Rota da Cerveja em Santa Catarina
Rota da Cerveja em Santa Catarina
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<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
História Guia <strong>da</strong>s cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinações com pratos típicos
<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
História Guia <strong>da</strong>s cervejarias artesanais Tipos produzidos Combinações com pratos típicos<br />
SECRETARIA DE ESTADO DE<br />
DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />
WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR
4<br />
<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
I – B<strong>em</strong>-vindo à terra <strong>da</strong> cerveja: uma nova rota <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> ........6<br />
O começo de tudo: colonos europeus iniciaram tradição ...................................... 10<br />
O renascimento: estado é expoente de nova geração de cervejarias .................... 16<br />
II – Alquimistas do Século XXI: os segredos dos mestres cervejeiros ....20<br />
O poder dos ingredientes: a lei <strong>da</strong> pureza os limita a quatro ............................... 22<br />
Acertando a mistura: o passo a passo <strong>da</strong> produção .............................................. 25<br />
Os tipos catarinenses: a diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cerveja no estado ................................... 27
III – Os roteiros: por dentro <strong>da</strong>s cervejarias catarinenses ......................36<br />
Vale do Itajaí ........................................................................................................... 40<br />
Norte ....................................................................................................................... 56<br />
Florianópolis e Sul.................................................................................................. 62<br />
Meio-Oeste .............................................................................................................. 65<br />
Chopes de outubro ................................................................................................ 68<br />
IV – Harmonização: a arte de combinar cervejas com pratos típicos.....70<br />
Sumário<br />
5
6<br />
A ci<strong>da</strong>de de Blumenau<br />
(acima), praia de<br />
Florianópolis e a estra<strong>da</strong> <strong>da</strong><br />
Serra do Rio do Rastro, que<br />
dá acesso ao Planalto Serrano:<br />
cerveja artesanal é novo it<strong>em</strong><br />
<strong>da</strong> diversi<strong>da</strong>de catarinense<br />
B<strong>em</strong>-vindo à
Diversi<strong>da</strong>de<br />
e quali<strong>da</strong>de<br />
são marcas<br />
registra<strong>da</strong>s de<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>,<br />
e a cerveja<br />
artesanal é o mais<br />
novo ingrediente<br />
<strong>da</strong> fórmula que<br />
diferencia o estado<br />
terra <strong>da</strong> cerveja<br />
7
8<br />
anta <strong>Catarina</strong> é um estado<br />
caracterizado pela<br />
diversi<strong>da</strong>de. O litoral de mais<br />
de 500 quilômetros exibe<br />
algumas <strong>da</strong>s praias mais<br />
bonitas do Brasil, disputadíssimas<br />
no verão, enquanto<br />
na Serra, mil metros acima do<br />
nível do mar, costuma nevar no inverno.<br />
A diversi<strong>da</strong>de cultural é notável: várias regiões<br />
foram coloniza<strong>da</strong>s por diferentes etnias,<br />
com destaque para italianos, al<strong>em</strong>ães<br />
e açorianos, mas incluindo também austríacos,<br />
belgas, poloneses, russos... Eles se<br />
juntaram aos portugueses e espanhóis dos<br />
t<strong>em</strong>pos do Brasil Colônia e aos negros e<br />
índios escravizados e espoliados, mas hoje<br />
integrados como peças fun<strong>da</strong>mentais ao<br />
mosaico cultural que notabiliza o estado.<br />
Nos últimos anos <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> cresceu<br />
muito, com destaque para os municípios<br />
<strong>da</strong> Grande Florianópolis, recebendo gente<br />
de to<strong>da</strong> parte. Apesar do avanço <strong>da</strong> urbanização,<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> é um dos estados<br />
brasileiros com maior população rural:<br />
cerca de 17% de seus seis milhões de habitantes<br />
viv<strong>em</strong> no campo, <strong>em</strong> pequenas<br />
proprie<strong>da</strong>des familiares. Tamanha varie<strong>da</strong>de<br />
geográfica, climática, étnica e cultural<br />
se concentra <strong>em</strong> apenas 95 mil quilômetros<br />
quadrados, o que é pouco mais que<br />
1% do território nacional. Mas ain<strong>da</strong> cabe<br />
muita novi<strong>da</strong>de no estado.<br />
Prova disso é que nos<br />
últimos anos desenvolveu-<br />
-se uma atração capaz de<br />
agra<strong>da</strong>r, e muito, o turista<br />
que visita <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> – e também seus<br />
moradores, porque ninguém é ferro. Trata-<br />
-se <strong>da</strong> cerveja, produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> dezenas de<br />
pequenas fábricas espalha<strong>da</strong>s pelo estado.<br />
Quase to<strong>da</strong>s as cervejarias artesanais<br />
segu<strong>em</strong> a Reinheitsgebot, a Lei de Pureza<br />
edita<strong>da</strong> há quase 500 anos na Bavária e <strong>em</strong><br />
vigor até hoje na Al<strong>em</strong>anha, determinando<br />
que a cerveja só pode ter quatro ingredientes:<br />
água, lúpulo, malte (de ceva<strong>da</strong> ou de<br />
trigo) e fermento. Ou seja, na<strong>da</strong> de conser-<br />
Bar <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>ria<br />
Eisenbahn, de Blumenau:<br />
cerveja eleva<strong>da</strong> a<br />
produto sofisticado<br />
vantes ou cereais não maltados<br />
na mistura. Esse fato<br />
dá algumas pistas sobre a<br />
cerveja que se produz <strong>em</strong><br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. A primeira<br />
delas é a quali<strong>da</strong>de. Aliás, como <strong>em</strong> tudo<br />
o que é produzido no estado, a quali<strong>da</strong>de<br />
é uma marca registra<strong>da</strong>. Basta olhar para<br />
a indústria, um dos pilares <strong>da</strong> economia<br />
catarinense, que exporta para quase todos<br />
os países do mundo produtos alimentícios,<br />
cerâmicos, eletromecânicos, têxteis, de madeira<br />
e muitos outros. Nossa cerveja não<br />
foge à regra: é muito boa, pode ter certeza!<br />
A lei al<strong>em</strong>ã segui<strong>da</strong> à risca no estado<br />
também dá pistas sobre qual região é
a mais cervejeira. Não poderia mesmo ser<br />
outra senão o Vale Germânico, como também<br />
é conhecido o Vale do Itajaí. Ali os<br />
traços <strong>da</strong> colonização al<strong>em</strong>ã são notáveis,<br />
seja na arquitetura, nos jardins, na gastronomia,<br />
nos olhos claros e cabelos loiros<br />
de boa parte <strong>da</strong> população. E na cerveja,<br />
que começou a ser produzi<strong>da</strong> ain<strong>da</strong><br />
no século XIX. Blumenau, a maior ci<strong>da</strong>de<br />
do Vale, realiza desde os anos 1980 a<br />
segun<strong>da</strong> maior festa al<strong>em</strong>ã do mundo, a<br />
Oktoberfest, que só perde para a versão<br />
original <strong>da</strong> celebração <strong>da</strong> cerveja realiza<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> Munique. Portanto, nunca faltou<br />
tradição cervejeira no Vale. O que faltava<br />
era elevar a cerveja a um produto sofisticado,<br />
com quali<strong>da</strong>de, sabor e varie<strong>da</strong>de,<br />
que fugisse do lugar-comum <strong>da</strong> cerveja<br />
tipo Pilsen industrial, produzi<strong>da</strong> aos milhões<br />
de litros para ser bebi<strong>da</strong> tão gela<strong>da</strong><br />
a ponto de anestesiar o pala<strong>da</strong>r do consumidor<br />
e disfarçar a falta de quali<strong>da</strong>de.<br />
Não foi por acaso, portanto, que quando<br />
o mercado pediu cerveja de quali<strong>da</strong>de a<br />
resposta surgiu no Vale do Itajaí, onde<br />
hoje se encontra a maior concentração de<br />
cervejarias artesanais do país, <strong>em</strong> ci<strong>da</strong>des<br />
como Blumenau, Brusque e Pomerode,<br />
que conformam o eixo principal do Roteiro<br />
<strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s, um dos mais novos e<br />
apreciados roteiros turísticos de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />
Nele a bebi<strong>da</strong>, <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua varie-<br />
<strong>da</strong>de, pode ser harmoniza<strong>da</strong> com pratos<br />
típicos <strong>da</strong> culinária europeia.<br />
Mas engana-se qu<strong>em</strong> pensa que cerveja<br />
é assunto só dos descendentes de<br />
al<strong>em</strong>ães. A primeira cervejaria do estado,<br />
aliás, é de Joinville, no Norte catarinense,<br />
e foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> por suíços <strong>em</strong> 1852. Hoje o<br />
Norte é um roteiro essencial do novo ciclo<br />
cervejeiro, com destaque para as ci<strong>da</strong>des<br />
de Joinville, Jaraguá do Sul e Canoinhas.<br />
O litoral também conta com boas<br />
cervejarias, assim como o Sul do estado.<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
Municípios: 293<br />
...e cerveja<br />
20 <strong>Cerveja</strong>rias<br />
20 Tipos de cerveja produzidos<br />
Até na região Oeste abun<strong>da</strong>m marcas de<br />
quali<strong>da</strong>de – sejam <strong>em</strong> municípios de colonização<br />
austríaca, como Treze Tílias, ou<br />
de cultura italiana, como Chapecó e Concórdia.<br />
Em todos esses cantos as possibili<strong>da</strong>des<br />
de combinar boas cervejas com a<br />
varia<strong>da</strong> gastronomia são infinitas. Por isso,<br />
conhecer as belezas de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
tendo como eixo o Roteiro <strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s<br />
é uma experiência inigualável e inesquecível<br />
e este livro deve ser lido como um<br />
convite. Ein prosit!<br />
Terra de sol, mar, neve...<br />
Território: 95,4 mil km²<br />
População: 6 milhões<br />
Turistas: 8 milhões/ano<br />
Litoral: 561 km
10<br />
O começo de tudo<br />
A cerveja tornou-se uma tradição europeia por<br />
meio dos monges <strong>da</strong> I<strong>da</strong>de Média e chegou a <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong> pelas mãos dos colonos no século XIX<br />
A cerveja não é uma invenção europeia.<br />
Há registros de que uma bebi<strong>da</strong> feita<br />
<strong>da</strong> fermentação de cereais – não necessariamente<br />
ceva<strong>da</strong> – era aprecia<strong>da</strong> no Egito<br />
dos faraós, há seis mil anos. Há cinco mil<br />
anos os sumérios registraram a primeira<br />
“receita” para a obtenção de cerveja, numa<br />
inscrição conheci<strong>da</strong> como “Pedra Azul”,<br />
hoje guar<strong>da</strong><strong>da</strong> cui<strong>da</strong>dosamente no museu<br />
do Louvre, <strong>em</strong> Paris. A bebi<strong>da</strong> teria surgido<br />
na Europa por volta de 1300 a.C., na<br />
atual região <strong>da</strong> Catalunha, na Espanha. Em<br />
boa parte <strong>da</strong> história sua produção esteve<br />
associa<strong>da</strong> à agricultura, e por utilizar os<br />
mesmos ingredientes do pão era chama<strong>da</strong><br />
de “pão líquido”. Nos monastérios <strong>da</strong><br />
I<strong>da</strong>de Média, onde a bebi<strong>da</strong> se celebrizou,<br />
o pão líquido servia para aplacar a fome<br />
dos monges nos longos períodos de jejum,<br />
<strong>em</strong> que eram proibidos os alimentos<br />
sólidos. Foram desenvolvi<strong>da</strong>s então<br />
varie<strong>da</strong>des mais encorpa<strong>da</strong>s para reforçar<br />
a nutrição dos religiosos – o que decerto<br />
ajudou-os também a alcançar o sentido<br />
do sagrado. Nesses t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que quase<br />
todo o conhecimento pertencia à Igreja,<br />
as técnicas de produção <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> foram<br />
desenvolvi<strong>da</strong>s pelos seus mestres cervejeiros,<br />
que não fizeram feio: adicionaram<br />
o lúpulo à formulação <strong>da</strong> cerveja.<br />
Ela chegou ao Brasil por mãos holandesas,<br />
<strong>em</strong> 1637, quando Maurício de<br />
Nassau aportou no Recife trazendo um<br />
mestre de sua terra para montar uma cervejaria<br />
<strong>em</strong> sua residência oficial. A comitiva<br />
de D. João VI, que veio de mala e<br />
cuia para o Brasil, <strong>em</strong> 1808, fugindo <strong>da</strong><br />
sanha expansionista de Napoleão Bonaparte,<br />
trouxe muita cerveja na bagag<strong>em</strong>,<br />
e continuou importando a bebi<strong>da</strong> <strong>da</strong> Inglaterra<br />
nos anos subsequentes. Ao povo,<br />
no entanto, restava satisfazer-se com uma<br />
versão rudimentar <strong>da</strong> cerveja, feita <strong>em</strong> casa<br />
com ingredientes bastante heterodoxos:<br />
farinha de milho, gengibre, açúcar, casca<br />
de limão e água, com direito a algumas variações.<br />
Tratava-se <strong>da</strong> popular gengibirra.<br />
A sede dos colonos<br />
Engana-se qu<strong>em</strong> pensa que os primeiros<br />
colonos al<strong>em</strong>ães que chegaram a<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> <strong>em</strong> 1829, no hoje município<br />
de São Pedro de Alcântara, vieram carre-
Na Blumenau do final do século XIX a<br />
cerveja produzi<strong>da</strong> localmente era um artigo<br />
importante para a vi<strong>da</strong> social <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de<br />
11
12<br />
gados de barris de cerveja. Ao contrário,<br />
dev<strong>em</strong> ter sentido muita falta dela, pois<br />
se <strong>em</strong>brenharam <strong>em</strong> meio a densas florestas<br />
tropicais (na ver<strong>da</strong>de subtropicais,<br />
situa<strong>da</strong>s pouco abaixo do Trópico de Capricórnio,<br />
mas ain<strong>da</strong> assim escal<strong>da</strong>ntes no<br />
verão) e suaram muito no cabo <strong>da</strong> enxa<strong>da</strong><br />
para tornar o ambiente habitável. Mesmo<br />
os pioneiros <strong>da</strong> colônia de Blumenau,<br />
que chegaram ao Vale do Itajaí <strong>em</strong> 1850,<br />
contavam somente com a brasileiríssima<br />
aguardente para relaxar depois de um dia<br />
de trabalho árduo.<br />
Para sorte de alguns colonos, suas<br />
mulheres (as hausfrau, ou donas de casa)<br />
possuíam avançados dotes culinários<br />
e produziam uma espécie de cerveja caseira.<br />
Elas na ver<strong>da</strong>de transformavam suas<br />
cozinhas <strong>em</strong> laboratórios culinários, onde<br />
produziam fiambres, cortes defumados<br />
e pratos sofisticados – e sugestivos<br />
– como a biersuppe, uma sopa de cerveja<br />
com passas, e o famoso marreco recheado<br />
(geffulte ente). Já a primeira cervejaria<br />
<strong>em</strong> terras catarinenses foi ergui<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />
1852, na Colônia Dona Francisca, atual<br />
ci<strong>da</strong>de de Joinville. O autor <strong>da</strong> proeza foi<br />
o suíço Gabriel Schmalz, que s<strong>em</strong> poder<br />
contar com ceva<strong>da</strong> elaborava sua bebi<strong>da</strong><br />
com milho.<br />
Essa a<strong>da</strong>ptação de ingredientes,<br />
aliás, é uma característica dos proces-<br />
Rótulos antigos, blumenauenses de<br />
primeira geração brin<strong>da</strong>ndo à mesa<br />
e equipamentos de cervejarias do<br />
século XIX: a bebi<strong>da</strong> t<strong>em</strong> história<br />
sos de imigração. Para alguns colonos<br />
<strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> o pão de milho e o<br />
pão de aipim eram até melhores que o<br />
pão de centeio a que estavam acostumados<br />
na Europa. Em lugar de trigo usava-<br />
-se fubá e farinha de mandioca e para<br />
substituir a batata, aipim e palmito. Bananas<br />
e laranjas entraram no cardápio<br />
<strong>em</strong> substituição às frutas europeias. Apesar<br />
desse esboço de sincretismo gastronômico,<br />
uma característica marcante <strong>da</strong><br />
colonização al<strong>em</strong>ã foi a luta pela manutenção<br />
de identi<strong>da</strong>de, língua e hábitos.
