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1º Trimestre de 2013 – Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
PORTAL ESCOLA DOMINICAL<br />
1º Trimestre de 2013 - CPAD<br />
Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
Comentários da revista da CPAD: José Gonçalves<br />
Consultor Doutrinário e Teológico da CPAD: Pr. Antonio Gilberto<br />
LIÇÃO Nº 10 – HÁ UM MILAGRE EM SUA CASA<br />
Os sinais no ministério de Eliseu evidenciam que milagre é feito em virtude do<br />
amor de Deus ao homem e da necessidade de o homem glorificar a Deus.<br />
INTRODUÇÃO<br />
- Iniciamos o segundo bloco do trimestre, dedicado ao ministério do profeta Eliseu, que fez o dobro de<br />
milagres que Elias.<br />
- O milagre, entendemos no ministério de Eliseu, é uma demonstração do amor de Deus ao homem, mas<br />
também da necessidade que o homem tem de glorificar a Deus.<br />
I – O QUE É E QUAL A FINALIDADE DO MILAGRE NA OBRA DE DEUS<br />
- Estamos dando início ao segundo e último bloco deste trimestre, dedicado ao estudo do ministério do profeta<br />
Eliseu. Por ter Eliseu se sobressaído na história sagrada como o profeta que mais milagres fez em Israel depois<br />
de Moisés, entendeu nosso comentarista de, na primeira lição, sem observar a ordem cronológica, estudar o<br />
milagre da multiplicação do azeite da viúva de um dos filhos dos profetas pela instrumentalidade de Eliseu, a<br />
fim de que tenhamos ideia do significado dos milagres na obra de Deus.<br />
- O milagre é elemento indispensável na obra de Deus, pois, através dele, percebemos que Deus intervém<br />
na ordem natural das coisas por amor ao homem, sente por ele compaixão. É um dado que confirma que<br />
Deus ama o ser humano e que está disposto a salvá-lo. Não é à toa que o profeta cujo nome significa “Deus é<br />
salvação” ou “Deus salva” (Eliseu) tenha sido o profeta que mais milagres fez no Antigo Testamento depois<br />
de Moisés.<br />
- No entanto, embora seja elemento indispensável e necessário para a realização da obra de Deus, o<br />
milagre não vale em si mesmo, não pode ser considerado separadamente, nem como elemento autenticador<br />
isolado da presença e do agrado de Deus no ministério de alguém. Faz-se absolutamente necessário que o<br />
milagre sirva para a glorificação do Senhor e como sinal confirmador da Sua Palavra.<br />
- “Milagre” é uma palavra de origem latina, de “miraculum”, “algo espantoso, admirável, extraordinário”.<br />
No Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é “ato ou acontecimento fora do comum, inexplicável pelas leis<br />
naturais”. Na Bíblia On Line da Sociedade Bíblica do Brasil, milagre é conceituado como “fato ou<br />
acontecimento fora do comum, que Deus realiza para confirmar o Seu poder, o Seu amor e a Sua<br />
mensagem.”<br />
OBS: É interessante a definição dada por um texto islâmico de milagre que, por sua biblicidade, aqui transcrevemos: “Um milagre é definido<br />
como um acontecimento extraordinário que não seria possível sob condições normais e que é realizado por Deus através dos Profetas que Ele<br />
enviou como Seus Representantes para confirmar sua veracidade.…” (ZIAD, Mohamad. Que é um milagre? Disponível em:<br />
http://br.geocities.com/slidesislamicos/jesus_missao1.htm Acesso em 10 jan. 2008)<br />
- A palavra “milagre”, na Versão Almeida Revista e Corrigida, surge apenas seis vezes (Ex.7:9; Mc.6:52;<br />
9:39; Jo.4:54; 6:14 e At.4:22), mas a Bíblia registra, no Antigo Testamento, 67 milagres e, em o Novo<br />
Testamento, 20 milagres dos discípulos de Jesus, além de descrever 36 milagres de Jesus, embora faça menção<br />
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a milagres do Senhor em outras 17 oportunidades, sem mencionar os milagres não registrados. Os milagres,<br />
entretanto, nem sempre são traduzidos para “milagre”, sendo comum o emprego de outras palavras como<br />
“maravilhas”, “sinais”, “prodígios” e “obras”.<br />
- Em Ex. 7:9, a palavra “milagre” é tradução do hebraico “môphet” (מןפת), cujo significado é, precisamente, o<br />
de “algo admirável”, “uma demonstração do poder de Deus”. Em Mc. 9:39, a palavra “milagre” é tradução de<br />
“dynamis” (δύναμις), que tem o significado de “poder”, “poder em ação”, enquanto que, nas outras três<br />
referências (Jo.4:54; 6:14 e At.4:22), a palavra “milagre” é tradução de “semeion” (σημειον), cujo significado<br />
é “sinal”, “marca”, “acontecimento extraordinário, incomum que manifesta que alguém é vindo da parte de<br />
Deus”.<br />
OBS: Não fizemos menção de Mc.6:52, pois a palavra “milagre”, neste texto, não se encontra no original, tanto que está em itálico na Bíblia, pois<br />
é um acréscimo feito pelo tradutor para que o texto tivesse sentido claro na língua portuguesa.<br />
- O que se percebe, pois, é que “milagre” é um acontecimento que causa admiração, que não é comum. Por<br />
quê? Porque é um fato que foge à explicação das leis naturais, é uma ocorrência que não se consegue explicar,<br />
que aparentemente contradiz a ordem natural das coisas. Por isso, o milagre é uma demonstração de que Deus<br />
criou o mundo, não Se confunde com a Sua criação e, além disso, participa desta criação, fazendo intervenções<br />
que modificam as leis por Ele mesmo estabelecidas, quando isto é da Sua vontade e atende aos Seus sublimes<br />
propósitos.<br />
- Não é por outro motivo, aliás, que os que não reconhecem a existência de Deus (ateus), ou entendem que<br />
Deus e natureza se confundem (panteístas) ou, então, que Deus, embora seja distinto da natureza, nela não<br />
intervém (deístas) sejam, também, pessoas que não admitem a existência de milagres, incluídos nestes grupos,<br />
pasmemos todos, até supostos “evangélicos” e “teólogos”.<br />
- Usando de argumentos aparentemente lógicos, muitos dizem não ser possível a existência de milagres, pois,<br />
