XIX<br />

A cerveja não é uma invenção europeia.<br />

Há registros de que uma bebi<strong>da</strong> feita<br />

<strong>da</strong> fermentação de cereais – não necessariamente<br />

ceva<strong>da</strong> – era aprecia<strong>da</strong> no Egito<br />

dos faraós, há seis mil anos. Há cinco mil<br />

anos os sumérios registraram a primeira<br />

“receita” para a obtenção de cerveja, numa<br />

inscrição conheci<strong>da</strong> como “Pedra Azul”,<br />

hoje guar<strong>da</strong><strong>da</strong> cui<strong>da</strong>dosamente no museu<br />

do Louvre, <strong>em</strong> Paris. A bebi<strong>da</strong> teria surgido<br />

na Europa por volta de 1300 a.C., na<br />

atual região <strong>da</strong> Catalunha, na Espanha. Em<br />

boa parte <strong>da</strong> história sua produção esteve<br />

associa<strong>da</strong> à agricultura, e por utilizar os<br />

mesmos ingredientes do pão era chama<strong>da</strong><br />

de “pão líquido”. Nos monastérios <strong>da</strong><br />

I<strong>da</strong>de Média, onde a bebi<strong>da</strong> se celebrizou,<br />

o pão líquido servia para aplacar a fome<br />

dos monges nos longos períodos de jejum,<br />

<strong>em</strong> que eram proibidos os alimentos<br />

sólidos. Foram desenvolvi<strong>da</strong>s então<br />

varie<strong>da</strong>des mais encorpa<strong>da</strong>s para reforçar<br />

a nutrição dos religiosos – o que decerto<br />

ajudou-os também a alcançar o sentido<br />

do sagrado. Nesses t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que quase<br />

todo o conhecimento pertencia à Igreja,<br />

as técnicas de produção <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> foram<br />

desenvolvi<strong>da</strong>s pelos seus mestres cervejeiros,<br />

que não fizeram feio: adicionaram<br />

o lúpulo à formulação <strong>da</strong> cerveja.<br />

Ela chegou ao Brasil por mãos holandesas,<br />

<strong>em</strong> 1637, quando Maurício de<br />

Nassau aportou no Recife trazendo um<br />

mestre de sua terra para montar uma cervejaria<br />

<strong>em</strong> sua residência oficial. A comitiva<br />

de D. João VI, que veio de mala e<br />

cuia para o Brasil, <strong>em</strong> 1808, fugindo <strong>da</strong><br />

sanha expansionista de Napoleão Bonaparte,<br />

trouxe muita cerveja na bagag<strong>em</strong>,<br />

e continuou importando a bebi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Inglaterra<br />

nos anos subsequentes. Ao povo,<br />

no entanto, restava satisfazer-se com uma<br />

versão rudimentar <strong>da</strong> cerveja, feita <strong>em</strong> casa<br />

com ingredientes bastante heterodoxos:<br />

farinha de milho, gengibre, açúcar, casca<br />

de limão e água, com direito a algumas variações.<br />

Tratava-se <strong>da</strong> popular gengibirra.<br />

A sede dos colonos<br />

Engana-se qu<strong>em</strong> pensa que os primeiros<br />

colonos al<strong>em</strong>ães que chegaram a<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> <strong>em</strong> 1829, no hoje município<br />

de São Pedro de Alcântara, vieram carre-


Na Blumenau do final do século XIX a<br />

cerveja produzi<strong>da</strong> localmente era um artigo<br />

importante para a vi<strong>da</strong> social <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />

11


12<br />

gados de barris de cerveja. Ao contrário,<br />

dev<strong>em</strong> ter sentido muita falta dela, pois<br />

se <strong>em</strong>brenharam <strong>em</strong> meio a densas florestas<br />

tropicais (na ver<strong>da</strong>de subtropicais,<br />

situa<strong>da</strong>s pouco abaixo do Trópico de Capricórnio,<br />

mas ain<strong>da</strong> assim escal<strong>da</strong>ntes no<br />

verão) e suaram muito no cabo <strong>da</strong> enxa<strong>da</strong><br />

para tornar o ambiente habitável. Mesmo<br />

os pioneiros <strong>da</strong> colônia de Blumenau,<br />

que chegaram ao Vale do Itajaí <strong>em</strong> 1850,<br />

contavam somente com a brasileiríssima<br />

aguardente para relaxar depois de um dia<br />

de trabalho árduo.<br />

Para sorte de alguns colonos, suas<br />

mulheres (as hausfrau, ou donas de casa)<br />

possuíam avançados dotes culinários<br />

e produziam uma espécie de cerveja caseira.<br />

Elas na ver<strong>da</strong>de transformavam suas<br />

cozinhas <strong>em</strong> laboratórios culinários, onde<br />

produziam fiambres, cortes defumados<br />

e pratos sofisticados – e sugestivos<br />

– como a biersuppe, uma sopa de cerveja<br />

com passas, e o famoso marreco recheado<br />

(geffulte ente). Já a primeira cervejaria<br />

<strong>em</strong> terras catarinenses foi ergui<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

1852, na Colônia Dona Francisca, atual<br />

ci<strong>da</strong>de de Joinville. O autor <strong>da</strong> proeza foi<br />

o suíço Gabriel Schmalz, que s<strong>em</strong> poder<br />

contar com ceva<strong>da</strong> elaborava sua bebi<strong>da</strong><br />

com milho.<br />

Essa a<strong>da</strong>ptação de ingredientes,<br />

aliás, é uma característica dos proces-<br />

Rótulos antigos, blumenauenses de<br />

primeira geração brin<strong>da</strong>ndo à mesa<br />

e equipamentos de cervejarias do<br />

século XIX: a bebi<strong>da</strong> t<strong>em</strong> história<br />

sos de imigração. Para alguns colonos<br />

<strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> o pão de milho e o<br />

pão de aipim eram até melhores que o<br />

pão de centeio a que estavam acostumados<br />

na Europa. Em lugar de trigo usava-<br />

-se fubá e farinha de mandioca e para<br />

substituir a batata, aipim e palmito. Bananas<br />

e laranjas entraram no cardápio<br />

<strong>em</strong> substituição às frutas europeias. Apesar<br />

desse esboço de sincretismo gastronômico,<br />

uma característica marcante <strong>da</strong><br />

colonização al<strong>em</strong>ã foi a luta pela manutenção<br />

de identi<strong>da</strong>de, língua e hábitos.


Em outras palavras, os germânicos não<br />

eram muito de se misturar. Assim que<br />

as colônias foram se desenvolvendo –<br />

e enriquecendo – passaram a importar<br />

alimentos e ingredientes típicos, como<br />

chocolate, queijo fundido, vinhos e ceva<strong>da</strong><br />

para as cervejarias.<br />

O desenvolvimento <strong>da</strong>s colônias<br />

europeias foi fun<strong>da</strong>mental para a conformação<br />

socioeconômica do estado.<br />

Elas trouxeram métodos agrícolas avançados<br />

e conhecimento de processos<br />

industriais, além de um forte espírito<br />

<strong>em</strong>preendedor. Foram os imigrantes al<strong>em</strong>ães,<br />

italianos, poloneses e outros que<br />

lançaram as bases para a industrialização<br />

catarinense, criando as primeiras<br />

serrarias, curtumes, laticínios, fábricas<br />

de linguiça e salsicha, indústrias têxteis<br />

e outras ativi<strong>da</strong>des. Para se ter uma<br />

ideia de como a colonização al<strong>em</strong>ã foi<br />

b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong>, Blumenau, eleva<strong>da</strong> à categoria<br />

de município <strong>em</strong> 1880, possuía<br />

então mais de 16 mil habitantes, centenas<br />

de engenhos de farinha e açúcar e<br />

oito cervejarias.<br />

As primeiras cervejarias<br />

Com sua cervejaria na Colônia Dona<br />

Francisca, Gabriel Schmalz iniciou uma<br />

tradição que perdurou por meio século.<br />

Em 1860 foi a vez de Blumenau ganhar<br />

sua primeira fábrica <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>, pelas mãos<br />

do al<strong>em</strong>ão Heinrich Hosang. A colônia começava<br />

a organizar melhor sua vi<strong>da</strong> associativa<br />

e foram cria<strong>da</strong>s a Socie<strong>da</strong>de de<br />

Canto (Gesangverein), um grupo de teatro<br />

amador e o Clube de Caça e Tiro (Schützenverein).<br />

Este era o principal cliente <strong>da</strong><br />

cervejaria de Hosang, pois promovia gran-<br />

13


14<br />

A <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense<br />

dos primeiros t<strong>em</strong>pos<br />

des festas <strong>em</strong> ocasiões especiais, como o<br />

natal. Um jornal de Joinville, o Kolonie<br />

Zeitung, chegou a afirmar que nessas festas<br />

de Blumenau era “enorme o consumo<br />

de salsichas e cerveja”.<br />

A colônia d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>va bons produtos<br />

e <strong>em</strong> 1875 o al<strong>em</strong>ão Carl Rischbieter<br />

começou a produzir <strong>em</strong> Blumenau, após<br />

tornar-se mestre cervejeiro no Rio de Janeiro.<br />

Lançou as marcas Bavária, de cerveja<br />

clara, e Favorita (escura). Sua produção<br />

tinha status de industrial, com capaci<strong>da</strong>de<br />

para 100 mil garrafas anuais. Blumenau<br />

e a cerveja iam adquirindo um novo<br />

perfil. Em 1890, um representante <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />

geração de imigrantes, Otto Jenrich,<br />

ex-funcionário <strong>da</strong> Hosang, montou<br />

uma cervejaria própria com um bar anexo,<br />

ao estilo <strong>da</strong>s bierstube de Munique,<br />

para vender as cervejas Estrela, Polar e<br />

Kulmbalch. Claus Feldmann fundou sua<br />

cervejaria <strong>em</strong> Blumenau <strong>em</strong> 1898, criando<br />

marcas que ficaram na história, como<br />

a Massarandubense. E, <strong>em</strong> 1908, Luiz<br />

Kaes<strong>em</strong>odel inaugurou a Canoinhense,<br />

<strong>em</strong> Canoinhas, no Norte do estado, a 220<br />

quilômetros de Blumenau.<br />

Pode-se dizer que a Canoinhense foi<br />

a última <strong>da</strong> primeira geração de cervejarias<br />

catarinenses. Infelizmente, to<strong>da</strong>s sucumbiram<br />

ante o processo de massificação <strong>da</strong><br />

produção e do consumo. A honrosa exce-


ção é a <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense, que hoje<br />

se apresenta como a mais antiga do estado<br />

e uma <strong>da</strong>s mais antigas do Brasil. Em 1924<br />

a <strong>em</strong>presa foi vendi<strong>da</strong> para Otto Loeffler,<br />

um militar <strong>da</strong> Bavária, que passou o negócio<br />

para o controle do filho, Rupprecht,<br />

<strong>em</strong> 1938, quando ele contava apenas 17<br />

anos. Rupprecht Loeffler dedicou-se com<br />

paixão ao trabalho, preservando a tradição<br />

até falecer, <strong>em</strong> 2011, aos 93 anos de<br />

i<strong>da</strong>de. Ele manteve a produção artesanal,<br />

se valendo de equipamentos trazidos <strong>da</strong><br />

Al<strong>em</strong>anha há mais de um século e utilizando<br />

água <strong>da</strong> mesma fonte dos t<strong>em</strong>pos<br />

<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> cervejaria. A decoração do<br />

bar, repleta de animais <strong>em</strong>palhados, inspira<strong>da</strong><br />

nos salões de chope de Munique,<br />

é impressionante.<br />

A Canoinhense é um museu vivo <strong>da</strong><br />

cerveja de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, que inspira a<br />

nova geração de <strong>em</strong>preendedores a renovar<br />

a tradição secular do estado. Apesar <strong>da</strong><br />

morte do mestre cervejeiro, a história <strong>da</strong><br />

Canoinhense continua pelas mãos <strong>da</strong> viúva<br />

de Rupprecht, a senhora Ger<strong>da</strong> Loeffler,<br />

de 87 anos. Ela coman<strong>da</strong> a produção de<br />

quatro tipos diferentes de cerveja: a escura<br />

Nó de Pinho, a Pilsen Jahu, a Mocinha,<br />

uma Pilsen clara e adocica<strong>da</strong>, e a Malzbier.<br />

Os mesmos tipos que fizeram a fama e a<br />

glória <strong>da</strong> Canoinhense entre os aficionados<br />

pela boa cerveja por um século.<br />

Uma <strong>da</strong>s últimas imagens do mestre<br />

Rupprecht Loeffler, falecido <strong>em</strong> 2011, e vista<br />

externa de sua <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense<br />

15


16<br />

O renascimento <strong>da</strong> tradição<br />

Agregando técnicas modernas aos conhecimentos<br />

dos imigrantes, <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> tornou-se o maior<br />

expoente brasileiro <strong>em</strong> cervejas artesanais<br />

O mundo cervejeiro viveu um processo<br />

de desertificação ao longo do século<br />

XX. Mal comparando com o que ocorre ao<br />

meio ambiente, a diversi<strong>da</strong>de original foi<br />

sendo gradualmente abati<strong>da</strong> pelo avanço<br />

incl<strong>em</strong>ente <strong>da</strong> monocultura. No período,<br />

a grande indústria cervejeira consolidou o<br />

mercado, adquirindo ou inviabilizando as<br />

pequenas <strong>em</strong>presas, e massificou o consumo<br />

<strong>em</strong> torno de poucas marcas e de<br />

praticamente um único tipo de cerveja, a<br />

Pilsen. Eram t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que se sentava à<br />

mesa de um bar e pedia-se “uma cerveja”,<br />

pois pouca diferença havia entre qualquer<br />

bebi<strong>da</strong> que fosse servi<strong>da</strong>. Mas felizmente<br />

os t<strong>em</strong>pos mu<strong>da</strong>ram. A insatisfação<br />

dos amantes <strong>da</strong> boa cerveja detonou um<br />

processo conhecido por The Craft Beer<br />

Renaissance, ou renascimento <strong>da</strong> cerveja<br />

artesanal, que resgatou tradições <strong>da</strong> produção<br />

e do culto à bebi<strong>da</strong>. O processo<br />

se traduziu primeiramente no avanço <strong>da</strong><br />

produção caseira. O passo seguinte foi o<br />

surgimento <strong>da</strong>s microcervejarias, que pas-<br />

saram a oferecer ao mercado novos estilos<br />

de bebi<strong>da</strong>. Agregaram-se inúmeros predicados<br />

na forma de aromas e sabores e a<br />

cerveja virou um produto gastronômico,<br />

ideal para combinações com pratos diversos<br />

– desde aqueles conhecidos como “comi<strong>da</strong><br />

de boteco”, também referidos como<br />

“baixa gastronomia”, até os preparados<br />

mais sofisticados, como se verá adiante.<br />

O mercado artesanal ain<strong>da</strong> é muito<br />

pequeno se comparado ao industrial –<br />

representa apenas 1% <strong>da</strong> produção total<br />

de mais de 10 bilhões de litros de cerveja<br />

por ano no Brasil. Mas cresce rapi<strong>da</strong>mente,<br />

numa razão de 15% ao ano, e há mais<br />

de 100 cervejarias artesanais registra<strong>da</strong>s<br />

no país, a maior parte delas na região Sul.<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> ocupa um espaço privilegiado<br />

nesse segmento, com jovens <strong>em</strong>preendedores<br />

unindo a tradição colonial<br />

à tecnologia de ponta e estratégias modernas<br />

de marketing. Fazendo cerveja com<br />

varie<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de, criando ambientes<br />

para consumo junto às cervejarias para<br />

permitir ao visitante conhecer o processo<br />

de fabricação e servindo acompanhamentos<br />

associados à cultura regional, eles<br />

transformaram o estado no principal palco<br />

do renascimento <strong>da</strong> cerveja no Brasil.


As novas pioneiras<br />

A primeira <strong>da</strong>s cervejarias catarinenses<br />

<strong>da</strong> nova leva é <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática desse processo.<br />

A Borck, de Timbó, no Vale do Itajaí,<br />

foi cria<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996 por Brunhard Borck,<br />

neto do imigrante prussiano Otto Ludwig<br />

Ferdinand Borck, que chegou ao estado <strong>em</strong><br />

1868. A intenção inicial era fornecer pequenas<br />

quanti<strong>da</strong>des de cerveja para eventos<br />

comunitários e festas familiares, a ex<strong>em</strong>plo<br />

dos antigos cervejeiros que animavam os<br />

encontros nos clubes de caça e tiro espalhados<br />

pelo Vale do Itajaí, frequentados pelo<br />

seu avô. Brunhard não poupou esforços para<br />

fazer um produto de quali<strong>da</strong>de. Foi buscar<br />

os equipamentos e o mestre cervejeiro<br />

na Hungria, um dos berços <strong>da</strong> boa cerveja.<br />

Outra catarinense, a Opa, de Joinville, também<br />

é liga<strong>da</strong> à tradição cervejeira do estado.<br />

Passa<strong>da</strong>s cinco gerações, um grupo de<br />

Vários tipos de<br />

chopes especiais<br />

produzidos pela<br />

<strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha e<br />

ingrediente utilizado<br />

pela Eisenbahn:<br />

tecnologia avança<strong>da</strong><br />

de produção<br />

17


18<br />

jovens <strong>em</strong>presários seguiu os passos de Gabriel<br />

Schmalz, o suíço que criou a primeira<br />

cervejaria do estado, na mesma ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Opa – que significa avô <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. Mas<br />

ao contrário do antigo <strong>em</strong>preendimento a<br />

Opa, cria<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2006, foi minuciosamente<br />

planeja<strong>da</strong>. E como a pioneira, tira vantag<strong>em</strong><br />

de uma característica única: a água de Joinville,<br />

considera<strong>da</strong> perfeita para a fabricação<br />

<strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> por não ser necessária qualquer<br />

retira<strong>da</strong> ou agregação de minerais.<br />

Como essas, uma série de cervejarias<br />

com sugestivos nomes como Schornstein,<br />

Königs, Das Bier, WunderBier, Heimat,<br />

ZeHn, Bierland, Bierbaun, Fall Bier e<br />

outras faz<strong>em</strong> parte <strong>da</strong> já reconheci<strong>da</strong> <strong>Rota</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Uma cervejaria,<br />

entretanto, ajudou especialmente a<br />

projetar o estado: a Eisenbahn, de Blumenau.<br />

Inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2002, produz 15 tipos<br />

de cervejas basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> receitas seculares,<br />

seguindo à risca a Reinheitsgebot, a Lei<br />

Al<strong>em</strong>ã de Pureza. Isso tudo aliado ao que<br />

há de mais moderno <strong>em</strong> técnicas de produção,<br />

como tanques de aço inoxidável,<br />

leveduras cultiva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> laboratório, malte<br />

e lúpulo importados. Um mestre cervejeiro<br />

al<strong>em</strong>ão com 30 anos de experiência<br />

foi contratado para iniciar as operações e<br />

o investimento <strong>em</strong> pesquisa e desenvolvimento<br />

é constante. A Eisenbahn tornou-<br />

-se a cervejaria mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> do Brasil


<strong>em</strong> concursos internacionais, levando a<br />

locomotiva que estampa seu rótulo aos<br />

quatro cantos do mundo. E despertou a<br />

cobiça de grandes cervejarias, tendo sido<br />

compra<strong>da</strong> pela Schincariol <strong>em</strong> 2008. Com<br />

a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> Schincariol para o grupo japonês<br />