Em outras palavras, os germânicos não<br />
eram muito de se misturar. Assim que<br />
as colônias foram se desenvolvendo –<br />
e enriquecendo – passaram a importar<br />
alimentos e ingredientes típicos, como<br />
chocolate, queijo fundido, vinhos e ceva<strong>da</strong><br />
para as cervejarias.<br />
O desenvolvimento <strong>da</strong>s colônias<br />
europeias foi fun<strong>da</strong>mental para a conformação<br />
socioeconômica do estado.<br />
Elas trouxeram métodos agrícolas avançados<br />
e conhecimento de processos<br />
industriais, além de um forte espírito<br />
<strong>em</strong>preendedor. Foram os imigrantes al<strong>em</strong>ães,<br />
italianos, poloneses e outros que<br />
lançaram as bases para a industrialização<br />
catarinense, criando as primeiras<br />
serrarias, curtumes, laticínios, fábricas<br />
de linguiça e salsicha, indústrias têxteis<br />
e outras ativi<strong>da</strong>des. Para se ter uma<br />
ideia de como a colonização al<strong>em</strong>ã foi<br />
b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong>, Blumenau, eleva<strong>da</strong> à categoria<br />
de município <strong>em</strong> 1880, possuía<br />
então mais de 16 mil habitantes, centenas<br />
de engenhos de farinha e açúcar e<br />
oito cervejarias.<br />
As primeiras cervejarias<br />
Com sua cervejaria na Colônia Dona<br />
Francisca, Gabriel Schmalz iniciou uma<br />
tradição que perdurou por meio século.<br />
Em 1860 foi a vez de Blumenau ganhar<br />
sua primeira fábrica <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>, pelas mãos<br />
do al<strong>em</strong>ão Heinrich Hosang. A colônia começava<br />
a organizar melhor sua vi<strong>da</strong> associativa<br />
e foram cria<strong>da</strong>s a Socie<strong>da</strong>de de<br />
Canto (Gesangverein), um grupo de teatro<br />
amador e o Clube de Caça e Tiro (Schützenverein).<br />
Este era o principal cliente <strong>da</strong><br />
cervejaria de Hosang, pois promovia gran-<br />
13
14<br />
A <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense<br />
dos primeiros t<strong>em</strong>pos<br />
des festas <strong>em</strong> ocasiões especiais, como o<br />
natal. Um jornal de Joinville, o Kolonie<br />
Zeitung, chegou a afirmar que nessas festas<br />
de Blumenau era “enorme o consumo<br />
de salsichas e cerveja”.<br />
A colônia d<strong>em</strong>an<strong>da</strong>va bons produtos<br />
e <strong>em</strong> 1875 o al<strong>em</strong>ão Carl Rischbieter<br />
começou a produzir <strong>em</strong> Blumenau, após<br />
tornar-se mestre cervejeiro no Rio de Janeiro.<br />
Lançou as marcas Bavária, de cerveja<br />
clara, e Favorita (escura). Sua produção<br />
tinha status de industrial, com capaci<strong>da</strong>de<br />
para 100 mil garrafas anuais. Blumenau<br />
e a cerveja iam adquirindo um novo<br />
perfil. Em 1890, um representante <strong>da</strong> segun<strong>da</strong><br />
geração de imigrantes, Otto Jenrich,<br />
ex-funcionário <strong>da</strong> Hosang, montou<br />
uma cervejaria própria com um bar anexo,<br />
ao estilo <strong>da</strong>s bierstube de Munique,<br />
para vender as cervejas Estrela, Polar e<br />
Kulmbalch. Claus Feldmann fundou sua<br />
cervejaria <strong>em</strong> Blumenau <strong>em</strong> 1898, criando<br />
marcas que ficaram na história, como<br />
a Massarandubense. E, <strong>em</strong> 1908, Luiz<br />
Kaes<strong>em</strong>odel inaugurou a Canoinhense,<br />
<strong>em</strong> Canoinhas, no Norte do estado, a 220<br />
quilômetros de Blumenau.<br />
Pode-se dizer que a Canoinhense foi<br />
a última <strong>da</strong> primeira geração de cervejarias<br />
catarinenses. Infelizmente, to<strong>da</strong>s sucumbiram<br />
ante o processo de massificação <strong>da</strong><br />
produção e do consumo. A honrosa exce-
ção é a <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense, que hoje<br />
se apresenta como a mais antiga do estado<br />
e uma <strong>da</strong>s mais antigas do Brasil. Em 1924<br />
a <strong>em</strong>presa foi vendi<strong>da</strong> para Otto Loeffler,<br />
um militar <strong>da</strong> Bavária, que passou o negócio<br />
para o controle do filho, Rupprecht,<br />
<strong>em</strong> 1938, quando ele contava apenas 17<br />
anos. Rupprecht Loeffler dedicou-se com<br />
paixão ao trabalho, preservando a tradição<br />
até falecer, <strong>em</strong> 2011, aos 93 anos de<br />
i<strong>da</strong>de. Ele manteve a produção artesanal,<br />
se valendo de equipamentos trazidos <strong>da</strong><br />
Al<strong>em</strong>anha há mais de um século e utilizando<br />
água <strong>da</strong> mesma fonte dos t<strong>em</strong>pos<br />
<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> cervejaria. A decoração do<br />
bar, repleta de animais <strong>em</strong>palhados, inspira<strong>da</strong><br />
nos salões de chope de Munique,<br />
é impressionante.<br />
A Canoinhense é um museu vivo <strong>da</strong><br />
cerveja de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, que inspira a<br />
nova geração de <strong>em</strong>preendedores a renovar<br />
a tradição secular do estado. Apesar <strong>da</strong><br />
morte do mestre cervejeiro, a história <strong>da</strong><br />
Canoinhense continua pelas mãos <strong>da</strong> viúva<br />
de Rupprecht, a senhora Ger<strong>da</strong> Loeffler,<br />
de 87 anos. Ela coman<strong>da</strong> a produção de<br />
quatro tipos diferentes de cerveja: a escura<br />
Nó de Pinho, a Pilsen Jahu, a Mocinha,<br />
uma Pilsen clara e adocica<strong>da</strong>, e a Malzbier.<br />
Os mesmos tipos que fizeram a fama e a<br />
glória <strong>da</strong> Canoinhense entre os aficionados<br />
pela boa cerveja por um século.<br />
Uma <strong>da</strong>s últimas imagens do mestre<br />
Rupprecht Loeffler, falecido <strong>em</strong> 2011, e vista<br />
externa de sua <strong>Cerveja</strong>ria Canoinhense<br />
15
16<br />
O renascimento <strong>da</strong> tradição<br />
Agregando técnicas modernas aos conhecimentos<br />
dos imigrantes, <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> tornou-se o maior<br />
expoente brasileiro <strong>em</strong> cervejas artesanais<br />
O mundo cervejeiro viveu um processo<br />
de desertificação ao longo do século<br />
XX. Mal comparando com o que ocorre ao<br />
meio ambiente, a diversi<strong>da</strong>de original foi<br />
sendo gradualmente abati<strong>da</strong> pelo avanço<br />
incl<strong>em</strong>ente <strong>da</strong> monocultura. No período,<br />
a grande indústria cervejeira consolidou o<br />
mercado, adquirindo ou inviabilizando as<br />
pequenas <strong>em</strong>presas, e massificou o consumo<br />
<strong>em</strong> torno de poucas marcas e de<br />
praticamente um único tipo de cerveja, a<br />
Pilsen. Eram t<strong>em</strong>pos <strong>em</strong> que se sentava à<br />
mesa de um bar e pedia-se “uma cerveja”,<br />
pois pouca diferença havia entre qualquer<br />
bebi<strong>da</strong> que fosse servi<strong>da</strong>. Mas felizmente<br />
os t<strong>em</strong>pos mu<strong>da</strong>ram. A insatisfação<br />
dos amantes <strong>da</strong> boa cerveja detonou um<br />
processo conhecido por The Craft Beer<br />
Renaissance, ou renascimento <strong>da</strong> cerveja<br />
artesanal, que resgatou tradições <strong>da</strong> produção<br />
e do culto à bebi<strong>da</strong>. O processo<br />
se traduziu primeiramente no avanço <strong>da</strong><br />
produção caseira. O passo seguinte foi o<br />
surgimento <strong>da</strong>s microcervejarias, que pas-<br />
saram a oferecer ao mercado novos estilos<br />
de bebi<strong>da</strong>. Agregaram-se inúmeros predicados<br />
na forma de aromas e sabores e a<br />
cerveja virou um produto gastronômico,<br />
ideal para combinações com pratos diversos<br />
– desde aqueles conhecidos como “comi<strong>da</strong><br />
de boteco”, também referidos como<br />
“baixa gastronomia”, até os preparados<br />
mais sofisticados, como se verá adiante.<br />
O mercado artesanal ain<strong>da</strong> é muito<br />
pequeno se comparado ao industrial –<br />
representa apenas 1% <strong>da</strong> produção total<br />
de mais de 10 bilhões de litros de cerveja<br />
por ano no Brasil. Mas cresce rapi<strong>da</strong>mente,<br />
numa razão de 15% ao ano, e há mais<br />
de 100 cervejarias artesanais registra<strong>da</strong>s<br />
no país, a maior parte delas na região Sul.<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> ocupa um espaço privilegiado<br />
nesse segmento, com jovens <strong>em</strong>preendedores<br />
unindo a tradição colonial<br />
à tecnologia de ponta e estratégias modernas<br />
de marketing. Fazendo cerveja com<br />
varie<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de, criando ambientes<br />
para consumo junto às cervejarias para<br />
permitir ao visitante conhecer o processo<br />
de fabricação e servindo acompanhamentos<br />
associados à cultura regional, eles<br />
transformaram o estado no principal palco<br />
do renascimento <strong>da</strong> cerveja no Brasil.
As novas pioneiras<br />
A primeira <strong>da</strong>s cervejarias catarinenses<br />
<strong>da</strong> nova leva é <strong>em</strong>bl<strong>em</strong>ática desse processo.<br />
A Borck, de Timbó, no Vale do Itajaí,<br />
foi cria<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996 por Brunhard Borck,<br />
neto do imigrante prussiano Otto Ludwig<br />
Ferdinand Borck, que chegou ao estado <strong>em</strong><br />
1868. A intenção inicial era fornecer pequenas<br />
quanti<strong>da</strong>des de cerveja para eventos<br />
comunitários e festas familiares, a ex<strong>em</strong>plo<br />
dos antigos cervejeiros que animavam os<br />
encontros nos clubes de caça e tiro espalhados<br />
pelo Vale do Itajaí, frequentados pelo<br />
seu avô. Brunhard não poupou esforços para<br />
fazer um produto de quali<strong>da</strong>de. Foi buscar<br />
os equipamentos e o mestre cervejeiro<br />
na Hungria, um dos berços <strong>da</strong> boa cerveja.<br />
Outra catarinense, a Opa, de Joinville, também<br />
é liga<strong>da</strong> à tradição cervejeira do estado.<br />
Passa<strong>da</strong>s cinco gerações, um grupo de<br />
Vários tipos de<br />
chopes especiais<br />
produzidos pela<br />
<strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha e<br />
ingrediente utilizado<br />
pela Eisenbahn:<br />
tecnologia avança<strong>da</strong><br />
de produção<br />
17
18<br />
jovens <strong>em</strong>presários seguiu os passos de Gabriel<br />
Schmalz, o suíço que criou a primeira<br />
cervejaria do estado, na mesma ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
Opa – que significa avô <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. Mas<br />
ao contrário do antigo <strong>em</strong>preendimento a<br />
Opa, cria<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2006, foi minuciosamente<br />
planeja<strong>da</strong>. E como a pioneira, tira vantag<strong>em</strong><br />
de uma característica única: a água de Joinville,<br />
considera<strong>da</strong> perfeita para a fabricação<br />
<strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> por não ser necessária qualquer<br />
retira<strong>da</strong> ou agregação de minerais.<br />
Como essas, uma série de cervejarias<br />
com sugestivos nomes como Schornstein,<br />
Königs, Das Bier, WunderBier, Heimat,<br />
ZeHn, Bierland, Bierbaun, Fall Bier e<br />
outras faz<strong>em</strong> parte <strong>da</strong> já reconheci<strong>da</strong> <strong>Rota</strong><br />
<strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Uma cervejaria,<br />
entretanto, ajudou especialmente a<br />
projetar o estado: a Eisenbahn, de Blumenau.<br />
Inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2002, produz 15 tipos<br />
de cervejas basea<strong>da</strong>s <strong>em</strong> receitas seculares,<br />
seguindo à risca a Reinheitsgebot, a Lei<br />
Al<strong>em</strong>ã de Pureza. Isso tudo aliado ao que<br />
há de mais moderno <strong>em</strong> técnicas de produção,<br />
como tanques de aço inoxidável,<br />
leveduras cultiva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> laboratório, malte<br />
e lúpulo importados. Um mestre cervejeiro<br />
al<strong>em</strong>ão com 30 anos de experiência<br />
foi contratado para iniciar as operações e<br />
o investimento <strong>em</strong> pesquisa e desenvolvimento<br />
é constante. A Eisenbahn tornou-<br />
-se a cervejaria mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> do Brasil
<strong>em</strong> concursos internacionais, levando a<br />
locomotiva que estampa seu rótulo aos<br />
quatro cantos do mundo. E despertou a<br />
cobiça de grandes cervejarias, tendo sido<br />
compra<strong>da</strong> pela Schincariol <strong>em</strong> 2008. Com<br />
a ven<strong>da</strong> <strong>da</strong> Schincariol para o grupo japonês<br />
Kirin, passou a fazer parte de uma corporação<br />
multinacional. Ain<strong>da</strong> assim a Eisenbahn<br />
continua sedia<strong>da</strong> <strong>em</strong> Blumenau,<br />
sob a direção executiva dos m<strong>em</strong>bros <strong>da</strong><br />
família Mendes, os fun<strong>da</strong>dores, que garant<strong>em</strong><br />
a quali<strong>da</strong>de do produto. A Eisenbahn<br />
é a prova material do vigor e <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />
<strong>da</strong> nova tradição cervejeira de <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>.<br />
<strong>Cerveja</strong> de cara nova:<br />
produção e instalações<br />
de cervejarias <strong>em</strong><br />
Brusque (ZeHn, na<br />
página ao lado), <strong>em</strong><br />
Gaspar (Das Bier, <strong>em</strong><br />
cima) Blumenau e<br />
Pomerode (Bierland e<br />
Schornstein, ao lado)<br />
19
20<br />
Alquimistas do Século XXI
Os mestres cervejeiros<br />
catarinenses são<br />
responsáveis por<br />
uma notável<br />
diversi<strong>da</strong>de: mais de 50<br />
cervejas distintas são<br />
produzi<strong>da</strong>s no estado<br />
Instalações e cervejeiro <strong>da</strong><br />
Schornstein, de Pomerode:<br />
segredo é associar equipamentos<br />
modernos, bons ingredientes<br />
e conhecimento de mestres<br />
té há poucos anos uma<br />
cerveja podia ser de dois<br />
tipos: estupi<strong>da</strong>mente gela<strong>da</strong><br />
ou desagradável ao pala<strong>da</strong>r<br />
limitado dos bebedores.<br />
Mas se a pobreza sensorial<br />
do freguês devia-se à pouca oferta de tipos,<br />
marcas e procedências, hoje pode-<br />
-se dizer que os apreciadores <strong>da</strong> boa cerveja<br />
viv<strong>em</strong> dias gloriosos. Há dezenas de<br />
tipos disponíveis no mercado – fracas e<br />
fortes, claras e escuras, amargas e doces,<br />
cristalinas e turvas, puro malte ou de cereais<br />
diversos, muitos aromas... incluindo<br />
to<strong>da</strong>s as combinações possíveis entre essas<br />
e outras características e os seus meio-<br />
-termos (por ex<strong>em</strong>plo, são infinitas gra<strong>da</strong>ções<br />
no espectro que define o amargor).<br />
No caso de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, as cervejarias<br />
artesanais produz<strong>em</strong> ao menos 20 tipos<br />
diferentes de cerveja, algumas delas oriun<strong>da</strong>s<br />
de formulações tradicionais desenvolvi<strong>da</strong>s<br />
há mais de 100 anos no próprio estado;<br />
outras originárias de outras plagas.<br />
Mas parar por aqui seria dizer pouco<br />
<strong>da</strong> complexi<strong>da</strong>de encontra<strong>da</strong> na bebi<strong>da</strong>.<br />
Para ca<strong>da</strong> tipo de cerveja, <strong>em</strong> ca<strong>da</strong><br />
cervejaria, a quali<strong>da</strong>de dos ingredientes,<br />
sua orig<strong>em</strong> e o processo de fabricação<br />
confer<strong>em</strong> predicados únicos, e portanto<br />
uma identi<strong>da</strong>de própria a ca<strong>da</strong> rótulo diferente<br />
que se apresenta à mesa. Assim,<br />
por ex<strong>em</strong>plo, uma cerveja tipo Weizenbier<br />
(de trigo), produzi<strong>da</strong> pela cervejaria<br />
A, certamente será distinta <strong>da</strong> Weizenbier<br />
<strong>da</strong> cervejaria B. Considerando os vários<br />
tipos produzidos <strong>em</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s cervejarias,<br />
t<strong>em</strong>os mais de 50 cervejas diferentes<br />
feitas <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Leve-se <strong>em</strong><br />
conta que ca<strong>da</strong> uma delas produz efeitos<br />
sensoriais distintos se combina<strong>da</strong>s com<br />
diferentes pratos e t<strong>em</strong>-se uma ideia <strong>da</strong>s<br />
possibili<strong>da</strong>des experimentais do Roteiro<br />
<strong>da</strong>s <strong>Cerveja</strong>s de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />
Por trás de to<strong>da</strong> essa diversi<strong>da</strong>de há<br />
muita técnica envolvi<strong>da</strong> – ou magia, como<br />
talvez prefiram os mais místicos, certos<br />
dos poderes transcendentes <strong>da</strong> cerveja.<br />
Digamos então que os mestres cervejeiros<br />
são os alquimistas do século XXI, capazes<br />
de selecionar e misturar ingredientes para<br />
obtenção de ouro (líquido). Nas próximas<br />
páginas alguns de seus segredos serão revelados,<br />
como os ingredientes e a fórmula<br />
básica <strong>da</strong> cerveja, assim como os resultados<br />
de todo esse trabalho, as dezenas de<br />
tipos de cerveja catarinense. E, claro, o<br />
melhor jeito de degustá-las.<br />
21
22<br />
O poder dos<br />
ingredientes<br />
Eles são apenas quatro,<br />
mas a quali<strong>da</strong>de,<br />
o processamento e<br />
as dosagens faz<strong>em</strong><br />
to<strong>da</strong> a diferença<br />
Conforme a Lei de Pureza Al<strong>em</strong>ã, segui<strong>da</strong><br />
por quase to<strong>da</strong>s as cervejarias catarinenses,<br />
a boa cerveja deve ter apenas quatro<br />
ingredientes: água, malte (de ceva<strong>da</strong><br />
ou trigo), lúpulo e fermento. A observância<br />
dos ditames – e, é claro, <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de<br />
dos ingredientes – faz to<strong>da</strong> a diferença no<br />
resultado final. Para se ter uma ideia <strong>da</strong><br />
importância <strong>da</strong> lei al<strong>em</strong>ã, ressalte-se que<br />
a legislação brasileira considera “cerveja”<br />
a bebi<strong>da</strong> que contém malte de ceva<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />
uma proporção de 50% ou mais sobre o<br />
chamado extrato primitivo. Isso quer dizer<br />
que se permite a mistura de cereais<br />
como arroz, milho e aveia na cerveja numa<br />
razão de até 50%, o que torna a bebi<strong>da</strong><br />
mais barata e de quali<strong>da</strong>de inferior.<br />
O malte de ceva<strong>da</strong> ou trigo, que para os<br />
mestres é o responsável pelo “caráter” <strong>da</strong><br />
bebi<strong>da</strong>, está 100% presente nas melhores<br />
cervejas, conheci<strong>da</strong>s como “puro malte”.<br />
Ceva<strong>da</strong>/Malte<br />
O malte é obtido a partir <strong>da</strong> ceva<strong>da</strong>,<br />
e é responsável pelo corpo, cor e parte<br />
do sabor <strong>da</strong> cerveja. A ceva<strong>da</strong> é um<br />
grão típico de climas t<strong>em</strong>perados, cultivado<br />
quase que exclusivamente na região<br />
Sul. É “parente” do trigo, também próprio<br />
para a malteação. A ceva<strong>da</strong> possui pouco<br />
açúcar e muito amido, o que fornece<br />
uma boa dose de nutrientes à bebi<strong>da</strong>. Na<br />
malteação a germinação <strong>da</strong> ceva<strong>da</strong> (ou<br />
do trigo) é induzi<strong>da</strong> e controla<strong>da</strong>, com o<br />
objetivo de ativar enzimas (que transformam<br />
amido <strong>em</strong> açúcar) e tornar o amido<br />
mais solúvel. Inicialmente realiza-se a<br />
maceração, quando o cereal é colocado<br />
<strong>em</strong> contato com água e ar durante alguns<br />
dias, para <strong>em</strong> segui<strong>da</strong> brotar <strong>em</strong> uma caixa<br />
de germinação. Daí obtém-se o malte<br />
verde. Interrompi<strong>da</strong> a germinação, inicia-
-se o processo de secag<strong>em</strong>. As variações<br />
nessa etapa é que permit<strong>em</strong> a obtenção<br />
de diferentes tipos de malte – claros, tostados,<br />
caramelizados, defumados –, que<br />
gerarão sabores e aromas distintos para<br />
diferentes tipos de cerveja.<br />
Lúpulo<br />
O lúpulo é o broto de uma trepadeira<br />
<strong>da</strong> mesma família do cânhamo, proveniente<br />
de regiões <strong>da</strong> Europa cujos climas<br />
lhe são propícios. Trata-se, portanto,<br />
de um ingrediente totalmente importado,<br />
que pode ser utilizado in natura ou na<br />
forma de pelletes (grânulos prensados).<br />
O lúpulo é o responsável pelo sabor e<br />
aroma característicos <strong>da</strong> cerveja – ele pode<br />
possuir mais de 20 substâncias amargas.<br />
Dentre os vários tipos de lúpulo – há<br />
60 varie<strong>da</strong>des utiliza<strong>da</strong>s na produção de<br />
cerveja – há aqueles que se destacam por<br />
ser<strong>em</strong> aromáticos e cítricos, outros lev<strong>em</strong>ente<br />
adocicados, outros ain<strong>da</strong> picantes<br />
etc... Por isso são muito importantes para<br />
a “alquimia” cervejeira.<br />
Leveduras<br />
São os fungos responsáveis pela fermentação<br />
<strong>da</strong> cerveja, ou seja, pela transformação<br />
de açúcar <strong>em</strong> álcool. Exist<strong>em</strong><br />
centenas de tipos de leveduras, dividi<strong>da</strong>s<br />
<strong>em</strong> duas “famílias”, as de alta e de baixa<br />
fermentação, o que acaba por definir as<br />
duas principais famílias de cerveja, a Ale<br />
e a Lager. Enquanto fermentam os açúcares<br />
do mosto de cereais, as leveduras geram<br />
gás carbônico, resultando na gaseificação<br />
<strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>. Também são agentes de<br />
sabor e aromas.<br />
Água<br />
Diz-se no mundo cervejeiro que a<br />
água, que representa 90% <strong>da</strong> cerveja, já<br />
não é tão determinante para a quali<strong>da</strong>de<br />
do produto, porque processos químicos<br />
industriais são capazes de garantir a<br />
pureza e a quanti<strong>da</strong>de adequa<strong>da</strong> de sais<br />
minerais. Mas para os puristas <strong>da</strong> cerveja<br />
artesanal não é b<strong>em</strong> assim. Talvez por<br />
que <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> possua algumas <strong>da</strong>s<br />
fontes de água mais puras do país... Vale<br />
comparar!<br />
Pesquisa é essencial para<br />
o desenvolvimento de<br />
cervejas com personali<strong>da</strong>de<br />
23
24<br />
Na brassag<strong>em</strong>, etapa inicial do processo, o malte é misturado à água aqueci<strong>da</strong> para a<br />
formação do mosto. Após a maturação a cerveja está pronta para o envase
Acertando a mistura<br />
Passo a passo, as etapas de produção para obtenção <strong>da</strong> cerveja<br />
É nessa etapa que se põ<strong>em</strong> à prova<br />
a arte e a habili<strong>da</strong>de dos mestres cervejeiros.<br />
Seja <strong>em</strong> cervejarias primitivas, como<br />
algumas ain<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong>s <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>, dota<strong>da</strong>s de equipamentos centenários<br />
e receitas ancestrais, seja nas<br />
cervejarias mais tecnológicas, com luminosos<br />
tanques de aço inoxidável e leveduras<br />
cultiva<strong>da</strong>s <strong>em</strong> laboratório para<br />
obtenção dos melhores resultados. De<br />
um jeito ou de outro – e até mesmo para<br />
qu<strong>em</strong> se arrisca a fazer cerveja <strong>em</strong><br />
casa, o princípio é o mesmo. Como nas<br />
coisas boas <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>, a diferença está nos<br />
detalhes.<br />
Brassag<strong>em</strong><br />
O malte é descascado e moído, depois<br />
misturado com água aqueci<strong>da</strong>. O processo<br />
favorece a ação <strong>da</strong>s enzimas que<br />
transformam o amido <strong>em</strong> açúcar fermentável.<br />
O processo dura de duas a três horas.<br />
Após a filtração, obtém-se o chamado<br />
mosto primário.<br />
Cozimento ou fervura<br />
No tanque de fervura o mosto recebe<br />
o lúpulo – no início do processo adiciona-se<br />
o lúpulo responsável pelo amargor,<br />
e ao final, o aromático. É nessas doses<br />
que se revelam os segredos de ca<strong>da</strong> mestre<br />
cervejeiro. Durante a fervura a t<strong>em</strong>peraturas<br />
entre 80°C e 100°C ocorr<strong>em</strong> as<br />
mutações que distinguirão cor, aroma e<br />
sabor <strong>da</strong> cerveja, além <strong>da</strong> concentração<br />
de açúcar.<br />
Resfriamento<br />
Após uma troca de tanque, o mosto<br />
lupulado é resfriado para eliminação de<br />
resíduos. Dependendo do tipo de cerveja,<br />
as t<strong>em</strong>peraturas variam de 8°C a 25°C.<br />
Fermentação<br />
É a hora <strong>da</strong>s leveduras agir<strong>em</strong>. Há<br />
cervejarias que “animam” esse processo<br />
com música clássica ou jazz, na crença (ou<br />
esperança) de que elas realiz<strong>em</strong> um trabalho<br />
melhor... Mas é melhor contar com<br />
boas cepas de leveduras. Na t<strong>em</strong>peratura<br />
ideal elas se multiplicam, consumindo o<br />
oxigênio. Começa então a fase anaeróbica,<br />
na qual se dá o processamento químico<br />
do açúcar, e cujos subprodutos são álcool<br />
e gás carbônico. Em tanques fechados, a<br />
etapa dura de quatro a 10 dias. As leveduras<br />
de alta fermentação ag<strong>em</strong> na parte<br />
superior do tanque, e as de baixa fermentação<br />
na base. São elas que defin<strong>em</strong> o tipo<br />
de cerveja e o teor alcoólico.<br />
Maturação<br />
É o período de descanso <strong>da</strong> cerveja<br />
(nesse momento chama<strong>da</strong> de cerveja verde),<br />
que pode durar de uma s<strong>em</strong>ana a 40<br />
dias, <strong>em</strong> tanques especiais, com t<strong>em</strong>peraturas<br />
próximas a zero grau. Durante esse<br />
processo a cerveja incorpora aromas e ganha<br />
brilho. As leveduras mortas e os resíduos<br />
de proteínas se acumulam no fundo<br />
dos tanques, clarificando a cerveja. Após<br />
isso a cerveja pode ser filtra<strong>da</strong> ou não, e<br />
finalmente está pronta para ser envasa<strong>da</strong>.<br />
25
Os tipos<br />
catarinenses<br />
Conheça as cervejas<br />
produzi<strong>da</strong>s <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong> <strong>em</strong> to<strong>da</strong> sua<br />
diversi<strong>da</strong>de e esplendor, e<br />
também com o que ca<strong>da</strong><br />
uma delas combina<br />
27
28<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> produz os principais<br />
tipos de cerveja existentes no<br />
mundo. Ca<strong>da</strong> tipo guar<strong>da</strong> suas<br />
particulari<strong>da</strong>des e características,<br />
defini<strong>da</strong>s pelos ingredientes e<br />
processos de produção. Para<br />
começar a entender e classificar<br />
o complexo universo <strong>da</strong> cerveja,<br />
uma grande divisão é necessária,<br />
pois exist<strong>em</strong> dois “troncos” dos<br />
quais se ramificam um s<strong>em</strong>número<br />
de varie<strong>da</strong>des. Estamos<br />
falando <strong>da</strong>s cervejas de baixa<br />
fermentação, ou tipo Lager, e<br />
<strong>da</strong>s de alta fermentação, as Ale.<br />
Lager<br />
As Lager são fermenta<strong>da</strong>s <strong>em</strong> t<strong>em</strong>peraturas<br />
baixas, fazendo com que os<br />
fermentos se acumul<strong>em</strong> no fundo dos<br />
tanques. Em geral são cervejas leves e<br />
translúci<strong>da</strong>s, podendo ser claras ou escuras.<br />
Em outras palavras, são cervejas mais<br />
suaves – a ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> Pilsen, o gênero<br />
mais consumido no Brasil e no mundo.<br />
Apresentam sabores que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> aos cereais,<br />
e suas notas fruta<strong>da</strong>s costumam ser<br />
menos intensas. As cervejas Lager são originárias<br />
<strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />
Ale<br />
A outra “família” é de orig<strong>em</strong> inglesa.<br />
Nas Ale a fermentação é feita <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>peraturas mais eleva<strong>da</strong>s, levando os<br />
fermentos para o alto dos tanques. Como<br />
resultado têm-se cervejas mais encorpa<strong>da</strong>s,<br />
escuras (opacas) e amargas. Sua<br />
complexi<strong>da</strong>de gustativa e aromática é alta,<br />
assim como o teor alcoólico, que pode<br />
chegar a 12%. Pod<strong>em</strong> ser claras ou escuras<br />
e mesclam aromas de cereais e notas<br />
de frutas. Não dev<strong>em</strong> ser consumi<strong>da</strong>s <strong>em</strong><br />
t<strong>em</strong>peraturas muito baixas.