sendo Deus imutável e não contradizente, não poderia mudar as leis que criou. Se o milagre é uma mudança,<br />
uma alteração das leis da natureza, um acontecimento extraordinário, fora do normal, tem-se que não pode<br />
existir, diante da imutabilidade de Deus. Assim, ou o milagre é um acontecimento natural, que o homem não<br />
tem conhecimento suficiente para explicar e, portanto, rigorosamente não é um milagre, mas um fato natural<br />
que o homem, por ignorância, não sabe explicar, ou, então, é apenas uma fantasia, uma ilusão, pois Deus não<br />
pode negar-Se a Si mesmo e, portanto, não pode modificar as leis que criou.<br />
- Este argumento, que não é novo, mas se encontra muito em voga em nossos dias, notadamente naquilo que o<br />
pastor Ciro Sanches Zibordi denominou de “evangelho filosófico” e “evangelho teologicocêntrico”, embora<br />
tenha a sua lógica, não corresponde à verdade dos fatos. Por primeiro, a própria ciência admite a sua<br />
insuficiência e precariedade, tanto que muitos filósofos da ciência estão a dizer que a “verdade científica” é,<br />
por natureza, “provisória”. Se assim é, não há como considerar que a ciência possa invalidar os milagres ou<br />
negá-los, se admite a sua própria ignorância sobre tudo o que ocorre no universo. Como dizia Shakespeare,<br />
“há entre os céus e a terra mais mistérios do que possa imaginar a nossa vã filosofia”. Assim, como considerar<br />
que os milagres não existem porque não se podem violar as leis naturais, se nem conhecemos estas mesmas<br />
leis?<br />
OBS: “…Enquanto o evangelho teologicocêntrico (…) se fundamenta no que os teólogos dizem de Deus e Sua obra, o filosófico se baseia no<br />
conhecimento adquirido por meio do exercício do raciocínio humano. No entanto, estes evangelhos se misturam, haja vista terem como principal<br />
característica a negação parcial das verdades da Palavra de Deus…” (ZIBORDI, Ciro Sanches. <strong>Ev</strong>angelhos que Paulo jamais pregaria, p.117).<br />
- Por segundo, este raciocínio parte do princípio de que Deus não pode mudar as leis que estabeleceu, como se<br />
a criação não tivesse como pressuposto o fato de que o Criador é o dono da criação (Sl.24:1). Ora, a soberania<br />
divina não pode ser anulada pelo Senhor, pois Ele não pode negar-Se a Si mesmo (II Tm.2:13). Portanto, a<br />
intervenção de Deus na criação é sempre uma possibilidade, pois Deus está acima da criação, visto que ela<br />
Lhe é sujeita (I Co.15:27,28). Deus tem propósitos que, ou nos são revelados, ou permanecem ocultos para<br />
nós, mas o fato é que, para cumpri-los, mantendo a Sua fidelidade e senhorio, sem qualquer dificuldade altera<br />
as leis naturais, pois acima delas está o caráter divino e a Sua soberania. Tanto assim é que este universo<br />
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desaparecerá (Ap.21:1), para que o Senhor cumpra o Seu propósito de habitar com os homens num ambiente<br />
sem qualquer injustiça (Ap.21:3).<br />
OBS: “…Deus indica, com os milagres, os limites do conhecimento e a tecnologia que o gênero humano pode alcançar. A diferença entre um<br />
milagre e os avanços tecnológico-científicos é que, enquanto os Profetas são capazes de realizar milagres sem instrumentos ou tecnologia, as<br />
pessoas simples e normais podem ter sucesso em atos similares somente com ajuda do material e a tecnologia que eles produziram.…” (ZIAD,<br />
Mohamad. op.cit.)<br />
- Os milagres existem, pois estão narrados na Bíblia Sagrada, que é a verdade (Jo.17:17), sendo, ademais,<br />
uma demonstração de que Deus não só existe, é distinto da Sua criação, como também é um participante dela.<br />
Os milagres mostram, assim, a participação divina na criação e, mui especialmente, na vida dos seres<br />
humanos, a coroa da criação terrena. São uma prova do desejo de Deus de nos fazer companhia e de<br />
estabelecermos com Ele um relacionamento pessoal e eterno.<br />
OBS: Por sua biblicidade, transcrevemos aqui o que diz a respeito o Catecismo da Igreja Romana: “156. O motivo de crer não é o fato de as<br />
verdades reveladas aparecerem como verdadeiras e inteligíveis à luz de nossa razão natural. Cremos ‘por causa da autoridade de Deus que revela e<br />
que não pode nem enganar-se nem enganar-nos’. ‘Todavia, para que o obséquio de nossa fé fosse conforme à razão, Deus quis que os auxílios<br />
interiores do Espírito Santo fossem acompanhados das provas exteriores de sua Revelação. Por isso, os milagres de Cristo e dos santos, as<br />
profecias, a propagação e a santidade da Igreja, sua fecundidade e estabilidade ‘constituem sinais certíssimos da Revelação, adaptados à<br />
inteligência de todos’, ‘motivos de credibilidade’ que mostram que o assentimento da fé não é ‘de modo algum um movimento cego do espírito’.<br />
- Assim, não é coincidência que os ministérios de Elias e de Eliseu tenham sido caracterizados pela ocorrência<br />
de sinais, prodígios e maravilhas. Conforme temos visto ao longo do trimestre, estes dois homens de Deus<br />
foram levantados para promover a restauração espiritual do povo de Israel e a presença de sinais era uma<br />
demonstração do amor de Deus para com o povo, algo fundamental para que Israel voltasse a servir ao Senhor.<br />
Ambos os profetas realizaram, conjuntamente, 21 sinais, sendo 7 de Elias e 14 de Eliseu, a saber:<br />
Milagres de Elias<br />
1. Orou para não chover (I Rs.17:1; Tg 5:17)<br />
2. Aumentou o azeite e farinha da viúva (I Rs.17:14,16);<br />
3. Deu vida ao filho da viúva de Sarepta de Sidom (I Rs.17:21-23)<br />
4.Orou para chover (I Rs.18:42,45; Tg.5:17)<br />
5. Orou e 51 homens são consumidos pelo fogo (II Rs. 1:10)<br />
6. Orou e mais 51 homens são consumidos pelo fogo (II Rs.1:17)<br />
7. Com sua capa abriu o rio Jordão (II Rs. 2:8)<br />
Milagres de Eliseu<br />
1. Abriu o rio Jordão (II Rs.2:14)<br />