Kirin, passou a fazer parte de uma corporação<br />

multinacional. Ain<strong>da</strong> assim a Eisenbahn<br />

continua sedia<strong>da</strong> <strong>em</strong> Blumenau,<br />

sob a direção executiva dos m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong><br />

família Mendes, os fun<strong>da</strong>dores, que garant<strong>em</strong><br />

a quali<strong>da</strong>de do produto. A Eisenbahn<br />

é a prova material do vigor e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> nova tradição cervejeira de <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>.<br />

<strong>Cerveja</strong> de cara nova:<br />

produção e instalações<br />

de cervejarias <strong>em</strong><br />

Brusque (ZeHn, na<br />

página ao lado), <strong>em</strong><br />

Gaspar (Das Bier, <strong>em</strong><br />

cima) Blumenau e<br />

Pomerode (Bierland e<br />

Schornstein, ao lado)<br />

19


20<br />

Alquimistas do Século XXI


Os mestres cervejeiros<br />

catarinenses são<br />

responsáveis por<br />

uma notável<br />

diversi<strong>da</strong>de: mais de 50<br />

cervejas distintas são<br />

produzi<strong>da</strong>s no estado<br />

Instalações e cervejeiro <strong>da</strong><br />

Schornstein, de Pomerode:<br />

segredo é associar equipamentos<br />

modernos, bons ingredientes<br />

e conhecimento de mestres<br />

té há poucos anos uma<br />

cerveja podia ser de dois<br />

tipos: estupi<strong>da</strong>mente gela<strong>da</strong><br />

ou desagradável ao pala<strong>da</strong>r<br />

limitado dos bebedores.<br />

Mas se a pobreza sensorial<br />

do freguês devia-se à pouca oferta de tipos,<br />

marcas e procedências, hoje pode-<br />

-se dizer que os apreciadores <strong>da</strong> boa cerveja<br />

viv<strong>em</strong> dias gloriosos. Há dezenas de<br />

tipos disponíveis no mercado – fracas e<br />

fortes, claras e escuras, amargas e doces,<br />

cristalinas e turvas, puro malte ou de cereais<br />

diversos, muitos aromas... incluindo<br />

to<strong>da</strong>s as combinações possíveis entre essas<br />

e outras características e os seus meio-<br />

-termos (por ex<strong>em</strong>plo, são infinitas gra<strong>da</strong>ções<br />

no espectro que define o amargor).<br />

No caso de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, as cervejarias<br />

artesanais produz<strong>em</strong> ao menos 20 tipos<br />

diferentes de cerveja, algumas delas oriun<strong>da</strong>s<br />

de formulações tradicionais desenvolvi<strong>da</strong>s<br />

há mais de 100 anos no próprio estado;<br />

outras originárias de outras plagas.<br />

Mas parar por aqui seria dizer pouco<br />

<strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> na bebi<strong>da</strong>.<br />

Para ca<strong>da</strong> tipo de cerveja, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong><br />

cervejaria, a quali<strong>da</strong>de dos ingredientes,<br />

sua orig<strong>em</strong> e o processo de fabricação<br />

confer<strong>em</strong> predicados únicos, e portanto<br />

uma identi<strong>da</strong>de própria a ca<strong>da</strong> rótulo diferente<br />

que se apresenta à mesa. Assim,<br />

por ex<strong>em</strong>plo, uma cerveja tipo Weizenbier<br />

(de trigo), produzi<strong>da</strong> pela cervejaria<br />

A, certamente será distinta <strong>da</strong> Weizenbier<br />

<strong>da</strong> cervejaria B. Considerando os vários<br />

tipos produzidos <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s cervejarias,<br />

t<strong>em</strong>os mais de 50 cervejas diferentes<br />

feitas <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Leve-se <strong>em</strong><br />

conta que ca<strong>da</strong> uma delas produz efeitos<br />

sensoriais distintos se combina<strong>da</strong>s com<br />

diferentes pratos e t<strong>em</strong>-se uma ideia <strong>da</strong>s<br />

possibili<strong>da</strong>des experimentais do Roteiro<br />

<strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />

Por trás de to<strong>da</strong> essa diversi<strong>da</strong>de há<br />

muita técnica envolvi<strong>da</strong> – ou magia, como<br />

talvez prefiram os mais místicos, certos<br />

dos poderes transcendentes <strong>da</strong> cerveja.<br />

Digamos então que os mestres cervejeiros<br />

são os alquimistas do século XXI, capazes<br />

de selecionar e misturar ingredientes para<br />

obtenção de ouro (líquido). Nas próximas<br />

páginas alguns de seus segredos serão revelados,<br />

como os ingredientes e a fórmula<br />

básica <strong>da</strong> cerveja, assim como os resultados<br />

de todo esse trabalho, as dezenas de<br />

tipos de cerveja catarinense. E, claro, o<br />

melhor jeito de degustá-las.<br />

21


22<br />

O poder dos<br />

ingredientes<br />

Eles são apenas quatro,<br />

mas a quali<strong>da</strong>de,<br />

o processamento e<br />

as dosagens faz<strong>em</strong><br />

to<strong>da</strong> a diferença<br />

Conforme a Lei de Pureza Al<strong>em</strong>ã, segui<strong>da</strong><br />

por quase to<strong>da</strong>s as cervejarias catarinenses,<br />

a boa cerveja deve ter apenas quatro<br />

ingredientes: água, malte (de ceva<strong>da</strong><br />

ou trigo), lúpulo e fermento. A observância<br />

dos ditames – e, é claro, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />

dos ingredientes – faz to<strong>da</strong> a diferença no<br />

resultado final. Para se ter uma ideia <strong>da</strong><br />

importância <strong>da</strong> lei al<strong>em</strong>ã, ressalte-se que<br />

a legislação brasileira considera “cerveja”<br />

a bebi<strong>da</strong> que contém malte de ceva<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

uma proporção de 50% ou mais sobre o<br />

chamado extrato primitivo. Isso quer dizer<br />

que se permite a mistura de cereais<br />

como arroz, milho e aveia na cerveja numa<br />

razão de até 50%, o que torna a bebi<strong>da</strong><br />

mais barata e de quali<strong>da</strong>de inferior.<br />

O malte de ceva<strong>da</strong> ou trigo, que para os<br />

mestres é o responsável pelo “caráter” <strong>da</strong><br />

bebi<strong>da</strong>, está 100% presente nas melhores<br />

cervejas, conheci<strong>da</strong>s como “puro malte”.<br />

Ceva<strong>da</strong>/Malte<br />

O malte é obtido a partir <strong>da</strong> ceva<strong>da</strong>,<br />

e é responsável pelo corpo, cor e parte<br />

do sabor <strong>da</strong> cerveja. A ceva<strong>da</strong> é um<br />

grão típico de climas t<strong>em</strong>perados, cultivado<br />

quase que exclusivamente na região<br />

Sul. É “parente” do trigo, também próprio<br />

para a malteação. A ceva<strong>da</strong> possui pouco<br />

açúcar e muito amido, o que fornece<br />

uma boa dose de nutrientes à bebi<strong>da</strong>. Na<br />

malteação a germinação <strong>da</strong> ceva<strong>da</strong> (ou<br />

do trigo) é induzi<strong>da</strong> e controla<strong>da</strong>, com o<br />

objetivo de ativar enzimas (que transformam<br />

amido <strong>em</strong> açúcar) e tornar o amido<br />

mais solúvel. Inicialmente realiza-se a<br />

maceração, quando o cereal é colocado<br />

<strong>em</strong> contato com água e ar durante alguns<br />

dias, para <strong>em</strong> segui<strong>da</strong> brotar <strong>em</strong> uma caixa<br />

de germinação. Daí obtém-se o malte<br />

verde. Interrompi<strong>da</strong> a germinação, inicia-


-se o processo de secag<strong>em</strong>. As variações<br />

nessa etapa é que permit<strong>em</strong> a obtenção<br />

de diferentes tipos de malte – claros, tostados,<br />

caramelizados, defumados –, que<br />

gerarão sabores e aromas distintos para<br />

diferentes tipos de cerveja.<br />

Lúpulo<br />

O lúpulo é o broto de uma trepadeira<br />

<strong>da</strong> mesma família do cânhamo, proveniente<br />

de regiões <strong>da</strong> Europa cujos climas<br />

lhe são propícios. Trata-se, portanto,<br />

de um ingrediente totalmente importado,<br />

que pode ser utilizado in natura ou na<br />

forma de pelletes (grânulos prensados).<br />

O lúpulo é o responsável pelo sabor e<br />

aroma característicos <strong>da</strong> cerveja – ele pode<br />

possuir mais de 20 substâncias amargas.<br />

Dentre os vários tipos de lúpulo – há<br />

60 varie<strong>da</strong>des utiliza<strong>da</strong>s na produção de<br />

cerveja – há aqueles que se destacam por<br />

ser<strong>em</strong> aromáticos e cítricos, outros lev<strong>em</strong>ente<br />

adocicados, outros ain<strong>da</strong> picantes<br />

etc... Por isso são muito importantes para<br />

a “alquimia” cervejeira.<br />

Leveduras<br />

São os fungos responsáveis pela fermentação<br />

<strong>da</strong> cerveja, ou seja, pela transformação<br />

de açúcar <strong>em</strong> álcool. Exist<strong>em</strong><br />

centenas de tipos de leveduras, dividi<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> duas “famílias”, as de alta e de baixa<br />

fermentação, o que acaba por definir as<br />

duas principais famílias de cerveja, a Ale<br />

e a Lager. Enquanto fermentam os açúcares<br />

do mosto de cereais, as leveduras geram<br />

gás carbônico, resultando na gaseificação<br />

<strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>. Também são agentes de<br />

sabor e aromas.<br />

Água<br />

Diz-se no mundo cervejeiro que a<br />

água, que representa 90% <strong>da</strong> cerveja, já<br />

não é tão determinante para a quali<strong>da</strong>de<br />

do produto, porque processos químicos<br />

industriais são capazes de garantir a<br />

pureza e a quanti<strong>da</strong>de adequa<strong>da</strong> de sais<br />

minerais. Mas para os puristas <strong>da</strong> cerveja<br />

artesanal não é b<strong>em</strong> assim. Talvez por<br />

que <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> possua algumas <strong>da</strong>s<br />

fontes de água mais puras do país... Vale<br />

comparar!<br />

Pesquisa é essencial para<br />

o desenvolvimento de<br />

cervejas com personali<strong>da</strong>de<br />

23


24<br />

Na brassag<strong>em</strong>, etapa inicial do processo, o malte é misturado à água aqueci<strong>da</strong> para a<br />

formação do mosto. Após a maturação a cerveja está pronta para o envase


Acertando a mistura<br />

Passo a passo, as etapas de produção para obtenção <strong>da</strong> cerveja<br />

É nessa etapa que se põ<strong>em</strong> à prova<br />

a arte e a habili<strong>da</strong>de dos mestres cervejeiros.<br />

Seja <strong>em</strong> cervejarias primitivas, como<br />

algumas ain<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong>s <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>, dota<strong>da</strong>s de equipamentos centenários<br />

e receitas ancestrais, seja nas<br />

cervejarias mais tecnológicas, com luminosos<br />

tanques de aço inoxidável e leveduras<br />

cultiva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> laboratório para<br />

obtenção dos melhores resultados. De<br />

um jeito ou de outro – e até mesmo para<br />

qu<strong>em</strong> se arrisca a fazer cerveja <strong>em</strong><br />

casa, o princípio é o mesmo. Como nas<br />

coisas boas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, a diferença está nos<br />

detalhes.<br />

Brassag<strong>em</strong><br />

O malte é descascado e moído, depois<br />

misturado com água aqueci<strong>da</strong>. O processo<br />

favorece a ação <strong>da</strong>s enzimas que<br />

transformam o amido <strong>em</strong> açúcar fermentável.<br />

O processo dura de duas a três horas.<br />

Após a filtração, obtém-se o chamado<br />

mosto primário.<br />

Cozimento ou fervura<br />

No tanque de fervura o mosto recebe<br />

o lúpulo – no início do processo adiciona-se<br />

o lúpulo responsável pelo amargor,<br />

e ao final, o aromático. É nessas doses<br />

que se revelam os segredos de ca<strong>da</strong> mestre<br />

cervejeiro. Durante a fervura a t<strong>em</strong>peraturas<br />

entre 80°C e 100°C ocorr<strong>em</strong> as<br />

mutações que distinguirão cor, aroma e<br />

sabor <strong>da</strong> cerveja, além <strong>da</strong> concentração<br />

de açúcar.<br />

Resfriamento<br />

Após uma troca de tanque, o mosto<br />

lupulado é resfriado para eliminação de<br />

resíduos. Dependendo do tipo de cerveja,<br />

as t<strong>em</strong>peraturas variam de 8°C a 25°C.<br />

Fermentação<br />

É a hora <strong>da</strong>s leveduras agir<strong>em</strong>. Há<br />

cervejarias que “animam” esse processo<br />

com música clássica ou jazz, na crença (ou<br />

esperança) de que elas realiz<strong>em</strong> um trabalho<br />

melhor... Mas é melhor contar com<br />

boas cepas de leveduras. Na t<strong>em</strong>peratura<br />

ideal elas se multiplicam, consumindo o<br />

oxigênio. Começa então a fase anaeróbica,<br />

na qual se dá o processamento químico<br />

do açúcar, e cujos subprodutos são álcool<br />

e gás carbônico. Em tanques fechados, a<br />

etapa dura de quatro a 10 dias. As leveduras<br />

de alta fermentação ag<strong>em</strong> na parte<br />

superior do tanque, e as de baixa fermentação<br />

na base. São elas que defin<strong>em</strong> o tipo<br />

de cerveja e o teor alcoólico.<br />

Maturação<br />

É o período de descanso <strong>da</strong> cerveja<br />

(nesse momento chama<strong>da</strong> de cerveja verde),<br />

que pode durar de uma s<strong>em</strong>ana a 40<br />

dias, <strong>em</strong> tanques especiais, com t<strong>em</strong>peraturas<br />

próximas a zero grau. Durante esse<br />

processo a cerveja incorpora aromas e ganha<br />

brilho. As leveduras mortas e os resíduos<br />

de proteínas se acumulam no fundo<br />

dos tanques, clarificando a cerveja. Após<br />

isso a cerveja pode ser filtra<strong>da</strong> ou não, e<br />

finalmente está pronta para ser envasa<strong>da</strong>.<br />

25


Os tipos<br />

catarinenses<br />

Conheça as cervejas<br />

produzi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong> <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua<br />

diversi<strong>da</strong>de e esplendor, e<br />

também com o que ca<strong>da</strong><br />

uma delas combina<br />

27


28<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> produz os principais<br />

tipos de cerveja existentes no<br />

mundo. Ca<strong>da</strong> tipo guar<strong>da</strong> suas<br />

particulari<strong>da</strong>des e características,<br />

defini<strong>da</strong>s pelos ingredientes e<br />

processos de produção. Para<br />

começar a entender e classificar<br />

o complexo universo <strong>da</strong> cerveja,<br />

uma grande divisão é necessária,<br />

pois exist<strong>em</strong> dois “troncos” dos<br />

quais se ramificam um s<strong>em</strong>número<br />

de varie<strong>da</strong>des. Estamos<br />

falando <strong>da</strong>s cervejas de baixa<br />

fermentação, ou tipo Lager, e<br />

<strong>da</strong>s de alta fermentação, as Ale.<br />

Lager<br />

As Lager são fermenta<strong>da</strong>s <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas<br />

baixas, fazendo com que os<br />

fermentos se acumul<strong>em</strong> no fundo dos<br />

tanques. Em geral são cervejas leves e<br />

translúci<strong>da</strong>s, podendo ser claras ou escuras.<br />

Em outras palavras, são cervejas mais<br />

suaves – a ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> Pilsen, o gênero<br />

mais consumido no Brasil e no mundo.<br />

Apresentam sabores que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos cereais,<br />

e suas notas fruta<strong>da</strong>s costumam ser<br />

menos intensas. As cervejas Lager são originárias<br />

<strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />

Ale<br />

A outra “família” é de orig<strong>em</strong> inglesa.<br />

Nas Ale a fermentação é feita <strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>peraturas mais eleva<strong>da</strong>s, levando os<br />

fermentos para o alto dos tanques. Como<br />

resultado têm-se cervejas mais encorpa<strong>da</strong>s,<br />

escuras (opacas) e amargas. Sua<br />

complexi<strong>da</strong>de gustativa e aromática é alta,<br />

assim como o teor alcoólico, que pode<br />

chegar a 12%. Pod<strong>em</strong> ser claras ou escuras<br />

e mesclam aromas de cereais e notas<br />

de frutas. Não dev<strong>em</strong> ser consumi<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />

t<strong>em</strong>peraturas muito baixas.