<strong>Cerveja</strong> e chope<br />
Além <strong>da</strong> questão <strong>da</strong> fermentação, há<br />
outra distinção essencial na categorização<br />
cervejeira. Trata-se <strong>da</strong> diferença entre<br />
chope e cerveja. Desde os ingredientes e<br />
ao longo <strong>da</strong> maior parte do processo de<br />
produção, as duas bebi<strong>da</strong>s são idênticas.<br />
Só que, ao final, a cerveja é pasteuriza<strong>da</strong>.<br />
Isso significa que é eleva<strong>da</strong> a uma t<strong>em</strong>peratura<br />
de aproxima<strong>da</strong>mente 60°C e depois<br />
resfria<strong>da</strong> rapi<strong>da</strong>mente, para eliminação<br />
de micro-organismos. Por isso o seu<br />
prazo de vali<strong>da</strong>de é mais alto. O chope,<br />
por não passar pelo processo, t<strong>em</strong> vi<strong>da</strong><br />
curta. É, portanto, uma bebi<strong>da</strong> mais leve<br />
e fresca que a cerveja e geralmente com<br />
menor teor alcoólico. Usualmente a cerveja<br />
é envasa<strong>da</strong> <strong>em</strong> garrafas e o chope<br />
<strong>em</strong> barris, mas <strong>em</strong> casos especiais a situação<br />
pode se inverter. Assim como as<br />
cervejas, os chopes pod<strong>em</strong> ser dos tipos<br />
Lager ou Ale.<br />
O que difere o chope <strong>da</strong><br />
cerveja é que o primeiro<br />
não é pasteurizado<br />
29
30<br />
LAGER<br />
Amber Lager<br />
De coloração acobrea<strong>da</strong> e corpo médio,<br />
apresenta elegantes aromas de malte.<br />
Em boca é seca, revela-se um pouco<br />
amarga, com final equilibrado. Ótima para<br />
acompanhar petiscos, entra<strong>da</strong>s e pratos<br />
leves. A Eisenbahn 5 leva uma segun<strong>da</strong><br />
adição de lúpulo na maturação, para<br />
equilibrar o adocicado do malte. Pala<strong>da</strong>r<br />
de malte, caramelo, pão e lúpulo.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbhan<br />
Bock<br />
É originária do norte <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />
Por ser rica <strong>em</strong> corpo, é considera<strong>da</strong> uma<br />
cerveja de inverno. Escura, é repleta de<br />
aromas de malte e seu gosto apresenta<br />
baixo amargor, inclusive tendendo ao doce.<br />
Agradável para massas com molhos de<br />
carne, <strong>em</strong>butidos e queijos de média maturação.<br />
Em <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, é produzi<strong>da</strong><br />
na forma de chope.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Bierland, Fall Bier,<br />
Handwerk, Königs, Saint Bier, Schornstein e<br />
ZeHn Bier<br />
Dunkel<br />
<strong>Cerveja</strong> encorpa<strong>da</strong>, feita com maltes<br />
torrados, possui amargor mediano <strong>em</strong><br />
equilíbrio com sensação doce e notas aromáticas<br />
que l<strong>em</strong>bram o café, o caramelo<br />
e o chocolate. Harmoniza b<strong>em</strong> com o<br />
churrasco e filés com molhos encorpados,<br />
como o de funghi. Também vai b<strong>em</strong> com<br />
feijoa<strong>da</strong>. E com um bom charuto.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Eisenbahn e Holzweg<br />
Lager Hell<br />
Pode ser considera<strong>da</strong> uma ancestral<br />
<strong>da</strong> Pilsen, sendo ain<strong>da</strong> mais suave e não<br />
tão seca. A diferença se forma no processo<br />
de cozimento: os açúcares não fermentados<br />
são mantidos no mosto, o que confere<br />
à Lager Hell um sabor mais adocicado. A<br />
WunderBier oferece a cerveja nas versões<br />
filtra<strong>da</strong> e não filtra<strong>da</strong>.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: WunderBier<br />
Malzbier<br />
Escura, de espuma encorpa<strong>da</strong>, essa<br />
cerveja, de orig<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ã, recebe adição de<br />
açúcar, t<strong>em</strong> sabor lev<strong>em</strong>ente adocicado e<br />
acentuado teor nutritivo. Boa para acom-<br />
panhar sobr<strong>em</strong>esas com chocolate e café<br />
na sua formulação. Popularmente é indica<strong>da</strong><br />
para mulheres <strong>em</strong> fase de amamentação,<br />
mas diga-se que isso não é recomendável<br />
devido ao teor alcoólico de 4%.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Borck, Canoinhense e Königs<br />
Pilsen<br />
É a cerveja mais popular do mundo,<br />
respondendo por na<strong>da</strong> menos que 80%<br />
do consumo global. Nasci<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de<br />
de Pilsen (Plzen), na antiga Boêmia, hoje<br />
território <strong>da</strong> República Checa, é translúci<strong>da</strong><br />
e suave. De coloração amarela-clara,<br />
t<strong>em</strong> espuma abun<strong>da</strong>nte, com final de boca<br />
que revela um delicado amargor. Combina<br />
com preparos também leves, como entra<strong>da</strong>s,<br />
petiscos e pratos à base de carnes<br />
brancas e frutos do mar. Vai b<strong>em</strong> com salsichas,<br />
pratos <strong>da</strong> culinária al<strong>em</strong>ã e queijos<br />
s<strong>em</strong>iduros. As várias marcas catarinenses<br />
apresentam variações mais ou menos encorpa<strong>da</strong>s,<br />
de maior ou menor amargor. A<br />
Eisenbahn oferece a Pilsen Orgânica, feita<br />
com ingredientes s<strong>em</strong> agrotóxicos ou<br />
fertilizantes sintéticos.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: To<strong>da</strong>s as cervejarias
ALE<br />
Brown Ale<br />
De orig<strong>em</strong> inglesa, t<strong>em</strong> baixo teor<br />
de lúpulo, portanto não é muito amarga.<br />
O malte especial com que é elabora<strong>da</strong> lhe<br />
proporciona cor intensa. Normalmente encorpa<strong>da</strong>,<br />
com notas doces, pode acompanhar<br />
sobr<strong>em</strong>esas com sabor intenso. Teor<br />
alcoólico de 6,5%.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Das Bier<br />
Kölsch<br />
A cerveja originária de Colônia, na<br />
Al<strong>em</strong>anha, é produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
com quatro tipos de malte, entre eles o de<br />
trigo. De corpo leve, t<strong>em</strong> coloração doura<strong>da</strong>.<br />
O pala<strong>da</strong>r é seco, com baixo amargor.<br />
Apresenta notas lev<strong>em</strong>ente fruta<strong>da</strong>s<br />
<strong>em</strong> seus aromas. Excelente para sala<strong>da</strong>s,<br />
pratos com frutos do mar e ostras in natura,<br />
b<strong>em</strong> como para acompanhar pratos<br />
<strong>da</strong> culinária oriental.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />
Kulmbach<br />
<strong>Cerveja</strong> de orig<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ã, de cor escura.<br />
Aromas tostados com notas de café.<br />
Boca fresca, com leve amargor final, dão<br />
a ela o tom gustativo. Acompanha pratos<br />
de carne assa<strong>da</strong>, cozidos intensos e pode<br />
ficar interessante com ostras, numa harmonização<br />
radical. A produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong> pela Canoinhense t<strong>em</strong> baixo teor<br />
alcoólico: 3,2%.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Canoinhense<br />
Pale Ale<br />
Sua orig<strong>em</strong> é inglesa. Possui cor acobrea<strong>da</strong>,<br />
notas de especiarias, lúpulo, caramelo<br />
e amargor acentuado no final, mas<br />
há variações. O subtipo Mild Ale é mais<br />
suave, enquanto a Indian Pale Ale e a<br />
American Pale Ale são mais amargas, e<br />
com teor alcoólico mais elevado (até 7,5%,<br />
contra 5% <strong>da</strong>s tradicionais). Vai b<strong>em</strong> com<br />
salsichas, salames, chucrute e carnes com<br />
tendência mais adocica<strong>da</strong>, como as de<br />
porco e de carneiro. Combina com queijos<br />
intensos, com tendência áci<strong>da</strong> ou doce.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierland, Das Bier, Eisenbahn,<br />
Opa Bier e Schornstein<br />
Porter<br />
É uma cerveja forte, feita com malte<br />
torrado e muito lúpulo. Sua cor pode variar<br />
do castanho ao preto. Ao olfato revela<br />
aromas tostados, com notas de chocolate<br />
e café. T<strong>em</strong> muita espuma e é amarga,<br />
podendo apresentar toques que l<strong>em</strong>bram<br />
caramelo. Pode ser também de baixa fermentação.<br />
Acompanha pratos intensos de<br />
carne e inclusive a feijoa<strong>da</strong>.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Fall Bier, Opa Bier e<br />
ZeHn Bier<br />
Rauchbier<br />
“Rauch” significa fumaça <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão.<br />
Especiali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de al<strong>em</strong>ã de Bamberg,<br />
é produzi<strong>da</strong> a partir de maltes defumados.<br />
T<strong>em</strong> coloração avermelha<strong>da</strong> e<br />
pala<strong>da</strong>r seco, com sabor lev<strong>em</strong>ente defumado.<br />
Acompanha b<strong>em</strong> <strong>em</strong>butidos e linguiças<br />
defumados, costelinha de porco<br />
assa<strong>da</strong> com molho barbecue, moluscos,<br />
queijos defumados e pratos preparados<br />
com esses ingredientes. É uma opção também<br />
para o charuto.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />
31
32<br />
Strong Golden Ale<br />
Doura<strong>da</strong> e de alto teor alcoólico<br />
(8,5% no caso <strong>da</strong> Eisenbahn), esta cerveja<br />
t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> inglesa mas utiliza um fermento<br />
de orig<strong>em</strong> belga. Apresenta intensos<br />
aromas frutados, de especiarias, notas<br />
de lúpulo e álcool e corpo generoso. É<br />
indica<strong>da</strong> para queijos fortes, E Combina<br />
b<strong>em</strong> com carnes vermelhas.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierland e Eisenbahn<br />
Stout<br />
É uma cerveja muito amarga e escura,<br />
quase preta, que apresenta notas de<br />
caramelo e café. É forte e aromática, pois<br />
t<strong>em</strong> grande concentração de malte e lúpulo.<br />
Sua orig<strong>em</strong> é irlandesa. A graduação<br />
alcoólica varia: pode ser baixa ou de<br />
até 12% no tipo Imperial Stout.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierland, Saint Bier e Schornstein<br />
Weihnachts Ale<br />
É uma receita especial de Natal, com<br />
teor alcoólico mais elevado e presença<br />
marcante do lúpulo. Em estilo belga, revela<br />
aromas frutados e sabor encorpado.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />
Weizenbier<br />
<strong>Cerveja</strong> de trigo leve e fresca, t<strong>em</strong><br />
coloração naturalmente turva. Apresenta<br />
aromas frutados e notas de especiarias,<br />
como o cravo. Seu corpo é denso e t<strong>em</strong><br />
espuma abun<strong>da</strong>nte, o que a torna muito<br />
gastronômica. Vai b<strong>em</strong> com carnes gordurosas<br />
e condimenta<strong>da</strong>s, pratos picantes<br />
<strong>da</strong>s culinárias orientais, antepastos italianos<br />
e petiscos al<strong>em</strong>ães, como o roll mops<br />
e queijos com mofo branco.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum, Bierland, Borck, <strong>Cerveja</strong>ria<br />
d Ilha, Das Bier, Eisenbahn, Fall Bier,<br />
Opa Bier, Saint Bier, Schornstein, Strauss Bier<br />
e WunderBier<br />
Weizenbock<br />
Feita de trigo e não-filtra<strong>da</strong>, essa cerveja<br />
escura é encorpa<strong>da</strong>, com médio amargor,<br />
aliando características <strong>da</strong> Weizen e <strong>da</strong><br />
Bock. Possui espuma densa e um complexo<br />
aromático que revela frutas, especiarias<br />
e toques de torrefação. Combina<br />
com queijos intensos, pratos <strong>da</strong> culinária<br />
chinesa e cozidos de carne.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />
ESPECIAIS<br />
Algumas cervejas ou derivações não<br />
cab<strong>em</strong> nas categorias básicas de baixa e<br />
alta fermentação. Fabricantes catarinenses<br />
oferec<strong>em</strong> opções interessantes para qu<strong>em</strong><br />
gosta de experimentar.<br />
Champenoise<br />
Trata-se de um híbrido, que muitos<br />
sequer consideram cerveja. Depois <strong>da</strong><br />
fermentação e maturação na cervejaria, a<br />
“cerveja verde” vai para uma vinícola. Recebe<br />
fermentos e passa pelo processo tradicional<br />
de produção de champanhes de<br />
segun<strong>da</strong> fermentação na garrafa, ao longo<br />
de três meses. Ganha corpo, aromas<br />
e perlage. T<strong>em</strong> sabor frutado e pala<strong>da</strong>r<br />
refrescante, tendendo ao doce. Indica<strong>da</strong><br />
para acompanhar pratos elegantes de carnes<br />
leves e frutos do mar, sushi, queijos<br />
intensos <strong>da</strong> família grana pa<strong>da</strong>no e queijos<br />
com leite de cabra e ovelha. Também<br />
acompanha sobr<strong>em</strong>esas leves, com frutas e<br />
cr<strong>em</strong>es. A Eisenbahn produz a Lust Champenoise<br />
e a Eisenbahn Lust Prestige. Esta,<br />
depois <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> fermentação, entra na<br />
etapa chama<strong>da</strong> cuvèe, que dura um ano.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn
Destilado de cerveja<br />
Uma vez que o chope está pronto,<br />
isto é, a cerveja ain<strong>da</strong> não está pasteuriza<strong>da</strong>,<br />
inicia-se o processo de destilação.<br />
O resultado é uma bebi<strong>da</strong> com pala<strong>da</strong>r<br />
s<strong>em</strong>elhante ao do uísque, porém com<br />
amargor diferenciado devido à presença<br />
do lúpulo.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Bierbaum<br />
Licor de cerveja<br />
É feito a partir <strong>da</strong> cerveja tipo<br />
Dunkel. Apresenta agradáveis aromas de<br />
café e chocolate. Ótimo como aperitivo<br />
ou para acompanhar queijos fortes, como<br />
gorgonzola e roquefort, sobr<strong>em</strong>esas e<br />
charutos. O Bierlikör <strong>da</strong> Eisenbahn é suave<br />
e refinado, com notas de chocolate,<br />
café e baunilha e teor alcoólico de 30,5%.<br />
Qu<strong>em</strong> faz: Eisenbahn<br />
A cerveja Bock, encorpa<strong>da</strong><br />
e de baixo amargor,<br />
é considera<strong>da</strong> uma<br />
bebi<strong>da</strong> de inverno<br />
33
34<br />
A arte de beber (e de servir, cheirar...)<br />
Com tantos tipos diferentes de cerveja para experimentar, convém<br />
conhecer as “regras gerais” e a melhor maneira de degustar ca<strong>da</strong> um deles<br />
Georg Nuber, neto<br />
de imigrantes,<br />
resgatou a tradição<br />
<strong>em</strong> In<strong>da</strong>ial, com a<br />
Heimat. Na outra<br />
foto, bar <strong>da</strong> ZeHn,<br />
<strong>em</strong> Brusque
A complexi<strong>da</strong>de do universo cervejeiro<br />
sugere rituais específicos para sua<br />
degustação e práticas diferencia<strong>da</strong>s para<br />
os tipos existentes. Não é na<strong>da</strong> tão radical<br />
quanto ocorre com o vinho, para o qual<br />
muitos puristas (também conhecidos como<br />
“enochatos”) não aceitam qualquer deslize<br />
na degustação ou harmonização. Com<br />