2. Sarou as águas de Jericó (II Rs.2:22-23)<br />
3. 42 adolescentes despedaçados por duas ursas (II Rs. 23:24)<br />
4. Providenciou água a três reis e seus exércitos (II Reis 3:15, 16, 20)<br />
5. Aumentou o azeite da viúva de um dos filhos dos profetas (II Rs. 4:6,7)<br />
6. Ressuscitou o filho da sunamita (II Rs. 4:19,35)<br />
7. Tirou a morte da panela (II Rs.4:41)<br />
8. A multiplicação dos pães (II Rs.4:42-44)<br />
9. Curou Naamã da lepra (II Rs. 5:14)<br />
10.Colocou lepra de Naamã em Geazi, seu auxiliar (II Rs.5:27)<br />
11. Fez flutuar um machado (II Rs.6: 6,7)<br />
12. Cegou o siros (II Rs. 6:18)<br />
13. Devolveu-lhes a visão (II Rs.6:20)<br />
14. Depois de morto ressuscitou um defunto (II Rs.13:21).<br />
Fonte em que se baseou a listagem: VILLON, Samuel. Elias e Eliseu – Unção dobrada. Disponível em:<br />
http://teologiatotal.blogspot.com.br/2010/07/elias-e-eliseu-uncao-dobrada.html Acesso em 02 jan. 2013.<br />
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- A ocorrência de sinais nos ministérios de Elias e de Eliseu, portanto, tinha o propósito de mostrar a<br />
Israel que, ao contrário do que eles pensavam, o Senhor estava, sim, interessado no dia-a-dia dos Seus<br />
filhos na terra de Canaã, o Senhor os amava e queria que eles O servissem em retribuição a este amor<br />
incondicional.<br />
- Em vez de um “toma-lá-dá-cá” que caracterizava o culto a Baal, como, aliás, todas as religiões politeístas,<br />
em que a divindade somente agiria em favor do homem se fosse devidamente “presenteado” pelo ser humano<br />
por meio de ofertas e sacrifícios, o Senhor mostrava, através dos milagres, que tinha o absoluto controle de<br />
todas as coisas, que não dependia do homem para fazer algo, mas que estava interessado em ter com o homem<br />
comunhão, exigindo-lhe apenas a santidade e a adoração.<br />
- Da mesma forma, nos dias em que vivemos, o <strong>Ev</strong>angelho precisa ser confirmado com sinais e maravilhas,<br />
para que, de forma concreta, o homem veja que o Senhor não está distante de nós, ama-nos e quer que O<br />
sirvamos de todo o nosso coração, precisamente para que com Ele possamos desfrutar de uma eternidade de<br />
delícias e de glória.<br />
II – UMA VIÚVA DE UM DOS FILHOS DOS PROFETAS VAI À PRESENÇA DO PROFETA ELISEU<br />
- Depois de termos visto o papel do milagre, vamos, então, estudar o milagre que o nosso comentarista<br />
selecionou para analisarmos nesta lição, saindo, assim, da ordem cronológica, já que este é o quinto milagre<br />
de Eliseu mencionado nas Escrituras Sagradas.<br />
- Após ter ganhado notoriedade nacional por ter milagrosamente obtido água para os exércitos de Israel, Judá e<br />
Edom na guerra que eles empreendiam contra Moabe e, portanto, ter sedimentado a sua condição de sucessor<br />
de Elias, o profeta Eliseu se vê envolvido em uma situação assaz delicada.<br />
- A Bíblia diz que uma mulher das mulheres dos filhos dos profetas foi ao encontro do profeta para<br />
clamar-lhe pois se encontrava em uma situação extremamente delicada. Seu marido havia morrido e<br />
deixado dívidas que eram impagáveis e, por isso, os credores estavam para levar os seus filhos como<br />
escravos, em pagamento da dívida (II Rs.4:1).<br />
- A tradição judaica diz que este “filho dos profetas” seria Obadias, o mordomo do rei Acabe, que teria<br />
contraído as referidas dívidas quando da longa seca sobre Israel, a fim de que sustentasse os cem profetas do<br />
Senhor (cfr. I Rs.18:4,13). É o que afirma o historiador judeu Flávio Josefo, em trecho que transcrevemos:<br />
“…A viúva de Obadias, mordomo do rei Acabe, veio dizer ao profeta que não tendo meios de restituir o<br />
dinheiro que seu marido tinha emprestado para alimentar os cem profetas que certamente sabia ter ele salvo da<br />
perseguição de Jezabel, seus credores queriam tomá-la como escrava e aos seus filhos também. E na<br />
dificuldade em que se encontrava recorrera a ele e rogava-lhe que tivesse piedade dela.…” (Antiguidades<br />
Judaicas IX, 2, 378. In: História dos hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, p.202).<br />
- Por primeiro, é importante observar que a dívida de que se trata aqui é, mesmo, do finado marido, um<br />
filho de profeta que temia ao Senhor. Desta maneira, vemos, de pronto, que o fato de alguém morrer<br />
deixando dívidas não quer dizer que se tratava de uma pessoa ímpia ou amaldiçoada, como defendem os falsos<br />
ensinadores da teologia da prosperidade. Ter dívidas não significa que a pessoa está em pecado. Aquele<br />
homem morreu devendo, mas era servo de Deus.<br />
- Por segundo, vemos, também, que, embora ter dívidas não seja um elemento que comprometa a salvação<br />
de alguém, é, certamente, uma situação que se deve evitar ao máximo, pois causa danos a terceiros que,<br />
muitas vezes, sofrerão por causa de nosso mau planejamento. Não é por outro motivo que o apóstolo Paulo<br />
recomenda que não devamos dever nada a não ser o amor (Rm.13:8).<br />
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- Em dias de consumismo desenfreado, em que as pessoas são avaliadas pelo que compram e adquirem, é<br />
essencial que os servos do Senhor, que amam a Deus e não às riquezas (Mt.6:24), fujam deste laço maligno e<br />
não comprometam o seu orçamento com futilidades e coisas desnecessárias, que somente causarão males aos<br />
seus familiares, caso ocorra uma situação como a que enfrentava aquela viúva, ou seja, a morte daquele que<br />
sustentava a casa e que deveria providenciar o pagamento das dívidas.<br />
- Deve-se, aliás, verificar que, em sendo acolhida a versão da tradição judaica, a dívida contraída tinha por<br />
objetivo salvar a vida de servos de Deus, era uma atitude que visava o bem-estar da obra de Deus, levava em<br />
