15.04.2013 Views

Entre Umas e Todas

Entre Umas e Todas

Entre Umas e Todas

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Copyright © 2012 by Editora Aegis<br />

Todos os direitos desta edição<br />

estão reservados à Editora Aegis.<br />

Nenhuma parte deste livro poderá<br />

ser reproduzida sem permissão<br />

formal, por escrito da editora,<br />

exceto para citações incorporadas<br />

em críticas ou resenhas.<br />

DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NÃO PUBLICAÇÃO (CIF)<br />

<strong>Entre</strong> umas e todas - meu jeito de fazer e entender cerveja /<br />

Jaime Pereira Filho -- São Paulo : Editora Aegis, 2012.<br />

1.<br />

ISBN 978-85-61541-15-6<br />

Noster Primus Anno<br />

EDITORES:<br />

REVISÃO:<br />

PROJETO GRÁFICO:<br />

FOTOGRAFIA DE CAPA:<br />

ILUSTRAÇÕES DE MIOLO:<br />

DIAGRAMAÇÃO:<br />

ÍNDICES PARA CATÁLOGO SISTEMÁTICO:<br />

1. Cervejas : Tecnologia : Literatura brasileira<br />

663.42<br />

[2012]<br />

EDITORA AEGIS<br />

Rua Piatã, 633<br />

Vila Isolina Mazzei - São Paulo<br />

CEP 02080-010 / SP<br />

editora@aegis.art.br<br />

Twitter: @AegisEditora<br />

www.facebook.com/AegisEditora<br />

www.aegis.art.br<br />

Gianpaolo Celli<br />

Richard Diegues<br />

Fabrícia C. Romaniv<br />

Richard Diegues<br />

André V. Franzão<br />

Dreamstime.com<br />

Richard Diegues<br />

1ª edição em Dezembro de 2012<br />

Impresso no Brasil<br />

Cervejas - Processo de fabricação. 2. Cervejas - História. 3. Bebidas fermentadas.<br />

4. Literatura brasileira - I. Filho, Jaime Pereira. II. Título<br />

CDD 663.42<br />

<strong>Todas</strong> as citações e nomes incidentes neste<br />

livro são fruto do inconsciente de seu<br />

autor, devendo ser encarados como não<br />

intencionais, exceto em citações diretas<br />

e homenagens implícitas. Ainda assim,<br />

caso sinta-se ofendido com algo<br />

nestas páginas, basta fechar a obra. Todavia,<br />

se resolver insistir, compreenda que<br />

coincidências realmente ocorrem. <strong>Todas</strong><br />

as opiniões expressas nessa obra pertencem<br />

ao seu autor e colaboradores. Os<br />

animais e leveduras que eventualmente<br />

foram feridos, molestados, bebidos e<br />

traumatizados durante a produção desta<br />

obra receberam um funeral decente. A cola<br />

usada na lombada pode conter glúten e<br />

traços de lúpulo. Sim, exercício provoca<br />

enfarto e TV causa retardamento mental.<br />

Vá ler, preferêncialmente em um bar!