a cerveja tudo é mais leve. Ain<strong>da</strong> que um<br />
determinado copo não seja considerado o<br />
ideal para extrair as melhores quali<strong>da</strong>des<br />
de um determinado tipo, sua quali<strong>da</strong>de<br />
não será comprometi<strong>da</strong> de modo terminal.<br />
Mas, para aproveitar ao máximo as<br />
boas cervejas, há algumas regras de ouro.<br />
T<strong>em</strong>peratura<br />
As características <strong>da</strong>s Lager são mais<br />
b<strong>em</strong> nota<strong>da</strong>s entre 3°C e 5°C. As Ales,<br />
mais ricas <strong>em</strong> aromas e sabores, dev<strong>em</strong><br />
ser servi<strong>da</strong>s entre 5° e 10°.<br />
Copos<br />
O formato aju<strong>da</strong> na degustação. Os<br />
retos, com a base um pouco mais estreita<br />
do que a boca, são melhores para as cervejas<br />
mais leves, as do tipo Lager. A tulipa<br />
aju<strong>da</strong> na percepção dos aromas e na formação<br />
<strong>da</strong> coluna de gás carbônico. Já as<br />
cervejas mais aromáticas ped<strong>em</strong> copos arredon<strong>da</strong>dos,<br />
com haste e bojo largo, que<br />
se fecha à medi<strong>da</strong> que a curva termina. Os<br />
bojudos realçam o bouquet e a consistência<br />
<strong>da</strong>s cervejas encorpa<strong>da</strong>s. Já as cervejas de<br />
trigo são mais b<strong>em</strong> aprecia<strong>da</strong>s <strong>em</strong> copos de<br />
corpo delgado e boca boju<strong>da</strong>, pois a espuma<br />
se concentra no topo e abre o leque de<br />
aromas. Quanto ao tamanho dos copos, os<br />
pequenos e médios são melhores para as<br />
Lager, pois elas não dev<strong>em</strong> esquentar no<br />
copo. O mesmo probl<strong>em</strong>a não ocorre com<br />
as Ale, que ped<strong>em</strong> copos maiores, importantes<br />
para a definição do sabor. Detalhe<br />
importante: <strong>em</strong> qualquer caso os copos<br />
dev<strong>em</strong> ser transparentes (tanto faz se de<br />
vidro ou cristal) para que se possa observar<br />
a coloração e a formação de espuma.<br />
Análises:<br />
Visual<br />
Revela cor, brilho, limpidez ou turbidez,<br />
as bolhas e a espuma. <strong>Cerveja</strong>s como<br />
a Pilsen dev<strong>em</strong> ser límpi<strong>da</strong>s, brilhantes<br />
e apresentar uma bela coroa, que se<br />
sustente por no mínimo dois minutos. Já<br />
uma Weizenbier, de trigo e não filtra<strong>da</strong>, é<br />
normalmente turva e também apresenta<br />
uma imponente coroa de espuma.<br />
Olfativa<br />
O leve agitar do copo pode revelar<br />
to<strong>da</strong> a complexi<strong>da</strong>de e quali<strong>da</strong>de aromática<br />
de uma cerveja. No caso <strong>da</strong>s Lager,<br />
aromas de cereais, malte e lúpulo. Nas<br />
escuras se revelam aromas de torrefação,<br />
café e chocolate. Nas Ale, notas cítricas e<br />
florais, vin<strong>da</strong>s do lúpulo, e aromas frutados,<br />
como de banana, papaia e abacaxi,<br />
entre outros. Notas de especiarias (cravo,<br />
por ex<strong>em</strong>plo) pod<strong>em</strong> aparecer <strong>em</strong> Ale.<br />
Aromas que l<strong>em</strong>bram manteiga não são<br />
desejáveis, pois costumam indicar defeito<br />
na cerveja.<br />
Gustativa<br />
Deve-se tomar um gole e fazer a bebi<strong>da</strong><br />
girar pela boca, para que contamine<br />
o pala<strong>da</strong>r e diversas sensações sejam obti<strong>da</strong>s.<br />
Deve-se tentar perceber a intensi<strong>da</strong>de<br />
e o equilíbrio entre os quatro sabores<br />
básicos: doce, salgado, ácido e amargo. O<br />
corpo de uma cerveja, resultado <strong>da</strong> força<br />
alcoólica e <strong>da</strong> soma dos d<strong>em</strong>ais componentes,<br />
também se sente na boca. O equilíbrio<br />
de to<strong>da</strong>s essas sensações reforça a<br />
quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>.<br />
35
36<br />
Por onde passam as<br />
tradições e a riqueza<br />
cultural de <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong> há s<strong>em</strong>pre um<br />
bom caneco <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong><br />
a sugerir experiências<br />
únicas e inesquecíveis<br />
anta <strong>Catarina</strong> é uma experiência<br />
inesquecível. Qu<strong>em</strong><br />
visita o estado reconhece isso,<br />
tanto que <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> foi eleita<br />
<strong>em</strong> 2011, pela quinta vez consecutiva,<br />
o melhor destino turístico<br />
do Brasil pela revista Viag<strong>em</strong> e<br />
Turismo, <strong>da</strong> Editora Abril. As motivações<br />
<strong>da</strong> preferência são conheci<strong>da</strong>s<br />
e passam pela diversi<strong>da</strong>de de atrações e<br />
belezas naturais, tudo associado a uma riqueza<br />
cultural impressionante. Essa combinação<br />
oferece ao visitante a possibili<strong>da</strong>de<br />
de vivenciar experiências únicas, que<br />
associam <strong>em</strong>oção ao conhecimento.<br />
Conhecer o estado tomando por base<br />
os roteiros <strong>da</strong> cerveja é uma proposta<br />
nova e incomparável. Pois além de pro-<br />
Os roteiros
porcionar prazer, <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> cerveja<br />
é cultura. Além de encantar o visitante,<br />
esse tipo de turismo t<strong>em</strong>ático, a ex<strong>em</strong>plo<br />
do que é realizado <strong>em</strong> países europeus<br />
e regiões brasileiras como o Vale dos Vinhedos,<br />
no Rio Grande do Sul, impulsiona<br />
economias regionais e une ci<strong>da</strong>des.<br />
No caso de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, pode-se dizer<br />
que os roteiros são frutos <strong>da</strong> associação<br />
perfeita de três grandes características: as<br />
belezas naturais, a riqueza cultural e a vocação<br />
<strong>em</strong>preendedora. Ao retomar antigos<br />
conhecimentos e tradições revestindo-os<br />
com eleva<strong>da</strong> tecnologia e marketing moderno,<br />
a atual geração de <strong>em</strong>preendedores<br />
cervejeiros catarinenses criou uma nova<br />
ativi<strong>da</strong>de no estado.<br />
Os caminhos <strong>da</strong> cerveja vão além<br />
do Vale do Itajaí (também conhecido por<br />
Valeu Europeu, ou Vale Germânico) e <strong>da</strong>s<br />
atrações de outubro. Encontra-se boa cerveja<br />
e ambientes propícios para degustá-<br />
-la e experimentar combinações com petiscos<br />
típicos <strong>em</strong> várias regiões, e no ano<br />
inteiro. O mapa a seguir resume as principais<br />
opções de roteiros pelas diversas regiões<br />
do estado. Na sequência, ca<strong>da</strong> região<br />
será apresenta<strong>da</strong>, com destaque para suas<br />
principais ci<strong>da</strong>des, assim como para suas<br />
respectivas cervejarias. Tudo t<strong>em</strong>perado<br />
com um pouco de história de ca<strong>da</strong> uma,<br />
o que produz<strong>em</strong> e quais os horários e as<br />
condições de visitação. A interseção entre<br />
a boa cerveja e os d<strong>em</strong>ais atrativos e aspectos<br />
culturais apresentados certamente<br />
resultará numa nova e rica experiência.<br />
<strong>da</strong> cerveja<br />
37
38<br />
Distâncias roDoviárias <strong>em</strong><br />
relação a Florianópolis<br />
ci<strong>da</strong>de Km<br />
Belo Horizonte 1.286<br />
Brasília 1.698<br />
Campo Grande 1.305<br />
Curitiba 310<br />
Fortaleza 3.838<br />
Goiânia 1.536<br />
Manaus 4.343<br />
Natal 3.662<br />
Porto Alegre 470<br />
Recife 3.375<br />
Rio de Janeiro 1.144<br />
Salvador 2.682<br />
São Paulo 705<br />
ci<strong>da</strong>de Km<br />
Blumenau 157<br />
Brusque 121<br />
Canoinhas 352<br />
Concórdia 459<br />
Criciúma 197<br />
Forquilhinhas 212<br />
Gaspar 132<br />
Ibirama 218<br />
In<strong>da</strong>ial 166<br />
Jaraguá do Sul 189<br />
Joinville 194<br />
Lontras 201<br />
Pomerode 167<br />
Presidente Getúlio 228<br />
Timbó 171<br />
Treze Tílias 419<br />
ci<strong>da</strong>de Km<br />
Assunção (Paraguai) 1.331<br />
Buenos Aires (Argentina) 1.539<br />
Montevidéu (Uruguai) 1.360<br />
Santiago (Chile) 2.885
40<br />
Vale do Itajaí<br />
Com destaque para a cultura al<strong>em</strong>ã, a região é<br />
fort<strong>em</strong>ente marca<strong>da</strong> pela presença de diversas<br />
etnias europeias e pela abundância de boa cerveja<br />
Um pe<strong>da</strong>cinho<br />
Vale Europeu, como também é<br />
designado o Vale do Itajaí, é considerado<br />
a região mais al<strong>em</strong>ã do<br />
Brasil. Natural, portanto, que seja<br />
um importante polo cervejeiro.<br />
Dentre as regiões catarinenses que contam<br />
com cervejarias estrutura<strong>da</strong>s, é a que<br />
se destaca pelo maior número de estabelecimentos<br />
e, portanto, é o eixo principal<br />
<strong>da</strong> <strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Até<br />
meados do século XIX a região no entorno<br />
do rio Itajaí-Açu, circun<strong>da</strong><strong>da</strong> por montanhas<br />
verdejantes, era habita<strong>da</strong> apenas<br />
por índios <strong>da</strong>s etnias Kaingang, Xokleng<br />
e Botocudo, e algumas poucas famílias<br />
de imigrantes europeus. Os germânicos<br />
só chegaram para valer após 1850, confiando<br />
no projeto colonizador do filósofo<br />
al<strong>em</strong>ão Dr. Hermann Blumenau. Pode-se<br />
afirmar que fizeram uma aposta certeira:<br />
Blumenau tornou-se a ci<strong>da</strong>de de colonização<br />
al<strong>em</strong>ã mais influente do país, abrigando<br />
o maior polo têxtil brasileiro.<br />
Ao longo do século XX, quase 40<br />
desm<strong>em</strong>bramentos de território de Blumenau<br />
deram orig<strong>em</strong> a novos municípios,<br />
conformando a região que hoje se conhece<br />
por Vale do Itajaí. A influência germâ-
<strong>da</strong> Europa<br />
nica é eleva<strong>da</strong> na região, destacando-se<br />
a arquitetura, a culinária, o idioma – dialetos<br />
germânicos são utilizados por famílias<br />
como primeiro idioma até hoje –, o<br />
artesanato, as festas típicas, as ruas flori<strong>da</strong>s<br />
e os jardins b<strong>em</strong> cui<strong>da</strong>dos. Na maior<br />
parte dos municípios a cultura germânica<br />
é preponderante, mas não única. Há ci<strong>da</strong>des<br />
como Itajaí, Rodeio e Nova Trento<br />
com predominância <strong>da</strong> cultura italiana.<br />
Os italianos chegaram à região cerca de<br />
25 anos depois dos al<strong>em</strong>ães. Há também<br />
poloneses, suíços, eslavos e descendentes<br />
de portugueses, que habitaram o Vale do<br />
Rio Tijucas e posteriormente se deslocaram<br />
para o Vale do Itajaí.<br />
Foi o descendente de um prussiano<br />
(a Prússia localizava-se no atual norte<br />
<strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha) que fundou <strong>em</strong> Timbó,<br />
uma ci<strong>da</strong>dezinha vizinha a Blumenau, a<br />
primeira <strong>da</strong>s cervejarias <strong>da</strong> nova geração<br />
no estado, a Borck, <strong>em</strong> 1996. O modelo<br />
<strong>da</strong>s cervejarias al<strong>em</strong>ãs, caracteriza<strong>da</strong>s pelo<br />
bar anexo à fabrica, tanques de fabricação<br />
expostos aos clientes e acompanhamento<br />
de comi<strong>da</strong>s típicas, está presente <strong>em</strong> várias<br />
ci<strong>da</strong>des do Vale do Itajaí, como Brusque,<br />
Pomerode, Gaspar, In<strong>da</strong>ial, Ibirama,<br />
Vista de Blumenau com<br />
o Rio Itajaí-Açu e detalhe<br />
do Museu <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>:<br />
influências notáveis <strong>da</strong><br />
colonização germânica<br />
41
42<br />
Presidente Getúlio e Lontras, além, é claro,<br />
de Blumenau. Conhecidos pelo espírito<br />
festeiro, os moradores do Vale gostam<br />
de comer e beber para celebrar. O roteiro<br />
<strong>da</strong>s cervejarias valoriza as ci<strong>da</strong>des e a<br />
gastronomia regional. A cerveja acompanha<br />
petiscos como salsichas ao molho de<br />
mostar<strong>da</strong> e raiz-forte, bolinhos de batata e<br />
rollmops, que são enroladinhos de filés de<br />
arenque cru, e pratos típicos como o chucrute<br />
(repolho fermentado e salmoura),<br />
marreco com repolho roxo, joelho de porco<br />
(eisbein) e bisteca de porco (kassler).<br />
Blumenau<br />
Com cerca de 300 mil habitantes,<br />
Blumenau é a ci<strong>da</strong>de-polo do Vale do Itajaí.<br />
Ao longo de sua trajetória de crescimento<br />
desenvolveu uma pujante indústria,<br />
com destaque para os setores têxtil e<br />
de confecções. Também se destacam os<br />
setores metalmecânico e de informática<br />
– além do de bebi<strong>da</strong>s, é claro. Hoje <strong>em</strong><br />
dia, mais do que um centro industrial, é<br />
um dos mais importantes polos de serviços<br />
de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, com destaque para<br />
o turismo. Oferece boa infraestrutura hoteleira,<br />
gastronômica e de serviços, além<br />
de fácil acesso às ci<strong>da</strong>des de seu entorno.<br />
O poderio de Blumenau para a realização<br />
de grandes eventos é conhecido<br />
pelos amantes <strong>da</strong> cerveja. A Oktoberfest,<br />
realiza<strong>da</strong> desde 1984, anualmente, e com<br />
18 dias de duração, atrai perto de um milhão<br />
de pessoas e é considera<strong>da</strong> a maior<br />
manifestação de cultura al<strong>em</strong>ã fora <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha.<br />
A ci<strong>da</strong>de possui o maior Centro<br />
de Eventos de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, o Parque<br />
Vila Germânica.<br />
Blumenau é um privilegiado centro<br />
de compras, oferecendo os tradicionais<br />
artigos têxteis e cristais, além de muitos<br />
outros produtos exibidos nas lojas <strong>da</strong><br />
belíssima Rua XV de Nov<strong>em</strong>bro, o centro<br />
pulsante <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Blumenau também é<br />
conheci<strong>da</strong> pelos cui<strong>da</strong>dos com o meio ambiente,<br />
tendo três parques protegendo a<br />
mata atlântica <strong>em</strong> seu entorno: os parques<br />
Spitzkopf, São Francisco de Assis e Artex.<br />
Além <strong>da</strong> Oktoberfest e <strong>da</strong>s várias<br />
cervejarias, Blumenau oferece aos apreciadores<br />
a oportuni<strong>da</strong>de de conhecer o<br />
Museu <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>, o único do gênero no<br />
Brasil. Pode-se tomar o museu como ponto<br />
de parti<strong>da</strong> para o circuito <strong>da</strong>s cervejarias.<br />
Lá são forneci<strong>da</strong>s informações sobre<br />
os métodos de produção e as rotas que<br />
pod<strong>em</strong> ser segui<strong>da</strong>s para apreciação <strong>da</strong><br />
bebi<strong>da</strong>. O museu permite um vislumbre<br />
dos primórdios <strong>da</strong> cerveja na região, pois<br />
mantém peças antigas como geladeiras,<br />
termômetros, arrolhadores e balanças do<br />
século XIX e início do século XX.