conta pessoas e não, coisas, tinha em vista o amor ao próximo e não o sentimento egoísta que vemos no<br />
consumismo de nossos dias, de sorte que também não serve este episódio como justificativa ou desculpa para<br />
comportamentos totalmente contrários à vontade de Deus como vemos em nossos dias. Como afirma o<br />
comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714): “…ele morreu pobre e devia mais do que possuía.Ele não<br />
contraiu suas dívidas por prodigalidade, luxúria ou uma vida devassa, porque ele era alguém que temia o<br />
Senhor e, portanto, não se atreveu permitir a si mesmo tais condutas: mas não somente isto, a religião obriga<br />
os homens a não viver acima do que têm, nem gastar mais do que Deus os dá, não, não em despesas, ainda que<br />
legítimas…” (Comentário bíblico completo. I Rs.4:1-7. Disponível em:<br />
http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/2-kings/4.html Acesso em 02 jan.<br />
2013) (tradução nossa de texto original em inglês).<br />
- Diz a Bíblia que devemos o amor às pessoas e este amor nos leva a ajudar os necessitados (I Jo.3:16-18) e<br />
era isto o que havia feito o finado marido daquela viúva. Assim, a dívida material era decorrência da dívida de<br />
amor e, por isso, é que o Senhor interveio, através do profeta, para solucionar a questão, pois o Senhor honra<br />
aqueles que O honram (I Sm.2:30). Não há, pois, qualquer base bíblica para se utilizar esta passagem para<br />
devedores que se endividaram única e exclusivamente por amor próprio, por egoísmo e desejo de desfrutar de<br />
prazeres e conforto que não estavam ao alcance de seu nível econômico-financeiro.<br />
- Há uma interpretação segundo a qual a dívida seria da mulher que, diante da viuvez, teria feito dívidas que<br />
não teria conseguido honrar e daí a situação que estava a passar. Entendem os que assim pensam que não seria<br />
possível que um homem temente a Deus deixasse sua casa em má situação econômico-financeira.<br />
- Com o devido respeito a quem assim pensa, não compartilhamos deste raciocínio, por duas razões, a saber: a<br />
primeira é que a tradição judaica entende que a dívida era do marido e, mais ainda, de Obadias, o mordomo do<br />
rei Acabe, a indicar a razão sublime de tal endividamento; a segunda é que a viúva não teria condições de<br />
causar tal endividamento, diante da situação da mulher naquele tempo, que torna irrazoável pensar que<br />
pudesse ter crédito na praça, naquela condição, para causar um tão grande endividamento.<br />
- Por terceiro, esta circunstância mostra-nos, também, que, ainda que tementes a Deus, não podemos fugir<br />
da realidade de que nossa vida sobre a face da Terra é temporária e não temos como assegurar que<br />
viveremos até tal tempo ou até tal época. A morte, quase sempre, vem inesperadamente a cada um de nós e,<br />
por isso, cientes desta condição do ser humano, temos de ter cuidado para que, em vindo a morte, não<br />
venhamos a desamparar de um dia para outro os nossos familiares, aqueles que dependem de nós para a sua<br />
sobrevivência.<br />
- Assim sendo, devemos cuidar para que haja sempre uma reserva financeira para a subsistência imediata de<br />
nossos familiares, de nossos dependentes, em havendo a nossa falta. Muitos interpretam erroneamente a fala<br />
de Cristo Jesus dizendo que “basta a cada dia o seu mal” (Mt.6:34), como sendo uma “senha” de Nosso<br />
Senhor para que não poupe, para que não haja a formação de um patrimônio para ser usufruído no dia da<br />
adversidade. Nada mais falso, porém!<br />
- A Bíblia Sagrada diz claramente que os servos do Senhor devem ser previdentes, prudentes e isto inclui a<br />
formação de um patrimônio que possa ser desfrutado em momentos de adversidade, até porque o dia da<br />
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adversidade é uma realidade na vida de todo ser humano sobre a face da Terra, inclusive para que saibamos do<br />
caráter passageiro que temos nesta vida (Ec.7:14).<br />
- Como se não bastasse isso, o proverbista ensina-nos que devemos observar as formigas, imitando-as, para<br />
que saibamos armazenar no momento da prosperidade para que, quando da adversidade, não venhamos a<br />
sofrer carências e necessidades (Pv.30:25).<br />
- Por fim, a atitude previdente e prudente de armazenarmos o necessário para o dia da adversidade quando<br />
estamos no momento da prosperidade revela, sobretudo, o amor que temos ao próximo, é uma demonstração<br />
da dívida de amor que temos para com os outros, em especial, dos nossos familiares, pois quem não cuida dos<br />
seus é pior do que o infiel (I Tm.5:8). Não se trata de uma inquietação pelo futuro, de falta de confiança em<br />
Deus, mas, sobretudo, de reconhecimento de que Deus tanto cuida de nós que nos providencia que tenhamos<br />
alguma sobra nos dias da abastança para que seja utilizada no dia da adversidade, como é o dia em que o<br />
arrimo de família parte para a eternidade para os seus familiares.<br />
- Por quarto, é importante verificar que a viúva vai até Eliseu não para denunciar uma injustiça, mas para<br />
pedir a compaixão do profeta, uma orientação, visto que a situação em que se encontrava era plenamente<br />
coberta pela lei de Moisés.<br />
- A escravidão por dívidas era permitida na lei mosaica, sendo, aliás, o único caso em que se permitia a<br />
escravidão de israelitas, escravidão esta que deveria durar seis anos (Ex.21:2-6; Jr.34:8-11; Ne.5:1-5). Desta<br />
maneira, não se podia dizer que os credores da viúva estavam sendo injustos, conquanto, sem dúvida, não<br />
estivessem a exercitar o amor e a misericórdia. Mas o fato é que estavam dentro da lei.<br />
- Além da lei, a viúva dos filhos dos profetas corre até Eliseu, a fim de ter uma solução que revelasse todo o<br />
amor de Deus, toda a Sua misericórdia, toda a Sua graça. Recorrer a Eliseu era recorrer a Deus. Aquela viúva<br />