A cerveja é a prova viva de que Deus nos<br />

ama e nos quer ver felizes.<br />

Benjamin Franklin<br />

Faça sempre lúcido o que você disse que<br />

faria bêbedo. Isso o ensinará a manter sua<br />

boca fechada.<br />

Ernest Hemmingway<br />

Um pouco de cerveja é um prato para um rei.<br />

Willian Shakespeare (A Winter's Tale)<br />

Na vida, existem outras coisas para além<br />

de cerveja, mas a cerveja faz essas outras<br />

coisas parecerem ainda melhores.<br />

Stephen Morris<br />

A cerveja má é como a arte má: se persistires<br />

muito tempo nela, acabarás por esquecer<br />

que existem outras alternativas.<br />

Stephen Greenleaf


Jaime Pereira Filho, amigo de tantas<br />

horas e tantas cervejas. Tantas<br />

histórias e tantas conversas. Professor<br />

desejado por todos os alunos<br />

que querem saber sobre cerveja<br />

de uma maneira descolada e só<br />

do jeito que ele sabe ensinar, e que<br />

agora vem na forma escrita compartilhar<br />

todas essas coisas com todos nós.<br />

Com certeza, você irá se deliciar com o<br />

papo informal e a forma de contar histórias que<br />

só o Jaime tem, as quais sempre desfruto quando<br />

bate no coração a vontade de ter uma boa<br />

conversa e degustar uma boa cerveja. Histórias<br />

que eu nunca poderia imaginar que tinham acontecido,<br />

histórias que talvez nunca foram escritas,


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

mas que, agora, na mão deste dedicado professor,<br />

estão imortalizadas nesta obra.<br />

Além dessas maravilhosas conversas, o escritor<br />

vai te ensinar passo a passo os detalhes da fabricação<br />

artesanal de cervejas. Todos os segredinhos que<br />

nenhum alemão iria contar e nenhum cervejeiro se<br />

atreveria a falar.<br />

Aproveite cada momento, cada instante, cada<br />

ensinamento deste livro. A partir de agora você será<br />

apresentado ao novo mundo das cervejas. Seja muito<br />

bem-vindo, Ein Prosit!<br />

Afonso Fraga Landini<br />

Mestre Cervejeiro<br />

proprietário do site Arte Brew.<br />

8


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

ESTE LIVRO QUE VOCÊ TEM<br />

em mãos é uma verdadeira<br />

degustação de todo meu<br />

expertise cervejeiro, juntamente com uma grande dose<br />

de autoaprendizado que somente a prática e a persistência<br />

concedem ao homem. Uma compilação dos<br />

melhores momentos de meus mais de trinta anos de<br />

estudos e efetiva produção de cervejas domésticas e<br />

artesanais.<br />

O livro nasceu com uma missão clara e dirigida:<br />

desvendar de forma simples e divertida esta arte<br />

milenar, que é a fabricação de cervejas, com seus inúmeros<br />

enigmas e estigmas, mitos e ritos.<br />

Tenho a intenção de expor, sem pudores, essa<br />

que é uma das mais antigas artes da humanidade, que<br />

transcende a invenção da roda e da escrita; uma verdadeira<br />

referência dos primórdios da agricultura, arquitetura,<br />

família e sociedade.<br />

De forma simples, e propositalmente rudimentar,<br />

vou abordar este tema didaticamente, mas sem o<br />

10


Jaime Pereira Filho<br />

chato cunho de um tutor. Pretendo, entretanto, ir muito<br />

além de um módico passo a passo. Quero botar os<br />

pés no terreno árido e conceitual da microbiologia, da<br />

química, e até mesmo da física nuclear, sem tornar a<br />

coisa enfadonha. De tal maneira pretendo apresentar<br />

esta fabulosa “ciência exata das aproximações”, conhecida<br />

de forma simplória por Cerveja, mas que esconde<br />

muito por detrás desse simples nome e de suas<br />

inúmeras variações de aroma, sabor e cor. Vou raciocinar<br />

a sua anatomia, fisiologia e citologia, de forma<br />

simplificada, para que você possa conhecer a sua história,<br />

as eras de produção que paulatinamente a moldaram<br />

até hoje, incluindo até mesmo riscos de contaminações<br />

e qualquer outra coisa que possa atrapalhar<br />

nosso prazer de ter um ótimo produto final em mãos.<br />

Nos dias de hoje, a literatura está repleta de<br />

obras cervejeiras. Muitas são cientificamente corretas<br />

e profundas em suas análises; são importantíssimas<br />

e ricas dentro de um contexto de estudos para<br />

químicos e físicos, porém são ineficazes aos que literalmente<br />

querem arregaçar as mangas e colocar as<br />

mãos diretamente nos maltes, panelas e garrafas para<br />

produzir em casa a melhor cerveja do mundo: seu<br />

próprio rótulo artesanal, pois as melhores cervejas<br />

do mundo são as que você mais aprecia, e dentre elas<br />

certamente está a que você irá produzir.<br />

<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong> será o suficiente para que<br />