Harmonizações com petiscos<br />
(à esq.), o bar <strong>da</strong> cervejaria e<br />
produtos <strong>da</strong> Eisenbahn: cervejaria<br />
mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> do Brasil<br />
BLUMENAU<br />
Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2002, a Eisenbahn alcançou<br />
status de estrela internacional,<br />
pois já amealhou importantes prêmios,<br />
me<strong>da</strong>lhas e menções <strong>em</strong> concursos de diversos<br />
países, tornando-se a cervejaria brasileira<br />
mais pr<strong>em</strong>ia<strong>da</strong> no exterior. Os resultados<br />
obtidos são frutos de um projeto<br />
muito b<strong>em</strong> elaborado pela família Mendes,<br />
de Blumenau. Eles adotaram o conceito<br />
de cerveja artesanal, produzi<strong>da</strong> de acordo<br />
com a Lei Al<strong>em</strong>ã de Pureza, mas não abriram<br />
mão de equipamentos sofisticados e<br />
matérias-primas <strong>da</strong> melhor quali<strong>da</strong>de. Tudo<br />
costurado por uma boa estratégia de<br />
marketing, como o próprio nome e rótulo,<br />
que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> às tradições germânicas e à<br />
Blumenau antiga. Eisenbahn significa ferrovia<br />
<strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, numa referência à estação<br />
de tr<strong>em</strong> do bairro onde fica a <strong>em</strong>presa.<br />
O Bar Estação Eisenbahn é separado<br />
<strong>da</strong> fabrica por uma parede de vidro, e<br />
dele pode-se acompanhar a produção. O<br />
cardápio inclui salsichas de diversos tipos<br />
e canapés <strong>da</strong> tradicional linguiça tipo Blumenau.<br />
As cervejas pod<strong>em</strong> ser encontra<strong>da</strong>s<br />
<strong>em</strong> mercados, bares e casas especializa<strong>da</strong>s<br />
no país todo, mas a cervejaria reserva tratamento<br />
especial para qu<strong>em</strong> visita a fábrica.<br />
Lá, pode-se acompanhar a produção,<br />
receber uma aula sobre a história <strong>da</strong> cervejaria<br />
e sobre os tipos <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong>, além<br />
de degustar um chope tirado diretamente<br />
de um dos tanques de fabricação.<br />
A Eisenbahn foi adquiri<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2008<br />
pelo Grupo Schincariol, que, por sua vez,<br />
teve o controle acionário comprado pela<br />
japonesa Kirin <strong>em</strong> 2011. A essência <strong>da</strong><br />
cervejaria é guar<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo mestre cervejeiro<br />
Gerhard Beutling, o mesmo que cui<strong>da</strong><br />
do sabor <strong>da</strong> Eisenbahn desde os seus<br />
primórdios.<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Dunkel, Kolsch, Pale Ale, Pilsen, Pilsen<br />
Orgânica, Weihnachts Ale (sazonal), Weizenbier,<br />
Weizenbock, Rauchbier, Strong Golden Ale,<br />
Oktoberfest (sazonal), Amber Lager, Lust e Bierlikör.<br />
Chopes Dunkel, Pilsen, Pale Ale e Weizenbier.<br />
Serviço Visitação <strong>da</strong> fábrica: segun<strong>da</strong> a sábado,<br />
<strong>da</strong>s 14 horas às 19 horas, com visitas de hora<br />
<strong>em</strong> hora. Agen<strong>da</strong>mento: (47) 3488-7307. Preço:<br />
R$ 5,00, com degustação de chope retirado do<br />
tanque.<br />
Bar Estação Eisenbahn: segun<strong>da</strong>s a quartas-feiras,<br />
<strong>da</strong>s 16 horas às 24 horas. Quintas e sextas-feiras<br />
<strong>da</strong>s 16 horas até 01h <strong>da</strong> manhã. Sábados <strong>da</strong>s 10<br />
horas até 01h <strong>da</strong> manhã.<br />
Endereço Rua Bahia, 5.181 | Salto Weissbach |<br />
Blumenau | (47) 3488-7371 | www.eisenbahn.com.br<br />
43
44<br />
Num outro roteiro turístico de Blumenau,<br />
o <strong>da</strong> Vila Itoupava, distante cerca<br />
de 25 quilômetros do centro, também se<br />
pode encontrar resquícios <strong>da</strong> velha tradição<br />
cervejeira. O Centro Cultural <strong>da</strong> Vila<br />
Itoupava funciona na sede <strong>da</strong> antiga <strong>Cerveja</strong>ria<br />
Feldmann, fun<strong>da</strong><strong>da</strong> pelo mestre<br />
cervejeiro Heinrich Feldmann <strong>em</strong> 1898,<br />
e que perdurou até 1978. O estilo arquitetônico<br />
preserva paisagens e costumes<br />
que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> à Al<strong>em</strong>anha e ao passado<br />
<strong>da</strong> colonização do Vale do Itajaí. Cerca<br />
de 90% dos moradores <strong>da</strong> região falam<br />
al<strong>em</strong>ão fluent<strong>em</strong>ente e produz<strong>em</strong> chocolates<br />
caseiros, doces, compotas e licores<br />
artesanais.<br />
Já o contato com a nova tradição cervejeira,<br />
que associa inúmeras varie<strong>da</strong>des<br />
de bebi<strong>da</strong> aos petiscos tradicionais, porém<br />
modernizados, pode iniciar-se pelo bairro<br />
Salto Weissbach, onde se encontra a cervejaria<br />
Eisenbahn. Do outro lado <strong>da</strong> Rua<br />
Bahia, onde situam-se suas instalações,<br />
funcionava a antiga estação de tr<strong>em</strong> do<br />
bairro, que acabou inspirando o projeto<br />
vencedor <strong>da</strong> família Mendes, cujas garrafinhas<br />
de cerveja estampam uma locomotiva<br />
no rótulo.<br />
Outros roteiros fun<strong>da</strong>mentais para<br />
se capturar o espírito de Blumenau são<br />
conhecer as construções <strong>em</strong> estilo enxaimel<br />
– com <strong>em</strong>penas volta<strong>da</strong>s para a late-<br />
BLUMENAU<br />
A Bierland foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2003 por<br />
três jovens <strong>em</strong>presários do comércio que<br />
queriam se lançar na produção de alimentos.<br />
Pesquisando o mercado e suas ver<strong>da</strong>deiras<br />
vocações, optaram por abrir uma<br />
cervejaria, que afinal alcançou grande sucesso.<br />
Em 2011 a Bierland recebeu me<strong>da</strong>lha<br />
de prata no respeitado concurso Bierland<br />
Vienna, no European Beer Star. Os<br />
jurados avaliaram cor, aroma e sabor de<br />
cervejas do mundo todo, pr<strong>em</strong>iando as<br />
comprometi<strong>da</strong>s com o modo tradicional<br />
europeu de produzir a bebi<strong>da</strong> – como o<br />
respeito à Reinheitsgebot. Mesmo seguindo<br />
à risca a tradição, na Bierland tudo é feito<br />
com maquinário moderno, como tanques<br />
inox e moinho próprio para triturar os<br />
componentes, e controle microbiológico.<br />
Localiza<strong>da</strong> <strong>em</strong> Itoupava Central,<br />
bairro tradicional de descendentes de<br />
imigrantes al<strong>em</strong>ães, possui um bar de<br />
fábrica com decoração inspira<strong>da</strong> nas cervejarias<br />
europeias, <strong>em</strong> estilo rústico e<br />
separado <strong>da</strong> fábrica por uma parede de<br />
vidro. Dentre os petiscos estão lombo e<br />
picanha defumados, salame cracóvia, linguiças<br />
e salsichas. Na fábrica, bebe-se o<br />
chope direto <strong>da</strong> fonte.<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Pilsen, Weizen, Pale Ale, Bock,<br />
Vienna, Imperial Stout e Strong Golden Ale.<br />
Chopes Pilsen, Weizen, Pale Ale e Winebier<br />
(chope de vinho).<br />
Serviço Visita à fábrica: previamente agen<strong>da</strong><strong>da</strong>,<br />
de segun<strong>da</strong> a sexta-feira, a partir <strong>da</strong>s 8 horas até as<br />
17 horas. Sábado <strong>da</strong>s 8 horas às 11 horas.<br />
Bar: de terça a sexta-feira <strong>da</strong>s 15h30min até a meia-<br />
noite e aos sábados <strong>da</strong>s 10 horas à meia-noite.<br />
Endereço Rua Gustavo Zimmermann, 5.361<br />
Itoupava Central | Blumenau | (47) 3323-6588<br />
www.bierland.com.br<br />
Produtos <strong>da</strong> Bierland, com destaque<br />
para a Strong Golden Ale (no centro) e<br />
bar <strong>da</strong> cervejaria: chope direto <strong>da</strong> fonte
Casa típica de Pomerode: estilo enxaimel<br />
e jardins floridos são a marca registra<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de mais al<strong>em</strong>ã do Brasil<br />
ral, varan<strong>da</strong>s frontais e águas-furta<strong>da</strong>s – e<br />
os fartos cafés coloniais que oferec<strong>em</strong> um<br />
mix de bolos, pães, geleias, tortas, sucos e<br />
frios. Há ain<strong>da</strong> a possibili<strong>da</strong>de de conhecer<br />
algumas <strong>da</strong>s principais indústrias <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de, que são abertas à visitação turística<br />
<strong>em</strong> horários determinados. Os destaques<br />
são as cristalerias (Cristal Blumenau<br />
e Glaspark) e a Cia Hering, uma <strong>da</strong>s mais<br />
antigas e atualmente a maior companhia<br />
têxtil do país, que mantém um museu com<br />
a sua história e a <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Dentre as<br />
<strong>em</strong>presas que pod<strong>em</strong> ser visita<strong>da</strong>s está a<br />
Cachaças Inox, uma destilaria de cachaça<br />
pr<strong>em</strong>ium que se destaca <strong>em</strong> concursos<br />
internacionais. Uma sugestão para qu<strong>em</strong><br />
quiser “<strong>da</strong>r um t<strong>em</strong>po” na cerveja.<br />
Pomerode<br />
O pequeno município de Pomerode,<br />
de 28 mil habitantes, pode ser considerado<br />
uma radicalização de Blumenau<br />
quando se leva <strong>em</strong> conta as tradições germânicas.<br />
Pomerode se <strong>em</strong>ancipou de Blumenau<br />
<strong>em</strong> 1959, cerca de 100 anos após o<br />
início <strong>da</strong> colonização <strong>da</strong> região, por imigrantes<br />
vindos <strong>da</strong> Pomerânia, região no<br />
norte <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha. Se autointitula (e é<br />
amplamente reconheci<strong>da</strong> como) a ci<strong>da</strong>de<br />
mais germânica do Brasil, porque quase<br />
todo mundo t<strong>em</strong> ascendência germânica,<br />
se comunica <strong>em</strong> dialetos al<strong>em</strong>ães e muitas<br />
casas são construí<strong>da</strong>s no melhor estilo<br />
enxaimel, com jardins floridos e cui<strong>da</strong>dosamente<br />
mantidos. Qu<strong>em</strong> transitar pela<br />
<strong>Rota</strong> do Enxaimel terá a oportuni<strong>da</strong>de de<br />
ver 100 casas tomba<strong>da</strong>s pelo patrimônio<br />
histórico.<br />
As tradições também são manti<strong>da</strong>s<br />
por meio <strong>da</strong>s festas, <strong>da</strong> música e <strong>da</strong> gastronomia.<br />
A maior festa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a Festa<br />
Pomerana, acontece <strong>em</strong> janeiro, mas<br />
ao longo de todo o ano a animação é garanti<strong>da</strong><br />
por bandinhas típicas, grupos folclóricos,<br />
clubes de caça e tiro e até mesmo<br />
por corais ligados a igrejas e clubes<br />
sociais, além de um considerável jardim<br />
zoológico. Mas ao mesmo t<strong>em</strong>po a ci<strong>da</strong>dezinha<br />
oferece muita tranquili<strong>da</strong>de para<br />
qu<strong>em</strong> procura paz de espírito. De um jei-<br />
45
46<br />
BLUMENAU<br />
A cervejaria WunderBier foi cria<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> 2007, para participar <strong>da</strong> Oktoberfest,<br />
e desde então se firmou como uma <strong>da</strong>s<br />
principais do gênero na ci<strong>da</strong>de. A ideia<br />
foi do <strong>em</strong>presário Bento Linhares, dono<br />
de restaurantes na ci<strong>da</strong>de, que convidou<br />
o mestre cervejeiro Fabio Steinbach a participar<br />
do projeto. Steinbach é um aficionado<br />
que desde garoto aju<strong>da</strong>va o avô a<br />
fazer, <strong>em</strong> casa, a cerveja que os adultos<br />
<strong>da</strong> família consumiam. Já adulto, produzia<br />
a própria cerveja <strong>em</strong> seu sítio, usando<br />
um fogão a lenha e experimentando<br />
diversos ingredientes, até que se agregou<br />
à WunderBier, que hoje t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />
para produzir 30 mil litros/mês.<br />
O prédio do bar de fábrica <strong>da</strong> WunderBier,<br />
<strong>em</strong> estilo enxaimel, foi projetado<br />
para que o visitante acompanhe do<br />
salão os passos <strong>da</strong> fabricação <strong>da</strong>s bebi<strong>da</strong>s.<br />
Dá para ver de perto como são<br />
elaborados os chopes degustando petiscos<br />
e pratos típicos como o Bockwurst<br />
e Weisswurst – salsichas al<strong>em</strong>ãs acompanha<strong>da</strong>s<br />
de diferentes tipos de mostar<strong>da</strong>s<br />
e raiz-forte.<br />
Detalhes e a sede <strong>da</strong> WunderBier<br />
<strong>em</strong> Blumenau: visitante pode<br />
acompanhar a produção de cerveja<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Pilsen, Lager Hell, Schwarzbier<br />
(chope escuro), Hefe-weinzen (trigo) e<br />
Winebier (chope de vinho).<br />
Serviço Visita à fábrica: segun<strong>da</strong> a<br />
sexta-feira, <strong>da</strong>s 9 horas às 11 horas e <strong>da</strong>s<br />
15 horas às 17 horas, com agen<strong>da</strong>mento.<br />
Bar: de terça a domingo, a partir <strong>da</strong>s<br />
18 horas.<br />
Endereço Rua Fritz Spernau, 155<br />
Fortaleza | Blumenau | (47) 3339-0001<br />
www.wunderbier.com.br
to ou de outro, <strong>em</strong> Pomerode tudo pode<br />
ser acompanhado por uma excelente cerveja.<br />
A Schornstein, uma <strong>da</strong>s cervejarias<br />
artesanais mais conheci<strong>da</strong>s do estado, é<br />
sedia<strong>da</strong> na ci<strong>da</strong>de, ocupando o espaço de<br />
uma antiga fábrica.<br />
Brusque<br />
A colônia de Brusque foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> 1860 por um nobre austríaco, o Barão<br />
Von Schneeburg, que foi seguido <strong>em</strong><br />
sua navegação triunfal rio acima por um<br />
grupo de esperançosos colonos al<strong>em</strong>ães.<br />
Hoje a Praça Von Schneeburg é o principal<br />
endereço <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, e nela funciona<br />
uma choperia típica. Mas é a principal cervejaria<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, a ZeHn Bier, que t<strong>em</strong><br />
mais a dizer sobre a Brusque que se desenvolveu<br />
desde então. A cervejaria é um<br />
projeto do fun<strong>da</strong>dor de um dos maiores<br />
grupos industriais <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, o Zen, do<br />
setor metalúrgico. Após anos à frente do<br />
grupo que criou com o irmão <strong>em</strong> 1960,<br />
Hilário Zen decidiu dedicar-se à produção<br />
de cerveja.<br />
Desde os primórdios <strong>da</strong> colonização,<br />
Brusque se destacou pelo pioneirismo<br />
industrial. Algumas de suas fábricas,<br />
como a Renaux, de tecidos, belíssima,<br />
construí<strong>da</strong> <strong>em</strong> tijolos, conservam as antigas<br />
características. Se a indústria é a base<br />
Construções <strong>em</strong> estilo germânico <strong>em</strong><br />
Brusque: ci<strong>da</strong>de é um importante centro<br />
industrial e comercial do Vale do Itajaí<br />
<strong>da</strong> economia local, a ven<strong>da</strong> de seus produtos<br />
transformou a ci<strong>da</strong>de num grande<br />
polo comercial de vestuário e artigos de<br />
cama, mesa e banho. Brusque possui um<br />
orquidário e um bromeliário e se destaca<br />
<strong>em</strong> duas mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de turismo bastante<br />
distintas: o religioso e o de aventuras.<br />
Uma fazen<strong>da</strong> modelo retrata a vi<strong>da</strong> dos<br />
primeiros colonizadores. A principal festa<br />
<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de é a Fenarreco – Festa Nacional<br />
do Marreco –, que integra o roteiro de<br />
festas de outubro.<br />
47
48<br />
GASPAR<br />
<strong>Cerveja</strong>, sossego, muito verde e<br />
até uma boa pescaria é o que oferece a<br />
Das Bier Chope Artesanal, instala<strong>da</strong> junto<br />
a um lago no belo bairro rural de Belchior<br />
Alto, <strong>em</strong> Gaspar. A antiga casa do<br />
primeiro morador do lugar, do início do<br />
século passado, foi restaura<strong>da</strong> e amplia<strong>da</strong><br />
para abrigar a cervejaria, inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />
2006. Paredes de vidro separam a fábrica<br />
do bar onde pod<strong>em</strong> ser degustados cinco<br />
tipos de chope, dentre eles o Braunes<br />
Ale, com traços de chocolate e perfume<br />
de lúpulo. No final de 2011 foi lançado<br />
o chope Pale Ale, uma escolha do público,<br />
que votou <strong>em</strong> uma promoção realiza<strong>da</strong><br />
através <strong>da</strong>s redes sociais. No total, a<br />
cervejaria produz 250 mil litros por ano.<br />
A cervejaria possui ain<strong>da</strong> uma espécie de<br />
porão <strong>em</strong> estilo medieval, onde funciona<br />
uma cachaçaria, a Schnapskeller.<br />
No bar <strong>da</strong> Das Bier são servidos petiscos<br />
de diversos tipos, incluindo opções<br />
<strong>da</strong> gastronomia típica al<strong>em</strong>ã como o Hackepeter<br />
e um mix de salsichas. E, para as<br />
refeições, marreco recheado com repolho<br />
roxo, filés de tilápia e Kassler, além de opções<br />
de carne e peixe.<br />
Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) Braunes<br />
Ale, Weizen e Pale Ale.<br />
Serviço Bar e fábrica (esta com agen<strong>da</strong>mento<br />
prévio): quarta a sexta-feira, <strong>da</strong>s 17 horas às<br />
24 horas. Sábados, <strong>da</strong>s 15 horas às 24 horas.<br />
Domingos, <strong>da</strong>s 11h30min às 19 horas.<br />
Espaço Pesca e Lazer: sextas, <strong>da</strong>s 14 horas às<br />
18h30min. Sábados e domingos, <strong>da</strong>s 7h30min às<br />
18h30min.<br />
Endereço Rua Bonifácio Haendchen, 5.311<br />
Belchior Alto | Gaspar | (47) 3397-8600<br />
www.<strong>da</strong>sbier.com.br<br />
Sede <strong>da</strong> Das Bier e o peculiar porão <strong>em</strong><br />
estilo medieval onde também funciona<br />
uma cachaçaria, a Schnapskeller
INDAIAL<br />
O proprietário <strong>da</strong> Heimat, Georg<br />
Nuber, resgatou a receita <strong>da</strong> cerveja caseira<br />
fabrica<strong>da</strong> pelos seus ancestrais na<br />
I<strong>da</strong>de Média e trazi<strong>da</strong> ao Brasil pelo avô,<br />
que era natural de Lin<strong>da</strong>u, no sul <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha,<br />
no início do século passado. Georg<br />
fez um curso de mestre cervejeiro no<br />
Rio de Janeiro e <strong>em</strong> 2005 fundou a cervejaria,<br />
a<strong>da</strong>ptando a receita do avô às novas<br />
tecnologias e ingredientes obtendo seu<br />
chope Heimat, do tipo Pilsen. Heimat significa<br />
“Terra Natal” <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. A receita<br />
e o processo de fabricação são os mesmos<br />
para o chope (comercializado <strong>em</strong><br />
barris) e para a cerveja, engarrafa<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />
<strong>em</strong>balagens long neck. A cervejaria t<strong>em</strong><br />
capaci<strong>da</strong>de para produzir 1.500 litros/dia.<br />
Não há bar na fábrica, mas visitas<br />
para conhecer as instalações e eventualmente<br />
tomar um chope direto <strong>da</strong> fonte<br />
são permiti<strong>da</strong>s desde que agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
com antecedência. Oferece suvenires como<br />
bonés, canecas, camisetas e copos.<br />
Instalações <strong>da</strong> Heimat: cervejaria<br />
t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de de produção<br />
de 1.500 litros por dia<br />
<strong>Cerveja</strong>s e chope Pilsen<br />
Serviço Visita à fábrica: de segun<strong>da</strong> a sexta-<br />
feira, <strong>da</strong>s 14 horas às 17 horas.<br />
Endereço Rua Marechal Deodoro <strong>da</strong> Fonseca,<br />
1.498 | Bairro Tapajós | In<strong>da</strong>ial | Fone: (47) 3333 1793<br />
49
50<br />
TIMBÓ<br />
A <strong>Cerveja</strong>ria Borck, de Timbó, t<strong>em</strong> a honra de ter sido<br />
a primeira <strong>da</strong> leva de novas e modernas cervejarias artesanais<br />
catarinenses. Inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 1996, ela é fruto do sonho do proprietário<br />
Brunhard Borck, ex-bancário que largou o <strong>em</strong>prego,<br />
juntou as economias e foi para a Hungria comprar equipamentos<br />
e buscar o mestre cervejeiro que o ajudou a implantar o<br />