sabia que Eliseu era o homem de Deus de seus dias, era o instrumento levantado pelo Senhor para o povo de<br />
Israel. Aquela viúva tinha consciência de que Eliseu traria a ela a necessária compaixão divina, algo que<br />
estava além do rigor da lei.<br />
- A salvação do homem está além da lei. Pela lei de Moisés, ninguém pode obter a salvação (Gl.3:11). É<br />
preciso ir além, é preciso que o amor de Deus se manifeste em prol do homem. Por isso, os milagres de Eliseu,<br />
como afirma o comentarista bíblico Matthew Henry, são sempre “…milagres para uso, não para<br />
demonstração; este aqui lembrado [o milagre da multiplicação do azeite da viúva, observação nossa] foi um<br />
ato real de amor. Assim também foram os milagres de Cristo, não apenas grandes maravilhas, mas grandes<br />
favores para aqueles pelos quais eles foram realizados. O Senhor magnífica Sua bondade com o Seu poder…”<br />
(HENRY, Matthew. Comentário bíblico completo. I Rs.4:1-7. Disponível em:<br />
http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/2-kings/4.html Acesso em 02 jan.<br />
2013) (tradução nossa de texto original em inglês).<br />
- Por quinto, devemos aqui assinalar é que a viúva dos filhos dos profetas foi ao encontro de Eliseu não<br />
apenas porque ele fora nacionalmente reconhecido como o sucessor de Elias, mas, também, porque se<br />
tratava de alguém que conhecia o finado marido daquela mulher. Como bom líder, Eliseu tinha<br />
conhecimento daqueles que estavam com ele. A mulher sabia que Eliseu sabia do bom testemunho de seu<br />
marido e, por isso, teve a ideia de, no momento de desespero, recorrer ao homem de Deus.<br />
- É imprescindível que o líder tenha conhecimento de seus liderados, seja uma pessoa que se relaciona com<br />
eles. Já dissemos, na lição 8, que Eliseu, logo no limiar do seu ministério, soube ter empatia com os filhos dos<br />
profetas, que queriam procurar o corpo de Elias. Um bom líder é aquele que estabelece relações com os seus<br />
liderados, que não se distancia deles, que sabe ouvi-los, pois só assim terá credibilidade diante deles.<br />
III – ELISEU DÁ A ESTRATÉGIA PARA A VIÚVA DE UM DOS FILHOS DOS PROFETAS<br />
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1º Trimestre de 2013 – Elias e Eliseu – um ministério de poder para a Igreja<br />
- Assim que ouviu o relato desesperado daquela viúva, o profeta Eliseu disse àquela mulher: “Que te hei de eu<br />
fazer? Declara-me que é o que tens em casa” (I Rs.4:2a). Nesta simples declaração do profeta, temos grandes<br />
lições a aprender.<br />
- A primeira lição é a de que o profeta entendeu que deveria agir com amor, com compaixão para com<br />
aquela mulher. Ele conhecia o bom testemunho do finado marido, que era um homem temente a Deus e que,<br />
portanto, aquela dívida não era fruto de qualquer atitude pecaminosa. Atender àquela mulher era imperioso,<br />
pois estava em jogo a própria fidelidade a Deus. Estávamos diante de uma “causa justa”.<br />
- É preciso termos o mesmo raciocínio do profeta, em dias tão difíceis como os que estamos a viver. Eliseu<br />
percebeu que a escravização dos dois filhos daquela viúva levaria a um escândalo no meio dos servos do<br />
Senhor, particularmente entre os filhos do profetas. Conquanto fosse legal a atitude do credor, tal circunstância<br />
seria um demérito à obra do Senhor, num momento em que Israel ainda não havia se libertado do culto a Baal.<br />
- Eliseu compreendeu que deveria demonstrar o amor de Deus mediante uma atitude de amor ao próximo<br />
àquela mulher, para que todos entendessem, a começar do próprio credor, que Deus amava Israel e que valia a<br />
pena servi-l’O. Se razão tiver a tradição judaica, então, era uma questão de singular importância mostrar que<br />
Deus não desamparava a descendência do justo Obadias, que Deus continuava a cumprir a Sua Palavra,<br />
segundo a qual jamais a descendência do justo viria a mendigar o pão (Sl.37:25). Era imperioso mostrar que<br />
vale a pena servir a Deus, manter-se fiel a ele num período de grande apostasia.<br />
- O amor ao próximo, que traduz o nosso amor a Deus em termos concretos e visíveis aos olhos dos demais<br />
homens (I Jo.4:20,21), exige que tenhamos atitudes, que façamos algo. Não se pode amar senão por meio da<br />
realização de obras, não por simples palavras. Em sendo assim, Eliseu foi bem objetivo: “que te eu hei de<br />
fazer?” <strong>Para</strong> ajudar aquela mulher, o profeta tinha de FAZER alguma coisa. Temos demonstrado amor ao<br />
próximo deste modo, ou somos apenas pessoas que FALAM de amor, mas não fazem coisa alguma para<br />
demonstrar este amor. Pensemos nisto!<br />
- A segunda lição que aprendemos com Eliseu nesta passagem bíblica é que, para que Deus intervenha em<br />
nosso existir, para que realize o milagre, é absolutamente necessário que se parta do que temos em nós.<br />
Deus é Deus e pode do nada criar todas as coisas, como, por exemplo, quando criou o mundo, mas como Seu<br />
objetivo é que tenhamos comunhão com Ele, Ele prefere fazer o milagre a partir daquilo que temos, daquilo<br />
que pomos à Sua disposição.<br />
- Os milagres de multiplicação sempre partem daquilo que já possuímos, daquilo que já temos. Lembremo-nos<br />
de que a aritmética nos ensina que o zero é o elemento nulo da multiplicação, ou seja, qualquer número<br />
multiplicado por zero resulta em zero. Assim, jamais haverá multiplicação a partir do nada, é preciso que o<br />
pouco que temos seja posto à disposição do Senhor para que, então, haja a multiplicação. Deus tem prazer em<br />
que contribuamos para que o milagre aconteça.<br />
- Sabendo deste princípio, o profeta pergunta àquela viúva o que tinha em sua casa, pois sabia o profeta que<br />
Deus operaria a partir daquilo que a viúva pusesse à disposição do Senhor. A mulher, diante desta indagação<br />