você possa ser iniciado nesse hobby, com primeiros<br />

11


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

passos firmes e consistentes, que, com certeza, o levarão<br />

adiante por toda uma vida de prazerosos testes<br />

e descobertas.<br />

Enfim, o que lhe dou aqui é uma nova e simples<br />

visão da Cerveja, ou seja, o meu jeito todo especial<br />

de entender e fazer cerveja, desvinculado de toda<br />

a complexidade que por milênios permeou – propositalmente,<br />

guardada como um segredo de mágico –<br />

as nossas cabeças.<br />

Já era dia de um livro assim ser escrito!<br />

12<br />

Jaime Pereira Filho<br />

o Autor


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

TRABALHANDO NO RAMO<br />

CERVEJEIRO, tanto como<br />

proprietário de bares,<br />

como na área de distribuição<br />

de bebidas, ou na produção de cervejas artesanais,<br />

apenas algum tempo atrás foi que comecei a notar a<br />

assustadora miopia que assola a grande maioria da<br />

população brasileira quando o assunto é cerveja. O<br />

mais assustador é que essa falta de visão não se limita<br />

aos simples apreciadores da bebida, mas também se<br />

estende aos profissionais e entusiastas do ramo.<br />

No momento em que comecei a estudar a fundo<br />

o complexo mundo das cervejas, pude perceber o quanto<br />

ainda somos reféns da guerra de cem anos entre as<br />

companhias líderes deste mercado, que são a Antarctica<br />

e a Brahma. Durante grande parte da história da cerveja<br />

no Brasil, fomos submetidos sempre às mesmas cervejas<br />

e, devido à falta de informação e de opções,<br />

aceitávamos o que nos era imposto pelas gigantes.<br />

14


Jaime Pereira Filho<br />

Porém a verdadeira história da cerveja vai muito<br />

além do que convivemos em nossa terra natal. Vai<br />

muito além de batalhas publicitárias e logísticas entre<br />

as eternas inimigas que viriam a se fundir e montar<br />

uma das maiores cervejarias do mundo. Muito além<br />

da fictícia tradição de nossas “antigas” cervejas que<br />

datam do final do século XIX.<br />

Apaixonados por cerveja, como eu, acreditam<br />

que Deus colocou, indiretamente, a cerveja no mundo<br />

antes mesmo do homem. Esta teoria baseia-se no<br />

fato de que bastaria que grãos de cevada, trigo, ou<br />

outros cereais, caíssem em uma poça d’água para que<br />

os micro-organismos presentes no ar fermentassem<br />

aquele líquido. Claro que esta é uma visão simplista<br />

do processo produtivo da cerveja, mas comprova a<br />

teoria de que a cerveja não foi inventada pelo homem,<br />

mas, sim, descoberta no meio ambiente e posteriormente<br />

aprimorada.<br />

Registros históricos de produção e consumo de<br />

cerveja são apontados desde cerca de 6.000 a.C., com os<br />

mesopotâmios. Manuscritos dedicados a Ninkasi, deusa<br />

da cerveja, são atribuídos aos sumérios por volta de<br />

2.600 a.C. Porém foram os egípcios quem realmente<br />

evoluíram a cultura cervejeira. Em princípio, a cerveja<br />

era vista como uma alternativa para aqueles que não<br />

possuíam recursos para compra do vinho, mas com o<br />

passar do tempo foi ganhando espaço e notoriedade.<br />

15


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

Um dos marcos mais famosos neste aspecto é uma<br />

estátua encontrada em túmulo egípcio de um homem<br />

fabricando cerveja que data de 2.400 a.C.<br />

Através dos anos, historiadores apontam diversas<br />

referências e indícios de produção, comercialização<br />

e consumo de cerveja, por todos os povos e civilizações<br />

que por aqui passaram. Mas foi entre 1792 e 1750<br />

a.C. que surgiu a primeira regulamentação referente à<br />

produção, comercialização e consumo da cerveja, chamado<br />

de Código de Hammurabi, que determinava direitos<br />

e obrigações de clientes de tascas na Babilônia.<br />

Durante praticamente 5.000 anos a cerveja fez<br />

parte da história de nossos ancestrais, tendo a sua<br />

produção e comercialização evoluída e adaptada para<br />

cada civilização. Passados estes cinco milênios, finalmente<br />