<strong>Cerveja</strong> e chope<br />

Além <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> fermentação, há<br />

outra distinção essencial na categorização<br />

cervejeira. Trata-se <strong>da</strong> diferença entre<br />

chope e cerveja. Desde os ingredientes e<br />

ao longo <strong>da</strong> maior parte do processo de<br />

produção, as duas bebi<strong>da</strong>s são idênticas.<br />

Só que, ao final, a cerveja é pasteuriza<strong>da</strong>.<br />

Isso significa que é eleva<strong>da</strong> a uma t<strong>em</strong>peratura<br />

de aproxima<strong>da</strong>mente 60°C e depois<br />

resfria<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente, para eliminação<br />

de micro-organismos. Por isso o seu<br />

prazo de vali<strong>da</strong>de é mais alto. O chope,<br />

por não passar pelo processo, t<strong>em</strong> vi<strong>da</strong><br />

curta. É, portanto, uma bebi<strong>da</strong> mais leve<br />

e fresca que a cerveja e geralmente com<br />

menor teor alcoólico. Usualmente a cerveja<br />

é envasa<strong>da</strong> <strong>em</strong> garrafas e o chope<br />

<strong>em</strong> barris, mas <strong>em</strong> casos especiais a situação<br />

pode se inverter. Assim como as<br />

cervejas, os chopes pod<strong>em</strong> ser dos tipos<br />

Lager ou Ale.<br />

O que difere o chope <strong>da</strong><br />

cerveja é que o primeiro<br />

não é pasteurizado<br />

29


30<br />

LAGER<br />

Amber Lager<br />

De coloração acobrea<strong>da</strong> e corpo médio,<br />

apresenta elegantes aromas de malte.<br />

Em boca é seca, revela-se um pouco<br />

amarga, com final equilibrado. Ótima para<br />

acompanhar petiscos, entra<strong>da</strong>s e pratos<br />

leves. A Eisenbahn 5 leva uma segun<strong>da</strong><br />

adição de lúpulo na maturação, para<br />

equilibrar o adocicado do malte. Pala<strong>da</strong>r<br />

de malte, caramelo, pão e lúpulo.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbhan<br />

Bock<br />

É originária do norte <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />

Por ser rica <strong>em</strong> corpo, é considera<strong>da</strong> uma<br />

cerveja de inverno. Escura, é repleta de<br />

aromas de malte e seu gosto apresenta<br />

baixo amargor, inclusive tendendo ao doce.<br />

Agradável para massas com molhos de<br />

carne, <strong>em</strong>butidos e queijos de média maturação.<br />

Em <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, é produzi<strong>da</strong><br />

na forma de chope.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Bierland, Fall Bier,<br />

Handwerk, Königs, Saint Bier, Schornstein e<br />

ZeHn Bier<br />

Dunkel<br />

<strong>Cerveja</strong> encorpa<strong>da</strong>, feita com maltes<br />

torrados, possui amargor mediano <strong>em</strong><br />

equilíbrio com sensação doce e notas aromáticas<br />

que l<strong>em</strong>bram o café, o caramelo<br />

e o chocolate. Harmoniza b<strong>em</strong> com o<br />

churrasco e filés com molhos encorpados,<br />

como o de funghi. Também vai b<strong>em</strong> com<br />

feijoa<strong>da</strong>. E com um bom charuto.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Eisenbahn e Holzweg<br />

Lager Hell<br />

Pode ser considera<strong>da</strong> uma ancestral<br />

<strong>da</strong> Pilsen, sendo ain<strong>da</strong> mais suave e não<br />

tão seca. A diferença se forma no processo<br />

de cozimento: os açúcares não fermentados<br />

são mantidos no mosto, o que confere<br />

à Lager Hell um sabor mais adocicado. A<br />

WunderBier oferece a cerveja nas versões<br />

filtra<strong>da</strong> e não filtra<strong>da</strong>.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: WunderBier<br />

Malzbier<br />

Escura, de espuma encorpa<strong>da</strong>, essa<br />

cerveja, de orig<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ã, recebe adição de<br />

açúcar, t<strong>em</strong> sabor lev<strong>em</strong>ente adocicado e<br />

acentuado teor nutritivo. Boa para acom-<br />

panhar sobr<strong>em</strong>esas com chocolate e café<br />

na sua formulação. Popularmente é indica<strong>da</strong><br />

para mulheres <strong>em</strong> fase de amamentação,<br />

mas diga-se que isso não é recomendável<br />

devido ao teor alcoólico de 4%.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Borck, Canoinhense e Königs<br />

Pilsen<br />

É a cerveja mais popular do mundo,<br />

respondendo por na<strong>da</strong> menos que 80%<br />

do consumo global. Nasci<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de<br />

de Pilsen (Plzen), na antiga Boêmia, hoje<br />

território <strong>da</strong> República Checa, é translúci<strong>da</strong><br />

e suave. De coloração amarela-clara,<br />

t<strong>em</strong> espuma abun<strong>da</strong>nte, com final de boca<br />

que revela um delicado amargor. Combina<br />

com preparos também leves, como entra<strong>da</strong>s,<br />

petiscos e pratos à base de carnes<br />

brancas e frutos do mar. Vai b<strong>em</strong> com salsichas,<br />

pratos <strong>da</strong> culinária al<strong>em</strong>ã e queijos<br />

s<strong>em</strong>iduros. As várias marcas catarinenses<br />

apresentam variações mais ou menos encorpa<strong>da</strong>s,<br />

de maior ou menor amargor. A<br />

Eisenbahn oferece a Pilsen Orgânica, feita<br />

com ingredientes s<strong>em</strong> agrotóxicos ou<br />

fertilizantes sintéticos.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: To<strong>da</strong>s as cervejarias


ALE<br />

Brown Ale<br />

De orig<strong>em</strong> inglesa, t<strong>em</strong> baixo teor<br />

de lúpulo, portanto não é muito amarga.<br />

O malte especial com que é elabora<strong>da</strong> lhe<br />

proporciona cor intensa. Normalmente encorpa<strong>da</strong>,<br />

com notas doces, pode acompanhar<br />

sobr<strong>em</strong>esas com sabor intenso. Teor<br />

alcoólico de 6,5%.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Das Bier<br />

Kölsch<br />

A cerveja originária de Colônia, na<br />

Al<strong>em</strong>anha, é produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

com quatro tipos de malte, entre eles o de<br />

trigo. De corpo leve, t<strong>em</strong> coloração doura<strong>da</strong>.<br />

O pala<strong>da</strong>r é seco, com baixo amargor.<br />

Apresenta notas lev<strong>em</strong>ente fruta<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> seus aromas. Excelente para sala<strong>da</strong>s,<br />

pratos com frutos do mar e ostras in natura,<br />

b<strong>em</strong> como para acompanhar pratos<br />

<strong>da</strong> culinária oriental.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />

Kulmbach<br />

<strong>Cerveja</strong> de orig<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ã, de cor escura.<br />

Aromas tostados com notas de café.<br />

Boca fresca, com leve amargor final, dão<br />

a ela o tom gustativo. Acompanha pratos<br />

de carne assa<strong>da</strong>, cozidos intensos e pode<br />

ficar interessante com ostras, numa harmonização<br />

radical. A produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong> pela Canoinhense t<strong>em</strong> baixo teor<br />

alcoólico: 3,2%.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Canoinhense<br />

Pale Ale<br />

Sua orig<strong>em</strong> é inglesa. Possui cor acobrea<strong>da</strong>,<br />

notas de especiarias, lúpulo, caramelo<br />

e amargor acentuado no final, mas<br />

há variações. O subtipo Mild Ale é mais<br />

suave, enquanto a Indian Pale Ale e a<br />

American Pale Ale são mais amargas, e<br />

com teor alcoólico mais elevado (até 7,5%,<br />

contra 5% <strong>da</strong>s tradicionais). Vai b<strong>em</strong> com<br />

salsichas, salames, chucrute e carnes com<br />

tendência mais adocica<strong>da</strong>, como as de<br />

porco e de carneiro. Combina com queijos<br />

intensos, com tendência áci<strong>da</strong> ou doce.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierland, Das Bier, Eisenbahn,<br />

Opa Bier e Schornstein<br />

Porter<br />

É uma cerveja forte, feita com malte<br />

torrado e muito lúpulo. Sua cor pode variar<br />

do castanho ao preto. Ao olfato revela<br />

aromas tostados, com notas de chocolate<br />

e café. T<strong>em</strong> muita espuma e é amarga,<br />

podendo apresentar toques que l<strong>em</strong>bram<br />

caramelo. Pode ser também de baixa fermentação.<br />

Acompanha pratos intensos de<br />

carne e inclusive a feijoa<strong>da</strong>.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Fall Bier, Opa Bier e<br />

ZeHn Bier<br />

Rauchbier<br />

“Rauch” significa fumaça <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão.<br />

Especiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de al<strong>em</strong>ã de Bamberg,<br />

é produzi<strong>da</strong> a partir de maltes defumados.<br />

T<strong>em</strong> coloração avermelha<strong>da</strong> e<br />

pala<strong>da</strong>r seco, com sabor lev<strong>em</strong>ente defumado.<br />

Acompanha b<strong>em</strong> <strong>em</strong>butidos e linguiças<br />

defumados, costelinha de porco<br />

assa<strong>da</strong> com molho barbecue, moluscos,<br />

queijos defumados e pratos preparados<br />

com esses ingredientes. É uma opção também<br />

para o charuto.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />

31


32<br />

Strong Golden Ale<br />

Doura<strong>da</strong> e de alto teor alcoólico<br />

(8,5% no caso <strong>da</strong> Eisenbahn), esta cerveja<br />

t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> inglesa mas utiliza um fermento<br />

de orig<strong>em</strong> belga. Apresenta intensos<br />

aromas frutados, de especiarias, notas<br />

de lúpulo e álcool e corpo generoso. É<br />

indica<strong>da</strong> para queijos fortes, E Combina<br />

b<strong>em</strong> com carnes vermelhas.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierland e Eisenbahn<br />

Stout<br />

É uma cerveja muito amarga e escura,<br />

quase preta, que apresenta notas de<br />

caramelo e café. É forte e aromática, pois<br />

t<strong>em</strong> grande concentração de malte e lúpulo.<br />

Sua orig<strong>em</strong> é irlandesa. A graduação<br />

alcoólica varia: pode ser baixa ou de<br />

até 12% no tipo Imperial Stout.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierland, Saint Bier e Schornstein<br />

Weihnachts Ale<br />

É uma receita especial de Natal, com<br />

teor alcoólico mais elevado e presença<br />

marcante do lúpulo. Em estilo belga, revela<br />

aromas frutados e sabor encorpado.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />

Weizenbier<br />

<strong>Cerveja</strong> de trigo leve e fresca, t<strong>em</strong><br />

coloração naturalmente turva. Apresenta<br />

aromas frutados e notas de especiarias,<br />

como o cravo. Seu corpo é denso e t<strong>em</strong><br />

espuma abun<strong>da</strong>nte, o que a torna muito<br />

gastronômica. Vai b<strong>em</strong> com carnes gordurosas<br />

e condimenta<strong>da</strong>s, pratos picantes<br />

<strong>da</strong>s culinárias orientais, antepastos italianos<br />

e petiscos al<strong>em</strong>ães, como o roll mops<br />

e queijos com mofo branco.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Bierland, Borck, <strong>Cerveja</strong>ria<br />

d Ilha, Das Bier, Eisenbahn, Fall Bier,<br />

Opa Bier, Saint Bier, Schornstein, Strauss Bier<br />

e WunderBier<br />

Weizenbock<br />

Feita de trigo e não-filtra<strong>da</strong>, essa cerveja<br />

escura é encorpa<strong>da</strong>, com médio amargor,<br />

aliando características <strong>da</strong> Weizen e <strong>da</strong><br />

Bock. Possui espuma densa e um complexo<br />

aromático que revela frutas, especiarias<br />

e toques de torrefação. Combina<br />

com queijos intensos, pratos <strong>da</strong> culinária<br />

chinesa e cozidos de carne.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />

ESPECIAIS<br />

Algumas cervejas ou derivações não<br />

cab<strong>em</strong> nas categorias básicas de baixa e<br />

alta fermentação. Fabricantes catarinenses<br />

oferec<strong>em</strong> opções interessantes para qu<strong>em</strong><br />

gosta de experimentar.<br />

Champenoise<br />

Trata-se de um híbrido, que muitos<br />

sequer consideram cerveja. Depois <strong>da</strong><br />

fermentação e maturação na cervejaria, a<br />

“cerveja verde” vai para uma vinícola. Recebe<br />

fermentos e passa pelo processo tradicional<br />

de produção de champanhes de<br />

segun<strong>da</strong> fermentação na garrafa, ao longo<br />

de três meses. Ganha corpo, aromas<br />

e perlage. T<strong>em</strong> sabor frutado e pala<strong>da</strong>r<br />

refrescante, tendendo ao doce. Indica<strong>da</strong><br />

para acompanhar pratos elegantes de carnes<br />

leves e frutos do mar, sushi, queijos<br />

intensos <strong>da</strong> família grana pa<strong>da</strong>no e queijos<br />

com leite de cabra e ovelha. Também<br />

acompanha sobr<strong>em</strong>esas leves, com frutas e<br />

cr<strong>em</strong>es. A Eisenbahn produz a Lust Champenoise<br />

e a Eisenbahn Lust Prestige. Esta,<br />

depois <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fermentação, entra na<br />

etapa chama<strong>da</strong> cuvèe, que dura um ano.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn


Destilado de cerveja<br />

Uma vez que o chope está pronto,<br />

isto é, a cerveja ain<strong>da</strong> não está pasteuriza<strong>da</strong>,<br />

inicia-se o processo de destilação.<br />

O resultado é uma bebi<strong>da</strong> com pala<strong>da</strong>r<br />

s<strong>em</strong>elhante ao do uísque, porém com<br />

amargor diferenciado devido à presença<br />

do lúpulo.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum<br />

Licor de cerveja<br />

É feito a partir <strong>da</strong> cerveja tipo<br />

Dunkel. Apresenta agradáveis aromas de<br />

café e chocolate. Ótimo como aperitivo<br />

ou para acompanhar queijos fortes, como<br />

gorgonzola e roquefort, sobr<strong>em</strong>esas e<br />

charutos. O Bierlikör <strong>da</strong> Eisenbahn é suave<br />

e refinado, com notas de chocolate,<br />

café e baunilha e teor alcoólico de 30,5%.<br />

Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />

A cerveja Bock, encorpa<strong>da</strong><br />

e de baixo amargor,<br />

é considera<strong>da</strong> uma<br />

bebi<strong>da</strong> de inverno<br />

33


34<br />

A arte de beber (e de servir, cheirar...)<br />

Com tantos tipos diferentes de cerveja para experimentar, convém<br />

conhecer as “regras gerais” e a melhor maneira de degustar ca<strong>da</strong> um deles<br />

Georg Nuber, neto<br />

de imigrantes,<br />

resgatou a tradição<br />

<strong>em</strong> In<strong>da</strong>ial, com a<br />

Heimat. Na outra<br />

foto, bar <strong>da</strong> ZeHn,<br />

<strong>em</strong> Brusque


A complexi<strong>da</strong>de do universo cervejeiro<br />

sugere rituais específicos para sua<br />

degustação e práticas diferencia<strong>da</strong>s para<br />

os tipos existentes. Não é na<strong>da</strong> tão radical<br />

quanto ocorre com o vinho, para o qual<br />

muitos puristas (também conhecidos como<br />

“enochatos”) não aceitam qualquer deslize<br />

na degustação ou harmonização. Com<br />

a cerveja tudo é mais leve. Ain<strong>da</strong> que um<br />

determinado copo não seja considerado o<br />

ideal para extrair as melhores quali<strong>da</strong>des<br />

de um determinado tipo, sua quali<strong>da</strong>de<br />

não será comprometi<strong>da</strong> de modo terminal.<br />

Mas, para aproveitar ao máximo as<br />

boas cervejas, há algumas regras de ouro.<br />

T<strong>em</strong>peratura<br />

As características <strong>da</strong>s Lager são mais<br />

b<strong>em</strong> nota<strong>da</strong>s entre 3°C e 5°C. As Ales,<br />

mais ricas <strong>em</strong> aromas e sabores, dev<strong>em</strong><br />

ser servi<strong>da</strong>s entre 5° e 10°.<br />

Copos<br />

O formato aju<strong>da</strong> na degustação. Os<br />

retos, com a base um pouco mais estreita<br />

do que a boca, são melhores para as cervejas<br />

mais leves, as do tipo Lager. A tulipa<br />

aju<strong>da</strong> na percepção dos aromas e na formação<br />

<strong>da</strong> coluna de gás carbônico. Já as<br />

cervejas mais aromáticas ped<strong>em</strong> copos arredon<strong>da</strong>dos,<br />

com haste e bojo largo, que<br />

se fecha à medi<strong>da</strong> que a curva termina. Os<br />

bojudos realçam o bouquet e a consistência<br />

<strong>da</strong>s cervejas encorpa<strong>da</strong>s. Já as cervejas de<br />

trigo são mais b<strong>em</strong> aprecia<strong>da</strong>s <strong>em</strong> copos de<br />

corpo delgado e boca boju<strong>da</strong>, pois a espuma<br />

se concentra no topo e abre o leque de<br />

aromas. Quanto ao tamanho dos copos, os<br />

pequenos e médios são melhores para as<br />

Lager, pois elas não dev<strong>em</strong> esquentar no<br />

copo. O mesmo probl<strong>em</strong>a não ocorre com<br />

as Ale, que ped<strong>em</strong> copos maiores, importantes<br />

para a definição do sabor. Detalhe<br />

importante: <strong>em</strong> qualquer caso os copos<br />

dev<strong>em</strong> ser transparentes (tanto faz se de<br />

vidro ou cristal) para que se possa observar<br />

a coloração e a formação de espuma.<br />

Análises:<br />

Visual<br />

Revela cor, brilho, limpidez ou turbidez,<br />

as bolhas e a espuma. <strong>Cerveja</strong>s como<br />

a Pilsen dev<strong>em</strong> ser límpi<strong>da</strong>s, brilhantes<br />

e apresentar uma bela coroa, que se<br />

sustente por no mínimo dois minutos. Já<br />

uma Weizenbier, de trigo e não filtra<strong>da</strong>, é<br />

normalmente turva e também apresenta<br />

uma imponente coroa de espuma.<br />

Olfativa<br />

O leve agitar do copo pode revelar<br />

to<strong>da</strong> a complexi<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de aromática<br />

de uma cerveja. No caso <strong>da</strong>s Lager,<br />

aromas de cereais, malte e lúpulo. Nas<br />

escuras se revelam aromas de torrefação,<br />

café e chocolate. Nas Ale, notas cítricas e<br />

florais, vin<strong>da</strong>s do lúpulo, e aromas frutados,<br />

como de banana, papaia e abacaxi,<br />

entre outros. Notas de especiarias (cravo,<br />

por ex<strong>em</strong>plo) pod<strong>em</strong> aparecer <strong>em</strong> Ale.<br />

Aromas que l<strong>em</strong>bram manteiga não são<br />

desejáveis, pois costumam indicar defeito<br />

na cerveja.<br />

Gustativa<br />

Deve-se tomar um gole e fazer a bebi<strong>da</strong><br />

girar pela boca, para que contamine<br />

o pala<strong>da</strong>r e diversas sensações sejam obti<strong>da</strong>s.<br />

Deve-se tentar perceber a intensi<strong>da</strong>de<br />

e o equilíbrio entre os quatro sabores<br />

básicos: doce, salgado, ácido e amargo. O<br />

corpo de uma cerveja, resultado <strong>da</strong> força<br />

alcoólica e <strong>da</strong> soma dos d<strong>em</strong>ais componentes,<br />

também se sente na boca. O equilíbrio<br />

de to<strong>da</strong>s essas sensações reforça a<br />

quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>.<br />

35


36<br />

Por onde passam as<br />

tradições e a riqueza<br />

cultural de <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong> há s<strong>em</strong>pre um<br />

bom caneco <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong><br />

a sugerir experiências<br />

únicas e inesquecíveis<br />

anta <strong>Catarina</strong> é uma experiência<br />

inesquecível. Qu<strong>em</strong><br />

visita o estado reconhece isso,<br />

tanto que <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> foi eleita<br />

<strong>em</strong> 2011, pela quinta vez consecutiva,<br />

o melhor destino turístico<br />

do Brasil pela revista Viag<strong>em</strong> e<br />

Turismo, <strong>da</strong> Editora Abril. As motivações<br />

<strong>da</strong> preferência são conheci<strong>da</strong>s<br />

e passam pela diversi<strong>da</strong>de de atrações e<br />

belezas naturais, tudo associado a uma riqueza<br />

cultural impressionante. Essa combinação<br />

oferece ao visitante a possibili<strong>da</strong>de<br />

de vivenciar experiências únicas, que<br />

associam <strong>em</strong>oção ao conhecimento.<br />

Conhecer o estado tomando por base<br />

os roteiros <strong>da</strong> cerveja é uma proposta<br />

nova e incomparável. Pois além de pro-<br />

Os roteiros


porcionar prazer, <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> cerveja<br />