do profeta, num primeiro instante, entendeu que nada tinha em casa, que o que tivesse em casa era<br />
insignificante, nada representaria para a solução do seu problema. Por isso, disse ao homem de Deus: “Tua<br />
serva não tem nada em casa”.<br />
- Muitos, em nossos dias, também são dotados deste sentimento equivocado que tomou conta da viúva num<br />
primeiro momento. Devemos saber que sempre temos algo que podemos pôr nas mãos de Deus para que o Seu<br />
poder se demonstre em nossas vidas e Seu amor seja evidente para todos os que nos cercam. Nossa impotência<br />
não pode nos levar à incredulidade.<br />
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- Muitos agem como esta viúva, como, por exemplo, Filipe, o apóstolo de Cristo Jesus. Uma das<br />
características deste discípulo do Senhor era a incredulidade decorrente da impotência. Filipe sempre agia pela<br />
razão, entendendo que não era possível ir além daquilo que o raciocínio humano poderia explicar ou<br />
esclarecer. Assim, quando confrontado por Natanael se poderia o Messias vir de Nazaré, não teve o que<br />
responder, tendo apenas dito a Natanael que fosse ver a Jesus (Jo.1:45,46).<br />
- Quando da multiplicação dos pães, Filipe, uma vez mais, mostrou seu raciocínio humano prevalecer, ao fazer<br />
um cálculo de que duzentos dinheiros não seriam suficientes para adquirir mantimento para toda aquela<br />
multidão (Jo.6:5,7), em vez de fazer como André, que levou aqueles poucos pães e peixes do menino nas mãos<br />
do Senhor. Não podemos nos deixar guiar pelo raciocínio humano, mas, tão somente, entregar o que tivermos<br />
nas mãos do Senhor. Milagre é coisa de Deus e, como tal, não cabe a nós querer controlá-lo ou entendê-lo.<br />
- Num segundo momento, porém, a viúva se lembrou de que havia, sim, algo em sua casa, algo muito<br />
insignificante, mas que foi declarado por ela: uma botija de azeite (I Rs.4:2 “in fine”).<br />
- Alguns estudiosos entendem que este azeite, ao contrário do azeite da viúva de Sarepta, não era um azeite<br />
comestível, mas, sim, seria um azeite utilizado pelos filhos dos profetas para realizar unções (cfr. II Rs.9:1), o<br />
único bem que havia restado para a viúva, uma espécie de lembrança do seu finado marido. Não podemos<br />
afirmar se tal linha de pensamento é a correta, ou não, mas o fato é que era algo que, aos olhos daquela viúva,<br />
era assaz insignificante para a resolução de seu tão grande problema. Mas ela não deixou de declarar a posse<br />
deste bem, era o “algo” que precisava ser dito ao profeta para que, através dele, pudesse ser feita a<br />
multiplicação.<br />
- Diante da declaração da viúva, o profeta pôde ver que a solução estava encontrada. Como aquela mulher<br />
havia declarado o que tinha, posto à disposição do Senhor o que possuía, possível era a multiplicação, o<br />
milagre tornava-se adequado.<br />
- A declaração feita pela viúva do que possuía era uma atitude de fé, de confiança em Deus. Ao declarar que<br />
tinha aquela botija de azeite, a mulher afirmava que cria que Deus, daquele pouco tido por insignificante,<br />
poderia operar. Não há como agradarmos a Deus se não tivermos fé (Hb.11:6). A incredulidade impede que<br />
Deus realize milagres em nossas vidas (Mt.13:58). Será que este é um fator em nossos dias para explicar a<br />
raridade dos sinais em nosso meio?<br />
- É oportuno, também, verificar que a declaração da mulher de que não tinha coisa alguma a não ser uma<br />
botija de azeite também demonstrava a honestidade daquela viúva. Ela não estava a esconder bem algum, ela<br />
realmente não tinha condições de pagar a dívida deixada pelo seu marido. Era justa e estava na integral<br />
dependência de Deus. O milagre era absolutamente necessário.<br />
- Ante esta declaração da viúva, o profeta, então, passa a dar a devida orientação para aquela mulher. Mandou<br />
que ela fosse até os vizinhos e pedisse vasos emprestados, vasos vazios e não poucos (II Rs.4:3).<br />
- Temos aqui mais uma demonstração da integridade daquela mulher. Ela tinha uma ótima convivência com os<br />
seus vizinhos, sabia se comportar na sociedade, tinha bom testemunho. Não fosse assim, como poderia ela<br />
obter vasos vazios, não poucos da vizinhança? Ela se encontra em estado pré-falimentar, o credor já estivera<br />
em sua casa para pegar seus dois filhos, numa clara demonstração de que estava ela sem qualquer condição<br />
econômico-financeira. Como, neste estado, conseguir emprestados muitos vasos junto a seus vizinhos?<br />
- O fato é que esta mulher gozava de boa reputação junto à vizinhança. Ninguém negou emprestar-lhes os<br />
vasos, apesar de sua situação. Ninguém desconfiou que ela fosse vender os vasos para “fazer dinheiro” e, com<br />
isso, tentar pagar o credor. Todos confiavam nela, porque ela sempre vivera de modo honesto e justo. Não era<br />
apenas uma viúva de um filho de profeta, mas era uma serva de Deus genuína e autêntica.<br />
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- Como estão nossos relacionamentos na sociedade? Qual é o nosso comportamento frente aos nossos<br />
vizinhos, colegas de trabalho, colegas de escola, irmãos em Cristo, familiares? Somos dignos de confiança?<br />
Somos louvados diante daqueles que nos cercam, como aquele irmão anônimo que acompanhou Tito para<br />
buscar as ofertas recolhidas em Corinto (II Co.8:18)?<br />
- Todos os vizinhos emprestaram aqueles vasos vazios, não poucos, para a viúva, numa clara demonstração da<br />
confiança e credibilidade que ela desfrutava em sua comunidade. Como luz do mundo e sal da terra, todo<br />
servo de Cristo Jesus deve ter esta mesma reputação no meio em que vive. Como diz o apóstolo Pedro, nosso<br />
viver deve ser honesto entre os gentios, “…para que, naquilo em que falam mal de vós, como de malfeitores,<br />
glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em vós observem” (I Pe.2:12).<br />
- Depois de conseguir os vasos vazios, não poucos, a viúva deveria entrar na sua casa, fechar a porta sobre ela<br />
e sobre seus filhos e deitar o azeite em todos aqueles vasos, e pôr à parte o que estivesse cheio (II Rs.4:4).<br />
- Tendo desfrutado da confiança e credibilidade que seu bom testemunho gerara na comunidade, a viúva<br />
deveria, então, recolher-se à intimidade do seu lar e das sua intimidade com Deus. É absolutamente necessário<br />
que, para que o milagre de Deus opere, tenhamos um círculo de intimidade pessoal e familiar com o Senhor.<br />
- Não há como se realizar milagres em nossas vidas, não há como o poder de Deus operar em nós se não<br />
gozarmos de uma intimidade com o Senhor, se não tivermos um momento a sós com Deus, se não tivermos<br />
segredos com o nosso Criador. Esta vida íntima com Deus, este momento a sós com o Senhor é absolutamente<br />
indispensável para que sejamos alvo do poder de Deus.<br />
- O Senhor Jesus disse que devemos “conhecer” o poder de Deus para não errarmos (Mc.22:29; Mc.12:24).<br />
Ora, “conhecimento” no significado hebraico do termo significa “intimidade”, “comunhão”, e isto não se faz<br />
jamais em público, mas, sim, mediante uma aproximação espiritual que exige a solidão, que exige a retirada<br />
do “corre-corre” tão frequente na vida atual: “…É certo que, às vezes, é difícil colher esta profunda realidade,<br />
pois o mal faz mais barulho que o bem: um homicídio praticado, as violências difusas, as graves injustiças<br />
fazem notícias; ao contrário, os gestos de amor e de serviço, o esforço cotidiano suportado com fidelidade e<br />
paciência permanecem sempre na sombra, não aparecem.Também, por este motivo, não podemos nos firmar<br />
somente nas notícias se queremos apreender o mundo e a vida; dever ser capazes de parar no silêncio, na<br />
meditação, na reflexão calma e prolongada; devemos saber nos firmar pelo pensar. Deste modo, nosso ânimo<br />
pode encontrar cura das inevitáveis feridas do cotidiano, pode descer com profundidade nos fatos que se<br />
sucedem em nossa vida e no mundo e alcançar aquela sabedoria que permite valorizaras coisas com novos<br />
olhos.…(BENTO XVI. Homilia na celebração das Vésperas de Ano Novo. 31 dez. 2012. Disponível em:<br />
http://press.catholica.va/news_services/bulletin/news/30261.php?index=30261&po_date=31.12.2012&lang=p<br />
o Acesso em 02 jan. 2013) (tradução nossa de texto original em italiano).<br />
- O profeta mandou que a mulher e seus filhos fechassem a porta precisamente para que houvesse tão somente<br />
a intimidade familiar e pessoal no momento do milagre. Deixar as portas abertas significava devassar a<br />
intimidade do lar e a família, desde que foi criada, foi criada para ser um asilo inviolável por quem quer que<br />
fosse, um lugar de privacidade, um lugar onde há íntima comunhão entre os familiares e entre os familiares e<br />
Deus. Temos respeitado a intimidade das famílias? Há, em nossa família, um autêntico “lar”, ou seja, um lugar<br />
de adoração a Deus?<br />
- Não há milagre se não estivermos em comunhão com o Senhor. O verdadeiro e genuíno milagre é aquele<br />
que decorre de uma aproximação entre nós e Deus e que tem por escopo a glorificação do nome do Senhor.<br />
Fora disso, será uma manifestação sobrenatural mas que não se poderá dizer que foi um milagre. Não nos<br />
esqueçamos que há forças espirituais más, que também promovem manifestações sobrenaturais, mas cujo<br />
intuito não é jamais a glorificação do nome do Senhor (Cfr. Ex.7:22; 8:7; Mt.24:24; II Ts.2:9,10; Ap.13:13-<br />
15).<br />
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- Eliseu mandou que a viúva fechasse a porta de sua casa para que ninguém pudesse importuná-la e fazê-la<br />
desfalecer em sua fé. Como diz Matthew Henry: “…ela deveria fechar a porta para evitar interrupções por<br />
parte dos credores ou de qualquer outra pessoa enquanto ela estivesse fazendo o que o profeta mandara, pois<br />
eles não ficariam aparentemente orgulhosos nem felizes deste suprimento miraculoso e não orariam nem<br />
glorificariam a Deus por causa deste evento extraordinário …” (op.cit. end. cit.) (tradução nossa de texto<br />
original em inglês).<br />
- A estratégia do profeta ensina-nos que não só em nossa convivência diária não podemos comunhão com os<br />
que não servem a Deus, mas também para que o poder de Deus opere em nossas vidas. Temos de ter uma vida<br />
separada do pecado e, deste modo, não podemos, de forma alguma, alardear nossa confiança no milagre e no<br />
poder de Deus para quem não desfruta da comunhão com Deus, para quem não pode entender quem é o nosso<br />
Deus. Fazer isto será, certamente, “dar aos cães as coisas santas, deitar aos porcos as pérolas” (Mt.7:6).<br />
- Eliseu mandou que, assim que recolhidos os vasos e fechada a porta, a viúva, juntamente com seus filhos,<br />
começasse a derramar o azeite nos vasos. Aqui aprendemos, por primeiro, que a operação divina não<br />
prescinde do trabalho. A viúva teve de ir de porta em porta para pedir os vasos emprestados. Agora, com as<br />
portas fechadas de sua casa, tinha de derramar, vaso a vaso, o azeite, tendo o cuidado de pôr à parte o vaso que<br />
enchesse. Era necessário fazer o que estava ao seu alcance, pois o impossível, o sobrenatural Deus faria. “…O<br />
azeite deveria ser derramado pore la mesma, não por Eliseu nem por qualquer dos filhos dos profetas, para<br />
indicar que é em conexão com nossos próprios esforços cuidados e diligência que podemos esperar que a<br />
bênção de Deus nos enriqueça tanto neste mundo como no vindouro. O que temos aumentará melhor em<br />
nossas próprias mãos…” (HENRY, Matthew. op.cit. end.cit.) (tradução nossa de texto original em inglês).<br />