negócio. No início a cervejaria apostou no diferencial <strong>da</strong>s cervejas<br />
Ale, de alta fermentação, mas acabou migrando para o<br />
tipo Pilsen, mais palatável para o consumidor brasileiro médio.<br />
Quinze anos depois <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção o mestre cervejeiro é seu<br />
filho, Tiago Borck, engenheiro químico responsável pela produção<br />
dos três tipos de chope que são comercializados <strong>em</strong> barris<br />
retornáveis de inox e latão descartável de cinco litros. A Borck<br />
retomou a aposta no estilo mais europeu com a produção do<br />
chope de trigo, de alta fermentação. A capaci<strong>da</strong>de de produção<br />
é de 30.000 litros/mês. Não possui bar de fábrica.<br />
Chopes Pilsen, Malzbier e Weizenbier.<br />
Serviço Visitas às instalações: aos sábados, <strong>da</strong>s 9 horas às 12 horas, com<br />
agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />
Endereço Rua Pomeranos, 1.963 | Timbó | (47) 3382 0587 | www.borck.com.br<br />
A pioneira <strong>da</strong> nova geração volta às origens: Borck<br />
retoma produção de cervejas tipo Ale, de alta<br />
fermentação, além de fazer o tipo Lager (na foto)
LONTRAS<br />
A Holzweg <strong>Cerveja</strong>ria Artesanal fica<br />
na tranquila Lontras, ci<strong>da</strong>de do Vale<br />
do Itajaí que t<strong>em</strong> a agropecuária como<br />
principal ativi<strong>da</strong>de econômica. O nome<br />
Holzweg significa caminho <strong>da</strong> madeira,<br />
e se trata de uma referência ao nome <strong>da</strong><br />
estra<strong>da</strong> que fazia a ligação entre as diversas<br />
colônias do Vale no início <strong>da</strong> ocupação<br />
<strong>da</strong> região pelos imigrantes al<strong>em</strong>ães.<br />
A cervejaria elabora chopes com maltes<br />
e lúpulos importados seguindo a lei <strong>da</strong><br />
pureza al<strong>em</strong>ã. Possui bar junto à fábrica<br />
decorado com motivos germânicos, que<br />
serve petiscos, pratos <strong>da</strong> gastronomia típica<br />
e bufê de sopas.<br />
Chopes Pilsen e Munich Dunkel.<br />
Endereço Rua Paulo Alves do Nascimento, 387<br />
Centro | Lontras | (47) 3523-0277 / 8819-8817<br />
www.holzweg.com.br<br />
Vistas externa e interna do<br />
bar de fábrica <strong>da</strong> cervejaria<br />
Holzweg: nome r<strong>em</strong>ete à antiga<br />
estra<strong>da</strong> de colonos <strong>da</strong> região<br />
51
52<br />
POMERODE<br />
É impensável visitar Pomerode<br />
s<strong>em</strong> conhecer a cervejaria Schornstein,<br />
que já virou atração <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. Construí<strong>da</strong><br />
junto a uma velha fábrica tomba<strong>da</strong> pelo<br />
patrimônio histórico, ela preserva a antiga<br />
chaminé de 30 metros de altura feita<br />
<strong>em</strong> tijolos maciços – Schornstein significa<br />
chaminé <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão. Turistas pod<strong>em</strong><br />
fazer visita monitora<strong>da</strong> à fábrica, degustar<br />
o chope tirado diretamente dos tanques<br />
e conhecer os processos de fabricação.<br />
Junto à cervejaria funciona o bar<br />
Schornstein Kneipe, que t<strong>em</strong> petiscos típicos<br />
feitos com ingredientes produzidos<br />
artesanalmente na região, cujas receitas<br />
são harmoniza<strong>da</strong>s com as várias cervejas<br />
ali produzi<strong>da</strong>s.<br />
A Schornstein foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2006<br />
por um grupo de seis <strong>em</strong>presários que<br />
constataram o óbvio: apesar de Pomerode<br />
ser considera<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong>de mais al<strong>em</strong>ã<br />
do Brasil, não contava com uma cervejaria<br />
como aquelas que tanto sucesso faz<strong>em</strong> na<br />
Europa. O momento era ideal e inclusive<br />
orientou a b<strong>em</strong>-sucedi<strong>da</strong> estratégia de<br />
marketing. A cervejaria foi inaugura<strong>da</strong> no<br />
dia <strong>da</strong> estreia <strong>da</strong> seleção al<strong>em</strong>ã na Copa<br />
do Mundo de 2006. T<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de para<br />
produzir 32.000 litros/mês <strong>em</strong> Pomerode,<br />
e possui também uma filial <strong>em</strong> Holambra<br />
(SP).<br />
Chopes Pilsen filtrado e não filtrado, Weiss,<br />
Bock, Indian Pale Ale e Imperial Stout.<br />
Serviço Bart Schornstein Kneipe: quarta a<br />
sexta-feira a partir <strong>da</strong>s 17h30min. Aos sábados<br />
e domingos a partir <strong>da</strong>s 11h30min. Nos outros<br />
dias recebe visitas de grupos ou realiza eventos<br />
previamente agen<strong>da</strong>dos.<br />
Endereço Rua Hermann Weege, 60 | Centro<br />
Pomedore | (47) 3399-2058 | www.schornstein.com.br<br />
Facha<strong>da</strong> <strong>da</strong> Schornstein, seus petiscos<br />
e a produção: além <strong>da</strong> boa cerveja,<br />
a imponente chaminé de uma velha<br />
fábrica chama a atenção dos visitantes
IBIRAMA<br />
Um prédio antigo que antes de ser cervejaria já foi<br />
fábrica de móveis, fecularia, atafona (moinho) e curtume,<br />
e que por tudo isso t<strong>em</strong> muita história para contar, abriga<br />
a Handwerk, <strong>em</strong> Ibirama. O lugar foi restaurado, mas as<br />
características rústicas foram preserva<strong>da</strong>s, incluindo uma<br />
ro<strong>da</strong> d’água que há um século foi responsável pelo início<br />
<strong>da</strong> geração de energia na então colônia de Hamônia. No<br />
primeiro an<strong>da</strong>r fica o restaurante, de onde se pode observar<br />
por meio de paredes de vidro a produção do chope na<br />
fábrica, que fica <strong>em</strong>baixo. Os chopes utilizam matéria-prima<br />
importa<strong>da</strong> – malte, lúpulo e fermento – de acordo com<br />
as leis <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã. O nome <strong>da</strong> cervejaria é sugestivo:<br />
Handwerk significa, <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, feito a mão, artesanal.<br />
A cervejaria foi inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong> 2010, a partir <strong>da</strong> associação<br />
de quatro <strong>em</strong>presários <strong>da</strong> região. A capaci<strong>da</strong>de<br />
de produção é de 28.000 litros/mês. O bar recebe até 230<br />
pessoas, e o estacionamento t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de para 120 carros.<br />
No cardápio, especiali<strong>da</strong>des al<strong>em</strong>ãs, petiscos à base<br />
de carne e peixe e lanches acompanhados de chope.<br />
Chopes Pilsen e Bock.<br />
Serviço Restaurante: de quarta a domingo, <strong>da</strong>s 18 horas à meia-<br />
noite. Fone: (47) 33574624<br />
Endereço Rua Duque de Caxias, 239 | Centro | Ibirama<br />
(47) 33573343 | www.handwerk.ind.br<br />
53
54<br />
PRESIDENTE GETÚLIO<br />
A cervejaria Breslau Bier, que fabrica<br />
chope artesanal de acordo com a<br />
lei <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã, foi inaugura<strong>da</strong> <strong>em</strong><br />
2011. Comercializa barris de chope de<br />
10, 20, 30 e 50 litros.<br />
Endereço Rua Morstifer, 91 | Bairro Morstifer<br />
Presidente Getúlio | (47) 8406-1760 ou<br />
(47) 3352-0205 | www.breslaubier.com.br<br />
A ZeHn possui um belo bar <strong>em</strong> Brusque<br />
(acima), equipamentos modernos e<br />
produz cervejas e chopes engarrafados,<br />
alguns deles pr<strong>em</strong>iados <strong>em</strong> concursos
BRUSQUE<br />
ZeHn – pronuncia-se tzehn – quer<br />
dizer dez, <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, mas também é como<br />
se fala o sobrenome dos proprietários,<br />
os Zen, uma tradicional família <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
O gosto pela cerveja foi trazido <strong>da</strong> Al<strong>em</strong>anha,<br />
de onde vieram seus antepassados<br />
por volta de 1875, e antes de ter sua<br />
própria marca eles já fabricavam cerveja<br />
para consumo próprio nas celebrações familiares.<br />
Em 2003 resolveram tornar pública<br />
sua receita e abriram a cervejaria, que<br />
hoje é atração na ci<strong>da</strong>de.<br />
O mestre cervejeiro Curt Zastrow,<br />
diplomado <strong>em</strong> Munique, é especialista na<br />
produção de chope e cervejas artesanais.<br />
Seus produtos são pr<strong>em</strong>iados pela Associação<br />
Brasileira de Degustadores de <strong>Cerveja</strong>,<br />
com me<strong>da</strong>lha de ouro na categoria<br />
<strong>Cerveja</strong> Nacional, estilo Porter (2011), e<br />
de Prata na categoria <strong>Cerveja</strong> Nacional,<br />
estilo Bock (2011). A ZeHn fabrica cinco<br />
tipos <strong>da</strong> bebi<strong>da</strong> e deve lançar mais dois.<br />
Produz 40 mil litros por mês de cervejas<br />
e chopes engarrafados.<br />
O bar <strong>da</strong> cervejaria anima as noites<br />
de Brusque e ain<strong>da</strong> agra<strong>da</strong> aos turistas,<br />
pois também funciona como restaurante.<br />
No cardápio, petiscos, sanduíches, sala<strong>da</strong>s,<br />
massas, frutos do mar, carnes e pratos<br />
típicos al<strong>em</strong>ães harmonizados com as<br />
bebi<strong>da</strong>s.<br />
Chopes e cervejas Pilsen, Porter e Heller Bock.<br />
Serviço Visita à fabrica: de segun<strong>da</strong> a sexta-feira,<br />
entre 10 horas e 12 horas e <strong>da</strong>s 14 horas às 18<br />
horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio: (47) 3351-6685.<br />
Bar e restaurante: segun<strong>da</strong> a sábado a partir <strong>da</strong>s<br />
17 horas.<br />
Endereço Rua Benjamin Constant, 26<br />
São Luiz | Brusque | Fone (47) 3351-0033<br />
www.zehnbier.com.br<br />
55
56<br />
Norte<br />
Antiga terra de príncipes, a região recebeu<br />
colonos, inaugurou a primeira cervejaria do<br />
estado e se tornou potência industrial<br />
Os pioneiros<br />
onsta que a primeira indústria que<br />
funcionou <strong>em</strong> solo catarinense foi<br />
a Serraria do Príncipe, na Colônia Dona<br />
Francisca, <strong>em</strong> 1856, cinco anos<br />
após sua fun<strong>da</strong>ção, com o objetivo<br />
de fornecer madeiras para o Rio de Janeiro.<br />
Tratava-se de um <strong>em</strong>preendimento<br />
nobre (apesar do que seria hoje considerado<br />
um crime ambiental): pertencia ao<br />
próprio Príncipe de Joinville. O príncipe<br />
<strong>em</strong> questão era François Ferdinand, um<br />
nobre francês que desposou, <strong>em</strong> 1843,<br />
Dona Francisca Carolina, filha de Dom<br />
Pedro I, e recebeu como dote uma generosa<br />
gleba no norte de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>.<br />
Anos depois, <strong>em</strong> crise financeira, o<br />
príncipe vendeu parte <strong>da</strong>s terras a uma<br />
socie<strong>da</strong>de colonizadora, que atraiu centenas<br />
de imigrantes europeus – al<strong>em</strong>ães<br />
principalmente – para a Colônia Dona<br />
Francisca, que posteriormente se chamaria<br />
Joinville.<br />
Mas, quatro anos antes do advento<br />
<strong>da</strong> Serraria do Príncipe, Dona Francisca já<br />
contava com um estabelecimento que rivalizava<br />
<strong>em</strong> nobreza com ela – ao menos<br />
para os colonos mais sedentos. Era a cervejaria<br />
de Gabriel Schmalz e Margaretha
do caneco<br />
Zenger Schmalz, a primeira de que se t<strong>em</strong><br />
notícia no estado. Joinville evoluiu rápido.<br />
Muitos enriqueceram com a erva-mate, que<br />
no século XIX valia tanto que era conheci<strong>da</strong><br />
como “ouro verde”. A ci<strong>da</strong>de chegou a<br />
ter 20 cervejarias, e surgiram as indústrias.<br />
Mu<strong>da</strong>va o perfil econômico local, que refletia<br />
as mu<strong>da</strong>nças no Brasil: a decadência<br />
do Império e um surto de industrialização.<br />
Já uma lin<strong>da</strong> residência de verão, orna<strong>da</strong><br />
com gigantescas palmeiras imperiais, construí<strong>da</strong><br />
para deleite dos príncipes <strong>em</strong> Joinville<br />
jamais os recebeu, e acabou se transformando<br />
no museu <strong>da</strong> colonização.<br />
Jaraguá do Sul é outra importante<br />
ci<strong>da</strong>de do Norte catarinense que teve origens<br />
imperiais. Suas terras equivaliam ao<br />
dote recebido pelo Conde d’Eu quando<br />
se casou com a Princesa Isabel, filha de<br />
Dom Pedro II, <strong>em</strong> 1864. Sua fun<strong>da</strong>ção<br />
oficial <strong>da</strong>ta de 1876, mas a ci<strong>da</strong>de só se<br />
desm<strong>em</strong>brou de Joinville <strong>em</strong> 1934. Desde<br />
então se firmou como um importante polo<br />
Palmeiras imperiais foram planta<strong>da</strong>s<br />
<strong>em</strong> 1873 para ornar a residência<br />
de verão dos príncipes, que acabou<br />
se tornando um museu<br />
57
58<br />
industrial, sede do grupo WEG, maior fabricante<br />
de motores elétricos do mundo,<br />
e de outras companhias de grande porte.<br />
Tradição e moderni<strong>da</strong>de<br />
O Norte catarinense cresceu puxado<br />
por Joinville, que seria conheci<strong>da</strong> nos<br />
anos 1960 como “Manchester catarinense”,<br />
uma alusão ao importante polo industrial<br />
inglês. Também receberia outros epítetos,<br />
como Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Flores, Ci<strong>da</strong>de dos Príncipes<br />
e Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s Bicicletas. Este último<br />
graças ao arraigado hábito de milhares de<br />
operários <strong>da</strong>s fábricas de se deslocar<strong>em</strong><br />
para o trabalho sobre duas ro<strong>da</strong>s. Mas<br />
não poderia ser chama<strong>da</strong> de Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
<strong>Cerveja</strong>, pois to<strong>da</strong>s as velhas cervejarias<br />
artesanais sucumbiram. Até que a nova<br />
geração surgiu.<br />
Joinville é hoje a maior ci<strong>da</strong>de de<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, com 600 mil habitantes.<br />
Além <strong>da</strong> importância econômica, é um<br />
O bar-moinho e o<br />
pórtico de Joinville,<br />
construídos <strong>em</strong><br />
arquitetura típica<br />
<strong>da</strong> região<br />
centro cultural, turístico e de eventos. O<br />
Festival de Dança reúne mais de 4 mil<br />
bailarinos e entrou para o Guinnes Book<br />
como o maior do gênero no mundo. Joinville<br />
é a única ci<strong>da</strong>de fora <strong>da</strong> Rússia a<br />
contar com uma uni<strong>da</strong>de do Balé Bolshoi<br />
de Moscou. Outro conhecido evento<br />
é a Festa <strong>da</strong>s Flores, realiza<strong>da</strong> há mais<br />
de 60 anos. Joinville é o eixo principal<br />
de um roteiro turístico que inclui várias<br />
ci<strong>da</strong>des (o Caminho dos Príncipes), entre<br />
elas a histórica São Francisco do Sul,<br />
a terceira ci<strong>da</strong>de mais antiga do Brasil,<br />
fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1504.<br />
Mas se o roteiro <strong>em</strong> questão for o <strong>da</strong><br />
cerveja, o melhor destino é a ci<strong>da</strong>de de<br />
Canoinhas, que fica a oeste de Joinville,<br />
distante cerca de 190 quilômetros. É lá, na<br />
ci<strong>da</strong>de conheci<strong>da</strong> como capital <strong>da</strong> erva-mate,<br />
que se encontra a cervejaria artesanal<br />
mais antiga <strong>em</strong> ativi<strong>da</strong>de no Brasil, a Canoinhense,<br />
fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1908. Imperdível.
JOINVILLE<br />
A garrafa amarela, de alumínio,<br />
e a inscrição OPA <strong>em</strong> letras literalmente<br />
“garrafais” foi a maneira inovadora de<br />
com<strong>em</strong>orar os cinco anos <strong>da</strong> cervejaria<br />
Opa Bier, de Joinville, completados <strong>em</strong><br />
2011. Dentro dela, meio litro de Pilsen<br />
Puro Malte, um dos carros-chefes <strong>da</strong> cervejaria.<br />
Tratou-se, afinal, <strong>da</strong> afirmação de<br />
uma tradição. A Opa é <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> que<br />
surgiu a primeira cervejaria do estado, <strong>em</strong><br />
1852, e também <strong>da</strong> famosa “Antártica de<br />
Joinville”, conheci<strong>da</strong> (e venera<strong>da</strong>) <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s<br />
as ro<strong>da</strong>s de bar alguns anos atrás. E<br />
foi essa tradição que animou um grupo de<br />
jovens <strong>em</strong>presários a pesquisar<strong>em</strong> a fundo<br />
o mercado nacional e os modelos de<br />
microcervejarias europeias até inaugurar a<br />
Opa Bier <strong>em</strong> 2006. Eles tiram proveito do<br />
mesmo insumo que fez a fama <strong>da</strong> Antarctica<br />
de Joinville: a água pura <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
A Opa t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de de produção<br />
de 160 mil litros/mês. Atende diretamente<br />
consumidores ou grupos na fábrica<br />
somente para visita. Não possui bar<br />
de fábrica, mas seus produtos pod<strong>em</strong> ser<br />
encontrados no Parque Opa Bier, que fica<br />
no centro de Joinville conta com um<br />
complexo que reúne cinco restaurantes:<br />
Barão, especializado <strong>em</strong> carnes e costela<br />
ao bafo; Alles Picanha, as pizzarias Quadra<strong>da</strong><br />
e Divina Gula, e o Niu Sushi. Todos<br />
serv<strong>em</strong> as cervejas <strong>da</strong> Opa Bier, claro.<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Pilsen (cerveja e chope), Weizen, Pale<br />
Ale, Porter, Old Ale e s<strong>em</strong> álcool.<br />
Serviço Visita à fábrica: nos dias úteis, <strong>em</strong><br />
horário comercial, com agen<strong>da</strong>mento<br />
(visita@opabier.com.br).<br />
Endereço Rua Dona Francisca, 11.560<br />
Pirabeiraba | Joinville | www.opabier.com.br<br />
Parque Opa Bier: segun<strong>da</strong> a sexta-feira, <strong>da</strong>s 18<br />
horas à 01 hora <strong>da</strong> manhã e sábado e domingo<br />
entre 11h30min e 01 hora <strong>da</strong> manhã. Rua Max<br />
Colin, 1.589 | América | Joinville<br />
Luiz Alexandre de Oliveira (à esq.), sócio<br />
<strong>da</strong> Opa, produtos e etapas de produção:<br />
pioneirismo de Joinville resgatado<br />
59
60<br />
JARAGUÁ DO SUL<br />
Königs Bier significa “cerveja do<br />
rei”. O nome é uma homenag<strong>em</strong><br />
aos “reis” dos velhos clubes de caça e tiro<br />
<strong>da</strong> região, os principais centros de convívio<br />
social dos t<strong>em</strong>pos <strong>da</strong> colonização.<br />
Consta, aliás, que muitos desses clubes<br />
produziam a própria cerveja. A cervejaria<br />
Königs Bier é resultado de extensas pesquisas<br />
de mercado na Europa e nos Estados<br />
Unidos. Ivan e Dennis Torres, pai e<br />
filho, lançaram a microcervejaria <strong>em</strong> 2007<br />
e cinco anos depois, com capaci<strong>da</strong>de de<br />
produção de 22 mil litros/mês, contam<br />
com um vasto cardápio de chopes, alguns<br />
produzidos apenas <strong>em</strong> alguns períodos do<br />
ano, de acordo com o clima.<br />
Dentre os chopes sazonais destaca-<br />
-se o Landbier, um chope Lager, não filtrado,<br />
com teor alcoólico de 5,5%, produzido<br />
com cinco maltes, o que confere<br />
a coloração de dourado envelhecido e<br />
espuma amarela<strong>da</strong>. Já o refrescante Radler<br />
é a blen<strong>da</strong>g<strong>em</strong> entre o chope Pilsen e<br />
um refrigerante de limão, que origina um<br />
chope leve, com graduação alcoólica de<br />
2,6%, sabor de limão e lev<strong>em</strong>ente adocicado.<br />
Por enquanto os chopes são ven-<br />
didos apenas <strong>em</strong> barris, mas o plano é<br />
engarrafá-los.<br />
Chopes Pilsen (filtrado e não filtrado) e<br />
Malzbier, e os sazonais: Radler, Bock, Landbier e<br />
Dortmund.<br />
Serviço Visita à fábrica: de terça a sexta-feira<br />
<strong>da</strong>s 14 horas às 18 horas e sábados <strong>da</strong>s 8 horas às<br />
11 horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />
Endereço Rua Erich Sprung, 215 | Água Verde<br />
Jaraguá do Sul | (47) 3370 5544<br />
www.konigsbier.com.br<br />
Dennis Torres: pesquisas de mercado<br />
na Europa e nos Estados Unidos<br />
orientaram investimento <strong>em</strong> cervejaria
O bar <strong>da</strong><br />
Canoinhense<br />
(acima) impressiona<br />
pela decoração<br />
com animais<br />
<strong>em</strong>palhados. Nas<br />
outras fotos, detalhes<br />