é cultura. Além de encantar o visitante,<br />

esse tipo de turismo t<strong>em</strong>ático, a ex<strong>em</strong>plo<br />

do que é realizado <strong>em</strong> países europeus<br />

e regiões brasileiras como o Vale dos Vinhedos,<br />

no Rio Grande do Sul, impulsiona<br />

economias regionais e une ci<strong>da</strong>des.<br />

No caso de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, pode-se dizer<br />

que os roteiros são frutos <strong>da</strong> associação<br />

perfeita de três grandes características: as<br />

belezas naturais, a riqueza cultural e a vocação<br />

<strong>em</strong>preendedora. Ao retomar antigos<br />

conhecimentos e tradições revestindo-os<br />

com eleva<strong>da</strong> tecnologia e marketing moderno,<br />

a atual geração de <strong>em</strong>preendedores<br />

cervejeiros catarinenses criou uma nova<br />

ativi<strong>da</strong>de no estado.<br />

Os caminhos <strong>da</strong> cerveja vão além<br />

do Vale do Itajaí (também conhecido por<br />

Valeu Europeu, ou Vale Germânico) e <strong>da</strong>s<br />

atrações de outubro. Encontra-se boa cerveja<br />

e ambientes propícios para degustá-<br />

-la e experimentar combinações com petiscos<br />

típicos <strong>em</strong> várias regiões, e no ano<br />

inteiro. O mapa a seguir resume as principais<br />

opções de roteiros pelas diversas regiões<br />

do estado. Na sequência, ca<strong>da</strong> região<br />

será apresenta<strong>da</strong>, com destaque para suas<br />

principais ci<strong>da</strong>des, assim como para suas<br />

respectivas cervejarias. Tudo t<strong>em</strong>perado<br />

com um pouco de história de ca<strong>da</strong> uma,<br />

o que produz<strong>em</strong> e quais os horários e as<br />

condições de visitação. A interseção entre<br />

a boa cerveja e os d<strong>em</strong>ais atrativos e aspectos<br />

culturais apresentados certamente<br />

resultará numa nova e rica experiência.<br />

<strong>da</strong> cerveja<br />

37


38<br />

Distâncias roDoviárias <strong>em</strong><br />

relação a Florianópolis<br />

ci<strong>da</strong>de Km<br />

Belo Horizonte 1.286<br />

Brasília 1.698<br />

Campo Grande 1.305<br />

Curitiba 310<br />

Fortaleza 3.838<br />

Goiânia 1.536<br />

Manaus 4.343<br />

Natal 3.662<br />

Porto Alegre 470<br />

Recife 3.375<br />

Rio de Janeiro 1.144<br />

Salvador 2.682<br />

São Paulo 705<br />

ci<strong>da</strong>de Km<br />

Blumenau 157<br />

Brusque 121<br />

Canoinhas 352<br />

Concórdia 459<br />

Criciúma 197<br />

Forquilhinhas 212<br />

Gaspar 132<br />

Ibirama 218<br />

In<strong>da</strong>ial 166<br />

Jaraguá do Sul 189<br />

Joinville 194<br />

Lontras 201<br />

Pomerode 167<br />

Presidente Getúlio 228<br />

Timbó 171<br />

Treze Tílias 419<br />

ci<strong>da</strong>de Km<br />

Assunção (Paraguai) 1.331<br />

Buenos Aires (Argentina) 1.539<br />

Montevidéu (Uruguai) 1.360<br />

Santiago (Chile) 2.885


40<br />

Vale do Itajaí<br />

Com destaque para a cultura al<strong>em</strong>ã, a região é<br />

fort<strong>em</strong>ente marca<strong>da</strong> pela presença de diversas<br />

etnias europeias e pela abundância de boa cerveja<br />

Um pe<strong>da</strong>cinho<br />

Vale Europeu, como também é<br />

designado o Vale do Itajaí, é considerado<br />

a região mais al<strong>em</strong>ã do<br />

Brasil. Natural, portanto, que seja<br />

um importante polo cervejeiro.<br />

Dentre as regiões catarinenses que contam<br />

com cervejarias estrutura<strong>da</strong>s, é a que<br />

se destaca pelo maior número de estabelecimentos<br />

e, portanto, é o eixo principal<br />

<strong>da</strong> <strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Até<br />

meados do século XIX a região no entorno<br />

do rio Itajaí-Açu, circun<strong>da</strong><strong>da</strong> por montanhas<br />

verdejantes, era habita<strong>da</strong> apenas<br />

por índios <strong>da</strong>s etnias Kaingang, Xokleng<br />

e Botocudo, e algumas poucas famílias<br />

de imigrantes europeus. Os germânicos<br />

só chegaram para valer após 1850, confiando<br />

no projeto colonizador do filósofo<br />

al<strong>em</strong>ão Dr. Hermann Blumenau. Pode-se<br />

afirmar que fizeram uma aposta certeira:<br />

Blumenau tornou-se a ci<strong>da</strong>de de colonização<br />

al<strong>em</strong>ã mais influente do país, abrigando<br />

o maior polo têxtil brasileiro.<br />

Ao longo do século XX, quase 40<br />

desm<strong>em</strong>bramentos de território de Blumenau<br />

deram orig<strong>em</strong> a novos municípios,<br />

conformando a região que hoje se conhece<br />

por Vale do Itajaí. A influência germâ-


<strong>da</strong> Europa<br />

nica é eleva<strong>da</strong> na região, destacando-se<br />

a arquitetura, a culinária, o idioma – dialetos<br />

germânicos são utilizados por famílias<br />

como primeiro idioma até hoje –, o<br />

artesanato, as festas típicas, as ruas flori<strong>da</strong>s<br />

e os jardins b<strong>em</strong> cui<strong>da</strong>dos. Na maior<br />

parte dos municípios a cultura germânica<br />

é preponderante, mas não única. Há ci<strong>da</strong>des<br />

como Itajaí, Rodeio e Nova Trento<br />

com predominância <strong>da</strong> cultura italiana.<br />

Os italianos chegaram à região cerca de<br />

25 anos depois dos al<strong>em</strong>ães. Há também<br />

poloneses, suíços, eslavos e descendentes<br />

de portugueses, que habitaram o Vale do<br />

Rio Tijucas e posteriormente se deslocaram<br />

para o Vale do Itajaí.<br />

Foi o descendente de um prussiano<br />

(a Prússia localizava-se no atual norte<br />

<strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha) que fundou <strong>em</strong> Timbó,<br />

uma ci<strong>da</strong>dezinha vizinha a Blumenau, a<br />

primeira <strong>da</strong>s cervejarias <strong>da</strong> nova geração<br />

no estado, a Borck, <strong>em</strong> 1996. O modelo<br />

<strong>da</strong>s cervejarias al<strong>em</strong>ãs, caracteriza<strong>da</strong>s pelo<br />

bar anexo à fabrica, tanques de fabricação<br />

expostos aos clientes e acompanhamento<br />

de comi<strong>da</strong>s típicas, está presente <strong>em</strong> várias<br />

ci<strong>da</strong>des do Vale do Itajaí, como Brusque,<br />

Pomerode, Gaspar, In<strong>da</strong>ial, Ibirama,<br />

Vista de Blumenau com<br />

o Rio Itajaí-Açu e detalhe<br />

do Museu <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>:<br />

influências notáveis <strong>da</strong><br />

colonização germânica<br />

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42<br />

Presidente Getúlio e Lontras, além, é claro,<br />

de Blumenau. Conhecidos pelo espírito<br />

festeiro, os moradores do Vale gostam<br />

de comer e beber para celebrar. O roteiro<br />

<strong>da</strong>s cervejarias valoriza as ci<strong>da</strong>des e a<br />

gastronomia regional. A cerveja acompanha<br />

petiscos como salsichas ao molho de<br />

mostar<strong>da</strong> e raiz-forte, bolinhos de batata e<br />

rollmops, que são enroladinhos de filés de<br />

arenque cru, e pratos típicos como o chucrute<br />

(repolho fermentado e salmoura),<br />

marreco com repolho roxo, joelho de porco<br />

(eisbein) e bisteca de porco (kassler).<br />

Blumenau<br />

Com cerca de 300 mil habitantes,<br />

Blumenau é a ci<strong>da</strong>de-polo do Vale do Itajaí.<br />

Ao longo de sua trajetória de crescimento<br />

desenvolveu uma pujante indústria,<br />

com destaque para os setores têxtil e<br />

de confecções. Também se destacam os<br />

setores metalmecânico e de informática<br />

– além do de bebi<strong>da</strong>s, é claro. Hoje <strong>em</strong><br />

dia, mais do que um centro industrial, é<br />

um dos mais importantes polos de serviços<br />

de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, com destaque para<br />

o turismo. Oferece boa infraestrutura hoteleira,<br />

gastronômica e de serviços, além<br />

de fácil acesso às ci<strong>da</strong>des de seu entorno.<br />

O poderio de Blumenau para a realização<br />

de grandes eventos é conhecido<br />

pelos amantes <strong>da</strong> cerveja. A Oktoberfest,<br />

realiza<strong>da</strong> desde 1984, anualmente, e com<br />

18 dias de duração, atrai perto de um milhão<br />

de pessoas e é considera<strong>da</strong> a maior<br />

manifestação de cultura al<strong>em</strong>ã fora <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />

A ci<strong>da</strong>de possui o maior Centro<br />

de Eventos de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, o Parque<br />

Vila Germânica.<br />

Blumenau é um privilegiado centro<br />

de compras, oferecendo os tradicionais<br />

artigos têxteis e cristais, além de muitos<br />

outros produtos exibidos nas lojas <strong>da</strong><br />

belíssima Rua XV de Nov<strong>em</strong>bro, o centro<br />

pulsante <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Blumenau também é<br />

conheci<strong>da</strong> pelos cui<strong>da</strong>dos com o meio ambiente,<br />

tendo três parques protegendo a<br />

mata atlântica <strong>em</strong> seu entorno: os parques<br />

Spitzkopf, São Francisco de Assis e Artex.<br />

Além <strong>da</strong> Oktoberfest e <strong>da</strong>s várias<br />

cervejarias, Blumenau oferece aos apreciadores<br />

a oportuni<strong>da</strong>de de conhecer o<br />

Museu <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>, o único do gênero no<br />

Brasil. Pode-se tomar o museu como ponto<br />

de parti<strong>da</strong> para o circuito <strong>da</strong>s cervejarias.<br />

Lá são forneci<strong>da</strong>s informações sobre<br />

os métodos de produção e as rotas que<br />

pod<strong>em</strong> ser segui<strong>da</strong>s para apreciação <strong>da</strong><br />

bebi<strong>da</strong>. O museu permite um vislumbre<br />

dos primórdios <strong>da</strong> cerveja na região, pois<br />

mantém peças antigas como geladeiras,<br />

termômetros, arrolhadores e balanças do<br />

século XIX e início do século XX.


Harmonizações com petiscos<br />

(à esq.), o bar <strong>da</strong> cervejaria e<br />

produtos <strong>da</strong> Eisenbahn: cervejaria<br />

mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> do Brasil<br />

BLUMENAU<br />

Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2002, a Eisenbahn alcançou<br />

status de estrela internacional,<br />

pois já amealhou importantes prêmios,<br />

me<strong>da</strong>lhas e menções <strong>em</strong> concursos de diversos<br />

países, tornando-se a cervejaria brasileira<br />

mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> no exterior. Os resultados<br />

obtidos são frutos de um projeto<br />

muito b<strong>em</strong> elaborado pela família Mendes,<br />

de Blumenau. Eles adotaram o conceito<br />

de cerveja artesanal, produzi<strong>da</strong> de acordo<br />

com a Lei Al<strong>em</strong>ã de Pureza, mas não abriram<br />

mão de equipamentos sofisticados e<br />

matérias-primas <strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de. Tudo<br />

costurado por uma boa estratégia de<br />

marketing, como o próprio nome e rótulo,<br />

que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> às tradições germânicas e à<br />

Blumenau antiga. Eisenbahn significa ferrovia<br />

<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, numa referência à estação<br />

de tr<strong>em</strong> do bairro onde fica a <strong>em</strong>presa.<br />

O Bar Estação Eisenbahn é separado<br />

<strong>da</strong> fabrica por uma parede de vidro, e<br />

dele pode-se acompanhar a produção. O<br />

cardápio inclui salsichas de diversos tipos<br />

e canapés <strong>da</strong> tradicional linguiça tipo Blumenau.<br />

As cervejas pod<strong>em</strong> ser encontra<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> mercados, bares e casas especializa<strong>da</strong>s<br />

no país todo, mas a cervejaria reserva tratamento<br />

especial para qu<strong>em</strong> visita a fábrica.<br />

Lá, pode-se acompanhar a produção,<br />

receber uma aula sobre a história <strong>da</strong> cervejaria<br />

e sobre os tipos <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>, além<br />

de degustar um chope tirado diretamente<br />

de um dos tanques de fabricação.<br />

A Eisenbahn foi adquiri<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2008<br />

pelo Grupo Schincariol, que, por sua vez,<br />

teve o controle acionário comprado pela<br />

japonesa Kirin <strong>em</strong> 2011. A essência <strong>da</strong><br />

cervejaria é guar<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo mestre cervejeiro<br />

Gerhard Beutling, o mesmo que cui<strong>da</strong><br />

do sabor <strong>da</strong> Eisenbahn desde os seus<br />

primórdios.<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Dunkel, Kolsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen<br />

Orgânica, Weihnachts Ale (sazonal), Weizenbier,<br />

Weizenbock, Rauchbier, Strong Golden Ale,<br />

Oktoberfest (sazonal), Amber Lager, Lust e Bierlikör.<br />

Chopes Dunkel, Pilsen, Pale Ale e Weizenbier.<br />

Serviço Visitação <strong>da</strong> fábrica: segun<strong>da</strong> a sábado,<br />

<strong>da</strong>s 14 horas às 19 horas, com visitas de hora<br />

<strong>em</strong> hora. Agen<strong>da</strong>mento: (47) 3488-7307. Preço:<br />

R$ 5,00, com degustação de chope retirado do<br />

tanque.<br />

Bar Estação Eisenbahn: segun<strong>da</strong>s a quartas-feiras,<br />

<strong>da</strong>s 16 horas às 24 horas. Quintas e sextas-feiras<br />

<strong>da</strong>s 16 horas até 01h <strong>da</strong> manhã. Sábados <strong>da</strong>s 10<br />

horas até 01h <strong>da</strong> manhã.<br />

Endereço Rua Bahia, 5.181 | Salto Weissbach |<br />

Blumenau | (47) 3488-7371 | www.eisenbahn.com.br<br />

43


44<br />

Num outro roteiro turístico de Blumenau,<br />

o <strong>da</strong> Vila Itoupava, distante cerca<br />

de 25 quilômetros do centro, também se<br />

pode encontrar resquícios <strong>da</strong> velha tradição<br />

cervejeira. O Centro Cultural <strong>da</strong> Vila<br />

Itoupava funciona na sede <strong>da</strong> antiga <strong>Cerveja</strong>ria<br />

Feldmann, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo mestre<br />

cervejeiro Heinrich Feldmann <strong>em</strong> 1898,<br />

e que perdurou até 1978. O estilo arquitetônico<br />

preserva paisagens e costumes<br />

que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à Al<strong>em</strong>anha e ao passado<br />

<strong>da</strong> colonização do Vale do Itajaí. Cerca<br />

de 90% dos moradores <strong>da</strong> região falam<br />

al<strong>em</strong>ão fluent<strong>em</strong>ente e produz<strong>em</strong> chocolates<br />

caseiros, doces, compotas e licores<br />

artesanais.<br />

Já o contato com a nova tradição cervejeira,<br />

que associa inúmeras varie<strong>da</strong>des<br />

de bebi<strong>da</strong> aos petiscos tradicionais, porém<br />

modernizados, pode iniciar-se pelo bairro<br />

Salto Weissbach, onde se encontra a cervejaria<br />

Eisenbahn. Do outro lado <strong>da</strong> Rua<br />

Bahia, onde situam-se suas instalações,<br />

funcionava a antiga estação de tr<strong>em</strong> do<br />

bairro, que acabou inspirando o projeto<br />

vencedor <strong>da</strong> família Mendes, cujas garrafinhas<br />

de cerveja estampam uma locomotiva<br />

no rótulo.<br />

Outros roteiros fun<strong>da</strong>mentais para<br />

se capturar o espírito de Blumenau são<br />

conhecer as construções <strong>em</strong> estilo enxaimel<br />

– com <strong>em</strong>penas volta<strong>da</strong>s para a late-<br />

BLUMENAU<br />

A Bierland foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2003 por<br />

três jovens <strong>em</strong>presários do comércio que<br />

queriam se lançar na produção de alimentos.<br />

Pesquisando o mercado e suas ver<strong>da</strong>deiras<br />

vocações, optaram por abrir uma<br />

cervejaria, que afinal alcançou grande sucesso.<br />

Em 2011 a Bierland recebeu me<strong>da</strong>lha<br />

de prata no respeitado concurso Bierland<br />

Vienna, no European Beer Star. Os<br />

jurados avaliaram cor, aroma e sabor de<br />

cervejas do mundo todo, pr<strong>em</strong>iando as<br />

comprometi<strong>da</strong>s com o modo tradicional<br />

europeu de produzir a bebi<strong>da</strong> – como o<br />

respeito à Reinheitsgebot. Mesmo seguindo<br />

à risca a tradição, na Bierland tudo é feito<br />

com maquinário moderno, como tanques<br />

inox e moinho próprio para triturar os<br />

componentes, e controle microbiológico.<br />

Localiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Itoupava Central,<br />

bairro tradicional de descendentes de<br />

imigrantes al<strong>em</strong>ães, possui um bar de<br />

fábrica com decoração inspira<strong>da</strong> nas cervejarias<br />

europeias, <strong>em</strong> estilo rústico e<br />

separado <strong>da</strong> fábrica por uma parede de<br />

vidro. Dentre os petiscos estão lombo e<br />

picanha defumados, salame cracóvia, linguiças<br />

e salsichas. Na fábrica, bebe-se o<br />

chope direto <strong>da</strong> fonte.<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Pilsen, Weizen, Pale Ale, Bock,<br />

Vienna, Imperial Stout e Strong Golden Ale.<br />

Chopes Pilsen, Weizen, Pale Ale e Winebier<br />

(chope de vinho).<br />

Serviço Visita à fábrica: previamente agen<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />

de segun<strong>da</strong> a sexta-feira, a partir <strong>da</strong>s 8 horas até as<br />

17 horas. Sábado <strong>da</strong>s 8 horas às 11 horas.<br />

Bar: de terça a sexta-feira <strong>da</strong>s 15h30min até a meia-<br />

noite e aos sábados <strong>da</strong>s 10 horas à meia-noite.<br />

Endereço Rua Gustavo Zimmermann, 5.361<br />

Itoupava Central | Blumenau | (47) 3323-6588<br />

www.bierland.com.br<br />

Produtos <strong>da</strong> Bierland, com destaque<br />

para a Strong Golden Ale (no centro) e<br />

bar <strong>da</strong> cervejaria: chope direto <strong>da</strong> fonte


Casa típica de Pomerode: estilo enxaimel<br />

e jardins floridos são a marca registra<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de mais al<strong>em</strong>ã do Brasil<br />

ral, varan<strong>da</strong>s frontais e águas-furta<strong>da</strong>s – e<br />

os fartos cafés coloniais que oferec<strong>em</strong> um<br />

mix de bolos, pães, geleias, tortas, sucos e<br />

frios. Há ain<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de conhecer<br />

algumas <strong>da</strong>s principais indústrias <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de, que são abertas à visitação turística<br />

<strong>em</strong> horários determinados. Os destaques<br />

são as cristalerias (Cristal Blumenau<br />

e Glaspark) e a Cia Hering, uma <strong>da</strong>s mais<br />

antigas e atualmente a maior companhia<br />

têxtil do país, que mantém um museu com<br />

a sua história e a <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Dentre as<br />

<strong>em</strong>presas que pod<strong>em</strong> ser visita<strong>da</strong>s está a<br />

