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29 de junho de 2008, 11 h.<br />
O táxi me deixou na entrada principal do Mercado<br />
Central, na Avenida Augusto de Lima. Aquela entrada leva<br />
direto aos famosos bares do mercado, onde os consumidores<br />
se amontoam no balcão, de pé, em busca das iscas de<br />
filé, da cerveja gelada e da cachaça de primeira. O cheiro<br />
do vapor de vinagre sobe em círculos de fumaça, atiçando<br />
o apetite e a sede de álcool. Pouca gente sabe, mas o<br />
segredo daqueles donos de bar para produzir o irresistível<br />
cheiro de carne grelhada, que atrai desde cedo os freqüentadores<br />
do mercado, é apenas um pouco de vinagre jogado<br />
sobre a chapa quente. Impossível resistir. Mesmo antes<br />
de seguir para a loja de Eliana, que fica logo no primeiro<br />
corredor à direita de quem entra, fui ao balcão. As sacolas<br />
se amontoam no chão, entre as pernas dos que já fizeram<br />
as compras e as passadas dos que seguem para as bancas,<br />
sôfregos para chegar logo a hora de parar nesse santuário<br />
dos bebedores de cerveja.<br />
Quando eu era criança, sempre que podia meu pai vinha<br />
aos sábados no mercado, cercado de filhos e sobrinhos,<br />
para fazer a feira e usufruir da sagrada desculpa das compras<br />
para tomar uma gelada no balcão. Naquela época, usava-se<br />
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