Temos feito a nossa parte, amados irmãos Será que não é isto que falta para Deus realizar o milagre de que<br />
precisamos?<br />
- Por segundo, vemos que havia colaboração de todos na família. A viúva derramava o azeite, mas eram os<br />
filhos que traziam os vasos e, certamente, punha à parte os que eram cheios. Todos estavam trabalhando. Não<br />
há comunhão com Deus se não houver comunhão entre os Seus servos. Aliás, é isto que testificamos em cada<br />
ceia do Senhor, que temos comunhão uns com os outros e com o Senhor. É este nosso testemunho perante a<br />
mesa do Senhor a expressão da verdade?<br />
- Por terceiro, a multiplicação se dava à medida que a mulher derramava o azeite da botija no vaso vazio<br />
que lhe era apresentado. “…O meio de aumentar o que temos é usando; para Ele, o que temos deve ser dado,<br />
não é enterrando os talentos mas os negociando que nós os duplicamos…” (HENRY, Matthew. op.cit. end.<br />
cit.) (tradução nossa de texto original em inglês). Já no episódio da viúva de Sarepta de Sidom, que estudamos<br />
na lição 6, vimos que aquela viúva também multiplicou o azeite de sua botija à medida que o consumia para<br />
seu sustento, de seu filho e do profeta. Temos usado aquilo que Deus nos tem dado para a Sua glória?<br />
- A viúva agiu conforme a palavra que lhe fora dada pelo profeta. Isto nos mostra que a obediência à voz do<br />
Senhor é essencial para que o milagre ocorra. Muitos até recebem palavras proféticas em suas vidas, mas não<br />
obedecem ao Senhor e, por isso, o milagre não acontece. A operação do poder de Deus exige a plena e<br />
irrestrita obediência por parte dos Seus servos.<br />
- A mulher fez conforme à ordem do profeta e, quando cessaram os vasos e o azeite parou, voltou até a<br />
presença do profeta para narrar o que tinha acontecido. Ela agia dirigida pelo Espírito Santo. O profeta só<br />
havia mandado trazer os vasos para a sua casa, fechar a porta e derramar o azeite sobre os vasos. Depois deste<br />
grande milagre, a viúva não foi gritar pela vizinhança para que todos vissem o que havia acontecido, nem<br />
tampouco foi procurar os seus credores. Voltou até o profeta para ter a direção de Deus para o que fazer em<br />
seguida.<br />
- Quantos de nós temos, diante da manifestação do poder de Deus, ido buscar a orientação divina para lidar<br />
com aquela situação? Quantos não vão propagandear o que ocorreu sem antes consultar ao Senhor? Não<br />
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podemos agir deste modo, mas sempre buscar a direção do Senhor para sabermos o que fazer, tanto na hora da<br />
necessidade, quanto na hora da manifestação do poder de Deus.<br />
- Neste ponto, aliás, é interessante vermos que muitos dos servos do Senhor, ao serem agraciados por Deus<br />
com milagres, raras vezes vão aos pés do Senhor para saber qual o propósito daquele milagre, além da<br />
glorificação do nome do Senhor. Se fizéssemos como esta mulher e voltássemos aos pés do Senhor, seríamos<br />
muito mais usados e o nome do Senhor seria muito mais glorificado se procurássemos saber porque e para que<br />
o Senhor curou, o Senhor deu uma vitória na justiça, o Senhor propiciou uma porta de emprego e tantas outras<br />
coisas mais. Tudo quanto Deus faz tem um propósito, mas raras vezes vamos à Sua presença para saber qual é<br />
este propósito. Que tal passarmos a mudar nossa atitude e, depois do milagre realizado, buscarmos a Deus<br />
como fez aquela viúva de um dos filhos dos profetas?<br />
- A viúva foi à presença do profeta e contou o que havia acontecido. O profeta, então, deu-lhe a devida<br />
orientação. Aquela multiplicação ocorrera não só para que ela pagasse a dívida, mas que ela tivesse com que<br />
viver a partir de então. Deveria ela pegar todo aquele azeite e vendê-lo. Com o dinheiro obtido da venda,<br />
deveria pagar a dívida e viver do resto (II Rs.4:7).<br />
- Mais uma vez vemos que o milagre de Deus não dispensou o trabalho. A viúva deveria, agora, ir até o<br />
mercado e ali vender todo aquele azeite. Pela quantidade de vasos, não foi trabalho de um só dia. Ela e seus<br />
filhos tiveram de trabalhar duro, mas isto, para uma pessoa honesta e justa como era aquela mulher, não era<br />
problema. O importante é que Deus providenciara o que ela não poderia providenciar. Agora, vender o azeite<br />
multiplicado, era algo que ela poderia fazer e o fez certamente.<br />
- Com o milagre, nós temos de <strong>continuar</strong> a nossa vida terrena, glorificando a Deus e exaltando, com as<br />
nossas atitudes, o Senhor. Milagre não é instrumento para nos dar uma vida ociosa nem uma autorização para<br />
estacionarmos nossa jornada espiritual aqui na Terra. Lembremo-nos disto, amados irmãos!<br />
- Além disso, o milagre teve um efeito pedagógico. Dali para a frente, aquela viúva e seus filhos deveriam<br />
cuidar para que não caíssem mais naquela situação desesperadora. A prudência que faltara ao filho dos<br />
profetas temente a Deus, agora não mais faltaria naquela família. O Senhor já produzira um “fundo” que seria<br />
a base para a sobrevivência daquela família, para que nunca mais os herdeiros do finado ficassem<br />
desamparados. O milagre sempre nos traz ensinos espirituais preciosos da parte de Deus.<br />
- Deus mostrou, através do Seu profeta, o grande amor que tinha não só para com aquela viúva e seus filhos,<br />
mas com todos os que serviam a Deus fielmente como o finado filho do profeta. O nome do Senhor foi<br />
glorificado e o Senhor provou, uma vez mais, para um Israel que ainda coxeava entre dois pensamentos, que<br />
Ele era o verdadeiro Deus provedor e não, Baal.<br />
Colaboração para o portal Escola Dominical - <strong>Ev</strong>. Dr. <strong>Caramuru</strong> <strong>Afonso</strong> Francisco<br />
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