Cachaças Inox, uma destilaria de cachaça<br />

pr<strong>em</strong>ium que se destaca <strong>em</strong> concursos<br />

internacionais. Uma sugestão para qu<strong>em</strong><br />

quiser “<strong>da</strong>r um t<strong>em</strong>po” na cerveja.<br />

Pomerode<br />

O pequeno município de Pomerode,<br />

de 28 mil habitantes, pode ser considerado<br />

uma radicalização de Blumenau<br />

quando se leva <strong>em</strong> conta as tradições germânicas.<br />

Pomerode se <strong>em</strong>ancipou de Blumenau<br />

<strong>em</strong> 1959, cerca de 100 anos após o<br />

início <strong>da</strong> colonização <strong>da</strong> região, por imigrantes<br />

vindos <strong>da</strong> Pomerânia, região no<br />

norte <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha. Se autointitula (e é<br />

amplamente reconheci<strong>da</strong> como) a ci<strong>da</strong>de<br />

mais germânica do Brasil, porque quase<br />

todo mundo t<strong>em</strong> ascendência germânica,<br />

se comunica <strong>em</strong> dialetos al<strong>em</strong>ães e muitas<br />

casas são construí<strong>da</strong>s no melhor estilo<br />

enxaimel, com jardins floridos e cui<strong>da</strong>dosamente<br />

mantidos. Qu<strong>em</strong> transitar pela<br />

<strong>Rota</strong> do Enxaimel terá a oportuni<strong>da</strong>de de<br />

ver 100 casas tomba<strong>da</strong>s pelo patrimônio<br />

histórico.<br />

As tradições também são manti<strong>da</strong>s<br />

por meio <strong>da</strong>s festas, <strong>da</strong> música e <strong>da</strong> gastronomia.<br />

A maior festa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a Festa<br />

Pomerana, acontece <strong>em</strong> janeiro, mas<br />

ao longo de todo o ano a animação é garanti<strong>da</strong><br />

por bandinhas típicas, grupos folclóricos,<br />

clubes de caça e tiro e até mesmo<br />

por corais ligados a igrejas e clubes<br />

sociais, além de um considerável jardim<br />

zoológico. Mas ao mesmo t<strong>em</strong>po a ci<strong>da</strong>dezinha<br />

oferece muita tranquili<strong>da</strong>de para<br />

qu<strong>em</strong> procura paz de espírito. De um jei-<br />

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46<br />

BLUMENAU<br />

A cervejaria WunderBier foi cria<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> 2007, para participar <strong>da</strong> Oktoberfest,<br />

e desde então se firmou como uma <strong>da</strong>s<br />

principais do gênero na ci<strong>da</strong>de. A ideia<br />

foi do <strong>em</strong>presário Bento Linhares, dono<br />

de restaurantes na ci<strong>da</strong>de, que convidou<br />

o mestre cervejeiro Fabio Steinbach a participar<br />

do projeto. Steinbach é um aficionado<br />

que desde garoto aju<strong>da</strong>va o avô a<br />

fazer, <strong>em</strong> casa, a cerveja que os adultos<br />

<strong>da</strong> família consumiam. Já adulto, produzia<br />

a própria cerveja <strong>em</strong> seu sítio, usando<br />

um fogão a lenha e experimentando<br />

diversos ingredientes, até que se agregou<br />

à WunderBier, que hoje t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />

para produzir 30 mil litros/mês.<br />

O prédio do bar de fábrica <strong>da</strong> WunderBier,<br />

<strong>em</strong> estilo enxaimel, foi projetado<br />

para que o visitante acompanhe do<br />

salão os passos <strong>da</strong> fabricação <strong>da</strong>s bebi<strong>da</strong>s.<br />

Dá para ver de perto como são<br />

elaborados os chopes degustando petiscos<br />

e pratos típicos como o Bockwurst<br />

e Weisswurst – salsichas al<strong>em</strong>ãs acompanha<strong>da</strong>s<br />

de diferentes tipos de mostar<strong>da</strong>s<br />

e raiz-forte.<br />

Detalhes e a sede <strong>da</strong> WunderBier<br />

<strong>em</strong> Blumenau: visitante pode<br />

acompanhar a produção de cerveja<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Pilsen, Lager Hell, Schwarzbier<br />

(chope escuro), Hefe-weinzen (trigo) e<br />

Winebier (chope de vinho).<br />

Serviço Visita à fábrica: segun<strong>da</strong> a<br />

sexta-feira, <strong>da</strong>s 9 horas às 11 horas e <strong>da</strong>s<br />

15 horas às 17 horas, com agen<strong>da</strong>mento.<br />

Bar: de terça a domingo, a partir <strong>da</strong>s<br />

18 horas.<br />

Endereço Rua Fritz Spernau, 155<br />

Fortaleza | Blumenau | (47) 3339-0001<br />

www.wunderbier.com.br


to ou de outro, <strong>em</strong> Pomerode tudo pode<br />

ser acompanhado por uma excelente cerveja.<br />

A Schornstein, uma <strong>da</strong>s cervejarias<br />

artesanais mais conheci<strong>da</strong>s do estado, é<br />

sedia<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de, ocupando o espaço de<br />

uma antiga fábrica.<br />

Brusque<br />

A colônia de Brusque foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> 1860 por um nobre austríaco, o Barão<br />

Von Schneeburg, que foi seguido <strong>em</strong><br />

sua navegação triunfal rio acima por um<br />

grupo de esperançosos colonos al<strong>em</strong>ães.<br />

Hoje a Praça Von Schneeburg é o principal<br />

endereço <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, e nela funciona<br />

uma choperia típica. Mas é a principal cervejaria<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a ZeHn Bier, que t<strong>em</strong><br />

mais a dizer sobre a Brusque que se desenvolveu<br />

desde então. A cervejaria é um<br />

projeto do fun<strong>da</strong>dor de um dos maiores<br />

grupos industriais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, o Zen, do<br />

setor metalúrgico. Após anos à frente do<br />

grupo que criou com o irmão <strong>em</strong> 1960,<br />

Hilário Zen decidiu dedicar-se à produção<br />

de cerveja.<br />

Desde os primórdios <strong>da</strong> colonização,<br />

Brusque se destacou pelo pioneirismo<br />

industrial. Algumas de suas fábricas,<br />

como a Renaux, de tecidos, belíssima,<br />

construí<strong>da</strong> <strong>em</strong> tijolos, conservam as antigas<br />

características. Se a indústria é a base<br />

Construções <strong>em</strong> estilo germânico <strong>em</strong><br />

Brusque: ci<strong>da</strong>de é um importante centro<br />

industrial e comercial do Vale do Itajaí<br />

<strong>da</strong> economia local, a ven<strong>da</strong> de seus produtos<br />

transformou a ci<strong>da</strong>de num grande<br />

polo comercial de vestuário e artigos de<br />

cama, mesa e banho. Brusque possui um<br />

orquidário e um bromeliário e se destaca<br />

<strong>em</strong> duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de turismo bastante<br />

distintas: o religioso e o de aventuras.<br />

Uma fazen<strong>da</strong> modelo retrata a vi<strong>da</strong> dos<br />

primeiros colonizadores. A principal festa<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de é a Fenarreco – Festa Nacional<br />

do Marreco –, que integra o roteiro de<br />

festas de outubro.<br />

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48<br />

GASPAR<br />

<strong>Cerveja</strong>, sossego, muito verde e<br />

até uma boa pescaria é o que oferece a<br />

Das Bier Chope Artesanal, instala<strong>da</strong> junto<br />

a um lago no belo bairro rural de Belchior<br />

Alto, <strong>em</strong> Gaspar. A antiga casa do<br />

primeiro morador do lugar, do início do<br />

século passado, foi restaura<strong>da</strong> e amplia<strong>da</strong><br />

para abrigar a cervejaria, inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

2006. Paredes de vidro separam a fábrica<br />

do bar onde pod<strong>em</strong> ser degustados cinco<br />

tipos de chope, dentre eles o Braunes<br />

Ale, com traços de chocolate e perfume<br />

de lúpulo. No final de 2011 foi lançado<br />

o chope Pale Ale, uma escolha do público,<br />

que votou <strong>em</strong> uma promoção realiza<strong>da</strong><br />

através <strong>da</strong>s redes sociais. No total, a<br />

cervejaria produz 250 mil litros por ano.<br />

A cervejaria possui ain<strong>da</strong> uma espécie de<br />

porão <strong>em</strong> estilo medieval, onde funciona<br />

uma cachaçaria, a Schnapskeller.<br />

No bar <strong>da</strong> Das Bier são servidos petiscos<br />

de diversos tipos, incluindo opções<br />

<strong>da</strong> gastronomia típica al<strong>em</strong>ã como o Hackepeter<br />

e um mix de salsichas. E, para as<br />

refeições, marreco recheado com repolho<br />

roxo, filés de tilápia e Kassler, além de opções<br />

de carne e peixe.<br />

Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) Braunes<br />

Ale, Weizen e Pale Ale.<br />

Serviço Bar e fábrica (esta com agen<strong>da</strong>mento<br />

prévio): quarta a sexta-feira, <strong>da</strong>s 17 horas às<br />

24 horas. Sábados, <strong>da</strong>s 15 horas às 24 horas.<br />

Domingos, <strong>da</strong>s 11h30min às 19 horas.<br />

Espaço Pesca e Lazer: sextas, <strong>da</strong>s 14 horas às<br />

18h30min. Sábados e domingos, <strong>da</strong>s 7h30min às<br />

18h30min.<br />

Endereço Rua Bonifácio Haendchen, 5.311<br />

Belchior Alto | Gaspar | (47) 3397-8600<br />

www.<strong>da</strong>sbier.com.br<br />

Sede <strong>da</strong> Das Bier e o peculiar porão <strong>em</strong><br />

estilo medieval onde também funciona<br />

uma cachaçaria, a Schnapskeller


INDAIAL<br />

O proprietário <strong>da</strong> Heimat, Georg<br />

Nuber, resgatou a receita <strong>da</strong> cerveja caseira<br />

fabrica<strong>da</strong> pelos seus ancestrais na<br />

I<strong>da</strong>de Média e trazi<strong>da</strong> ao Brasil pelo avô,<br />

que era natural de Lin<strong>da</strong>u, no sul <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha,<br />

no início do século passado. Georg<br />

fez um curso de mestre cervejeiro no<br />

Rio de Janeiro e <strong>em</strong> 2005 fundou a cervejaria,<br />

a<strong>da</strong>ptando a receita do avô às novas<br />

tecnologias e ingredientes obtendo seu<br />

chope Heimat, do tipo Pilsen. Heimat significa<br />

“Terra Natal” <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. A receita<br />

e o processo de fabricação são os mesmos<br />

para o chope (comercializado <strong>em</strong><br />

barris) e para a cerveja, engarrafa<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

<strong>em</strong>balagens long neck. A cervejaria t<strong>em</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de para produzir 1.500 litros/dia.<br />

Não há bar na fábrica, mas visitas<br />

para conhecer as instalações e eventualmente<br />

tomar um chope direto <strong>da</strong> fonte<br />

são permiti<strong>da</strong>s desde que agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

com antecedência. Oferece suvenires como<br />

bonés, canecas, camisetas e copos.<br />

Instalações <strong>da</strong> Heimat: cervejaria<br />

t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de de produção<br />

de 1.500 litros por dia<br />

<strong>Cerveja</strong>s e chope Pilsen<br />

Serviço Visita à fábrica: de segun<strong>da</strong> a sexta-<br />

feira, <strong>da</strong>s 14 horas às 17 horas.<br />

Endereço Rua Marechal Deodoro <strong>da</strong> Fonseca,<br />

1.498 | Bairro Tapajós | In<strong>da</strong>ial | Fone: (47) 3333 1793<br />

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TIMBÓ<br />

A <strong>Cerveja</strong>ria Borck, de Timbó, t<strong>em</strong> a honra de ter sido<br />

a primeira <strong>da</strong> leva de novas e modernas cervejarias artesanais<br />

catarinenses. Inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996, ela é fruto do sonho do proprietário<br />

Brunhard Borck, ex-bancário que largou o <strong>em</strong>prego,<br />

juntou as economias e foi para a Hungria comprar equipamentos<br />

e buscar o mestre cervejeiro que o ajudou a implantar o<br />

negócio. No início a cervejaria apostou no diferencial <strong>da</strong>s cervejas<br />

Ale, de alta fermentação, mas acabou migrando para o<br />

tipo Pilsen, mais palatável para o consumidor brasileiro médio.<br />

Quinze anos depois <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção o mestre cervejeiro é seu<br />

filho, Tiago Borck, engenheiro químico responsável pela produção<br />

dos três tipos de chope que são comercializados <strong>em</strong> barris<br />

retornáveis de inox e latão descartável de cinco litros. A Borck<br />

retomou a aposta no estilo mais europeu com a produção do<br />

chope de trigo, de alta fermentação. A capaci<strong>da</strong>de de produção<br />

é de 30.000 litros/mês. Não possui bar de fábrica.<br />

Chopes Pilsen, Malzbier e Weizenbier.<br />

Serviço Visitas às instalações: aos sábados, <strong>da</strong>s 9 horas às 12 horas, com<br />

agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />

Endereço Rua Pomeranos, 1.963 | Timbó | (47) 3382 0587 | www.borck.com.br<br />

A pioneira <strong>da</strong> nova geração volta às origens: Borck<br />

retoma produção de cervejas tipo Ale, de alta<br />

fermentação, além de fazer o tipo Lager (na foto)


LONTRAS<br />

A Holzweg <strong>Cerveja</strong>ria Artesanal fica<br />

na tranquila Lontras, ci<strong>da</strong>de do Vale<br />

do Itajaí que t<strong>em</strong> a agropecuária como<br />

principal ativi<strong>da</strong>de econômica. O nome<br />

Holzweg significa caminho <strong>da</strong> madeira,<br />

e se trata de uma referência ao nome <strong>da</strong><br />

estra<strong>da</strong> que fazia a ligação entre as diversas<br />

colônias do Vale no início <strong>da</strong> ocupação<br />

<strong>da</strong> região pelos imigrantes al<strong>em</strong>ães.<br />

A cervejaria elabora chopes com maltes<br />

e lúpulos importados seguindo a lei <strong>da</strong><br />

pureza al<strong>em</strong>ã. Possui bar junto à fábrica<br />

decorado com motivos germânicos, que<br />

serve petiscos, pratos <strong>da</strong> gastronomia típica<br />

e bufê de sopas.<br />

Chopes Pilsen e Munich Dunkel.<br />

Endereço Rua Paulo Alves do Nascimento, 387<br />

Centro | Lontras | (47) 3523-0277 / 8819-8817<br />

www.holzweg.com.br<br />

Vistas externa e interna do<br />

bar de fábrica <strong>da</strong> cervejaria<br />

Holzweg: nome r<strong>em</strong>ete à antiga<br />

estra<strong>da</strong> de colonos <strong>da</strong> região<br />

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52<br />

POMERODE<br />

É impensável visitar Pomerode<br />

s<strong>em</strong> conhecer a cervejaria Schornstein,<br />

que já virou atração <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Construí<strong>da</strong><br />

junto a uma velha fábrica tomba<strong>da</strong> pelo<br />

patrimônio histórico, ela preserva a antiga<br />

chaminé de 30 metros de altura feita<br />

<strong>em</strong> tijolos maciços – Schornstein significa<br />

chaminé <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. Turistas pod<strong>em</strong><br />

fazer visita monitora<strong>da</strong> à fábrica, degustar<br />

o chope tirado diretamente dos tanques<br />

e conhecer os processos de fabricação.<br />

Junto à cervejaria funciona o bar<br />

Schornstein Kneipe, que t<strong>em</strong> petiscos típicos<br />

feitos com ingredientes produzidos<br />

artesanalmente na região, cujas receitas<br />

são harmoniza<strong>da</strong>s com as várias cervejas<br />

ali produzi<strong>da</strong>s.<br />

A Schornstein foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2006<br />

por um grupo de seis <strong>em</strong>presários que<br />

constataram o óbvio: apesar de Pomerode<br />

ser considera<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de mais al<strong>em</strong>ã<br />

do Brasil, não contava com uma cervejaria<br />

como aquelas que tanto sucesso faz<strong>em</strong> na<br />

Europa. O momento era ideal e inclusive<br />

orientou a b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong> estratégia de<br />

marketing. A cervejaria foi inaugura<strong>da</strong> no<br />

dia <strong>da</strong> estreia <strong>da</strong> seleção al<strong>em</strong>ã na Copa<br />

do Mundo de 2006. T<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de para<br />

produzir 32.000 litros/mês <strong>em</strong> Pomerode,<br />

e possui também uma filial <strong>em</strong> Holambra<br />

(SP).<br />

Chopes Pilsen filtrado e não filtrado, Weiss,<br />

Bock, Indian Pale Ale e Imperial Stout.<br />

Serviço Bart Schornstein Kneipe: quarta a<br />

sexta-feira a partir <strong>da</strong>s 17h30min. Aos sábados<br />

e domingos a partir <strong>da</strong>s 11h30min. Nos outros<br />

dias recebe visitas de grupos ou realiza eventos<br />

previamente agen<strong>da</strong>dos.<br />

Endereço Rua Hermann Weege, 60 | Centro<br />

Pomedore | (47) 3399-2058 | www.schornstein.com.br<br />

Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Schornstein, seus petiscos<br />

e a produção: além <strong>da</strong> boa cerveja,<br />

a imponente chaminé de uma velha<br />

fábrica chama a atenção dos visitantes


IBIRAMA<br />

Um prédio antigo que antes de ser cervejaria já foi<br />

fábrica de móveis, fecularia, atafona (moinho) e curtume,<br />

e que por tudo isso t<strong>em</strong> muita história para contar, abriga<br />

a Handwerk, <strong>em</strong> Ibirama. O lugar foi restaurado, mas as<br />

características rústicas foram preserva<strong>da</strong>s, incluindo uma<br />

ro<strong>da</strong> d’água que há um século foi responsável pelo início<br />

<strong>da</strong> geração de energia na então colônia de Hamônia. No<br />

primeiro an<strong>da</strong>r fica o restaurante, de onde se pode observar<br />

por meio de paredes de vidro a produção do chope na<br />

fábrica, que fica <strong>em</strong>baixo. Os chopes utilizam matéria-prima<br />

importa<strong>da</strong> – malte, lúpulo e fermento – de acordo com<br />

as leis <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã. O nome <strong>da</strong> cervejaria é sugestivo:<br />

Handwerk significa, <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, feito a mão, artesanal.<br />

A cervejaria foi inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2010, a partir <strong>da</strong> associação<br />

de quatro <strong>em</strong>presários <strong>da</strong> região. A capaci<strong>da</strong>de<br />

de produção é de 28.000 litros/mês. O bar recebe até 230<br />

pessoas, e o estacionamento t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de para 120 carros.<br />

No cardápio, especiali<strong>da</strong>des al<strong>em</strong>ãs, petiscos à base<br />

de carne e peixe e lanches acompanhados de chope.<br />

Chopes Pilsen e Bock.<br />

Serviço Restaurante: de quarta a domingo, <strong>da</strong>s 18 horas à meia-<br />

noite. Fone: (47) 33574624<br />

Endereço Rua Duque de Caxias, 239 | Centro | Ibirama<br />

(47) 33573343 | www.handwerk.ind.br<br />

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PRESIDENTE GETÚLIO<br />

A cervejaria Breslau Bier, que fabrica<br />

chope artesanal de acordo com a<br />

lei <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã, foi inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />

2011. Comercializa barris de chope de<br />

10, 20, 30 e 50 litros.<br />

Endereço Rua Morstifer, 91 | Bairro Morstifer<br />

Presidente Getúlio | (47) 8406-1760 ou<br />

(47) 3352-0205 | www.breslaubier.com.br<br />

A ZeHn possui um belo bar <strong>em</strong> Brusque<br />

(acima), equipamentos modernos e<br />

produz cervejas e chopes engarrafados,<br />

alguns deles pr<strong>em</strong>iados <strong>em</strong> concursos


BRUSQUE<br />

ZeHn – pronuncia-se tzehn – quer<br />

dizer dez, <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, mas também é como<br />

se fala o sobrenome dos proprietários,<br />

os Zen, uma tradicional família <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

O gosto pela cerveja foi trazido <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha,<br />

de onde vieram seus antepassados<br />

por volta de 1875, e antes de ter sua<br />

própria marca eles já fabricavam cerveja<br />

para consumo próprio nas celebrações familiares.<br />

Em 2003 resolveram tornar pública<br />

sua receita e abriram a cervejaria, que<br />

hoje é atração na ci<strong>da</strong>de.<br />

O mestre cervejeiro Curt Zastrow,<br />

diplomado <strong>em</strong> Munique, é especialista na<br />

produção de chope e cervejas artesanais.<br />

Seus produtos são pr<strong>em</strong>iados pela Associação<br />

Brasileira de Degustadores de <strong>Cerveja</strong>,<br />

com me<strong>da</strong>lha de ouro na categoria<br />

<strong>Cerveja</strong> Nacional, estilo Porter (2011), e<br />

de Prata na categoria <strong>Cerveja</strong> Nacional,<br />

estilo Bock (2011). A ZeHn fabrica cinco<br />

tipos <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> e deve lançar mais dois.<br />

Produz 40 mil litros por mês de cervejas<br />

e chopes engarrafados.<br />

O bar <strong>da</strong> cervejaria anima as noites<br />

de Brusque e ain<strong>da</strong> agra<strong>da</strong> aos turistas,<br />

pois também funciona como restaurante.<br />

No cardápio, petiscos, sanduíches, sala<strong>da</strong>s,<br />

massas, frutos do mar, carnes e pratos<br />

típicos al<strong>em</strong>ães harmonizados com as<br />

bebi<strong>da</strong>s.<br />

Chopes e cervejas Pilsen, Porter e Heller Bock.<br />

Serviço Visita à fabrica: de segun<strong>da</strong> a sexta-feira,<br />

entre 10 horas e 12 horas e <strong>da</strong>s 14 horas às 18<br />

horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio: (47) 3351-6685.<br />

Bar e restaurante: segun<strong>da</strong> a sábado a partir <strong>da</strong>s<br />

17 horas.<br />

Endereço Rua Benjamin Constant, 26<br />

São Luiz | Brusque | Fone (47) 3351-0033<br />

www.zehnbier.com.br<br />

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Norte<br />

Antiga terra de príncipes, a região recebeu<br />

colonos, inaugurou a primeira cervejaria do<br />

estado e se tornou potência industrial<br />

Os pioneiros<br />

onsta que a primeira indústria que<br />

funcionou <strong>em</strong> solo catarinense foi<br />

a Serraria do Príncipe, na Colônia Dona<br />

Francisca, <strong>em</strong> 1856, cinco anos<br />

após sua fun<strong>da</strong>ção, com o objetivo<br />

de fornecer madeiras para o Rio de Janeiro.<br />

Tratava-se de um <strong>em</strong>preendimento<br />

nobre (apesar do que seria hoje considerado<br />

um crime ambiental): pertencia ao<br />

próprio Príncipe de Joinville. O príncipe<br />

<strong>em</strong> questão era François Ferdinand, um<br />

nobre francês que desposou, <strong>em</strong> 1843,<br />

Dona Francisca Carolina, filha de Dom<br />

Pedro I, e recebeu como dote uma generosa<br />

gleba no norte de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />

Anos depois, <strong>em</strong> crise financeira, o<br />

príncipe vendeu parte <strong>da</strong>s terras a uma<br />

socie<strong>da</strong>de colonizadora, que atraiu centenas<br />

de imigrantes europeus – al<strong>em</strong>ães<br />

principalmente – para a Colônia Dona<br />

Francisca, que posteriormente se chamaria<br />

Joinville.<br />

Mas, quatro anos antes do advento<br />

<strong>da</strong> Serraria do Príncipe, Dona Francisca já<br />

contava com um estabelecimento que rivalizava<br />

<strong>em</strong> nobreza com ela – ao menos<br />

para os colonos mais sedentos. Era a cervejaria<br />

de Gabriel Schmalz e Margaretha


do caneco<br />

Zenger Schmalz, a primeira de que se t<strong>em</strong><br />

notícia no estado. Joinville evoluiu rápido.<br />

Muitos enriqueceram com a erva-mate, que<br />

no século XIX valia tanto que era conheci<strong>da</strong><br />

como “ouro verde”. A ci<strong>da</strong>de chegou a<br />

ter 20 cervejarias, e surgiram as indústrias.<br />

Mu<strong>da</strong>va o perfil econômico local, que refletia<br />

as mu<strong>da</strong>nças no Brasil: a decadência<br />

do Império e um surto de industrialização.<br />

Já uma lin<strong>da</strong> residência de verão, orna<strong>da</strong><br />

com gigantescas palmeiras imperiais, construí<strong>da</strong><br />

para deleite dos príncipes <strong>em</strong> Joinville<br />

jamais os recebeu, e acabou se transformando<br />

no museu <strong>da</strong> colonização.<br />

Jaraguá do Sul é outra importante<br />

ci<strong>da</strong>de do Norte catarinense que teve origens<br />

imperiais. Suas terras equivaliam ao<br />

dote recebido pelo Conde d’Eu quando<br />

se casou com a Princesa Isabel, filha de<br />

Dom Pedro II, <strong>em</strong> 1864. Sua fun<strong>da</strong>ção<br />

oficial <strong>da</strong>ta de 1876, mas a ci<strong>da</strong>de só se<br />

desm<strong>em</strong>brou de Joinville <strong>em</strong> 1934. Desde<br />

então se firmou como um importante polo<br />

Palmeiras imperiais foram planta<strong>da</strong>s<br />

<strong>em</strong> 1873 para ornar a residência<br />

de verão dos príncipes, que acabou<br />

se tornando um museu<br />

57


58<br />

industrial, sede do grupo WEG, maior fabricante<br />

de motores elétricos do mundo,<br />

e de outras companhias de grande porte.<br />

Tradição e moderni<strong>da</strong>de<br />

O Norte catarinense cresceu puxado<br />

por Joinville, que seria conheci<strong>da</strong> nos<br />

anos 1960 como “Manchester catarinense”,<br />

uma alusão ao importante polo industrial<br />

inglês. Também receberia outros epítetos,<br />

como Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Flores, Ci<strong>da</strong>de dos Príncipes<br />

e Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Bicicletas. Este último<br />

graças ao arraigado hábito de milhares de<br />

operários <strong>da</strong>s fábricas de se deslocar<strong>em</strong><br />

para o trabalho sobre duas ro<strong>da</strong>s. Mas<br />

não poderia ser chama<strong>da</strong> de Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

<strong>Cerveja</strong>, pois to<strong>da</strong>s as velhas cervejarias<br />

artesanais sucumbiram. Até que a nova<br />

geração surgiu.<br />

Joinville é hoje a maior ci<strong>da</strong>de de<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, com 600 mil habitantes.<br />

Além <strong>da</strong> importância econômica, é um<br />

O bar-moinho e o<br />

pórtico de Joinville,<br />

construídos <strong>em</strong><br />

arquitetura típica<br />

<strong>da</strong> região<br />

centro cultural, turístico e de eventos. O<br />

Festival de Dança reúne mais de 4 mil<br />

bailarinos e entrou para o Guinnes Book<br />

como o maior do gênero no mundo. Joinville<br />

é a única ci<strong>da</strong>de fora <strong>da</strong> Rússia a<br />

contar com uma uni<strong>da</strong>de do Balé Bolshoi<br />

de Moscou. Outro conhecido evento<br />

é a Festa <strong>da</strong>s Flores, realiza<strong>da</strong> há mais<br />

de 60 anos. Joinville é o eixo principal<br />

de um roteiro turístico que inclui várias<br />

ci<strong>da</strong>des (o Caminho dos Príncipes), entre<br />

elas a histórica São Francisco do Sul,<br />

a terceira ci<strong>da</strong>de mais antiga do Brasil,<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1504.<br />

Mas se o roteiro <strong>em</strong> questão for o <strong>da</strong><br />

cerveja, o melhor destino é a ci<strong>da</strong>de de<br />

Canoinhas, que fica a oeste de Joinville,<br />

distante cerca de 190 quilômetros. É lá, na<br />

ci<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong> como capital <strong>da</strong> erva-mate,<br />

que se encontra a cervejaria artesanal<br />

mais antiga <strong>em</strong> ativi<strong>da</strong>de no Brasil, a Canoinhense,<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1908. Imperdível.


JOINVILLE<br />

A garrafa amarela, de alumínio,<br />

e a inscrição OPA <strong>em</strong> letras literalmente<br />

“garrafais” foi a maneira inovadora de<br />

com<strong>em</strong>orar os cinco anos <strong>da</strong> cervejaria<br />

Opa Bier, de Joinville, completados <strong>em</strong><br />

2011. Dentro dela, meio litro de Pilsen<br />

Puro Malte, um dos carros-chefes <strong>da</strong> cervejaria.<br />

Tratou-se, afinal, <strong>da</strong> afirmação de<br />

uma tradição. A Opa é <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que<br />

surgiu a primeira cervejaria do estado, <strong>em</strong><br />

1852, e também <strong>da</strong> famosa “Antártica de<br />

Joinville”, conheci<strong>da</strong> (e venera<strong>da</strong>) <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s<br />

as ro<strong>da</strong>s de bar alguns anos atrás. E<br />

foi essa tradição que animou um grupo de<br />

jovens <strong>em</strong>presários a pesquisar<strong>em</strong> a fundo<br />

o mercado nacional e os modelos de<br />

microcervejarias europeias até inaugurar a<br />

Opa Bier <strong>em</strong> 2006. Eles tiram proveito do<br />

mesmo insumo que fez a fama <strong>da</strong> Antarctica<br />

de Joinville: a água pura <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

A Opa t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de de produção<br />

de 160 mil litros/mês. Atende diretamente<br />

consumidores ou grupos na fábrica<br />

somente para visita. Não possui bar<br />

de fábrica, mas seus produtos pod<strong>em</strong> ser<br />

encontrados no Parque Opa Bier, que fica<br />

no centro de Joinville conta com um<br />

complexo que reúne cinco restaurantes:<br />

Barão, especializado <strong>em</strong> carnes e costela<br />

ao bafo; Alles Picanha, as pizzarias Quadra<strong>da</strong><br />

e Divina Gula, e o Niu Sushi. Todos<br />

serv<strong>em</strong> as cervejas <strong>da</strong> Opa Bier, claro.<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Pilsen (cerveja e chope), Weizen, Pale<br />

Ale, Porter, Old Ale e s<strong>em</strong> álcool.<br />

Serviço Visita à fábrica: nos dias úteis, <strong>em</strong><br />

horário comercial, com agen<strong>da</strong>mento<br />

(visita@opabier.com.br).<br />

Endereço Rua Dona Francisca, 11.560<br />

Pirabeiraba | Joinville | www.opabier.com.br<br />

Parque Opa Bier: segun<strong>da</strong> a sexta-feira, <strong>da</strong>s 18<br />

horas à 01 hora <strong>da</strong> manhã e sábado e domingo<br />

entre 11h30min e 01 hora <strong>da</strong> manhã. Rua Max<br />

Colin, 1.589 | América | Joinville<br />

Luiz Alexandre de Oliveira (à esq.), sócio<br />

<strong>da</strong> Opa, produtos e etapas de produção:<br />

pioneirismo de Joinville resgatado<br />

59


60<br />

JARAGUÁ DO SUL<br />

Königs Bier significa “cerveja do<br />

rei”. O nome é uma homenag<strong>em</strong><br />

aos “reis” dos velhos clubes de caça e tiro<br />

<strong>da</strong> região, os principais centros de convívio<br />

social dos t<strong>em</strong>pos <strong>da</strong> colonização.<br />

Consta, aliás, que muitos desses clubes<br />

produziam a própria cerveja. A cervejaria<br />

Königs Bier é resultado de extensas pesquisas<br />

de mercado na Europa e nos Estados<br />

Unidos. Ivan e Dennis Torres, pai e<br />

filho, lançaram a microcervejaria <strong>em</strong> 2007<br />

e cinco anos depois, com capaci<strong>da</strong>de de<br />

produção de 22 mil litros/mês, contam<br />

com um vasto cardápio de chopes, alguns<br />

produzidos apenas <strong>em</strong> alguns períodos do<br />

ano, de acordo com o clima.<br />

Dentre os chopes sazonais destaca-<br />

-se o Landbier, um chope Lager, não filtrado,<br />

com teor alcoólico de 5,5%, produzido<br />

com cinco maltes, o que confere<br />

a coloração de dourado envelhecido e<br />

espuma amarela<strong>da</strong>. Já o refrescante Radler<br />

é a blen<strong>da</strong>g<strong>em</strong> entre o chope Pilsen e<br />

um refrigerante de limão, que origina um<br />

chope leve, com graduação alcoólica de<br />

2,6%, sabor de limão e lev<strong>em</strong>ente adocicado.<br />

Por enquanto os chopes são ven-<br />

didos apenas <strong>em</strong> barris, mas o plano é<br />

engarrafá-los.<br />

Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) e<br />

Malzbier, e os sazonais: Radler, Bock, Landbier e<br />

Dortmund.<br />

Serviço Visita à fábrica: de terça a sexta-feira<br />

<strong>da</strong>s 14 horas às 18 horas e sábados <strong>da</strong>s 8 horas às<br />

11 horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />

Endereço Rua Erich Sprung, 215 | Água Verde<br />

Jaraguá do Sul | (47) 3370 5544<br />

www.konigsbier.com.br<br />

Dennis Torres: pesquisas de mercado<br />

na Europa e nos Estados Unidos<br />

orientaram investimento <strong>em</strong> cervejaria


O bar <strong>da</strong><br />

Canoinhense<br />

(acima) impressiona<br />

pela decoração<br />

com animais<br />

<strong>em</strong>palhados. Nas<br />

outras fotos, detalhes<br />

<strong>da</strong> rustici<strong>da</strong>de<br />

do lugar e uma<br />

agradável área<br />

externa (à dir.)<br />

CANOINHAS<br />

Canoinhense<br />

A cervejaria Canoinhense é uma<br />

espécie de patrimônio histórico do universo<br />

cervejeiro brasileiro. E não apenas <strong>em</strong><br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Sua história e seus produtos<br />

são cultuados <strong>em</strong> todo o Brasil, e as rari<strong>da</strong>des<br />

produzi<strong>da</strong>s lá são degusta<strong>da</strong>s com<br />

fascinação pelos aficionados. Em primeiro<br />

lugar, trata-se <strong>da</strong> cervejaria mais antiga <strong>em</strong><br />

funcionamento no Brasil. A Canoinhense,<br />

fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1908, foi adquiri<strong>da</strong> pelo pai<br />

de Rupprecht Loeffler <strong>em</strong> 1924. Rupprecht<br />

logo a assumiu e a conduziu com maestria<br />

até falecer, aos 93 anos, no início de<br />

2011. Desnecessário dizer que o s<strong>em</strong>pre<br />

simpático Loeffler, conhecido por beber<br />

dois litros de cerveja por dia, foi uma <strong>da</strong>s<br />

personali<strong>da</strong>des mais queri<strong>da</strong>s e cultua<strong>da</strong>s<br />

dos apreciadores de boa cerveja no Brasil.<br />

A boa notícia é que sua morte não<br />

foi o fim <strong>da</strong> cervejaria, pois a viúva, a Senhora<br />

Ger<strong>da</strong> Loeffler, continua a tocar o<br />

negócio com as mesmas receitas e maquinário<br />

centenário, que faz<strong>em</strong> <strong>da</strong> Canoinhense<br />

uma espécie de museu vivo <strong>da</strong><br />

cerveja <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Ela produz a<br />

Nó de Pinho, uma cerveja escura; as Pilsen<br />

Jahu e Mocinha e a Malzbier. O bar <strong>da</strong><br />

Canoinhense impressiona pela originali<strong>da</strong>de,<br />

pois exibe animais <strong>em</strong>palhados pendurados<br />

nas paredes. Dona Ger<strong>da</strong>, que há<br />

déca<strong>da</strong>s esteve à frente <strong>da</strong> cozinha produzindo<br />

sopa de bucho de boi e geleia<br />

de carne de porco, segue recebendo os<br />

visitantes no bar.<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Kulmbach, Pilsen e Malzbier.<br />

Serviço Bar do Loeffler: funciona somente<br />

durante o dia.<br />

Endereço Rua 3 de Maio, 154 | Centro<br />

(47) 3622 0358 | Canoinhas<br />

61


62<br />

Florianópolis e Sul<br />

Com o surgimento de cervejarias artesanais<br />

e oferta de marcas do estado as regiões<br />

integram o novo universo cervejeiro<br />

Entrando no<br />

lorianópolis é terra de açorianos,<br />

e o Sul do estado foi colonizado<br />

principalmente por italianos,<br />

povos que não são ligados<br />

a tradições cervejeiras. Os italianos,<br />

como se sabe, são mais chegados ao vinho,<br />

e açorianos costumam t<strong>em</strong>perar suas<br />

pescarias com algo ain<strong>da</strong> mais forte: a<br />

cachaça. Mas não se pode dizer que essa<br />

porção do estado está alheia à movimentação<br />

do novo universo cervejeiro catarinense.<br />

Na ver<strong>da</strong>de as ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Grande<br />

Florianópolis, com suas 100 praias e imenso<br />

apelo turístico, há muito t<strong>em</strong>po são um<br />

centro de consumo de cerveja – só que<br />

<strong>da</strong>quela produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> volumes industriais<br />

e servi<strong>da</strong> s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong> gela<strong>da</strong>, à beira do<br />

mar, para refrescar o verão. Nos últimos<br />

anos surgiram cervejarias artesanais e muita<br />

gente está produzindo a bebi<strong>da</strong> <strong>em</strong> casa,<br />

na condição de cervejeiro artesanal. E<br />

muitos bares e restaurantes de Florianópolis<br />

oferec<strong>em</strong> as cervejas catarinenses.<br />

No Sul do estado, Urussanga é destino<br />

certo para qu<strong>em</strong> procura experiências<br />

gastronômicas. A ci<strong>da</strong>de mantém vivas<br />

as tradições italianas e possui roteiros<br />

turísticos que inclu<strong>em</strong> o vinho de lá e a


clima<br />

mesa s<strong>em</strong>pre farta. Mas uma alternativa<br />

para qu<strong>em</strong> estiver na região é conhecer<br />

Forquilhinha, uma ci<strong>da</strong>de de colonização<br />

al<strong>em</strong>ã próxima a Criciúma. Com 23 mil<br />

habitantes, Forquilhinha é conheci<strong>da</strong> por<br />

ser a terra <strong>da</strong> família Arns, cujos m<strong>em</strong>bros<br />

mais ilustres são Dom Paulo Evaristo<br />

Arns, ex-cardeal <strong>da</strong> Igreja Católica, e Zil<strong>da</strong><br />

Arns, fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> Pastoral <strong>da</strong> Criança.<br />