surgiu um dos maiores avanços na fabricação<br />

da cerveja: a adição do lúpulo. O acréscimo desta flor<br />

às receitas, por volta de 700 d.C., foi responsável pelo<br />

surgimento do amargor que até hoje apreciamos em<br />

nossas cervejas. O lúpulo é de suma importância no<br />

ponto de vista comercial e industrial, pois prolonga a<br />

validade da cerveja e lhe atribui o característico<br />

amargor, responsável por nos fazer continuar a beber<br />

a cerveja mesmo após termos saciado nossa sede.<br />

Em 1487, o duque alemão Albrecht IV promulgou<br />

a primeira lei de pureza da cerveja na Baviera;<br />

lei esta que viria a ser aprimorada e sancionada pelo<br />

16


Jaime Pereira Filho<br />

também duque alemão Guilherme IV em 1516. Surgia<br />

a Reinheitsgebot, lei de pureza que determina que<br />

as cervejas alemãs somente podem possuir em sua<br />

receita três ingredientes: malte, lúpulo e água! Esta lei<br />

é vigente em toda Alemanha até os dias atuais, tendo<br />

somente sido atualizada para permitir a inclusão do<br />

fermento industrializado.<br />

A cerveja somente desembarcou no Brasil em<br />

1808, trazida pela família real portuguesa que estava de<br />

mudança para o Brasil colônia. Quase meio século mais<br />

tarde ela começaria a ser produzida comercialmente<br />

pela Cervejaria Imperial, que mais tarde passou a se<br />

chamar Companhia Cervejaria Bohemia, posteriormente<br />

vendida à Antarctica, hoje pertencente à AmBev.<br />

São dados como estes aqui apresentados que<br />

fundamentam minha teoria de que ainda estamos<br />

engatinhando quando o assunto é cerveja. Não questiono<br />

os méritos das grandes cervejarias de terem adaptado<br />

as fortes e amargas cervejas alemãs ao clima brasileiro,<br />

tendo com isso conquistado a esmagadora liderança<br />

de mercado que até hoje defendem. Porém tento<br />

abrir os olhos do consumidor para o fato de que o que<br />

conhecemos e a que somos submetidos como sendo a<br />

“história da cerveja” muito se distancia da realidade.<br />

Ainda hoje, no Brasil, mais de 90% da cerveja<br />

consumida é do tipo Pilsen, o qual só foi desenvolvido<br />

em 1842 d.C na República Tcheca. Poucos são os<br />

17


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

que conhecem dois ou três outros tipos de cervejas,<br />

que no mundo totalizam mais de 20 mil. Outro fato<br />

que corrobora minha teoria é que em 1980 surgiu na<br />

Europa o movimento “The Craft Beer Reinassance”,<br />

revitalizando pequenas cervejarias artesanais, movimento<br />

seguido pelos americanos em 1983. Em um<br />

mundo no qual a comunicação já não é mais desculpa<br />

para um déficit de desenvolvimento, acho um absurdo<br />

somente em 2002 ter surgido a primeira cervejaria<br />

artesanal de significância no Brasil, a Eisenbahn.<br />

Portanto, quando comparamos nossa história<br />

cervejeira à história da cerveja no mundo, ou quando<br />

comparamos nossas “tradicionais” cervejarias às alemãs,<br />

como a Weihenstephan, fundada em 1040 e é<br />

hoje a cervejaria mais antiga do mundo ainda em atividade,<br />

notamos que ainda temos muito que aprender<br />

sobre o assunto cerveja e, se São Gambrinus quiser,<br />

o movimento de microcervejarias artesanais no<br />

Brasil irá continuar crescendo para que a próxima<br />

geração possa desfrutar de uma maior gama de opções<br />

do que todas que as antecederam no país da<br />

cerveja estupidamente gelada.<br />

Marcelo Soares Pereira<br />

Empresário e mais jovem<br />

Mestre Cervejeiro da Família Pereira<br />

18


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

JAIME PEREIRA FILHO é<br />

aquele típico sujeito com o<br />

qual você se senta diante de uma mesa – seja em um<br />

fim de tarde lá pelas bandas da movimentada Vila<br />

Mariana, seja em um quiosque de frente para o mar<br />

com os pés na areia – e pede uma cerveja gelada pra<br />

molhar a garganta, pois certamente vão escoar por aí<br />

várias horas de uma legítima conversa de bar.<br />

Notadamente, sugiro que comece a prosa perguntando<br />

quantos anos ele tem na produção de cerveja;<br />