<strong>da</strong> rustici<strong>da</strong>de<br />
do lugar e uma<br />
agradável área<br />
externa (à dir.)<br />
CANOINHAS<br />
Canoinhense<br />
A cervejaria Canoinhense é uma<br />
espécie de patrimônio histórico do universo<br />
cervejeiro brasileiro. E não apenas <strong>em</strong><br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Sua história e seus produtos<br />
são cultuados <strong>em</strong> todo o Brasil, e as rari<strong>da</strong>des<br />
produzi<strong>da</strong>s lá são degusta<strong>da</strong>s com<br />
fascinação pelos aficionados. Em primeiro<br />
lugar, trata-se <strong>da</strong> cervejaria mais antiga <strong>em</strong><br />
funcionamento no Brasil. A Canoinhense,<br />
fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 1908, foi adquiri<strong>da</strong> pelo pai<br />
de Rupprecht Loeffler <strong>em</strong> 1924. Rupprecht<br />
logo a assumiu e a conduziu com maestria<br />
até falecer, aos 93 anos, no início de<br />
2011. Desnecessário dizer que o s<strong>em</strong>pre<br />
simpático Loeffler, conhecido por beber<br />
dois litros de cerveja por dia, foi uma <strong>da</strong>s<br />
personali<strong>da</strong>des mais queri<strong>da</strong>s e cultua<strong>da</strong>s<br />
dos apreciadores de boa cerveja no Brasil.<br />
A boa notícia é que sua morte não<br />
foi o fim <strong>da</strong> cervejaria, pois a viúva, a Senhora<br />
Ger<strong>da</strong> Loeffler, continua a tocar o<br />
negócio com as mesmas receitas e maquinário<br />
centenário, que faz<strong>em</strong> <strong>da</strong> Canoinhense<br />
uma espécie de museu vivo <strong>da</strong><br />
cerveja <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>. Ela produz a<br />
Nó de Pinho, uma cerveja escura; as Pilsen<br />
Jahu e Mocinha e a Malzbier. O bar <strong>da</strong><br />
Canoinhense impressiona pela originali<strong>da</strong>de,<br />
pois exibe animais <strong>em</strong>palhados pendurados<br />
nas paredes. Dona Ger<strong>da</strong>, que há<br />
déca<strong>da</strong>s esteve à frente <strong>da</strong> cozinha produzindo<br />
sopa de bucho de boi e geleia<br />
de carne de porco, segue recebendo os<br />
visitantes no bar.<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Kulmbach, Pilsen e Malzbier.<br />
Serviço Bar do Loeffler: funciona somente<br />
durante o dia.<br />
Endereço Rua 3 de Maio, 154 | Centro<br />
(47) 3622 0358 | Canoinhas<br />
61
62<br />
Florianópolis e Sul<br />
Com o surgimento de cervejarias artesanais<br />
e oferta de marcas do estado as regiões<br />
integram o novo universo cervejeiro<br />
Entrando no<br />
lorianópolis é terra de açorianos,<br />
e o Sul do estado foi colonizado<br />
principalmente por italianos,<br />
povos que não são ligados<br />
a tradições cervejeiras. Os italianos,<br />
como se sabe, são mais chegados ao vinho,<br />
e açorianos costumam t<strong>em</strong>perar suas<br />
pescarias com algo ain<strong>da</strong> mais forte: a<br />
cachaça. Mas não se pode dizer que essa<br />
porção do estado está alheia à movimentação<br />
do novo universo cervejeiro catarinense.<br />
Na ver<strong>da</strong>de as ci<strong>da</strong>des <strong>da</strong> Grande<br />
Florianópolis, com suas 100 praias e imenso<br />
apelo turístico, há muito t<strong>em</strong>po são um<br />
centro de consumo de cerveja – só que<br />
<strong>da</strong>quela produzi<strong>da</strong> <strong>em</strong> volumes industriais<br />
e servi<strong>da</strong> s<strong>em</strong>pre b<strong>em</strong> gela<strong>da</strong>, à beira do<br />
mar, para refrescar o verão. Nos últimos<br />
anos surgiram cervejarias artesanais e muita<br />
gente está produzindo a bebi<strong>da</strong> <strong>em</strong> casa,<br />
na condição de cervejeiro artesanal. E<br />
muitos bares e restaurantes de Florianópolis<br />
oferec<strong>em</strong> as cervejas catarinenses.<br />
No Sul do estado, Urussanga é destino<br />
certo para qu<strong>em</strong> procura experiências<br />
gastronômicas. A ci<strong>da</strong>de mantém vivas<br />
as tradições italianas e possui roteiros<br />
turísticos que inclu<strong>em</strong> o vinho de lá e a
clima<br />
mesa s<strong>em</strong>pre farta. Mas uma alternativa<br />
para qu<strong>em</strong> estiver na região é conhecer<br />
Forquilhinha, uma ci<strong>da</strong>de de colonização<br />
al<strong>em</strong>ã próxima a Criciúma. Com 23 mil<br />
habitantes, Forquilhinha é conheci<strong>da</strong> por<br />
ser a terra <strong>da</strong> família Arns, cujos m<strong>em</strong>bros<br />
mais ilustres são Dom Paulo Evaristo<br />
Arns, ex-cardeal <strong>da</strong> Igreja Católica, e Zil<strong>da</strong><br />
Arns, fun<strong>da</strong>dora <strong>da</strong> Pastoral <strong>da</strong> Criança.<br />
Sua economia é basea<strong>da</strong> na extração de<br />
carvão, na produção de arroz e no abate<br />
de frangos. Há pouco t<strong>em</strong>po Forquilhinha<br />
iniciou-se na produção de cervejas artesanais<br />
com a Saint Bier, que chamou a atenção<br />
por produzir a cerveja Duff, marca<br />
do mesmo nome <strong>da</strong> cerveja preferi<strong>da</strong> de<br />
Homer Simpson, personag<strong>em</strong> do famoso<br />
desenho animado. A curiosi<strong>da</strong>de abriu as<br />
portas de Forquilhinha para os apreciadores<br />
<strong>da</strong> boa cerveja de todo o Brasil.<br />
FLORIANÓPOLIS<br />
A <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha iniciou <strong>em</strong><br />
1999 a fabricação artesanal de chope na<br />
locali<strong>da</strong>de de Rio Vermelho, no Norte <strong>da</strong><br />
Ilha, o que faz dela uma <strong>da</strong>s microcervejarias<br />
mais antigas do Brasil. Produz<br />
vários tipos de chope e <strong>em</strong> 2012 deve<br />
lançar suas versões para os tipos Pale<br />
Ale e Porter, <strong>em</strong> garrafas de 355 e 600<br />
ml. Já o bar <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha, aberto<br />
<strong>em</strong> 2011, fica <strong>em</strong> Coqueiros, na parte<br />
continental <strong>da</strong> capital. Lá, além do chope,<br />
há comi<strong>da</strong>s típicas de boteco com<br />
receitas tradicionais e exclusivas, além<br />
de frutos do mar.<br />
Chopes Pilsen, Hefe-Weizen, Export Gold,<br />
Schwarzbier.<br />
Serviço Visita à fábrica: segun<strong>da</strong> a sábado <strong>da</strong>s<br />
9 horas às 18 horas, com agen<strong>da</strong>mento prévio.<br />
Endereço: Rua Alzira Rosa Aguiar, 450 | Rio<br />
Vermelho | Florianópolis | (48) 3269-8177<br />
Endereço Bar: <strong>da</strong>s 17 horas às 02 horas. Rua<br />
Des<strong>em</strong>bargador Pedro Silva, 3.344<br />
Via Gastronômica de Coqueiros | (48) 3371 0240 /<br />
9915 5040 | www.cervejaria<strong>da</strong>ilha.com.br<br />
O bar <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong>ria <strong>da</strong> Ilha oferece chope<br />
com vista para o mar de Coqueiros<br />
63
64<br />
FORQUILHINHA<br />
Pode-se dizer que a cervejaria<br />
Saint Bier devota um fervor quase religioso<br />
à cerveja puro malte que produz.<br />
Dentre os destaques de seu cardápio de<br />
chopes (<strong>em</strong> barris e engarrafados) está o<br />
Belgian Golden Ale, que contém um blend<br />
de três maltes que r<strong>em</strong>et<strong>em</strong> a sabores de<br />
frutas amarelas, <strong>em</strong> especial pêssego <strong>em</strong><br />
cal<strong>da</strong>. Fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2007, a Saint Bier t<strong>em</strong><br />
capaci<strong>da</strong>de de 30 mil litros/mês. Produz,<br />
sob encomen<strong>da</strong>, a cerveja com a marca<br />
Duff, do desenho dos Simpsons, mas esta<br />
não é vendi<strong>da</strong> na cervejaria. Suas cervejas<br />
são servi<strong>da</strong>s no Pub Saint Bier, cujas<br />
especiali<strong>da</strong>des são o bufê de frios e bata-<br />
ta rechea<strong>da</strong> assa<strong>da</strong>. Lá há também uma<br />
curiosa coleção de tampinhas de garrafas<br />
de cerveja.<br />
Chopes Pilsen, Pilsen In Natura, Belgian<br />
Golden Ale, Stout, Weiss e Bock.<br />
Serviço Visita à fábrica:<br />
Bar: de quarta a domingo, <strong>da</strong>s 18 horas às 24<br />
horas, sendo que aos sábados também abre<br />
entre 10 horas e 14h30min.<br />
Endereço Aveni<strong>da</strong> 25 de Julho, 303 | Vila<br />
Lourdes | Forquilhinha | (48) 3463-3400 | http://<br />
www.saintbier.com<br />
CRICIÚMA<br />
A Strauss Bier produz três tipos de<br />
chopes: Pilsen, Weiss (de trigo) e escuro,<br />
que pod<strong>em</strong> ser encontrados <strong>em</strong> bares e<br />
restaurantes do litoral sul ou nos escritórios<br />
<strong>da</strong> marca <strong>em</strong> Criciúma, Tubarão<br />
e Florianópolis. Vende barris de 30 e 50<br />
litros e t<strong>em</strong> serviço de leva e traz. A cervejaria<br />
começou <strong>em</strong> 2007, tendo capaci<strong>da</strong>de<br />
de produção de 30 mil litros/mês.<br />
Não t<strong>em</strong> bar de fábrica, e visitas são restritas<br />
a distribuidores de bebi<strong>da</strong>s.<br />
Endereço Rod. Luiz Rosso, 1.045 | São Luis<br />
Criciúma | (48) 3462 6006 | www.straussbier.com.br<br />
T<strong>em</strong>plo <strong>da</strong><br />
cerveja: a sede<br />
<strong>da</strong> Saint Bier<br />
(à esq.) e a<br />
curiosa coleção<br />
de tampinhas<br />
que adorna o<br />
bar <strong>da</strong> fábrica
Meio-Oeste<br />
Em Treze Tílias a cerveja combina com a<br />
arquitetura e a culinária típica autríaca. Em<br />
outras ci<strong>da</strong>des é o estilo italiano que dá o tom<br />
Sabor alpino<br />
região do Meio-Oeste catarinense<br />
é relativamente nova,<br />
mas extr<strong>em</strong>amente rica <strong>em</strong> tradições.<br />
No século XX era ain<strong>da</strong><br />
esparsamente habita<strong>da</strong> quando<br />
foi palco <strong>da</strong> Guerra do Contestado, origina<strong>da</strong><br />
na disputa territorial entre <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
e Paraná e na expulsão de posseiros<br />
para a construção de uma estra<strong>da</strong> de ferro.<br />
Um líder messiânico levou miseráveis ao<br />
conflito armado com forças públicas, resultando<br />
no massacre de milhares de pessoas.<br />
A situação só se pacificou quando<br />
Paraná e <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> assinaram acordo<br />
de limites. Foi a senha para a ocupação<br />
ordena<strong>da</strong> do Oeste catarinense, oportuni<strong>da</strong>de<br />
aproveita<strong>da</strong> por gaúchos descendentes<br />
de italianos e al<strong>em</strong>ães que já não<br />
encontravam novos espaços para suas ativi<strong>da</strong>des<br />
no Rio Grande do Sul. Graças a<br />
essas características, a região oferece um<br />
eclético roteiro gastronômico que engloba<br />
diferentes tipos de carnes, massas e queijos.<br />
E boa cerveja.<br />
Mas nessa região a joia turística<br />
t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> distinta: é uma ci<strong>da</strong>dezinha<br />
de pouco mais de cinco mil habitantes<br />
batiza<strong>da</strong> Dreizehnlinden por seu fun<strong>da</strong>-<br />
65
66<br />
dor, o então ministro <strong>da</strong> agricultura <strong>da</strong> Áustria,<br />
Andreas Thaler, que <strong>em</strong>igrou para o Brasil com<br />
conterrâneos para escapar <strong>da</strong> crise econômica<br />
de seu país <strong>em</strong> 1933. Em português o nome<br />
ficou Treze Tílias, também conheci<strong>da</strong> como o<br />
Tirol brasileiro (Tirol é uma região <strong>da</strong> Europa<br />
Central que engloba parte <strong>da</strong> Áustria). Qu<strong>em</strong><br />
chega à ci<strong>da</strong>de pode até se imaginar <strong>em</strong> outro<br />
país. As casas e prédios são <strong>em</strong> estilo alpino,<br />
com campanários nos telhados, galos de ferro e<br />
esculturas <strong>em</strong> madeira ornamentando portas e<br />
janelas, to<strong>da</strong>s com floreiras colori<strong>da</strong>s. As placas<br />
são escritas <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, assim como a inscrição<br />
no portal <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de: Komm Bald Wieder, que<br />
significa “volte s<strong>em</strong>pre”.<br />
Alternativas<br />
As ci<strong>da</strong>des do Vale do Contestado que compõ<strong>em</strong><br />
a chama<strong>da</strong> <strong>Rota</strong> <strong>da</strong> Amizade – Treze Tílias,<br />
Fraiburgo, Piratuba, Videira, Tangará e Pinheiro<br />
Preto – oferec<strong>em</strong> riqueza de paisagens e<br />
culturas e também boa infraestrutura hoteleira e<br />
gastronômica. Em Treze Tílias, a cervejaria Bierbaum<br />
oferece a bebi<strong>da</strong> na companhia de pratos<br />
austríacos servidos <strong>em</strong> restaurante anexo. Há cervejarias<br />
artesanais <strong>em</strong> outras ci<strong>da</strong>des do roteiro<br />
e <strong>em</strong> Concórdia, mais a oeste, sugerindo combinações<br />
gastronômicas mais à italiana, como o<br />
churrasco, a polenta e as massas. Nessas regiões<br />
a cerveja surge como uma alternativa ao vinho,<br />
que é produzido <strong>em</strong> ci<strong>da</strong>des como Videira e Pinheiro<br />
Preto.
TREZE TÍLIAS<br />
A cervejaria Bierbaum, fun<strong>da</strong><strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> 2004 pelos irmãos Markus e Ricardo<br />
Bierbaum – cujo sobrenome, bastante sugestivo,<br />
significa “árvore de cerveja” – utiliza<br />
ingredientes importados e elabora a<br />
bebi<strong>da</strong> seguindo a lei <strong>da</strong> pureza al<strong>em</strong>ã.<br />
São cinco tipos de cerveja, entre eles alguns<br />
pouco comuns, como o chope frutado,<br />
com aroma de abacaxi, uma fruta que<br />
por ser cítrica combina b<strong>em</strong> com a acidez<br />
<strong>da</strong> cerveja. A Bierbaum produz entre 50<br />
a 60 mil litros/mês e atende diretamente<br />
consumidores no bar <strong>da</strong> fábrica. A cervejaria<br />
é estrategicamente localiza<strong>da</strong> ao lado<br />
do restaurante Edelweiss, também <strong>da</strong><br />
família Bierbaum, especializado <strong>em</strong> pra-<br />
tos típicos, como o goulash, um picadinho<br />
de carne picante cozido com cebola<br />
e páprica, ou o famoso apfelstrudel, doce<br />
de massa folha<strong>da</strong> recheado com maçã.<br />
<strong>Cerveja</strong>s<br />
Helles.<br />
Gold, Lager, Bock, Dunkel e Weiss<br />
Chopes Pilsen, Bock, Pr<strong>em</strong>ium, Frutado e<br />
Escuro.<br />
Serviço Bar <strong>da</strong> fábrica: segun<strong>da</strong> a sexta-feira,<br />
<strong>da</strong>s 08h30min às 12 horas e <strong>da</strong>s 14 horas às<br />
17h30min (aos sábados e domingos abre às 10<br />
horas).<br />
Restaurante Edelweiss: de terça a domingo a<br />
partir <strong>da</strong>s 18 horas.<br />
Endereço Rua Dr. Gaspar Coutinho, 349<br />
Centro | Treze Tílias | (49) 3537-0531<br />
www.bierbaum.com.br<br />
Vista geral <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de de Treze<br />
Tílias e detalhes<br />
<strong>da</strong> cervejaria<br />
Bierbaum, que<br />
faz conjunto<br />
com um<br />
restaurante de<br />
comi<strong>da</strong> típica<br />
austríaca<br />
CONCÓRDIA<br />
A Fall Bier t<strong>em</strong> fábrica e bar junto<br />
ao parque de exposições onde<br />
são realizados importantes eventos <strong>da</strong><br />
ci<strong>da</strong>de. Foi fun<strong>da</strong><strong>da</strong> <strong>em</strong> 2007 e t<strong>em</strong> capaci<strong>da</strong>de<br />
de produção de 10 mil litros/<br />
mês. Para as locali<strong>da</strong>des mais próximas,<br />
t<strong>em</strong> serviço de leva e traz. No cardápio<br />
do bar, filé de tilápia, petiscos de frango<br />
e vários tipos de lanches.<br />
Chopes Pilsen, Escuro e Winebier (chope de<br />
vinho) <strong>em</strong> barris.<br />
Serviço Visita à fabrica: pod<strong>em</strong> ser agen<strong>da</strong><strong>da</strong>s<br />
de segun<strong>da</strong> a sexta-feira, <strong>da</strong>s 8h30min às 12<br />
horas e <strong>da</strong>s 13 horas às 18 horas.<br />
Bar: terça a sábado, <strong>da</strong>s 18 horas às 23 horas.<br />
Endereço Rua Vitor Sopelsa, 2.000 | Parque de<br />
Exposições | Concórdia | (49) 3425-9187<br />
67
68<br />
Chopes de outubro<br />
Uma série de festas<br />
étnicas espalha<strong>da</strong>s<br />
pelo estado convi<strong>da</strong><br />
ao conhecimento<br />
de diferentes<br />
culturas, experiências<br />
gastronômicas e<br />
celebração com cerveja<br />
Roteiro <strong>da</strong> alegria<br />
As Festas de Outubro e as<br />
ci<strong>da</strong>des onde acontec<strong>em</strong><br />
oktoberfest Itapiranga<br />
oktoberfest Blumenau<br />
Fenarreco Brusque<br />
mareja<strong>da</strong> Itajaí<br />
schützenfest Jaraguá do Sul<br />
Festa do imigrante Timbó<br />
oberlandfest Rio Negrinho<br />
tirolerfest Treze Tílias<br />
Fenaostra Florianópolis<br />
Heimatfest Forquilhinha<br />
primeira Oktoberfest de<br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> aconteceu<br />
<strong>em</strong> plena fronteira com a<br />
Argentina. Foi <strong>em</strong> 1978,<br />
na ci<strong>da</strong>de de Itapiranga, no<br />
Extr<strong>em</strong>o-Oeste do estado, um<br />
lugar onde os descendentes de al<strong>em</strong>ães<br />
formam a maioria <strong>da</strong> população. O evento<br />
tinha tudo do que eles gostavam: <strong>da</strong>nça,<br />
folclore, comi<strong>da</strong>s típicas, tiro ao alvo e<br />
chope. A ex<strong>em</strong>plo <strong>da</strong> Oktoberfest realiza<strong>da</strong><br />
desde 1810 <strong>em</strong> Munique, na Al<strong>em</strong>anha,<br />
mas com cerveja servi<strong>da</strong> somente a partir<br />
de 1918, a primeira versão catarinense<br />
– que perdura até hoje, mais anima<strong>da</strong> do<br />
que nunca – era uma festa de tradições<br />
e de cerveja. Alguns anos mais tarde, <strong>em</strong><br />
1984, nascia a Oktoberfest de Blumenau.<br />
Sua motivação inicial foi levantar o ânimo<br />
<strong>da</strong> população e o caixa <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>em</strong> função<br />
de uma grande enchente que causou<br />
enormes prejuízos. Pode-se dizer que a festa<br />
e a ci<strong>da</strong>de foram feitos um para o outro.<br />
A Oktoberfest de Blumenau logo<br />
se tornou a segun<strong>da</strong> maior festa <strong>da</strong> cerveja<br />
do mundo, atrás apenas <strong>da</strong> original,<br />
e a maior festa al<strong>em</strong>ã <strong>da</strong>s Américas. Em<br />
sua 28ª edição, <strong>em</strong> 2011, foram consumidos<br />
626 mil litros de chope, uma média de<br />
pouco mais de um litro por visitante, que<br />
somaram 564 mil. Dentre os fornecedores<br />
de chope, destaque para os produtores artesanais<br />
Eisenbahn, Bierland, WunderBier,<br />
Das Bier e Schornstein. Ao todo, desde a<br />
primeira edição, a Oktoberfest de Blumenau<br />
registrou o consumo de 10 milhões<br />
de litros de chope. As atrações inclu<strong>em</strong><br />
bandinhas al<strong>em</strong>ãs do Vale do Itajaí e <strong>da</strong><br />
Al<strong>em</strong>anha, grupos típicos, concursos de<br />
chope <strong>em</strong> metro e o bierwagen, o carro<br />
<strong>da</strong> cerveja que distribui a bebi<strong>da</strong> pelas ruas.<br />
É preciso muito fôlego para atravessar<br />
os 18 dias de festa.<br />
No <strong>em</strong>balo do sucesso <strong>da</strong> Oktoberfest<br />
de Blumenau conformou-se um<br />
novo calendário turístico <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>,<br />
o <strong>da</strong>s festas de outubro. Boa parte delas<br />
busca resgatar tradições de imigrantes<br />
al<strong>em</strong>ães e são propícias ao consumo de<br />
gastronomia típica e boa cerveja. Como<br />
a já cita<strong>da</strong> Oktoberfest de Itapiranga. É o<br />
caso também <strong>da</strong> Fenarreco, de Brusque,
Desfile de abertura <strong>da</strong><br />
Oktoberfest de Blumenau<br />
(à esq.) e a Fenarreco, <strong>em</strong> Brusque<br />
que oferece o famoso Ente mit Rotkohl, ou seja, marreco recheado<br />
com repolho roxo, um prato para ser degustado com purê de batatas,<br />
chucrute, molhos fortes e chope gelado. Já <strong>em</strong> Treze Tílias, no<br />
Meio-Oeste do estado, as tradições austríacas é que são valoriza<strong>da</strong>s,<br />
com muita música, <strong>da</strong>nça e apresentação de grupos folclóricos.<br />
