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– Bem, Elisa, se você fosse um homem eu não me<br />
espantaria com esse seu raciocínio. Afinal, essa é uma cotidiana<br />
experiência masculina. O espantoso é encontrar<br />
uma mulher que entenda isso.<br />
– Como assim “uma cotidiana experiência masculina”?<br />
De que você está falando? – Ela se divertia com a conversa,<br />
enquanto manobrava o carro já no estacionamento da faculdade.<br />
Se ela desejava ouvir a palavra, não me fiz de rogado:<br />
– Falo do pau, naturalmente, do cacete. – Ela explodiu<br />
numa gargalhada maravilhosa e retrucou minha<br />
afirmação:<br />
– Quer dizer que todo homem tem essa experiência<br />
com o próprio pinto?<br />
– Com certeza, e você sabe bem disso. – Falei em<br />
tom provocativo, para testar até onde ela levaria aquela<br />
brincadeira. Na verdade eu já não me continha de vontade<br />
de agarrá-la ali mesmo, dentro do carro, no meio do pátio<br />
de estacionamento, entre uns poucos estudantes que circulavam<br />
no intervalo das aulas da tarde e os funcionários<br />
que deixavam o serviço depois de bater o ponto às quatro<br />
horas. – Conversa, convencimento, desejo, contrariedade<br />
e capricho são variantes onipresentes na relação entre um<br />
homem e seu pinto.<br />
– Quer dizer que se ele não quiser, não adianta você<br />
querer... – Elisa não parava de rir. Acabei contagiado pelo<br />
seu riso largo:<br />
– Isso mesmo, mas o pior é quando ele quer, e eu, não.<br />
Nesses casos a gente sempre sabe que vai dar merda, mas<br />
acaba seguindo os caprichos dele.<br />
– E você sempre sabe quando vai dar merda? – Ela<br />
fez a pergunta enxugando as lágrimas dos olhos, mas ainda<br />
engasgada com a gargalhada.<br />
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