depois, aguarde o característico sorriso largo,<br />

acompanhado de bate e pronto da resposta: 100<br />

Anos! Isso mesmo, segundo a matemática da família<br />

Pereira, temos contabilizados aí os 30 anos de<br />

sua própria experiência, mais os 60 anos de tradição<br />

herdados diretamente de seu pai, e os 10 anos<br />

de dinamismo e irreverência cervejeira de seu filho<br />

mais novo. Três gerações com uma mesma paixão<br />

que vem de berço. Literalmente falando, pois no escritório<br />

de Jaime é possível encontrar uma relíquia:<br />

20


Jaime Pereira Filho<br />

seu berço de infância, que consiste de uma caixa de<br />

cerveja trazida por seu pai da fábrica onde trabalhava.<br />

Mas todo esse conhecimento sobre a bebida<br />

que virou preferência nacional não vem apenas dessa<br />

genealogia. Jaime já recebeu importantes prêmios,<br />

como o Troféu Top One Brasil Antarctica em 1999,<br />

graças à sua cancha adquirida enquanto assumiu os<br />

cargos de diretor, posteriormente de vice-presidente<br />

e, finalmente, de presidente da Associação Brasileira<br />

dos Distribuidores Antarctica entre 1995 e 2001. Uma<br />

união de teoria e prática que lhe conferiu uma visão<br />

mais que privilegiada dos dois mundos paralelos da<br />

fabricação de Cerveja: o industrial e o artesanal.<br />

Humor ácido, boas sacadas na hora certa, um<br />

dinamismo que lhe devolve mais de dez anos de idade<br />

logo de cara, além de um vasto arsenal de causos, são<br />

algumas das qualidades que esse sujeito boa praça nos<br />

transmite durante uma conversa animada. Os cursos<br />

que ele ministra – no qual formou várias centenas de<br />

Mestres Cervejeiros, onde me incluo com doutorado a<br />

caminho – são uma lição de vida que se mescla aos<br />

matizes dos maltes e ao aroma do lúpulo. Vendo sua<br />

paixão pela bebida enquanto fala e discorre sobre seus<br />

ingredientes e preparo, quase esquecemos que estamos<br />

diante de um Engenheiro com duas faculdades no lombo,<br />

vergando três M.B.A.s nas lapelas, além de umas<br />

pitadas de estudos sobre Física Nuclear que consumiu<br />

na Universidade de São Paulo “pra passar o tempo”.<br />

21


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

Quando resolvi editar esta obra, conhecia bem<br />

o Jaime, professor. Depois de um tempo, conforme<br />

fomos tendo contato e molhando as gargantas, fui<br />

conhecendo também o Velho Mestre Amador, que<br />

zanzou um bocado pela nossa Marinha Brasileira, de<br />

onde certamente veio o nome de seu bar, o Pier 1327,<br />

com sua decoração que navega entre os temas náuticos<br />

e boas cervejas.<br />

Já produzi muitas cervejas com Mestre Jaime.<br />

Tomei outras tantas. E ainda espero cruzar muitas<br />

vezes o melhor desses dois mundos em ambos os<br />

lados do balcão.<br />

Não estou aqui pra abalizar o conhecimento<br />

de ninguém; afinal, sou um mero home-brewing ainda.<br />

Dessa forma, quero apenas efetivamente apresentar<br />

esse sujeito e dizer o porquê de você precisar ler essa<br />

obra. Os motivos são simples: o cara sabe do que está<br />

falando – e fala sem frescura; ele faz uma das melhores<br />

cervejas do mundo; e, acima de tudo, é perfeitamente<br />

capaz de ensinar o mesmo a você!<br />

Brindemos à harmonização dessas páginas.<br />

Boa degustação a você.<br />

Saúde!<br />

22<br />

Richard Diegues<br />

Mestre Cervejeiro,<br />

escritor e editor


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

ESTE LIVRO É DEDICADO aos<br />

grandes Mestres Cervejeiros<br />

dos primórdios da Guerra dos<br />

8.000 Anos, esses milênios<br />

envoltos em batalhas diárias, que passo a passo foram<br />

sendo subjugadas na busca das combinações perfeitas<br />

de ingredientes. Homens com a alma pendendo<br />

muito mais para alquimistas do que para cientistas;<br />

praticamente mágicos, totalmente empíricos, humildes<br />

e ainda assim dotados de um atrevimento<br />

sem fim. Munidos apenas de recipientes escavados<br />

em madeira, que não podiam ser colocados sobre o<br />