Em Itajaí é realiza<strong>da</strong> a Mareja<strong>da</strong>, uma festa portuguesa especializa<strong>da</strong><br />
<strong>em</strong> frutos do mar. Aproveitando a consoli<strong>da</strong>ção do calendário,<br />
Florianópolis lançou a Fenaostra, valorizando sua produção de ostras,<br />
a maior do Brasil.<br />
Fora desse circuito subsiste ain<strong>da</strong> a tradição dos Kerbs no<br />
Oeste e no Meio-Oeste. O Kerb é uma festa comunitária de descendentes<br />
de al<strong>em</strong>ães que envolve a recepção de parentes e convi<strong>da</strong>dos<br />
<strong>em</strong> casa, gastronomia e manifestações religiosas. Em alguns casos,<br />
na saí<strong>da</strong> <strong>da</strong> missa, anima<strong>da</strong>s bandinhas conduz<strong>em</strong> o público para<br />
a abertura do primeiro barril de chope na praça central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.<br />
69
<strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> harmonia<br />
Com tantos tipos<br />
à disposição, as<br />
possibili<strong>da</strong>des de<br />
combiná-la aos<br />
mais diferentes<br />
pratos é receita<br />
certa para<br />
aumentar o prazer<br />
proporcionado<br />
pela bebi<strong>da</strong><br />
uando havia apenas um<br />
tipo de cerveja, a Pilsen,<br />
disponível para a grande<br />
maioria dos consumidores,<br />
as possibili<strong>da</strong>des de associar<br />
cerveja com comi<strong>da</strong> eram um<br />
tanto restritivas. A gela<strong>da</strong> caía<br />
b<strong>em</strong> com os petiscos e aperitivos<br />
de boteco, é certo, de preferência<br />
carregados no sal para aumentar a sede<br />
do freguês – segundo uma velha tática<br />
de comerciantes. Com a ampliação espetacular<br />
do universo cervejeiro e a multiplici<strong>da</strong>de<br />
de sabores e aromas uma nova<br />
possibili<strong>da</strong>de, instigante e apetitosa, foi<br />
aberta aos apreciadores. Trata-se <strong>da</strong> ideia<br />
de harmonização, ou a arte de combinar<br />
cerveja com outros pratos. A prática já é<br />
comum entre os apreciadores do vinho<br />
no Brasil, que nos últimos anos tiveram<br />
acesso a uma diversi<strong>da</strong>de e um nível de<br />
quali<strong>da</strong>de de bebi<strong>da</strong>s jamais imaginados<br />
até b<strong>em</strong> pouco t<strong>em</strong>po.<br />
71
72<br />
Novi<strong>da</strong>de e ain<strong>da</strong> pouco difundi<strong>da</strong><br />
no Brasil, a harmonização com cerveja<br />
é antiga na Europa, onde os produtores<br />
esmeram-se <strong>em</strong> desenvolver bebi<strong>da</strong>s<br />
que acompanh<strong>em</strong> pratos típicos de seus<br />
países. Desnecessário dizer que <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong> t<strong>em</strong> todos os ingredientes para<br />
avançar nesse terreno. A grande varie<strong>da</strong>de<br />
de cervejas produzi<strong>da</strong>s e os traços<br />
culturais europeus abr<strong>em</strong> as portas para<br />
as combinações – considerando-se que<br />
a grande maioria <strong>da</strong>s receitas de cerveja<br />
v<strong>em</strong> <strong>da</strong> Europa, onde foram cria<strong>da</strong>s para<br />
escoltar a culinária local. Apenas isso já<br />
seria relevante para a difusão <strong>da</strong> prática<br />
no estado, mas há mais. A culinária típica<br />
catarinense oferece um mundo de<br />
novas possibili<strong>da</strong>des, que já começam<br />
a ser explora<strong>da</strong>s pelas próprias cervejarias<br />
que possu<strong>em</strong> bares e restaurantes,<br />
e por alguns dos chefs mais arrojados<br />
do estado.<br />
Para o turismo de <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong><br />
pode-se dizer que esta é uma oportuni<strong>da</strong>de<br />
de ouro. Em países como França,<br />
Itália, Portugal e Espanha o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> vitivinicultura – a produção de<br />
uvas e de vinho – favoreceu o fortalecimento<br />
<strong>da</strong>s culinárias locais e a modernização<br />
dos negócios do turismo. O mesmo<br />
aconteceu a partir <strong>da</strong> cerveja nesses e<br />
<strong>em</strong> outros países, como a Al<strong>em</strong>anha, Bél-<br />
Entra<strong>da</strong> italiana
Esta entra<strong>da</strong> é composta basicamente por<br />
fiambres e queijos, incluindo morcilha,<br />
salame e copa, e queijos variados, como o<br />
parmesão e o colonial. Note-se que <strong>em</strong> todos<br />
esses ingredientes o sal é um el<strong>em</strong>ento de forte<br />
presença. A Pilsen harmoniza b<strong>em</strong> porque<br />
refresca e abran<strong>da</strong> a tendência salga<strong>da</strong> dos<br />
petiscos, mas há diversas possibili<strong>da</strong>des de<br />
harmonização. Uma Strong Golden Ale, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, mas alcoólica e aromática, combina<br />
com os ingredientes mais encorpados.<br />
Pilsen<br />
A cerveja mais consumi<strong>da</strong><br />
no mundo é um ver<strong>da</strong>deiro<br />
curinga <strong>da</strong>s harmonizações.<br />
Leve, refrescante e de baixo teor<br />
alcoólico, combina com entra<strong>da</strong>s,<br />
petiscos, peixes ou churrasco.<br />
Também é uma boa opção para<br />
acompanhar sala<strong>da</strong>s, devido ao<br />
amargor não excessivo. No caso<br />
de entra<strong>da</strong>s à base de queijos e<br />
<strong>em</strong>butidos, limpa o pala<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s<br />
gorduras e os petiscos suavizam<br />
o amargor <strong>da</strong> cerveja. Até mesmo<br />
sopas leves pod<strong>em</strong> se harmonizar<br />
com a Pilsen, pois a sapidez e<br />
aromatici<strong>da</strong>de dos pratos aju<strong>da</strong>m a<br />
aplacar as notas amargas <strong>da</strong> cerveja.<br />
gica e Holan<strong>da</strong>. Ao final todos ganham,<br />
porque os produtores agregam valor ao<br />
que faz<strong>em</strong> e os turistas passam a contar<br />
com mais e melhores opções. Vários<br />
roteiros de charme se consoli<strong>da</strong>ram na<br />
Europa, trazendo novas oportuni<strong>da</strong>des e<br />
mais prosperi<strong>da</strong>de para as regiões. <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>, que já é um estado campeão<br />
na preferência turística nacional, passa a<br />
oferecer mais essa possibili<strong>da</strong>de inovadora<br />
aos seus visitantes.<br />
Mas harmonização não é algo que se<br />
entrega <strong>em</strong> um pacote turístico. Combinar<br />
sabores é uma arte e ao mesmo t<strong>em</strong>po um<br />
prazer, que t<strong>em</strong> muito de gosto pessoal e<br />
de sede por experimentação. Afinal, como<br />
diz<strong>em</strong> os melhores especialistas, o limite<br />
<strong>da</strong> harmonização é o prazer.<br />
Combinando sabores<br />
Se o objetivo <strong>da</strong> harmonização é<br />
o prazer de qu<strong>em</strong> come e bebe, não<br />
exist<strong>em</strong> regras tão rígi<strong>da</strong>s que não possam<br />
ser quebra<strong>da</strong>s. No caso <strong>da</strong> cerveja,<br />
há ain<strong>da</strong> outro detalhe. As tais “regras”<br />
para combinação de sabores são considera<strong>da</strong>s<br />
mais d<strong>em</strong>ocráticas do que as<br />
segui<strong>da</strong>s na harmonização com vinhos.<br />
Há pecados clássicos do universo do<br />
vinho, como o de combinar tintos com<br />
73
74<br />
frutos do mar. Quando se fala <strong>em</strong> cerveja<br />
não há interditos assim tão radicais.<br />
Mas há algumas dicas que, se segui<strong>da</strong>s,<br />
certamente facilitarão a vi<strong>da</strong> dos principiantes,<br />
que após a iniciação nas artes<br />
<strong>da</strong> harmonização estarão aptos – e<br />
decerto ávidos – para <strong>em</strong>preender voos<br />
mais altos.<br />
Eis então a consideração inicial: o<br />
segredo é combinar os el<strong>em</strong>entos de forma<br />
que um realce o outro e não se sobreponha<br />
a ele, com a cerveja apagando<br />
o gosto de ingredientes de um prato ou<br />
vice-versa. Por isso um bom começo é<br />
escolher cervejas com características pareci<strong>da</strong>s<br />
com as do prato. Pratos suaves<br />
ped<strong>em</strong> uma bebi<strong>da</strong> leve, ligeira, nesse<br />
caso normalmente as cervejas de baixa<br />
fermentação, do tipo Lager. Pratos mais<br />
estruturados, com maior quanti<strong>da</strong>de de<br />
ingredientes e feitura complexa, reivindicam<br />
cervejas de corpo acentuado e maior<br />
teor alcoólico. O amargor acentuado <strong>da</strong>s<br />
cervejas do tipo Ale, assim como a maior<br />
presença do álcool, limpa o pala<strong>da</strong>r, cortando<br />
a gordura e o condimento de pratos<br />
mais pesados.<br />
Há basicamente dois caminhos para<br />
a harmonização. O primeiro deles é<br />
o <strong>da</strong> s<strong>em</strong>elhança, sucintamente descrito<br />
acima. O outro é o <strong>da</strong> oposição, ou contraste.<br />
Nesse caso, a ideia básica é procu-<br />
Entra<strong>da</strong> alEmã<br />
A Bock é uma cerveja<br />
encorpa<strong>da</strong> e rica <strong>em</strong> aromas<br />
de malte torrado, escura, de tom<br />
avermelhado. Apresenta baixo amargor,<br />
tendendo inclusive ao doce, e geralmente<br />
possui teor alcoólico mais elevado. É utiliza<strong>da</strong> para<br />
harmonizações com carnes vermelhas, salsichões, chouriço,<br />
linguiça de porco e mostar<strong>da</strong>, além de outros el<strong>em</strong>entos<br />
presentes na culinária al<strong>em</strong>ã, como o pretzel, um tipo de pão salgado<br />
apresentado <strong>em</strong> forma de nó.
O prato pode incluir linguiças<br />
defuma<strong>da</strong>s, salsichas tenras, conservas<br />
de cebola e pepino, e mais mostar<strong>da</strong>s<br />
claras e escuras. São vários aromas<br />
e sabores misturados, que inclu<strong>em</strong><br />
salgado, defumado, ácido (conservas)<br />
e mesmo notas doces <strong>da</strong>s salsichas.<br />
A Weizenbier é capaz de aliviar os<br />
marcantes sabores defumados e a<br />
acidez <strong>da</strong>s conservas, resultado que<br />
pode ser obtido também com a Pilsen.<br />
Uma combinação muito interessante<br />
pode ser obti<strong>da</strong> com a Rauschbier, uma<br />
cerveja feita com maltes defumados,<br />
cujos sabores e aromas se casam<br />
perfeitamente com os <strong>da</strong>s linguiças.<br />
rar na cerveja el<strong>em</strong>entos que contrast<strong>em</strong><br />
com as notas presentes no prato, para as<br />
quais se deve estar bastante atento. Para<br />
harmonizar deve-se levar <strong>em</strong> consideração<br />
o gosto, que r<strong>em</strong>ete às tendências<br />
áci<strong>da</strong>, amarga, doce e salga<strong>da</strong>, e as sensações<br />
táteis, que refer<strong>em</strong>-se à gordura, untuosi<strong>da</strong>de<br />
(gordura líqui<strong>da</strong>) e suculência<br />
(presença de líquidos na boca). As sensações<br />
olfativas provêm <strong>da</strong> condimentação,<br />
aromatici<strong>da</strong>de e persistência de sabor na<br />
boca. São essas sensações que permit<strong>em</strong><br />
a busca de combinações por s<strong>em</strong>elhança<br />
ou oposição.<br />
Algumas dicas<br />
➥ A comparação com o vinho pode ser útil para qu<strong>em</strong> já é iniciado <strong>em</strong> harmonizações com a<br />
bebi<strong>da</strong>. Considere as cervejas Ale equivalentes aos vinhos tintos e as cervejas Lager aos<br />
vinhos brancos.<br />
➥ Além de identificar b<strong>em</strong> os ingredientes de ca<strong>da</strong> prato, procure detectar as características<br />
básicas <strong>da</strong> cerveja, como sabor, aroma, cor, amargor e acidez.<br />
➥ Em um jantar deve-se servir primeiro as cervejas mais leves, para que não pareçam agua<strong>da</strong>s<br />
diante <strong>da</strong>s mais encorpa<strong>da</strong>s.<br />
➥ Pratos mais leves ped<strong>em</strong> cervejas leves e vice-versa.<br />
➥ Pratos de leve tendência doce pod<strong>em</strong> combinar com cervejas amargas.<br />
➥ <strong>Cerveja</strong>s amargas combinam com pratos mais ácidos, pois o amargor abran<strong>da</strong> essa sensação<br />
e limpa o pala<strong>da</strong>r.<br />
➥ Pratos t<strong>em</strong>perados ou picantes costumam combinar com cervejas de muito gás e espuma.<br />
➥ O gás abun<strong>da</strong>nte aju<strong>da</strong> a limpar o pala<strong>da</strong>r <strong>da</strong>s gorduras sóli<strong>da</strong>s de carnes e patês.<br />
➥ Sobr<strong>em</strong>esas pod<strong>em</strong> ser combina<strong>da</strong>s com cervejas doces.<br />
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76<br />
Ostras in natura<br />
Prato já perfeitamente integrado ao<br />
cardápio típico do litoral catarinense,<br />
as ostras oferec<strong>em</strong> um refrescante gosto<br />
de mar. Consumi-las in natura, servi<strong>da</strong>s<br />
somente com a água interna <strong>da</strong> concha<br />
e t<strong>em</strong>perados com gotas de limão é uma<br />
experiência imperdível. O baixo amargor<br />
e frescor de cervejas como a Pilsen e<br />
a Kölsh garant<strong>em</strong> uma combinação<br />
agradável. Mas vale experimentar as ostras<br />
acompanha<strong>da</strong>s de cervejas escuras, como<br />
a Stout, a Porter ou a Kulmbach. É que seu<br />
amargor se contrapõe à tendência salga<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong>s ostras, amenizando-a.<br />
Stout<br />
Tipo celebrizado pela irlandesa<br />
Guinness e fabricado <strong>em</strong><br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong> por algumas<br />
cervejarias, é uma bebi<strong>da</strong><br />
escura e encorpa<strong>da</strong>, com<br />
uma contrastante espuma<br />
clara e cr<strong>em</strong>osa, de aroma<br />
torrado e médio teor<br />
alcoólico. Sua harmonização<br />
com queijo parmesão é<br />
tradicional. Ela também vai<br />
b<strong>em</strong> com sobr<strong>em</strong>esas feitas<br />
com chocolate. No caso dos<br />
moluscos, seu amargor contrasta<br />
com a sapidez de ostras e<br />
mariscos, proporcionando<br />
combinações interessantes.
isOtO dE frEscal<br />
O frescal é um preparo com orig<strong>em</strong> nos t<strong>em</strong>pos de tropeirismo, quando<br />
o Planalto Serrano catarinense servia de passag<strong>em</strong> para os tropeiros que<br />
movimentavam cargas entre o Rio Grande do Sul e São Paulo. Pode-se<br />
dizer que o frescal é um meio termo entre a carne fresca e o charque,<br />
que é a carne seca e salga<strong>da</strong>. Os tropeiros salgavam cortes de boi e<br />
deixavam o suco escorrer por dois dias. Preparavam posteriormente a<br />
carne na brasa. O frescal está na orig<strong>em</strong> de um dos pratos<br />
mais típicos do Planalto, o arroz de carreteiro.<br />
Com ingredientes mais sofisticados,<br />
como arroz arbóreo e tomilho,<br />
obtém-se um delicioso<br />
risoto de frescal. Prato<br />
encorpado, pede uma cerveja<br />
igualmente encorpa<strong>da</strong> para o<br />
acompanhamento, como uma<br />
Pale Ale ou cervejas escuras.<br />
Pale Ale<br />
As cervejas do tipo Ale,<br />
<strong>em</strong> especial a Pale Ale, são<br />
conheci<strong>da</strong>s como “cervejas<br />
gourmet”. Tal distinção deve-se<br />
a características como o corpo<br />
marcante e amargor acentuado,<br />
além <strong>da</strong>s notas de frutas. Vai<br />
b<strong>em</strong> com carnes vermelhas e<br />
de caça, queijos e frituras, além<br />
de pratos condimentados. Não<br />
combina com pratos suaves.<br />
No caso do frescal, o amargor<br />
<strong>da</strong> Pale Ale suaviza o salgado<br />
característico <strong>da</strong> carne, e as<br />
notas fruta<strong>da</strong>s se harmonizam<br />
com a aromatici<strong>da</strong>de e o sabor<br />
do prato.<br />
77
78<br />
GalEtO cOm pOlEnta<br />
O galeto (galinho) é um prato<br />
típico italiano que deriva do antigo<br />
hábito de caçar passarinhos para<br />
consumi-los cozidos ou assados,<br />
com polenta. Com a proibição <strong>da</strong><br />
caça, as gerações posteriores e os<br />
colonos passaram a criar aves e<br />
abater os galinhos ain<strong>da</strong> muito<br />
jovens – ao “primeiro canto”, <strong>da</strong>í<br />
o nome galeto ao primo canto,<br />
que se tornou ícone <strong>da</strong> culinária<br />
tradicional italiana. Acompanhado<br />
s<strong>em</strong>pre de polenta cozi<strong>da</strong>, frita ou<br />
grelha<strong>da</strong>, <strong>em</strong> preparações mais<br />
modernas pode contar com farofa<br />
para rechear o galeto.
Weizenbier<br />
A cerveja feita com malte<br />
de trigo é, como a Pilsen,<br />
refrescante e clara, ain<strong>da</strong><br />
que um pouco mais amarga<br />
e geralmente fruta<strong>da</strong> e com<br />
notas de especiarias. Essa maior<br />
complexi<strong>da</strong>de sugere uma<br />
gama vasta de combinações,<br />
que confere personali<strong>da</strong>de, por<br />
ex<strong>em</strong>plo, a moluscos como<br />
mariscos gratinados. Vai muito<br />
b<strong>em</strong> com pratos <strong>da</strong> cozinha<br />
al<strong>em</strong>ã, frios e <strong>em</strong>butidos,<br />
além de queijo de cabra. No<br />
caso do galeto, seu frescor<br />
combina-se perfeitamente<br />
com a leveza <strong>da</strong> carne.<br />
saGu<br />
O sagu t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> no<br />
aipim ou mandioca,<br />
produtos de tradição<br />
indígena. De seu<br />
encontro com o vinho<br />
nasceu esse “mingau”<br />
fresco, aromático e<br />
muito apreciado <strong>em</strong><br />
<strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>, servido<br />
tradicionalmente com<br />
cr<strong>em</strong>e de baunilha.<br />
Consumido inicialmente<br />
nas colônias italianas,<br />
hoje é largamente<br />
difundido no estado.<br />
Lust e Malzbier<br />
A harmonização de sobr<strong>em</strong>esas com cervejas requer bebi<strong>da</strong>s<br />
doces. Uma <strong>da</strong>s mais sofistica<strong>da</strong>s é a Lust, um tipo especial,<br />
de segun<strong>da</strong> fermentação, que possui aromas frutados de<br />
banana, abacaxi, papaia e especiarias, com final de boca doce.<br />
A Malzbier, encorpa<strong>da</strong>, t<strong>em</strong> notas tosta<strong>da</strong>s de café e chocolate,<br />
harmonizando-se b<strong>em</strong> com doces especialmente à base de<br />
chocolate. No caso do sagu, a Malzbier se equilibra com as notas<br />
fruta<strong>da</strong>s e lev<strong>em</strong>ente áci<strong>da</strong>s.<br />
79
Este livro foi impresso <strong>em</strong> papel Magno Satin, livre de cloro, produzido pelas fábricas europeias <strong>da</strong><br />
indústria Sappi. A polpa utiliza<strong>da</strong> para sua produção é proveniente de plantações manti<strong>da</strong>s dentro dos<br />
mais rígidos padrões de sustentabili<strong>da</strong>de. As fábricas contam com as certificações ISO 9001 e ISO<br />
14001, além <strong>da</strong> certificação ambiental EMAS. Magno não é um papel ácido e é totalmente reciclável.<br />
Capa: Revestimento 150 gramas com laminação fosca<br />
Guar<strong>da</strong>s: 170 gramas<br />
Miolo: 150 gramas
SECRETARIA DE ESTADO DE<br />
DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />
WWW.SOO.SDR.SC.GOV.BR
Um novo circuito cultural e de lazer instalou-se definitivamente <strong>em</strong> <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>. A rota <strong>da</strong> cerveja mescla a tradição dos imigrantes europeus<br />
à complexi<strong>da</strong>de gastronômica e à diversão, proporcionando uma<br />
experiência única ao turista. A cerveja aqui é trata<strong>da</strong> como um produto<br />
cultural, que t<strong>em</strong> atrás de si uma bonita história. Ela é também um artigo<br />
cont<strong>em</strong>porâneo, sofisticado, de grande diversi<strong>da</strong>de, que oferece infinitas<br />
possibili<strong>da</strong>des de combinações com a gastronomia típica do estado. A<br />
boa cerveja é um produto que qualifica ain<strong>da</strong> mais o estado de <strong>Santa</strong><br />
<strong>Catarina</strong>, há anos considerado o melhor destino turístico do Brasil.<br />
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DESENVOLVIMENTO REGIONAL<br />
DA GRANDE FLORIANÓPOLIS<br />
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<strong>Rota</strong> <strong>da</strong> <strong>Cerveja</strong> <strong>em</strong> <strong>Santa</strong> <strong>Catarina</strong>