Sua economia é basea<strong>da</strong> na extração de<br />

carvão, na produção de arroz e no abate<br />

de frangos. Há pouco t<strong>em</strong>po Forquilhinha<br />

iniciou-se na produção de cervejas artesanais<br />

com a Saint Bier, que chamou a atenção<br />

por produzir a cerveja Duff, marca<br />

do mesmo nome <strong>da</strong> cerveja preferi<strong>da</strong> de<br />

Homer Simpson, personag<strong>em</strong> do famoso<br />

desenho animado. A curiosi<strong>da</strong>de abriu as<br />

portas de Forquilhinha para os apreciadores<br />

<strong>da</strong> boa cerveja de todo o Brasil.<br />

FLORIANÓPOLIS<br />

A <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha iniciou <strong>em</strong><br />

1999 a fabricação artesanal de chope na<br />

locali<strong>da</strong>de de Rio Vermelho, no Norte <strong>da</strong><br />

Ilha, o que faz dela uma <strong>da</strong>s microcervejarias<br />

mais antigas do Brasil. Produz<br />

vários tipos de chope e <strong>em</strong> 2012 deve<br />

lançar suas versões para os tipos Pale<br />

Ale e Porter, <strong>em</strong> garrafas de 355 e 600<br />

ml. Já o bar <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha, aberto<br />

<strong>em</strong> 2011, fica <strong>em</strong> Coqueiros, na parte<br />

continental <strong>da</strong> capital. Lá, além do chope,<br />

há comi<strong>da</strong>s típicas de boteco com<br />

receitas tradicionais e exclusivas, além<br />

de frutos do mar.<br />

Chopes Pilsen, Hefe-Weizen, Export Gold,<br />

Schwarzbier.<br />

Serviço Visita à fábrica: segun<strong>da</strong> a sábado <strong>da</strong>s<br />

9 horas às 18 horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />

Endereço: Rua Alzira Rosa Aguiar, 450 | Rio<br />

Vermelho | Florianópolis | (48) 3269-8177<br />

Endereço Bar: <strong>da</strong>s 17 horas às 02 horas. Rua<br />

Des<strong>em</strong>bargador Pedro Silva, 3.344<br />

Via Gastronômica de Coqueiros | (48) 3371 0240 /<br />

9915 5040 | www.cervejaria<strong>da</strong>ilha.com.br<br />

O bar <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha oferece chope<br />

com vista para o mar de Coqueiros<br />

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64<br />

FORQUILHINHA<br />

Pode-se dizer que a cervejaria<br />

Saint Bier devota um fervor quase religioso<br />

à cerveja puro malte que produz.<br />

Dentre os destaques de seu cardápio de<br />

chopes (<strong>em</strong> barris e engarrafados) está o<br />

Belgian Golden Ale, que contém um blend<br />

de três maltes que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a sabores de<br />

frutas amarelas, <strong>em</strong> especial pêssego <strong>em</strong><br />

cal<strong>da</strong>. Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2007, a Saint Bier t<strong>em</strong><br />

capaci<strong>da</strong>de de 30 mil litros/mês. Produz,<br />

sob encomen<strong>da</strong>, a cerveja com a marca<br />

Duff, do desenho dos Simpsons, mas esta<br />

não é vendi<strong>da</strong> na cervejaria. Suas cervejas<br />

são servi<strong>da</strong>s no Pub Saint Bier, cujas<br />

especiali<strong>da</strong>des são o bufê de frios e bata-<br />

ta rechea<strong>da</strong> assa<strong>da</strong>. Lá há também uma<br />

curiosa coleção de tampinhas de garrafas<br />

de cerveja.<br />

Chopes Pilsen, Pilsen In Natura, Belgian<br />

Golden Ale, Stout, Weiss e Bock.<br />

Serviço Visita à fábrica:<br />

Bar: de quarta a domingo, <strong>da</strong>s 18 horas às 24<br />

horas, sendo que aos sábados também abre<br />

entre 10 horas e 14h30min.<br />

Endereço Aveni<strong>da</strong> 25 de Julho, 303 | Vila<br />

Lourdes | Forquilhinha | (48) 3463-3400 | http://<br />

www.saintbier.com<br />

CRICIÚMA<br />

A Strauss Bier produz três tipos de<br />

chopes: Pilsen, Weiss (de trigo) e escuro,<br />

que pod<strong>em</strong> ser encontrados <strong>em</strong> bares e<br />

restaurantes do litoral sul ou nos escritórios<br />

<strong>da</strong> marca <strong>em</strong> Criciúma, Tubarão<br />

e Florianópolis. Vende barris de 30 e 50<br />

litros e t<strong>em</strong> serviço de leva e traz. A cervejaria<br />

começou <strong>em</strong> 2007, tendo capaci<strong>da</strong>de<br />

de produção de 30 mil litros/mês.<br />

Não t<strong>em</strong> bar de fábrica, e visitas são restritas<br />

a distribuidores de bebi<strong>da</strong>s.<br />

Endereço Rod. Luiz Rosso, 1.045 | São Luis<br />

Criciúma | (48) 3462 6006 | www.straussbier.com.br<br />

T<strong>em</strong>plo <strong>da</strong><br />

cerveja: a sede<br />

<strong>da</strong> Saint Bier<br />

(à esq.) e a<br />

curiosa coleção<br />

de tampinhas<br />

que adorna o<br />

bar <strong>da</strong> fábrica


Meio-Oeste<br />

Em Treze Tílias a cerveja combina com a<br />

arquitetura e a culinária típica autríaca. Em<br />

outras ci<strong>da</strong>des é o estilo italiano que dá o tom<br />

Sabor alpino<br />

região do Meio-Oeste catarinense<br />

é relativamente nova,<br />

mas extr<strong>em</strong>amente rica <strong>em</strong> tradições.<br />

No século XX era ain<strong>da</strong><br />

esparsamente habita<strong>da</strong> quando<br />

foi palco <strong>da</strong> Guerra do Contestado, origina<strong>da</strong><br />

na disputa territorial entre <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

e Paraná e na expulsão de posseiros<br />

para a construção de uma estra<strong>da</strong> de ferro.<br />

Um líder messiânico levou miseráveis ao<br />

conflito armado com forças públicas, resultando<br />

no massacre de milhares de pessoas.<br />

A situação só se pacificou quando<br />

Paraná e <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> assinaram acordo<br />

de limites. Foi a senha para a ocupação<br />

ordena<strong>da</strong> do Oeste catarinense, oportuni<strong>da</strong>de<br />

aproveita<strong>da</strong> por gaúchos descendentes<br />

de italianos e al<strong>em</strong>ães que já não<br />

encontravam novos espaços para suas ativi<strong>da</strong>des<br />

no Rio Grande do Sul. Graças a<br />

essas características, a região oferece um<br />

eclético roteiro gastronômico que engloba<br />

diferentes tipos de carnes, massas e queijos.<br />

E boa cerveja.<br />

Mas nessa região a joia turística<br />

t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> distinta: é uma ci<strong>da</strong>dezinha<br />

de pouco mais de cinco mil habitantes<br />

batiza<strong>da</strong> Dreizehnlinden por seu fun<strong>da</strong>-<br />

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66<br />

dor, o então ministro <strong>da</strong> agricultura <strong>da</strong> Áustria,<br />

Andreas Thaler, que <strong>em</strong>igrou para o Brasil com<br />

conterrâneos para escapar <strong>da</strong> crise econômica<br />

de seu país <strong>em</strong> 1933. Em português o nome<br />

ficou Treze Tílias, também conheci<strong>da</strong> como o<br />

Tirol brasileiro (Tirol é uma região <strong>da</strong> Europa<br />

Central que engloba parte <strong>da</strong> Áustria). Qu<strong>em</strong><br />

chega à ci<strong>da</strong>de pode até se imaginar <strong>em</strong> outro<br />

país. As casas e prédios são <strong>em</strong> estilo alpino,<br />

com campanários nos telhados, galos de ferro e<br />

esculturas <strong>em</strong> madeira ornamentando portas e<br />

janelas, to<strong>da</strong>s com floreiras colori<strong>da</strong>s. As placas<br />

são escritas <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, assim como a inscrição<br />

no portal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de: Komm Bald Wieder, que<br />

significa “volte s<strong>em</strong>pre”.<br />

Alternativas<br />

As ci<strong>da</strong>des do Vale do Contestado que compõ<strong>em</strong><br />

a chama<strong>da</strong> <strong>Rota</strong> <strong>da</strong> Amizade – Treze Tílias,<br />

Fraiburgo, Piratuba, Videira, Tangará e Pinheiro<br />

Preto – oferec<strong>em</strong> riqueza de paisagens e<br />

culturas e também boa infraestrutura hoteleira e<br />

gastronômica. Em Treze Tílias, a cervejaria Bierbaum<br />

oferece a bebi<strong>da</strong> na companhia de pratos<br />

austríacos servidos <strong>em</strong> restaurante anexo. Há cervejarias<br />

artesanais <strong>em</strong> outras ci<strong>da</strong>des do roteiro<br />

e <strong>em</strong> Concórdia, mais a oeste, sugerindo combinações<br />

gastronômicas mais à italiana, como o<br />

churrasco, a polenta e as massas. Nessas regiões<br />

a cerveja surge como uma alternativa ao vinho,<br />

que é produzido <strong>em</strong> ci<strong>da</strong>des como Videira e Pinheiro<br />

Preto.


TREZE TÍLIAS<br />

A cervejaria Bierbaum, fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> 2004 pelos irmãos Markus e Ricardo<br />

Bierbaum – cujo sobrenome, bastante sugestivo,<br />

significa “árvore de cerveja” – utiliza<br />

ingredientes importados e elabora a<br />

bebi<strong>da</strong> seguindo a lei <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã.<br />

São cinco tipos de cerveja, entre eles alguns<br />

pouco comuns, como o chope frutado,<br />

com aroma de abacaxi, uma fruta que<br />

por ser cítrica combina b<strong>em</strong> com a acidez<br />

<strong>da</strong> cerveja. A Bierbaum produz entre 50<br />

a 60 mil litros/mês e atende diretamente<br />

consumidores no bar <strong>da</strong> fábrica. A cervejaria<br />

é estrategicamente localiza<strong>da</strong> ao lado<br />

do restaurante Edelweiss, também <strong>da</strong><br />

família Bierbaum, especializado <strong>em</strong> pra-<br />

tos típicos, como o goulash, um picadinho<br />

de carne picante cozido com cebola<br />

e páprica, ou o famoso apfelstrudel, doce<br />

de massa folha<strong>da</strong> recheado com maçã.<br />

<strong>Cerveja</strong>s<br />

Helles.<br />

Gold, Lager, Bock, Dunkel e Weiss<br />

Chopes Pilsen, Bock, Pr<strong>em</strong>ium, Frutado e<br />

Escuro.<br />

Serviço Bar <strong>da</strong> fábrica: segun<strong>da</strong> a sexta-feira,<br />

<strong>da</strong>s 08h30min às 12 horas e <strong>da</strong>s 14 horas às<br />

17h30min (aos sábados e domingos abre às 10<br />

horas).<br />

Restaurante Edelweiss: de terça a domingo a<br />

partir <strong>da</strong>s 18 horas.<br />

Endereço Rua Dr. Gaspar Coutinho, 349<br />

Centro | Treze Tílias | (49) 3537-0531<br />

www.bierbaum.com.br<br />

Vista geral <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de de Treze<br />

Tílias e detalhes<br />

<strong>da</strong> cervejaria<br />

Bierbaum, que<br />

faz conjunto<br />

com um<br />

restaurante de<br />

comi<strong>da</strong> típica<br />

austríaca<br />

CONCÓRDIA<br />

A Fall Bier t<strong>em</strong> fábrica e bar junto<br />

ao parque de exposições onde<br />

são realizados importantes eventos <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de. Foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2007 e t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />

de produção de 10 mil litros/<br />

mês. Para as locali<strong>da</strong>des mais próximas,<br />

t<strong>em</strong> serviço de leva e traz. No cardápio<br />

do bar, filé de tilápia, petiscos de frango<br />

e vários tipos de lanches.<br />

Chopes Pilsen, Escuro e Winebier (chope de<br />

vinho) <strong>em</strong> barris.<br />

Serviço Visita à fabrica: pod<strong>em</strong> ser agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />

de segun<strong>da</strong> a sexta-feira, <strong>da</strong>s 8h30min às 12<br />

horas e <strong>da</strong>s 13 horas às 18 horas.<br />

Bar: terça a sábado, <strong>da</strong>s 18 horas às 23 horas.<br />

Endereço Rua Vitor Sopelsa, 2.000 | Parque de<br />

Exposições | Concórdia | (49) 3425-9187<br />

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68<br />

Chopes de outubro<br />

Uma série de festas<br />

étnicas espalha<strong>da</strong>s<br />

pelo estado convi<strong>da</strong><br />

ao conhecimento<br />

de diferentes<br />

culturas, experiências<br />

gastronômicas e<br />

celebração com cerveja<br />

Roteiro <strong>da</strong> alegria<br />

As Festas de Outubro e as<br />

ci<strong>da</strong>des onde acontec<strong>em</strong><br />

oktoberfest Itapiranga<br />

oktoberfest Blumenau<br />

Fenarreco Brusque<br />

mareja<strong>da</strong> Itajaí<br />

schützenfest Jaraguá do Sul<br />

Festa do imigrante Timbó<br />

oberlandfest Rio Negrinho<br />

tirolerfest Treze Tílias<br />

Fenaostra Florianópolis<br />

Heimatfest Forquilhinha<br />

primeira Oktoberfest de<br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> aconteceu<br />

<strong>em</strong> plena fronteira com a<br />

Argentina. Foi <strong>em</strong> 1978,<br />

na ci<strong>da</strong>de de Itapiranga, no<br />

Extr<strong>em</strong>o-Oeste do estado, um<br />

lugar onde os descendentes de al<strong>em</strong>ães<br />

formam a maioria <strong>da</strong> população. O evento<br />

tinha tudo do que eles gostavam: <strong>da</strong>nça,<br />

folclore, comi<strong>da</strong>s típicas, tiro ao alvo e<br />

chope. A ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> Oktoberfest realiza<strong>da</strong><br />

desde 1810 <strong>em</strong> Munique, na Al<strong>em</strong>anha,<br />

mas com cerveja servi<strong>da</strong> somente a partir<br />

de 1918, a primeira versão catarinense<br />

– que perdura até hoje, mais anima<strong>da</strong> do<br />

que nunca – era uma festa de tradições<br />

e de cerveja. Alguns anos mais tarde, <strong>em</strong><br />

1984, nascia a Oktoberfest de Blumenau.<br />

Sua motivação inicial foi levantar o ânimo<br />

<strong>da</strong> população e o caixa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> função<br />

de uma grande enchente que causou<br />

enormes prejuízos. Pode-se dizer que a festa<br />

e a ci<strong>da</strong>de foram feitos um para o outro.<br />

A Oktoberfest de Blumenau logo<br />

se tornou a segun<strong>da</strong> maior festa <strong>da</strong> cerveja<br />

do mundo, atrás apenas <strong>da</strong> original,<br />

e a maior festa al<strong>em</strong>ã <strong>da</strong>s Américas. Em<br />

sua 28ª edição, <strong>em</strong> 2011, foram consumidos<br />

626 mil litros de chope, uma média de<br />

pouco mais de um litro por visitante, que<br />

somaram 564 mil. Dentre os fornecedores<br />

de chope, destaque para os produtores artesanais<br />

Eisenbahn, Bierland, WunderBier,<br />

Das Bier e Schornstein. Ao todo, desde a<br />

primeira edição, a Oktoberfest de Blumenau<br />

registrou o consumo de 10 milhões<br />

de litros de chope. As atrações inclu<strong>em</strong><br />

bandinhas al<strong>em</strong>ãs do Vale do Itajaí e <strong>da</strong><br />

Al<strong>em</strong>anha, grupos típicos, concursos de<br />

chope <strong>em</strong> metro e o bierwagen, o carro<br />

<strong>da</strong> cerveja que distribui a bebi<strong>da</strong> pelas ruas.<br />

É preciso muito fôlego para atravessar<br />

os 18 dias de festa.<br />

No <strong>em</strong>balo do sucesso <strong>da</strong> Oktoberfest<br />

de Blumenau conformou-se um<br />

novo calendário turístico <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>,<br />

o <strong>da</strong>s festas de outubro. Boa parte delas<br />

busca resgatar tradições de imigrantes<br />

al<strong>em</strong>ães e são propícias ao consumo de<br />

gastronomia típica e boa cerveja. Como<br />

a já cita<strong>da</strong> Oktoberfest de Itapiranga. É o<br />

caso também <strong>da</strong> Fenarreco, de Brusque,


Desfile de abertura <strong>da</strong><br />

Oktoberfest de Blumenau<br />

(à esq.) e a Fenarreco, <strong>em</strong> Brusque<br />

que oferece o famoso Ente mit Rotkohl, ou seja, marreco recheado<br />

com repolho roxo, um prato para ser degustado com purê de batatas,<br />

chucrute, molhos fortes e chope gelado. Já <strong>em</strong> Treze Tílias, no<br />

Meio-Oeste do estado, as tradições austríacas é que são valoriza<strong>da</strong>s,<br />

com muita música, <strong>da</strong>nça e apresentação de grupos folclóricos.<br />

Em Itajaí é realiza<strong>da</strong> a Mareja<strong>da</strong>, uma festa portuguesa especializa<strong>da</strong><br />

<strong>em</strong> frutos do mar. Aproveitando a consoli<strong>da</strong>ção do calendário,<br />

Florianópolis lançou a Fenaostra, valorizando sua produção de ostras,<br />

a maior do Brasil.<br />

Fora desse circuito subsiste ain<strong>da</strong> a tradição dos Kerbs no<br />

Oeste e no Meio-Oeste. O Kerb é uma festa comunitária de descendentes<br />

de al<strong>em</strong>ães que envolve a recepção de parentes e convi<strong>da</strong>dos<br />

<strong>em</strong> casa, gastronomia e manifestações religiosas. Em alguns casos,<br />

na saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> missa, anima<strong>da</strong>s bandinhas conduz<strong>em</strong> o público para<br />

a abertura do primeiro barril de chope na praça central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />

69


<strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> harmonia<br />

Com tantos tipos<br />

à disposição, as<br />

possibili<strong>da</strong>des de<br />

combiná-la aos<br />

mais diferentes<br />

pratos é receita<br />

certa para<br />

aumentar o prazer<br />

proporcionado<br />

pela bebi<strong>da</strong><br />

uando havia apenas um<br />

tipo de cerveja, a Pilsen,<br />

disponível para a grande<br />

maioria dos consumidores,<br />

as possibili<strong>da</strong>des de associar<br />

cerveja com comi<strong>da</strong> eram um<br />

tanto restritivas. A gela<strong>da</strong> caía<br />

b<strong>em</strong> com os petiscos e aperitivos<br />

de boteco, é certo, de preferência<br />

carregados no sal para aumentar a sede<br />

do freguês – segundo uma velha tática<br />

de comerciantes. Com a ampliação espetacular<br />

do universo cervejeiro e a multiplici<strong>da</strong>de<br />

de sabores e aromas uma nova<br />

possibili<strong>da</strong>de, instigante e apetitosa, foi<br />

aberta aos apreciadores. Trata-se <strong>da</strong> ideia<br />

de harmonização, ou a arte de combinar<br />

cerveja com outros pratos. A prática já é<br />

comum entre os apreciadores do vinho<br />

no Brasil, que nos últimos anos tiveram<br />

acesso a uma diversi<strong>da</strong>de e um nível de<br />

quali<strong>da</strong>de de bebi<strong>da</strong>s jamais imaginados<br />

até b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po.<br />

71


72<br />

Novi<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong> pouco difundi<strong>da</strong><br />

no Brasil, a harmonização com cerveja<br />

é antiga na Europa, onde os produtores<br />

esmeram-se <strong>em</strong> desenvolver bebi<strong>da</strong>s<br />

que acompanh<strong>em</strong> pratos típicos de seus<br />

países. Desnecessário dizer que <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong> t<strong>em</strong> todos os ingredientes para<br />

avançar nesse terreno. A grande varie<strong>da</strong>de<br />

de cervejas produzi<strong>da</strong>s e os traços<br />

culturais europeus abr<strong>em</strong> as portas para<br />

as combinações – considerando-se que<br />

a grande maioria <strong>da</strong>s receitas de cerveja<br />

v<strong>em</strong> <strong>da</strong> Europa, onde foram cria<strong>da</strong>s para<br />

escoltar a culinária local. Apenas isso já<br />

seria relevante para a difusão <strong>da</strong> prática<br />

no estado, mas há mais. A culinária típica<br />

catarinense oferece um mundo de<br />

novas possibili<strong>da</strong>des, que já começam<br />

a ser explora<strong>da</strong>s pelas próprias cervejarias<br />

que possu<strong>em</strong> bares e restaurantes,<br />

e por alguns dos chefs mais arrojados<br />

do estado.<br />

Para o turismo de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />

pode-se dizer que esta é uma oportuni<strong>da</strong>de<br />

de ouro. Em países como França,<br />

Itália, Portugal e Espanha o desenvolvimento<br />

<strong>da</strong> vitivinicultura – a produção de<br />

uvas e de vinho – favoreceu o fortalecimento<br />

<strong>da</strong>s culinárias locais e a modernização<br />

dos negócios do turismo. O mesmo<br />

aconteceu a partir <strong>da</strong> cerveja nesses e<br />

<strong>em</strong> outros países, como a Al<strong>em</strong>anha, Bél-<br />

Entra<strong>da</strong> italiana


Esta entra<strong>da</strong> é composta basicamente por<br />

fiambres e queijos, incluindo morcilha,<br />

salame e copa, e queijos variados, como o<br />

parmesão e o colonial. Note-se que <strong>em</strong> todos<br />

esses ingredientes o sal é um el<strong>em</strong>ento de forte<br />

presença. A Pilsen harmoniza b<strong>em</strong> porque<br />

refresca e abran<strong>da</strong> a tendência salga<strong>da</strong> dos<br />

petiscos, mas há diversas possibili<strong>da</strong>des de<br />

harmonização. Uma Strong Golden Ale, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, mas alcoólica e aromática, combina<br />

com os ingredientes mais encorpados.<br />

Pilsen<br />

A cerveja mais consumi<strong>da</strong><br />

no mundo é um ver<strong>da</strong>deiro<br />

curinga <strong>da</strong>s harmonizações.<br />

Leve, refrescante e de baixo teor<br />

alcoólico, combina com entra<strong>da</strong>s,<br />

petiscos, peixes ou churrasco.<br />

Também é uma boa opção para<br />

acompanhar sala<strong>da</strong>s, devido ao<br />

amargor não excessivo. No caso<br />

de entra<strong>da</strong>s à base de queijos e<br />

<strong>em</strong>butidos, limpa o pala<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s<br />

gorduras e os petiscos suavizam<br />

o amargor <strong>da</strong> cerveja. Até mesmo<br />

sopas leves pod<strong>em</strong> se harmonizar<br />

com a Pilsen, pois a sapidez e<br />

aromatici<strong>da</strong>de dos pratos aju<strong>da</strong>m a<br />

aplacar as notas amargas <strong>da</strong> cerveja.<br />

gica e Holan<strong>da</strong>. Ao final todos ganham,<br />

porque os produtores agregam valor ao<br />

que faz<strong>em</strong> e os turistas passam a contar<br />

com mais e melhores opções. Vários<br />

roteiros de charme se consoli<strong>da</strong>ram na<br />

Europa, trazendo novas oportuni<strong>da</strong>des e<br />

mais prosperi<strong>da</strong>de para as regiões. <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>, que já é um estado campeão<br />

na preferência turística nacional, passa a<br />

oferecer mais essa possibili<strong>da</strong>de inovadora<br />

aos seus visitantes.<br />

Mas harmonização não é algo que se<br />

entrega <strong>em</strong> um pacote turístico. Combinar<br />

sabores é uma arte e ao mesmo t<strong>em</strong>po um<br />

prazer, que t<strong>em</strong> muito de gosto pessoal e<br />

de sede por experimentação. Afinal, como<br />

diz<strong>em</strong> os melhores especialistas, o limite<br />

<strong>da</strong> harmonização é o prazer.<br />

Combinando sabores<br />

Se o objetivo <strong>da</strong> harmonização é<br />

o prazer de qu<strong>em</strong> come e bebe, não<br />

exist<strong>em</strong> regras tão rígi<strong>da</strong>s que não possam<br />

ser quebra<strong>da</strong>s. No caso <strong>da</strong> cerveja,<br />

há ain<strong>da</strong> outro detalhe. As tais “regras”<br />

para combinação de sabores são considera<strong>da</strong>s<br />

mais d<strong>em</strong>ocráticas do que as<br />

segui<strong>da</strong>s na harmonização com vinhos.<br />

Há pecados clássicos do universo do<br />

vinho, como o de combinar tintos com<br />

73


74<br />

frutos do mar. Quando se fala <strong>em</strong> cerveja<br />

não há interditos assim tão radicais.<br />

Mas há algumas dicas que, se segui<strong>da</strong>s,<br />

certamente facilitarão a vi<strong>da</strong> dos principiantes,<br />

que após a iniciação nas artes<br />

<strong>da</strong> harmonização estarão aptos – e<br />

decerto ávidos – para <strong>em</strong>preender voos<br />

mais altos.<br />

Eis então a consideração inicial: o<br />

segredo é combinar os el<strong>em</strong>entos de forma<br />

que um realce o outro e não se sobreponha<br />

a ele, com a cerveja apagando<br />

o gosto de ingredientes de um prato ou<br />

vice-versa. Por isso um bom começo é<br />

escolher cervejas com características pareci<strong>da</strong>s<br />

com as do prato. Pratos suaves<br />

ped<strong>em</strong> uma bebi<strong>da</strong> leve, ligeira, nesse<br />

caso normalmente as cervejas de baixa<br />

fermentação, do tipo Lager. Pratos mais<br />

estruturados, com maior quanti<strong>da</strong>de de<br />

ingredientes e feitura complexa, reivindicam<br />

cervejas de corpo acentuado e maior<br />

teor alcoólico. O amargor acentuado <strong>da</strong>s<br />

cervejas do tipo Ale, assim como a maior<br />

presença do álcool, limpa o pala<strong>da</strong>r, cortando<br />

a gordura e o condimento de pratos<br />

mais pesados.<br />

Há basicamente dois caminhos para<br />

a harmonização. O primeiro deles é<br />

o <strong>da</strong> s<strong>em</strong>elhança, sucintamente descrito<br />

acima. O outro é o <strong>da</strong> oposição, ou contraste.<br />

Nesse caso, a ideia básica é procu-<br />

Entra<strong>da</strong> alEmã<br />

A Bock é uma cerveja<br />

encorpa<strong>da</strong> e rica <strong>em</strong> aromas<br />

de malte torrado, escura, de tom<br />

avermelhado. Apresenta baixo amargor,<br />

tendendo inclusive ao doce, e geralmente<br />

possui teor alcoólico mais elevado. É utiliza<strong>da</strong> para<br />

harmonizações com carnes vermelhas, salsichões, chouriço,<br />

linguiça de porco e mostar<strong>da</strong>, além de outros el<strong>em</strong>entos<br />

presentes na culinária al<strong>em</strong>ã, como o pretzel, um tipo de pão salgado<br />

apresentado <strong>em</strong> forma de nó.


O prato pode incluir linguiças<br />

defuma<strong>da</strong>s, salsichas tenras, conservas<br />

de cebola e pepino, e mais mostar<strong>da</strong>s<br />

claras e escuras. São vários aromas<br />

e sabores misturados, que inclu<strong>em</strong><br />

salgado, defumado, ácido (conservas)<br />

e mesmo notas doces <strong>da</strong>s salsichas.<br />

A Weizenbier é capaz de aliviar os<br />

marcantes sabores defumados e a<br />

acidez <strong>da</strong>s conservas, resultado que<br />

pode ser obtido também com a Pilsen.<br />

Uma combinação muito interessante<br />

pode ser obti<strong>da</strong> com a Rauschbier, uma<br />

cerveja feita com maltes defumados,<br />

cujos sabores e aromas se casam<br />

perfeitamente com os <strong>da</strong>s linguiças.<br />

rar na cerveja el<strong>em</strong>entos que contrast<strong>em</strong><br />

com as notas presentes no prato, para as<br />

quais se deve estar bastante atento. Para<br />

harmonizar deve-se levar <strong>em</strong> consideração<br />

o gosto, que r<strong>em</strong>ete às tendências<br />

áci<strong>da</strong>, amarga, doce e salga<strong>da</strong>, e as sensações<br />

táteis, que refer<strong>em</strong>-se à gordura, untuosi<strong>da</strong>de<br />

(gordura líqui<strong>da</strong>) e suculência<br />

(presença de líquidos na boca). As sensações<br />

olfativas provêm <strong>da</strong> condimentação,<br />

aromatici<strong>da</strong>de e persistência de sabor na<br />

boca. São essas sensações que permit<strong>em</strong><br />

a busca de combinações por s<strong>em</strong>elhança<br />

ou oposição.<br />

Algumas dicas<br />

➥ A comparação com o vinho pode ser útil para qu<strong>em</strong> já é iniciado <strong>em</strong> harmonizações com a<br />

bebi<strong>da</strong>. Considere as cervejas Ale equivalentes aos vinhos tintos e as cervejas Lager aos<br />

vinhos brancos.<br />

➥ Além de identificar b<strong>em</strong> os ingredientes de ca<strong>da</strong> prato, procure detectar as características<br />

básicas <strong>da</strong> cerveja, como sabor, aroma, cor, amargor e acidez.<br />

➥ Em um jantar deve-se servir primeiro as cervejas mais leves, para que não pareçam agua<strong>da</strong>s<br />

diante <strong>da</strong>s mais encorpa<strong>da</strong>s.<br />

➥ Pratos mais leves ped<strong>em</strong> cervejas leves e vice-versa.<br />

➥ Pratos de leve tendência doce pod<strong>em</strong> combinar com cervejas amargas.<br />

➥ <strong>Cerveja</strong>s amargas combinam com pratos mais ácidos, pois o amargor abran<strong>da</strong> essa sensação<br />

e limpa o pala<strong>da</strong>r.<br />

➥ Pratos t<strong>em</strong>perados ou picantes costumam combinar com cervejas de muito gás e espuma.<br />

➥ O gás abun<strong>da</strong>nte aju<strong>da</strong> a limpar o pala<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s gorduras sóli<strong>da</strong>s de carnes e patês.<br />

➥ Sobr<strong>em</strong>esas pod<strong>em</strong> ser combina<strong>da</strong>s com cervejas doces.<br />

75


76<br />

Ostras in natura<br />

Prato já perfeitamente integrado ao<br />

cardápio típico do litoral catarinense,<br />

as ostras oferec<strong>em</strong> um refrescante gosto<br />

de mar. Consumi-las in natura, servi<strong>da</strong>s<br />

somente com a água interna <strong>da</strong> concha<br />

e t<strong>em</strong>perados com gotas de limão é uma<br />

experiência imperdível. O baixo amargor<br />

e frescor de cervejas como a Pilsen e<br />

a Kölsh garant<strong>em</strong> uma combinação<br />

agradável. Mas vale experimentar as ostras<br />

acompanha<strong>da</strong>s de cervejas escuras, como<br />

a Stout, a Porter ou a Kulmbach. É que seu<br />

amargor se contrapõe à tendência salga<strong>da</strong><br />

<strong>da</strong>s ostras, amenizando-a.<br />

Stout<br />

Tipo celebrizado pela irlandesa<br />

Guinness e fabricado <strong>em</strong><br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> por algumas<br />

cervejarias, é uma bebi<strong>da</strong><br />

escura e encorpa<strong>da</strong>, com<br />

uma contrastante espuma<br />

clara e cr<strong>em</strong>osa, de aroma<br />

torrado e médio teor<br />

alcoólico. Sua harmonização<br />

com queijo parmesão é<br />

tradicional. Ela também vai<br />

b<strong>em</strong> com sobr<strong>em</strong>esas feitas<br />

com chocolate. No caso dos<br />

moluscos, seu amargor contrasta<br />

com a sapidez de ostras e<br />

mariscos, proporcionando<br />

combinações interessantes.


isOtO dE frEscal<br />

O frescal é um preparo com orig<strong>em</strong> nos t<strong>em</strong>pos de tropeirismo, quando<br />

o Planalto Serrano catarinense servia de passag<strong>em</strong> para os tropeiros que<br />

movimentavam cargas entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Pode-se<br />

dizer que o frescal é um meio termo entre a carne fresca e o charque,<br />

que é a carne seca e salga<strong>da</strong>. Os tropeiros salgavam cortes de boi e<br />

deixavam o suco escorrer por dois dias. Preparavam posteriormente a<br />

carne na brasa. O frescal está na orig<strong>em</strong> de um dos pratos<br />

mais típicos do Planalto, o arroz de carreteiro.<br />

Com ingredientes mais sofisticados,<br />

como arroz arbóreo e tomilho,<br />

obtém-se um delicioso<br />

risoto de frescal. Prato<br />

encorpado, pede uma cerveja<br />

igualmente encorpa<strong>da</strong> para o<br />

acompanhamento, como uma<br />

Pale Ale ou cervejas escuras.<br />

Pale Ale<br />

As cervejas do tipo Ale,<br />

<strong>em</strong> especial a Pale Ale, são<br />

conheci<strong>da</strong>s como “cervejas<br />

gourmet”. Tal distinção deve-se<br />

a características como o corpo<br />

marcante e amargor acentuado,<br />

além <strong>da</strong>s notas de frutas. Vai<br />

b<strong>em</strong> com carnes vermelhas e<br />

de caça, queijos e frituras, além<br />

de pratos condimentados. Não<br />

combina com pratos suaves.<br />

No caso do frescal, o amargor<br />

<strong>da</strong> Pale Ale suaviza o salgado<br />

característico <strong>da</strong> carne, e as<br />

notas fruta<strong>da</strong>s se harmonizam<br />

com a aromatici<strong>da</strong>de e o sabor<br />

do prato.<br />

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78<br />

GalEtO cOm pOlEnta<br />

O galeto (galinho) é um prato<br />

típico italiano que deriva do antigo<br />

hábito de caçar passarinhos para<br />

consumi-los cozidos ou assados,<br />

com polenta. Com a proibição <strong>da</strong><br />

caça, as gerações posteriores e os<br />

colonos passaram a criar aves e<br />

abater os galinhos ain<strong>da</strong> muito<br />

jovens – ao “primeiro canto”, <strong>da</strong>í<br />

o nome galeto ao primo canto,<br />

que se tornou ícone <strong>da</strong> culinária<br />

tradicional italiana. Acompanhado<br />

s<strong>em</strong>pre de polenta cozi<strong>da</strong>, frita ou<br />

grelha<strong>da</strong>, <strong>em</strong> preparações mais<br />

modernas pode contar com farofa<br />

para rechear o galeto.


Weizenbier<br />

A cerveja feita com malte<br />

de trigo é, como a Pilsen,<br />

refrescante e clara, ain<strong>da</strong><br />

que um pouco mais amarga<br />

e geralmente fruta<strong>da</strong> e com<br />

notas de especiarias. Essa maior<br />

complexi<strong>da</strong>de sugere uma<br />

gama vasta de combinações,<br />

que confere personali<strong>da</strong>de, por<br />

ex<strong>em</strong>plo, a moluscos como<br />

mariscos gratinados. Vai muito<br />

b<strong>em</strong> com pratos <strong>da</strong> cozinha<br />

al<strong>em</strong>ã, frios e <strong>em</strong>butidos,<br />

além de queijo de cabra. No<br />

caso do galeto, seu frescor<br />

combina-se perfeitamente<br />

com a leveza <strong>da</strong> carne.<br />

saGu<br />

O sagu t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> no<br />

aipim ou mandioca,<br />

produtos de tradição<br />

indígena. De seu<br />

encontro com o vinho<br />

nasceu esse “mingau”<br />

fresco, aromático e<br />

muito apreciado <strong>em</strong><br />

<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, servido<br />

tradicionalmente com<br />

cr<strong>em</strong>e de baunilha.<br />

Consumido inicialmente<br />

nas colônias italianas,<br />

hoje é largamente<br />

difundido no estado.<br />

Lust e Malzbier<br />

A harmonização de sobr<strong>em</strong>esas com cervejas requer bebi<strong>da</strong>s<br />

doces. Uma <strong>da</strong>s mais sofistica<strong>da</strong>s é a Lust, um tipo especial,<br />

de segun<strong>da</strong> fermentação, que possui aromas frutados de<br />

banana, abacaxi, papaia e especiarias, com final de boca doce.<br />

A Malzbier, encorpa<strong>da</strong>, t<strong>em</strong> notas tosta<strong>da</strong>s de café e chocolate,<br />

harmonizando-se b<strong>em</strong> com doces especialmente à base de<br />

chocolate. No caso do sagu, a Malzbier se equilibra com as notas<br />

fruta<strong>da</strong>s e lev<strong>em</strong>ente áci<strong>da</strong>s.<br />

79


Este livro foi impresso <strong>em</strong> papel Magno Satin, livre de cloro, produzido pelas fábricas europeias <strong>da</strong><br />

indústria Sappi. A polpa utiliza<strong>da</strong> para sua produção é proveniente de plantações manti<strong>da</strong>s dentro dos<br />

mais rígidos padrões de sustentabili<strong>da</strong>de. As fábricas contam com as certificações ISO 9001 e ISO<br />

14001, além <strong>da</strong> certificação ambiental EMAS. Magno não é um papel ácido e é totalmente reciclável.<br />

Capa: Revestimento 150 gramas com laminação fosca<br />

Guar<strong>da</strong>s: 170 gramas<br />

Miolo: 150 gramas


SECRETARIA DE ESTADO DE<br />

DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />

DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />

WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR


Um novo circuito cultural e de lazer instalou-se definitivamente <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>. A rota <strong>da</strong> cerveja mescla a tradição dos imigrantes europeus<br />

à complexi<strong>da</strong>de gastronômica e à diversão, proporcionando uma<br />

experiência única ao turista. A cerveja aqui é trata<strong>da</strong> como um produto<br />

cultural, que t<strong>em</strong> atrás de si uma bonita história. Ela é também um artigo<br />

cont<strong>em</strong>porâneo, sofisticado, de grande diversi<strong>da</strong>de, que oferece infinitas<br />

possibili<strong>da</strong>des de combinações com a gastronomia típica do estado. A<br />

boa cerveja é um produto que qualifica ain<strong>da</strong> mais o estado de <strong>Santa</strong><br />

<strong>Catarina</strong>, há anos considerado o melhor destino turístico do Brasil.<br />

SECRETARIA DE ESTADO DE<br />

DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />

DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />

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<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>

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