fogo, e uma criatividade ilimitada, desenvolveram<br />

técnicas de transmissão de calor utilizando pedras<br />

quentes submergidas na água. E, mesmo nessa precariedade,<br />

ainda assim conseguiam obter diversas<br />

rampas e patamares de temperatura em seus mostos,<br />

alcançando até mesmo a fervura necessária para<br />

esterilização, da mesma maneira como fazemos co-<br />

24


Jaime Pereira Filho<br />

modamente hoje com nossas panelas de inox e<br />

queimadores de última geração.<br />

Homens que sequer sonhavam com a existência<br />

de ciências como a microbiologia ou bioquímica,<br />

mas que eram capazes de pensar paradoxalmente e<br />

usar seus instintos para desenvolver as melhores cervejas<br />

da história da humanidade, tendo apenas as<br />

quatro forças elementares da natureza nessa empreitada:<br />

a água, o ar, a terra e o fogo.<br />

Sem livros e com uma parca tradição oral, cada<br />

Mestre Cervejeiro dessa história que veio se desenrolando<br />

até nossos dias eram verdadeiros pesquisadores<br />

da natureza, que se viram pressionados pelos enormes<br />

fardos das dúvidas que chegavam a carregar, e<br />

passar de geração a geração, muitas vezes por mais<br />

de mil anos. Artífices que se dedicavam à produção<br />

da cerveja de uma maneira tão carinhosa e farta, que<br />

mesmo desconhecendo os pormenores por dentro<br />

dos processos que executavam, ainda assim prosseguiam<br />

na luta, passando essas ambiguidades de pai<br />

para filho, sabendo que, um dia, a luz dessa mágica<br />

viria à tona.<br />

Verdadeiras gêneses de super-homens que,<br />

mesmo antes de descobrirem a escrita que viria a<br />

facilitar essa transmissão de segredos milenares, conseguiam<br />

produzir algo tão notável que merecia subir<br />

cada vez mais alto nas intrincadas linhas<br />

genealógicas pela história adiante. Responsáveis pela<br />

25


<strong>Entre</strong> <strong>Umas</strong> e <strong>Todas</strong><br />

catarse imprimida em cada novo conhecedor, e futuro<br />

produtor, desta que é a bebida mais versátil e<br />

apaixonante do mundo: a Cerveja!<br />

Soldados sem armas, sem bandeiras ou fronteiras.<br />

Capazes de lutar incansavelmente ao lado de<br />

seus verdadeiros companheiros, contra os inimigos<br />

invisíveis que atacavam seu maior patrimônio, sem<br />

portar armas – como o lúpulo que hoje conhecemos<br />

tão bem – e, mesmo diante de tantas adversidades e<br />

perdas, sem nunca terem abandonado a guerra.<br />

A estes, nosso eterno agradecimento.<br />

26


A TEORIA NA PRÁTICA<br />

____________________________<br />

Agora que você faz parte da elite que conhece a teoria para<br />

produzir a sua própria cerveja, poderá também conhecer<br />

essa arte na prática. De posse desse livro você tem direito<br />

a uma aula completa de produção de cerveja artesanal com<br />

Jaime Pereira Filho, no local onde este livro foi criado e<br />

escrito: o Pier 1327. Para ter direito ao curso, onde será<br />

produzida passo a passo uma receita de cerveja exclusiva,<br />

você precisa apenas realizar o agendamento da aula pelo<br />

telefone (11) 5539-6213, diretamente com o autor. Esse<br />

livro dá direito a uma aula, para apenas uma pessoa. A<br />

promoção é válida para agendamentos até o dia 31/12/2013.<br />

Para utilizar esse “voucher” basta que, após o agendamento,<br />

você compareça na data e horário informado (o local é: Rua<br />

Joaquim Távora, 1327, Vila Mariana, São Paulo, SP), levando<br />

este exemplar (obrigatório apresentar o livro no dia do curso).<br />

DEPOIS DE CONHECER A AULA QUE VIROU LIVRO, AGORA<br />

VOCÊ PODE CONHECER O LIVRO QUE VIROU AULA!<br />

Nota: essa promoção é ofertada e de inteira responsabilidade do autor, sendo as datas e horários<br />

sujeitos a disponibilidade das turmas, e ocorrendo apenas na possibilidade de ser realizada com o autor,<br />

no endereço informado desde que ainda seja constante de sua propriedade e/ou utilização.<br />

Carimbo Comprovante de<br />

Conclusão do Curso Presencial<br />

www.pier1327.com.br www.aegis.art.br

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!