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que enviou à gaveta do museu. Acho que está na hora de<br />
passar as notas para uma redação mais organizada.<br />
Seria importante falar um pouco das origens da taxidermia,<br />
de seu uso desde os egípcios, mestres na conservação<br />
de tecidos e na montagem de esqueletos. Mas vou deixar<br />
essas considerações históricas e teóricas para quando voltar a<br />
New England. Mesmo porque não tenho lá muita paciência<br />
para elas. Por ora, quero começar pelo que sei:<br />
Anotações para um Manual Prático de Taxidermia,<br />
com discriminação das famílias de instrumentos de<br />
trabalho e dos que devem ser usados em cada<br />
ocasião; sobre o uso dos espíritos como<br />
esclerosantes, assépticos e conservantes; dos passos<br />
do processo, desde a caça e a pesca até a<br />
montagem final; das técnicas de corte e de esfola;<br />
sobre o correto evisceramento; dos mecanismos<br />
para curtir as peles; da diferença entre preparação<br />
de peles e esqueletos; da preparação diferenciada de<br />
mamíferos, aves e peixes; da importância<br />
da correta numeração dos elementos preparados;<br />
do transporte; da montagem; da conservação de<br />
gavetas e de vitrines.<br />
Os objetivos da taxidermia podem ser o laboratório ou a<br />
vitrine do museu de zoologia, ou ainda uma coleção de troféus.<br />
Mas não tratarei destes últimos, apenas dos trabalhos voltados ao<br />
conhecimento, e não à contemplação, ainda que compartilhe da<br />
noção de que a beleza está em todos eles, pois, como já sabiam<br />
os gregos, a arte é um techné, uma técnica, e não há beleza sem<br />
precisão, o que leva todo ato de precisão a carregar em si mesmo<br />
a centelha da beleza.<br />
Quatro principais famílias de instrumentos devem estar à mão<br />
do taxidermista: os escalpelos; as pinças raiadas de ponta fina;<br />
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